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22/02/2023 1 Alergia, Hipersensibilidade Alergia, Hipersensibilidade e Intolerância Alimentar.e Intolerância Alimentar. DENISE CARREIRODENISE CARREIRO NUTRICIONISTA CRN3NUTRICIONISTA CRN3--2729 2729 www.denisecarreiro.com.brwww.denisecarreiro.com.br @denise_carreiro_nutricionista@denise_carreiro_nutricionista 22/02/2023 2 Produto Alimentício Ultraprocessado Estamos nos alimentando cada vez mais e nos nutrindo cada vez menos! O reducionismo nutricional fez com que nutrientes isolados passassem a ser considerados mais importantes que os alimentos. Vitaminas Minerais Ácidos graxos Carboidratos Aminoácidos Água Compostos bioativos Comportamento AlimentarComportamento Alimentar 22/02/2023 3 A alimentação se tornou um segmento bilionário para a indústria. Todos os recursos lúdicos começam a ser utilizados para modificação dos comportamentos alimentares da época. 22/02/2023 4 As mulheres saem de casa para trabalhar e o consumo de alimentos industrializados fica cada vez maior. As margarinas e gorduras hidrogenadas são oferecidas em larga escala, principalmente nos produtos ultraprocessados. A Dieta Atkins atinge 25 milhões de americanos. Começa o consumo de vitaminas e minerais em cápsulas. O consumo de trigo refinado era 30,6 kg/hab/ano; já em 2003 o consumo per capita/ ano chega a 59,05 kg. Fonte: IBGE, CONAB. Elaboração: Embrapa Trigo/Socioeconomia Reações Adversas aos Alimentos (RAA) É a denominação empregada para qualquer reação anormal à ingestão de alimentos ou aditivos alimentares, independente de sua causa. São classificadas em: tóxicas e não tóxicas. As reações não tóxicas são aquelas que dependem de uma susceptibilidade individual e podem ser classificadas em imuno-mediadas (alergia ou hipersensibilidade alimentar) e não imuno-mediadas (intolerância alimentar). Há várias interpretações na identificação de alergias e intolerâncias alimentares. Alergia ou Hipersensibilidade Alimentar (AA) é a denominação utilizada para as RAA, que envolvem mecanismos imunológicos, resultando em grande variabilidade de manifestações clínicas. 22/02/2023 5 Antígenos Alimentares Os alimentos representam um dos maiores desafios antigênicos para o sistema imunológico. Natural para o organismo: nutriente Macro molécula protéica: antígeno Alimentos “potencialmente” antigênicos: Os alimentos com maior potencial antigênico são aqueles cujas proteínas são de difícil digestão: Leite de vaca Soja Amendoim Trigo / glúten Ovo Peixes e frutos do mar !!!! Entre a década de 60 e 70 iniciou-se um grande programa de aprimoramento genético do trigo para torná-lo mais produtivo, mais resistente a doenças e com maior teor de glúten para panificação e industrialização. Este movimento foi considerado como uma Revolução Verde. O cruzamento genético entre as espécies do Triticum aestivus (hibridização) resultou em uma nova espécie que atendia com sucesso todos os objetivos iniciais. Entretanto não foram consideradas estas novas características para o consumo humano. Os geneticistas presumiram que estas modificações genéticas não afetariam os seres humanos. Em recente análise as características das proteínas do trigo hibridizado, comparadas com as amostras das plantas originais demonstraram que, apesar de cerca de 95% das proteínas expressas nos descendentes serem as mesmas, cerca de 5% são únicas, não sendo encontradas nos seus progenitores. Com a hibridização, as proteínas do trigo sofreram uma alteração estrutural que resultou em 14 novas variedades de glúten. Quando comparadas com espécies mais antigas, as novas variedades expressam maior quantidade de glúten que estão associadas à Doença Celíaca. 22/02/2023 6 Aprimoramento genético & Aumento de consumoAprimoramento genético & Aumento de consumo Atualmente, a qualidade comercial do trigo é determinada pela sua Força de Glúten (W), que consiste na maior quantidade da proteína. A força de glúten é determinada pela energia gasta para expandir a massa (farinha + água) até sua ruptura. O glúten forma uma rede que retém os gases produzidos na sua fermentação e sustenta o crescimento da massa. Atualmente, 86% do trigo é destinado à indústria de panificação, massas e biscoitos, e somente 50% do consumo é produzido no Brasil. O aprimoramento genético das culturas permitiu um aumento de 20 vezes no teor de glúten nos últimos 40 anos. Média Mundial de Consumo: 2004 - 60 Kg/ ind./ano 2011 - 80 Kg 2015 - 98 Kg Fonte: AGRIANUAL 2015 BRASIL – 2015> 60Kg/ind./ano Sendo 27 Kg pão francês Fonte: Embrapa Trigo Em estados do Sul/ Sudeste o consumo de trigo é maior que o consumo de arroz. Ano Área (mil ha) Produção (mil t) Consumo (mil t) Consumo per capta (kg/hab/ano) Estoque final (mil t) 2009/10 225.587 687.633 649.514 95,7 203.659 2010/11 216.847 649.460 653.296 95,2 199.035 2011/12 220.979 6978.320 690.028 99,4 198.928 2012/13 215.897 658.600 687.170 97,9 177.650 2013/14 219.655 715.080 690.760 97,4 194.798 2014/15 221.520 727.979 700.274 97,6 217.694 2015/16 225.062 736.970 708.988 97,8 242.855 2016/17 222.507 754.995 735.788 100,4 258.558 2017/18* 220.322 743.179 736.471 99,5 264.690 TRIGO – BALANÇO MUNDIAL Fonte: AGRIANUAL (2018) @ Previsão feita em agosto de 2017 22/02/2023 7 Endosperma Farelo Gérmen Farinha de TrigoFarinha de Trigo Amidos ± 65-75% Amidos ± 65-75% Proteínas ± 10-15% Proteínas ± 10-15% Água ± 15% Água ± 15% Refino Solúveis em álcoolSolúveis em álcool Insolúveis em álcoolInsolúveis em álcool GliadinaGliadina Peptídios tóxicosPeptídios tóxicos Frações tóxicas associadas a D.C. e demais reações adversas ao glúten GluteninasGluteninas AlbuminasAlbuminas Glúten 80-90%Glúten 80-90% GlobulinasGlobulinas alfa beta gama e omega gliadina α GLIADINA 22/02/2023 8 A presença de peptídeos da gliadina também altera a expressão da zonulina, quebrando as junções entre as células intestinais; o glúten do trigo moderno é uma proteína de difícil digestão para qualquer pessoa. O seu consumo frequente, e na maior parte das vezes, em alta quantidade pode facilmente causar uma quebra da tolerância imunológica e, a partir daí, as reações contra o glúten, assim como a outros antígenos e toxinas, dependerá basicamente da predisposição genética, do equilíbrio nutricional e da tolerância imunológica do indivíduo; O consumo per capta de leite no Brasil chega a 100 litros/ ano e atualmente, está em 180 litros. (IBGE) O leite passa a fazer parte da cadeia de alimentos industrializados como proteína liquida e barata. O consumo de legumes, verduras e frutas entra em declínio; a indústria cria produtos vitaminados, fortificados, enriquecidos para passar a idéia que a substituição é possível. Os nutrientes se tornam mais importantes que os alimentos. A indústria alimentícia utiliza mais de 4.000 aditivos químicos. 22/02/2023 9 Existem vários fatores de risco modificáveis de DCNT’s, entre os quais a dieta desempenha um papel principal, sendo o alto consumo de leite e seus derivados, incluindo aí suplementos alimentares à base de leite, um dos mais relevantes. Leite e produtos lácteos foram identificados como potentes secretagogos de insulina, pois seu consumo estimula a hiperinsulinemia aguda. Pesquisas em humanos e em ratos relatam que a hiperinsulinemia regular leva à resistência à insulina. Snijder et al. descobriram que o maior consumo de laticínios foi significativamente associado a níveis mais altos de glicose em jejum em uma amostra da Holanda, onde o consumo de laticínios é geralmente alto. Além disso, Lawlor et al. examinaram a relação entre o consumo de leite e a resistência à insulina e a síndrome metabólica em 4.024 mulheres britânicas. Observou-se que mulheres que nunca beberam leite tinham níveis mais baixos de HOMA IR, eram menos propensas a ter DM2 e eram menos propensas a manifestar a síndrome metabólica do que mulheresque bebiam leite regularmente. O consumo de leite foi medido nominalmente (ingestão de leite versus nenhuma ingestão de leite), evitando assim a determinação de uma relação dose-resposta. Os laticínios são considerados como tendo um índice glicêmico relativamente baixo, no entanto, o índice insulinêmico tem se mostrado três a seis vezes maior do que o esperado com base no índice glicêmico dos alimentos lácteos, sugerindo que há um componente insulinotrópico nos produtos lácteos. Assim, embora tenha sido estabelecido que a hiperglicemia crônica possa levar à resistência à insulina, já está comprovado que a hiperinsulinemia crônica também pode levar à redução da sensibilidade à insulina. Níveis elevados de aminoácidos interferem no metabolismo normal da glicose, particularmente em indivíduos com sensibilidade à insulina reduzida, levando à resistência à insulina. Portanto, o alto consumo de proteínas lácteas pode exacerbar a resistência à insulina. 22/02/2023 10 Como sugerido por Augustin et al em 2002, a ligação entre uma dieta de alto IG e diabetes pode estar relacionada a picos elevados de glicose no sangue pós-prandial, mas também a um aumento na demanda de insulina. A resistência à insulina e a hiperinsulinemia são frequentemente observadas concomitantemente e as concentrações elevadas de insulina causam resistência à insulina. De fato, a hiperinsulinemia - quando induzida experimentalmente por um período de 48–72 h em condições normoglicêmicas - pode induzir resistência à insulina em indivíduos saudáveis . É bem conhecido que diferentes proteínas alimentares diferem em seu efeito sobre o metabolismo da glicose em humanos, e vários aminoácidos são potentes na estimulação da secreção de insulina. O polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) e o peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1) são liberados em resposta a uma refeição e aumentam a secreção de insulina, e a proteína demonstrou aumentar a resposta do GIP em ambos os pacientes diabéticos tipo 2 e indivíduos saudáveis. Vários aminoácidos são estimuladores potentes da liberação de insulina, tanto quando tomados como uma proteína por via oral ou quando infundidos por via intravenosa, e certos aminoácidos (por exemplo, os aminoácidos de cadeia ramificada) são mais insulinogênicos do que outros. Van Loon et al mostraram que a resposta à insulina em indivíduos saudáveis foi positivamente correlacionada com leucina, fenilalanina e tirosina plasmáticas quando ingeridas por via oral na forma de bebidas em combinação com glicose. 22/02/2023 11 Além disso, concluiu-se que os hidrolisados de proteína estimulam a secreção de insulina em maior extensão do que a proteína intacta, devido a um aumento mais rápido nas concentrações de aminoácidos plasmáticos pós-prandiais. Além disso, Calbet e MacLean descreveram uma relação estreita entre a resposta à insulina e o aumento na resposta de aminoácidos plasmáticos, especialmente para leucina, isoleucina, valina, fenilalanina e arginina. Esses achados indicam que o padrão pós-prandial dos aminoácidos plasmáticos pode ser um fator importante para as propriedades insulinogênicas das proteínas alimentares. Estudos mostraram que dos sete aminoácidos que atingiram os maiores incrementos após a refeição de soro de leite, os aminoácidos de cadeia ramificada (leucina, valina e isoleucina), lisina e treonina são conhecidos por maior estimulo da secreção de insulina. A alanina também pode ter efeitos insulinotrópicos em condições experimentais selecionadas, assim como a arginina já citada. Além de estar relacionado diretamente a ação dos aminoácidos, o efeito insulinotrópico das proteínas do leite pode estar relacionado aos peptídeos bioativos presentes no leite ou formados durante a digestão no intestino delgado. Uma possível via no caso dos peptídeos pode incluir a ativação do sistema das incretinas. Estudos anteriores mostraram uma resposta de insulina estimulada por proteínas em pacientes diabéticos tipo 2 e indivíduos saudáveis que não acompanhava o aumento de aminoácidos na circulação, o que sugere também o envolvimento dos hormônios incretinas na liberação de insulina estimulada por proteínas. Estudos também mostraram que o soro de leite induz uma resposta GIP particularmente elevada, em relação ao consumo de outros alimentos protéicos. Portanto, a maior resposta do GIP após o soro do leite pode ter sido um fator que contribui para a elevada resposta insulínica pós-prandial observada. Assim como o soro de leite, o leite e o queijo também apresentaram efeito insulinogênico, embora de menor magnitude do que o soro. Pode-se concluir que as proteínas alimentares diferem em sua capacidade de estimular a liberação de insulina, possivelmente por afetar de forma diferente as concentrações pós-prandiais iniciais de aminoácidos insulinotrópicos e hormônios incretinas. 22/02/2023 12 As proteínas do leite são de “não digestão” (como as β-lactoglobulinas do soro do leite) e as de “difícil digestão”, que são a maioria presentes no mesmo. Esse fato associa essas proteínas à maior ação antigênica, sendo um fator facilmente desencadeante de inflamação crônica subclínica, principalmente ligado a um consumo frequente. É sabido que substâncias pró-inflamatórias podem alterar receptores de insulina e causar resistência à insulina em pessoas predispostas geneticamente. Portanto, a associação das ações insulinogênicas e alterações nos receptores de insulina se somam para desencadear as ações deletérias do consumo frequente de laticínios no desencadeamento e manutenção da RI e de diversas DCNT’S. Formação de Opióides Peptídeos da caseína e do glúten, chamados de “caseomorfina” e “gluteomorfina” ou “gliadomorfina”: essas substâncias são chamadas de morfina “like”. Ao atravessarem a barreira hematoencefálica, podem ocupar os receptores das aminas biológicas naturais e modificar o comportamento. Podem afetar a aprendizagem, a interação social, a função imunológica, a função motora e a sensorial. Geram vício, pois, num primeiro momento dão a sensação de bem-estar (opióides). Caseomorfina: tyr-pro-phe-pro-gln-pro-ile Gluteomorfina: tyr-pro-gln-pro-gln-pro-phe 22/02/2023 13 “Papel dos peptídeos opióides derivados do leite e da Prolina Dipeptidil Peptidase-4 (DPP IV) no Autismo”. Publicado na revista Nutrients em 04/01/2019. Tem sido amplamente discutido que indivíduos com TEA/ TDAH podem ter sintomas gastrointestinais não diagnosticados, além de outros sintomas e hipersensibilidades, que são os efeitos da ingestão de caseína e glúten. Essa teoria opióide do autismo também foi comprovada por estudos farmacológicos. Peptídeos opióides exógenos liberados durante a digestão de proteínas dietéticas, como caseína e glúten, foram relacionadas com o desenvolvimento do TEA/TDAH, reforçando a hipótese de excesso de opióide nestes transtornos. Caseomorfina: tyr-pro-phe-pro-gln-pro-ile Gluteomorfina: tyr-pro-gln-pro-gln-pro-phe Um dos peptídeos derivados do leite mais biologicamente ativos são as β- casomorfinas (BCMs), em particular, A β-casomorfina-7 (BCM-7; YPFPGPI) que faz parte da caseína presente no leite bovino. BCM-7 tem a capacidade de ultrapassar a barreira intestinal e pode induzir efeitos biológicos através dos receptores opióides (MORs) nos sistemas imunológico e nervoso. 1-Leboyer, M.; Bouvard, M.P.; Launay, J.M.; Recasens, C.; Plumet, M.H.; Waller-Perotte, D. Opiate hypothesis in infantile autism? Therapeutic trials with naltrexone. Encephale 1993, 9, 95–102. 2-Brantl, V.; Teschemacher, H.; Henschen, A.; Lottspeich, F. Novel opioid peptides derived from casein (-casomorphins). I. Isolation from bovine casein peptone. Hoppe Seylers Z Physiol. Chem. 1979, 360, 1211–1224. 3-Cieslinska, A.; Kostyra, E.; Kostyra, H.; Olenski, K.; Fiedorowicz, E.; Kaminski, S. Milk from cows of different -casein genotypes as a source of -casomorphin-7. Int. J. Food Sci. Nutr. 2012, 63, 426–430. 22/02/2023 14 Além disso, descobriu-se que a BCM-7tem uma ação inflamatória no sistema gastrointestinal e pode contribuir para a etiologia da alergia alimentar (4,6). Estudos in vitro demonstraram que a BCM-7 pode alterar a proliferação de linfócitos e a liberação de marcadores inflamatórios (6,7). Níveis elevados de BCM-7 foram observados no soro e na urina de pacientes com TEA em vários estudos independentes (7,8). A presença de peptídeos opióides derivados do leite é confirmada no leite bovino (3), no leite materno (quando a mãe ingere leite de vaca), nas fórmulas infantis, queijos e iogurte (9,10,11) e nos suplementos ricos em proteína para esportistas (12). 4-Fiedorowicz, E.; Kaczmarski, M.; Cie´sli ´ nska, A.; Sienkiewicz-Szłapka, E.; Jarmołowska, B.; Chwała, B.;Kostyra, E. - casomorphin-7 alters -opioid receptor and dipeptidyl peptidase IV genes expression inchildren with atopic dermatitis. Peptides 2014, 62, 144–149. 6-Pal, S.; Woodford, K.; Kukuljan, S.; Ho, S. Milk intolerance, beta-casein and lactose. Nutrients 2015, 7,7285–7297. 7-Fiedorowicz, E.; Jarmołowska, B.; Iwan, M.; Kostyra, E.; Obuchowicz, R.; Obuchowicz, M. The influence of -opioid receptor agonist and antagonist peptides on peripheral blood mononuclear cells (PBMCs). Peptides 2011, 32, 707–712. 7-Reichelt, K.L.; Knivsberg, A.M. Can the pathophysiology of autism be explained by the nature of the discovered urine peptides? Nutr. Neurosci. 2003, 6, 19–28. [ 8- Sokolov, O.; Kost, N.; Andreeva, O.; Korneeva, E.; Meshavkin, V.; Tarakanova, Y.; Dadayan, A.; Zolotarev, Y.; Grachev, S.; Mikheeva, I.; et al. Autistic children display elevated urine levels of bovine casomorphin-7 immunoreactivity. Peptides 2014, 56, 68–71. 9-Sienkiewicz-Szłapka, E.; Jarmołowska, B.; Krawczuk, S.; Kostyra, E.; Kostyra, H.; Iwan, M. Contents of agonistic and antagonistic opioid peptides in different cheese varieties. Int. Dairy J. 2009, 19, 258–263. 10-De Noni, I.; Cattaneo, S. Occurrence of -casomorphins 5 and 7 in commercial dairy products and in their digests following in vitro simulated gastro-intestinal digestion. Food Chem. 2010, 119, 560–566. 11-Jarmołowska, B.; Kostyra, E.; Krawczuk, S.; Kostyra, H. -Casomorphin-7 isolated from Brie cheese. J. Sci. Food Agric. 1999, 79, 1788–1792. 12-Wociór, A.; Iwan, M.; Kostyra, H.; Kostyra, E. Opioid activity of high-protein supplement for sportsmen. Pol. J. Food Nutr. Sci. 2008, 58, 247. Pat Lazarus, 1997: A cura da Mente através da terapia nutricional. Dr. Abran Hoffer, 1999: ABC do Dr. Hoffer de Nutrição Natural para Crianças: Com Deficiências de Aprendizagem, Distúrbios Comportamentais e Disfunções do Estado Mental. Dra. Doris Rapp, 1992: Is This Your Child? Descobrindo e Tratando Alergias Irreconhecidas em Crianças e Adultos. Dr. Willian Shaw, 2002: Tratamentos biológicos para o autismo e PPD. 22/02/2023 15 30 22/02/2023 16 Os principais alérgenos do leite de vaca – α-lactalbumina, β-lactoglobulina, albumina sérica, caseínas, albuminas séricas bovinas e outros podem determinar reações alérgicas por diversos mecanismos. Todo o leite e produtos lácteos comercializados passaram por processamento industrial que envolve aquecimento, filtração e desengorduramento. O processamento do leite resulta em alterações estruturais das proteínas imunomoduladoras, leva a uma perda de compostos lipofílicos na matriz e, consequentemente, a uma maior alergenicidade dos produtos lácteos processados industrialmente. Assim, a capacidade tolerogênica do leite cru da fazenda, associada às proteínas do soro de leite α-lactoalbumina e β-lactoglobulina e seus ligantes lipofílicos, é perdida. Conclusão: O espectro de mecanismos imunopatogênicos subjacentes à alergia ao leite de vaca é amplo. O leite de vaca fresco não processado, como o leite materno humano, contém vários fatores tolerogênicos (direcionados ao bebê bezerro) que são prejudicados pelo processamento industrial. Mais estudos com foco nas consequências imunológicas do processamento do leite são necessários para entender em uma base molecular até que ponto os procedimentos de processamento transformam compostos únicos do leite em alérgenos. 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Bebidas a base de soja litros Fonte: ABIR – Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas - 2019 22/02/2023 17 O consumo de refrigerante per capita chega a 74,7l/hab/ano; na década de 1970 era apenas 1,7l. Em 2010 chegou a 89l/pessoa/ ano e em 2014 diminuiu para 81l. (fonte: ABIR - 2019) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Consumo per capita de refrigerantes Brasil 62 litros/ano (água 54 litros/ano) Consumo mundial per-capita de legumes de 1961 a 1988, kg/ha Gardner & Harweil 2000 22/02/2023 18 Estudo publicado no Journal of American Medicine Association JAMA 17 de Fevereiro de 2010. Estudo com 5000 crianças, acompanhadas durante 6 anos. Incidência de Doenças Crônicas não Transmissíveis, em crianças de 2 a 8 anos. 12,8%12,8% 26,6%26,6% Comentário do Dr. Jeanne Van Cleave, chefe do estudo, pediatra do Hospital Geral De Crianças de Boston. “As crianças vão demandar um acesso contínuo aos serviços de saúde, mas com um bom tratamento, muitos desses problemas podem ser controlados e até desaparecer”. O Comportamento Alimentar é determinante para um adequado desenvolvimento físico, mental e emocional. 22/02/2023 19 Alergia/ Hipersensibilidade Alimentar Hipócrates, o pai da medicina, que viveu na Grécia há 2400 anos atrás, afirmava que as doenças originavam-se da natureza e por ela poderiam ser curadas, através do equilíbrio com o meio ambiente, os alimentos ingeridos e com a paz de espírito. "Para mim parece que ninguém teria procurado por remédios, uma vez que o mesmo tipo de dieta tinha servido o homem na saúde e na doença" "Deixe sua comida ser seu remédio e seu remédio ser sua comida“ Na mesma época Lucrecius escreveu: "O que é comida para um, é para outros amargo veneno“ Moses Maimonides (1135-1204) disse: "Nenhuma doença a qual possa ser tratada por dieta, poderá ser tratada por algum outro meio“. Receptor de Insulina IRS1 Receptor de Insulina IRS1 Glut- 4 Glut- 4 Glut- 4 Glut- 4 insulina insulina insulina glicose glicose glicose glicose glicose glicose 22/02/2023 20 Receptor de Insulina IRS1 Receptor de Insulina IRS1 Glut- 4 insulina insulina insulina glicose glicose glicose Aumento da gordura abdominal: visceral e subcutânea. ↑Sódio/ ↓Ca/ ↑Urato ↑HmgCoa Redutase: colesterol ↑Triglicerídeos Desregulação hormonal. Glicotoxicidade ↑LPL SUBST.PRÓ INFLAMATÓRIAS IL6, IL1, TNF-α Antígenos / LPS Reações Adversas aos AlimentosReações Adversas aos Alimentos Tóxicas Não Tóxicas, Não Tóxicas, dependem de uma suscetibilidade individualdependem de uma suscetibilidade individual Independem da suscetibilidade individual Intolerâncias: não mediadas pelo S. Imune Intolerância à lactose (enzimática) Intolerância à cafeína e à histamina (ação farmacológica) Reações a aditivos químicos Macrófagos Células T citotóxicas Resposta celular IgA IgD IgE IgG IgM Resposta humoral anticorpos Mecanismos de Mecanismos de hipersensibilidadehipersensibilidade Gel e Gel e CoombsCoombs tipo:tipo: I, II, III e IVI, II, III e IV3 a 6% das 3 a 6% das A.A.A.A. Reação Reação histamínicahistamínica Imediata, Imediata, IgEIgE Reação tardiaReação tardia InflamatóriaInflamatória IgGIgG, , IgMIgM e C’e C’ Alergias: Mediadas pelo Sistema Imune 22/02/2023 21 A resposta imunológica do organismo contra determinado antígeno, depende de uma série de fatores, tais como: Predisposição genética (determinada pela epigenética). Tipo de antígeno, dose e porta de entrada Competência do sistema imune Integridade orgânica funcional Equilíbrio nutricional ALIMENTOS QUE CONTÉM ADITIVOS MAIS RELACIONADOS A REAÇÕES ADVERSAS. Corantes (C, inclui-CII)Refrescos/Refrigerantes, iogurtes, leites aromatizados e fermentados, gelatinas, pó para pudim e similares, sorvetes, chocolates, bolachas recheadas, balas, chicletes, pó para sucos, embutidos. Sulfitos (PV) Refrescos/refrigerantes, refrescos/refrigerantes em pó, xaropes para refrigerantes e refrescos e embutidos. Glutamato Monossódico Temperos prontos, caldo de carne e galinha, patês, salgadinhos, bolachas aromatizadas, embutidos. Antioxidantes (Butil hidroxianisol-AV, Butil hidroxitolueno-AVI) Manteigas, coco ralado, leite de coco, margarinas, óleos e gorduras, produtos de cacau, creme vegetal, produtos desidratados de batata. Fonte: Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação- ABIA 22/02/2023 22 Aditivos alimentares: (Consenso) “Os aditivos alimentares são representados por: antioxidantes, flavorizantes, corantes, conservantes ou espessantes. Apesar de serem frequentemente relacionados com reações adversas, os relatos relacionados à alergia que puderam ser confirmados são raros e descritos de maneira isolada. Manifestações como urticária, angioedema, asma ou anafilaxia, consequentes a aditivos alimentares, são extremamente raras, embora possa parecer um pouco mais prevalente entre crianças com atopia (2% a 7%). As reações adversas aos aditivos alimentares são raras (abaixo de 1%). Os aditivos mais implicados em reações adversas são os sulfitos, o glutamato monossódico, a tartrazina e o vermelho carmin.” Estamos nos alimentando cada vez mais e nos nutrindo cada vez menos! Foram encontrados resultados desfavoráveis aos alimentos ultraprocessados na avaliação do teor de micronutrientes da alimentação brasileira. O aumento da participação de alimentos ultraprocessados na dieta mostrou-se inversa e significativamente associado às quantidades na alimentação das vitaminas B12, vit. D, E, niacina e piridoxina e em cobre, ferro, fósforo, magnésio, potássio, selênio e zinco. (Louzada et al., 2015). 22/02/2023 23 Estudo de revisão sugere que o aumento do consumo de substâncias como emulsificantes, surfactantes, solventes orgânicos, transglutaminase microbiana e nanopartículas pode estar associado ao aumento da prevalência de doenças autoimunes durante as últimas décadas. A hipótese se baseia no fato de que essas substâncias danificam mecanismos de proteção intestinal contra antígenos externos e, dessa forma, aumentam o risco de doenças imunológicas (LERNER; MATTHIAS, 2015). Adoçantes artificiais não calóricos, inicialmente desenvolvidos com o objetivo de redução da ingestão de calorias e da glicemia, também estão associados a danos na microbiota intestinal e ao aumento da intolerância à glicose em camundongos e em humanos (SUEZ et al., 2014) As bebidas ultraprocessadas, tais como refrigerantes e sucos artificiais, apresentam características peculiares. Alguns compostos presentes em sua formulação, tais como os produtos finais da glicação avançada gerados no processo de caramelização das bebidas do tipo cola, também podem afetar vias fisiopatológicas relacionadas ao diabetes do tipo 2 e à síndrome metabólica (URIBARRI et al., 2007). Os produtos alimentícios podem estar presentes em até 75% da nossa dieta; em uma única refeição é possível existir de 12 a 60 aditivos químicos (ou mais). A falta de estudos que avaliem, a longo prazo, as ações combinadas de aditivos e excitotóxicos com dietas pobres em nutrientes, e os efeitos que estes fatores podem exercer nos sistemas imunológico e neurológico (especialmente nas crianças), não nos permite acreditar que estamos formando uma geração com o melhor que podemos oferecer para o seu desenvolvimento mental e emocional. O uso exacerbado de aditivos químicos nos produtos alimentícios adestra o nosso paladar e olfato para perda de sensibilidade dos sabores e odores mais complexos, porém delicados que os alimentos naturais oferecem. O consumo de produtos alimentícios baratos, práticos e, sensorialmente mais atrativos, torna cada vez menos interessante o consumo de produtos naturais que contém tudo que precisamos para ter saúde. A ausência destes nutrientes presentes na alimentação natural deixa nosso organismo exposto a todo tipo de distúrbios, doenças e vícios. 22/02/2023 24 SISTEMA IMUNOLÓGICO Os sistemas biológicos estão sujeitos a controles reguladores complexos. O sistema imune não é uma exceção. A alteração do sistema imunológico é muito mais uma consequência dos desequilíbrios nutricionais e ambientais, do que a causa. Porém, a partir do momento que o mesmo for desequilibrado, predispõe o organismo a ação de agressores e pode desencadear vários desequilíbrios físicos, mentais e emocionais. As barreiras limítrofes do organismo humano se constituem por órgãos externos e internos, como a pele, as diversas mucosas, o sistema respiratório e o trato digestivo. Para a nossa proteção também contamos com a capacidade de eliminar substâncias produzidas no organismo que não serão mais necessárias, assim como as substâncias tóxicas em geral que entraram no nosso organismo; todas as nossas células conseguem eliminar toxinas, porém, 60% dessa eliminação é feita por células do fígado e 20% pelas células intestinais. Com uma nutrição adequada, a eficácia desta proteção é alta! Competência do sistema imune O Sistema Imunológico é composto por um conjunto de células, órgãos e estruturas especializadas e não especializadas, cuja função é identificar, destruir e eliminar invasores estranhos antes que qualquer mal seja feito ao organismo. DEFESA ORGÂNICA - Barreira física: Pele - Barreira de defesa inicial não imunológica - Barreira de defesa inicial imunológica inespecífica - Defesa imunológica específica SISTEMA IMUNOLÓGICO 22/02/2023 25 Componentes do SISTEMA IMUNOLÓGICO Célula Tronco Hematopoiética Pluripotencial Célula Tronco Linfóide MEDULA Linfócito B CD 4 TIMO CD 8 TH 1 TH 2 TH 3 T Citotóxica Célula Tronco Mielóide Neutrófilos Megaca riócitos Monócitos Eosinófilos PlaquetasMastócitosMacrófagos Basófilos Sistema do complemento Natural Killer Eritrócitos TH 17 As proteínas dos alimentos modulam a resposta do sistema imunológico da mucosa por meio de locais indutores, como placas de Payer (PPs) e linfonodos mesentéricos (MLNs). Eles podem afetar as respostas humorais induzindo a produção de IgG, IgA ou IgE e, dependendo da matriz alimentar, o nível de células imunocompetentes controlando o equilíbrio entre alergia e imunidade e, consequentemente, a homeostase intestinal . Os linfócitos CD4 + intestinais desempenham um papel central na indução da resposta imune contra antígenos alimentares. Após ativação local por células apresentadoras de antígeno, CD4+ naive os linfócitos se expandem rapidamente e adquirem um dos vários fenótipos, que são caracterizados pela expressão de marcadores celulares e intracelulares e atividade secretora específica, por exemplo, citocinas reguladoras, e subsequentemente se diferenciam em subpopulações Th1 e Th2 . 22/02/2023 26 51 A atividade de subconjuntos induzidos de linfócitos T CD4 + pode levar a efeitos em todo o sistema, como inflamação e alergia. Em alguns casos, os linfócitos Th2 podem contribuir para a inflamação local dos intestinos. Além disso, as células T helper 17 (Th17) podem exercer efeitos pró-inflamatórios pela secreção de interleucina 17 (IL-17) e podem agir independentemente ou em conjunto com as células Th1 e Th2. Das células CD4 + ativadas , a exceção é T CD4+ linfócitos reguladores (Tregs, células T reguladoras), que inibem a resposta imune e são um dos mecanismos-chave para prevenir a autoimunidade, incluindo a resposta a alérgenos alimentares. Tregs são uma subpopulação heterogênea de linfócitos T que podem inibir a função dessas células que, em uma resposta imune, exercem funções executivas, ou seja, linfócitos efetores. A flexibilidade dos linfócitos T CD4 + efetores e a aquisição dependente do contexto de fenótipos distintos aumentam a complexidade da imunidade intestinal. No entanto, a indução ou perda da tolerância oralé modulada por mecanismos combinados induzidos por DCs, células Treg, células B reg e microbiomas, portanto, mais estudos são necessários para entender e identificar claramente a resposta imune gerada pelos alérgenos (inclusive às do leite de vaca). O primeiro elemento de defesa do sistema imunológico, ainda na superfície mucosa, é a Imunoglobulina A (IgA). Esta possui a capacidade de ligação com antígenos inalados ou ingeridos, impedindo-os de ser absorvidos e expondo-os a enzimas na superfície mucosa, que, por sua vez, realizam clivagem bacteriana ou neutralização de microorganismos e toxinas. sIgA sIgA sIgA sIgA sIgA sIgAsIgA Níveis adequados de IgA Secretor Superfície mucosa intestinal (integra) HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR 22/02/2023 27 sIgAsIgA sIgAsIgA sIgAsIgA Superfície Superfície mucosamucosa intestinal intestinal (alterada)(alterada) Niveis baixos de IgA Secretor Macromoléculas de alimentos e de ingestantes ligadas às IgAs, sob ação enzimática, são subdivididas em moléculas menores, possibilitando sua absorção, sem o risco de desencadearem reações imunológicas. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR INTRODUÇÃO PRECOCE DE ALIMENTOS E O DESENCADEAMENTO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS. IMATURIDADE DO SISTEMA IMUNOLÓGICO MUCOSA INTESTINAL COM ALTERAÇÃO DE PERMEABILIDADE MICROBIOTA INTESTINAL EM FORMAÇÃO INADEQUAÇÃO DE IgA – TOLERÂNCIA ORAL AOS ALIMENTOS PRODUÇÃO INSUFICIENTE DE ENZIMAS DIGESTIVAS INADEQUAÇÃO DO SUCO GÁSTRICO IMATURIDADE RENAL TODOS ESSES FATORES SÃO NATURALMENTE ADEQUADOS AO ALEITAMENTO MATERNO. 22/02/2023 28 Permeabilidade intestinal alterada; Sistema imunológico imaturo; Baixa quantidade de IgA; Microbiota em formação; Predisposição genética; Introdução precoce de proteínas de difícil digestão. Inflamação da mucosa intestinal levando à má absorção de nutrientes e passagem de macromoléculas para a lâmina própria; Sobrecarga imunológica e hepática, com deficiência de nutrientes necessários para formação e modulação do sistema imunológico e para a destoxificação orgânica; Formação de anticorpos de memória. Desencadeamento de processos inflamatórios e, por consequência, utilização de antibióticos, antiinflamatórios, antialérgicos, inibidores da bomba de prótons, digestivos, cortisona para controle dos sintomas apresentados, levando a: desequilíbrio da microbiota intestinal (com prevalência de fungos e microbiota patogênica) e deficiência nutricional para a formação de: ácido clorídrico, enzimas digestivas, células munológicas, hormônios, neurotransmissores, formação dos enterócitos, das enzimas hepáticas e antioxidantes; Doenças Crônicas Não Transmissíveis Doenças Crônicas Não Transmissíveis O desenvolvimento inicial da microbiota intestinal é concomitante com o desenvolvimento neurológico. O conceito de janelas críticas microbianas e neurais paralelas e interativas abre novos caminhos para a compreensão de fatores nutricionais que podem prevenir e tratar as alterações do neurodesenvolvimento e outros distúrbios cerebrais através do equilíbrio do eixo microbiota-intestino-cérebro. 22/02/2023 29 Além da IgA ser responsável pela barreira imunológica primária na parede intestinal, dificultando a penetração dos antígenos, esta imunoglobulina também exerce um importante papel na neutralização intramucosa de microorganismo e excreção de antígenos. Pode-se ressaltar entre suas ações: neutralização de toxinas, bactérias e vírus, impedindo a fixação dos mesmos às células do intestino (enterócitos) e a formação de complexos de elevado peso molecular, com diversos tipos de proteínas (alimentares ou não), impedindo sua absorção. Quando estas defesas não são suficientes e estes antígenos são absorvidos, ainda existem defesas imunológicas inespecíficas compostas por glóbulos brancos que têm a função de fagocitar os invasores que, em conjunto com o sistema monocítico fagocitário e linfático, vão “limpar” o sangue destas substâncias estranhas, sejam elas quais for, preferencialmente sem causar danos ao organismo. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR Se houver sobrecarga de antígenos e estas primeiras defesas não derem conta, outros tipos de glóbulos brancos entram em ação e atuam por diversas formas, sendo diretamente contra o invasor (fagocitose) e/ ou produzindo anticorpos específicos (imunoglobulinas) contra os mesmos, desencadeando reações que causarão a liberação de substâncias pró-inflamatórias, estresse oxidativo e a liberação de substâncias químicas (histaminas e outros autacóides) para combatê-los. São essas reações intensas e frequentes que provocarão alterações funcionais em órgãos-alvo mais sensíveis, podendo causar reações imediatas, alergias, ou reações tardias que também são chamadas de hipersensibilidades alimentares tardias, escondidas ou irreconhecidas. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR 22/02/2023 30 Segundo a classificação de Gell e Coombs, existem quatro mecanismos de hipersensibilidade dos tipos I, II, III e IV. Nas alergias alimentares e por ingestantes existe uma participação mais ampla dos mecanismos do tipo I e III, assim como há muitas evidências da existência de hipersensibilidade simultânea mediada por IgEs e IgGs. REAÇÃO DE HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO I: Imediata e mediada por IgE (ação histamínica) A reação do tipo I é imediata, podendo surgir dentro de segundos até oito horas após a exposição ao alérgeno. Os sintomas que se sucedem ao contato com os alérgenos variam de rapidez, intensidade e gravidade, na dependência do estado de sensibilização individual, da quantidade de exposição alergênica e das ações farmacodinâmicas produzidas pela liberação de histamina e de outros autacóides. As alergias respiratórias de etiologia inalatória (98%) pertecem essencialmente a este grupo, assim como 3 a 6% das alergias alimentares. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR 60 Os antígenos penetram no organismo através das vias digestiva e respiratória, vencendo suas barreiras mucosas ou, diretamente através da pele (picadas, ferroadas e injeções), sendo fagocitados pelos macrófagos ou por outras células apresentadoras de antígenos. Ativam os linfócitos B que passam a produzir imunoglobulinas “E” (IgEs) que vão, paulatinamente, fixar-se a mastócitos e a basófilos por todo o organismo, aumentando o nível de resposta antigênica, ou melhor, criando um estado de sensibilidade crescente (é necessária predisposição genética). Em consequência a posteriores e sucessivos contatos alergênicos, ocorre um aumento de mastócitos e basófilos sensibilizados pelas IgEs, bem como de sua quantidade no sangue, o que levará à ruptura do limiar teórico que divide as fases subclínica e clínica das doenças alérgicas, denominado de Limiar Baixo de Hipersensibilidade. A maior ou menor gravidade dos quadros alérgicos passará a ser decorrente da qualidade (tipo ou especificidade) e da quantidade (diminuta e repetida) dos contatos alergênicos posteriores, assim como do órgão ou aparelho sensibilizado. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR 22/02/2023 31 Desses contatos repetidos com os antígenos, ocorre a degranulação de mastócitos e/ou basófilos que liberam, nas fases iniciais de sensibilização, histamina e outros mediadores farmacodinâmicos, em quantidades insuficientes para gerar sintomas (período subclínico). Após um período individual e variável de exposição aos alérgenos, inicia-se a fase clínica da doença, com liberação de autacóides (histamina, cininas) em quantidades suficientes à gênese dos sintomas. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR A reação do tipo I, obedece sempre a um mesmo mecanismo, porém, os diversos quadros alérgicos podem ser desencadeados, na dependência do órgão de choque atingido, assim como da quantidade e da qualidade de mediadores químicos liberados. Exemplo: A IgE, quando formada, sensibiliza mastócitos da mucosa e a subsequente interação com o antígeno produz liberação de histamina e de outros mediadores da inflamação: -Se esta reação tem lugar na mucosa da árvore respiratória ocorre: Prurido, vasodilataçãoe edema, estimulação de glândulas mucóides e contração da musculatura lisa dos brônquios. -Se a reação tem lugar na mucosa do aparelho digestivo, ocorre: Edema, vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR 22/02/2023 32 REAÇÃO DE HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO III: Tardia: Por imunocomplexos (IgGs, IgMs e C’) Neste grupo de doenças desencadeadas por macromoléculas, há a formação dos imunocomplexos (“Ag – Ac”) que são agregados instáveis, formados pela associação entre antígenos e anticorpos em vários estados de equilíbrio, dependentes de seu peso molecular e de sua concentração relativa no sangue e nos tecidos. Em condições normais, os imunocomplexos são removidos pelo Sistema Monocítico Fagocitário; porém, quando presentes em grande quantidade, são capazes de desencadear reações imunológicas por dois mecanismos: ação tóxica primária e ação mecânica. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR REAÇÃO DE HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO III: Os imunocomplexos pequenos e médios, com duas ou mais moléculas de anticorpos são circulantes, solúveis e primariamente tóxicos. Os imunocomplexos grandes não são tóxicos, mas são pesados e por serem insolúveis, precipitam, atuando por obstrução mecânica. Dependendo das áreas do organismo por onde os imunocomplexos circulem (tóxicos) ou obstruam (precipitem), teremos quadros clínicos diversos. A patologia depende, portanto, da atuação direta destes imunocomplexos, ligada à ação conjunta da Ativação do Sistema Complemento e do estímulo direto de substâncias liberadas por basófilos, neutrófilos, linfócitos e plaquetas (enzimas que produzem danos tissulares). HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR 22/02/2023 33 Ação Tóxica Primária A ação tóxica dos imunocomplexos varia de acordo com sua localização e, deste modo, agem na parede vascular, interna e externamente. -Na parede e fora do vaso: Ao circular, o imunocomplexo irrita o endotélio vascular causando a endoteliose. Ao atravessar o endotélio, o imunocomplexo atinge a membrana basal, produzindo espessamento e degeneração hialina. Outras camadas também podem ser lesadas, ocorrendo necrose da parede vascular e degeneração fibrinóide. Os imunocomplexos possuem ainda, ação quimiotáxica para polimorfonucleares, sobretudo para neutrófilos que são atraídos para os locais de reação, fagocitam imunocomplexos, são destruídos pelos mesmos e ao se romperem, liberam enzimas proteolíticas que causam intensa reação inflamatória no local. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR -Dentro do vaso O imunocomplexo (principalmente pela ativação do C`), libera histamina e diversas outras substâncias farmacologicamente ativas (autacóides), ativa proteases, hidrolases e fibrinolisinas. Torna hemácias e plaquetas aderentes, de modo a formar grumos que obstruem capilares. A ação de substâncias vasoativas produzidas por basófilos, neutrófilos, linfócitos e plaquetas é acompanhada pela liberação de uma série de enzimas produzidas pelos eosinófilos, que provocam, em associação com as anteriores, retração do endotélio vascular, seguida por extravasamento de líquidos e de outros agentes inflamatórios. A inflamação resultante representa o auge da reação do tipo III. Este processo fisiopatológico básico (inflamação) é responsável pela sintomatologia que varia dentro de amplos limites, dependendo do órgão afetado. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR 22/02/2023 34 Ação Mecânica (Insolúveis) Os complexos antígeno-anticorpo insolúveis (gigantes) provocam lesão por um outro mecanismo: o mecânico ou obstrutivo. Esta ação é decorrente do tamanho e do peso molecular dos imunocomplexos, cuja precipitação obstrui capilares (microtrombos) e causa fenômenos isquêmicos. É muito difícil separarmos a ação puramente tóxica da mecânica, ocorrendo quase sempre simultaneidade (interpenetração) destas ações. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR 68 Para uma melhor compreensão do desenvolvimento dos sintomas, usaremos cinco zonas de formação dos imunocomplexos. Ac (anticorpos) e Ag (antígenos) Zonas 1 e 5: livres de reação Zonas 2 e 4: são limítrofes e passíveis de desencadear sintomas Zona 3: Ponto Máximo de Reação – Zona de patogenia ZONA 1 AgAgAg - Ac com excesso de antígenos e poucos anticorpos ZONA 2 AgAgAg - AcAc zona de interpenetração ZONA 3 AgAgAg - AcAcAc zona de equivalência molecular (patogenia) ZONA 4 AgAg - AcAcAc zona de interpenetração ZONA 5 Ag - AcAcAc c/ excesso de anticorpos e poucos antígenos HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR 22/02/2023 35 Este processo é dinâmico e como as quantidades de antígenos ou de anticorpos são relativas, se uma nova carga de antígenos entrar no organismo, novos complexos irão se formar, devido à nova síntese de anticorpos e assim sucessivamente. As manifestações clínicas são cíclicas e variam em tempo, intensidade e gravidade, mesmo quando desencadeadas por um mesmo antígeno. O estado de equivalência molecular é o maior causador dos sintomas e, como os complexos requerem algum tempo para serem formados, essa é mais uma explicação para o início tardio da sintomatologia mediada por IgGs. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR Embora a classificação de Gell e Coombs constitui um sistema prático para a compreensão dos mecanismos imunológicos, estas reações nem sempre ocorrem isoladamente, podendo haver a co-participação ou simultaneidade de mais de um tipo e, as reações dos tipos I e III frequentemente podem coexistir. Quando isto ocorre, geralmente à reação do Tipo I (ação histamínica), segue-se a reação do Tipo III (inflamatória por excelência), responsáveis em conjunto, por um grupo de manifestações clínicas ainda pouco estudadas pelo ângulo imunológico e confundidas com outras doenças e sintomatologias, sendo portanto tratadas de maneira incorreta. Estes mecanismos provocam uma gama de sintomas, muitas vezes de difícil diagnóstico clínico. A coexistência dos mecanismos imunológicos de hipersensibilidade é uma descoberta recente e explica uma imensa quantidade de patologias de respostas tardias. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR 22/02/2023 36 Reação imediata (clássica) de segundos até 8 horas do contato com o antígeno. 3 a 6% das alergias alimentares Ação histamínica Fixa Reintrodução muito difícil Anticorpos IgE, ligados ao alimento evitado, decrescem significativamente em semanas. Os anticorpos reaparecem logo que o alimento seja consumido novamente. Reação tardia (2-72 horas): por IgG, IgM e Sistema Complemento (C’) Diagnóstico difícil pelos sintomas Ação inflamatória Cíclica (de acordo com a exposição) Eliminação / Reintrodução / Rotação Anticorpos IgG, ligados ao alimento evitado, podem levar de 2 a 12 meses para decrescerem significativamente. Para que os níveis de anticorpos retornem aos níveis anteriores, o alimento tem que ser ingerido, frequentemente por semanas ou meses. Mediadores da Alergia e Hipersensibilidade a Alimentos IgE IgG Reações Adversas ao GlútenReações Adversas ao Glúten Mediadas pelo S. Imunológico Reações Adversas ao Glúten Reações Adversas ao Glúten Não Mediadas pelo S. Imunológico Doença Celíaca (auto-imune) 0,5 a 2% Mediada por IgE Reação imediata/ Histamínica Tipo I Gell e Coombs Qualitativa Mimetismo Celular ou Molecular Relacionado a doenças auto-imunes Mediada por IgG, IgM e Sistema Complemento Reações tardias/ inflamatórias Tipo III Gell e Coombs Quantitativa Formação de exorfinas: Gluteomorfinas ou Gliadomorfinas Desequilíbrios Nutricionais 22/02/2023 37 AVALIAÇÃO DE DOENÇA CELÍACA ANTICORPOS ANTI-ENDOMÍSIO IgA e IgG ANTICORPOS ANTI-TRANSGLUTAMINASE IgA e IgG ANTICORPOS ANTI-GLIADINA DESAMINADA IgA e IgG ANTICORPOS ANTI-GLIADINA IgA e IgG IgA TOTAL SERICA TESTE GENÉTICO: HLA-DQ2 ao HLA-DQ8 Linfócito B Th 1 Th 2 Th 3 Th 0 Tr APC VDJ M D G3 G1 A1 G2 G4 E A2 + - + - IFNy IL-10 TGF IFN IL-4 IL-10 IL-13 TGF TGF IgM IgD +IL-10 IFN +IL-10 TGF TGF +IL-13 IL-4 +IL-10 TGF 3´5´ IgG3 IgG1 IgA1 IgG2 IgE IgG4 IgA2 SÍNTESEDOS ANTICORPOSSÍNTESE DOS ANTICORPOS Existem vários fatores que afetam a diferenciação do linfócito T em linfócitos Th efetores: genética, idade, órgão de choque envolvido, tipo de antígeno, modulação das citocinas, microbiota probiótica e TGF-β. 22/02/2023 38 Na presença de citocinas como IFN-gama e IL-12 o linfócito T se diferenciará em Th1, enquanto que na presença de IL-4 e IL-5 se diferenciará Th2. As citocinas induzidas por Th2 promovem a produção anticorpos (principalmente pela ação da IL-4) e a diferenciação e crescimento dos mastócitos. A IL-5 estimula os eosinófilos. As citocinas induzidas por Th1 promovem a ativação da célula T citotóxica e ativação dos macrófagos (imunidade mediada por célula). As células T citotóxicas matam alvos infectados com grande precisão, poupando as células normais adjacentes. O conhecimento do desenvolvimento e das funções das células T reguladoras (Tregs), entre elas a Th3, são importantes para o controle da resposta do sistema imune contra tumores e doenças infecciosas, bem como para a inibição do desenvolvimento de auto-imunidade e alergia. Assim, mecanismos reguladores defeituosos podem permitir a quebra da tolerância imune periférica seguida por inflamação crônica e doença. 22/02/2023 39 Intestino/ Sistema Imunológico Há uma quantidade significativa de evidências sobre as ações de várias espécies de bactérias probióticas na formação, ação e modulação de diversos aspectos das respostas imunológicas, natural e adquirida. Isso pode ser atribuído tanto à estimulação do sistema imunológico intestinal, quanto pela modulação da produção e função das células imunológicas. Esses estímulos podem ser causados pela ação direta dos microorganismos e/ou pelos produtos liberados no seu metabolismo. A microbiota bacteriana interage com as células do epitélio intestinal do hospedeiro e provoca uma resposta contínua do sistema imunológico. O trato gastrointestinal associado à microbiota é considerado determinante para a tolerância imunológica, local e sistêmica. A imunidade de mucosas possui um papel extremamente significante no balanço entre tolerância e resposta aos microrganismos comensais que habitam o hospedeiro. A necessidade da microbiota para induzir a tolerância como um requisito para a colonização fornece uma base racional para o entendimento do porquê bactérias simbióticas podem influenciar os aspectos críticos do sistema imunológico adaptativo ao longo da evolução dos mamíferos. Evidências recentes mostram que a microbiota saudável nativa programa muitos aspectos da diferenciação das células T, aumentando assim, as instruções de desenvolvimento do genoma do hospedeiro para gerar a função completa do sistema imunológico adaptativo. Bactérias nativas específicas podem ter evoluído para promover a diferenciação de células Treg FoxP3 no intestino para gerar ativamente a tolerância imunológica da mucosa para o anfitrião. 22/02/2023 40 Células T reguladoras (Tregs) As células com função imunorreguladora apresentam como característica básica a capacidade de produção de citocinas como IL-4, IL-10 e TGF-β. Atuam em uma complexa rede de mecanismos reguladores destinados a assegurar a modulação das respostas imunológicas frente aos diversos antígenos provenientes de agentes infecciosos, tumores, aloantígenos, autoantígenos e alérgenos (alimentares e ambientais). As células T reguladoras direcionam a resposta imunológica, controlando a magnitude da resposta e terminando-a no tempo certo. A indução de células Tregs naturais CD4+CD25+high pode facilitar o estabelecimento e a manutenção da tolerância imunológica. Células Tregs naturais CD4+CD25+high e outras células reguladoras, parecem ter um papel-chave na manutenção da tolerância a antígenos endógenos e na regulação da resposta imunológica induzida por antígenos exógenos. Células T reguladoras foram descritas inicialmente por Sakaguchi e colaboradores como células T CD4+ CD25+. Cerca de 20 anos mais tarde, os grupos de Sakaguchi e Rudensky descreveram mais precisamente esta população pela expressão do fator de transcrição membro da família forkhead-winged helix - Foxp3, crucial no desenvolvimento desta linhagem. A observação que pacientes portadores da doença fatal autoimune denominada síndrome IPEX (immune dysregulation,- polyendocrinopathy, enteropathy, X-linked) não expressam a molécula funcional de Foxp3, ressalta a importância deste fator de transcrição como fundamental no desenvolvimento das Tregs. 22/02/2023 41 Células T reguladoras naturais, derivadas do timo, são selecionadas com base na avidez pelo TCR/MHC, e expressam o fator de transcrição Foxp3, sendo fundamentais para a tolerância ao próprio (“self”). Nos tecidos linfóides periféricos, células T CD4 naive podem se converter em células T CD4 Foxp3+ em resposta a antígenos endógenos e exógenos, as chamadas células Treg induzida (iTreg). TGF-ß é necessário para o desenvolvimento das células Treg tanto no timo como na periferia. Por outro lado, TGF-ß também pode promover o desenvolvimento de células Th17 quando na presença da citocina inflamatória IL-6. A vitamina D e o ácido retinóico são capazes de inibir a diferenciação de Th17, promovendo a diferenciação de Tregs. Além do desenvolvimento de tolerância próprio, um sistema imunológico funcional também necessita desenvolver um estado “tolerogênico” a antígenos não próprios e não patogênicos, como os antígenos da dieta e da microbiota, nestes casos, células Tregs são fundamentais. Vários trabalhos mostraram que células T naive CD4+Foxp3- podem ser convertidas em iTreg na presença de TGF-ß em resposta a antígenos próprios encontrados na periferia. As iTreg são particularmente importantes na manutenção da tolerância a antígenos presentes no intestino, fonte constante de antígenos da microbiota, antígenos alimentares e ambientais. Para corroborar, vários pesquisadores demonstraram que as iTreg são preferencialmente induzidas na mucosa intestinal (linfonodos mesentéricos e lamina própria do intestino), quando comparados ao baço e outros linfonodos periféricos. 22/02/2023 42 Nesse contexto, Lafaille e colaboradores, utilizando animais deficientes de nTreg, mostraram que iTreg convertidas na periferia são suficientes para mediar tolerância oral; animais que carregam uma mutação no gene de Foxp3 que os impede de expressar a proteína, e portanto não são capazes de gerar iTreg, não são capazes de se tornar tolerantes a antígenos administrados por via oral, sugerindo que as iTreg não somente são suficientes mas também cruciais para o desenvolvimento de tolerância oral. Recentemente, vários grupos mostraram que as iTreg são preferencialmente induzidas por células dendríticas presentes na mucosa intestinal (mas não no baço e linfonodos periféricos) de maneira dependente de TGF-ß, reforçando que o intestino é um sítio privilegiado para a indução de Tregs. Entre as DC presentes na mucosa (especialmente lamina própria e linfonodos mesentéricos) envolvidas na diferenciação de iTreg, destacam- se as DC CD103+ que são capazes de liberar ácido retinóico durante as fases iniciais de ativação. Além das DC, alguns dados também sugerem que macrófagos presentes na lamina própria também são capazes de converter células T CD4 naive em células T Foxp3+ de maneira dependente de IL- 10, TGF-ß, ácido retinóico e vitamina D. 22/02/2023 43 A produção abundante de TGF-ß e ácido retinóico na mucosa intestinal e a capacidade do ácido retinóico de promover a diferenciação de iTreg de maneira dependente de TGF-ß pode estar relacionada à alta frequência de células T Foxp3+ no intestino de animais saudáveis. Adicionalmente, o aparente efeito sinérgico de TGF-ß e ácido retinóico na supressão da resposta pró-inflamatória pode ser central para a indução de tolerância oral e, portanto, regulação da resposta imune de mucosa e sistêmica. A regulação das respostas imunológicas adaptativas é crucial para a manutenção da homeostase do sistema imunológico. A perda datolerância imunológica é um processo multifatorial do qual participam tanto fatores intrínsecos quanto extrínsecos. 22/02/2023 44 O organismo está sendo cada vez mais exposto a uma grande diversidade de antígenos alimentares (macromoléculas protéicas, ingestantes, aditivos químicos e agrotóxicos) e ambientais, como: Ácaros Pó Mofo Pelo de bichos Perfumes Cosméticos em geral Material de limpeza Metais tóxicos Poluentes ambientais Alterações de temperatura Picada de bicho Medicamentos Estresse O comportamento alimentar atual está diminuindo a capacidade do organismo modular as respostas de defesa aos agressores, pois, os nutrientes determinam a formação e ação das células imunológicas. Fatores como: Falta da ingestão mínima recomendada pela OMS de legumes, verduras e frutas, assim como de cereais integrais e leguminosas: São fundamentais, entre inúmeros fatores, para disponibilizar as fibras necessárias para a fermentação e desenvolvimento das bactérias probióticas, sendo que as mesmas: Definem a integridade da mucosa intestinal e mantém pH adequado do lúmen intestinal, promovendo a capacidade de absorver vitaminas e minerais e de inibir a passagem de macromoléculas; Controlam o crescimento de bactérias potencialmente patogênicas (inclusive H. pylori), fungos e vírus por competição de substrato e do sítio de adesão, adequação do pH intestinal e produção de antibióticos naturais e substâncias que inibem o crescimento de patógenos (peróxido de hidrogênio); 22/02/2023 45 Modulam a atividade de fagócitos e linfócitos NK, além dos mecanismos de atuação do fator nuclear Kappa B (NF-kB); aumentam a expressão de citocinas anti- inflamatórias e reduzem a expressão de citocinas pró-inflamatórias; induzem a liberação de TGF-ß, necessário à produção de IgA que determinará a tolerância oral e, na presença do ácido retinóico e vit. D, aumenta a expressão das células Tregs, que vão expressar o Foxp3, fundamental para evitar o aumento de auto- anticorpos, além de controlar as respostas alérgicas. Deficiência de vitaminas e minerais necessários à formação, renovação e manutenção de todas as nossas células de defesa, hormônios reguladores, enzimas antioxidantes, enzimas e sucos digestivos, neurotransmissores, manutenção das mucosas entre outros, além de executarem naturalmente no organismo as ações antiinflamatórias, antioxidantes, antialérgicas, destoxificantes e anticancerígenas; Desequilíbrio entre os macro e micro nutrientes, causando má utilização dos mesmos; Sobrecarga hepática, dificultando a destoxificação; Deficiência de nutrientes necessários para o adequado funcionamento do sistema nervoso central, predispondo o organismo à dificuldade de lidar com o estresse, desencadeando, entre outros fatores, respostas imunológicas; Deficiência de fontes alimentares de ômega-3, importante nutriente antinflamatório, antialérgico, imunomodulador e fundamental para a formação e ação de sistema nervoso central e periférico. Deficiência de vitamina D, considerada um dos principais fatores que pode desencadear alterações imunológicas como doenças autoimunes, processos alérgicos, e tb. desequilíbrios da insulina, da tireóide, entre outros. 22/02/2023 46 zincozinco glutaminaglutamina selênioselênio piridoxinapiridoxina magnésiomagnésio vitamina Cvitamina C vitamina Avitamina A argininaarginina taurina taurina MSMMSM quercitinaquercitina antianti-- oxidantes oxidantes ômegasômegas 3, 6 e 93, 6 e 9Formação, renovação e manutenção de todas as células. Modulação do Sistema Imunológico Atualmente está claro que, após a estimulação antigênica, conforme o ambiente local de citocinas, os LT CD4+ naive se proliferam e se diferenciam em diferentes subtipos efetores com características próprias (Th1, Th2, Th3, TREG, Th17), determinadas pelo perfil de citocinas produzidas e pelas propriedades funcionais. 22/02/2023 47 Sinais e sintomas relacionados às hipersensibilidades tardias: Respiratórias asma rinite; sinusite; amidalite otite média recorrente produção excessiva de muco Genito urinárias cistite de repetição enurese noturna candidíase Gastrointestinais diarréia constipação perda de apetite gastrite; colite; esofagite má absorção flatulência aumentada refluxo e cólicas náuseas e vômitos Neurocomportamentais cefaléia e enxaqueca alteração do sono e/ou humor insônia hiperatividade falta de concentração ansiedade; depressão fadigas inexplicáveis convulsão comportamento anti-social embotamento mental • TEA Autoimune artrite reumatóide lupus; esclerose multipla tireoidite; psoríase Dermatológicas eczema urticária dermatite 22/02/2023 48 Endócrinas obesidade magreza hipoglicemia dislipidemias hipertensão acnes e espinhas SOP Sistêmico dores articulares dores musculares retenção hídrica síndrome gripal olheiras olhos inchados olhos e lóbulos das orelhas vermelhos bochechas vermelhas língua rachada e/ou branca 22/02/2023 49 Sinais e sintomas que podem estar relacionados com hipersensibilidades tardias, comumente associado às crianças. PELE:PELE: Sensibilidade aumentada Transpiração excessiva Palidez Face inexpressiva (principalmente associada à agitação das pernas, lóbulo vermelho da orelha e olheira) NARIZ:NARIZ: Nariz vermelho Incontinência rinítica (coceira) OLHOS:OLHOS: Olhos vermelhos Coceira nos olhos Olhos lacrimejantes Prega (ou bolsa) sob os olhos Olhos inchados Olhar para o nada (de vidro): não registra o que vê 22/02/2023 50 ORELHAS:ORELHAS: Orelhas vermelhas (frequentemente precedendo ou acompanhando mudanças bruscas de personalidade) Infecções recorrentes (pele) BOCHECHAS:BOCHECHAS: Brilhantes Vermelhas: circular (rouge): principalmente em crianças de 1 a 5 anos LÁBIOS:LÁBIOS: Secos e rachados GENGIVAS E INTERIOR DA BOCHECHA:GENGIVAS E INTERIOR DA BOCHECHA: Desenvolvimento de feridas ou úlceras LÍNGUA:LÍNGUA: Rachadura Bolinhas na língua Língua rachada (geográfica) SEDE EXCESSIVASEDE EXCESSIVA 22/02/2023 51 FALAFALA: Rápida Gaguejar Balbuciar Pouco nítida Voz rouca Tom alto Repetir várias vezes a mesma palavra ou sentença Sons estranhos (associado c/ mudanças faciais) Fala não funcional MÃOS E PÉS FRIOSMÃOS E PÉS FRIOS INFLEXIBILIDADE NAS JUNTASINFLEXIBILIDADE NAS JUNTAS PERNAS:PERNAS: Dor nas pernas, principalmente à noite (mais em crianças de 2 a 5 anos) ENURESE NOTURNAENURESE NOTURNA Glúten, leite, maçã, laranja, uva ou abacaxi, principalmente se uma destas for a bebida preferida 22/02/2023 52 ASSADURAASSADURA BOLHAS OU FERIDASBOLHAS OU FERIDAS entre as costas e as nádegasentre as costas e as nádegas MUDANÇAS BRUSCAS:MUDANÇAS BRUSCAS: na escrita e no entendimento, acompanhada de mudança no comportamento (depressão, tristeza, agressividade) HIPOGLICEMIA: HIPOGLICEMIA: hipersensibilidade, erro de comportamentos alimentar, disbiose fúngica OBESIDADEOBESIDADE ALCOOLISMOALCOOLISMO ALERGIA A OVOALERGIA A OVO Antes do teste Atividade normal Durante o teste Hiperatividade e lóbulos da orelha muito vermelhos Após o tratamento Atividade normal Fonte: Drª Doris Rapp ,Médica especialista em alergia infantil . Estudo elaborado pelaUniversidade Estadual de Nova York 22/02/2023 53 ALERGIA A LEITE Antes do teste Agradável e cooperativo Durante o teste Chorando e não cooperativo Após o tratamento Quieto e tranqüilo Fonte: Drª Doris Rapp, Médica especialista em alergia infantil. Estudo elaborado pelaUniversidade Estadual de Nova York Durante o teste com milho Após o tratamento para milho Estas fotos demonstram as mudanças físicas e emocionais. 22/02/2023 54 Causas e consequências de Disbiose Gastrointestinal 107 Permeabilidade intestinal 22/02/2023 55 109 22/02/2023 56 111 Falta de nutrientes para: -Ação anti-histamínica -Ação antiinflamatória -Ação antioxidante -Destoxificação Círculo Vicioso:Círculo Vicioso: Falta de nutrientespara produção de:Falta de nutrientes para produção de: Ácido Clorídico Enzimas Digestivas Hormônios Reguladores Suporte Imunológico Neuro- Transmissores Incompleta digestão dos alimentos: formação de macromoléculas e absorção pela mucosa intestinal alterada; Má absorção: deficiências nutricionais; Meio impróprio para a microbiota intestinal: disbiose. © copyright: www.denisecarreiro.com.br B1 B2 B3 B12 Ác. Fólico, C Glutationa, Fe AACR Mg Mo Flavonóides, S Fosfatidilcolina Carotenos Flavonóides e compostos polifenólicos Vits. A, C e E Se, Cu, Zn, Mn CoQ10, GSH Silimarina, Ge Serina, colina, B5, B6, B9, B12, Mg Metionina, Taurina, Glutamina, Sulfato, Glutationa (N-acetil- cisteína, Cisteína, Glicina), P, Se, B2, B3 e C; Mo Antioxidantes Cofatores Substratos e cofatores ToxinasToxinas (não polares, (não polares, lipossollipossolúúveis)veis) Intermed. Intermed. Reativos Reativos e RLe RL 22/02/2023 57 Portanto: Destoxificação hepática é feita por nutrientes e fitoquímicos - Nutrição adequada é fundamental para dar suporte à destoxificação - A fase I deve ser mantida em um nível eficiente, equilibrada: Se for lenta, acumula toxinas no organismo Se for acelerada pode aumentar muito EROs e produtos intermediários sem que a fase II dê conta de eliminar - A fase II deve sempre ser estimulada Com deficiências nutricionais a capacidade de eliminar substâncias tóxicas, inclusive metais tóxicos e substâncias que alteram funções sistêmicas, serão prejudicadas. 22/02/2023 58 T R A T A M E N T O C O N D U T A N U T R I C I O N A L Principais testes para avaliação de alergia: Alergia imediata (IgE): Testes cutâneos: Os testes cutâneos são usados para identificar numerosos alérgenos potenciais. Isso inclui alérgenos inalantes, alimentares e de contato. Teste cutâneo (Prick teste para avaliação de alergia alimentar) - é um teste realizado na superfície da pele usando alérgenos dos alimentos suspeitos. A leitura do resultado é feita após 20 minutos. A reação é positiva quando surgir uma pápula igual ou maior que 3 mm no local. Isto é indicação de que ocorreu reação entre o alérgeno aplicado na pele e células da pessoa, isto é, significa que a pessoa tem anticorpo IgE para aquele alimento. Nem sempre os testes que demonstram a presença de sensibilização alérgica (anticorpo IgE) tem relação direta com manifestações clínicas. Eles apontam os alimentos suspeitos de causar alergia naquele paciente. Quando houver associação nítida entre ingestão do alimento e surgimento de manifestação clínica, os exames positivos podem ser considerados como diagnósticos de sensibilização (Alergia) ao alimento. 22/02/2023 59 Quando a relação entre ingestão alimentar e o quadro clínico não for tão evidente é necessário confirmar através de teste de provocação oral. Neste caso, os alimentos são introduzidos em quantidades crescentes e o médico especialista avalia a repercussão clínica da ingestão do alimento suspeito. Quando não há manifestação clínica o significado do teste pode estar relacionado a uma sensibilização (estado crescente de sensibilização), porém, não rompeu o limiar que divide o estado subclínico do clínico. Nesse caso, os alimentos em questão também deverão ser evitados para interromper a progressão dessa sensibilização e não desenvolver clinicamente as reações alérgicas. Diagnóstico molecular de alergias: Teste baseado em microarray permite a detecção simultânea da IgE específica de mais de cem componentes de alérgenos. O RAST®, sigla de radio allergo sorbent test, é hoje feito pelo método fluorenzimo imunométrico (ImmunoCAP®), sendo o exame mais indicado para mensurar a IgE específica. O ImmunoCAP® tradicional avalia a reatividade contra extratos crus das fontes alergênicas, que contêm componentes alergênicos e não alergênicos. Entretanto, a gravidade da resposta alérgica pode variar conforme o componente molecular reconhecido pelo paciente. Os testes ImmunoCAP® moleculares, recentemente desenvolvidos, determinam a reatividade IgE contra distintos componentes moleculares (determinantes antigênicos) de uma mesma fonte alergênica. Por conta disso, a investigação laboratorial das alergias evoluiu para a era molecular, na qual as fontes alergênicas que causam a condição são fragmentadas em seus componentes e pesquisadas de maneira única (singleplex) ou múltipla (pelo método multiplex, baseado em microarray e denominado ImmunoCAP® ISAC). 22/02/2023 60 Na prática, o ImmunoCAP® ISAC aplica-se à detecção e à determinação semiquantitativa da IgE específica contra 112 componentes moleculares alergênicos de 51 diferentes fontes alergênicas, incluindo os mais clinicamente relevantes, os tradicionalmente envolvidos em reações cruzadas e até os raros, potencialmente anafiláticos. O resultado fornece o painel de sensibilização de IgE dos pacientes e acusa a presença de sensibilidade para alérgenos de reatividade cruzada. Apesar de se tratar de um método automatizado e de fácil execução, o ImmunoCAP® ISAC só deve ser utilizado como screening em populações sintomáticas e nas quais a história clínica e os métodos tradicionais, como o prickteste e o RAST®, não tenham bastado para o diagnóstico. Assim, está indicado para confirmar casos de múltiplas sensibilizações e elucidar casos complexos de dermatite atópica, anafilaxia idiopática e ausência de resposta a tratamento, complementando o arsenal-padrão nesse tipo de investigação. Componentes de Alérgeno do ImmunoCap ISAC: 1. Alimentos: Clara de ovo, Gema de ovo, Carne de frango, Leite de vaca, Carne de vaca, Bacalhau, Camarão, Castanha de caju, Castanha do Pará, Avelã, Nozes, Semente de gergelim, Amendoim, Soja, Trigo sarraceno, Trigo, Kiwi, Aipo, Maça e Pêssego. 2. Inalantes: Grama rasteira, Capim rabo de gato, Amieiro, Bétula, Pólen de aveleira, Cedro japonês, Cipreste, Oliveira, Plátano, Erva de Santiago, Artemisia verdadeira, Quenopódio, Dedaleira, Parietária, Plantago, Barrilheira, Cão, Cava lo, Gato, Camundongo, Alternaria, Aspergillus, Cladosporium, Ácaro do pó doméstico, Ácaro de armazenagem e Barata. 3. Outros: Veneno de abelha, Vespa do papel, Vespa comum europeia, Anisakis, Látex e CCD. 22/02/2023 61 Hipersensibilidade tardia (IgG, IgM e sistema complemento): Intolerância Alimentar IgG total: Existem testes com capacidade para análise de até 200 alimentos responsáveis pela produção de anticorpos IgG, que podem originar a hipersensibilidade e, por consequência, outras doenças crônicas não transmissíveis. Na verdade, o nome desse exame deveria ser teste de Hipersensibilidade Alimentar. Exames laboratoriais de avaliação de IgG total são considerados como marcadores e não especificamente um exame diagnóstico. Eles podem dar resultado falso positivo (por reações cruzadas de determinantes antigênicos, ou por grandes alterações gastrointestinais que comprometem a digestão e a absorção, promovendo a absorção de macromoléculas protéicas, formadoras de imunocomplexos), ou falso negativo, talvez pelo fato dos imunocomplexos serem instáveis. Porém, como marcadores, para serem analisados em associação com a avaliação clínica do paciente, pode ser uma boa opção. O importante é considerar que a avaliação de sinais e sintomas atuais e pregressas, associadas ao hábitos alimentares, possibilitarão uma visão mais ampla do processo, confirmando ou não a existência de falsos positivos e negativos. O teste é realizado em amostras de sangue e os resultados podem ser expressos pela concentração do nível de IgG (U/ml) específico para o alimento. Observações: Uma das principais alegações para se desqualificar os testes de avaliação de alimentos em quadros de hipersensibilidade alimentar tardios por medição de IgG total é que, ao se retirar os alimentos positivos no exame, e ao se reintroduzir os mesmos após 15 dias não é comum que haja manifestação imediata de sintomas. Ocorre que essa alegação não encontra respaldo nos processos fisiológicos e fisiopatológicos das hipersensibilidades tardias(Gell e Coombs tipoIII), pois o IgG produzido em reação ao antígeno alimentar e os mastócitos sensibilizados podem levar semanas ou meses para efetivamente terem seus níveis estabilizados na circulação e ainda, esse marcador é relacionado com hipersensibilidades tardias onde o consumo do antígeno alimentar em questão pode desencadear sintomas até 72 horas ou mais após o contato, portanto não é um desencadeante de reação imediata. 22/02/2023 62 Os testes de avaliação de alimentos que medem apenas os níveis de IgG4 no sangue, não produzem resultados fidedignos nos quadros de hipersensibilidades alimentares tardia uma vez que a presença do IgG4 não ativa o sistema complemento, e está mais relacionado com controle da ação do IgE em quadros de alergia imediata e é considerado um indutor de tolerância e ação nti-inflamatória. O objetivo da terapia nutricional não é oferecer mais uma “dieta milagrosa”, e sim propor que se adote mais atitudes seguras do que as prejudiciais ao nosso organismo. Estamos falando em manter um “saldo positivo”. Com base nos conhecimentos científicos atuais e já consolidados e, nos resultados dos pacientes atendidos no consultório, fica evidente que o tratamento nutricional impõe muito menos restrições ao estilo de vida do que as doenças ou sintomatologias, infelizmente com alta prevalência na nossa população. Uma alimentação saudável, e principalmente segura, não controla os sintomas, e sim, equilibra o organismo, recupera função e restabelece a saúde plena. 22/02/2023 63 Analisar os fatores que contribuem para o desencadeamento ou exacerbação da sintomatologia: • Desmame precoce e introdução de alimentos • Frequência de consumo dos alimentos • Preferências • Aversões • Monotonia alimentar •Consumo de aditivos químicos/artificiais • Hábito alimentar (quando, como, quanto, o que e com o que se come) • Excesso de álcool, cafeína e outros fatores anti-nutricionais • Ingestantes alimentares (fungos, toxinas...) • Medicações que interferem com o trato gastrointestinal e com a biodisponibilidade de nutrientes • Fumo Outros fatores que afetam as necessidades nutricionais. História materna de quadros alérgicos Crianças abaixo de 6 meses, tem níveis inadequados de IgA secretor. IgA secretor previne a absorção de largas partículas que podem ser alergênicas. Fatores Sócio-Culturais: trabalho; dinâmica familiar e social Poluição e condição ambiental; Alterações bruscas de temperatura Estresse Nutrição inadequada dá à sensibilidade chance de florescer, enquanto que o excesso de estresse permite que ela se instale em sua vida. Estresse aumenta a demanda de nutrientes, causado por: * reações alérgicas (causa e consequência) * infecções * problemas emocionais * ambientais (poluição, calor, frio etc) * estados patológicos concomitantes 22/02/2023 64 Conduta Nutricional Após avaliar todos os fatores pesquisados, analisar a relação dos mesmos com os sinais e sintomas desenvolvidos pelo paciente. Detectar quais os processos podem estar sendo causa (ou consequência) das hipersensibilidades alimentares tardias, intolerâncias alimentares e desequilíbrios nutricionais, dificultando uma nutrição celular adequada e consequente funcionamento ideal do organismo. Promover uma re(educação) alimentar consciente (todo processo real de mudança acontece a partir do conhecimento), abordando todos os aspectos nela envolvidos (físicos, emocionais, sociais, culturais e financeiro), permitindo uma melhor efetividade nas orientações recebidas. Para resgatar e preservar as funções orgânicas, devemos utilizar todos os meios disponíveis conhecidos para efetivamente nutrir a célula, que tem como base um hábito alimentar adequado, somando-se a ele, a utilização específica de uma suplementação nutricional individualizada (nutrientes e fitoterápicos), para mais facilmente tratar os desequilíbrios e sair de um círculo vicioso que foi colocado anteriormente. 22/02/2023 65 C o n d u t a A l i m e n t a r Após detectar os erros alimentares e os alimentos antigênicos, por avaliação laboratorial e/ou clínica (avaliação de sinais, sintomas e dos hábitos alimentares), elaborar uma orientação que corrija estes erros e um plano alimentar que leve em consideração: -Conhecimento dos alimentos no que se refere ao grau de reatividade (baixa, média e alta reatividade); Exclusão temporária dos alimentos de maior reatividade (por 1 a 3 meses); -Rotatividade de 4 dias (ou mais) dos alimentos de baixa ou média reatividade; -Reintroduzir os alimentos de alta sensibilidade (1 de cada vez), avaliando os sintomas, e se necessário manter a exclusão por mais um período, de acordo com as reações manifestadas; -Se não tiver nenhuma reação adversa, manter o alimento também na rotatividade de 4 dias (ou mais); -Atendimento das necessidades nutricionais, substituindo os alimentos de exclusão por equivalentes características nutricionais; -Acompanhamento e conscientização do paciente e/ou familiares durante todo o processo de exclusão e reintrodução dos alimentos antigênicos; -Acompanhamento da evolução do quadro clínico do paciente face às orientações nutricionais recebidas e sua adaptação aos novos hábitos; -Avaliação da necessidade de suplementação ou complementação de nutrientes. 22/02/2023 66 LISTA DE ALIMENTOS IMUNOGÊNICOS E SEUS SUBSTITUTOS ALIMENTO ALIMENTO SUBSTITUTO Trigo Cálcio de origem animal: Leite hidrolisado Cálcio de origem vegetal: couve, mostarda e outros vegetais, algas marinhas, repolho, brócolis, couve- flor, oleaginosas, pasta de gergelim, leguminosas, quinua, figos secos. Leite de vaca Fécula de batata, farinha de arroz, farinha de milho, tapioca, polvilho, trigo sarraceno (mourisco ou cachá), sorgo, milho, inhame, cará, mandioca, mandioquinha, araruta, quinoa, amaranto e outros (regionais). 132 SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL: O primeiro passo para equilibrar o estado nutricional do organismo é estabelecer um hábito alimentar adequado. Somando-se a ele, pode ser necessário uma prescrição individualizada de vitaminas, minerais, ômega 3, probióticos e outros compostos bioativos, necessários para resgatar e preservar as funções orgânicas. A suplementação deve ter como objetivo melhorar as funções: • Digestivas; • Imunológicas; • Anti-histamínica (antialérgicas); • Antioxidante; • Anti-inflamatória; • Destoxificante; • Mitocondrial; • Reparação gastrointestinal; • Recuperação da disbiose. É importante tomar cuidado com suplementos prontos, consumidos sem uma orientação de um profissional especializado. Ao contrário do que se pensa, o excesso de vitaminas e minerais e, principalmente, o desequilíbrio entre eles, pode desencadear mais problemas do que solucioná-los. 22/02/2023 67 Estudo de caso: Paciente: G.O.V. Sexo: Feminino Idade: 19 anos Alt: 170cm Peso: 64,5kg (chegou a 75Kg) Emagreceu 8kg em 2 meses, tomando fluoxetina para depressão Queixa principal: Dermatite atópica, rinite e depressão Foi amamentada até 4 meses; Introduziu leite de vaca e cítricos (sucos) Apresentou rinite com 5 meses e dermatite no rosto com 9 meses; Já teve refluxo, assadura, muita herpes e furunculose, eczema no pé, dor e incomodo nas pernas de pequena, vivia com dor de cabeça (e continua), síndrome do pânico no começo desse ano; Antecedentes familiares: Avô P: diabetes; Avô M: Parkinson; Mãe: enxaqueca por 10 anos; Pai: rinite, amidalite; Medicação em uso: fluoxetina (fica com a boca seca), rivotril e homeopatia Exames: sem alterações; eosinófilos 5%; oxalatos de cálcio na urina Sintomas atuais: Dermatite (piorou há 6 anos), rinite, depressão, dificuldade para dormir, pesadelo, terror noturno (não estava nem querendo dormir), sono agitado, dificuldade para acordar, acorda cansada, sonolência de dia, agitação mental, dispersa com facilidade, ansiedade, compulsividade, refluxo, herpes, bolsa nos olhos, olheiras, eczema no pé, dor nas pernas, dor de cabeça, tendência à obstipação intestinal, enjôo no fim da tarde e com o carro em movimento, gânglios
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