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SISTEMA URINÁRIO Rim, ureter, bexiga e uretra Morfologia Glomérulos Tufo complexo, contorcido, de capilares endoteliais fenestrados unidos por uma estrutura celular de apoio na matriz glicoproteica, o mesângio. • As células mesangiais são células mesenquimais pluripotentes, contráteis e fagocíticas, capazes de sintetizar colágeno e matriz mesangial, assim como secretar mediadores inflamatórios; • Sua principal função é de filtrar o plasma para manter a homeostasia iônica e osmótica no sangue; • Impermeável a moléculas grandes, como a albumina e hemoglobina, e proteínas grandes, como as imunoglobulinas. Interstício Estroma de tecido conjuntivo fibrovascular relativamente escasso, se apresenta principalmente como uma malha reticular fina encontrada ao redor e entre os túbulos uriníferos. • Microscopicamente, o interstício renal é composto de fibroblastos, tecido conjuntivo e matriz extracelular que oferecem a maioria do suporte para o tecido intersticial; • Os glicosaminoglicanos secretados como parte da matriz extracelular (ECM) aumentam com a idade e dano isquêmico; • As células no interstício, particularmente na medula, são responsáveis pela produção local de prostaglandinas. FUNÇÕES Regulação da pressão arterial Renina + Angiotensinogenio Angiotensina I ECA + Angiotensina I Angiotensina II (vasoconstrição nas arteríolas e secreção de Aldosterona* (aumenta a reabsorção de Na+; e estimula a liberação de ADH**) aumento da PA. *Aldosterona: diminui a excreção de sódio e aumentar a excreção de potássio. **ADH: Atua na reabsorção de água ADH + Aldosterona = a água e o sal ficam retidos no sangue, aumentando o volume sanguíneo, normalizando a PA. FUNÇÕES Regulação do balanço acidobásico Controla o balanço ácido-básico ao excretar urina ácida ou básica. O HC03- (bicarbonato) é filtrado continuamente para os túbulos, se suas quantidades forem excretadas na urina, removem base do sangue. Além disso, grandes quantidades de H+ (íon hidrônio) são secretadas no lúmen tubular pelas células epiteliais tubulares, removendo assim ácido do sangue. Assim, se for secretado mais H+ do que HC03-, ocorrerá perda real de ácido do líquido extracelular. Por outro lado, se for filtrado mais HC03- do que H+ é secretado, ocorrerá perda real de base. FUNÇÕES Conservação da água Reabsorção pelos túbulos contorcidos proximais, o mecanismo contracorrente da alça de Henle, a atividade do hormônio antidiurético (ADH) nos túbulos distais e o gradiente de ureia na medula. • Capaz de absorver mais de 99% da água do filtrado glomerular. FUNÇÕES Regulação da produção de eritrócitos • Secretam a eritropoetina que estimula a produção de hemácias pelas células-tronco hematopoéticas na medula óssea; • Estímulo importante para secreção de eritropoetina pelos rins é a hipóxia; • Os rins normalmente produzem e secretam quase toda a eritropoetina da circulação. FUNÇÕES Regulação do cálcio e fosfato • Os rins produzem a forma ativa de vitamina D; • O calcitriol (atua no transporte do cálcio) é essencial para a absorção de cálcio pelo trato gastrointestinal e pela deposição normal de cálcio nos ossos; • O cálcio é inversamente proporcional ao fosfato (hiperfosfatemia hipocalcemia). FUNÇÕES Gliconeogênese • Durante o jejum prolongado, os rins sintetizam glicose a partir de aminoácidos e outros precursores; • A capacidade dos rins de adicionar glicose ao sangue, durante períodos prolongados de jejum, equivale à do fígado. Importância da prostaglandina • As células do interstício, dos ductos coletores e da parede das artérias renais podem sintetizar prostaglandinas, que são produtos da ação das ciclooxigenases; • Em situações de hipotensão, nos rins, as prostaglandinas atuam como vasodilatadoras, aumentando a perfusão renal. • Essa vasodilatação atua como uma contrarregulação de mecanismos, culminando com uma compensação para assegurar o fluxo adequado ao órgão. • AINEs inibem a biossíntese de prostaglandinas envolvidas na manutenção do fluxo sanguíneo renal vasoconstrição intensa e continua hipóxia. Regulação da FG (Filtração Glomerular) Intensidade da filtração glomerular = quantidade de filtrado glomerular formado a cada minuto Determinada pela pressão glomerular, pressão coloidosmótica do plasma e pressão na cápsula de Bowman. Afetadas pelo fluxo sanguíneo renal, constrição da arteríola aferente e constrição da arteríola eferente. • O controle da intensidade da filtração glomerular e do fluxo sanguíneo renal é realizado no interior dos rins por mecanismos locais de feedback; • O mecanismo mais importante de autorregulação do fluxo sanguíneo é o mecanismo vasodilatador da arteríola aferente; • Mecanismo de feedback vasodilatador da arteríola aferente e o mecanismo de feedback vasoconstritor da arteríola eferente autorregulação da intensidade da filtração glomerular pelo néfron. Controle hormonal A função renal está sob o controle de três hormônios importantes: o hormônio antidiurético (ADH) ou vasopressina, a aldosterona e o paratormônio (PTH). • ADH: O hormônio antidiurético atua nos rins promovendo a reabsorção de água; • ALDOSTERONA: atua para diminuir a excreção de sódio e aumentar a excreção de potássio no rim, glândulas sudoríparas e glândulas salivares. A aldosterona também conserva o sódio no cólon; • PTH: é secretado pela paratireoide. Sua secreção é estimulada pela hipocalcemia e pela hiperfosfatemia. A excreção de cálcio e fósforo na urina é regulada pelo PTH. Além de aumentar a conservação de cálcio pelos rins, também estimula a conversão, nos rins, do 25hidroxicolecalciferol em 1,25dihidroxicolecalciferol, que é a forma ativa da vitamina D, responsável por formar a calmodulina, proteína ligadora de cálcio nas células do epitélio intestinal, aumentando a absorção de cálcio pelo trato intestinal. O PTH também diminui a reabsorção de fosfato pelos túbulos renais, aumentando sua excreção pela urina. Insuficiência Renal • Pode ser aguda (azotemia) ou crônica (uremia); • Pode ser causada por fatores pré-renais (perfusão renal comprometida), intrarrenal (função renal comprometida), ou pós-renal (obstrução do trato urinário). Achados clínicos de AZOTEMIA Ureia e creatinina elevadas UREIA (75% eliminada na urina) Metabólito da amônia A principal função do ciclo da ureia é eliminar a amônia tóxica do corpo. → Lesão cáustica do epitélio da cavidade oral e estômago, que ocasiona a formação de úlcera, é secundária a produção de grandes concentrações de amônia após a degeneração da ureia salivar ou gástrica por bactérias. CREATININA (100% eliminada na urina) Metabólito residual da fosfocreatina (principal fonte de energia para os músculos Desta forma, a síntese e liberação de creatinina pelo músculo são praticamente constantes. Visto que a creatinina não possui valor para o organismo, ela é rapidamente filtrada pelos rins e excretada na urina. Quando a função renal está comprometida, essa excreção é reduzida e os níveis no sangue tendem a se elevar. Achados clínicos de UREMIA Ureia e creatinina elevadas + Sinais clínicos e/ou sistêmicos HIPERFOSFATEMIA Inversamente proporcional ao cálcio Hipocalcemia estimula a produção de PTH (hiperparatireoidismo renal secundário ) reabsorção de tecido ósseo e substituição por tecido conjuntivo fibroso (mandíbula de borracha) Por mais que haja PTH, não há como produzir vitamina D ou excretar fósforo na urina (considerando rins doentes). A única ação que o PTH consegue exercer é retirar o cálcio do osso. Com isso, o cálcio se acumula nos tecidos moles. Resumo de lesões não renais da uremia e azotemia Anomalias • Aplasia/agenesia deficiência evolutivade um (hipertrofia compensatória) ou ambos os rins (incompatível com a vida), de modo que nenhum tecido renal reconhecível esteja presente, Dobermann, Pinscher e Beagle e em suínos Large White; • Hipoplasia menor número de néfrons, lóbulos e cálices, pode ser uni ou bi, não pode ser confundido com hipotrofia (Na atrofia é possível observar pontos de fibrose, superfície irregular por substituição do parênquima renal por fibrose); • Cistos renais solitários ou múltiplos; • Displasia alterações no desenvolvimento do parênquima renal durante o período embrionário, Lhasa Apso, Shih Tzu e Terriers. Aplasia/agenesia Hipoplasia Cistos Renais • Os cistos solitários localizam-se mais frequentemente na cortical. Ocorrem nos suínos, bovinos, cães e, raramente, nos gatos; Macro: Cápsula transparente ou esbranquiçada e opaca e contêm líquido semelhante à urina; Micro: membrana conjuntiva revestida por epitélio cúbico com compressão do parênquima renal adjacente. • Os rins policísticos apresentam seu parênquima substituído por formações císticas numerosas, pequenas e coalescentes; • São mais comuns em bezerro, suíno e gato, mas pode estar presente em qualquer espécie animal; Macro: O rim, quando seccionado transversalmente, apresenta aspecto semelhante a favo de mel. Os cistos apresentam diâmetro que varia de alguns milímetros a 3 cm e contêm líquido semelhante à urina. Micro: os cistos são observados nas regiões cortical e/ou medular e suas paredes são constituídas por tecido conjuntivo fibroso revestido internamente por células cúbicas ou achatadas. O tecido renal adjacente também pode mostrar sinais de atrofia por compressão. Cistos Renais • Os cistos de retenção constituem uma lesão adquirida; • Podem ser numerosos ou não e geralmente são menores que os cistos congênitos; • Localizam-se nas regiões cortical e/ou medular; • Estão presentes nas doenças renais crônicas que resultam em compressão e obstrução dos túbulos renais por tecido conjuntivo fibroso com dilatação da porção tubular anterior à obstrução. • Microscopicamente, os cistos adquiridos são delimitados por epitélio tubular achatado ou cuboide de permeio com a grande quantidade de tecido conjuntivo fibroso. Cistos Renais Displasia Renal • Deve ser diferenciada da fibrose renal, da hipoplasia renal e da nefropatia progressiva juvenil; • A displasia pode ser uni ou bilateral, podendo afetar todo o rim ou ser focal; • “Mandíbula de borracha”. Macro: superfície irregular, branco, firme e menor. Micro: glomérulos e túbulos imaturos, aumento do interstício. O número de néfrons, lóbulos e cálices é normal, o que diferencia a displasia renal da hipoplasia. Alterações circulatórias • Processos inflamatórios agudos: nefrites, GN • Processos septicêmicos: erisipela, colibacilose, leptospirose • Rins avermelhados • Insuf. cardíaca congestiva • Compressão ou trombose das veias renais e cava caudal • Rins escuros • Flui sangue ao corte Hiperemia X Congestão • Necrose papilar; • Nefrose/necrose tubular aguda; • Hidronefrose; • Fibrose Renal. Alterações degenerativas Necrose Papilar • É uma resposta de isquemia da medula interna necrose da medular interna; • Necrose papilar pode ser uma lesão primária ou secundária; • Pode levar a hidronefrose por desprendimento do parênquima necrosado obstruindo o ureter. Primária Ocorre muito frequentemente em cavalos tratados por períodos prolongados com fenilbutazona ou flunixin meglumine e é importante em cães e gatos devido à ingestão acidental ou pelo tratamento com ibuprofeno, aspirina ou acetaminofeno em dosagens excessivas. As células intersticiais medulares são alvos primários das papilotoxinas. Essas células sintetizam as prostaglandinas, fatores anti-hipertensivos, e a matriz de glicosaminoglicanos do interstício medular. O dano às células do interstício diminui a síntese de prostaglandina, que reduz o fluxo sanguíneo normal e causa isquemia, aumenta o transporte tubular, e modifica a matriz intersticial; o efeito em rede são as alterações degenerativas nas células epiteliais tubulares na medula interna. Além de seu efeito inibidor da biossíntese de prostaglandina, o acetaminofeno também causa dano oxidativo direto ao epitélio tubular medular após a ligação covalente com as células, futuramente se tornando necrose de papilas renais. Pode estar associado a gastrite, pois a prostaglandina é responsável por estimular a produção do muco protetor Micro: Necrose e alteração vascular. Necrose/Nefrose Tubular Aguda Processo degenerativo das células tubulares que pode causar subsequente necrose tubular. • Uma das causas mais importantes de IRA; • Resultado de um insulto tóxico (nefrose tóxica exógena ou endógena) ou isquêmico (nefrose isquêmica) ao rim; • A nefrose caracteriza-se morfologicamente pela destruição das células do epitélio tubular e clinicamente por supressão da função renal, com oligúria ou anúria e consequente azotemia ou até uremia. • O tempo de exposição, a quantidade, a solubilidade e o tipo de nefrotoxina, em adição a outros fatores, tais como o estado de saúde prévio do animal e sua hidratação, determinam a gravidade e a reversibilidade da doença. Isquêmica • Ocorre por hipotensão grave, devido a hemorragias extensas e/ou intensas, desidratação e anemias e por insuficiência cardíaca congestiva; • Geralmente rompe a membrana basal FIBROSE Liberação elevada de sódio para a mácula densa vasoconstrição da arteríola aferente através de um feedback tubuloglomerular reduz a pressão dos capilares glomerulares e, assim a TFG aumento da permeabilidade paracelular e subsequente vazamento retrógrado do filtrado glomerular do lúmen tubular para o espaço extracelular, e por fim para a corrente sanguínea necrose descamação obstrução do lúmen Macro: Tumefeito e sem a capsula apresenta-se brilhante e liso. Micro: Degeneração e perda das vilosidades, necrose de coagulação, membrana basal rompida (tubulorrexia, lesão característica da isquêmica) Nefrotóxica • Os rins desempenham papel importante na biotransformação de muitas drogas e tóxicos; • A nefrose pode ser reversível, mas a preservação da membrana basal é necessária para a regeneração epitelial; • Toxicas endógenas (Hemoglobina e Mioglobina) ou exógenas (antibiótico, chumbo, micotoxina, quimioterápicos, etc.). Nefrotóxica - Endógena HEMOGLOBINA Associada a uma crise hemolítica intravascular aguda (p. ex., intoxicação crônica pelo cobre em ovinos, leptospirose, babesiose, hemoglobinúria bacilar devida ao Clostridium hemolyticum, hemoglobinúria pós-parturiente, transfusão de sangue incompatível). Normalmente, a hemoglobina liberada das hemácias circulantes é convertida em pigmentos biliares nas células do sistema reticulo endotelial. Se a hemólise exceder a capacidade desse sistema de remover a hemoglobina, esta se acumulará no sangue (hemoglobinemia) até que seja filtrada e se acumule nos túbulos renais, ou seja, eliminada pela urina (hemoglobinúria). Nefrotóxica - Endógena MIOGLOBINA Pode estar presente na mioglobinúria paralítica dos equinos, na miopatia por captura de animais selvagens, nos traumas musculares graves e nas miopatias nutricionais difusas causadas por deficiência de vitamina E e selênio (doença do músculo branco). Nesses estados, elevadas concentrações séricas de mioglobina são filtradas, acumulando-se nos túbulos renais. A mioglobina é uma molécula menor que a hemoglobina, sendo mais facilmente filtrada. Assim, pode haver mioglobinúria sem que os níveis de mioglobina plasmática estejam muito elevados. Nefrotóxica - Endógena Micro: Presença de hemoglobinúria ou mioglobinúria (pigmentam a urina). Necrose de coagulação; degeneração; perdadas vilosidades, membrana basal rompida (fibrose) Macro: Rins enegrecidos Nefrotóxica –Exógena ANTIBIÓTICOS Gentacina, tetraciclina, sulfonamidas entre outros. MICOTOXINAS Acratoxina (Aspergillus; fungo no milho) e Penicillium. ANTIFUNGICOS a anfotericina B é um agente antifúngico que causa vasoconstrição da arteríola aferente, diminuindo o fluxo sanguíneo renal e a filtração glomerular. METAIS PESADOS mercúrio inorgânico, arsênico inorgânico, chumbo (projéteis), cádmio e tálio. QUIMIOTERÁPICOS Cisplatina. Hidronefrose Se refere à dilatação da pelve renal e atrofia renal associada. Pode resultar de anomalias congênitas (estenose do ureter; deslocamento de rim; etc.) ou por outros fatores (Hiperplasia prostática*, neoplasias, paralisia da bexiga, cálculos). CAUSA: Ocorre uma sobrecarga de volume por conta de uma obstrução parcial ou completa do fluxo de saída da urina, causando um aumento progressivo na pressão pélvica. A urina é reabsorvida nos rins, gerando pressão no interstício e compressão vascular, o que leva a hipóxia e consequente atrofia (perda do parênquima renal). *Hiperplasia prostática Anatomicamente, a próstata envolve a uretra. Conforme a próstata cresce, mais comprimida fica a uretra, até o ponto de haver completa obstrução da passagem da urina. A urina que não é drenada vai se acumulado dentro das vias urinárias, podendo chegar até os rins, um quadro que chamamos de hidronefrose. Fibrose Renal (cicatrização) Reposição do parênquima renal por tecido conjuntivo fibroso. Pode ocorrer após um dano isquêmico, destruição tubular por microrganismos infecciosos, ou exposição a um número limitado de nefrotoxinas. Macro: pálidos, diminuídos, firmes, cápsula aderida e atrofia Micro: Aumento do tecido conjuntivo intersticial, ausência de túbulos renais, atrofia acentuada dos componentes do néfron e infiltrado inflamatório mononuclear Podemos utilizar coloração de Manson (cora o colágeno em azul) para identificar áreas de fibrose no parênquima renal. Fibrose intersticial, atrofia tubular e infiltração de células inflamatórias intersticiais (linfócitos e plasmócitos). Os corpúsculos renais possuem glomérulos contraídos com aumento de volume da matriz mesangial e cápsulas de Bowman espessadas. Alterações Inflamatórias • Nefrite intersticial; • Nefrite embólica supurativa; • Nefrite granulomatosa; • Glomérulo nefrite; • Pielonefrite. Nefrite intersticial Infiltrado inflamatório no interstício e nos túbulos renais • A nefrite intersticial tradicionalmente é associada a um infiltrado linfoplasmocitário – MONONUCLEAR • É a forma mais comum de nefrite e está associada a leptospirose, leishmaniose, circovirose, entre outras. • Ocorre como resultado de septicemias bacterianas e infecções virais. A. Nodularidade da superfície capsular (direita) devido a fibrose intersticial cortical e comprimento reduzido do córtex (atrofia) (esquerda). B. Grande número de linfócitos e plasmócitos expandem o interstício (setas) entre os túbulos renais. Coloração por HE. C. Esta lesão é caracterizada por fibrose cortical e medular, graus variáveis de atrofia tubular, e infiltrado intersticial de células mononucleares. Coloração tricrômico de Masson. D. Leptospirose, cão. As estrias e focos pálidos no córtex, especialmente próximos à junção corticomedular, são principalmente infiltrados linfoplasmocíticos intersticiais acompanhados por fibrose. Nefrite embólica supurativa É o resultado de uma bacteriemia na qual as bactérias se alojam aleatoriamente nos capilares glomerulares e, em uma extensão menor, nos capilares e arteríolas intersticiais causando múltiplos focos de inflamação (microabscessos) por todo o córtex renal. Pode ocorre no garrotilho (Streptococcus Equi), endocardite, onfaloflebite, actinobacilose de potros (Actinobacillus equuli). Macro: múltiplos focos aleatórios, elevados, são observados subcapsulares e sobre a superfície de corte por todo o córtex renal. Micro: os capilares glomerulares contêm diversas colônias bacterianas misturadas com debrís necróticos e infiltrados extensivos de neutrófilos, que frequentemente obstruem o glomérulo, levando a hidronefrose. Também pode ocorrer hemorragia glomerular ou intersticial. A, Múltiplos focos necróticos brancos, pequenos, e abscessos estão presentes de modo subcapsular. B, Secção dorsal. Abscessos de tamanhos variáveis estão disseminados por todo o córtex (setas). C, Bactéria causadora (seta) entra no rim através da vasculatura (bacteremia) e se aloja nos capilares dos glomérulos, onde se replicam e induzem necrose e inflamação. Nefrite Granulomatosa É uma doença intersticial que geralmente acompanha doenças sistêmicas crônicas, que são caracterizadas por granulomas múltiplos em vários órgãos. Pode ser causada por fungos como Aspergillus sp., Phycomycetes, ou Histoplasma capsulatum; parasitas (Toxocara sp. e Angiostrongylus vasorum larvas/ovos); bactérias como Mycobacterium bovis; vírus como o coronavírus felino (PIF) e circovírus suíno. Macro: focos granulomatosos pequenos, cinza-esbranquiçados nódulos grandes multifocais e as vezes coalescentes, especialmente o córtex. Os focos geralmente são granulares e podem ter centros calcificados, caseosos. Micro: focos centrais de necrose com números variáveis de infiltrado inflamatório mononuclear, cercadas por macrófagos epitelióides, tecido conjuntivo fibroso e células gigantes. A, Estriações corticais estão obstruídas por focos granulomatosos coalescentes. B, Córtex. Infiltrado inflamatório intersticial misto (macrófagos, linfócitos, e ocasionais células gigantes multinucleadas [seta]) com atrofia tubular renal. Glomérulo Nefrite Imunomediada A patogênese da glomerulonefrite imunomediada envolve a deposição de complexos imunes solúveis no interior dos glomérulos ou a presença de anticorpos anti-membrana basal glomerular. • Ocorre em associação com infecções persistentes e que resultam em antigenemia prolongada. • O glomérulo renal favorece a deposição dos imunocomplexos, pois é um local com alta pressão associada a ultrafiltração. Macro: A glomerulonefrite imunomediada não altera significativamente o aspecto macroscópico dos rins, o qual depende da gravidade e da extensão das lesões glomerulares e do estágio agudo ou crônico da doença. Os rins podem apresentar-se pálidos ou com coloração normal e com glomérulos visíveis como pontos vermelhos no córtex (com exceção dos equinos). Na fase crônica da doença, o rim apresentasse diminuído de volume e com superfície irregular; ao corte, o córtex pode estar adelgaçado, e os glomérulos visíveis como pontos acinzentados e pálidos. Nesse estágio, a glomerulonefrite é indistinta macroscopicamente da nefrite intersticial crônica. Microscopia da glomérulo nefrite Microscopicamente, a glomerulonefrite pode ser classificada quanto à lesão dos glomérulos em: • Membranosa: predomina o espessamento da membrana basal capilar e da cápsula de Bowman. É a forma mais comum de glomerulonefrite imunomediada em gatos – ABAIXO DO EPITÉLIO VISCERAL. • Membranoproliferativa: estão presentes tanto a hipercelularidade quanto o espessamento da membrana basal e da cápsula de Bowman. É a forma mais comum de glomerulonefrite imunomediada em cães – ACIMA DAS CÉLS ENDOT. • Glomeruloesclerose: caracterizada por fibrose intersticial e periglomerular e por focos de infiltrado linfocitário e plasmocitário no interstício. Os glomérulos diminuem de tamanho e apresentam-se hialinizados pela presença de tecido conjuntivo fibroso no mesângio. Os glomérulos se tornam hipocelulares e afuncionais. A glomeruloesclerose não é apenas o estágio terminal da glomerulonefrite, mas pode estar presente em consequência de qualquer insulto crônico com perda dafunção glomerular. Pode também ser encontrada em cães e gatos com diabetes mellitus, em que há progressiva hialinização do mesângio glomerular, pela deposição de material glicoproteico. A natureza imunomediada da glomerulonefrite é confirmada por imunofluorescência ou por técnicas imunohistoquímicas. A, Proliferativa. Hipercelularidade do glomérulo devido ao número elevado de células mesangiais. C, Membrano Proliferativa. Hipercelularidade do glomérulo devido ao número elevado de células Mesangiais e espessamento hialino generalizado de membranas basais de capilares glomerulares. D, Glomeruloesclerose. Hipocelularidade, encolhimento e hialinização por um aumento no tecido conjuntivo fibroso e matriz mesangial, e perda quase completa de capilares glomerulares. A glomerulonefrite imunomediada pode ocorrer em todas as espécies domésticas e é causada por: • Cães: hepatite infecciosa canina, piometra, prostatite, lúpus eritematoso sistêmico, erliquiose, leishmaniose e neoplasias (caninos); • Gatos: leucemia felina, peritonite infecciosa felina e neoplasias (felinos); • Bovinos: diarreia viral bovina, mamites, metrites, tripanossomíase e piometra; • Equinos: anemia infecciosa (equinos), Strepto spp. • Suínos: peste suína africana e circovirose (suínos). PATOGENIA: Os imunocomplexos se depositam na membrana basal glomerular, onde ativam o complemento. O complemento libera anafilotoxinas que ativam basófilos, os quais liberam histamina, que aumenta a permeabilidade capilar. Anafilotoxinas do complemento e basófilos atraem neutrófilos, os quais lesionam a membrana basal. A membrana basal lesionada altera a filtração do plasma sanguíneo. As células endoteliais lesadas secretam TGF-β para o espessamento da membrana basal por meio de fibrose. Também secretam IL-6, estimulando o crescimento autócrino. Como citado, a membrana basal glomerular é lesionada, o que altera a filtração. Com isso proteínas plasmáticas (como albumina) são perdidas na urina (proteinúria). A perda de albumina diminui a pressão osmótica do plasma, levando ao edema e ascite. Há também redução do volume sanguíneo, diminuição da filtração glomerular, retenção de ureia e creatinina, azotemia e hipercolesterolemia (devido à queda da pressão osmótica o fígado produz mais lipoproteínas aterosclerose). SISTEMA COMPLEMENTO E A HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO III A hipersensibilidade do tipo III é conhecida também como hipersensibilidade mediada por imunocomplexos. Os imunocomplexos formados pela combinação de anticorpos com antígenos ativam a via clássica (ativada por anticorpos ligados a antígenos) do complemento. O complemento ativado gera peptídeos quimiotáticos que atraem os neutrófilos, os quais liberam oxidantes que causam inflamação e destruição tecidual. A intensidade e a importância das reações dependem da quantidade e do local de deposição dos imunocomplexos. Podem ocorrer reações locais (dentro dos tecidos) ou dentro da corrente sanguínea (quando o antígeno é administrado por via intravenosa). Imunocomplexos gerados na corrente sanguínea são depositados nos glomérulos renais (glomerulonefrite), nos próprios vasos sanguíneos (vasculite) ou nas articulações (artrite). BONUS Em situação normal os imunocomplexos, se ligam ao C3b do complemento, que se liga ao eritrócito pelo receptor de complemento CR1. Com isso, eritrócitos ligados a imunocomplexos são carreados para o fígado, onde ocorre a fagocitose do imunocomplexo pelas células de Kuppfer. Na ausência dos componentes do complemento (quando há excesso de imunocomplexos), os imunocomplexos se acumulam nos tecidos. A lesão causada pelo deposito de imunocomplexo ocorre da seguinte forma: Após a injeção do antígeno, eles (antígenos) se difundem para os vasos sanguíneos, onde encontram anticorpos para formar os imunocomplexos, os quais se depositam nas células endoteliais vasculares. Componentes do complemento também serão depositados neste ponto. Macrófagos se ligam aos receptores Fc e do complemento no imunocomplexo, produzindo óxido nítrico, leucotrienos, prostaglandinas, citocinas e quimiocinas. O complemento libera anafilotoxinas (C3a, C4a e C5a) que atraem neutrófilos e basófilos. Os basófilos liberam mediadores (histamina) que causam inflamação e recrutam mais neutrófilos. Os neutrófilos secretam enzimas e intermediários reativos de oxigênio que causam lesão tecidual. Pielonefrite É a inflamação da pelve e do parênquima renal (túbulos e interstício) resultante da ascensão de infecção do trato urinário inferior, embora possa também ocorrer raramente por infecção hematogênica e por parasitas que se alojam na pelve renal, como o Dioctophyme renale, que parasita cães. • Devido a localização anatômica do trato reprodutor e urinário inferior feminino, as fêmeas são mais propensas a infecção ascendente (cistite). • Pode ser resultado de infecções por E. coli, Sthaphylococcus spp, Strep sp, Enterobacter sp, Corynebacterium renale e Truepella pyogenes. A patogenia da pielonefrite ascendente depende do refluxo anormal de urina contaminada por bactérias do trato inferior à pelve renal e ductos coletores (refluxo vesicoureteral). Normalmente, ocorre um pequeno refluxo vesicoureteral durante a micção. O refluxo vesicoureteral ocorre mais prontamente quando a pressão está elevada dentro da bexiga urinária, assim como na obstrução uretral. A infecção bacteriana do trato urinário inferior pode acentuar o refluxo vesicoureteral por diversos outros mecanismos: • Quando a parede vesical está inflamada (cistite), a competência normal da válvula vesicoureteral pode estar comprometida devido ao espessamento da mucosa por células inflamatórias e edema. Este resultado aumenta a oportunidade de haver o refluxo de urina. • Endotoxina, liberada por bactérias Gram-negativas infectando o ureter e bexiga, pode inibir o peristaltismo ureteral normal, aumentando o refluxo. O trato urinário possui algumas características protetoras no local para auxiliar a prevenção de colonização bacteriana, incluindo: • Mucoproteínas na superfície do revestimento urotelial da mucosa que não permite a aderência bacteriana. • Descamação progressiva das células uroteliais superficiais para minimizar a colonização da superfície. • Metaplasia de células caliciformes com produção de muco acentuada. • Fagocitose por células uroteliais superficiais da mucosa. • Produção de IgA de mucosa, bactéria-específica, pode bloquear a adesão e colonização por bactérias. As bactérias que colonizam a pelve renal podem infectar prontamente a medula interna. A medula é altamente susceptível à infecção bacteriana devido a: • Um suporte sanguíneo ruim. • Elevada osmolaridade intersticial e/ou osmolaridade que inibe a função de neutrófilos. • Grande concentração de amônia que inibe a ativação do complemento. Macro: As membranas mucosas pélvica e ureteral podem estar agudamente inflamadas, espessadas, vermelhas, ásperas ou granulares e revestidas com um fino exsudato. A pelve e os ureteres podem estar dilatados acentuadamente e ter um exsudato purulento no lúmen. A crista medular (papila) geralmente está ulcerada e necrótica. Micro: necrose do epitélio de transição e tubulares com extensão de colônias bacterianas, fibrina e quantidades variáveis de neutrófilos dentro dos túbulos e interstício. As lesões podem ser acompanhadas por hemorragias e edema intersticiais. A, Secção dorsal, cão. Inflamação pélvica extensiva destruiu áreas (cinza-esbranquiçadas) de medula interna e se estende, de modo focal, para a medula externa. B, Secção dorsal, vaca. Cálices renais na vaca contem exsudato supurativo (seta). C, Cão. Existe a inflamação intratubular e intersticial com necrose tubular, caracterizada por infiltrados, principalmente, de neutrófilos (setas). Coloração por HE. Pielonefrite Crônica, Rim, Cão. A,Observar as duas grandes cicatrizes polares como endentações grandes na superfície capsular (seta). Os finos pontos cinzas são regiões de infiltrados inflamatórios crônicos e fibrose. B, Secção dorsal. Cicatrizes corticais estão localizadas nos polos renais (seta), porém existe um padrão finamente pontilhado de nodularidade e fibrose no rim remanescente. Este padrão polar de cicatrização sugere crise de pielonefrite anterior. UROLITÍASE A urolitíase é a presença de pedras ou cálculos (urólitos) no sistema urinário coletor. • Os urólitos se formam quando fatores familiares, congênitos e fisiopatológicos ocorrem juntos e causam a precipitação de metabólitos excretórios na urina em cálculos visíveis macroscopicamente. • As doenças causadas por urólitos estão entre os problemas mais importantes do trato urinário de animais domesticados, especialmente bovinos, ovinos, cães e gatos, e são de menor importância em cavalos e suínos. Dálmatas • Mais comum em machos e, principalmente, em gatos. Quando ocorre a obstrução ou disúria em fêmeas, os cálculos geralmente são grandes e localizados na pelve renal ou vesícula urinária. • A supersaturação da urina com os componentes de sais formadores de cálculo, é o precursor essencial para a iniciação da formação do urólito (nucleação). Localizações mais frequentes: • Gatos: uretra • Cães: base do osso peniano • Carneiros: uretra e apêndice vermiforme (processo uretral) • Touros: uretra, arco isquiático, flexura sigmoide Macro: cálculos são estruturas esféricas ou ovoides rígidas, com um ninho central, cercados por lâminas concêntricas, uma casca externa e cristais de superfície. Os cálculos de vesícula urinária podem ser únicos ou múltiplos, de tamanhos variados e podem ter superfícies lisas ou rugosas e podem ser sólidos, macios ou friáveis. Além disso os animais que morreram por obstrução urinária têm as bexigas urinárias muito distendidas, túrgidas ou rompidas e podem ter ureteres e pelve renal bilateralmente dilatados. A parede da bexiga é delgada e geralmente possui equimoses mucosas a transmurais ou hemorragias difusas. Quando a urina é liberada da vesícula urinária, devido a ruptura ou incisão em cirurgia ou autópsia, a parede da bexiga está flácida, a mucosa geralmente está vermelha escura e ulcerada, e a urina contém coágulos de sangue. Ulceração de mucosa, hemorragia localizada na lamina própria, e necrose de mucosa geralmente estão presentes no ureter, vesícula urinária ou uretra adjacente a um cálculo obstrutivo ou plug uretral. Se a vesícula urinária se rompe ante mortem, coágulos sanguíneos e fibrina estão aderidos no local da ruptura, e em alguns casos há uma peritonite química aguda, localizada A, Ovino. Múltiplos cálculos estão presentes na uretra peniana (seta) e processo uretral (apêndice vermiforme). B, Aspecto ventral, cão. Os cálculos se alojaram na uretra, proximal à terminação caudal do orifício peniano (seta). C, Gato. Cálculos estão presentes por toda uretra peniana, muitos caudais ao orifício uretral externo na ponta do pênis. A, Urolitíase obstrutiva. A bexiga está superdistendida e túrgida como resultado da obstrução uretral. Observar a serosa e intramuscular equimóticas e hemorragia sufusiva no colo e ápice da bexiga. B, Urolitíase, cistite hemorrágica aguda. A hemorragia transmural difusa grave por toda a parede da vesícula urinária é secundária ao bloqueio da uretra por cálculos e distensão da vesícula urinária.
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