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HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
ESTADO NOVO
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1 - Abordar os aspectos políticos, culturais, econômicos e sociais da fase ditatorial do Período Vargas, conhecida
como Estado Novo;
2 - Identificar as características da nacionalidade criadas nesse período;
3 - Verificar as condições e as consequências da participação do Brasil na II Guerra Mundial.
Nesta aula, vamos abordar os aspectos políticos, culturais, econômicos e sociais da fase ditatorial do Período
Vargas, conhecida como Estado Novo (1937-1945). Apesar de sua curta duração, foi uma época de
transformações radicais da sociedade brasileira, além de nesse momento ter ocorrido a Segunda Guerra Mundial.
Que tal mergulhar de cabeça nessas histórias?
Bons estudos!
A música “Aquarela do Brasil”, de autoria de Ary Barroso, que ganhou projeção na voz de Gal Costa, é a canção
brasileira com mais de 399 regravações, de acordo com o ECAD. Mesmo que não conheça nada a respeito da
canção, de seu compositor ou da época em que foi feita, você deve reconhecê-la facilmente, certo?
Geralmente, quando um brasileiro ouve esses versos, consegue se identificar com esse país mítico, que parece
não existir em lugar algum da realidade. Mesmo que não saiba o que é um “mulato inzoneiro” ou que não seja
bom de gingas e bamboleios.
Diante disso, não seria interessante descobrir que essa canção fez parte de um projeto governamental para
“reinventar” o imaginário sobre o Brasil?
Nesta aula, estudaremos este e outros aspectos do período conhecido como Estado Novo (1937-1945), em que
Getúlio Vargas assumiu o caráter ditatorial de sua atuação política.
1 As contradições do Estado Novo
Como o próprio nome indica, o foi um momento de renovação. O país passou por um período deEstado Novo
revisão, modernizando diversos setores da sociedade.
Não que o governo de Getúlio estivesse virando as costas para o passado e olhando apenas para o futuro.
Tratava-se de lançar outro olhar sobre o que já existia, procurando reinterpretar o país.
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Contudo, nem todos os aspectos relacionados ao Estado Novo podem ser associados a valores positivos, como
modernidade e renovação. Existe outro lado deste período, bem mais sombrio, e que muitos prefeririam
esquecer.
2 Analisando os prédios
Que tal tentar pensar um pouco sobre estas faces do Estado Novo, através da observação de dois edifícios? Veja
estas fotografias:
Figura 1 - Aspectos do Palácio Capanema, sede do MES (Ministério da Educação e Saúde), no Rio de Janeiro
Figura 2 - Sede do Ministério da Fazenda, no Rio de Janeiro
Após ter observado e refletido sobre os dois prédios, o que você pensaria ao saber que ambos foram construídos
praticamente na mesma época?
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Isso mesmo: os dois edifícios foram encomendados por Getúlio Vargas durante o Estado Novo. Para sermos mais
justos, no caso do Palácio Capanema, a escolha do estilo foi feita pelo ministro da Educação, Gustavo Capanema, a
quem o nome do prédio homenageia.
Como você pode observar, a mesma época pode produzir concepções arquitetônicas praticamente opostas. E o
que é mais interessante: esses prédios não foram construídos apenas para abrigar pessoas e móveis. Eles
pretendem transmitir ideias e construir determinada imagem para o país.
3 Identificação com o nazifascismo
Getúlio, na fase inicial do Estado Novo, se identificava com o nazifascismo. Além da Alemanha, outros países com
governos autoritários eram reverenciados, como a Itália, a Espanha, a Polônia e Portugal.
Outro exemplo dessa reverência é o termo “Estado Novo”, copiado do regime instaurado pelo líder autoritário
Salazar, que governou Portugal entre 1933 e 1968 (o Estado Novo português só acabaria em 1975).
Saiba mais
O primeiro, sede do Ministério da Educação e Saúde (MES), representa o aspecto renovador e
ousado do Estado Novo. É um projeto coordenado pelo suíço Le Corbusier, um dos inventores
da arquitetura modernista.
Entre os criadores, estavam Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, que, mais tarde, idealizariam
Brasília, a nova capital do país, inaugurada em 1960. Não sem motivo, o Palácio detém o título
de primeiro edifício modernista da América Latina.
O segundo edifício não é tão conhecido, nem mesmo tem uma autoria famosa. Na época, no
entanto, é provável que muitos o preferissem ao Palácio Capanema. Afinal, ele era mais
próximo do que seria considerado um prédio “normal”.
Por outro lado, testemunha um aspecto mais sombrio do Estado Novo: sua arquitetura foi
inspirada nos novos edifícios mandados construir por Hitler, em Berlim.
Saiba mais
O Estado Novo é considerado, por essas e outras contradições, um período fascinante.
Conseguimos ver nele um momento de renovação, de intensa modernidade, mas também um
período de conservadorismo, autoritarismo e violência.
Por outro lado, é possível identificar ali a formação de uma dada face do Brasil, que sabemos
construída “para inglês (ou americano?) ver”, mas com a qual ainda podemos nos identificar.
Algo semelhante ocorre com a figura de Getúlio: seria ele o “pai dos pobres” ou um ditador
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Contudo, precisamos ficar atentos ao significado dessa identificação entre o Estado Novo brasileiro e outros
regimes autoritários. Afinal, na época que antecede a II Guerra Mundial, os governos nazifascistas ainda não
eram mal vistos. Ao contrário, também representavam certa modernidade.
Logo, o prédio do Ministério da Fazenda não era “modernista”, como o Palácio Capanema, mas poderia ser
considerado “moderno”. Afinal, simbolizava uma nova forma de organizar e conceber a política e a cultura.
4 Ajustes políticos : à direita, mas não tanto
Apesar ter criado uma Constituição, o fato é que Getúlio não faria muito uso dela durante o período ditatorial de
seu governo, preferindo administrar através de decretos-lei.
A polícia política, criada para detectar, prender e torturar os opositores do governo, foi logo posta em ação. Entre
centenas de anônimos, podemos destacar alguns presos famosos.
Algo semelhante ocorre com a figura de Getúlio: seria ele o “pai dos pobres” ou um ditador
sanguinário? Seja qual for a opção, não conseguimos ficar impassíveis.
Saiba mais
A construção do Estado Novo resultou, entre outras coisas, na criação da Constituição de 1937.
Clique no link e leia o texto para conhecer mais sobre esse ano tão marcante para o Brasil: 
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon456/docs/a02_t08_d.pdf
Saiba mais
Como vimos, as feições democráticas da Constituição eram neutralizadas pela prática
autoritária que ela mesma permitia, dando ao novo governo feições conservadoras, de direita.
Deste modo, a esquerda, sobretudo socialistas e comunistas, continuou a ser perseguida.
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon456/docs/a02_t08_d.pdf
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Saiba mais
O líder da Aliança Nacional Libertadora, Luís Carlos Prestes, ficou encarcerado durante todo o
Estado Novo. Sua companheira, Olga Benário, uma judia alemã, foi exilada para seu país de
origem, em um momento em que Hitler já estava no poder.
Como milhões de judeus, Olga foi morta em campos de extermínio durante a II Guerra Mundial.
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Por outro lado, o que pode ser muito espantoso (e até mesmo um pouco irônico) é que a Ação Integralista
Brasileira, a principal opositora dos comunistas, também passou a ser perseguida por Vargas. Aliás, os radicais
de extrema-direita foram os únicos a tentar um contragolpe, que ficou conhecido como , emLevante Integralista
1938, reagindo ao fechamento de sua organização.
Desse modo, mais adequado do que imaginar que o Estado Novo tenha sido uma vitória da direita sobre a
esquerda, é pensar que foi a busca de uma terceira via.
Assim que instituiu o Estado Novo, Vargas fechou o Congresso, que permaneceria nessas condições até o fim, em
1945. Os governadores dos estados foram substituídos por interventores de sua confiança, que receberam
bastante autonomia para agir.
A escolha dos “homens de confiança” se pautava pela capacidade técnica, e nãopela identificação com a
população. Ou seja, não era necessário ter sido democraticamente eleito para possuir aquela que era
considerada a principal virtude de um administrador: a competência.
Como milhões de judeus, Olga foi morta em campos de extermínio durante a II Guerra Mundial.
O escritor Graciliano Ramos, também preso, escreveu o livro durante oMemórias do Cárcere
período.
Em um governo que se mostrava cada vez mais autoritário, e que vinha há tempos
perseguindo os adeptos de partidos e ideologia de esquerda, isso realmente não era novidade.
Fique ligado
Esse caráter “técnico” poderia ser encontrado em toda a administração do Estado Novo,
pautando a escolha de funcionários de diversas escalas, desde ministros até assessores. No
“Brasil Novo”, não deveria haver espaço para identificação entre o povo e os políticos. Havia
apenas uma exceção, claro; o próprio Vargas.
Certamente, você já deve imaginar o papel que o culto à personalidade de Getúlio teve durante
o Estado Novo. Se os outros políticos não precisavam estar conectados com o povo, bastando
que fossem bons técnicos, o mesmo não poderia ser dito do Presidente.
Vargas surgia como o rosto do Brasil, a cabeça que coroava o corpo formado pelo conjunto de
cidadãos brasileiros. E, o que era bastante conveniente para ele, sem que precisasse ter sido
eleito por essa mesma população. A seguir, vamos ter a oportunidade de entender que
instrumentos eram usados na construção dessa imagem.
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5 Cultura de massa
Mídia impressa, rádio e cinema. Agora é o momento de nos aprofundarmos na cultura de massa, um setor do
Estado Novo fundamental para compreender seu funcionamento.
Em uma época anterior à TV e à internet, jornais e revistas ainda eram meios de divulgação centrais.
O rádio, que chegara ao Brasil na década de 1920, era considerado uma novidade. Durante o governo Vargas, ele
se desenvolveu bastante, chegando, praticamente, a todos os lugares do Brasil. Em cidades muito pequenas, a
transmissão era feita através de alto-falantes, em praça pública.
Outro meio de comunicação privilegiado era o cinema, principalmente por conta dos cinejornais apresentados
antes da atração principal. As salas de exibição eram muito mais numerosas do que hoje, sendo quase impossível
haver uma cidade no Brasil sem pelo menos um “poeira” para garantir a diversão dos moradores.
O Estado Novo utilizou e controlou todos esses meios, sendo por isso considerado um Estado moderno, que fazia
uso da tecnologia mais avançada em seu tempo.
Não podemos pensar nesse tema sem fazer referências ao Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP),
criado em 1939. Seu objetivo era investir em propaganda governamental, além de controlar, através da Censura,
o que se dizia sobre Vargas e o Estado Novo.
Sobre isso, a historiadora Maria Helena Capelato afirma:
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“Vinculado diretamente à Presidência da República, o DIP produzia e divulgava o discurso destinado
a construir certa imagem do regime, das instituições e do chefe do governo, identificando-os com o
país e o povo” (Capelato, 1999. p. 173).
Embora fosse diretamente ligado à Presidência, como nos diz a autora, o DIP também mantinha ligações com o
Ministério da Educação e Saúde (MES), que se responsabilizava pelas funções educativas dos meios de
comunicação.
Outra área de atuação do DIP foi a Rádio Nacional, a primeira emissora com transmissão unificada para todo o
território brasileiro. Através dela, foram divulgadas algumas das ideias do governo, de forma tão descontraída
que nem parecia campanha política.
Para entender melhor essa relação, você precisa saber que, nessa época, os cantores e cantoras de rádio eram
como atores de cinema e telenovela: estrelas idolatradas pelo público, com fã-clubes que brigavam entre si, como
algumas torcidas de futebol fazem hoje.
6 A área da educação
Na área de educação, Capanema tendia a discordar de Anísio Teixeira, um teórico bastante respeitado por sua
defesa da educação laica, sob a tutela do Estado, conhecida como Escola Nova.
Saiba mais
Um bom exemplo da atuação do DIP é o programa de rádio A hora do Brasil, que existe ainda
hoje, mas com o nome de A voz do Brasil. Sim, aquele mesmo que começa com um trecho da
ópera O Guarani, de Carlos Gomes, atrapalhando a audição das nossas músicas favoritas.
Para saber um pouco mais sobre ele, assista ao vídeo “A hora do Brasil” .
Interessante, não é? Além do que é dito no vídeo, devemos ficar atentos a algumas diferenças
entre o que ouvimos hoje e o que se ouvia na época.
A abertura do programa não era “Em Brasília, 19 horas”, já que esta cidade ainda não existia e
o início era um pouco mais cedo. Outra distinção estava na saudação inicial de Getúlio, sempre
se pronunciando ao povo com a expressão “Trabalhadores do Brasil”.
O mais curioso é imaginar que, diferente do que a maioria das pessoas faz hoje, desligando o
rádio, muitos corriam para ouvir A hora do Brasil e “ter o Presidente em sua sala”.
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Com atuação política na Bahia e no Rio de Janeiro, Anísio teve oportunidade de reformular a rede educacional de
ambos os estados. Depois do Estado Novo, contudo, passou a ser perseguido pelo governo, acusado de ser
“comunista”, tendo que deixar o Rio de Janeiro, onde atuava.
A opção de Capanema, porém, não foi totalmente contrária ao que postulava a Escola Nova. O ministro recorreu
a um equilíbrio entre suas ideias (educação a cargo das instituições religiosas) e a de Anísio. O Estado passou a
bancar a educação, inclusive a de ensino superior, com a criação da Universidade do Brasil (hoje, UFRJ).
As escolas preparatórias para a formação de professoras se desenvolveram, passando a privilegiar novas
técnicas educacionais. No secundário (hoje, ensino médio) foi privilegiada a educação técnica, voltada à
formação de profissionais para a indústria e o comércio.
Embora seja considerada uma opção mais avançada do que o ensino religioso, a educação técnica ficava aquém
da proposta reflexiva e filosófica da Escola Nova de Anísio Teixeira.
Contudo, ela estava de acordo com o investimento do país no setor das indústrias, como veremos agora.
7 Economia
A tendência econômica do Estado Novo foi a de proteção do produto nacional, criando condições para o
desenvolvimento industrial e para a diversificação da produção agrícola. Como nas outras áreas já debatidas
aqui, a centralização foi a regra, com decisões tomadas, sobretudo, pelo ministro Sousa Costa.
O café seguia sendo o principal produto de exportação, mas a crise de 1929 ainda mostrava seus efeitos. A
solução foi criar formas de incentivar outras áreas da agricultura, como o açúcar (que se desdobrava também no
álcool).
O grande destaque, porém, se deu na indústria. Antes do Estado Novo, o processo de industrialização se dava à
revelia do Estado, através da iniciativa privada.
Saiba mais
Com Vargas, o Estado passou a investir em indústrias de base, criando condições para o
investimento de particulares.
É dessa época a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (1940), da Companhia Vale do Rio
Doce (1942), da Companhia Nacional de Álcalis (1943) e da Hidrelétrica de São Francisco
(1945), especificamente para o abastecimento de energia elétrica da Região Nordeste.
Nesse processo, o início da II Guerra Mundial colaborou bastante, por dois motivos:
• As indústrias europeias se voltaram para os produtos de guerra, deixando o 
mercado interno brasileiro livre. Deste modo, criava-se espaço para que a 
indústria local se desenvolvesse;
• Os EUA, interessados na parceria com os países da América Latina, decidiu 
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8 Setores interligados
A sociedade é formada por setores diversos, todos eles interligados. Afinal, tudo pode estar conectado: o governo
Vargas, a II Guerra Mundial e a migração de um trabalhador rural, em busca de melhores condições de vida.
Sobre o tema da urbanização, é importante termos em conta duas formas de encarar o processo:
• Por um lado, ele é considerado benéfico, pois uma sociedade urbanizada é vista comomais moderna, 
oferecendo melhores condições de moradia, educação e saúde aos cidadãos.
• Por outro lado, quem mora em cidades grandes pode perceber, no seu dia a dia, que nem tudo do que se 
espera da vida urbana é alcançado. Ela pode ser bastante excludente, gerando miséria, falta de instrução e 
de atendimento médico. Além disso, a superlotação das cidades contribui para o desenvolvimento da 
violência e da poluição.
Enfim, fica a dúvida sobre como encarar a questão. O que você acha?
Para encerrarmos esse trecho sobre Economia, vale dar uma “espiadinha” na forma como estava a relação entre
o governo e os trabalhadores.
Na aula 1, tivemos a oportunidade de ver como os trabalhadores foram importantes para a consolidação do
poder de Vargas. Aqui, já nos referimos a esse tema de modo indireto, quando dissemos que a forma como
Vargas começava os seus discursos era: “Trabalhadores do Brasil”.
De fato, o Ministério do Trabalho foi um dos mais ativos na constituição do Estado Novo. A sindicalização, antes
compulsória, passou a ser obrigatória. As leis trabalhistas, tanto as garantidas pelas Constituições de 1934 e
1937 quanto as criadas por decretos ao longo do Estado Novo, foram reunidas em 1943.
O conjunto foi batizado de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em vigor ainda hoje, a CLT trata de assuntos
como carteira de trabalho, salário mínimo, descanso semanal, férias, trabalho feminino, entre outros.
Assim como muitos decretos criados antes, esse também foi apresentado aos trabalhadores no dia 1º de Maio,
Dia do Trabalho, o que contribuiu para que Vargas recebesse o apelido de “Pai dos Pobres”.
• Os EUA, interessados na parceria com os países da América Latina, decidiu 
estreitar laços, concedendo empréstimos e facilitando o pagamento da dívida 
externa.
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Fique ligado
Ou seja, o Presidente era visto como o protetor dos desvalidos, aquele que amparava os
homens e mulheres que precisavam sobreviver com apenas um salário. Essa é uma maneira de
encarar os fatos.
Por outro lado, devemos perceber que muitas dessas conquistas já vinham sendo exigidas
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9 A II Guerra Mundial
Você deve se lembrar de que, ao longo da aula, nos referimos em alguns momentos à simpatia de Vargas pelos
regimes autoritários nazifascistas.
Quando a II Guerra Mundial foi declarada, em 1939, a tendência de Vargas era apoiar a Alemanha de Hitler,
escolhendo o Eixo no lugar dos Aliados. Caso essa tendência se concretizasse, seria um grande golpe para os
EUA, que tendiam a apoiar o lado oposto.
Por esse motivo, houve muitos esforços diplomáticos para que Vargas mudasse de ideia, incluindo a facilitação
do pagamento da dívida externa e um empréstimo que permitiu a construção da Companhia Siderúrgica
Nacional.
Diante de tais “pressões”, Vargas decide apoiar os EUA, mandando tropas para a Europa, sobretudo para a Itália.
Por outro lado, devemos perceber que muitas dessas conquistas já vinham sendo exigidas
desde a década de 1920. Logo, Vargas entregava aos trabalhadores aquilo que eles tinham
lutado para conquistar, mas de tal maneira que parecia ser ele o grande benfeitor.
Resta decidir: a população era ingênua politicamente ou apenas fingia ser?
Talvez a resposta esteja na multiplicação dos enfoques. Deveria haver pessoas que realmente
acreditavam na bondade do Presidente, assim como outros não se deixavam enganar, sendo
inclusive punidos por expor suas ideias.
Entre um extremo e outro, é provável que muitos entendessem o jogo político de Vargas, mas o
achassem conveniente. Afinal, entre um presidente que fingia “presentear” os trabalhadores
com as conquistas que eles mesmos alcançaram e outro que sequer percebesse a sua
existência, a primeira opção poderia soar melhor.
E você, o que pensa?
Saiba mais
Esse foi o último grande conflito mundial em que o Exército brasileiro se envolveu. Se você tem
interesse em conhecer melhor a atuação do Brasil na guerra, assista ao documentário Senta a
pua! (Erik de Castro, 1999), sobre a Força Aérea Brasileira (FAB): (acesso em 16 jan. 2014).
Na abertura do filme, existe uma explicação sobre o título, um grito de guerra utilizado entre
os soldados.
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10 O fim da guerra
Com o fim da guerra, e consequente derrota do Eixo, Getúlio ficou em uma posição política delicada.
Ele, que tinha se inspirado nos regimes nazifascistas para construir o Estado Novo, enviara tropas para lutar
contra esses mesmos regimes, ajudando a derrotá-los. Diante dessa situação, seria difícil sustentar seu próprio
governo.
Fora isso, internamente os arranjos conquistados no início do regime se desfaziam. Aqueles que haviam aceitado
o Estado autoritário em nome da paz e da segurança já não percebiam mais a utilidade dessa forma de governo,
acreditando que o país poderia continuar a se desenvolver de forma democrática.
Diante das pressões, Getúlio convocou eleições e concedeu anistia aos presos políticos, além de permitir a
organização de partidos.
O PCB, com Luís Carlos Prestes livre, voltou a atuar. Foram criados: a União Democrática Nacional (UDN) -
liberal, de oposição a Getúlio -, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Democrático (PSB),
ambos de situação.
As massas se agitaram em prol da continuidade de Getúlio no poder, o que ficou conhecido como “Queremismo”,
movimento apoiado pelo PTB e pelo PCB .
Antes que Getúlio desse um Golpe novamente, as forças de oposição se uniram, exigindo sua deposição, o que foi
alcançado em 29 de outubro de 1945.
Chegava ao fim um período de 15 anos em que Vargas estivera à frente da Presidência. Como você pode
acompanhar nesta aula e na anterior, foi um período agitado, cheio de disputas, em que muitas coisas mudaram
no Brasil.
E o saldo, foi negativo ou positivo? Como sempre, a resposta depende da forma como se olha a questão.
Saiba mais
Leia a reportagem “Palácio Capanema, um marco estético mundial”, disponível aqui. (Acesso
em 16 jan. 2014). https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2013/04/1269952-palacio-
capanema-um-marco-estetico-mundial.shtml
Conheça mais sobre as cantoras do Rádio, lendo: As divas do rádio nacional, de Ronaldo Conde
Aguiar (Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2010).
Para conhecer mais sobre a perseguição aos comunistas durante o Estado Novo, assista aos
filmes:
Olga (Jayme Monjardim, 2004);
Memórias do cárcere (Nelson Pereira dos Santos, 1984).
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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• O retorno da democracia ao Brasil;
• As principais características dos presidentes do Período Democrático;
• O conceito de populismo.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Acompanhou a formação do Estado Novo e suas contradições;
• Analisou a importância dos meios de comunicação de massa para a consolidação do poder de Vargas;
• Entendeu como a II Guerra Mundial contribuiu para o fim do regime.
Referências
AGÊNCIA BRASIL. Mudanças no trânsito do Rio para o carnaval são divulgadas pela prefeitura. Disponível .aqui
Acesso em 16 jan. 2014.
ALÔ, AMIGOS! Walt Disney, 1942. Disponível . Acesso em 16 jan. 2014.aqui
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http://www.rjnoticias.com/2013/01/mudancas-no-transito-do-rio-para-o-carnaval-sao-divulgadas-pela-prefeitura/
https://www.youtube.com/watch?v=lUMuOXpij6s
	Olá!
	
	1 As contradições do Estado Novo
	2 Analisando os prédios
	3 Identificação com o nazifascismo
	4 Ajustes políticos : à direita, mas não tanto
	5 Cultura de massa
	6 A área da educação
	7 Economia
	8 Setores interligados
	9 A II Guerra Mundial
	10 O fim da guerra
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO
	Referências