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1 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | medicina – 3º ano | PROPEDÊUTICA PEDIÁTRICA - 54% das queixas passam despercebidas; - 50% dos problemas psiquiátricos / psicossociais são desconsiderados; - 65% dos pacientes são interrompidas depois de 15 segundos; - 39% dos médicos não são claros; - 60% dos médicos não confirmam se o paciente entendeu; - 91% das consultas não se pergunta sobre medos e ansiedades do paciente. - Atualmente existem novas necessidades na relação médico/paciente, tendo em vista que há uma nova sociedade e novas estruturas familiares, que estão em constante mudança e adaptação; - Teremos no mínimo 3 pessoas envolvidas (médico, criança e responsável); - Os pais interferem na relação médico / paciente; - Ninguém escuta a criança; - O médico “brinca” com a criança; - Mas as crianças são capazes de entender suas necessidades e de expor seus pontos de vista; - Necessitam de explicações; - Podem auxiliar na decisão de conduta; - São capazes de decidir sobre seus cuidados. - Atualmente, as crianças são “novas” e naturalmente apresentam “novos problemas” – hiperatividade, depressão, obesidade, bullying, dificuldade de aprendizagem, etc. - Mas as doenças crônicas, degenerativas e genéticas ainda são muito prevalentes também. - Relação médico paciente – se apresentar é primordial. - Comunicação – perguntas curiosas sem julgamento. - Observação (relação da família com a criança, ansiedade, medo, etc). - Estabelecer vínculo. - Confiança. - O local de atendimento é importante para ser levado em consideração numa consulta (pronto socorro, ambulatório, enfermaria, etc). - Identificar se a doença é aguda ou crônica e se é uni ou multissistêmica. - Avaliar se é um caso novo ou retorno. O QUE PUERICULTURA? - Área que cuida do desenvolvimento de indivíduos entre 0 e 19 anos. - Tem como objetivo de promover a saúde da criança e acompanhar: crescimento e desenvolvimento; vacinação; higiene; alimentação; DNPM (desenvolvimento neuro- psico motor). QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A ANAMNESE DO ADULTO E DA CRIANÇA? - A principal particularidade da anamnese pediátrica é a EMPATIA – se colocar no lugar da criança e da mãe. 2 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | medicina – 3º ano | PROPEDÊUTICA PEDIÁTRICA - Crescimento = aumento físico do corpo, medido em centímetros ou gramas – traduz o aumento em tamanho e número de células. - Desenvolvimento = capacidade do ser em realizar funções cada vez mais complexas – ele corresponde a termos como maturação e diferenciação celular. - Estudo dos sinais e sintomas que vão constituir as síndromes clínicas, com finalidade diagnóstica. - Do grego “trazer de novo” – memória; recordação. - É um processo dinâmico que depende da habilidade do médico e de competência. - Deve ser a mais completa e detalhada possível. - Representar a evolução da criança até o momento da consulta. - Local limpo, claro, silencioso e confortável. - Médico – aparência e vestimenta adequada. - Médico – boa comunicação e empatia. - Médico + informante + criança. - Médico – disponibilidade, solidariedade e paciência. - Médico – conhecimento necessário. - Manter organização, cronologia, letra legível e sem rasuras. - Separar dados relevantes dos irrelevantes. - Uma histórica clínica mal feita é a causa mais frequente de erro diagnóstico. - Você nunca vai suprir uma história clínica deficiente com exames complementares. - A anamnese bem feita leva à hipótese diagnóstica em cerca de 60% das vezes. - Quando aliada ao exame físico, bem realizado, podem firmar o diagnóstico correto em 75 a 90% dos atendimentos. - A anamnese pode ser dividida em ativa, passiva e mista. - Ativa = informante tímido, calado, relata os fatos desordenadamente – o médico deve controlar e orientar o informante por meio de perguntas objetivas e oportunas. - Passiva = bom informante, “cuidado” com o informante prolixo. - Tomar cuidado para não sugestionar as respostas. - Não permitir que o paciente relate todas as suas preocupações, isso pode comprometer todo o processo diagnóstico e terapêutico, bem como a relação médico-paciente. - Raramente o paciente pediátrico discorre sobre suas queixas, inclusive crianças maiores e adolescentes. - É importante considerar sempre a idade e o estágio de DNPM da criança. - Aproveitar o momento da consulta para observar a criança e suas relações com a família e cuidadores – informações verbais e não verbais. - A partir de 2 a 3 anos, as crianças podem e devem ser questionadas durante a consulta, relatando suas queixas – “por que sua mãe te trouxe aqui hoje?”; “onde dói?”; “como você está indo na escola?”; “o que você gosta de fazer?”. 3 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | medicina – 3º ano | PROPEDÊUTICA PEDIÁTRICA IDENTIFICAÇÃO - Nome completo; - Data de nascimento; - Idade (anos e meses); - Sexo; - Etnia; - Religião; - Naturalidade; - Procedência; - Nome completo dos pais; - Consanguinidade; - Profissão dos pais; - Endereço; - Informante. - É o motivo pelo qual a família levou a criança ao médico; - Há quanto tempo; - Deve ser escrito com as próprias palavras do informante. - Início e evolução da doença; - Sintomas associados; - Medicamentos utilizados (se houve melhora ou não); - Escrever em ordem cronológica e linguagem técnica; - Intervir e investigar quando necessário. 4 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | medicina – 3º ano | PROPEDÊUTICA PEDIÁTRICA - O paciente traz uma queixa, que deve se transformar numa história (= narrativa). - Os dados são derivados do paciente, mas a organização é do médico! - A narrativa deve detalhar como se iniciou o problema, a circunstância em que ele apareceu, suas manifestações e quaisquer tratamentos. - Procurar fazer com que o paciente esgote as informações e detalhes com as suas próprias palavras e com interferência mínima (“o que mais?”; “e então?”). - Gradualmente passe a participar um pouco mais, introduzindo algumas perguntas, de preferência abertas, objetivando acrescentar mais dados. - Lembre-se que a consulta é um diálogo, no qual você pergunta pouco e ouve muito. - Evite interromper qualquer fala do paciente, a menos que ela seja claramente inoportuna no momento. - A seguir você poderá acrescentar perguntas mais específicas, indispensáveis ao detalhamento da informação, direcionando o diálogo de forma mais ativa. - Perguntas abertas obrigam uma certa verbalização – por exemplo: “como era a dor?”; “o que estava fazendo quando a dor começou?”, evitando acrescentar alguma 5 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | medicina – 3º ano | PROPEDÊUTICA PEDIÁTRICA sugestão que feche a pergunta – por exemplo: “como era a dor, uma pontada?” - Perguntas fechadas induzem a resposta do paciente, que pode se constranger, responder automaticamente ou de forma a pensar que está agradando o médico com sua resposta – por exemplo: “isso ocorre mais durante a manhã?”; “quando ocorre, sente náuseas?”; “já viu sangue nos vômitos?”. - Realizar perguntas dirigidas para cada sistema: Geral – paciente como um todo. Cabeça e pescoço – cefaléia, tonturas, traumas, conformação craniana, tumorações, visão, secreção estrabismo, audição, infecção, coriza, obstrução, sangramento, aftas, odinofagia, problemas dentários, etc. Cardiovascular – palpitação, cianose, cansaço aos esforços, dor precordial, síncope, sudorese, etc. Respiratório – tosse (caracterizar como seca ou produtiva, horário do dia predominante equanto tempo), dispneia, chiado no peito, etc. Digestório – hábito intestinal, regurgitação, vômitos, dor abdominal, diarréia, obstipação, etc. Genito-urinário – queixas urinárias (disúria, piúria, polaciúria, poliúria, hematúria e urgência miccional), alteração da cor da urina, alteração dos testículos e do pênis, corrimento vaginal, etc. - No caso de adolescentes, perguntar sobre a menarca, ciclo menstrual (intervalo, duração e quantidade) e sobre dismenorreia e sua intensidade (ausente, fraca, moderada, forte que não atrapalha as atividades habituais, forte que atrapalha as atividades habituais e/ou acompanhada de sintomas como vômitos, desmaios, etc.). Neurológico – convulsão, tiques, tremores, falta de coordenação, falta de atenção, etc. Locomotor – marcha, paresia, paralisias, dor em membros, alterações de marcha, escoliose. Pele e anexos – manchas, exantemas, pruridos, alterações de sensibilidade, etc. - Obstétricos (gestação, pré-natal e neonatal); - Pessoais; - Alimentares; - DNPM (desenvolvimento neuropsicomotor); - Vacinação. ANTECEDENTES PRÉ-NATAIS, NATAIS E NEONATAIS - Gestação → agravos (infecções, uso de drogas e medicamentos) e sorologias pré- natais; - Dados do parto e antecedentes neonatais → idade gestacional, peso ao nascimento, comprimento ao nascimento, perímetro cefálico, apgar (teste feito no recém-nascido logo após o nascimento que avalia seu estado geral e vitalidade, ajudando a identificar se é necessário qualquer tipo de tratamento ou cuidado médico extra após o nascimento), necessidade de reanimação, peso de alta, icterícia, anemia, convulsões, alta com quantos dias de vida; - Diagnósticos pregressos; - Internações; - Cirurgias prévias; - Alergias; - Transfusões; 6 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | medicina – 3º ano | PROPEDÊUTICA PEDIÁTRICA - Traumas; - Adolescentes: gravidez, doenças venéreas, sexualidade, etc.; - Triagem neonatal. ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS - Gestações anteriores – total de filhos nascidos vivos, abortos, tipos de parto, intercorrências (como diabetes gestacional e hipertensão); - Pré-natal – número de consultas, intercorrências, sorologias. - Neonatais – peso de nascimento, comprimento, apgar, tipo de parto, intercorrências e tempo de permanência no berçário. - Enfatizar e coletar dados sobre as doenças e internações prévias: infecções, doenças próprias da infância, procedimentos cirúrgicos, alergias e uso de medicamento. - Aleitamento materno, desmame, introdução de fórmula, higiene das mamadeiras, preparo da fórmula (se tiver) e quantas vezes ao dia, introdução, aceitação e tolerância dos demais alimentos, o que come em cada refeição e os horários e ingestão hídrica. - Listar os principais marcos do desenvolvimento (motor, linguagem, social e cognitivo) e do controle esfincteriano (retirada das fraldas). - Idade dos marcos de desenvolvimento – sustentação cervical, sorriso, sentar, engatinhar, andar e falar. - Controle o esfíncter urinário e anal. - Sociabilidade e aproveitamento escolar. - Sono (hora que acorda e vai dormir); - Frequência em creche ou escola; - Desempenho escolar; - Atividades esportivas; - Sociabilidade; - Lazer; - Bullying; - Tempo de uso de eletrônicos e sua finalidade; - Comportamento no geral. 7 Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo Beatriz de Paula | medicina – 3º ano | PROPEDÊUTICA PEDIÁTRICA - Verificar a carteira de vacinas de acordo com o programa nacional de imunização (PNI). - Anotar a próxima vacina a ser tomada e a data ou as que estão faltando. - Pesquisar doenças na família (infecciosas, hematológicas, renais, neurológicas/mentais, autoimunes, diabetes, alergias, asma, rinite, tuberculose, tabagismo, etilismo, uso de drogas, AVC, infarto, causas de óbitos de pais e irmãos, etc.; - Idade e estado de saúde dos pais; - Idade, sexo e estado de saúde dos irmãos. CONDIÇÕES SÓCIO ECONÔMICAS E AMBIENTAIS - Condições de habitação (quantas pessoas moram na casa, quem são essas pessoas, renda familiar, se possuem animais, mofo e umidade, etc); - Casa própria ou não; - Número de cômodos; - Água encanada; - Rede de esgoto; - Luz elétrica; - Escolaridade e profissão dos pais; - Quem mora na casa; - Uso de cigarros, álcool e drogas pela criança ou parente.
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