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Nutrição Enteral e Parenteral

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Sumário 
 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 4 
DEFINIÇÕES ................................................................................................................. 4 
NUTRIÇÃO ENTERAL (NE) E TERAPIA DE NUTRIÇÃO ENTERAL (TNE) ....... 4 
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE TERAPIA NUTRICIONAL (EMTN) ................ 6 
ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA NA EMTN .................................................... 8 
SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR VIA ORAL ......................................................... 9 
INDICAÇÕES DE USO ............................................................................................... 10 
CLASSIFICAÇÃO DOS SUPLEMENTOS ORAIS ................................................... 11 
NUTRIÇÃO ENTERAL .............................................................................................. 11 
INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DA NUTRIÇÃO ENTERAL ................. 11 
VIAS DE ACESSO E LOCALIZAÇÃO DA SONDA ................................................ 13 
As Sondas ..................................................................................................................... 15 
ADMINISTRAÇÃO DA NUTRIÇÃO ENTERAL ..................................................... 17 
MONITORIZAÇÃO DA NUTRIÇÃO ENTERAL ..................................................... 18 
FÓRMULAS PARA NUTRIÇÃO ENTERAL ............................................................ 19 
Dietas ............................................................................................................................ 19 
Dietas Enterais Quanto à Forma de Preparo ................................................................. 20 
Dietas Enterais Quanto aos Objetivos da Terapia Nutricional ..................................... 22 
Dietas Enterais Quanto ao Suprimento de Calorias ..................................................... 22 
Dietas Enterais Quanto à Complexidade de Nutrientes ............................................... 22 
Dietas Enterais Quanto à Presença ou Ausência de um Nutriente Específico ............. 23 
COMPOSIÇÃO DAS FÓRMULAS ENTERAIS INDUSTRIALIZADAS ................ 25 
Proteína ......................................................................................................................... 25 
 
 
Carboidratos ................................................................................................................. 26 
Fibras ............................................................................................................................ 26 
Lípides .......................................................................................................................... 26 
Micronutrientes ............................................................................................................. 27 
Água ............................................................................................................................. 27 
COMPLICAÇÕES EM NUTRIÇÃO ENTERAL ....................................................... 28 
NUTRIÇÃO PARENTERAL ...................................................................................... 29 
NUTRIÇÃO PARENTERAL PERIFÉRICA (NPP) .................................................... 31 
NUTRIÇÃO PARENTERAL TOTAL (NPT) ............................................................. 32 
NUTRIÇÃO PARENTERAL VIA INTRADIALÍTICA ............................................. 33 
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 37 
 
 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
 
O uso de sondas localizadas diretamente no tubo digestivo para nutrição humana 
é um procedimento antigo, pois há relatos de que os egípcios usavam enemas de 
alimentos por meio de sondas retais, mostrando claramente a preocupação em ofertar 
alimentação a pacientes incapazes de utilização da via oral (CUNHA et al., 2007). 
Atribui-se a John Hunter, em 1776, a primeira tentativa de administrar alimentos 
diretamente no estômago. Em 1837, Egeberg iniciou a alimentação via gastrostomia e, 
em 1885, Gould introduziu a jejunostomia (TEIXEIRA NETO, 2003). Nos últimos 
anos, o uso de nutrição enteral foi mais difundido, ao mesmo tempo em que houve 
grandes progressos tecnológicos na área. Tanto as sondas quanto as fórmulas 
comerciais, se desenvolveram para satisfazer os requisitos para uma recuperação 
adequada do estado nutricional de indivíduos enfermos. 
Os métodos de administração da nutrição enteral também mudaram, passando da 
administração com seringa (bolus) para o gotejamento lento e contínuo através de 
bombas de infusão. As novas fórmulas e os novos métodos de administração 
aumentaram a efetividade e diminuíram alguns dos problemas e complicações 
historicamente associados à alimentação por sonda. 
“A nutrição enteral é considerada hoje parte integrante obrigatória do tratamento 
global do paciente já desnutrido ou daquele que tem perspectiva de desnutrir-se a curto, 
médio ou longo prazo, se não for nutrido convenientemente.” (LONGO; NAVARRO, 
2002). 
 
DEFINIÇÕES 
 
NUTRIÇÃO ENTERAL (NE) E TERAPIA DE NUTRIÇÃO ENTERAL 
(TNE) 
 
 Nutrição enteral é um conjunto de procedimentos usados para manutenção ou 
recuperação do estado nutricional por meio da administração de nutrientes pelo trato 
gastrointestinal, com ou sem artifício de sondas. Dessa forma, engloba também todas as 
formas de alimentação, seja via oral adaptada com suplementos e/ou com uso de sondas. 
Isso se deve ao fato de que o termo enteral diz respeito a entérico, a trato digestivo; 
 
5 
 
dessa forma, quando se usa o trato digestivo, seja via oral suplementada ou com uso de 
sondas no estômago ou intestino, considera-se nutrição enteral. Entretanto, na rotina 
clínica diária os profissionais da área de saúde, inclusive nutricionistas, usam o termo 
nutrição enteral, especificamente, quando querem se referir apenas à nutrição por sonda. 
De acordo com Vasconcelos (2002), a definição mais abrangente foi proposta na 
Resolução RDC nº 63 de 2000 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 
do Ministério da Saúde (MS), e diz que nutrição enteral corresponde a: Alimento para 
fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, 
de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por 
sondas ou via oral, industrializada ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para 
substituir ou completar a alimentação oral em pacientes desnutridos, ou não, conforme 
suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, 
visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. (RESOLUÇÃO RDC 
n° 63 de 2000, da ANVISA). 
Já o termo Terapia de Nutrição Enteral (TNE) representa o conjunto de 
procedimentos relacionados à administração de dieta enteral, via oral suplementada ou 
por meio de sondas posicionadas no estômago ou intestino de pacientes incapazes ou 
impossibilitados de atingir suas necessidades nutricionais pela alimentação oral, ou 
daqueles que necessitam de formulações enterais específicas (CUNHA, et al., 2007). 
Para Baxter e Waitzberg (2007), terapia nutricional bem conduzida deve ser 
entendida como acompanhamento dietoterápico do paciente desde o período de sua 
admissão na instituição hospitalar, como paciente internado ou ambulatorial, nas fases 
pré e pós-operatórias, por meio de um trabalho em equipe multidisciplinar. A terapia 
nutricional não somente procura prevenir a deterioração do estado nutricional, como 
também é efetiva para minimizar as complicações devido ao jejum prolongado 
(CAMPANELLA, et al., 2008). 
 
DIFERENTES FORMAS DE TERAPIA NUTRICIONAL:VIA ORAL 
SUPLEMENTADA, NUTRIÇÃO ENTERAL E NUTRIÇÃO PARENTERAL 
 
6 
 
 
FONTE: Waitzberg, 2000. 
 
No Brasil, as recomendações oficiais do conjunto de regras para a execução da 
TNE foram elaboradas pelo Ministério da Saúde e ANVISA e estão publicadas na 
Portaria nº 63, de 6 de julho de 2000. Esta regulamentação deve sofrer revisões 
periódicas, adequando-se aos novos conhecimentos e avanços na área de nutrição 
enteral. 
 
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE TERAPIA NUTRICIONAL (EMTN) 
 
 Devido à complexidade dos fatores envolvidos na monitoração do paciente 
hospitalizado e no tratamento da desnutrição, a formação de uma equipe 
multidisciplinar pode ser fundamental para assegurar atenção adequada a esses 
enfermos (LEITE; CARVALHO; MENESES, 2005). 
A mesma portaria que regulamenta a TNE define a EMTN como: 
 
 
7 
 
Grupo formal de profissionais habilitados em ciências da saúde, possuidores de 
conhecimentos técnicos na área de nutrição e que tenham recebido treinamento 
específico para a prática de terapia nutricional enteral e obrigatoriamente ser constituída 
de, pelo menos, um profissional de cada categoria, a saber: médico, nutricionista, 
enfermeiro e farmacêutico, podendo ainda incluir profissionais de outras categorias. 
(PORTARIA nº 63, de 6 de julho de 2000, da ANVISA). 
 O trabalho conjunto de especialistas com formações distintas permite integrar, 
harmonizar e complementar os conhecimentos e habilidades dos integrantes da equipe 
para cumprir o objetivo de identificar, intervir e acompanhar o tratamento de distúrbios 
nutricionais (PENIÉ, et al., 2000). Fazem parte das atribuições da EMTN: 
 
✓ Definir metas de trabalho técnico-administrativas; 
✓ Criar protocolos de atendimento; 
✓ Realizar triagem e vigilância nutricional; 
✓ Indicar terapia nutricional e metabólica; 
✓ Assegurar condições ótimas de indicação, prescrição, preparação, 
armazenamento, transporte e administração da nutrição enteral; 
✓ Educar e capacitar à equipe; 
✓ Analisar o custo e o benefício e traçar metas operacionais da EMTN. 
 
Para Leite, Carvalho e Meneses (2005), na maioria dos hospitais brasileiros, a 
EMTN funciona como uma equipe de apoio, ou seja, a equipe assistencial conduz o 
doente e a EMTN estabelece diretrizes gerais e protocolos de conduta nutricional, sendo 
que, em outros hospitais, a equipe tem atuação clínica, avaliando diretamente os doentes 
mediante solicitação da equipe assistencial. Para a atuação ser efetiva é necessário a 
convivência harmoniosa entre a EMTN e o corpo clínico assistencial, para que essa 
última não se sinta insatisfeita frente às mudanças na rotina de atendimento. 
O processo de implantação da EMTN deve ser gradual e as dificuldades deverão 
ser resolvidas pela informação e pela educação continuada em nutrição, pois, apesar de 
inúmeros estudos apontarem a necessidade e os benefícios desta equipe no cuidado 
nutricional de indivíduos hospitalizados, as dificuldades na implantação da EMTN são 
desencadeadas pela falta de informação sobre nutrição, poucos recursos disponíveis, 
questões de política hospitalar e a pouca aceitação por parte da equipe assistencial, além 
das próprias dificuldades relacionadas à gravidade de pacientes mais críticos. 
 
8 
 
 
ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA NA EMTN 
 
Nesse contexto multidisciplinar ressalta-se a participação e ação do profissional 
nutricionista, por meio da apresentação, abaixo, das competências que lhe cabem como 
membro da equipe multidisciplinar de terapia nutricional (BAXTER; DIAS; 
MACULEVICIUS, 2007): 
✓ Realizar a avaliação do estado nutricional, inicial e periódico dos 
pacientes atendidos; 
✓ Determinar as necessidades calóricas e nutricionais desses pacientes; 
✓ Participar da seleção do pacientes candidatos à terapia nutricional; 
✓ Opinar quanto à indicação do tipo de suporte nutricional e via de acesso; 
✓ Orientar o paciente e/ou familiares sobre a terapia nutricional a ser 
adotada, desde a internação até a alta hospitalar, incluindo os casos de nutrição enteral 
domiciliar; 
✓ Formular a prescrição dietética de acordo com as necessidades 
nutricionais do paciente; 
✓ Selecionar e/ou elaborar a formulação a ser utilizada; 
✓ Participar da supervisão da administração das soluções nutritivas; 
✓ Avaliar a tolerância das soluções e a eficácia do suporte nutricional 
escolhido; 
✓ Realizar evolução dietoterápica; 
✓ Participar da especificação do material, equipamento e matéria-prima 
usados para compor as soluções nutritivas; 
✓ Supervisionar o preparo e/ou envase das dietas enterais; 
✓ Participar das atividades didáticas e científicas da equipe; 
✓ Realizar o treinamento e reciclagem de pessoal técnico e operativo 
envolvido com a equipe e o paciente; 
✓ Participar de todas as atividades administrativas pertinentes a EMTN; 
✓ Criar mecanismos de autoavaliação da atuação da própria equipe e sua 
própria participação. 
 
Destaca-se que os cursos de graduação em Nutrição fornecem noções básicas 
 
9 
 
sobre terapia nutricional enteral e parenteral, mas, ao compor uma equipe de EMTN, o 
nutricionista deve buscar se especializar na área, pois já são oferecidos cursos em todo o 
Brasil e a própria Resolução nº 63 de 2000 endossa e estimula que todos os membros da 
equipe busquem esta titulação. 
 
SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR VIA ORAL 
 
 A alimentação via oral é o método preferível para fornecer as demandas 
requeridas pelo organismo nas situações catabólicas, pois favorece a fisiologia da 
digestão e absorção dos nutrientes, mantendo o trofismo intestinal e, assim, melhorando 
a situação nutricional e imunológica do indivíduo. Os suplementos nutricionais são 
fórmulas nutritivas feitas com um ou vários nutrientes, administrados pela via oral, na 
maioria das vezes, destinados a cobrir deficiências alimentares. 
Quando não se consegue oferecer, via oral, uma quantidade suficiente de 
alimentos nas refeições, as calorias e os nutrientes, principalmente proteínas, podem ser 
suplementadas com produtos nutricionais específicos para este fim. Podem ter uma 
formulação de dieta completa (se contém em quantidade suficiente todos os nutrientes 
essenciais) ou de dieta incompleta. 
Alguns suplementos são concentrados e contêm vitaminas e minerais adicionais. 
Os suplementos estão disponíveis em diferentes formas de apresentação (pó, líquido, 
etc.), sabores (baunilha, morango, chocolate, etc.) e composição. Convém destacar que 
os suplementos nutricionais são para adicionar calorias e/ou nutrientes à alimentação e 
não para substituir refeições (exceto os que são nutricionalmente completos), sendo 
utilizados, na maioria das vezes, para suplementar lanches intermediários às principais 
refeições. 
A prática clínica diária aponta que com o uso adequado de suplementos 
nutricionais se consegue: 
 
✓ Ganho de peso; 
✓ Melhoras na evolução de determinadas patologias; 
✓ Incremento da capacidade funcional (melhora da força muscular, do 
crescimento, das atividades da vida diária, etc.); 
✓ Benefícios imunológicos; 
 
10 
 
✓ Redução na incidência de complicações em pós-operatórios. 
 
A alimentação via oral, e sua suplementação quando necessária, evita os 
problemas comumente associados ao uso de sondas para alimentação, mas exige maior 
dedicação e disponibilidade da equipe de saúde para a orientação do paciente, não 
devendo diminuir ou substituir a ingestão voluntária do alimento normal ou fortificado 
(DARDAI, 2008). 
 
INDICAÇÕES DE USO 
 
 Os suplementos nutricionais estão indicados em qualquer situação clínica, na 
qual não se consegue atingir os requerimentos calóricos e nutricionais apenas com a 
alimentação “normal” via oral. Em muitas condições fisiopatológicas, ou durante algum 
tratamento, os suplementos nutricionais têm demonstrado serem úteis. Abaixo 
apresentaremos condições que sugerem indicação desuplementos nutricionais via oral: 
 
✓ Anorexia ou dificuldades de ingesta consequente a uma patologia de 
base: caquexia cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer, Aids; 
✓ Apetite insuficiente ou anorexia secundária, devido tratamento de 
quimioterapia, radioterapia ou efeito de medicamentos; 
✓ Mudanças físicas da mastigação e/ou da deglutição: ausência, total ou 
parcial, dos dentes, disfagia; 
✓ Transtornos digestivos e/ou absortivos: doenças 
inflamatórias intestinais, síndrome do intestino curto, diarreias crônicas, pancreatites, 
gastrectomias, fibrose cística; 
✓ Alterações psicológicas que afetem o consumo alimentar: Anorexia 
Nervosa, depressão, Doença de Alzheimer; 
✓ Doenças neurológicas do tipo: acidente vascular encefálico, 
traumatismos cranioencefálicos, tumor cerebral, esclerose múltipla, esclerose lateral 
amiotrófica ou qualquer outra condição neurodegenerativa que afete a capacidade do 
indivíduo alimentar-se. 
 
 
 
11 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS SUPLEMENTOS ORAIS 
 
 
A escolha de um suplemento nutricional depende das necessidades nutricionais e 
tolerância do paciente, bem como do custo, composição, paladar, disponibilidade e do 
período de conservação do suplemento, assim como da equipe disponível para a 
preparação (MAHAN; ARLIN, 1995). Atualmente, se dispõe de diversos suplementos 
nutricionais que podem ser adaptados a diferentes situações clínicas e condições 
nutricionais do indivíduo. 
Os suplementos mais usados se agrupam em duas grandes categorias: proteicos e 
energéticos. Os suplementos proteicos oferecem quantidades elevadas de proteínas, 
junto com calorias, vitaminas e minerais. Já os suplementos energéticos podem ser 
fórmulas equilibradas, com maior ou menor quantidade de proteínas, mas sempre com 
um elevado conteúdo calórico. Também existem suplementos específicos formulados 
para atender as necessidades nutricionais de diferentes patologias como diabetes 
mellitus, insuficiência renal, insuficiência pulmonar, doença hepática, Aids, etc. 
 
NUTRIÇÃO ENTERAL 
 
A nutrição enteral consiste na administração de nutrientes, por meio de soluções 
nutritivas, com fórmulas quimicamente definidas, por infusão direta no estômago ou no 
intestino delgado, usando o artifício de sondas (BAXTER; WAITZBERG, 2007). O uso 
da nutrição enteral garante melhor desfecho, em relação à nutrição parenteral total, nos 
pacientes hospitalizados devido à preservação da saúde da mucosa intestinal (prevenção 
da atrofia intestinal) e estimula o tecido linfoide do trato gastrointestinal, melhorando a 
resposta imune (VASCONCELOS, 2002). 
 
 
INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DA NUTRIÇÃO ENTERAL 
 
Está indicada para pacientes com as necessidades nutricionais, normais ou 
aumentadas, cuja ingestão, por via oral, está impedida ou é ineficaz, mas que tenham o 
restante do trato digestivo anatomofuncionalmente aproveitável (TEIXEIRA NETO, 
 
12 
 
2003). 
Dudrick (1987) apud Cunha et al. (2007) simplificou as indicações para nutrição 
enteral quando afirmou que “a nutrição enteral deve ser indicada para quem não pode 
comer, não o deseja ou não se aconselha o uso do trato gastrointestinal”. Acrescenta-se 
a essa indicação as situações em que a via oral está sendo ineficiente em ofertar, pelo 
menos, 70% das necessidades nutricionais do indivíduo. 
As situações de maior indicação do uso de nutrição enteral são (AUGUSTO, 
2002, VASCONCELOS, 2002): 
 
✓ Situações gerais onde, por causas funcionais ou orgânicas, há ingestão 
oral deficiente ou dor e/ou desconforto no uso da via oral: carcinoma do trato digestivo, 
pancreatite, quimioterapia, radioterapia, disfagia grave. 
✓ Situações neurológico-psiquiátricas que dificultem ou impossibilitem a 
via oral: acidente vascular encefálico (AVE), neoplasias, traumatismos cerebrais, 
depressão grave, inconsciência, Anorexia Nervosa, doenças desmielinizantes. 
✓ Situações de ingestão oral insuficiente: trauma, septicemia, alcoolismo 
crônico, depressão grave, queimaduras. 
✓ Situações de aumento das necessidades calóricas: trauma, politrauma, 
sepse, caquexia cardíaca, queimaduras neoplasias, pré e pós-operatórios. 
✓ Disfunções do trato gastrointestinal (em alguns destes casos a nutrição 
parenteral pode ser a escolha): doença inflamatória intestinal, síndromes de má-
absorção, fístulas digestivas de baixo débito (< 500mL/dia), síndrome do intestino 
curto, anomalias congênitas do trato digestivo, obstruções intestinais. 
 
Para Vasconcelos (2002), as contraindicações da nutrição enteral, em geral, são 
relativas ou temporárias, mais do que definitivamente absolutas, sendo as mais 
frequentes: 
✓ Obstrução mecânica do trato gastrointestinal; 
✓ Refluxo gastroesofágico intenso; 
✓ Íleo paralítico; 
✓ Hemorragia gastrointestinal severa; 
✓ Vômitos e diarreia intensos; 
✓ Fístula digestiva de alto débito (> 500mL/dia); 
✓ Enterocolite grave; 
 
13 
 
✓ Doença terminal; 
✓ Expectativa de usar a nutrição enteral por um período inferior a 5-7 dias 
em pacientes desnutridos ou 7-9 dias em indivíduos eutróficos. 
 
VIAS DE ACESSO E LOCALIZAÇÃO DA SONDA 
 
 As vias de acesso em nutrição enteral podem ser: orais ou nasais. Acessos orais 
são mais utilizados no grupo pediátrico, principalmente para prematuros e recém-
nascidos de baixo peso com dificuldades respiratórias. Na rotina diária o acesso nasal é 
o mais usado. A partir desses acessos, a sonda pode ser posicionada no estômago, 
duodeno ou jejuno, conforme as características clínicas do paciente. De uma forma mais 
didática temos: 
 Acesso oral com localização no estômago (orogástrica), no duodeno 
(oroduodenal) e no jejuno (orojejunal). 
 Acesso nasal com localização no estômago (nasogástrica), no duodeno 
(nasoduodenal) e no jejuno (nasojejunal). Na prática clínica, o termo nasoentérica 
refere-se, habitualmente, à localização intestinal da sonda. 
 Acesso através de abertura cirúrgica (ostomia) com localização no 
estômago (gastrostomia) e no jejuno (jejunostomia). 
 
 
ACESSOS E LOCALIZAÇÕES DAS SONDAS PARA NUTRIÇÃO 
ENTERAL 
 
14 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.nutritioncare.com.br>. 
 
 
Para pacientes que necessitam de nutrição enteral por curto período (menos que 
seis semanas) a sonda nasogástrica é mais utilizada, pelo baixo custo e fácil colocação. 
Já as ostomias são indicadas quando o uso de nutrição enteral ultrapassa seis semanas. 
As vantagens e desvantagens de localização das sondas dependem das características 
clínicas do paciente e compreendem (VASCONCELOS, 2002; TEIXEIRA NETO, 
2003): 
 
a) Vantagens da Localização Gástrica: 
- Maior tolerância a fórmulas variadas. 
- Aceita fórmulas hiperosmóticas (mais concentradas). 
- Progressão mais rápida para atingir o valor energético total. 
- Permite introdução de maiores volumes. 
- Fácil posicionamento da sonda. 
 
b) Desvantagens da Localização Gástrica: 
- Maior risco de aspiração pulmonar. 
 
15 
 
- Maior favorecimento de saída acidental da sonda. 
 
c) Vantagens da Localização Duodenal/Jejunal: 
- Menor risco de aspiração pulmonar. 
- Maior dificuldade de saída acidental da sonda. 
- Permite a nutrição quando a alimentação gástrica é inconveniente ou 
inoportuna. 
 
d) Desvantagens da Localização Duodenal/Jejunal: 
- Maior risco de diarreia. 
- Requer dietas normo ou hipo-osmolares (menos concentradas). 
 
As Sondas 
 
 No século XV, usavam-se sondas fabricadas a partir de intestino de carneiro ou 
barbatana de baleia e, a partir do século XIX, houve maior empenho na fabricação de 
sondas que dessem maior conforto ao paciente, então utilizaram borracha e polietileno. 
Na década de 70, Dobbie e Hoffmeister conceberam uma sonda de menor calibre, mais 
fina, e com ogiva distal que pode ser posicionada além do piloro e permite infusão mais 
confortável e segura das dietas;essas sondas foram nomeadas de sondas de Dobbhoff 
(CUNHA, et al., 2007). 
Atualmente, as sondas são feitas de poliuretano e silicone, materiais que não 
irritam a mucosa digestiva e não sofrem alteração física na presença de pH ácido, 
conservando, assim, sua flexibilidade e maleabilidade. Destaca-se que são sondas de 
pequeno calibre e, por isso, permitem o fechamento da cárdia e do piloro, são leves, 
flexíveis, macias, resistentes à ação das secreções digestivas e de alta tolerabilidade 
pelos pacientes. 
Todas elas possuem um fio-guia de aço inoxidável, flexível, que ajuda na 
passagem da sonda pelo trajeto nasogástrico, quando necessário, e que deve ser retirado 
após o posicionamento correto da sonda. Algumas delas têm, na extremidade distal, 
uma cápsula de mercúrio ou de tungstênio que, uma vez introduzida até o estômago, 
facilita a sua progressão até a porção inicial do duodeno, pela própria ação do 
peristaltismo digestivo normal. 
 
16 
 
São também radiopacas, permitindo a visualização e verificação do seu 
posicionamento correto, através de uma simples radiografia não contrastada do 
abdômen, quando necessário (TEIXEIRA NETO, 2003). O comprimento das sondas 
varia de 50 a 91 cm para as sondas de crianças e de 91 a 110 cm para adultos. O calibre 
é medido em French (Fr) – onde 1 Fr = 0,33mm, e varia de 6 a 8 Fr nas sondas 
pediátricas e de 8 a 12 Fr para adultos (MARTINS; CARDOSO, 2000). 
As sondas disponíveis para gastrostomia e jejunostomia têm tamanhos especiais 
(comprimento e diâmetro). Para gastrostomia têm comprimento aproximado de 35 cm 
com diâmetro de 9 a 24 Fr, e para jejunostomia têm diâmetro de 9 a 15 Fr. Por serem 
mais resistentes podem permanecer no paciente por mais tempo (4 a 12 meses), sendo 
recomendada sua troca em casos de rotura, obstrução ou funcionamento inadequado 
(CUNHA et al., 2007). 
 
 
 
17 
 
SONDAS PARA PASSAGEM NASAL E OSTOMIA 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.nutritioncare.com.br>. 
 
 
Segundo Teixeira Neto (2003), as sondas nasogástricas convencionais, feitas de 
poliviniletileno (sondas tipo Levin), utilizadas frequentemente para aspiração de 
líquidos e gases (descompressão gástrica), são inadequadas para a nutrição enteral e 
devem ser evitadas para essa finalidade, pois causa uma série de complicações, como 
ulceração frequente da asa do nariz e da mucosa nasal, maior incidência de faringite, 
otite, sinusite e retenção das secreções brônquicas e maiores chances de infecção 
pulmonar. A partir da década de 90, às técnicas de colocação de sondas via percutânea, 
para gastrostomia e jejunostomia, foram bastante difundidas. 
 
ADMINISTRAÇÃO DA NUTRIÇÃO ENTERAL 
 
 Os métodos de administração de dieta enteral dividem-se em administração tipo 
intermitente e contínua. As formas de administração da dieta enteral podem ser feitas: 
 
18 
 
por bolus, por gotejamento gravitacional ou por bomba de infusão contínua (BIC). De 
acordo com Baxter e Waitzberg (2007), o método intermitente é a oferta da dieta em 
períodos fracionados, simulando a alimentação convencional, sendo que nessa 
modalidade a administração pode ser feita por bolus (quando se utiliza uma seringa para 
administração da dieta em “um único bolo”) ou por gotejamento gravitacional (quando 
se emprega a força da gravidade para auxiliar na “descida” da dieta do frasco). 
Em geral, a modalidade intermitente é indicada quando a sonda está posicionada 
no estômago, por ser mais fisiológica. A administração contínua faz-se quando todo o 
volume da dieta daquelas 24 horas é infundido, continuamente, por 12 até 24 horas, 
utilizando-se bomba de infusão contínua, para maior segurança do gotejamento desde o 
início até o término da infusão. É mais indicado para sondas com posicionamento 
intestinal para maior adaptação do intestino com o gotejamento lento e contínuo, 
minimizando o risco de diarreia. 
 
MONITORIZAÇÃO DA NUTRIÇÃO ENTERAL 
 
 Para aumentar a eficácia da nutrição enteral torna-se necessário adotar alguns 
procedimentos na rotina diária, para monitorar a tolerância do paciente à dieta infundida 
e garantir, dessa forma, que as necessidades nutricionais do mesmo sejam atendidas. 
Assim, é indispensável avaliar a presença de: 
Resíduo Gástrico: aspirar e medir o teor gástrico residual e, caso o paciente 
apresente alto resíduo, fracione mais a dieta e reduza o volume infundido. 
 
- Alto teor residual em nasogástrica: 150-200 mL. 
- Alto teor residual em gastrostomia: 100 mL. 
 
Diarreia: mais de três episódios de fezes líquidas/dia. 
- Avalie: dieta, medicamentos, presença de Clostridium difficile, 
hipoalbuminemia. 
 
Náuseas: pode ser necessário mudar a dieta para fórmula com maior densidade 
calórica. 
 
 
19 
 
Vômitos: interrompa imediatamente a dieta se houver vômito durante a 
administração. 
- Avalie: esvaziamento gástrico, localização da sonda, alterações no TGI 
(íleo paralítico, obstrução, constipação), velocidade de infusão ou ajustar a fórmula. 
 
Distensão abdominal: verifique se há distensão em todos os plantões (medir da 
crista ilíaca a outra). 
- Aumento superior a 8 cm da medida basal deve ser reavaliada a 
alimentação com a equipe. 
 
 
FÓRMULAS PARA NUTRIÇÃO ENTERAL 
 
A formulação da dieta enteral deve ser orientada por profissional competente 
capaz de adequá-la às necessidades nutricionais de indivíduos internados em 
acompanhamento ambulatorial ou mesmo domiciliar (CUNHA et al., 2007). 
 
 
Dietas 
 
Até a década de 80 era comum a indicação de preparados artesanais para uso 
enteral, feitos na própria cozinha hospitalar. Na década de 70 e 80 houve uma expansão 
no mercado de dietas enterais industrializadas, sendo que, no Brasil, o crescimento mais 
marcante se deu a partir de 1885 (BAXTER; CECCONELLO; PINOTTI, 1997). 
Atualmente, tem-se disponível no mercado nacional um número expressivo de 
dietas enterais industrializadas, permitindo um melhor ajuste de fórmulas à situação 
clínica do paciente, como também garante maior segurança microbiológica e 
bromatológica das fórmulas enterais industrializadas usadas, quando se compara a uma 
orientação dietoterápica à base de formulações artesanais. 
São inúmeras as fórmulas para alimentação enteral, variando desde fórmulas-
padrão, menos dispendiosas, até formulações mais específicas, mais caras. Além disso, 
a alimentação enteral pode ser preparada a partir de alimentos convencionais, alternativa 
mais barata em relação às fórmulas industrializadas, contudo, implica em riscos maiores 
 
20 
 
de contaminação devido à excessiva manipulação de seus ingredientes. Os alimentos 
são facilmente contaminados com micro-organismos durante sua manipulação e 
processamento, favorecendo a ocorrência de toxi-infecções alimentares. 
O uso de alimentos tradicionais, na confecção de dietas enterais (dietas 
artesanais) deve ser limitado devido às características de maior viscosidade e aderência 
(propiciando obstrução das sondas), principalmente quando se usa amidos de cereais e 
gorduras saturadas de fontes animais. 
Para Medina, Nascimento e Oliveira (2008), a contaminação da nutrição enteral 
é favorecida pelo excelente meio de crescimento para diversas espécies de micro-
organismos, de microbiota patogênica, ou não, e ocorre, habitualmente, pela falta de 
técnicas de higiene adequadas durante o trabalho de manipuladores, desinfecção dos 
locais de preparação e dos equipamentos utilizados, além do uso de aditivos não estéreis 
ou contaminados no preparo da dieta. 
Didaticamente, segundo Baxter e Waitzberg2 (2007), Teixeira Neto (2003), 
Longo e Navarro (2002) e Vasconcelos (2002), as dietas enterais podem ser 
subdivididas em cinco categorias para facilitar a escolha daquela que melhor se adapte à 
situação nutricional tratada; a saber: 
 
Dietas Enterais Quanto à Forma de Preparo 
 
a) Caseiras ou Artesanais: dietasliquidificadas e preparadas artesanalmente, 
em cozinha doméstica ou hospitalar, à base de alimentos in natura ou a partir de 
misturas entre produtos naturais e módulos de nutrientes industrializados. A principal 
vantagem reside no fato de se poder individualizar a fórmula quanto à composição 
nutricional e ao volume, além de um custo, aparentemente, menor quando comparada à 
industrializada. As desvantagens superam as vantagens e vão desde os riscos 
microbiológicos (devido excessiva manipulação) até dificuldades de definição da 
composição nutricional real, pois o fornecimento de micronutrientes se mostra 
prejudicado, aliado ao fato de não se poder especificar este tipo de fórmula para atender, 
por exemplo, à necessidade de imunomodulação ou de fornecimento de nutrientes 
hidrolisados. 
 
 
21 
 
b) Moduladas: as dietas modulares são confeccionadas a partir da 
combinação entre diferentes módulos de nutrientes (módulo é a apresentação exclusiva, 
ou quase exclusiva, de determinado nutriente). Os substratos modulares tanto podem 
compor uma dieta individualizada para uso por sonda enteral, como podem ser 
utilizadas para modificar e/ou aumentar o conteúdo de proteína, carboidrato ou lipídio 
de uma dieta oral ou mesmo industrializada. São formulações que requerem manuseio 
intensivo, aumentando, assim, o risco de contaminação microbiológica, mas são de fácil 
adaptação às necessidades nutricionais do paciente. Essas dietas exigem perícia do 
nutricionista para fazer combinações apropriadas sem que seja excluído nenhum 
nutriente. 
 
c) Industrializadas: são fórmulas preparadas industrialmente e apresentam-
se em três versões: 
 
 Dieta Enteral Industrializada em Pó para Reconstituição: são preparações 
acondicionadas em pacotes hermeticamente fechados ou em latas que necessitam de 
reconstituição em água ou outro veículo líquido. Permitem maior individualização da 
dieta com menor manipulação, além de terem armazenamento mais fácil. Destaca-se 
que, apesar do manuseio reduzido, ainda há manipulação no preparo (dissolução) que 
pode comprometer a qualidade microbiológica da dieta e, também, podem ser mal 
diluídas, comprometendo a viscosidade da fórmula. 
 
 Dieta Enteral Industrializada Líquida “Semipronta” para Uso: são dietas 
que já foram industrialmente reconstituídas, sendo apresentadas em latas ou frascos de 
vidro. Agregam todas as vantagens das dietas em pó somadas a uma menor 
manipulação, mas não favorecem individualização da fórmula, além de maior 
dificuldade para transporte e armazenamento, pois requerem mais espaço e são mais 
pesadas que as dietas em pó. 
 
 Dieta Enteral Industrializada Pronta para Uso: são dietas que excluem a 
manipulação direta da fórmula, pois foram preparadas, envasadas e acondicionadas 
industrialmente em frascos de vidro ou bolsas próprias para serem diretamente 
acopladas ao equipo. Em geral são preparações que exigem administração contínua por 
BIC. A grande vantagem é não trazer risco de contaminação microbiológica da fórmula, 
 
22 
 
mas seu transporte e armazenamento são mais dispendiosos e as perdas de dieta são 
frequentes, por não haver infusão de toda a preparação (muitas vezes o volume 
apresentado é maior que a necessidade do paciente ou é menor, precisando que use 
apenas mais um pouco de outro frasco, desprezando-se todo o resto). Soma-se a isso a 
dificuldade de individualização da dieta, pois já está nutricionalmente definida. 
 
Dietas Enterais Quanto aos Objetivos da Terapia Nutricional 
 
a) Dieta Enteral Padrão: fornece calorias e nutrientes apenas para manter a 
condição nutricional do indivíduo. 
b) Dieta Enteral Especializada: além de otimizar o estado nutricional, são 
“desenhadas” para atender às demandas específicas de determinadas patologias. 
 
 
Dietas Enterais Quanto ao Suprimento de Calorias 
 
a) Dieta Enteral Nutricionalmente Completa: fornece a quantidade de 
calorias ajustadas às necessidades nutricionais do paciente, sem maior oferta de fluidos. 
b) Suplemento Nutricional: sozinho não atinge as necessidades nutricionais 
do indivíduo e é usado para complementar ou suplementar esses requerimentos. 
 
Dietas Enterais Quanto à Complexidade de Nutrientes 
 
a) Dieta Enteral Polimérica ou Complexa: formulações em que os 
macronutrientes, principalmente proteínas, estão na sua forma intacta, necessitando de 
digestão. 
b) Dieta Enteral Oligomérica ou Parcialmente Hidrolisada ou Semi-
elementar: dietas onde os macronutrientes, principalmente proteínas, estão parcialmente 
hidrolisados ou pré-digeridos. 
 
c) Dieta Enteral Monomérica, Hidrolisada ou Elementar: fórmulas em que 
os macronutrientes, especialmente proteínas, estão totalmente hidrolisados (digeridos). 
 
 
23 
 
Dietas Enterais Quanto à Presença ou Ausência de um Nutriente Específico 
 
Serão adaptadas às características clínicas e nutricionais de cada paciente, e 
podem ser: 
✓ Dietas Enterais Lácteas ou Isentas de Lactose; 
✓ Dietas Enterais à Base de Proteína Isolada da Soja; 
✓ Dietas Enterais com Fibras ou Isentas de Fibras; 
✓ Dietas Enterais com ou sem Sacarose; 
✓ Dietas Enterais com ou sem Glúten; 
✓ Dietas Enterais com Nutrientes Imunomoduladores. 
 
Zadák e Kent-Smith (2008) classificam as fórmulas industrializadas para 
nutrição enteral em: 
 
a) Fórmulas-padrão: fornecem 1,0 kcal/mL de dieta e apresentam moderado 
teor de proteínas. 
b) Fórmulas hipercalóricas: variam entre 1,2 a 2,0 kcal/mL e são 
densamente ricas em calorias. 
c) Fórmulas hiperproteicas: fornecem de 15 a 25% do valor energético das 
fórmulas, sendo um conteúdo proteico de 30 a 80g/L com uma razão calórica não 
proteica: nitrogênio entre 75:1 a 200:1 kcal/g N. 
d) Fórmulas com fibras: fornecem, em geral, 10 a 15g de fibra por litro de 
dieta pronta, sendo normalmente uma mistura de fibras solúveis e insolúveis. 
e) Fórmulas modulares: quando as necessidades nutricionais do paciente 
não podem ser atendidas com uma única fórmula, usam-se fórmulas modulares 
(apresentação exclusiva, ou quase exclusiva, de um único nutriente, como proteína, 
carboidrato ou lipídio) para complementar ou suplementar essas necessidades. 
f) Fórmulas elementares ou hidrolisadas: contém nutrientes parcial ou 
totalmente digeridos, tendendo a serem hipercalóricas (1,0 a 1,5kcal/mL) e 
hiperproteicas (até 17% de proteínas), incluindo proteínas na forma de aminoácidos ou 
aminoácidos com peptídeos. 
g) Fórmulas específicas ou especiais: ajustadas para atender às necessidades 
nutricionais de pacientes com problemas clínicos específicos, tais como: 
 
 
24 
 
 Fórmulas para diabéticos: são mais eficazes em pacientes em tratamento 
intensivo prolongado e, normalmente, contêm fibras e quantidades relativamente mais 
baixas de carboidratos. 
 Fórmulas para insuficientes renais: geralmente são hipercalóricas e 
diferem, quanto à proteína, se o paciente faz, ou não, tratamento dialítico. Para os que 
não fazem diálise a dieta é hipoproteica e requer pouco uso de água na sua diluição por 
ser bastante concentrada (quando em pó), e para pacientes em diálise a quantidade de 
proteína já é maior e há controle de sódio, fósforo e potássio. 
 Fórmulas para indivíduos com problemas pulmonares: são hipercalóricas 
e apresentam baixo teor de carboidratos e altos níveis de lipídios (insaturados). 
 Fórmulas para fortalecer o sistema imune (imunomoduladoras): contêm 
nutrientes imunomoduladores como glutamina, arginina, ácidos graxos -3, ácidos 
nucleicos e até fibras. 
 
A seleção de uma dieta enteral deve considerar o estado nutricional do paciente, 
suas necessidades calóricas e nutricionais e escolher a dieta conforme a análise de sua 
densidade energética, osmolaridade e conteúdo de micronutrientes (CAMPANELLA, et 
al., 2008). 
 
Para Mahan e Arlin (1995), os principais fatores que devem ser priorizadosna 
escolha de uma fórmula para alimentação enteral, são: 
 
 Integridade do trato gastrointestinal do paciente; 
 O tipo de proteína, gordura e carboidrato da fórmula em relação à 
capacidade digestiva e absortiva do paciente, ou seja, se estarão íntegros ainda, 
necessitando de digestão, ou se serão fornecidos já hidrolisados; 
 Densidade calórica e proteica da fórmula, isto é, kcal/mL, g de 
proteína/mL e proporção kcal: nitrogênio; 
 Presença ou não de fibra dietética e qual o tipo de fibra 
predominantemente fornecida; 
 Conteúdo de sódio, potássio e fósforo da fórmula, especialmente nas 
situações de problemas renais, cardíacos ou hepáticos; 
 Viscosidade da fórmula com relação ao tipo de equipamento de 
alimentação por sonda; 
 
25 
 
 Custo da fórmula. 
 
No Brasil, o consumo de dietas industrializadas aumenta gradativamente por 
serem mais práticas, nutricionalmente completas e oferecerem maior segurança 
microbiológica e de composição centesimal. A questão, custo, é o que ainda impede 
maior uso dessas dietas, quando comparadas à utilização das mesmas em países 
desenvolvidos. A estimativa é que 50% dos hospitais brasileiros não trabalhem com 
dietas industrializadas e, possivelmente, outros 20% as adquiram em situações 
específicas, não fazendo parte da rotina hospitalar; pois embora as fórmulas 
industrializadas estejam no mercado há mais de 20 anos, muitas instituições hospitalares 
preferem usar dietas enterais artesanais preparadas, in loco, por razões econômicas e 
culturais (ARAÚJO; MENEZES, 2006). 
 
COMPOSIÇÃO DAS FÓRMULAS ENTERAIS INDUSTRIALIZADAS 
 
 Os componentes nutritivos, tanto proteicos quanto lipídicos ou glicídicos, 
poderão constituir as formulações industrializadas, em formas mais ou menos 
hidrolisadas. A seleção apropriada de uma fórmula enteral requer avaliação da 
capacidade digestiva e absortiva do paciente, como também conhecimento do 
profissional nutricionista acerca das fontes dos substratos nutritivos destas formulações. 
As fontes nutricionais das fórmulas enterais serão apresentadas a seguir 
(VASCONCELOS, 2002, AUGUSTO, 2002, LONGO; NAVARRO, 2002, BAXTER; 
WAITZBERG, 2007, ZADÁK; KENT-SMITH, 2008): 
 
Proteína 
 
 
✓ Uma dieta com boa qualidade proteica é obtida com, pelo menos, a 
presença de 40% de aminoácidos essenciais; 
✓ Proteína intacta para dietas poliméricas é obtida, principalmente, a partir 
de ovos (albumina), leite e/ou soro do leite (isolado de caseína, caseinato de cálcio e 
sódio, lactoalbumina), e isolado proteico de soja; 
 
26 
 
✓ Proteína parcialmente hidrolisada é fornecida a partir de isolados 
proteicos do leite, soja ou clara de ovo, permitindo oferta de peptídeos; 
✓ Para as dietas hidrolisadas a proteína estará na forma de aminoácidos 
livres. 
 
 
Carboidratos 
 
 Quanto maior for a hidrólise dos hidratos de carbono, maior será a osmolaridade 
da dieta. 
✓ Nas dietas poliméricas a forma predominante de oferta de carboidratos é 
na forma de amido (amido de milho, amido de tapioca, amido de arroz); 
✓ Para as dietas oligoméricas e, mesmo elementares, os glicídios são 
obtidos a partir de polímeros de glicose oriundos de oligossacarídeos de glicose, 
polissacarídeos de glicose, maltodextrina (esta é a forma mais utilizada) e xarope de 
milho; 
✓ Também encontramos dietas com dissacarídeos (lactose, sacarose e 
maltose) e monossacarídeos (glicose e frutose). 
 
Fibras 
 
 Cada vez mais as fibras vêm integrando as formulações enterais. O conteúdo, 
médio, de fibras nas fórmulas enterais é de 5 a 15g/litro de dieta. As fontes de fibras 
mais usadas nas dietas são pectina, polissacarídeos de soja e goma guar. 
 
Lípides 
 
As gorduras aumentam a palatabilidade e o sabor das dietas, além de não 
alterarem a osmolaridade. Os óleos vegetais são a fonte de lipídios das dietas enterais 
com uma variedade de tipos de ácidos graxos essenciais de acordo com o tipo de óleo 
escolhido. 
✓ Os óleos vegetais mais utilizados são óleo de milho, de canola (colza), 
soja, açafrão e girassol, na composição de dietas poliméricas e oligoméricas. 
 
27 
 
✓ Para dietas modulares, a gordura de escolha é o triglicerídeo de cadeia 
média (TCM), obtido principalmente do óleo de coco, pois não requer emulsificação ou 
digestão enzimática, sendo prontamente absorvido pelo estômago e imediatamente 
destinado para fornecimento de energia. Destaca-se que se houver necessidade de uso 
prolongado de TCM já se dispõe atualmente de formulações industrializadas do mesmo, 
com acréscimo de ácidos graxos essenciais, visto que estes últimos estarão contidos 
apenas em gorduras de cadeia longa. 
 
Micronutrientes 
 
Quando oferecidas em volumes adequados, as fórmulas enterais, que são 
nutricionalmente completas, atingem 100% das recomendações para vitaminas, minerais 
e oligoelementos. Mas em situações clínicas de necessidades aumentadas, perda de 
nutrientes específicos, uso de fórmulas nutricionalmente incompletas ou fórmulas muito 
diluídas por tempo prolongado, deve ser levado em consideração o uso de suplementos 
vitamínico-minerais. 
 
Água 
 
 A densidade energética das fórmulas é determinada pelo teor de água, sendo 
que dietas que fornecem 1kcal/mL contêm, em média, 85% de água e dietas mais 
concentradas (2kcal/mL) fornecem apenas 70% de água. O quadro abaixo demonstra 
melhor o teor de água nas formulações enterais conforme a densidade energética. 
 
CONTEÚDO DE ÁGUA DAS FORMULAÇÕES ENTERAIS 
Densidade Calórica 
(kcal/mL) 
Conteúdo de Água 
(mL/L de fórmula) 
Conteúdo de Água 
(%) 
0,9 – 1,2 800 - 860 80 – 86 
1,5 760 - 780 76 – 78 
2,0 690 - 710 69 - 71 
FONTE: Baxter; Waitzberg, 2007. 
 
 
 
28 
 
COMPLICAÇÕES EM NUTRIÇÃO ENTERAL 
 
As complicações em uso de nutrição enteral variam de acordo com a experiência 
da equipe multiprofissional, da condição clínica do paciente, do método de infusão e da 
dieta prescrita. Tanto em uso de sondas nasogástricas, como em ostomias, as 
complicações encontradas são, basicamente, as mesmas (CUNHA et al., 2007). 
Conforme Bodoky e Kent-Smith (2008), Teixeira Neto (2003) e Martins e 
Cardoso (2000) as complicações em nutrição enteral são agrupadas em: 
 
a) Complicações Mecânicas: relacionam-se à sonda. Podem ser: 
 Erosão e necrose da mucosa nasal. 
 Irritação nasofaríngea. 
 Rouquidão. 
 Otite, sinusite, faringite. 
 Esofagite. 
 Obstrução da sonda. 
 Deslocamento e saída acidental da sonda. 
 
b) Complicações Gastrointestinais: relacionam-se às formulações e/ou 
forma de administração da dieta. Podem ser: 
 Desconforto, distensão e cólica abdominal. 
 Náuseas, vômitos e soluços. 
 Diarreia. 
 Infecção intestinal. 
 
c) Complicações Metabólicas: correlacionam-se, também, às fórmulas e 
são: 
 Distúrbios hidroeletrolíticos. 
 Hiperglicemia, glicosúria, poliúria osmótica. 
 Síndrome de realimentação. 
 
d) Complicações Respiratórias: podem estar relacionadas ao 
posicionamento da sonda e, basicamente, consiste no risco aumentado de pneumonia 
 
29 
 
aspirativa por broncoaspiração do conteúdo gástrico, devido ao refluxo gastroesofágico 
que é propiciado por sondas de posicionamento gástrico. 
 
e) Complicações Psicológicas: apesar dos avanços na área de terapia 
nutricional enteral, o uso de sondas pode desencadear alterações psicológicas que vão 
desde ansiedade até estados depressivos, além de dificuldades na aceitação das sondas 
nasais, pois ficam com a parte proximal exposta (afixada na face), deixando o paciente 
constrangido e/ou desconfortável em se relacionar com outras pessoas. Soma-se a essas 
alterações a presença constante da sonda, a sensação de sede, boca seca e até fome, 
desestimulando o paciente a continuar com a alimentação enteral ou não confiar na sua 
recuperação nutricional. Torna-se necessária uma assistência psicológicapara apoiar o 
paciente e os familiares para o enfrentamento da doença e do tratamento como um todo, 
inclusive nutricional. 
 
 
NUTRIÇÃO PARENTERAL 
 
 
A nutrição parenteral (NP) consiste na administração de uma solução, por via 
endovenosa, que contém glicose, aminoácidos e emulsão lipídica, além de vitaminas e 
minerais, indispensáveis para atender a demanda nutricional de pacientes com 
necessidades normais ou aumentadas, cuja via digestiva não pode ser utilizada ou é 
ineficaz (TEIXEIRA NETO, 2003, CUNHA et al., 2007). 
Do ponto de vista legal a NP apoia-se, principalmente, na Portaria nº 272, de 08 
de abril de 1998, do Ministério da Saúde, que estabelece o regulamento técnico para 
fixar os requisitos mínimos exigidos para a terapia de nutrição parenteral, determinando 
a implantação da EMTN e a necessidade de um local (estrutura física) exclusivo para o 
preparo seguro das soluções de nutrição parenteral, além de exigir um profissional 
farmacêutico especializado para a manipulação da solução parenteral. 
Essa mesma portaria apresenta a definição mais completa para nutrição 
parenteral: “solução ou emulsão, composta basicamente de glicose, aminoácidos, 
lipídios, vitaminas e minerais, estéril, apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro 
ou plástico, destinada à administração intravenosa em pacientes desnutridos, ou não, em 
 
30 
 
regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos 
tecidos, órgãos ou sistemas”. 
Em março de 2005 foram publicadas novas legislações (Portarias 343, 131 e 
135), que consideram a terapia nutricional um tipo de assistência de alta complexidade, 
estabelecendo novas formas de reembolso para as instituições que a tiverem e, dentro 
dessas novas exigências, os centros de referência devem estar aptos a assessorar a 
implantação de protocolos de triagem e avaliação nutricional e ter condições de fornecer 
consultoria em nutrição (CUNHA, et al., 2007). 
 
- Indicações e Contraindicações: 
 
Sempre que houver incapacidade na absorção de nutrientes pelo trato digestivo, 
por causas anatômicas, infecciosas ou metabólicas, há indicação da nutrição parenteral. 
Assim, qualquer condição clínica onde o trato gastrointestinal não funciona, está 
obstruído ou inacessível é indicação da NP. 
As indicações são do tipo (MARCHINI et al., 1998, VASCONCELOS; 
TIRAPEGUI, 2002): 
 
- Impossibilidade de usar o trato gastrointestinal: 
✓ Traumas do abdômen ou cabeça e pescoço; 
✓ Ressecção intestinal ou cirurgias da região de cabeça e pescoço; 
✓ Obstrução intestinal; 
✓ “Íleo paralítico”; 
✓ Doenças inflamatórias intestinais; 
✓ Má absorção grave; 
✓ Intolerância à nutrição enteral intratável. 
 
- Necessidade de repouso ao trato gastrointestinal: 
✓ Fístula digestiva de alto débito (> 500mL/dia); 
✓ Diarreia intratável; 
✓ Hemorragia digestiva grave; 
✓ Pancreatite grave. 
 
- Estados pré-operatórios ou complicações cirúrgicas pós-operatórias: 
 
31 
 
✓ Pacientes desnutridos (perda de 15% do peso) com doença obstrutiva no 
trato digestivo alto. 
✓ Infecções peritoneais. 
 
- Insuficiências orgânicas: 
- Insuficiência hepática e renal. 
 
- Outros: distúrbios alimentares que levem à desnutrição grave (Anorexia 
Nervosa) e pacientes oncológicos com impedimento do trato digestivo por mais de uma 
semana. 
 
As contraindicações são relativas e incluem: trato gastrointestinal funcionante, 
intenção de uso da NP por, pelo menos, cinco dias e morte eminente pela doença de 
base. Não há indicação de NP nos casos onde o prognóstico da doença de base 
independe do estado nutricional (CUNHA et al., 2007). Também é contraindicada a NP 
para pacientes hemodinamicamente instáveis, como nas situações de hipovolemia, 
choque séptico, infarto agudo do miocárdio, edema agudo de pulmão, anúria sem 
diálise, disfunção hepática importante e graves distúrbios metabólicos e eletrolíticos 
(MONTE, 2002). 
Ressalta-se que o não uso da NP é sugerido em casos de alergia a ovo ou 
emulsões lipídicas intravenosas, presença de veias periféricas inadequadas, 
hipertrigliceridemia e limitação de fluidos. 
 
- Vias de Acesso 
 
As vias de acesso para nutrição parenteral determinam o tipo de suporte 
parenteral que será utilizado e devem considerar dois fatores importantes: o tempo de 
utilização do suporte parenteral e a osmolaridade da solução. Assim, a nutrição 
parenteral pode ser de dois tipos (PERTKIEWICZ; DUDRICK, 2008, SHOSHIMA; 
KFOURI FILHO, 2007): 
 
 
NUTRIÇÃO PARENTERAL PERIFÉRICA (NPP) 
 
32 
 
 
 
É a administração de solução nutritiva em veia periférica (mão ou antebraço). É 
indicada para uso por períodos curtos (7-10 dias), em situações de baixa tolerância via 
oral ou enteral ou em situações de risco para desnutrição por dias consecutivos. É 
também utilizada para fazer a transição da nutrição parenteral para a nutrição enteral. 
Não atinge, para a maioria dos pacientes, as necessidades nutricionais, pois fornece, em 
média, de 1.000-1.500 kcal/dia, devendo ser iniciada com seu aporte calórico completo. 
As soluções para infusão da NPP devem apresentar osmolaridade inferior a 700-900 
mOsm/L para evitar flebite (inflamação da veia) e celulite (inflamação de tecido 
subcutâneo), minimizando-se esses eventos, também, com a troca do acesso venoso a 
cada 72 horas. Tem um custo menor quando comparada à NPT, de instalação mais 
simples e com menor risco de complicações. 
 
PRINCIPAIS ACESSOS VENOSOS PERIFÉRICOS PARA NUTRIÇÃO 
PARENTERAL 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.nutritioncare.com.br>. 
 
NUTRIÇÃO PARENTERAL TOTAL (NPT) 
 
33 
 
 
 
Trata-se da administração de solução nutritiva em veia central (veia cava 
superior, subclávia, jugular interna, femoral ou axilar), indicada para uso por períodos 
superiores a 7-10 dias. Atinge os requerimentos energéticos e nutricionais dos pacientes 
com fórmulas de grande osmolaridade (mais que 1.000 mOsm/L). Na introdução e 
“desmame”, a formulação deve conter metade dos elementos prescritos para correta 
adaptação metabólica. Devido a essas características, apresenta maior risco de infecções 
e complicações associadas à via de acesso. 
 
PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL TOTAL 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.uftm.ed.br>. Acesso em: 15 set. 2009. 
 
NUTRIÇÃO PARENTERAL VIA INTRADIALÍTICA 
 
 Utilizada para pacientes renais crônicos que correm risco de desenvolver, ou já 
estão desnutridos. Consiste na administração de uma solução de nutrição parenteral 
durante cada sessão de hemodiálise, ofertando-se cerca de 1.000 a 1.200 kcal/sessão. A 
alimentação normal via oral, com ou sem uso de suplementos nutricionais orais, é 
mantida e se espera resultados benéficos após três a seis meses do início dessa 
modalidade de nutrição. 
 
 - Administração da Nutrição Parenteral 
 
A infusão da nutrição parenteral deve ser obrigatoriamente, realizada por bomba 
 
34 
 
de infusão contínua (BIC), por períodos de até 24 horas. Este equipamento assegura a 
infusão correta do volume prescrito mediante um controle rigoroso do gotejamento e da 
velocidade de infusão. Inicia-se a administração da solução, em média, com 25mL/hora 
e no período de manutenção da oferta do volume total, mantém-se entre 80-
125mL/hora. 
 
 - Monitorização da Nutrição Parenteral 
 
Segundo Marchini et al. (1998) e Monte (2002), a monitorização do paciente 
submetido à nutrição parenteral envolve quatro aspectos de acompanhamento: 
 
Monitorização Clínica: 
 
➢ Presença de sintomas que sugerem sobrecarga ou deficiência de líquidos, 
de glicose ou de eletrólitos; 
➢ Balanço hídrico; 
➢ Avaliação da participação ativa do paciente no tratamento, por meio do 
nível de atividade física desenvolvida pelo indivíduo. 
 
Monitorização Infecciosa: 
 
➢ Cuidados gerais no controle de infecções:presença de febre, verificação 
de hemocultura do cateter e inspeção diária do local de inserção do cateter. 
 
Monitorização Laboratorial: 
➢ Dosagens de glicemia (primeiro dia, faz-se duas a três vezes) e, nos dias 
subsequentes, realizam-se diariamente, até atingir uma monitorização semanal. 
➢ Duas vezes/semana realizam-se dosagens séricas de sódio, potássio, 
cálcio, fósforo e magnésio. 
 
Monitorização Nutricional: 
➢ Verificação da oferta de nutrientes. 
➢ Se possível, avaliação do peso e dobras cutâneas. 
➢ Dosagem de albumina sérica deve ser realizada semanalmente. 
 
35 
 
➢ Pelo menos, uma dosagem de lipoproteínas séricas. 
 
Em pacientes descompensados, a monitorização deve ser realizada diariamente e 
nos pacientes compensados, estabilizados, a avaliação pode ser feita 1 a 2 
vezes/semana. Destacam-se, neste item, os cuidados com a solução de nutrição 
parenteral, em que a mesma não deve ser violada, deve ser protegida da exposição à luz 
ou altas temperaturas, devendo contar com via única de infusão, deve ser conservada a 
2-8°C e nunca aquecida em forno de micro-ondas ou banho-maria antes da infusão, 
deve ser retirada da refrigeração e mantida em temperatura ambiente até a infusão, que 
não deve durar mais que 24 horas. 
 
- Características Nutricionais das Fórmulas Usadas em Nutrição Parenteral 
 
Basicamente, a solução parenteral para alimentação deve ser uma mistura 
totalmente homogênea (sem apresentar partículas ou corpos estranhos), estável, incolor 
(sem vitaminas) ou amarela (com vitaminas), podendo ser leitosa (com lipídios) ou 
translúcida (sem lipídios) e integralmente estéril (SHOSHIMA; KFOURI FILHO, 
2007). 
As soluções usadas em nutrição parenteral são de dois tipos (TEIXEIRA NETO, 
2003): 
• Sistema Glicídico ou Solução 2:1: consiste na infusão 
diária, em acesso central ou periférico de uma solução contendo glicose e 
aminoácidos e, separadamente, é infundido em veia periférica (2 a 3 
vezes/semana) a emulsão lipídica. 
• Sistema Lipídico ou Solução 3:1: é a infusão diária, via 
central ou periférica, de uma formulação contendo glicose, aminoácidos 
e emulsão lipídica, estabilizados na mesma solução. 
• Vitaminas, minerais e eletrólitos podem ser adicionados à 
solução, ou administrados, separadamente, em acesso venoso periférico 
sob a forma de medicamentos. Outros elementos, considerados aditivos, 
podem ser acrescidos à solução ou ser fornecidos de forma separada, são 
eles: insulina e heparina. 
 
 - Complicações em Nutrição Parenteral 
 
36 
 
 
 
Segundo Monte (2002), as complicações mais comuns em nutrição parenteral 
envolvem: 
✓ Complicações Mecânicas: estão associadas à implantação do cateter e 
podem ser pneumotórax, hidrotórax, lesão vascular, perfuração cardíaca e embolia 
gasosa. 
✓ Complicações Infecciosas: relacionam-se à contaminação da solução, dos 
equipos e do próprio cateter por micro-organismos. 
✓ Complicações Metabólicas: dizem respeito à solução da parenteral, em 
si, e são representadas, principalmente, pela hiperglicemia, carência de ácidos graxos 
essenciais (AGE), colelitíase, disfunção hepática e síndrome de realimentação. 
✓ Atrofia da Mucosa Intestinal: o desuso do trato gastrointestinal leva à 
hipotrofia ou à atrofia completa da mucosa intestinal, aumentando o risco de infecções, 
devido ao maior favorecimento de translocação bacteriana. 
 
 
 
 
37 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARAÚJO, E. M.; MENEZES, H. C. Formulações com alimentos convencionais 
para nutrição enteral ou oral. Ciências e Tecnologia de Alimentos, v. 3, n. 26, jul./set., 
2006, p. 533-538. 
AUGUSTO, A. L. P. Indicações do suporte nutricional: as bases da alimentação 
enteral. In: AUGUSTO, A. L. P. et al. Terapia Nutricional. São Paulo: Atheneu, 2002. 
cap. 5, p. 38-53. 
BAXTER, Y. C.; CECCONELLO, I.; PINOTTI, H. W. Nutrição enteral 
domiciliar: introdução e bases técnicas. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v. 12, n. 
1, jan./fev./mar., 1997, p. 8-16. 
BAXTER, Y. C.; WAITZBERG, D. L. Alimentação enteral. In: SILVA, S. M. 
C. S.; MURA, J. D. P. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. Rio de Janeiro: 
Roca, 2007. cap. 54, p. 873-882. 
BAXTER, Y. C.; DIAS, M. C. G.; MACULEVICIUS, J. Papel da equipe 
multidisciplinar na terapia nutricional enteral – atuação do nutricionista. In: SILVA, S. 
M. C. S.; MURA, J. D. P. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. Rio de 
Janeiro: Roca, 2007. cap. 58, p. 913-916. 
BAXTER, Y. C.; WAITZBERG, D. L. Fórmulas enterais: complexidade de 
nutrientes e categorização. In: SILVA, S. M. C. S.; MURA, J. D. P. Tratado de 
Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. Rio de Janeiro: Roca, 2007. cap. 55, p. 883-892. 
BODOKY, G.; KENT-SMITH, L. Complicações da nutrição enteral. In: 
SOBOTKA, L. Bases da Nutrição Clínica. 3. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2008. cap. 5, p. 
181-207. 
CAMPANELLA, L. C. A., et al. Terapia nutricional enteral: a dieta prescrita é 
realmente infundida? Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v.1, n. 23, 2008, p. 21 a 25. 
 
 
 
 
 
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