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TRAUMA DE FACE

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Lívia Mendes – UNIFTC 2022.2 
TRAUMA DE FACE 
Nem todo trauma é indicação de via aérea definitiva, apenas se houver obstrução 
de via aérea superior. Trauma de face pode ser apenas uma fratura nasal, secção 
de lábio etc. 
ANATOMIA FACIAL 
A face possui varias camadas, desde a pele que é a 
camada mais superficial, fáscia superficial 
posteriormente, musculatura, e entre a 
musculatura e a fáscia subcutânea passam 
diferentes vasos e nervos. Os dois principais nervos 
de movimentação (mimica) da face é o nervo facial 
direito e esquerdo. 
A face é dividida estruturalmente e 3 partes, 
superior, médio e inferior. O terço médio tem mais 
a região nasal, ocular, são traumas com maior 
gravidade e maior sangramento geralmente. O 
terço superior geralmente está mais associado a 
TCE e o inferior mais associados a contusos de 
mandíbula. 
Para fraturar um frontal, tem que ser um trauma de alto impacto mas de osso nasal, 
arco zigomático, região do seio da face, são de baixa densidade então qualquer 
impacto pode levar a um afundamento da face. Não relacione fratura com nível de 
gravidade, porque pode haver mais de uma fratura e o paciente não ser tão grave, 
e pode haver uma única fratura que leve a uma maior gravidade do paciente. Por 
exemplo, uma única fratura do osso frontal, que é um osso denso pode ser muito 
mais grave que 7 fraturas do terço médio, que são ossos pequenos. 
Os seios maxilares são ocos, então geralmente os traumas são menos graves, 
diferentemente do osso occipto-frontal que logo abaixo pode ser encontrado 
meninge. 
 
A face tem vários ramos de irrigação, que geralmente são ramos da artéria carótida 
externa. Um dos principais ramos da artéria carótida externa é a artéria facial, que 
sobe de um lado e do outro. Ter danos graves de um lado, que poderiam gerar 
micro êmbolos, que gerando obstrução poderiam levar a uma necrose do tecido 
são compensados pela vascularização do outro lado. 
O que se faz muitas vezes durante um sangramento grande onde você não 
consegue identificar de qual artéria se origina, faz-se um laçamento primeiramente 
da carótida externa (funciona como um “registro”), se não conseguir parar, está 
autorizado fazer ligamento definitivo. O risco de necrose é de 5%. Não isquemia o 
cérebro porque a carótida interna que é responsável pela irrigação cerebral. O que 
você não pode fazer é ligar as duas carótidas externas, porque a outra tem que 
suprir a irrigação da face. 
As veias trombosam muito fácil, e na repercussão da resposta metabólica ao 
trauma, elas não tem um sangramento tão profuso. 
Podem sangrar muito ou ser causa de choque hipovolêmico: 
• Artéria Maxilar 
 
Lívia Mendes – UNIFTC 2022.2 
o Uma fratura de PAF, arco zigomático que atinja a maxilar, pode 
chocar o paciente e a maxilar pode retrair dentro do forame 
maxilar e você não encontra a ponta. É uma das principais causas 
de se abrir o pescoço para ligar a carótida. 
• Artéria Temporal superficial 
o São mais superficiais, atingidas por faca, vidro, briga de bar, são de 
mais fácil controle 
• Artéria angular 
o Passa mais lateralmente ao nariz, associada a epistaxe volumosa 
ligada a fratura nasal 
 
EPIDEMIOLOGIA 
• Trauma 4ª causa de morte em pessoas de 1 até 44 anos 
• Quando o trauma face é muito grave, geralmente há outras repercussões 
associadas, e essa associação que causa a mobi-mortalidade do paciente. 
• Trauma em cabeça e pescoço: cerca de 50% dos casos 
• Etiologia: violência, acidentes automobilísticos e quedas 
• Homens entre 20 e 30 anos são os mais acometidos 
ASPECTOS GERAIS 
 
AVALIAÇÃO PRIMARIA (ABCDE) 
• Avaliar e estabilizar 
o Aspiração da via aérea 
o Retirada de corpos estranhos em cavidade oral 
o Via aérea segura 
▪ Não é igual a crico sempre. Só quando é um quadro grave 
e obstrutivo. 
o Conter sangramentos: compressão ou sutura 
▪ COMPRIMIR, ATADURA E AMBULANCIA → MANDAR PARA 
UM CENTRO ESPECIALIZADO, NÃO É LAVAR! 
o Avaliar outros agravos de trauma 
AVALIAÇÃO SECUNDARIA 
SAMPLA + EXAME FÍSICO 
• Exame clínico completo 
• Exames complementares 
• Avaliação de especialistas 
• Sutura de lesões de partes moles 
• Avaliar: 
 
Lívia Mendes – UNIFTC 2022.2 
o Diplopia 
o Deficit visual: hematoma retrobulbar → compressão de nervo 
optico → avalia reflexo e perda de acuidade visual 
o Epistaxe 
o Trismo 
o Otorreia: pensar em base de crânio 
o Rinorreia 
o Crepitações e assimetrias faciais 
NESSA FASE, MESMO OS CASOS CONSIDERADOS “SIMPLES”, COM BASE EM 
ALGUNS ACHADOS DO SEU EXAME FISICO, PRECISARÃO DE CONDUTAS 
IMEDIATAS! 
HEMATOMA DO SEPTO NASAL 
 
Acredita-se que ocorre quando forças mecânicas aplicadas contra a cartilagem 
resultem em ruptura de pequenos vasos sanguíneos do mucopericôndrio. Nos 
casos em que a cartilagem é fraturada, o sangue pode dissecar através da linha de 
fratura e causar hematomas bilaterais. Quando o hematoma não é reconhecido 
inicialmente, e evacuado de imediato (descompressão e drenagem), ele pode se 
expandir e obstruir mecanicamente os vasos que suprem a cartilagem nasal 
levando a uma necrose avascular induzida por pressão num período de 3 a 4 dias. 
Sangue acumulado e tecido necrótico funcionam como excelente meio de cultura 
para as bactérias que colonizam a mucosa nasal com subsequente formação de 
abscesso. (Colocar um antibiótico – Clavulin) 
• Não corta o corneto, é o septo. Analgesia o paciente, faz um botão com 
xilocaína, corta e coloca uma bolsinha de gelo para o paciente ficar 
segurando. O objetivo é você cortar a mucosa para evitar síndrome de 
compartimento. Ao puncionar você alivia no momento, mas o paciente 
pode recoletar esse sangue. 
• Não é obrigatório fazer redução de fratura nasal, caso não seja apto para 
tal. 
 
LESÃO DE PARTES MOLES 
• Avulsão: Perdeu o pedaço, não está sangrando = curativo. Não tentar 
suturar o lábio, reconstruir 
• Abrasão: Se não for grave, você faz apenas a higiene local – “raladura no 
asfalto” mas a depender do impacto, ver se não teve fratura associada 
 
Lívia Mendes – UNIFTC 2022.2 
• Corto contuso: Higiene + sutura (PONTO SIMPLES COM NAYLON) + 
vacinação antitetânica + realinhar as bordas 
• Perfurante: NÃO TIRA A FACA!! – Estabilize o objeto com coxim de gaze, 
esparadrapo para evitar um sangramento maior. 
 
• POSSO REALIZAR SUTURAS PRIMÁRIAS? QUAL FIO USO? 
o Pode a depender do ferimento. Usar Naylon que é um fio inerte, 
da pouca reação inflamatória. Não se usa NAYLON EM MUCOSA, 
ESCOLHER UM FIO ABSORVIVEL (Monocril, PDS, Poligliconato 
(Maxon), Catgut, Vicril, Acido poliglicolico (Dexon)), mas na pratica 
sim. 
o Se couro cabeludo preferir um chuleio, donatti ou X separado, ou 
seja, pontos de alta tração - NAYLON 2.0 OU 3.0 
• DEIXO ABERTO PARA CICATRIZAR POR 2ª INTENÇÃO? 
o Se for avulsão, sim! 
• NÃO REMOVE OBJETOS FIXADOS (PROJETIL OU FACA) 
• SOLICITA EXAMES SE PACIENTE ESTAVEL E SE CONDICOES NO LOCAL DE 
TRABALHO 
• ACIONAR ESPECIALISTAS EM ORDEM DE GRAVIDADE 
Como proceder? 
• Anti-sepsia 
• Anestesia local 
o Se for drenar septo, ter cuidado com vasconstricor 
o Na dúvida dilui 
• Desbridamento 
• Síntese por planos 
• Curativos 
• Antibióticos: “Espaço livre de Frederick” – Tempo de contaminação x 
tempo que a sutura foi feita = Até 4 horas da lesão não precisa ser feita a 
profilaxia estendida 
Não tenta reconstruir, faz um curativo e 
encaminha. 
 
 
 
 
 
Se transferir: GARANTIR VIA AEREA + 
ESTABILIZAÇÃO DO OBJETIVO 
 
 
 
 
 
 
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E SE A LESÃO PERFUROU A PAROTIDA? 
• Atentar para lesões no ducto parotideo 
o Se o corte for nessa linha imaginaria e você não tiver certeza se 
pegou o ducto ou não, não suture ou suture superficialmente, ou 
escreve um adendo pedindo reavaliação do especialista. Porque 
toda lesão nesse local tem que ser realizada uma cateterização 
intraparotidea por dentro da boca antes de fazer a sutura. Tem que 
colocar um jelco,olhar o ducto, cateterizar para ter certeza que a 
sutura externa não está laçando. Se não vai obstruir, e não terá por 
onde sair a saliva que ficará acumulada. Nesse caso o paciente 
poderá ter que ser submetido a uma parotidectomia. 
• Lesões entre tragos e lábio superior 
• Conduta: cateterização 
 
 
MORDEDURAS DE ANIMAIS 
• Antibioticoprofilaxia 
o ß-Lactâmicos e Cefalosporinas 
de 1ª geração 
• Profilaxia para raiva 
o Avaliar estado do animal 
o Avaliar tipo de lesão 
o Definir sobre estratégia 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
• Solicitar exames complementares 
• Solicitar avaliação de especialistas 
• Solicitar exames de imagens: 
• Radiografias e tomografias 
o Fraturas nasais 
o Fraturas da órbita 
o Fraturas da maxila 
o Fraturas da madíbula 
RADIOGRAFIA DE FACE E SEIOS DA FACE 
Dentro de cada incidência tem uma avaliação a mais. Toda vez que a gente tiver 
um Caldwell, poderemos ver os ossos da face um atrás do outro, então a imagem 
vai estar sobreposta, será difícil de avaliar. Quando você sobe o mento, e faz a 
incidência de baixo para cima, você consegue ver a orbita, os seios maxilares, até o 
 
Lívia Mendes – UNIFTC 2022.2 
seio frontal. O perfil avalia mais a parte nasal. Trauma de face: preferir Waters ou 
perfil. 
 
O raio-x é dito bom se você conseguir visualizar os Elefantinhos de Rogers 
FRATURA DE ÓRBITA OU BLOWOUT 
• Impacto no olho, com forças transmitidas para os tecidos moles da órbita 
para baixo. – “quebra para baixo” 
• O assoalho = caminho de menor resistência 
• Fraturam para dentro do seio maxilar 
• Sinais: 
o Equimose periorbitária 
o Limitação de movimentos oculares 
o Assimetria facial 
o Parestesia do nervo infra-orbitario – “Face dormente” 
o Diminuição da acuidade visual 
o Enoftalmia e diplopia (especialmente um olhar para cima) 
o Lembrar do murro 
de carnaval 
• Avaliar simetria de 
pupila (reflexo) 
• Colocar um 
tampão no olho + 
analgesia – não 
consegue corrigir no 
momento a diplopia 
 
 
 
 
 
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FRATURA NASAL 
Os exames de imagem são secundários no 
diagnóstico de uma fratura nasal. Entre as 
diversas incidências radiográficas 
existentes, as mais indicadas para 
avaliação do nariz são: a incidência de 
Caldwell (frontonaso), a incidência de 
Waters (mentonaso) e a incidência de 
perfil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FRATURAS MANDIBULARES 
• As fraturas de mandíbula contusas tipo I nunca vão fraturar no local do 
impacto, a energia cinética será transferida para o outro lado. Se o murro 
for a direita, a fratura vai ser a esquerda 
• Se o trauma for perfuro contuso ou por arma de fogo, vai ser no local 
mesmo. 
• Se for fratura completa com instabilidade, a mandíbula vai ficar solta, esse 
é o problema de quando for entubar e fazer a alavanca. 
 
 
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