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20- Câncer de pulmão NÃO pequenas células Dados estatísticos: É o câncer que mais mata no mundo Taxa de mortalidade muito grande Brasil: 18 mil novos casos em homens por ano e 12 mil em mulheres (subnotificado) Incidência começa a diminuir em 1980 em homens, nas mulheres subiu até os anos 2000 e depois disso começou a cair Teve um pico de óbito, nos homens nos anos 1980 nas mulheres nos anos 2000 Teve uma epidemia do tabagismo nos anos 1960 nos homens e após isso ela começa a diminuir, a taxa de óbito acompanha essa curva com um pouco de atraso (1980), nas mulheres aconteceu o mesmo mas um pouco depois Fatores de risco Tabagismo o Fumaça de cigarro: mais de 50 carcinógenos o N-nitrosamina (TSNA) e hidrocarbonetos aromaticos policiclicos (PAHs): dependem de ativação enzimática, algumas pessoas não possuem essas enzimas, ou por algum motivo não são ativados (existem pessoas que fumam que tem câncer e pessoas que não fumam e que tem câncer) -> após serem ativados eles geram a ativação de oncogenes (RAS) o Benzeno, vinil clorado, radônio: não dependem de ativação o Carga tabágica é importante: quem fuma mais, tem mais chance de desenvolver câncer de pulmão o Tabagismo em crianças (mundo): 40% da população pediátrica está exposta ao fumo passivo 80 a 90% dos fumantes adultos começaram a fumar durante a adolescência 20% dos norte americanos entre 9 e 12 anos fumaram pelo menos 1 cigarro no ultimo mês Os pais desempenham um papel muito importante na proteção de seus filhos contra a exposição ao fumo e a prevenção do uso do tabaco Risco ocupacional (10% dos casos) o Arsênico o Asbesto o Berilio o Cadmium o Cromo o Níquel o Radônio Risco ambiental o Poluição Fumaça de cigarro Fumaça de biomassa Radiação ionizante DPOC Pneumonia intersticial Classificação histológica: Carcinoma de células pequenas (mais raro e 100% está relacionado a tabagismo, muito agressivo e sobrevida limitado a 11, 12 meses) Carcinoma de células não pequenas: o Adenocarcinomas -> mais frequente e possui muitas variantes, mas não muda a maneira de abordar o Carcinoma de células escamosas -> mais frequente o Carcinoma de grandes células Classificação genética: caracterizam em relação a algumas mutações do tipo driver (mutações especificas que garantem uma vantagem de crescimento) -> importante para o tratamento o KRAS: 25% o EGFR: 17% o ALK: 5% Ver se são imunogênicos e qual a classificação molecular: terapia alvo Historia natural e apresentação clínica: Apresentação clínica: o 25% dos pacientes diagnosticados tem doença inicial (diagnostico acidental) o Sintomas mais comuns: Tosse Hemoptise Falta de ar Dor torácica Sítios mais comuns de metástases: o SNC (principalmente os de células pequenas) o Ossos o Fígado o Adrenal o Pulmão Diagnostico: Fluxograma que avalia a chance do nódulo ser neoplasia ou não o Avalia o risco cirúrgico desses pacientes, se o risco for baixo ou moderado faz uma avaliação para ver a probabilidade de ser câncer -> se for baixo faz TC seriadas e vai avaliando o Se for baixa ou moderada investiga melhor -> PET CT, se tiver captação alta faz biopsia guiada por TC ou indica diretamente a ressecção o Se a probabilidade for alta, faz PET scan para ver se tem metástases o Se o paciente tem contraindicação para cirurgia faz uma biopsia não cirúrgica (biopsia com agulha), pet scan e, se necessário faz a cirurgia (mesmo que seja contraindicado) o Se tiver algo no pet scan já vai direto pra quimio e radio Risco baixo: jovens, nunca fumaram, sem historia previa de neoplasias, nódulo pequeno e não localizados no lobo superior -> faz pet scan e TC e dá baixa probabilidade (faz acompanhamento seriado, se ele não muda ao longo dos anos provavelmente não é neoplasia) Alto risco: idosos, tabagistas, historia previa de câncer, nódulos maiores, irregulares e espiculados, nódulos localizados no lobo superior Intermediário risco: mistura de alto risco e baixo risco Nódulo < 8 mm: não faz nada -> pode repetir a TC Se tiver mais que 30 mm --> biópsia Entre 8 e 30 mm Pacientes de alto risco X baixo risco Baixo risco: baixa probabilidade de câncer o Muito baixo: Repetir TC depois o Baixo-moderado: PET-scan o Alto: biópsia Alto risco o Pet-scan: se positivo -> estadiar o Se pet-scan negativo: avaliar evolutivamente em intervalos curtos o Se fizer biópsia e vier como benigno -> fazer tto específico o Biopsia guiada por tomografia Apresentação clínica específica: Menos frequentes Compressão do plexo braquial (Síndrome de Pancoast) o Tumor localizado no lobo superior do pulmão direito e compressão do plexo braquial Síndrome da veia cava superior -> massa na região do tórax que faz uma compressão da veia cava, atrapalhando o fluxo de sangue (situação de urgência) o Turgência jugular o Lábios arroxeados o Edema nos membros superiores o Telangectasia no tórax o Tratamento: colocar stent e irradiar a massa para sair do local e descomprimir Evolução: Agressividade muito grande quando não tratada Em 2 anos a sobrevida é de 10% no estadio 1 e praticamente 0 nos outros Estadiamento Exames: normalmente faz todos os exames e não faz PET CT ou faz apenas PET CT e TC de crânio o Tc de tórax o Tc de abdome o Tc de crânio o Cintilografia óssea o PET CT T: o T1a: menor que 1cm o T1b: 1 a 2 cm o T1c até 3 cm o T2: entre 3 e 4 cm no lobo superior e 4 e 5 no lobo inferior o T3: invasão da pleura parietal, invasão de nervo frênico, invasão de cisura e até pericárdio o T4: invasão de grandes vasos, estruturas nervosas N: são 14 cadeias enumeradas no mediastino e no pulmão o N0: nenhum linfonodo o N1: linfonodos pulmonares ou hilares ipsilateral o N2: linfonodos mediastinais e subcarinais ipsilaterais o N3: linfonodos mediastinais e hilares ou supraclaviculares contralaterais M: o SNC (principalmente os de células pequenas) o Ossos o Fígado o Adrenal o Pulmão Estadiamento clínico: Meio do caminho é mais preocupado Muito avançada: tratamento não é muito invasivo Tratamento: Doença localizada: estadio IA e IB o Cirurgia -> as vezes ele não aguenta a cirurgia, então faz RT o Radioterapia: RT convencional -> sobrevida de 5 anos de 20% RT estereotática (radiocirurgia - SBRT): aparelho que gira o corpo 360° e concentra a radiação em concentração muito alta no nodulo pulmonar e polpa as estruturas vizinhas -> sobrevida de 70% Doença locorregional: sobrevida intermediária (pelo menos 50% vivos em 5 anos quando tratados) o Estadio IIA e IIB Cirurgia Quimioterapia adjuvante Quimioterapia neoadjuvante Radioterapia o Estadio IIIA: Doença ressecada ou ressecável Cirurgia Tratamento neoadjuvante Tratamento adjuvante Doença irressecável: Radioterapia Radioterapia e quimioterapia Doença localmente avançada (inoperável) o Estadio IIIA e IIIB: Esquemas de quimio e radio convencionais -> apenas 20% dos pacientes estão vivos Medicamentos com terapia alvo (Durvalumab) -> 70% de sobrevida em 2 anos Doença metastática: o Testes moleculares para avaliar as mutações do tipo driver e faz terapias alvo (difíceis de conseguir pelo preço, convenio não paga e não tem no SUS) o Imunoterapia (Pembrolizumab): os pacientes precisam ter a expressão de uma proteína para se beneficiar dele (PDL1 positivo) -> 70% de sobrevida em 2 anos Conclusões: Doença muito comum, responsável por uma grande parte dos óbitos (muito letal) 75% dos pacientes são diagnosticados com doença avançada 21- Câncer de pulmão de pequenas células Epidemiologia Brasil: O câncer de pequenas células (CPPC) representa aproximadamente 20% dos casos de câncer de pulmão, sendo que é o mais agressivo Ele corresponde a 4.417 dos 22.085 casos novos para todo o Brasil Mundo O câncer de pulmão é responsável por mais de um milhão de casos a cada ano. A incidência continua a aumentar 0,5% ao ano em paralelocom o aumento do consumo de tabaco Outros dados Na última década do século XX: desde os anos 50 a sobrevivência aos tumores malignos está aumentando: o de 8% aos 5 anos nos anos 50 passou para 13%- 14% no anos 90 Em relação à idade: o Maior incidência (global): na 6ª e 7ª década de vida Em relação ao sexo: o Predomínio na 6ª década de vida nos homens o Predomínio na 7º década de vida nas mulheres o Maior incidência nos homens Se não tratado o CPPC tem uma história natural curta: o 1,3 meses para a doença disseminada o 2,5 meses para a doença limitada Porém, esse quadro está sendo alterado com a abordagem terapêutica: o 10-16 meses, com uma taxa de sobrevivência aos 5 anos de 16% para a doença limitada o 6 a 12 meses, com uma taxa de sobrevivência aos 5 anos de 1 a 2% para a doença disseminada Por isso é crucial um rápido diagnóstico, estadiamento e definição da abordagem terapêutica !!! Fatores de risco 1. Tabagismo Quanto maior a carga tabágica, maior a probabilidade de câncer Dose de tabaco é medida o Do número de cigarros fumados por dia o Do número máximo de cigarros fumados por dia o Idade de início o Intensidade da tragada o Do total em anos que se fuma o Do número de cigarros fumados por toda vida o Dos níveis de alcatrão e nicotina o Número de tragos o Extensão do cigarro não queimada 2. Poluição atmosférica Possível contribuição, mas ainda há controvérsias Risco varia de 1 a 10% Carcinógenos: veículos a motor, indústria Forte argumento: diferença da incidência de câncer de pulmão entre o meio urbano e o rural é de 1,1 a 1,9% 3. Radônio Radônio é um gás inerte presente no solo e nas rochas usado em materiais de construção civil Contribui para um alto risco de CA de pulmão para os trabalhadores dessas minas 4. Asbestos e outras fibras minerais Asbesto é uma importante causa ocupacional de CA de pulmão Aqueles que trabalham com isolantes térmicos contendo asbesto (risco de 4% de adoecer) Não está perfeitamente definido se o asbesto causa CA de pulmão 5. Silica, cobre, níquel e arsênico Risco de 4% Trabalhadores da mineração, pedreiras, construção de túneis, porcelana e cerâmicas 6. Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos Compostos que resultam da combustão incompleta de matéria orgânica em vários processos industriais Motores a diesel Risco é de 15 x maior para quem está exposto 7. Hospedeiro Três tipos de doenças estão associadas ao risco de CA de pulmão: tumores de cabeça de pescoço, síndrome da imunodeficiência adquirida e algumas doenças pulmonares não malignas Fatores genéticos: estudos recentes têm relacionado o citocromo 450 e do cromossomo 22 Classificação patológica e imunohistoquímica Patológica: Carcinoma de pequenas células Carcinoma de pequenas células combinado: apresenta características do carcinoma de pequenas células associado com características de qualquer tipo histológico de câncer de pulmão não pequenas células Tumores neuroendócrinos o Carcinoide típico de baixo grau. o Carcinoide atípico de grau intermediário. o Tumores neuroendócrinos de alto grau (incluindo CA neuroendócrino de grandes e de pequenas células Histopatologia Citoplasma escassa Cromatina finamente granulada de sal e pimenta Nucléolos ausentes ou imperceptíveis Núcleo redondo ou oval, pequeno e irregular (grão de aveia) Alta contagem mitótica Necrose Imunoistoquímica Mais de 90% expressam marcadores neuroendócrinos e TTF-1 OBS: Um ou mais marcadores de diferenciação neuroendócrina podem ser encontrados em aproximadamente 75% desses tumores Marcadores neuroendócrinos: cromogranina, sinaptofisina, CD56 Marcadores epiteliais de origem pulmonar: TTF-1 Hormônios secretados: resulta em diversas manifestações paraneoplásicas o ACTH o Serotonina o Hormônio diurético o Calcitonina o Estrógeno o GH Rastreamento Há estudos sobre a viabilidade de um programa de rastreamento de câncer de pulmão no Brasil. Redução de mortalidade o Nem tão eficaz para população em geral o Eficaz em grupos de risco: anual com com TC baixa dose de radiação Idade: 50 e 80 anos Carga tabágica de 20 maços ou mais por ano: fumantes e ex-fumantes nos últimos 15 anos Considerações sobre o rastreamento: o Falsos-negativos: nova TC necessária ou biópsia; o Falsos-positivos: tuberculose e doenças inflamatórias com nódulos → difícil diagnóstico diferencial por exames de imagem Diagnóstico tardio Estágios mais avançados o Evolução e disseminação rápidas o Pacientes com sintomas ou detecção em exames de imagem Muitos apresentam os sintomas clínicos, porém não procuram atendimento médico por acreditarem ser uma infecção ou efeitos crônicos do tabagismo. Melhor estratégia para controle de câncer de pulmão: o Prevenindo a iniciação de fumo o Estimulando a cessação do tabagismo por fumantes Manifestações clínicas A maioria demora para manifestar os sintomas. Os sinais e sintomas podem resultar da localização da invasão local primária ou compressão de estruturas torácicas adjacentes, metástases à distância ou fenômenos paraneoplásicos. Os sintomas mais comuns na apresentação são piora da tosse e dispneia Os sintomas podem resultar de invasão local ou compressão de estruturas torácicas adjacentes o Compressão do esôfago → disfagia o Compressão dos nervos laríngeos → rouquidão o Compressão da veia cava superior → edema facial e distensão das veias superficiais da cabeça e pescoço Metástases: o Os sintomas de metástases à distância também podem estar presentes e incluem defeito neurológico ou alteração de personalidade por metástases cerebrais ou dor por metástases ósseas Sd paraneoplásica o Secreção inadequada de hormônio antidiurético o Síndrome de Cushing por secreção do hormônio adrenocorticotrófico o Degeneração cerebelar paraneoplásica o Síndrome miastênica de Lambert-Eaton Diagnóstico e prognóstico História Biopsia Exame físico o O exame físico pode identificar linfadenopatia supraclavicular aumentada, derrame pleural ou colapso lobar, pneumonia não resolvida ou sinais de doença associada, como doença pulmonar obstrutiva crônica Exames laboratoriais Tomografia RX Estadiamento Sistema de preparo Uso do TNM Doença em estágio limitado (DL) o Confinado no hemitórax de origem, mediastino ou linfonodos claviculares. o Podem ser incluídos em uma porta de radioterapia tolerável. o Qualquer T, exceto para T3-4, presença de múltiplos nódulos pulmonares que não tem um campo de radiação tolerável, qualquer N e M0 o Estágios TNM I a IIIB Doença em estágio extensivo (DE) o Espalhou além das áreas supraclaviculares e é muito difundido para ser incluído na definição de DL o Estágio TNM IV com metástases à distância (M1), incluindo lesões pleurais malignas o Estágio IV As sobrevidas para estágio clínico I e II são diferentes do estágio III com envolvimento N2 ou N3. Pacientes com lesão pleural têm prognóstico intermediário entre DL e DE com metástases hematogênicas e serão classificados como portadores de doença M1 (ou ED). A aplicação do sistema TNM não mudará a forma como os pacientes são tratados. Diferenciar pacientes com doença limitada ao tórax dos pacientes com metástases à distância No diagnóstico diferencial ⅔ dos pacientes apresentam evidências clínicas de metástases Se a DE for confirmada, a avaliação adicional deve ser individualizada de acordo com os sinais e sintomas exclusivos de cada paciente No diagnóstico diferencial ⅓ dos pacientes apresentam evidências clínicas de grande envolvimento nodal, mediastinal e às vezes supraclavicular. Avaliação do prognóstico e a determinação do tratamento Procedimentos de teste padrão 1. Exame físico completo 2. Hemograma de rotina e bioquímica sérica 3. TC de tórax e abdômen superior 4. Cintilografia com radionucleotídeos 5. RM do cérebro ou TC 6. Aspirado ou biópsia de medulaóssea em pacientes selecionados nos quais o tratamento mudaria com base nos resultados OBS: Tomografia por emissão de pósitrons (PET 18F- FDG) Em estudo Pode ser usada no estadiamento de pacientes com CPPC que são potenciais candidatos à adição de radioterapia torácica à quimioterapia Pode levar ao aumento ou diminuição do estadiamento dos pacientes e à alteração dos campos de radiação resultantes da identificação de locais adicionais de metástases nodais Tratamento Quimioterapia: Platina e Etoposídeo o Curativa para minoria dos pacientes o Aumenta sobrevida Radioterapia: radiação profilática de crânio o Câncer de células pequenas é radiossensível o Tratamento paliativo de metástases
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