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Economia brasileira contemporânea

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Prévia do material em texto

Wilton Rezende de Freitas
Edileuza Pereira Silva
Julio Cesar Franco
Sérgio Querino Antunes
Economia brasileira contemporânea
Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube
 Freitas, Wilton Rezende de.
F884e Economia brasileira contemporânea / Wilton Rezende de 
 Freitas, Edileuza Pereira Silva, Julio Cesar Franco, Sérgio Querino 
 Antunes. – Uberaba: Universidade de Uberaba, 2020.
 188 p. : il. 
 Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba. 
	 							Inclui	bibliografia.																			
 ISBN 978-85-7777-927-7 
 
 1. Economia – Brasil. 2. Industrialização – Brasil. 3. Brasil – 
 Comércio exterior. I. Silva, Edileuza Pereira. II. Franco, Julio Cesar. 
 III. Antunes, Sérgio Querino. IV. Universidade de Uberaba. 
 Programa de Educação a Distância. V. Título. 
 CDD 330.0981 
© 2020 by Universidade de Uberaba
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico 
ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de 
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, 
da Universidade de Uberaba.
Universidade de Uberaba
Reitor
Marcelo Palmério
Pró-Reitor de Educação a Distância
Fernando César Marra e Silva
Coordenação de Graduação a Distância
Sílvia Denise dos Santos Bisinotto
Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube
Revisão textual
Erlane Silva Nunes
Diagramação
Douglas Silva Ribeiro
Ilustrações
Getty Images. Acervo Uniube
Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio
Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Wilton Rezende de Freitas
 Especialização em Finanças e Controladoria pela Faculdade de 
Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro (FCETM). Graduação em 
Administração pela Universidade de Uberaba (Uniube). Professor das 
disciplinas na área de gestão, tais como Gestão Estratégica, Gestão da 
Produção, Macroeconomia, Gestão da Logística e Gestão de Materiais 
na Universidade de Uberaba (Uniube).
Edileuza Pereira Silva
Mestrado em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal 
de Uberlândia (UFU). Graduação em Ciências Econômicas pela 
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professora nas áreas 
de Introdução à Economia, Economia do Meio Ambiente e Comércio 
Internacional na Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo 
Mineiro (FCETM). Coordenadora do Curso de Ciências Econômicas da 
Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro.
Júlio Cesar Franco
Especialização em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas 
(FGV/RJ). Graduação em Comunicação Social – Publicidade e 
Propaganda – pela Universidade de Uberaba (Uniube). 
Sérgio Querino Antunes
Mestrado em Educação pela Universidade de Uberaba (Uniube). MBA 
em Gestão Empresarial e Especialização em Administração Financeira 
e Controladoria pelo Instituto Nacional de Pós-Graduação (INPG). 
Sobre os autores
Graduação em Administração de Empresas pela Universidade de 
Uberaba (Uniube). Graduação em Ciências Contábeis pela Universidade 
de Uberaba (Uniube). Professor nos cursos de Administração e Ciências 
Contábeis da Universidade de Uberaba (Uniube).
Sumário
Apresentação .............................................................................................................VII
Capítulo 1 Industrialização no Brasil: constituição, auge e declínio 
do modelo de substituição de importações.......................... 1
1.1 A formação industrial brasileira e o modelo de substituição de importações ......... 4
1.2 Esgotamento do modelo de substituição de importações .................................... 16
Capítulo 2 O Brasil e a nova ordem mundial .......................................35
2.1	Crise	dos	anos	1980	e	planos	de	combate	à	inflação .......................................... 38
2.2	Combate	à	inflação	no	Brasil	nos	anos	1990 ........................................................ 51
2.3 O Brasil e as transformações na economia mundial ............................................. 60
2.4	O	Brasil	e	as	crises	financeiras	internacionais ...................................................... 74
Capítulo 3 A era Fernando Henrique Cardoso e o Plano Real ...........87
3.1 Governo FHC: contexto histórico .......................................................................... 89
3.2 Governo FHC: características principais ............................................................... 92
3.3	Considerações	finais............................................................................................ 107
Capítulo 4 De	Lula	a	Temer:	os	desafios	da	economia	brasileira	
no século XXI ....................................................................111
4.1 Governo Lula: dos avanços socioeconômicos aos escândalos de corrupção ... 114
4.1.1 Do PSDB ao PT: uma nova perspectiva de poder .................................... 114
4.1.2 Características políticas, sociais e econômicas do Governo Lula ............ 117
4.1.3 Os escândalos de corrupção ..................................................................... 123
4.2	Governo	Dilma	Rousseff:	a	trilha	do	impeachment ............................................. 125
4.2.1 A primeira mulher presidente do Brasil ...................................................... 125
4.2.2 Características políticas, sociais e econômicas do Governo Dilma .......... 126
4.3 Governo Michel Temer: o que mudou no país em dois anos e meio de 
governo? .............................................................................................................. 130
4.4	Considerações	finais............................................................................................ 131
Capítulo 5 Fundamentos do comércio exterior .................................135
5.1 Políticas do comércio exterior no Brasil .............................................................. 138
5.1.1 Redução dos níveis de proteção ............................................................... 148
5.1.2 A divergência de enfoques aplicados ao caso brasileiro ........................... 151
5.1.3 O debate político da abertura comercial .................................................... 154
5.1.4 Alguns resultados da política comercial nos anos 1990 ............................ 156
5.1.5 Especialização no mercado internacional ................................................. 157
5.1.6 Produtividade ............................................................................................. 160
5.1.7 Ciência e tecnologia ................................................................................... 161
5.1.8 Comércio exterior ....................................................................................... 162
5.2 Crescimento econômico ...................................................................................... 165
5.2.1 Distribuição de renda e emprego ............................................................... 167 
5.3 Sistema administrativo (Siscomex) ..................................................................... 169 
Prezado(a) aluno(a), é um prazer tê-lo(a) conosco.
Este é o livro que servirá de base para seus estudos sobre economia 
brasileira contemporânea! 
Em disciplinas anteriores, você estudou a economia sobre duas 
perspectivas: a microeconomia e a macroeconomia. Nesses estudos, 
conheceu o conceito de economia e a sua importância na gestão das 
empresas e do bem público.
Continuaremos, neste livro, com o estudo da economia no Brasil, mas 
sob uma ótica histórica. Você, certamente, já leu ou ouviu falar sobre fatos 
como: a queima das sacas de café promovida pelo governo brasileiro na 
primeira metade do século XX para garantir a competitividadedo café 
brasileiro na economia global, o boom industrial instituído pelo governo 
Vargas, o plano de metas criado por JK, que tinha por ambição fazer com 
que o Brasil crescesse 50 anos em 5. A história econômica do Brasil é rica 
e foi determinante para a situação atual de nosso país e, por conseguinte, 
de nossas empresas.
O presente livro compõe-se de cinco capítulos. A seguir, você terá uma 
breve síntese do conteúdo a ser abordado em cada um dos capítulos.
Os capítulos 1 e 2 abordam os principais fatos históricos da economia 
brasileira ocorridos durante o século XX, com ênfase na temática da 
industrialização no Brasil, bem como na inserção do Brasil no mercado 
Apresentação
mundial a partir do neoliberalismo dos anos 90. Nesse contexto também 
será feito uma análise sobre a papel do Brasil no cenário de crises 
mundiais.
Seguindo a trajetória, os capítulos 3 e 4 abordam nossa história 
econômica recente, com uma análise dos governos FHC, Lula, Dilma e 
Temer. Serão abordadas temáticas que envolvem a economia como viés 
para a análise política governamental.
Por	fim,	o	capítulo	5	faz	uma	introdução	às	políticas	do	comércio	exterior	
no Brasil. Você conhecerá os modelos de apoio governamental e as 
relações comerciais externas, que possuem o intuito de promoção do 
bem-estar social e crescimento econômico do país.
O objetivo desta disciplina é compreender a importância da relação 
entre política e economia no desenvolvimento do nosso país. Questões 
fundamentais da economia interferem diretamente nas ações do Estado. 
E	cabe	ao	profissional	das	Ciências	Sociais	e	Humanas	compreender	tais	
relações para compor sua análise teórica das políticas contemporâneas.
Desejamos-lhe uma produtiva leitura e um excelente aprendizado!
Edileuza Pereira Silva / Wilton Rezende de Freitas
Introdução
Em algum momento de seus estudos, ou de sua vida, você 
já parou para refletir a respeito das origens dos problemas 
brasileiros em relação a inflação, balanço de pagamentos, 
distribuição de renda, estrutura industrial, entre outros? Já se 
perguntou de que maneira a situação econômica do país pode 
influenciar a atuação das empresas, ainda que situadas em 
pequenos municípios? 
Às vezes temos a impressão de que acontecimentos nacionais, 
ou macroeconômicos, não nos afetariam em nossos pequenos 
redutos. Todavia, é engano imaginar que o quadro inflacionário 
do país, ou o atraso tecnológico das estruturas produtivas, ou, 
Industrialização no 
Brasil: constituição, 
auge e declínio do 
modelo de substituição 
de importações
Capítulo
1
ainda, a forma de endividamento do governo não afetam nossa 
vida, nossos negócios e nosso trabalho.
Nesse contexto é que se insere o estudo que iniciaremos agora 
a respeito da economia brasileira contemporânea. O estudo 
do quadro atual da economia brasileira envolve o entendi-
mento de questões importantes do nosso processo de formação 
econômica . Nesse sentido, é de extrema importância descrever 
e analisar o modelo de industrialização do Brasil, com seus 
avanços e retrocessos. 
Pensando em apresentar um conjunto de informações e análises 
que possa auxiliá-lo posteriormente a entender os porquês de 
muitas características atuais da economia brasileira, dividimos 
este capítulo em dois itens principais: 
a) formação industrial brasileira e o modelo de substitu-
ição de importações – nesse tópico apresentaremos os 
aspectos básicos da industrialização brasileira, baseada 
na substituição de produtos, antes importados, por outros 
fabricados em território nacional; 
b) esgotamento do modelo de substituição de impor-
tações brasileira – esse item apresenta os resultados 
dessa estratégia de industrialização e os elementos 
que conduziram ao seu esgotamento. Ao fim desse 
2 UNIUBE
processo, o Brasil passa a ser considerado, do ponto de 
vista técnico e prático, uma nação industrializada, mas 
com sérios problemas que a conduzirão a uma grave 
crise nos anos 1980.
Bons estudos!
Objetivos
Esperamos que, ao terminar o estudo deste capítulo, você seja 
capaz de:
• descrever a formação industrial brasileira;
• analisar o modelo de substituição de importações;
• discutir os avanços e retrocessos no processo de indus-
trialização no Brasil.
Para alcançar esses objetivos, você deverá ler atentamente este 
capítulo e desenvolver as atividades propostas.
Esquema
1.1 A formação industrial brasileira e o modelo de substituição 
de importações
1.2 Esgotamento do modelo de substituição de importações
 UNIUBE 3
 1.1 A formação industrial brasileira e o modelo de 
substituição de importações
Prezado(a) aluno(a), começaremos agora o estudo da economia brasileira 
contemporânea, adotando como ponto de partida os primórdios da in-
dustrialização nacional. Desse modo, você terá a oportunidade de saber 
como a indústria, no Brasil, surgiu e se desenvolveu. 
De maneira geral, pode-se dizer que a indústria no Brasil teve seu início 
no final do século XIX, com a produção de bens destinados ao mercado 
consumidor interno. Até então, a característica fundamental da economia 
nacional era a produção concentrada em poucos produtos, de origem 
agrícola ou pecuária, destinados ao mercado externo. Por outro lado, a 
demanda interna era suprida por vários tipos de bens manufaturados 
importados. Uma vez que a maior parte da produção nacional destinava-
-se às exportações, a capacidade para importar dependia diretamente 
dos preços e das quantidades dos produtos exportados no mercado 
internacional .
Nesse contexto, a geração de renda na economia brasileira dependia 
do comportamento da demanda externa por nossos produtos. Como a 
maior parte das atividades produtivas internas estava ligada ao setor 
exportador, pode-se dizer que o dinamismo da 
economia nacional era definido pelo setor externo. 
Tal quadro prevaleceu até a crise de 1929, a 
chamada Grande Depressão, quando a demanda 
internacional por produtos brasileiros, principal-
mente o café, apresentou uma brusca redução. 
Grande Depressão
Crise econômica 
mundial iniciada nos 
Estados Unidos em 24 
de outubro de 1929, a 
chamada Quinta-Feira 
Negra, com a quebra 
da Bolsa de Valores de 
Nova York.
4 UNIUBE
Como resultado, ocorreu o que se conhece na literatura especializada 
como um movimento de reversão do centro dinâmico da economia nacio-
nal, ou seja, a partir de então o elemento determinante do nível de renda 
da economia brasileira passou a ser o mercado interno, com destaque 
para a produção industrial, em substituição à produção agrícola.
A reversão no centro dinâmico pode ser visualizada quando se apresen-
tam os dados do valor adicionado à economia pelas produções industrial 
e agrícola no período: 
• entre 1928 e 1929, a agricultura era responsável por 52,5% do valor 
adicionado na economia, enquanto a indústria respondia por apenas 
22,7% desse total;
• entre 1940 e 1945, tal quadro havia se modificado – a indústria rep-
resentava 36,1% de todo o valor adicionado na economia e o setor 
agrícola havia reduzido sua participação para 37,1%.
Perceba que o carro-chefe da economia nacional, até a década de 1930, 
era a agricultura. Após a Grande Depressão, a agricultura cedeu espaço 
para a indústria como forma de evitar importações e estimular o consumo 
interno de produtos “genuinamente” nacionais.
Tal deslocamento esteve diretamente relacionado ao modo como o presi-
dente brasileiro da época, Getúlio Vargas, reagiu à crise. A fim de evitar 
que houvesse uma propagação do problema para todas as atividades 
da economia, o governo promoveu uma política que visava manter o 
nível de renda do setor exportador, o que teve como consequência a 
manutenção da demanda. 
 UNIUBE 5
É famosa na história brasileira a queima de café promovida por Getúlio 
Vargas. Você já leu sobre esse fato? Se não leu ou quer conhecê-lo 
melhor, pesquise notícias, documentários e artigos sobre ele, o que com 
certeza enriquecerá seuaprendizado!
 SAIBA MAIS 
Para facilitar a sua pesquisa sobre a história da queima de café, sugerimos 
a leitura de um artigo da revista Veja, disponível na Internet (<http://veja.
abril.com.br/historia/crash-bolsa-nova-york/brasil-crise-do-cafe-exportacoes-
falencias.shtml>), de outubro de 1929, intitulado A bola da vez?. Ele relata 
a ocasião da quebra da Bolsa de Nova York e da crise do café no Brasil. Ao 
término da matéria, há um vídeo da época (1929) que retrata a queima de 
sacas de café pelo governo brasileiro como forma de aumentar seu preço 
no mercado. Assista-o. Por fim, anote as ideias principais deste estudo e 
socialize com seus colegas.
Entre os instrumentos políticos adotados pelo governo brasileiro para 
minimizar os impactos da crise global, tivemos a emissão de moeda 
doméstica. Ao comprar o café dos produtores, o governo fazia com que 
fossem mantidos o emprego e a renda de muitas pessoas que continuavam 
a consumir, evitando o fechamento de muitos estabelecimentos ligados 
ao setor de café.
O governo também promoveu uma política de 
desvalorização cambial, a fim de tornar o café 
atrativo no mercado internacional. A consequência 
de tal ação foi o encarecimento dos produtos es-
trangeiros no mercado interno, o que gerou outro 
 SAIBA MAIS 
Para facilitar a sua pesquisa sobre a história da queima de café, sugerimos 
a leitura de um artigo da revista Veja, disponível na Internet (<http://veja.
abril.com.br/historia/crash-bolsa-nova-york/brasil-crise-do-cafe-exportacoes-
falencias.shtml>), de outubro de 1929, intitulado A bola da vez?. Ele relata 
a ocasião da quebra da Bolsa de Nova York e da crise do café no Brasil. Ao 
término da matéria, há um vídeo da época (1929) que retrata a queima de 
sacas de café pelo governo brasileiro como forma de aumentar seu preço 
no mercado. Assista-o. Por fim, anote as ideias principais deste estudo e 
socialize com seus colegas.
Taxa de câmbio 
desvalorizada
O valor da taxa de 
câmbio é alto e a 
moeda nacional está 
enfraquecida em 
relação à moeda 
estrangeira.
6 UNIUBE
problema, uma vez que boa parte da demanda era atendida pelas im-
portações. A solução era recorrer aos produtos nacionais, atrativos por 
seus preços, que passaram a ter o papel de substituir os produtos 
manufaturados antes importados. Assim, tem início o modelo brasileiro 
de industrialização conhecido como substituição de importações.
Cabe destacar que a produção interna de bens 
antes importados não pôs fim às importações 
nem teve como objetivo direto reduzi-las. Na ver-
dade, ocorreu exatamente o oposto. O avanço do 
processo de substituição de importações aumen-
tou o valor das compras externas em virtude da 
necessidade de se importar bens que antes não 
eram importados, como é o caso de bens inter-
mediários e de bens de capital.
A princípio, a produção aproveitou-se de capacidade 
produtiva ociosa existente nos setores produtores 
de bens consumidos internamente. Todavia, essa 
capacidade era pequena e, assim que ela se 
esgotou, recorreu-se à importação de máquinas 
e equipamentos, inclusive alguns de empresas 
estrangeiras que haviam falido com a crise. 
De modo geral, a industrialização por substituição de importações podia 
ser definida como um processo de industrialização fechado, que atendia a 
estímulos advindos do setor externo, mais especificamente desequilíbrios 
ou estrangulamentos externos, sendo realizado em etapas sucessivas. 
Bens intermediários
Os bens que são 
agregados ou 
transformados 
na produção de 
outros bens e são 
consumidos totalmente 
no processo produtivo. 
São matérias-
-primas, insumos e 
componentes.
Bens de capital
Bens utilizados na 
fabricação de outros 
bens e que não se 
desgastam totalmente 
no processo produtivo. 
É o caso de máquinas, 
equipamentos e 
instalações.
Capacidade ociosa
Capacidade produtiva 
existente na economia, 
mas não utilizada.
 UNIUBE 7
Além disso, apresentava, a princípio, um caráter extremamente nacio-
nalista. Entendamos cada uma dessas características.
Em primeiro lugar, a industrialização apresentava caráter fechado porque 
era voltada ao mercado consumidor interno. Além disso, em razão de 
ser uma indústria em fase inicial de implantação, dependia de medidas 
protecionistas que favorecessem seus produtores em relação aos con-
correntes externos.
No que diz respeito ao estímulo do desequilíbrio ou estrangulamento ex-
terno, a substituição de importações ocorre, a princípio, em razão de uma 
restrição do mercado externo. Dada a redução do valor das exportações, 
houve uma diminuição na geração das divisas 
necessárias à importação de bens industrializa-
dos importantes para a manutenção do padrão 
interno de consumo, que foi mantido pela política 
governamental de proteção ao setor cafeeiro. Para solucionar o estran-
gulamento externo, adotaram-se medidas que acabaram favorecendo a 
indústria nacional já existente, como o caso da desvalorização do câmbio, 
da elevação das tarifas de importação, entre outros, gerando grandes 
oportunidades para os empresários brasileiros realizarem investimentos 
altamente lucrativos. Assim, ocorreu uma série de investimentos na in-
dústria, a fim de substituir importações, aumentando a renda nacional e 
a demanda agregada. 
Todavia, o aumento da demanda traduziu-se novamente em aumento 
das importações, fosse de maneira direta, pela compra de bens indus-
trializados, fosse pela ampliação dos investimentos que necessitavam 
de equipamentos e matérias-primas importados. Como o ritmo de cres-
Divisa
Moeda estrangeira.
8 UNIUBE
cimento das importações é em geral mais rápido do que o crescimento 
das exportações, nova crise recolocou-se, retomando-se o processo. 
Assim, os estrangulamentos ou desequilíbrios externos eram um ele-
mento que estimulava e, ao mesmo tempo, limitava a evolução do pro-
cesso de substituição de importações.
A industrialização, em substituição às importações, ocorreu em etapas 
sucessivas, e, em cada uma delas, um setor industrial era o mais atin-
gido. O primeiro setor a se desenvolver foi o de bens de consumo não 
duráveis, seguido pelo setor de bens intermediários e pelo de bens de 
capital. Tal sequência gerava problemas de de-
manda entre setores. É importante ter em mente 
que, uma vez que a produção depende de bens 
intermediários e de bens de capital, essa demanda 
precisava ser suprida por meio de importações.
É preciso que se faça aqui uma ressalva. O desenvolvimento de um dos 
setores não era completamente isolado dos demais; ou seja, havia sem-
pre o crescimento dos demais setores, mas em uma proporção menor.
Por fim, a substituição de importações caracterizava-se pela ideia de 
“construção nacional”; ou seja, alcançar o desenvolvimento e a autonomia 
com base na industrialização, de forma a superar as restrições externas 
e a tendência à especialização na exportação de produtos primários.
É importante ressaltar também, em todo esse quadro, que o Estado passou 
a desempenhar, a partir dos anos 1930, com o início do governo de Getúlio 
Vargas, papel crucial no estímulo ao processo de industrialização. Após 
Bens de consumo 
não duráveis
Incluem-se nesse 
setor bens como 
calçados, alimentos, 
bebidas, têxteis, 
entre outros.
 UNIUBE 9
a Segunda Guerra Mundial, tal participação tornou-se mais articulada, 
traduzindo-se na criação de órgãos de regulação, controle e planejamento 
das atividades econômicas do país. 
Afinal, Getúlio Vargas era seguidor do, então em evidência, John Keynes , 
papa da macroeconomia, que defendia a intervenção do governo no 
mercado como forma de assegurar o pleno emprego de recursos. 
Como resultado prático de intervenção estatal no setor industrial nesse 
período, citam-se a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, em 
1942; do Conselho Nacional do Petróleo, em 1940; da Companhia Vale 
do Rio Doce, em 1943; e da Companhia Nacional de Álcalis, em 1944. 
Perceba que as empresascriadas estavam todas ligadas à indústria de 
bens intermediários, importante elo da cadeia produtiva ainda deficiente 
no país.
Nesse contexto, faz-se necessário mencionar a ocorrência da Segunda 
Guerra Mundial, durante a qual a atitude do governo nacional foi nova-
mente proteger o setor cafeeiro, mantendo sua renda e a demanda interna 
para os produtos industriais. Durante o período, houve uma melhoria no 
quadro de exportações brasileiras, inclusive com 
a venda, para os países aliados, de produtos 
industrializados, como calçados e têxteis, tendo 
em vista que os países industrializados haviam 
direcionado sua produção para as atividades de 
guerra. Em consequência, o Brasil pôde acumular 
um expressivo saldo comercial durante a guerra. Todavia, as mesmas 
razões que estimulavam as exportações tornavam as importações ex-
tremamente difíceis.
As principais 
potências aliadas 
eram a China, a 
França, a Grã- 
-Bretanha, a União 
Soviética e os Estados 
Unidos. O Brasil se 
integrou aos aliados 
em 1943.
10 UNIUBE
A associação de tais fatores tornou-se um estímulo a uma nova onda 
de investimentos na indústria. Entretanto, em virtude da dependência 
brasileira da importação de equipamentos, o aumento na produção não 
ocorreu em magnitude suficiente para o atendimento da demanda exis-
tente, apesar da plena utilização da capacidade produtiva instalada. Além 
disso, a elevação da produção industrial trouxe à 
tona diversos pontos de estrangulamento na 
economia, localizados principalmente nas áreas 
de energia, transportes, indústria de base e equi-
pamentos industriais. Em um primeiro momento, 
parecia que o modelo de industrialização por substituição de importações 
parecia estar se esgotando .
Aliás, por falar em pontos de estrangulamento, a economia brasileira de 
hoje ainda os possui em alguns setores, quais sejam: portos sucateados, 
estradas esburacadas, aeroportos que operam com ineficiência. Esses 
pontos de estrangulamento foram batizados de Custo Brasil e, por conta 
deles, o produto brasileiro perde competitividade em relação àqueles 
similares que são produzidos no mercado internacional.
O fim da Segunda Guerra Mundial marca também o fim do governo de 
Getúlio Vargas, deposto em 1945, em seu lugar assumindo Eurico Gaspar 
Dutra. A princípio, sob o governo de Dutra, houve a adoção de políticas 
econômicas mais liberais, com o mínimo de controle em cada setor. No 
que se refere às importações, elas voltaram a crescer a fim de atender 
à demanda que havia permanecido reprimida durante os anos da guerra 
e à reposição de equipamentos desgastados e não substituídos durante 
o período de interrupção das importações. Houve um desperdício inicial 
Pontos de 
estrangulamento
Áreas de demanda 
insatisfeita.
 UNIUBE 11
das divisas em importações de bens supérfluos, o que levou a uma crise 
cambial e ao aumento da inflação. 
Diante de tais problemas, o governo retornou ao intervencionismo na 
economia, adotando um rígido controle das importações e da taxa de 
câmbio. As divisas acumuladas passaram a ser usadas em um processo 
de reestruturação industrial, priorizando as importações de equipamen-
tos e matérias-primas para a indústria, dando o impulso para uma nova 
aceleração na industrialização substitutiva de importações. Nesse 
período, o setor industrial consolidou-se como o mais dinâmico da 
economia, contando, para tanto, com o apoio governamental por meio 
de uma política creditícia que incluía empréstimos do Banco do Brasil 
a diversos setores-chave da indústria privada. Começou também a ser 
avaliada uma política específica para o petróleo, dada a vulnerabilidade 
da economia brasileira quanto ao abastecimento, tornada evidente com 
a Segunda Guerra. Assim, iniciaram-se as discussões que, no segundo 
governo Vargas, acabaram por dar origem à Petrobras, em 1953, um 
marco do nacionalismo econômico.
Em 1951, Getúlio Vargas retorna ao poder ao vencer as eleições presi-
denciais de 1950. Sua volta representou a continuidade do processo 
de industrialização por substituição de importações, a ser conduzido de 
acordo com uma orientação nacionalista e intervencionista. Para isso, 
utilizou-se do controle das taxas de câmbio e da manutenção do poder de 
compra dos salários, favorecendo o aumento do consumo e fortalecendo, 
portanto, o mercado interno e, indiretamente, o processo de substituição 
de importações.
12 UNIUBE
Vale salientar o estabelecimento dos leilões cambiais no que se refere 
ao controle das importações. Nesses leilões, as importações eram dife-
renciadas de acordo com a essencialidade do bem para a indústria e 
para a agricultura. Assim, passou a vigorar um sistema de taxas de 
câmbio múltiplas, por meio do qual foram favorecidos os interesses in-
dustriais e desenvolvimentistas.
Todavia, em 1953, o controle das taxas de câmbio, em conjunto com a 
redução dos preços internacionais do café, gerou descontentamentos no 
setor exportador agrário, uma vez que levava à transferência de renda 
do setor para a área industrial por meio do chamado confisco cambial. 
A concretização do confisco ocorreu por meio da 
Instrução 70 da Superintendência da Moeda e do 
Crédito (Sumoc). Por meio dessa instrução, com 
o propósito de equilibrar o balanço de pagamen-
tos do Brasil, definia-se que os dólares recebidos 
pelos exportadores de café seriam comprados 
pelo governo a preços menores que os vigentes 
no mercado de câmbio. A renda adicional era uti-
lizada para financiar projetos de desenvolvimento 
industrial. Embora o café não fosse mais o centro 
dinâmico da economia, ainda era importante para 
a geração de divisas, justificando a continuidade 
da política cafeeira em posição de destaque no 
quadro da política econômica.
Do ponto de vista do relacionamento internacional, Vargas se mostrou 
abertamente contrário ao alinhamento incondicional do Brasil aos Estados 
Confisco cambial
Um imposto sobre 
a exportação de 
produtos primários sob 
a forma de taxas de 
câmbio diferenciadas. 
Amplamente utilizado 
pelo Estado nos anos 
1940 e 1950 como a 
forma por excelência 
para transferir renda da 
agricultura exportadora 
para a indústria.
Sumoc
Criada em 2 de 
fevereiro de 1945, 
surgiu com a finalidade 
de exercer as funções 
de um Banco Central, 
ainda inexistente 
no Brasil.
 UNIUBE 13
Unidos. Com tal resistência, Vargas pretendia constituir certo poder de 
negociação com os Estados Unidos, o que poderia favorecer o Brasil na 
obtenção de crédito para o financiamento do projeto industrial nacional. 
Nesse contexto foi criada a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, em 
1951, que contou, para o financiamento de alguns de seus projetos em 
infraestrutura e indústrias de base, com recursos advindos do Banco 
Mundial e do Eximbank. É preciso lembrar que o presidente norte-
americano na época, Harry Truman, tinha como diretriz de política externa 
a realização de investimentos governamentais em 
países subdesenvolvidos, a fim de conter possíveis 
movimentos em direção ao socialismo. Tal 
disposição favoreceu os projetos de Getúlio 
Vargas, pois permitiu a entrada de recursos 
públicos americanos no país.
O confisco cambial, aliado à elevação dos salários, acirrou o antagonismo 
de representantes da elite agrário-exportadora, vinculada ao modelo de 
desenvolvimento internacionalizado. Assim, em meio a uma grave crise, 
ocorreu a deposição e o suicídio de Vargas, em agosto de 1954. Tendo 
fracassado o projeto governamental de Vargas, ganhou força a vertente 
da classe dominante nacional, que pretendia aprofundar as relações 
com o capitalismo internacional por meio da associação ao capital ex-
terno e interrupção do modelo nacionalista baseado na substituição de 
importações.
Com a morte de Vargas, ascendeu ao poder o vice-presidente, Café 
Filho. Um marco do curto período do governo de Café Filho foi a 
Instrução 113 da Sumoc, que previa que o governopoderia emitir 
Socialismo
Sistema filosófico, 
político e econômico 
que propõe a 
estatização dos 
bens e dos meios de 
produção, para que o 
Estado os administre e 
distribua.
14 UNIUBE
licenças de importação, sem cobertura cambial que correspondesse aos 
investimentos estrangeiros no país, para conjuntos de equipamentos 
ou, em situações extremas, para equipamentos complementares a 
conjuntos já existentes. Tal medida visava atrair os investimentos externos 
para o Brasil, sendo um dos elementos principais que favoreceram a 
internacionalização da economia brasileira em detrimento da proposta 
nacionalista da substituição de importações. No governo subsequente, 
de Juscelino Kubitschek, tal tendência foi mantida, levando os industriais 
brasileiros a trabalharem de maneira associada ao capital estrangeiro, 
invariavelmente em posição subordinada.
 PARADA OBRIGATÓRIA
Para aprofundar seus conhecimentos, sugerimos que você pesquise sobre 
o processo de substituição de importações. É importante conhecer detalhes 
da economia brasileira na era Vargas, sua evolução e, sobretudo, suas 
características no que tange a esse processo.
Pois bem, até aqui você estudou o advento da industrialização brasileira 
por meio do modelo de substituição de importações. Conheceu as 
características desse modelo, quais segmentos da economia nacional 
ele beneficiou e os principais incentivadores, entre eles, Getúlio Vargas.
Na segunda parte deste capítulo, você estudará o esgotamento do 
modelo de substituição de importações, o Milagre Econômico e, por fim, 
conhecerá sob quais condições chegamos à década de 1980, denomi-
nada "década perdida", quando o Brasil atingiu o seu mais alto grau de 
endividamento externo.
 PARADA OBRIGATÓRIA
Para aprofundar seus conhecimentos, sugerimos que você pesquise sobre 
o processo de substituição de importações. É importante conhecer detalhes 
da economia brasileira na era Vargas, sua evolução e, sobretudo, suas 
características no que tange a esse processo.
 UNIUBE 15
 1.2 Esgotamento do modelo de substituição de 
importações
Ao assumir o governo em 1956, Juscelino Kubitschek deparou com um 
quadro de desequilíbrios econômicos, tanto internos quanto externos. 
Sua opção para solucionar tais problemas foi a adoção de uma política 
assumidamente industrializadora, tendo como objetivo realizar o que seu 
slogan de campanha propunha: “50 anos em 5”. 
Com base nessa lógica, foi elaborado o Plano de Metas, cuja característica 
principal foi promover uma nova configuração para a indústria, em um 
período de tempo relativamente curto, com a articulação direta do Estado. 
Nesse sentido, a preocupação prevista no Plano de Metas era de que 
houvesse um desenvolvimento industrial completo, ou seja, que fossem 
também constituídos os segmentos produtores de bens intermediários 
e de capital.
Vale salientar que o Plano de Metas apresentava uma lógica que já ultra-
passava o mero processo de substituição de importações, uma vez que 
não se constituía apenas em uma resposta pontual ao estrangulamento 
externo.
De maneira geral, o Plano de Metas pode ser dividido em duas princi-
pais frentes de sustentação ao processo de industrialização: na primeira 
encontram-se os investimentos em infraestrutura e energia a serem 
promovidos pelo governo, sendo por ele diretamente executados ou por 
meio de empresas estatais; na segunda, os projetos destinados à insta-
lação, ampliação e modernização da produção de bens intermediários, 
de consumo duráveis e de capital, com base em uma série de incentivos 
16 UNIUBE
creditícios e cambiais. Para atender a tal propósito, o Plano de Metas 
dividiu-se em 31 metas, envolvendo cinco setores da economia: 
• energia: elétrica, nuclear, carbonífera e petrolífera;
• transporte: construção e reequipamento de estradas de ferro, cons-
trução e pavimentação de rodovias, portos e barragens, marinha 
mercante, transportes aéreos;
• indústrias de base: aço, alumínio, metais não ferrosos, cimento, 
álcalis, papel e celulose, borracha, exportação de ferro, veículos moto-
rizados, construção naval, maquinaria pesada e equipamento elétrico;
• alimentação: trigo, armazéns e silos, frigoríficos, matadouros, meca-
nização da agricultura, fertilizantes;
• educação.
A construção de Brasília aparecia nesse contexto como uma metassín-
tese. Representava o desejo da integração do território nacional, com a 
criação de um novo Brasil, cuja expansão estaria voltada ao interior, que 
seria ligado ao restante do país por meio das rodovias.
Para a execução do plano, foi criada uma série de comissões setoriais 
com a função de administrar e criar as condições necessárias para que 
cada setor atingisse suas metas. É o caso, por exemplo, do Grupo Ex-
ecutivo da Indústria Automobilística (Geia). 
Do ponto de vista dos recursos financeiros utilizados, deveriam ser 
instituídas três políticas que viabilizassem a concretização do plano: 
obtenção de recursos externos, elevação do investimento público e in-
 UNIUBE 17
centivos à ampliação dos investimentos privados. Assim, constituiu-se 
o chamado tripé econômico, base do novo modelo industrial brasileiro, 
congregando capital privado nacional, capital privado estrangeiro e capital 
estatal nacional.
Em função da reduzida capacidade para importar, problema já presente 
na economia desde o período 1954-1955, incentivou-se a entrada do 
capital estrangeiro no Brasil. O objetivo era que fossem instaladas no 
país empresas estrangeiras, preferencialmente em setores que exigiam 
maior capacidade tecnológica, a fim de que a produção interna desses 
bens proporcionasse economia das já escassas divisas. Os instrumentos 
utilizados para realizar tal política já eram velhos conhecidos na política 
econômica brasileira: as Instruções 70 e 113 da Sumoc.
No que se refere à Instrução 70, a estrutura de leilões cambiais por 
ela prevista possibilitou ao governo manipular incentivos cambiais, 
permitindo a aplicação de uma taxa de câmbio favorecida para 
importações consideradas fundamentais (petróleo, papel, trigo etc.) 
e o recolhimento pelo governo dos ágios obtidos 
nos leilões de divisas para a importação dos 
demais produtos. A situação favorecia o governo 
nos dois casos. No primeiro, permitia-lhe 
controlar importantes preços internos e, no 
segundo, lhe garantia uma fonte significativa de 
recursos fiscais e um instrumento para incentivo ao desenvolvimento 
setorial. Como o objetivo era atrair capital estrangeiro, usou-se esse 
instrumento para criar taxas de câmbio favoráveis à remessa de lucros, 
Ágio
Importância paga a 
mais pelo comprador 
sobre o valor nominal 
de um título.
18 UNIUBE
amortizações, juros, importações de equipamentos, entre outros, por 
parte das empresas estrangeiras. 
No caso da Instrução 113, que permitia a impor-
tação de equipamentos sem cobertura cambial, 
simplesmente registrando-a como capital inves-
tido no país, criava condições extremamente 
favoráveis para a entrada de equipamentos, num 
primeiro momento, e, posteriormente, para a 
remuneração dos investimentos estrangeiros 
eventualmente realizados no Brasil. Como resul-
tado, muitas empresas multinacionais vieram 
para o país.
No que diz respeito aos investimentos públicos, o Estado, além de in-
centivar, proteger e subsidiar a iniciativa privada, 
assumiu um caráter empresarial, envolvendo-se 
na construção e manutenção da infraestrutura e na 
produção de alguns insumos básicos. A ampliação 
do papel do Estado compreendeu a expansão 
das atividades de empresas estatais, a consti-
tuição de fundos de investimentos, vinculados e 
não vinculados, ou simplesmente a expansão do 
gasto público. Nesse contexto, o Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico (BNDE) assumiu o papel de agência administradora desses 
fundos. No caso específico da ampliação do papel do Estado, é bom 
lembrar que ele também se tornou responsável pelo fornecimentode 
Subsidiar
Oferecer subsídio, 
ou seja, pagamento 
efetuado pelo Estado 
a alguns segmentos 
da atividade produtiva 
do país, a fim de 
estimular a cobrança 
de preços menores 
que os custos de 
produção.
Sem cobertura 
cambial
Não há remessa de 
divisas ao exterior 
para pagamento da 
mercadoria.
Multinacionais
Empresas que operam 
com capacidade 
significativa em vários 
países.
 UNIUBE 19
insumos industriais, como aço e derivados de petróleo, às empresas 
privadas, nacionais e estrangeiras, a preço barato.
Por fim, o capital privado nacional recebeu um conjunto de estímulos 
para investimentos direcionados às áreas consideradas prioritárias pelo 
Plano de Metas. Tais incentivos incluíam de vantagens cambiais a finan-
ciamentos de longo prazo a taxas de juros negativas e longo período de 
carência, oferecidos pelo Banco do Brasil e pelo BNDE, e a reserva de 
mercado. Esta última era baseada na Lei do Produto Similar Nacional, 
que proibia a importação de produtos estrangeiros que tivessem similares 
produzidos no Brasil. Os investimentos privados, de modo geral, eram 
complementares aos investimentos das empresas estrangeiras.
Nesse sentido, um segmento da atividade produtiva que expressa com 
clareza essa nova configuração da industrialização no Brasil é a indústria 
automobilística. O Estado era responsável por oferecer incentivos, em-
préstimos a juros negativos, proteção, subsídios, insumos industriais por 
meio da Companhia Siderúrgica Nacional e da Petrobras; as empresas 
nacionais produziam autopeças e autopartes, enquanto às empresas 
estrangeiras cabia a montagem e a construção de componentes de 
maior valor agregado. Em todo esse processo ocorreu um movimento 
de desnacionalização da produção no setor, o que se repetiu em outros 
setores dinâmicos da economia, como o químico-farmacêutico, o petro-
químico, o metal-mecânico e o eletroeletrônico, entre outros.
Apesar de algumas metas propostas não terem sido alcançadas, os 
resultados do plano foram considerados satisfatórios, havendo inclusive 
setores que superaram as metas, como é o caso da construção de rodo-
vias. Do ponto de vista de sua estratégia de desenvolvimento industrial, 
20 UNIUBE
pode-se considerar que o Plano de Metas foi um sucesso, uma vez que 
a industrialização, antes resultante de estrangulamentos externos, pas-
sou a ser alvo de um projeto de orientação estatal. O crescimento ocor-
rido no período resultou da concentração de esforços e da definição de 
prioridades, com o objetivo de preencher as lacunas da cadeia produtiva. 
Como resultado final, tem-se, apesar das falhas, um sistema industrial 
integrado que superou os principais problemas nos setores produtores 
de bens de capital e insumos.
Todavia, nem todos os efeitos do Plano de Metas foram positivos. O de-
senvolvimento industrial baseado no setor de bens duráveis promoveu 
a concentração industrial – uma vez que a escala de produção exigida 
por esses setores é elevada –, a concentração de renda – dado que a 
produção é intensiva em capital com pequena geração proporcional de 
postos de trabalho –, além de promover a disparidade entre os salários 
pagos aos trabalhadores desses setores (maiores) e os trabalhadores 
ligados aos setores tradicionais da economia. 
Uma análise macroeconômica mais abrangente 
revela que os principais problemas resultantes do 
Plano de Metas estavam relacionados ao balanço 
de pagamentos, aos gastos públicos e à inflação.
O balanço de pagamentos apresentava déficits 
que vinham sendo cobertos com recursos exter-
nos, na forma de investimento direto estrangeiro 
e empréstimos de curto prazo. Com a queda no 
fluxo de recursos externos, a crise da balança 
comercial provocada pela redução do valor das 
Déficit
Saldo negativo 
do balanço de 
pagamentos.
Investimento direto 
estrangeiro
Recursos que se 
transferem de uma 
empresa para 
outro país a fim de 
estabelecer uma 
filial ou adquirir 
participação com 
poder de voto em 
empresa nacional.
 UNIUBE 21
exportações fez com que se acentuassem os resultados negativos do 
balanço. Tal situação tornou-se mais grave a partir de 1958, dado o 
aumento das importações, condição inerente ao modelo de industrial-
ização que criava outras demandas em relação a produtos vindos do 
exterior. Tal crise acabou obrigando o governo 
de Juscelino Kubitschek a declarar moratória 
em meados de 1959.
Os gastos públicos haviam saído do controle do governo, e grande parte 
dos recursos destinados aos investimentos governamentais foram obtidos 
por meio da expansão monetária, ou seja, emissão de nova quantidade 
de moeda. 
Todo esse quadro contribuía para a aceleração da inflação, que reduzia 
o poder de compra dos salários, sobretudo nas classes de renda média e 
baixa, traduzindo-se em conflitos, manifestos e greves em diversos setores.
Ao fim do mandato de JK, o Brasil podia ser considerado um país indus-
trial, mas com grande participação do capital estrangeiro. Tal situação 
provocaria o choque de forças antagônicas nos anos 1960: de um lado os 
defensores da substituição de importações; de outro os que acreditavam 
que a associação ao capital internacional era a melhor estratégia para o 
desenvolvimento industrial nacional. Nesse embate, sairia vencedora a 
tese do desenvolvimento associado e dependente.
O curto período de governo de Jânio Quadros, sucessor de Kubitschek, 
não lhe permitiu formular qualquer plano de desenvolvimento. Em seu 
lugar, após sua renúncia em agosto de 1961, apenas sete meses depois 
de sua eleição, assumiu João Goulart, o vice-presidente. Inicialmente, 
Moratória
Suspensão do 
pagamento da dívida.
22 UNIUBE
sua posse foi vetada pelos ministros militares, gerando 
uma crise política no país, solucionada parcialmente 
pela aprovação, no Congresso, de medida que im-
plantava no Brasil o parlamentarismo, restringindo 
os poderes do presidente.
O governo de João Goulart foi bastante tumultuado, 
marcado por uma forte instabilidade política, econô-
mica e social. Herdeiro que era das ideias políticas trabalhistas de Ge-
túlio Vargas, despertava a desconfiança dos representantes da direita 
brasileira de que pudesse executar no Brasil ações de caráter socialista. 
Além disso, o quadro econômico era de fato muito complicado, com 
déficit no balanço de pagamentos, queda na produção agropecuária e 
na produção industrial, elevada emissão monetária e baixo crescimento 
da economia como um todo.
Em 6 de janeiro de 1963, ocorreu um plebiscito 
nacional que definiu pela volta do presidencialismo 
como sistema de governo no Brasil. A partir de 
então, João Goulart voltou-se para a implanta-
ção do chamado Plano Trienal, cujo objetivo era combater a inflação e 
garantir o desenvolvimento com base no aprofundamento do processo 
de substituição de importações. Embora fosse um plano de caráter de-
senvolvimentista no curto espaço de tempo em que esteve em vigor, foi 
praticamente abandonado já em maio de 1963, devido à necessidade de 
se combater a grave crise inflacionária pela qual passava o país.
Uma das mudanças desejadas por João Goulart era a reforma agrária, 
por ele assinada em 13 de março de 1964, durante comício realizado 
Plebiscito
Consulta popular feita 
antes da elaboração ou 
aprovação de uma lei.
Parlamentarismo
É um sistema de 
governo em que 
o poder legislativo 
oferece a sustentação 
política ao poder 
executivo. No 
parlamentarismo, o 
poder executivo é, 
geralmente, exercido 
por um primeiro-
-ministro.
 UNIUBE 23
na estação da Central do Brasil, decretando a desapropriação das 
terras ao longo das rodovias e ferrovias em torno dos grande açudes. 
Tal atitude acelerou sua queda. Em 31 de março de 1964, João Goulart 
foi deposto pelo Golpe Militar de 1964, pelo qual implantou-se no Brasil 
um regime militar fortemente autoritário.
Com o Golpe Militar, os conflitos políticos existentes foram resolvidos de 
forma autoritária.No campo econômico, a crise, especialmente a acelera-
ção inflacionária, foi combatida com a adoção do 
Programa de Ação Econômica do Governo (Paeg). 
Considerava-se que a inflação era de demanda, 
tendo como causas principais os déficits públicos, 
o elevado volume de crédito concedido às em-
presas e os aumentos de salários em proporção 
maior que a produtividade do trabalho. Nesse 
contexto, promover a aceleração do crescimento econômico, controlar 
a inflação, reduzir os desequilíbrios setoriais e regionais, aumentar o 
nível de investimento e, portanto, do emprego, equacionar a tendência 
aos desequilíbrios externos eram os objetivos principais do Paeg. Vale 
lembrar que houve uma alteração na estratégia de combate à inflação. 
Prevaleceu a ideia de que, para haver crescimento, a inflação era uma 
consequência inevitável. Portanto, extingui-la não seria possível, devendo 
a política econômica preocupar-se em minimizar seus efeitos. Ao mesmo 
tempo, o tratamento deveria ser gradual, ou seja, mantendo a inflação 
sob controle, baixando pouco a pouco seu nível.
De maneira mais específica, as medidas de contenção da inflação do Paeg 
envolviam a redução dos déficits públicos por meio da diminuição dos gas-
Inflação de 
demanda
Elevação de preços 
provocada pelo 
excesso de demanda 
agregada em relação 
à oferta agregada.
24 UNIUBE
tos e aumento das receitas. Isso foi conseguido à custa de uma reforma 
tributária e do aumento das tarifas públicas. Conseguiu-se reduzir o déficit 
de 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB), em 1963, para 1,1% em 1966. O 
aumento da arrecadação foi transformado, posteriormente, na concessão 
de incentivos fiscais e subsídios aos setores considerados estratégicos.
Outra medida adotada foi a restrição ao crédito e monetária. As taxas de 
juros foram elevadas e, como resultado, houve o aumento das falências, 
concordatas, fusões e incorporações, principalmente nas pequenas e mé-
dias empresas, funcionando como mecanismo de geração de capacidade 
ociosa, que seria importante elemento para a retomada subsequente do 
crescimento econômico.
Como última medida, o governo passou a determinar os reajustes sala-
riais, por meio da política salarial, a fim de conter as reivindicações e 
romper as expectativas dos trabalhadores em relação a aumentos de 
salários. A consequência foi a redução do salário real. 
Vale ressaltar a reforma financeira promovida no período. De fato, no 
Brasil, naquele momento, a estrutura do sistema financeiro já se mostrava 
insuficiente para financiar o crescimento da atividade produtiva, espe-
cificamente a industrial. O objetivo da reforma era ampliar o volume de 
poupança na economia e criar mecanismos de financiamento adequados. 
A política de estabilização, promovida pelo Paeg entre 1964 e 1967, 
teve como resultado a estagnação da economia. Por outro lado, obteve 
sucesso no controle da inflação e criou as condições para a retomada 
do crescimento no momento posterior, que ficou conhecido como Milagre 
Econômico Brasileiro.
 UNIUBE 25
Entre 1968 e 1973, a economia brasileira cresceu 
a taxas elevadas, em média 10% ao ano, com 
picos de até 13%. Adotou-se então a correção 
monetária, que, ao possibilitar a prática de juros 
reais positivos, estimulava a poupança e ampliava 
a capacidade de financiamento da economia.
 SAIBA MAIS 
Você sabia que o período do Milagre Econômico destacou a economia 
brasileira, tornando-a uma das mais robustas daquela época, crescendo a 
taxas hoje comparadas às do crescimento da China? No ano de 1968, a eco-
nomia brasileira cresceu 9,8%. Em 1973, bateu seu recorde histórico de 14%!
Nesse período, criou-se também o Conselho Monetário Nacional (CMN), 
cujo objetivo era realizar o controle monetário. Ele passou a ser o 
responsável por definir as regras, metas e diretrizes da política econômica, 
agora conduzida de maneira independente. O Banco Central do Brasil foi 
criado para ser o órgão executor da política monetária e fiscalizador do 
sistema financeiro. O financiamento à habitação também foi favorecido 
com a criação do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e do Banco 
Nacional da Habitação (BNH).
Por fim, promoveu-se a reforma do mercado de capitais, a partir da qual 
o mercado tornou-se especializado e segmentado, passando a existir, 
para cada segmento do mercado de crédito, instituições especializadas. 
 SAIBA MAIS 
Você sabia que o período do Milagre Econômico destacou a economia 
brasileira, tornando-a uma das mais robustas daquela época, crescendo a 
taxas hoje comparadas às do crescimento da China? No ano de 1968, a eco-
nomia brasileira cresceu 9,8%. Em 1973, bateu seu recorde histórico de 14%!
Políticas de 
estabilização
Políticas direcionadas 
a manter o nível de 
preços sob controle.
26 UNIUBE
Assim, aos bancos comerciais caberia o crédito 
de curto prazo, com base na captação de depósi-
tos à vista; às financeiras estava reservado o 
crédito ao consumidor; os bancos de investi-
mento se ocupariam do crédito de médio e longo 
prazos; os bancos de desenvolvimento estaduais 
seriam responsáveis por financiar ações de projetos de fomento. As 
Bolsas de Valores, corretoras e distribuidoras estavam subordinadas ao 
Banco Central.
Contribuíram para esse crescimento as reformas adotadas no período 
anterior, a capacidade ociosa gerada no setor industrial e, do ponto de 
vista externo, o crescimento pelo qual passava a economia mundial no 
período.
Por outro lado, a política econômica da época estava orientada para a 
busca da expansão econômica. Os fatores que contribuíram para esse 
crescimento foram:
• retomada do investimento público em infraestrutura;
• aumento do investimento das empresas estatais, motivado pela aplica-
ção do realismo tarifário associado a uma maior liberdade de atuação; 
• aumento da demanda por bens duráveis de consumo, devido ao au-
mento do crédito ao consumidor após a reforma financeira; 
• crescimento do setor de construção civil, motivado pelos recursos do 
Sistema Financeiro da Habitação; 
Mercado de capitais
Rede de bolsas de 
valores e instituições 
financeiras (bancos, 
companhias de 
investimento e de 
seguro).
 UNIUBE 27
• elevação das exportações, motivada pelas políticas cambiais de 
minidesvalorizações que buscaram manter a taxa real de câmbio 
auxiliando o setor exportador, e os incentivos fiscais ao setor, visando 
a diversificação das exportações;
• expansão do setor de bens de capital no período de 1971-1973, atingindo 
em todo o período (1968-1973) uma média de crescimento de 18%;
• aumento do setor de bens intermediários, com média de 13,5%.
Pode-se dizer que o Milagre Econômico Brasileiro está diretamente 
relacionado à capacidade ociosa gerada no período anterior. Essa ca-
pacidade possibilitou o crescimento da produção e do emprego quando 
da recuperação dos níveis de demanda, a partir da segunda metade dos 
anos 1960. Recuperada a demanda para os bens de consumo duráveis, 
automaticamente foram estimulados os setores produtores de bens de 
capital e insumos intermediários. Aliadas a isso, as condições externas 
de demanda e internas de crédito possibilitaram ao setor produtor de 
bens de consumo não duráveis a expansão da produção e o incremento 
das exportações. 
Todavia, a elevação na renda provocada pelo crescimento acelerado 
passou a pressionar a capacidade dos setores produtores de bens de 
capital e insumos intermediários. Em razão disso, elevou-se a demanda 
por importações, gerando déficits crescentes nas contas de transações 
correntes, compensados via endividamento externo. O fato de o mercado 
financeiro internacional contar, neste período, com grande volume de 
recursos (alta liquidez) favoreceu esse endividamento. Assim, ao final 
28 UNIUBE
do período do Milagre Econômico, ocorreu uma situação de crescimento 
com endividamento. 
Um ponto que merece destaque no contexto do Milagre Econômico 
Brasileiroé a consolidação do poder estatal no controle da economia. O 
Estado controlava os principais preços (câmbio, salários, juros, tarifas) e 
respondia pela maior parte das decisões de investimento, fosse por meio 
do investimento público, fosse por meio dos incentivos fiscais e subsídios 
aos setores estratégicos. Ao mesmo tempo, adotou políticas salariais 
que implicaram perdas significativas, ampliando o conflito distributivo. 
A piora na distribuição de renda, apesar de ter sido esse o período de 
maior crescimento da economia brasileira, é a principal crítica ao Milagre. 
A partir de 1973, o crescimento da economia brasileira começou a 
declinar. Em 1974, o país foi atingido pelo primeiro choque do petróleo, 
responsável pela elevação dos custos de produção em escala mundial, 
refletindo-se em aceleração da taxa de inflação e redução dos investi-
mentos estrangeiros diretos.
É importante ressaltar que o crescimento econômico brasileiro, acele-
rado durante o Milagre, com a ocupação de toda a capacidade ociosa, 
gerou desequilíbrios refletidos na balança comercial e nas pressões 
inflacionárias. Manter o ciclo de expansão econômica dependia de uma 
situação externa favorável, o que não mais ocorria em razão do choque 
do petróleo. As transações correntes do balanço de pagamentos tiveram 
seus déficits acentuados, tanto por conta do aumento do valor das impor-
tações de petróleo, como por conta da continuidade das importações de 
bens de capital e insumos básicos, necessários para manter o nível de 
produção corrente no Milagre. Para cobrir tais déficits, foram utilizados 
 UNIUBE 29
recursos externos e reservas cambiais internas, demonstrando quão 
vulnerável estava a economia nacional. Assim, o resultado da crise do 
petróleo para o Brasil foi a piora das contas externas, novas pressões 
inflacionárias e a redução das taxas de crescimeto econômico.
Internamente, a grande questão que se estabeleceu em 1974 foi como 
enfrentar a crise. De um lado, estavam os partidários do ajustamento, que 
previam a contenção da demanda interna e a correção do desequilíbrio 
nas contas externas. De outro, os defensores de uma política de finan-
ciamento e continuidade do crescimento, operando um ajuste gradual 
dos preços enquanto existissem recursos financeiros abundantes no 
mercado internacional. 
Como alternativa a essa dicotomia, lançou-se o II Plano Nacional de De-
senvolvimento (II PND), colocado como uma estratégia de financiamento, 
mas promovendo um ajuste na oferta de longo prazo que permitisse 
reduzir as importações e melhorasse a capacidade exportadora do país, 
concomitantemente à manutenção do crescimento econômico. Na ver-
dade, o governo militar escolheu a continuidade da expansão econômica 
acreditando que a crise do petróleo teria curta duração e aproveitando-se 
do crédito internacional barato.
A estratégia implementada pelo II PND representou a última tentativa de 
manutenção do modelo de industrialização por substituição de importações. 
Promoveu uma mudança radical na estrutura de industrialização até 
então vigente no país. Ao contrário do padrão existente, o plano visava 
concentrar os investimentos no setor produtor de bens de capital e 
insumos intermediários por meio do investimento privado nacional. 
Além disso, buscava-se alterar a matriz energética, ao se reduzir a 
30 UNIUBE
dependência brasileira em relação ao petróleo e aumentar a produção 
de energia elétrica. Outro objetivo era aumentar a exportação de insumos 
industriais, minério de ferro, alumínio, aço etc. A racionalidade do modelo 
centrava-se na ideia de que os investimentos das empresas estatais 
acabariam gerando demandas que estimulariam o setor privado a realizar 
investimentos no setor de bens de capital. Diante dessa possibilidade, o 
governo concedeu diversos incentivos ao setor privado.
Para a consecução desses objetivos, houve um isolamento do Estado, 
que se transformou em empresário, fazendo uso das empresas estatais. 
Do ponto de vista dos recursos financeiros necessários, utilizou-se, em 
grande medida, dos empréstimos externos, transferidos para as empresas 
privadas nacionais via BNDES. Além disso, os empréstimos externos eram 
utilizados no financiamento das importações temporárias necessárias à 
realização dos investimentos iniciais. Como resultado, a dívida externa 
cresceu, sendo composta principalmente por tomada de empréstimos por 
parte das empresas estatais. Vale salientar que tais empresas eram 
forçadas ao endividamento externo, uma vez que 
o acesso ao crédito interno era restrito a elas. A 
busca de recursos externos cumpriria também a 
função de resolver o problema brasileiro de reduzido 
volume de divisas. Assim, tinha início o processo 
de estatização da dívida externa brasileira .
A fim de implantar o II PND, o Estado assumiu a conta, dados os baixos 
níveis das taxas de juros internacionais – enquanto elas se situavam 
nesse patamar, era possível efetuar os pagamentos dos juros, mas 
corria-se o risco de que, a qualquer momento, elas pudessem ser 
Estatização da dívida 
externa
O Estado passou a 
ser cada vez mais 
o responsável pelo 
endividamento 
externo da economia 
brasileira.
 UNIUBE 31
alteradas, devido ao seu caráter flutuante. Em futuro não muito distante, 
esse se tornaria no principal problema da economia brasileira.
 PARADA OBRIGATÓRIA
Para aprofundar seus conhecimentos, sugerimos que você pesquise so-
bre a crise e o milagre de 1960 a 1973. É importante conhecer a origem, a 
dinâmica e as consequências do Milagre Econômico na economia brasileira 
contemporânea.
No fim dos anos 1970 e início dos anos 1980, a situação da economia 
brasileira era precária. Do ponto de vista internacional, ocorreu o se-
gundo choque do petróleo e a elevação nas taxas de juros internacionais, 
principalmente por parte dos Estados Unidos, aumentando as pressões 
inflacionárias e a dívida externa brasileira, em um momento em que o 
endividamento externo do país era bastante grande. Tal situação tornou-
-se insustentável. Internamente, a situação fiscal do governo já começava 
a se deteriorar.
Em síntese, o II PND conseguiu substituir consideravelmente as impor-
tações de produtos intermediários e impulsionar a indústria nacional de 
bens de capital, porém aumentou o endividamento externo brasileiro, 
assim como as pressões inflacionárias e a concentração de renda. 
Nos início dos anos 1980, podia-se, com certeza, afirmar que o Brasil 
havia atingido a condição de nação industrializada, todavia imersa em 
uma crise de endividamento externo, que obrigou o governo a adotar 
políticas de ajuste nas contas externas, e uma forte crise inflacionária. 
 PARADA OBRIGATÓRIA
Para aprofundar seus conhecimentos, sugerimos que você pesquise so-
bre a crise e o milagre de 1960 a 1973. É importante conhecer a origem, a 
dinâmica e as consequências do Milagre Econômico na economia brasileira 
contemporânea.
32 UNIUBE
Além disso, estava inserido em um contexto internacional de restrições 
no que refere a recursos financeiros, mas era considerado amplamente 
competitivo do ponto de vista do avanço do processo de globalização. 
O quadro mais contemporâneo da economia brasileira, incluindo a crise 
dos anos 1980 e o posicionamento brasileiro no contexto econômico 
mundial durante o processo chamado de abertura comercial (década de 
1990), será nosso objeto de estudo do próximo capítulo. Até lá!
Resumo
Prezado(a) aluno(a), neste primeiro capítulo, você estudou o processo de 
industrialização nacional, de seus primórdios, quando a economia brasileira 
era, essencialmente, do tipo agrícola, até a década de 1980, quando o 
Brasil passou por uma de suas piores e mais longas crises econômicas.
Neste estudo, você aprendeu que a crise econômica mundial de 1929 
foi o estopim para o início da industrialização brasileira. Doravante, 
iniciou-se o processo de substituição de importações, cujo objetivofoi fortalecer o parque industrial interno. Entre as décadas de 1930 e 
1980, esse modelo, que substituía a importação pela produção interna, 
passou por altos e baixos. Dentre seus bons momentos está o Milagre 
Econômico da década de 1960, quando a economia brasileira cresceu 
a taxas de 10% ao ano. Por outro lado, o desenvolvimento observado 
no Milagre Econômico custou-nos caro, pois foi acompanhado pelo 
endividamento externo. Na década de 1970, com o advento das 
crises do petróleo, o Brasil mergulhou em uma das mais sérias crises 
 UNIUBE 33
econômicas de sua história, o que rendeu à década de 1980 o título 
de “a década perdida”. 
Por fim, você aprendeu que o endividamento externo, aliado aos altos 
índices de inflação, foi responsável pelo declínio do modelo de substi-
tuição de importações e acabou por estimular, na década de 1990, a 
abertura econômica – assunto que você estudará no próximo capítulo.
Referências
CARNEIRO, Ricardo. Desenvolvimento em crise: a economia brasileira no último 
quarto do século XX. São Paulo: Unesp, IE-Unicamp, 2002. 
GONTIJO, Cláudio; OLIVEIRA, Fabrício Augusto de. Subprime: os 100 dias que 
abalaram o capital financeiro mundial e os efeitos da crise sobre o Brasil. Belo 
Horizonte: Coregom, 2009.
GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de; 
TONETO JUNIOR, Rudinei. Economia brasileira contemporânea. 4. ed. São 
Paulo: Atlas, 2002. 
LANZANA, Antônio Evaristo Teixeira. Economia brasileira: fundamentos e 
atualidade. São Paulo: Atlas, 2001. 
REGO, José Márcio; MARQUES, Rosa Maria (Orgs.). Economia brasileira. 2. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2006. 
REVISTA VEJA NA HISTÓRIA. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/historia/
crash-bolsa-nova-york/brasil-crise-do-cafe-exportacoes-falencias.shtml>. Acesso em: 
20 abr. 2010.
34 UNIUBE
O Brasil e a nova 
ordem mundial
Capítulo
2
Edileuza Pereira Silva / Wilton Rezende de Freitas
Introdução
Nesta etapa de estudos, concluiremos a nossa análise a respeito 
da economia brasileira. Os últimos anos têm marcado uma série 
de transformações para o Brasil, incluindo a superação de um 
processo inflacionário crônico e de um período de baixo cresci-
mento econômico.
No início dos anos 1980, a economia brasileira passava por um 
momento de extrema crise, com causas centradas principal-
mente no endividamento externo do país, além de uma inflação 
que corroia todo o poder de compra da população, com efeitos 
mais danosos sobre aqueles que possuíam renda reduzida.
Diante desse quadro, os governos que se sucederam a partir 
do fim do regime militar adotaram o combate à inflação como 
meta prioritária. Para tanto, utilizaram-se dos chamados pacotes 
econômicos, a maioria deles baseados no congelamento de 
preços e salários. Implantados nos anos 1980 e início dos anos 
1990, tais planos não conseguiram atingir o resultado almejado 
– ou seja, controlar a inflação.
Apenas nos anos 1990, com a adoção do Plano Real, que não 
promoveu nenhum tipo de congelamento, a inflação foi contro-
lada. Todavia, o efeito da estabilização foi o baixo crescimento 
econômico.
Nesse contexto, cabe destacar que o mundo passava por trans-
formações significativas, com destaque para o processo de 
globalização em suas vertentes financeira, econômica e produ-
tiva. Tal quadro demandou que o país adotasse estratégias de 
inserção nessa nova conjuntura que se estabelecia.
É verdade que o novo contexto de globalização, ressaltadas 
as imensas vantagens que proporcionou, trouxe também a 
possibilidade de crises que se propagam mundo afora. Nos 
anos 1990 e 2000, tais crises tornaram-se fato corriqueiro, 
impondo aos governantes, inclusive no Brasil, o desenvolvi-
mento de estratégias de política econômica eficientes para 
enfrentá-las.
É esse o contexto de estudo que estamos iniciando agora. Pen-
sando em apresentar um conjunto de informações e análises 
que possam auxiliá-lo no entendimento do comportamento da 
economia brasileira na atualidade, o presente capítulo está di-
vidido em quatro itens principais: 
36 UNIUBE
a) crise dos anos 1980 e planos de combate à inflação – 
você estudará as características da economia brasileira 
nesse período, com destaque para as razões da crise pela 
qual passava o país e os planos de combate à inflação 
implantados no período; 
b) combate à inflação no Brasil nos anos 1990 – nesse 
momento, apresentaremos as políticas de combate à 
inflação no Brasil, com destaque para o Plano Real, o 
plano de maior sucesso na promoção da estabilização 
da economia brasileira; 
c) o Brasil e as transformações na economia mundial 
– será feita uma análise sobre as transformações da 
economia mundial nos últimos anos, com destaque para 
o processo de globalização e de como o Brasil se inseriu 
nesse novo contexto; 
d) o Brasil e as crises financeiras internacionais – 
mostrará as recentes crises financeiras mundiais e seus 
efeitos sobre a economia brasileira. Destacaremos as 
crises relacionadas à vulnerabilidade externa dos países 
emergentes.
Bons estudos!
 UNIUBE 37
Objetivos
Esperamos que, ao terminar o estudo deste capítulo, você seja 
capaz de:
• descrever o processo de crise da economia brasileira 
nos anos 1980; 
• definir as políticas de combate à inflação previstas nos 
planos econômicos adotados no Brasil a partir da segunda 
metade dos anos 1980;
• discutir as transformações ocorridas na economia mundial 
e seus efeitos para a economia brasileira;
• analisar as crises financeiras internacionais;
• julgar de que forma as crises financeiras internacionais 
afetaram a economia brasileira.
Esquema
2.1 Crise dos anos 1980 e planos de combate à inflação
2.2 Combate à inflação no Brasil nos anos 1990
2.3 O Brasil e as transformações na economia mundial 
2.4 O Brasil e as crises financeiras internacionais
	2.1	 Crise	dos	anos	1980	e	planos	de	combate	à	inflação
Você já ouviu dizer que, para o Brasil, a década de 1980 foi perdida? 
Pois é, os anos 1980 marcaram o fim do ciclo de expansão vivido pelo 
38 UNIUBE
país nos anos 1970. Mas o que significa dizer que a década foi perdida? 
De modo geral, o uso de tal expressão está associado a um movimento 
de retração da produção industrial e a menores taxas de crescimento 
do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Além disso, os níveis de desem-
prego eram elevados, a inflação atingia índices altíssimos e as contas 
externas eram caóticas.
Mas o que fez o Brasil chegar a tal ponto? Que caminhos foram procurados 
para solucionar tais problemas? A solução de fato foi alcançada?
A resposta para tais questões envolve o entendimento não só da situação 
brasileira no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, mas também do 
quadro apresentado pela economia mundial nesse período.
Conforme explicitado anteriormente, ao final dos anos 1970, mais es-
pecificamente em 1979, do ponto de vista interno, a situação fiscal do 
governo já era bastante precária. A carga tributária estava reduzida, o 
pagamento de juros da dívida interna havia aumentado, as estatais eram 
deficitárias e o orçamento do governo apresentava vários déficits. No 
que se refere ao setor externo, ocorreu o segundo choque do petróleo 
e a elevação das taxas de juros internacionais. Além disso, o crédito in-
ternacional tornou-se mais escasso e os prazos para pagamento, cada 
vez menores. Como o grau de endividamento do país era elevado e as 
taxas de juros flutuantes, a dívida externa brasileira aumentou. A combi-
nação de tais fatores resultou em um desequilíbrio das contas externas 
Mas o que fez o Brasil chegar a tal ponto? Que caminhos foram procurados 
para solucionar tais problemas? A solução de fato foi alcançada?
 UNIUBE 39
e no aumento significativo da inflação, que ao final do ano alcançou a 
marca de 77%. 
Diante de tal quadro, a política adotada pelo governo de João Batista 
Figueiredo, último presidente militar do Brasil, foi uma tentativa dereedi-
tar o Milagre Econômico. Nesse sentido, as medidas iniciais basearam-
-se no controle dos juros, no reajuste semestral e por faixas dos salários, 
na desvalorização cambial de 30% e na prefixação da correção monetária 
e da correção cambial para 1980 com valores inferiores aos da inflação 
de 1979. O objetivo era influenciar as expectativas inflacionárias dos 
agentes econômicos para 1980.
Os resultados do ponto de vista do crescimento 
econômico foram expressivos. Em 1980, o PIB 
brasileiro elevou-se 9,1% em relação ao ano 
anterior. Todavia, esse crescimento resultou em 
pressões sobre o Balanço de Pagamentos e em 
uma aceleração da inflação: os preços estavam 
110% mais altos ao fim de 1980. Tinha início uma 
das maiores recessões já enfrentadas pela eco-
nomia brasileira.
De modo geral, pode-se dizer que a crise dos anos 1980 apresentou 
vínculo muito forte com o endividamento externo brasileiro, que foi 
acentuado a partir de fins dos anos 1960. É preciso entender, nesse 
contexto, que havia no fim dos anos 1960 uma 
grande liquidez no sistema financeiro internacional, 
principalmente em dólares. Tal fato era decorrente 
dos déficits comerciais norte-americanos, 
Recessão
Redução no 
crescimento de uma 
economia. De modo 
geral, caracteriza-se 
a ocorrência de 
recessão quando 
o Produto Interno 
Bruto (PIB) se contrai 
por dois trimestres 
consecutivos.
Liquidez
Volume de dinheiro 
em circulação no 
mercado.
40 UNIUBE
financiados por emissões monetárias. Dito de outro modo, os Estados 
Unidos apresentavam um nível de consumo maior do que sua capacidade 
de produção. Para atender a essa expansão do mercado consumidor, 
as importações se elevaram, sendo financiadas pela emissão de dólares. 
Uma vez que bancos de diferentes países passaram a aceitar depósitos 
em dólar, houve, gradativamente, uma ampliação de recursos para 
empréstimos no mercado internacional. Tal situação acentuou-se a partir 
de 1974, quando os dólares ganhos com o petróleo pelos países árabes 
passaram a ser depositados nesse mesmo mercado.
A elevada disponibilidade de crédito no sistema financeiro internacional 
ia ao encontro das necessidades de países em desenvolvimento, que 
precisavam de recursos para financiar seus projetos de industrialização. 
O caso do Brasil não era diferente. A consequência dessa combinação foi 
o aumento do endividamento externo dos países em desenvolvimento, 
incluindo-se aí o Brasil. 
A partir de 1968 a dívida externa brasileira começou a crescer em ritmo 
acelerado, sendo, em sua maior parte, privada. Os principais tomadores 
de empréstimos eram empresas multinacionais e bancos estrangeiros. 
Com a implantação do II PND, esse quadro foi alterado e o endividamento 
externo do país passou a ser composto principalmente por empréstimos 
feitos pelas empresas estatais, uma vez que tinham mais condições de 
conseguir levantar recursos no exterior. Conforme dito anteriormente, 
promoveu-se uma estatização da dívida externa brasileira. 
O primeiro choque do petróleo, em 1973, contribuiu para o aumento do 
endividamento externo brasileiro. Os altos déficits em transações cor-
rentes foram financiados com o endividamento externo. Além disso, o au-
 UNIUBE 41
mento no preço do petróleo começou a provocar um quadro inflacionário 
mundo afora. Para enfrentar essa situação, os países desenvolvidos 
começaram a aumentar as suas taxas de juros já em 1974. O segundo 
choque do petróleo em 1979 tornou esse quadro ainda mais compli-
cado, levando a novo aumento nas taxas de juros internacionais. Nesse 
contexto, cabe destacar que o Brasil apresentava um quadro de dívida 
baseado em taxas de juros flutuantes – ou seja, a dívida externa brasileira 
era corrigida com base em uma taxa de juros variável. Quando os juros 
internacionais se elevaram em 1979, o endividamento brasileiro, e tam-
bém de outros países da América Latina, cresceu proporcionalmente.
Vale ressaltar que um ponto importante nesse quadro todo foi a mudança 
de política econômica estabelecida pelos Estados Unidos. A partir de 
1979, o Banco Central dos Estados Unidos da América (Federal Reserve 
Bank) passou a adotar uma política monetária restritiva, visando conter 
o crescente processo de elevação dos preços dentro da economia norte-
-americana. Para tanto, tornou mais restritas as condições de crédito e 
elevou as taxas de juros. Na prática, isso significou que os Estados 
Unidos passaram a absorver a liquidez internacional. Esse quadro tornou 
a situação das contas externas dos países endividados, incluindo o Bra-
sil, extremamente complicada, uma vez que au-
mentava a necessidade de divisas para o 
pagamento da dívida, que se multiplicava por 
conta do aumento dos juros americanos, e estes faziam com que os 
recursos fossem direcionados para a economia americana. 
Como resultado, os países em desenvolvimento apresentaram sérios 
problemas com a dívida externa, inclusive interrompendo seus paga-
Divisas
Moeda estrangeira.
42 UNIUBE
mentos, como é o caso do México, em 1982. Cresce, a partir de então, 
a gravidade da situação, uma vez que os credores internacionais pas-
sam a temer que outros países sigam o mesmo 
caminho do México. Assim, deixam de financiar a 
rolagem das dívidas dos países em desenvolvi-
mento. A partir de então, com o apoio de seus 
governos e do Fundo Monetário Internacional 
(FMI), os credores internacionais passam a exigir 
dos países endividados um ajuste externo para 
honrar o pagamento da dívida. 
No caso do Brasil, a redução do fluxo de empréstimos, aliada ao aumento 
nos pagamentos de juros da dívida, estrangulou as contas externas com 
a expressiva elevação nos déficits no balanço de transações correntes. O 
ajuste externo brasileiro começou a ser posto em prática no final de 1980, 
por meio de uma política de controle da demanda doméstica visando 
reduzir a necessidade de divisas. A partir de 1983, o país passou a gerar 
significativos superávits comerciais com o objetivo de pagar os juros da 
dívida. Assim, o Brasil passou a ser um transferidor de recursos para o 
exterior, e as divisas geradas pelo setor exportador eram, na sua maior 
parte, direcionadas para o pagamento da dívida externa.
Essa primeira fase do ajuste externo ocorreu de forma voluntária, ou seja, 
o Brasil não recorreu ao FMI. Todavia, a moratória mexicana, em 1982, 
interrompeu completamente o fluxo de recursos voluntários direcionados 
aos países em desenvolvimento, levando o Brasil a buscar ajuda do FMI. 
É importante lembrar que essa ajuda estava condicionada à adoção de 
uma política econômica, negociada com o Fundo, que permitisse superar 
Rolagem
Adiar pagamento 
de dívida. Consiste 
na troca de títulos 
vencidos de uma 
dívida velha por títulos 
a vencer no futuro, que 
passam a constituir 
uma dívida nova.
 UNIUBE 43
as restrições externas. Nesse sentido, as medidas adotadas pelo Brasil 
envolviam duas frentes principais: conter a demanda agregada interna e 
tornar a estrutura de preços relativos favorável ao setor externo.
O primeiro grupo de medidas expressou-se via redução dos gastos pú-
blicos, aumento da taxa de juros interna e restrição ao crédito e redução 
do salário real, que além de diminuir a demanda agregada interna pos-
sibilitou a geração de maiores excedentes para a exportação. Já no 
segundo grupo, promoveu-se a desvalorização da moeda nacional e o 
estímulo ao aumento da competitividade da indústria nacional via redução 
de alguns preços públicos e o oferecimento de subsídios à exportação.
Do ponto de vista da geração de superávits nas contas externas do país, 
as políticas acima listadas foram bem-sucedidas. Todavia, gerou-se 
uma grave recessão interna em 1981 e 1983, e 
baixo crescimento em 1982, com forte queda na 
produção de bens e serviços, aumento no nível 
de desemprego e redução na renda per capita do 
país. Além disso, a inflação acelerou-se em 1982.
Em 1984,

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