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Exame Físico das Artérias ham3 pdf

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1 Géssica HAM3 
Exame Físico das Artérias 
Anamnese 
✓ Devemos lembrar que algumas 
enfermidades vasculares se manifestam 
preferencialmente no sexo masculino. 
✓ A idade é um elemento importante no 
raciocínio diagnóstico, pois as 
vasculopatias têm suas faixas etárias 
preferenciais. 
✓ A raça também tem importância no 
diagnóstico. 
✓ Sempre investigar os antecedentes 
pessoais que possam se manifestar no 
sistema vascular, tais como lues, 
tuberculose, doenças cardíacas de um 
modo geral, colagenoses, febre 
reumática, diabetes e hipertensão 
arterial; bem como a realização de 
cirurgias prévias. 
✓ Pesquisa-se, também, sobre a ocorrência 
de fraturas, contusões, traumatismos 
por arma branca ou arma de fogo. 
✓ Deve-se perguntar sobre a profissão do 
paciente pois há determinados trabalhos 
que podem causar, agravar ou 
desencadear doença arterial: trabalho 
com martelo pneumático pode ocasionar 
traumatismo nas artérias das mãos e 
desencadear o fenômeno de Raynaud; 
trabalhadores em câmaras frigoríficas 
estão mais sujeitos a sofrer alterações nas 
extremidades (dedos, nariz, orelhas) 
produzidas por vasospasmo induzido pelo 
frio; trabalhadores em lavoura de trigo 
podem sofrer intoxicação pela inalação 
do esporão do centeio, com 
aparecimento de alterações isquêmicas 
nas extremidades, devido à 
vasoconstrição provocada por alcaloides 
do ergot. 
✓ Sobre os hábitos de vida do paciente, 
devemos perguntar sobre o uso de tabaco 
pois este tem ação deletéria sobre o 
sistema arterial, causando vasospasmo e 
edema da íntima, além de aumentar a 
adesividade plaquetária. Tais alterações 
propiciam o aparecimento de trombose, 
principalmente nas pequenas artérias. 
Deve-se questionar o paciente acerca da 
sua alimentação; uma alimentação 
hiperlipídica aumenta a incidência de 
aterosclerose. 
✓ O uso continuado de alguns 
medicamentos pode levar ao 
aparecimento de doença vasospástica, 
como é o caso do ergotismo em pacientes 
que abusam dos derivados do ergot para 
tratamento da enxaqueca. 
Sinais e Sintomas 
Dor: 
A dor das afecções arteriais pode 
manifestar-se como formigamento, 
queimação, constrição ou aperto, cãibras, 
sensação de peso ou de fadiga. A dor mais 
característica da enfermidade arterial 
isquêmica crônica é a claudicação 
intermitente, que é uma dor diretamente 
 
2 Géssica HAM3 
relacionada com a realização de exercício; 
relatada como dor, aperto, cãibra ou 
queimação, ela surge após a realização de 
um exercício e vai aumentando de 
intensidade com sua continuação, podendo 
obrigar o paciente a interromper o que 
estiver fazendo. Com a interrupção do 
exercício, a dor desaparece rapidamente, de 
modo a possibilitar que o paciente volte a 
fazê-lo por período de tempo 
correspondente ao anterior, levando à dor 
novamente, fazendo-o parar outra vez. 
Esquematicamente, a claudicação 
intermitente pode ser descrita assim: 
Exercício → Dor → Repouso → Alívio da dor 
→Exercício→ Dor. 
Se a isquemia se agravar ainda mais, a dor, 
que aparecia apenas durante a 
deambulação, passa a surgir em repouso, 
tornando-se inclusive mais intensa quando 
o paciente se deita. Aí, então, recebe o nome 
de dor em repouso. A dor em repouso é um 
sintoma de extrema gravidade, pois traduz 
isquemia intensa com risco de gangrena, 
passível de ocorrer à simples diminuição da 
temperatura ambiente. 
Alterações da cor da pele: 
Nas doenças arteriais, as alterações da pele 
compreendem palidez, cianose, 
eritrocianose, rubor e o fenômeno de 
Raynaud. A palidez ocorre por causa da 
diminuição acentuada do fluxo sanguíneo no 
leito cutâneo. 
A cianose surge quando o fluxo de sangue no 
leito capilar se torna muito lento, 
provocando consumo de quase todo o 
oxigênio, com consequente aumento da 
hemoglobina reduzida. 
A eritrocianose, coloração vermelho-
arroxeada que ocorre nas extremidades dos 
membros com isquemia intensa, aparece no 
estágio de pré-gangrena, sendo 
consequência da formação de circulação 
colateral com dilatação de capilares arteriais 
e venosos, última tentativa do organismo 
para suprir as necessidades de oxigênio dos 
tecidos. 
O rubor ocorre principalmente nas doenças 
vasculares funcionais e se deve à 
vasodilatação arteriolocapilar. 
O livedo reticular é uma alteração da 
coloração da pele caracterizada por uma 
cianose em modo de rede, circundando 
áreas de palidez. Nas manifestações mais 
intensas, a pele adquire o aspecto de 
mármore, daí a denominação cútis 
marmorata. O livedo reticular e o fenômeno 
de Raynaud sofrem grande influência da 
temperatura ambiente, aumentando com o 
frio e diminuindo com o calor. 
OBS: fenômeno de Raynaud é uma 
alteração da coloração da pele caracterizada 
por palidez, cianose e rubor de 
aparecimento sequencial. Contudo, nem 
sempre ocorrem as 3 fases. Podem surgir 
palidez e cianose, cianose e rubor ou apenas 
palidez ou cianose. Costuma ser 
desencadeado pelo frio e por alterações 
emocionais. É observado em diversas 
arteriopatias, nas doenças do tecido 
conjuntivo e do sistema nervoso, em afecções 
hematológicas, na compressão 
neurovascular cervicobraquial, em 
traumatismos neurovasculares e em 
intoxicações exógenas por metais pesados e 
ergot. 
 
3 Géssica HAM3 
A fisiopatologia do fenômeno de Raynaud é 
a seguinte: na primeira fase, ocorre 
vasospasmo com diminuição do fluxo 
sanguíneo para a rede capilar das 
extremidades, que é a causa da palidez. Na 
segunda fase, desaparece o espasmo das 
arteríolas e dos capilares arteriais e surge 
espasmo dos capilares venosos e vênulas, 
determinando estase sanguínea que provoca 
maior extração de oxigênio com aumento da 
hemoglobina reduzida, daí surgindo a 
cianose. Na terceira fase, desaparece o 
vasospasmo e ocorre vasodilatação, sendo o 
leito capilar inundado por sangue 
arterializado, que torna a pele ruborizada. 
 
Alterações tróficas: 
As alterações tróficas compreendem a 
atrofia da pele, a diminuição do tecido 
subcutâneo, a queda de pelos, alterações 
ungueais (atrofia, unhas quebradiças ou 
hiperqueratósicas), calosidades, lesões 
ulceradas de difícil cicatrização, edema, 
sufusões hemorrágicas, bolhas e gangrena. 
Edema: 
O edema que ocorre em doenças arteriais 
isquêmicas resulta de inúmeros fatores, tais 
como aumento da permeabilidade capilar 
por isquemia, tendência dos pacientes a 
manterem os pés pendentes para aliviar a 
dor, dificultando o retorno venoso, processo 
inflamatório nas arterites e, às vezes, 
trombose venosa associada. 
Exame Físico 
Inspeção: 
✓ A pele deve ser examinada em toda a 
extensão da superfície corporal, 
procurando-se alterações de coloração 
(palidez, cianose, eritrocianose, rubor, 
manchas), assimetria de membros e de 
grupos musculares, alterações ungueais, 
ulcerações, calosidades, gangrenas e 
micoses interdigitais. 
✓ É fundamental observar eventuais 
batimentos arteriais que podem sugerir 
hipertensão arterial, arteriosclerose, 
aneurisma ou fístula arteriovenosa. 
Palpação: 
Avaliam-se a temperatura da pele, 
comparando-se áreas homólogas em 
diferentes níveis do corpo, a elasticidade, a 
umidade da pele, a ocorrência de 
tumoração, infiltração do derma e tecido 
subcutâneo, manifestação de frêmito nos 
trajetos arteriais ou sobre tumoração, 
pulsatilidade das artérias e endurecimento 
de suas paredes. 
✓ A avaliação da temperatura da pele deve 
ser feita em ambiente com temperatura 
amena e estável, pois frio ou calor intensos 
podem mascarar eventuais alterações. 
Cumpre relembrar que modificações da 
temperatura são mais bem percebidas com 
o dorso da mão ou dos dedos. 
✓ A avaliação da elasticidade da pele é feita 
pinçando-se uma dobra da pele com a 
polpa dos dedos indicador e polegar, 
avalia-se sua consistência e a mobilidade 
sobre os planos profundos. 
 
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✓ A umidade da pele é avaliada com odorso das mãos ou com as polpas digitais; 
aumento ou diminuição da umidade 
pode ter importância no diagnóstico. 
✓ Frêmito é a sensação tátil das vibrações 
produzidas pelo turbilhonamento do 
sangue ao passar por uma estenose ou 
dilatação. O frêmito corresponde ao 
sopro e pode ser sistólico ou contínuo 
(sistodiastólico). Frêmito sistólico ocorre 
nas estenoses e nos aneurismas; o frêmito 
contínuo, nas fístulas arteriovenosas. A 
intensidade do frêmito varia de acordo 
com o grau de estenose ou dilatação e 
com a velocidade do fluxo sanguíneo. 
Pode ser graduado de+ a++++. 
A palpação sistematizada e simétrica das 
artérias possibilita detectar: diminuição ou 
ausência de pulso, viabilizando o diagnóstico 
de estenose ou oclusão. A amplitude do pulso 
é graduada de + a ++++ e pode variar de 
examinador para examinador, mas o 
importante é a determinação da amplitude 
comparativamente em pulsos homólogos 
pelo mesmo examinador. As artérias 
acessíveis à palpação são: carótida comum, 
temporal superficial, facial e nasal, 
subclávia, braquial, radial, cubital, aorta 
abdominal, ilíaca externa, femoral comum, 
poplítea, tibial anterior, dorsal do pé, tibial 
posterior e digitais, das mãos e dos pés. 
Como a palpação de todos os pulsos 
demanda muito tempo, costuma-se 
examinar rotineiramente apenas as artérias 
carótidas, radiais, cubitais, femorais, dorsais 
do pé e tibiais posteriores. Se houver 
diminuição ou ausência de um desses pulsos, 
é necessário fazer o exame de todas as 
outras artérias, principalmente no 
segmento corporal com alterações. Agora 
iremos revisar a técnica da palpação dos 
pulsos: 
1. Pulso radial: Localizado medialmente ao 
processo estilóide do rádio; emprega-se a 
polpa dos dedos indicador e médio. 
2. Pulso carotídeo: para examinar as 
artérias carótidas, o médico coloca-se 
diante do paciente, ficando este de pé ou 
sentado. O pulso carotídeo direito é 
palpado com a polpa do polegar 
esquerdo, que afasta a borda anterior do 
músculo esternocleidomastóideo, ao 
mesmo tempo que procura as pulsações, 
perceptíveis um pouco mais 
profundamente. As polpas dos dedos 
médio e indicador fixam -se sobre as 
últimas vértebras cervicais. A palpação 
da carótida também pode ser feita com 
o paciente em decúbito dorsal, com a 
cabeça levemente fletida e o médico 
postado à sua direita. Palpam -se os 
batimentos arteriais com as polpas dos 
dedos indicador, médio e anular. 
Independentemente da técnica, é 
necessário palpar com delicadeza para 
não comprimir o seio carotídeo, pois isso 
pode causar bradicardia, parada 
cardíaca ou desprendimento de trombos 
aderidos a uma placa ateromatosa. Não 
se devem palpar ambas as artérias ao 
mesmo tempo, para evitar o risco de 
isquemia cerebral nos pacientes que 
apresentem oclusão de uma delas. 
3. Pulso temporal superficial: a artéria 
temporal superficial deve ser palpada 
com o dedo indicador, acima da 
 
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articulação temporomandibular, logo 
adiante do trago. Pode-se palpar 
também o ramo frontal, situado acima 
da arcada supraorbitária. O paciente 
pode ficar sentado, de pé ou em decúbito 
dorsal. 
4. Pulso subclávio: A artéria subclávia é 
palpada com o paciente sentado, fazendo 
leve flexão da cabeça para o lado a ser 
examinado. O médico fica à frente, ao 
lado ou atrás do paciente e procura 
sentir a subclávia com os dedos 
indicador, médio e anular, na fossa 
supraclavicular, profundamente e 
posteriormente à clavícula. Este pulso é 
difícil de encontrar, em especial nos 
indivíduos brevilíneos e obesos. 
5. Pulso axilar: a artéria axilar pode ser 
palpada com o paciente sentado ou em 
decúbito dorsal. O médico coloca-se ao 
lado do membro a ser examinado. 
Enquanto a mão homolateral sustenta o 
braço ou antebraço do paciente, em leve 
abdução, os dedos indicador, médio e 
anular da mão contralateral procuram 
comprimir a artéria axilar contra o colo 
do úmero, no oco axilar. 
6. Pulso braquial: a artéria braquial é 
palpável em toda a sua extensão, sendo 
mais acessível, contudo, no seu terço 
distal. O paciente fica sentado ou em 
decúbito dorsal e o médico se posta ao 
lado do membro a ser examinado; com a 
mão homolateral, segura o antebraço do 
paciente, fazendo leve flexão sobre o 
braço, enquanto os dedos indicador, 
médio e anular da mão contralateral 
sentem as pulsações da artéria no sulco 
bicipital, abarcando o braço do paciente 
e utilizando o polegar como ponto de 
fixação na face lateral do braço. 
7. Pulso cubital: a artéria cubital pode ser 
palpada com o paciente sentado ou em 
decúbito dorsal. O médico fica na frente 
ou ao lado do paciente, conforme esteja 
ele sentado ou deitado; com a mão 
homolateral, segura a mão do paciente, 
fazendo leve flexão, e com os dedos 
indicador, médio e anular da mão 
contralateral procura sentir as pulsações 
da artéria cubital, situada entre os 
músculos flexor superficial dos dedos e o 
flexor ulnar do carpo, utilizando o 
polegar como ponto de apoio no dorso do 
punho. 
8. Pulso aórtico abdominal: aorta é palpada 
com o paciente em decúbito dorsal, 
fazendo leve flexão das coxas sobre a 
bacia para promover relaxamento dos 
músculos abdominais. O médico fica à 
direita do paciente e, com a mão direita, 
procura a aorta no espaço compreendido 
entre o apêndice xifoide e a cicatriz 
umbilical, pressionando-a contra a 
coluna vertebral. A mão esquerda deve 
apoiar-se sobre a direita para ajudar na 
compressão. A palpação da aorta 
abdominal costuma ser difícil nos 
pacientes obesos e musculosos. Nos 
indivíduos muito magros e nas 
multíparas com flacidez na parede 
abdominal, as pulsações aórticas podem 
tomar-se tão evidentes que chegam a ser 
confundidas com aneurisma. É necessário 
considerar a hipótese de aneurisma da 
aorta abdominal ou das artérias ilíacas 
 
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comuns quando há pulsações visíveis 
abaixo da cicatriz umbilical. 
9. Pulso ilíaco: as artérias ilíacas externas e 
comuns podem ser palpadas com o 
paciente em decúbito dorsal com as coxas 
levemente fletidas sobre a bacia. O 
médico fica do lado a ser examinado e, 
com os dedos indicador, médio e anular 
da mão do mesmo lado, comprime a 
parede abdominal ao longo da linha que 
vai da cicatriz umbilical à parte média 
do ligamento inguinal. A mão oposta 
pode apoiar-se sobre a outra, auxiliando 
a compressão. Este pulso costuma ser 
difícil de palpar nos indivíduos obesos e 
musculosos. 
10. Pulso femoral: A artéria femoral é 
palpada na região inguinocrural, logo 
abaixo do ligamento inguinal, em sua 
porção média. Com o paciente em 
decúbito dorsal, o médico se posta do 
lado que será examinado e, com os dedos 
indicador, médio e anular, procura 
sentir as pulsações da artéria femoral 
comum no triângulo de Scarpa. Como a 
artéria femoral comum é superficial, não 
se deve fazer sobre ela muita 
compressão, principalmente nos 
indivíduos magros, pois isso pode 
provocar estreitamento do lúmen 
arterial com formação de um "falso" 
frêmito. Os frêmitos verdadeiros, 
encontrados nessa região, decorrentes de 
estreitamento da artéria por placas de 
ateroma, são percebidos à palpação 
superficial, sem qualquer 
compressão.Pulso poplíteo: a artéria 
poplítea é de difícil palpação, 
principalmente nos indivíduos obesos e 
musculosos e para conseguir palpá-la 
com precisão, é necessário bom 
treinamento. Com o paciente em 
decúbito dorsal e com a perna a ser 
examinada semifletida, o médico se posta 
ao seu lado, abarcando o joelho com as 
mãos; fixa os polegares na patela e 
aprofunda os dedos indicador, médio e 
anular de ambas as mãos no oco poplíteo. 
Enquanto os dedos de uma das mãos 
fazem compressão, os da outra 
procuram sentir as pulsações da artéria. 
11. Pulso tibial anterior: a artéria tibial 
anterior é palpada no terço distai da 
perna, entre os músculos extensordo 
hálux e extensor longo dos dedos. O 
paciente deve estar em decúbito dorsal 
com leve flexão do joelho. O médico 
coloca-se do lado do membro em exame, 
firmando o pé do paciente, em 
dorsiflexão, com uma das mãos. Com os 
dedos indicador, médio e anular da mão 
contralateral, procura sentir as pulsações 
da artéria no local referido. 
12. Pulso pedioso: a artéria pediosa é 
palpada entre o primeiro e o segundo 
metatarsianos. O paciente deve 
permanecer em decúbito dorsal, com 
leve flexão do joelho. O médico fica ao 
lado do membro a ser examinado e palpa 
a artéria com os dedos indicador, médio 
e anular de uma das mãos; com a outra, 
fixa o pé do paciente em dorsiflexão. Esta 
artéria pode apresentar variações de 
localização e, quando não palpada no 
local habitual, é necessário procurá-la 
em toda a extensão do dorso do pé. 
 
7 Géssica HAM3 
13. Pulso tibial posterior: A artéria tibial 
posterior é palpada na região 
retromaleolar interna com o paciente 
em decúbito dorsal, com leve flexão do 
joelho - a extensão completa do joelho 
pode determinar compressão da artéria 
poplítea com diminuição dos pulsos 
podais. O médico fica ao lado do membro 
a ser examinado, sustentando o 
calcanhar do paciente com a mão 
homóloga; com os dedos indicador, 
médio e anular da mão contralateral, 
procura sentir as pulsações da artéria na 
região retromaleolar, fixando o polegar 
na região maleolar externa. 
OBS: Nos pacientes em que não há 
ocorrência de pulsos tronculares abaixo dos 
cotovelos e dos joelhos, deve-se procurar em 
tomo destas articulações a manifestação de 
pulsos anômalos, que podem ser palpados 
quando se desenvolve boa circulação 
colateral. 
Ausculta: 
Com o objetivo de detectar sopros, a 
ausculta deve ser feita no trajeto de todas 
as artérias tronculares do corpo. Os sopros 
podem ter intensidade variável, sendo 
conveniente quantifica-los em cruzes (+ a 
++++), usando os mesmos critérios aplicados 
na ausculta do coração. Os sopros pouco 
intensos tornam-se mais nítidos após a 
realização de exercícios, tais como saltitar, 
correr alguns minutos ou abrir e fechar a 
mão repetidas vezes. Podem ser sistólicos ou 
contínuos (sistodiastólico): os sistólicos são 
em razão de estenose ou dilatação da 
artéria; os contínuos ou sistodiastólicos 
originam-se nas fístulas arteriovenosas. 
Os sopros arteriais são produzidos por 
vibrações decorrentes de alterações do fluxo 
sanguíneo. Em condições normais, o sangue 
flui de maneira corrente laminar com 
velocidade um pouco mais rápida na porção 
central, tal como as águas de um rio sem 
obstáculos em seu leito. Fato fundamental é 
que não se formem turbilhões, pois, quando 
isso acontece, o fluxo deixa de ser laminar e 
surgem vibrações que dão origem aos sopros. 
Cumpre assinalar que podem aparecer 
sopros em artérias normais, como ocorre 
nos pacientes anêmicos com diminuição da 
viscosidade sanguínea e aumento da 
velocidade do sangue. Exercícios intensos 
também aumentam a velocidade do fluxo 
sanguíneo, provocando sopros. 
OBS: A combinação da ausculta com a 
palpação possibilita determinar o local de 
uma estenose. Exemplo: ao fazer a palpação 
dos membros inferiores, nota-se que o 
paciente apresenta pulso femoral direito 
intenso (++++) e pulso poplíteo diminuído 
(+ a ++), dado que levanta logo a suspeita de 
estenose no trajeto femoropoplíteo. 
Auscultando-se ao longo da artéria femoral 
superficial, é possível encontrar um sopro 
sistólico no nível do anel do adutor magno. 
Combinando-se estes dados de palpação e 
ausculta, conclui -se que há uma estenose 
naquele segmento arterial. 
Manobras para avaliação do fluxo 
arterial nos membros inferiores 
Manobra da marcha: 
Indicada principalmente para pacientes com 
claudicação intermitente. Essa manobra 
consiste em fazer paciente andar 
cadenciadamente, medindo-se a distância e 
 
8 Géssica HAM3 
o tempo necessários para que ocorra dor nos 
membros inferiores e incapacidade 
funcional. Dois parâmetros devem ser 
analisados nesta prova: o tempo de 
claudicação, que é o tempo gasto para o 
aparecimento da dor, e o tempo de 
incapacidade funcional, que é o tempo 
necessário para que o paciente seja obrigado 
a parar, em decorrência da dor. 
Manobra da isquemia provocada: 
A manobra da isquemia provocada 
compreende três tempos. No primeiro 
tempo, com o paciente em decúbito dorsal, 
o médico observa a coloração das regiões 
plantares. 
 
No segundo tempo, o paciente eleva os 
membros inferiores até um ângulo de 90°, 
mantendo-os nesta posição durante 1 min 
com a ajuda das mãos colocadas na face 
posterior das suas coxas. Se o paciente não 
conseguir elevar as pernas 
espontaneamente, elas devem ser mantidas 
nesta posição com o auxílio do médico. Após 
1 min, observa-se a coloração das regiões 
plantares. Em condições normais, não há 
alteração da coloração ou, se houver, será 
muito discreta. Havendo isquemia, aparece 
palidez na região plantar do membro 
comprometido, tanto mais intensa quanto 
maior for a deficiência de irrigação. Nos 
casos em que há dúvida, para tomar a prova 
mais evidente, solicita-se ao paciente que 
execute movimentos de extensão e flexão dos 
pés em uma frequência de 30 movimentos 
por minuto, durante 3 min. Ao final do 
exercício, observam- se novamente as 
regiões plantares. Havendo isquemia, a 
palidez plantar torna-se mais nítida. 
 
No terceiro tempo, os membros voltam à 
posição horizontal, observando-se, então, o 
tempo necessário para o retorno da 
coloração normal. Em pessoas normais, isso 
se faz em 5 a I2 segundos. Se houver 
isquemia, este tempo se prolonga, 
aumentando quanto mais intensa for a 
isquemia; aliás, quando houver isquemia, o 
pé nem readquire a coloração normal - ele 
passa a ter uma cor vermelho-arroxeada ou 
vermelho vivo, denominada "hiperemia 
reativa. Nos casos de isquemia muito 
acentuada, a hiperemia não é homogênea, 
ficando mesclada com áreas de palidez. 
Nesses pacientes, a elevação dos membros 
provoca também dor, que se intensifica com 
a movimentação dos pés. Esta prova pode 
ser realizada nos membros superiores, 
 
9 Géssica HAM3 
bastando solicitar ao paciente que eleve os 
braços acima da cabeça e execute 
movimentos de flexão e extensão dos dedos. 
 
Manobra da hiperemia reativa: 
Compreende 3 tempos. No primeiro tempo, 
estando o paciente em decúbito dorsal, o 
médico observa a coloração dos membros. 
No segundo tempo, seus membros inferiores 
são elevados a cerca de 90°, mantendo-os 
nesta posição durante 3 min para que haja 
esvaziamento do leito venoso. Em seguida, 
coloca-se na raiz da coxa um manguito 
pneumático, de largura apropriada, o qual 
é insuflado até ultrapassar o valor da 
pressão sistólica do paciente. No terceiro 
tempo, os membros voltam à posição 
horizontal; 3 min após, o manguito é 
desinsuflado rapidamente. Observam-se, 
então, as alterações de coloração que 
aparecem distalmente. Nos indivíduos 
normais, imediatamente após a 
desinsuflação do manguito, nota-se o 
aparecimento de uma coloração 
avermelhada que progride de maneira 
uniforme até alcançar os pododáctilos, no 
prazo de 1 O a 15 segundos, permanecendo 
por 30 a 40 segundos. Esta coloração 
desaparece no mesmo sentido em um prazo 
de, no máximo, 2 min. 
Manobra do enchimento venoso: 
Também realizada em três tempos. No 
primeiro tempo, com o paciente sentado e 
com as pernas pendentes, o médico observa 
o estado de enchimento das veias do dorso 
dos pés. Depois, solicita-se a ele deitar-se 
elevando os membros inferiores a cerca de 
90°, após o que o examinador massageia as 
veias superficiais, esvaziando-as com 
movimentos deslizantes da mão em direção 
à coxa. No terceiro tempo, o paciente 
reassume a posição sentada rapidamente, 
deixando os pés pendentes outra vez. 
Determina-se, então, o tempo necessário 
para oenchimento das veias. Em condições 
normais, este período é de cerca de 1O 
segundos; quando há isquemia, o tempo se 
prolonga, aumentando de acordo com a 
intensidade da deficiência da irrigação. 
Manobras para avaliação do fluxo 
arterial nos membros superiores 
Revisando: a artéria subclávia corre entre os 
músculos escalenos anterior e médio, sobre 
a primeira costela (triângulo 
interescalênico), juntamente com o plexo 
braquial. Em sua passagem pelo espaço 
costoclavicular, a artéria subclávia e o plexo 
braquial podem ser comprimidos pela 
primeira costela e pela clavícula. A artéria 
axilar passa sob o tendão do músculo 
pequeno peitoral, próximo à sua inserção no 
processo coracoide, local em que pode sofrer 
compressão durante a hiperabdução do 
braço. 
Manobra de Adson: 
Esta manobra é utilizada para o diagnóstico 
de compressão da artéria subclávia e do 
 
10 Géssica HAM3 
plexo braquial pelo músculo escaleno 
anterior, costela cervical, processo 
transverso longo da 7ª vértebra cervical ou 
bridas fibróticas. Ela é realizada em dois 
tempos. No primeiro tempo, coloca-se o 
paciente sentado com os membros 
superiores apoiados sobre os joelhos; feito 
isso, o médico palpa o pulso radial e ausculta 
a região supraclavicular, do lado que está 
sendo examinado. No segundo tempo, 
enquanto o médico palpa o pulso radial, 
solicita-se ao paciente que faça uma 
inspiração profunda, retendo-a, seguida de 
extensão forçada da cabeça, que é girada 
para o lado em exame. O médico permanece 
auscultando a região supraclavicular; se 
houver compressão da artéria subclávia, o 
pulso radial diminui de intensidade ou 
desaparece e surge um sopro na região 
supraclavicular (o sopro desaparece se a 
manobra provocar oclusão total da artéria). 
O paciente pode queixar-se de parestesia ou 
dor no membro superior e, além disso, é 
possível observar palidez na região palmar. 
Em alguns casos, esta manobra toma-se 
positiva quando o paciente gira a cabeça 
para o lado oposto. Para ter valor 
diagnóstico, a manobra deve ser repetida 
várias vezes, com resultados semelhantes. 
 
Manobra costoclavicular: 
É utilizada para detectar compressão da 
artéria subclávia no nível de sua passagem 
pelo espaço costoclavicular. É realizada em 
dois tempos. No primeiro tempo, o paciente 
é posto sentado com as mãos apoiadas sobre 
os joelhos; em seguida, o médico palpa o 
pulso radial e ausculta a região 
supraclavicular ou infraclavicular na junção 
do terço médio com o terço externo da 
clavícula. No segundo tempo, solicita-se ao 
paciente que faça uma inspiração profunda, 
ao mesmo tempo que joga os ombros para 
trás e para baixo, como na posição de 
sentido (exagerada) dos militares. Se houver 
compressão da artéria subclávia, o pulso 
radial diminui ou desaparece e surge um 
sopro na região supra ou infraclavicular. O 
sopro desaparece quando o pulso se torna 
impalpável. 
 
Manobra costoclavicular passiva: 
Esta manobra é constituída de dois tempos. 
No primeiro tempo, o paciente é posto na 
posição sentada com o braço abduzido a 90° 
e com o antebraço fletido também a 90°. 
Nesta posição, o braço do paciente é 
sustentado pelo médico, que palpa o pulso 
radial. No segundo tempo, é feita rotação 
 
11 Géssica HAM3 
lateral do braço, que é jogado para trás. Se 
houver compressão da artéria subclávia, 
ocorre diminuição ou desaparecimento do 
pulso. A ausculta na região supra ou 
infraclavicular, na junção do terço médio 
com o lateral da clavícula, detecta um sopro 
na vigência de compressão. A inspiração 
potencializa esta manobra. 
Manobra de Hiperabdução: 
Esta manobra serve para o diagnóstico de 
compressão da artéria subclávia pelo tendão 
do músculo pequeno peitoral, sendo 
realizada em dois tempos. No primeiro 
tempo, o paciente fica sentado com os 
membros superiores pendentes ou apoiados 
sobre os joelhos. Neste momento, o médico 
palpa o pulso radial do lado em exame. No 
segundo tempo, enquanto o médico palpa o 
pulso radial, solicita-se que o paciente faça 
hiperabdução do braço, colocando a mão 
acima da cabeça. Durante a movimentação 
do braço, o médico observa a amplitude do 
pulso. Se houver compressão, o pulso diminui 
ou desaparece e, à ausculta da região axilar, 
é possível detectar sopro. Esta manobra 
pode ser potencializada com a inspiração 
profunda. 
 
 
Manobra de Allen: 
A manobra de Allen busca detectar oclusão 
da artéria ulnar ou da artéria radial, sendo 
realizada em quatro tempos. No primeiro 
tempo, o paciente fica sentado com os 
membros superiores estendidos à sua frente, 
mantendo as regiões palmares voltadas para 
cima. No segundo tempo, o médico palpa a 
artéria radial com o polegar, fixando os 
demais dedos no dorso do punho do 
paciente. No terceiro tempo, enquanto 
comprime a artéria radial, o médico solicita 
ao paciente fechar a mão com força, de 
modo a esvaziá-la de sangue. No quarto 
tempo, mantendo-se a artéria radial 
comprimida, solicita-se ao paciente que 
abra a mão sem estender os dedos. Em 
condições normais, há uma rápida volta da 
coloração da mão e dos dedos. Havendo 
estenose ou oclusão da artéria ulnar, o 
retorno da coloração é mais demorado e não 
é uniforme, formando placas. Para o 
diagnóstico de oclusão da artéria radial, o 
médico usa a mesma manobra; no entanto, 
no terceiro e quartos tempos, a artéria 
comprimida é a ulnar.

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