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TEMA 1 - METODOS ADEQUADOS DE SOLUCOES DE CONFLITOS

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28/01/2023 12:38 Métodos adequados de solução de conflitos
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03378/index.html# 1/46
Métodos adequados de solução de
con�itos
Prof. Adriano Moura da Fonseca Pinto, Prof. Felipe Varela Mello
Descrição
A teorização e identificação dos chamados métodos adequados de solução de conflitos no âmbito do
acesso à Justiça multiportas e a política pública de tratamento de conflitos no Brasil.
Propósito
Compreender a realidade contemporânea do tratamento aos conflitos significa desconstruir o paradigma
clássico da atuação do Poder Judiciário que substitui a vontade das partes por outros métodos, técnicas e
espaços que têm proporcionado soluções tidas como mais adequadas aos conflitos e personagens
envolvidos, sendo essencial ao estudante e profissional do campo de trabalho contemporâneo.
Preparação
Antes de iniciar o estudo do presente conteúdo, tenha em mãos a Constituição da República, o Código de
Processo Civil, a Lei nº. 9.307 e a Lei nº. 13.140.
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Objetivos
Módulo 1
Aspectos históricos e sociológicos dos métodos
adequados de solução de con�itos
Reconhecer aspectos históricos e repercussões sociológicas dos métodos adequados de solução de
conflitos.
Módulo 2
Política judiciária nacional de tratamento dos
con�itos
Relacionar a Política Nacional de Tratamento de Conflitos no Brasil com os métodos adequados de
solução de conflitos no Brasil.
Módulo 3
As diferentes formas de solução dos con�itos
Distinguir as características gerais e específicas dos métodos adequados de solução de conflitos e suas
respectivas práticas.
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03378/index.html# 3/46
O tratamento dado à solução dos conflitos pelo ser humano é um conjunto bem amplo de aplicações
de forma e conteúdo variados, proporcional à diversidade das possíveis relações sociais aos quais
estão submetidas as pessoas naturais e suas mais variadas representações na vida cotidiana. A
ideia artificial da pacificação social é muitas das vezes substituída pela realidade de contenção
normativa estatal do comportamento humano face a limites previamente acordados por instituições.
No entanto, para além da Igreja e sua representação estatal, bem como o surgimento e
fortalecimento dos Estados laicos e suas divisões organizadas de funções públicas, a possibilidade
do consenso partindo ou sendo construído com o envolvimento dos interessados tem proporcionado
significativos câmbios na forma de se buscar Justiça, Direitos e a ideia de legitimação do que é certo
ou errado. Seja no próprio espaço dos processos judiciais, seja em outras áreas públicas e
instituições privadas, métodos entendidos como mais adequados a solucionar os conflitos são
colocados à prova, inclusive em modo digital, demandando uma nova leitura e prática daqueles que
atuarão profissionalmente com conflitos, em especial com o respectivo tratamento jurídico dos
conflitos e suas consequências.
Por isso, neste conteúdo entenderemos a importância dos métodos adequados de solução de
conflitos na contemporaneidade e apresentaremos as suas dimensões históricas, socioculturais e
normativas. Veremos, também, a política pública brasileira de tratamento adequado dos conflitos e
suas implicações aos profissionais em formação e atuação nos mais variados métodos.
Introdução
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1 - Aspectos históricos e sociológicos dos
métodos adequados de solução de
con�itos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer aspectos
históricos e repercussões sociológicas dos métodos adequados de
solução de con�itos.
Conceitos iniciais
O que são métodos adequados de solução
de con�itos?

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Neste vídeo, o professor discorre sobre os métodos adequados de solução de conflitos, trazendo suas
noções fundamentais.
Antes de mais nada:
Você sabe o que signi�cam os chamados “métodos adequados de
solução de con�itos”?
Pois é, antes de olhar para a linha do tempo e do espaço, vamos deixar esse ponto conceitual bem claro?
Em tese e do ponto de vista meramente formal, por métodos adequados de solução de conflitos, é possível
compreender a diversidade de metodologias e formas de proceder próprias para a solução de um conflito,
normalmente em face de mais de uma pessoa.
Sim, é isso mesmo, vejamos um exemplo:
Exemplo
A vida cotidiana de um casal que tenha dois filhos e precisa, quase todo dia, resolver os conflitos
domésticos. O casal não deve ter como primeira e rotineira opção acionar o 190, buscando o serviço da
Polícia Militar em seu Estado. Tampouco irá propor, de cara, o exercício de ação judicial perante o
Excelentíssimo Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca. Não!
O casal pode até chegar a tais espaços, mas usa, na forma da natureza humana e das previsões legais, os
direitos e deveres do Poder Familiar para, na melhor forma que entender, buscar contornar seus conflitos
com os filhos.
Por outro lado, se o veículo do casal é furtado, em via pública ou privada, deverá haver um registro de
ocorrência junto à autoridade policial correspondente e, quem sabe, até mesmo ação judicial futura.
Em um terceiro exemplo, se o Ministério Público toma ciência da ocorrência de um homicídio doloso,
demandará, junto ao Tribunal do Juri, na forma da lei processual penal brasileira, inclusive com membros do
“povo” julgando o acusado.
Então, acho que você já entendeu que existem métodos mais ou menos adequados para a solução de
conflitos nas mais variadas realidades que o ser humano pode se envolver, desde educação, religião,
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relações de consumo, relações de trabalho, tributos, acidentes e crimes de trânsito, enfim.
No entanto, não é esse o sentido mais comum dos métodos adequados de solução de conflitos na
atualidade e, em especial, no campo do saber e da prática jurídica. Aqui, por métodos adequados de solução
de conflitos devemos entender os métodos para tratamento dos conflitos que, embora possam ser
recebidos e decididos pelo Poder Judiciário nos termos do art. 5º, XXXV da CRFB 88, são também
passíveis de serem tratados pelos particulares, por terceiros em prol da consensualidade ou até mesmo por
outros meios decisórios, como no caso da Arbitragem.
Aspectos históricos
Brasil imperial
Quando se fala em Brasil, conflitos, solução e Justiça, é possível voltarmos ao chamado Brasil Colônia, ao
estágio de Reino Unido de Portugal e, finalmente, após o famoso Sete de Setembro de 1822, os Estados
Unidos do Império do Brasil. Pois bem, para os objetivos do presente conteúdo, partiremos do último
referencial e, mais precisamente, da produção normativa que se inicia com a Constituição do Império do
Brasil de 1824.
Assim, nos interessa, em especial, reconhecer, na história recente do Brasil como país, momentos
normativos de previsão e prática de métodos adequados de solução de conflitos até a chegada ao entorno
contemporâneo do final do século XX e as primeiras décadas do século XXI.
Agora sim, uma vez já cientes e conscientes da ideia conceitual dos métodos adequados de solução de
conflitos, podemos olhar no nosso passado remoto e tentar compreender as oportunidades e atuações dos
métodos adequados até a nossa realidade.
Voltando ao Império do Brazil e, especialmente à Constituição Imperial de 1824, destacamos, em primeiro
lugar, o art. 160 de seu texto:
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Nasciveis, e nas penaes civilmente intentadas, poderão as partes nomear
juizes arbitros. suas sentenças serão executadas sem recurso, se assim o
convencionarem as mesmas partes.
(Constituição Imperial de 1824, art. 160)
O referido texto legal permitia que em determinadas causas (ações), as partes, isto é, os interessados na
solução do conflito poderiam indiciar “Juízes Árbitros” e ainda fazia menção à possibilidade de haver
execução da parte vencedora sem direito de recursos da parte devedora.
Tal dispositivo já dava indícios de que, mesmo em sede do então “Poder Judicial”, já era possível prever um
método diferente do previsto para os julgamentos de um modo geral. Ainda que não estejam diretamente
relacionados ao que hoje denominamos de métodos adequados de solução de conflitos, a técnica é
utilizada em alguns momentos do CPC de 2015.
Mas é nos artigos 161 e 162 da Constituição Imperial que encontramos a referência, digamos, primária, à
solução de conflitos por métodos (hoje chamados de mais adequados) diferenciados de solução de
conflitos, inclusive com a indicação de quem, por previsão constitucional, estaria à disposição para buscar a
solução do conflito. Com ressalvas à grafia e termos da época:
Sem se fazer constar, que se tem intentado o meio da reconciliação, não se começará Processo
algum.
Para este fim haverá juizes de Paz, os quaes serão electivos pelo mesmo tempo, e maneira, porque
se elegem os Vereadores das Camaras. Suas attribuições, e Districtos serão regulados por Lei.
A então denominada “Reconciliação” era, na verdade, uma ideia simples de se buscar a realização do
consenso entre as pessoas que fossem se enfrentar em um processo judicial. Era, nos dias de hoje, como
exigir que o advogado que representasse a parte autora de uma ação tivesse que demonstrar que tentou, de
Art. 161 
Art. 162 
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alguma forma, buscar um consenso, mas que ele não foi possível por ausência explícita ou implícita da
outra parte.
Isso até hoje existe, em grau menor, em alguns casos de obrigações e contratos, principalmente, mas de
fato, não impede que se procure o Poder Judiciário, considerando a inafastabilidade prevista no art. 5º,
XXXV da CRFB 88.
Importante também considerarmos a ideia de que, apesar de tal atividade ser possível aos advogados das
partes, havia a previsão legal da atuação formal dos “Juízes de Paz”, talvez os mais próximos da sociedade,
da vida cotidiana das pessoas, considerando as suas outras atribuições. Na prática, funcionavam como
conselheiros, consultores e, sempre que possível, formadores do consenso, evitando assim a sequência do
processo ou mesmo o seu início formal.
Saiba mais
Você sabia que nos “dias de hoje” há a previsão legal dos CEJUSC em cada fórum e que eles são
responsáveis por tentar realizar a conciliação e mediação para inibir ou mesmo encerrar processos já
iniciados? Seriam tais espaços, destinados aos atuais conciliadores e mediadores, uma representação
contemporânea do que ocorria no passado, com os Juízes de Paz?
Continuando a reflexão proposta, vejam que o art. 161 da CI de 1824 é o equivalente ao art. 5º, XXXV da
CRFB 1988 que hoje trata, de forma diametralmente oposta, do Princípio da Inafastabilidade do Judiciário e
do Acesso à Justiça no sentido mais macro, até mesmo fora do Poder Judiciário.
Então, veja se você entendeu:
Guarde essa informação! Ela está associada ao art. 5º, XXXV da CRFB 88!
No século XIX, no Império do Brazil, para se poder buscar uma solução sentenciada por um
Juiz ou Tribunal, a pessoa tinha que demonstrar que tentou reconciliar e não obteve êxito. E
mais, havia um Juiz eleito para tal, o Juiz de Paz, que também tinha outras atribuições.
No século XXI, na República Federativa do Brasil, contamos com um acesso formal irrestrito
ao Poder Judiciário, sem pré-condição formal como no Império do Brazil.
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Regulamento 737, de 1850
Além da Constituição Imperial de 1824, outro importante documento jurídico que regulamentava o acesso à
Justiça no Império também valorizava a Conciliação. Você conhece o Regulamento 737, de 25 de novembro
de 1850, que previa a essencialidade do ato no artigo 23 e o caráter de ESSENCIALIDADE E NULIDADE,
respectivamente nos artigos 673 e 674:
Nenhuma causa commercial será proposta em Juizo contencioso, sem que previamente se tenha
tentado o meio da conciliação, ou por acto judicial, ou por comparecimento voluntario das partes.
São formulas, e termos essenciaes do processo commercial: § 1º A conciliação. (Art. 23 Tit. unico).
As referidas nullidades podem ser allegadas em qualquer tempo e instancia; annullão o processo
desde o termo em que se ellas derão quanto aos actos relativos, dependentes e consequentes; não
podem ser suppridas pelo Juiz, mas somente ratificadas pelas partes.
É importante frisar que como não tínhamos um Código de Processo Civil, o Regulamento 737 era o principal
instrumento para os advogados, promotores e juízes atuarem na esfera da Justiça Comum, tratando dos
principais casos levados pelas pessoas de um modo geral ao Poder Judicial e a conciliação continuava a
ser valorizada como uma etapa ou momento do processo para uma melhor solução de conflitos.
Já com o advento da Proclamação da República, a ideia da Conciliação como prévia aos processos, na
prática como condição ou pressuposto para o acesso ao Poder Judiciário foi abolido pelo Decreto 359, de
26 de abril de 1890, restando sempre disponível ao exercício dos advogados, das partes e dos próprios
juízes, mas não de forma organizada e prevista em ritualística.
Art. 23 
Art. 673 
Art. 674 
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Repercussões sociológicas
O século XX foi inicialmente marcado pelas movimentações sociais, políticas e jurídicas em prol da
consolidação de um ou mais modelos de uma desejada República do Brasil. A legislação, acompanhada das
limitações e vocações da política produziu leis, consolidações e códigos de atuação para o acesso à
Justiça, buscando, em momento inicial, uma ideia de unificação do processo como um todo.
Ainda que a Conciliação não estivesse tão valorizada nos termos da lei, outro importante método foi
previsto no Código de Processo Civil de 1939, qual seja o Juízo Arbitral ou Arbitragem, que mais tarde
voltaria a ter uma regulamentação própria, no ano de 1996 e respectiva atualização em 2015.
No entanto, foi a partir da segunda metade do século XX que o Brasil e outros países se depararam no seus
respectivos juízos e tribunais com um acúmulo de casos generalizados, geralmente com caráter repetitivo
em teses e resultados pretendidos, como em relações de direito privado de crédito e débito particulares e
empresariais, de relações de consumo, questões previdenciárias e tributárias e de direito administrativo de
um modo geral.
Chegávamos em 1950 a uma transição dos primeiros 100 anos da Revolução ou Era Industrial para alcançar
uma sociedade mais pautada em bens e serviços de consumo ordinário, mais repetitivo e previsível. Nada
mais do que o mercado do excedente de produção e prestação de serviços, aliado e impulsionado pelos
adventos tecnológicos da indústria, comércio e comunicação e transmissão de dados.
No Brasil, tivemos ainda uma nova realidade quantitativa do acesso à Justiça pela sociedade com a
implementação da CLT para a Justiça do Trabalho e a chegada do Código de Processo Civil de 1973 com
seus importantes e tidas como científicas modificações, voltando a etapa ou método da Conciliação a
preencher um importante papel.
O tema do acesso à Justiça passava por importantes reflexões e estudos nas décadas de 1970 e seguintes,
culminando com importantes modificaçõesoriundas das chamadas “Ondas ou Dimensões” do Acesso à
Justiça, em referência à obra de Mauro Cappelletti e Bryant Garth, Acesso à Justiça.
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Já era perceptível, aquela época, a necessidade de outros métodos para tratar os
conflitos mais repetitivos, insurgentes que não fossem aguardar a sentença dos
juízes.
Em especial, no Brasil, a experiência da Conciliação em diversos ritos e espaços, com especial destaque aos
Juizados de Pequenas Causas da Justiça Estadual, às Comissões Prévias de Conciliação da Justiça do
Trabalho, por exemplo, trilham o caminho para a chegada ao entorno constitucional de 1988 e uma nova
realidade de acesso à Justiça, no sentido de uma acesso à uma ordem jurídica justa, multifacetária e que
pudesse proporcionar o tratamento de conflitos mais adequado à realidade das partes e dissenso entre
elas.
A partir dos anos de 1990 e, visando atender ao comando constitucional mais amplo, a legislação de
acesso à justiça no Brasil passa por constantes movimentos reformadores e sempre com a ideia de
proporcionar métodos mais adequados à solução de conflitos, seja pelo campo da consensualidade, seja
pelo campo do avanço em órgãos, ritos e novas técnicas processuais.
Assim, para efeitos práticos da operação dos métodos adequados de solução de conflitos no âmbito
brasileiro, somos fruto do remoto passado normativo e prático da conciliação desde o Brasil Imperial, de
sua valorização em tempos republicamos, em especial na segunda metade do século XX e as primeiras
décadas do século XXI, quando a implementação de uma política pública própria e respectiva legislação
mais específica, aliado a um movimento de formação de conciliadores, mediadores e árbitros.
Aliado a isso, uma crescente conscientização dos profissionais que orbitam órgãos e funções essenciais à
Justiça no Brasil, bem como o incremento dos conteúdos de Métodos Adequados à Solução de Conflitos
(MASC) no âmbito do ensino, pesquisa e extensão das escolas de Direito e Gestão, tem auxiliado muito na
difusão do tema, facilitando as práticas e incentivo do uso cada vez mais constante no tratamento de
conflito.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
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Questão 1
A Independência do Brasil, em 1822, e a Constituição Imperial outorgada em 1824 formalizaram um
novo Estado, com poderes, funções, direitos e deveres diversos à Família Real, à Administração Pública,
à Igreja, à classe política e à sociedade civil de um modo geral. O tema da Justiça não foi esquecido no
texto constitucional. A respeito da atuação dos juízes e tribunais no Brasil Império, marque a opção
correta.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A Constituição Imperial tem previsão expressa de restrição de acesso à justiça para aqueles que ao
provocar o Poder Judicial, não demonstrassem que tentaram previamente a reconciliação. Art. 161 da
Constituição Política do Brasil de 1824.
Questão 2
A
O acesso à Justiça era irrestrito, inclusive às pessoas escravizadas, que necessitavam
apenas de um advogado, em caso de possível acordo em juízo.
B
O acesso à justiça era irrestrito, não havendo termos ou condições prévias, mesmo para
as pessoas escravizadas, demonstrando o caráter liberal da Constituição.
C
O acesso à justiça era restrito, pois havia condição expressa na Constituição sobre a
necessidade de se provar a tentativa de reconciliação antes.
D
O acesso à justiça não compreendia o direito conciliação, pois uma vez instaurado o
processo, não era mais possível celebrar acordos.
E
O acesso à justiça não contava com a ideia de consensualidade e não havia qualquer
previsão na Constituição a respeito de tentativa de reconciliação.
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O período de transição entre os séculos XX e XI no Brasil é marcado por importantes consolidações
estruturais e operacionais no acesso à Justiça no Brasil em grande parte como reflexo das mudanças
constitucionais com a carta de 1988. A respeito do tema e da possiblidade de meios adequados de
solução de conflitos, marque a opção correta.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Numa virada do constitucionalismo aplicado ao Processo Civil, a partir da década de 1990 houve uma
virada axiológica no modo de resolução de conflitos, significa dizer, a legislação incorpora métodos
mais adequados de resolução de conflitos.
A
O princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário impede, após iniciado um processo,
que haja consensualidade por meio de métodos adequados de solução de conflitos.
B
A partir dos anos 1990, houve a implementação de uma política pública própria e
respectiva legislação mais específica, aliada a um movimento de formação de
conciliadores, mediadores e árbitros.
C
O acesso aos meios adequados de solução de conflitos implica automaticamente em
renúncia ao princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário.
D
O acesso à conciliação, como método adequado de solução de conflitos, não era
regulamentado à época da Constituição da República Federativa do Brasil.
E
O princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário previa a necessidade de o
interessado provar que tentou a conciliação antes de provocar o Juiz.
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2 - Política judiciária nacional de
tratamento dos con�itos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar a Política Nacional
de Tratamento de Con�itos no Brasil aos métodos adequados de
solução de con�itos no Brasil.
A Política Pública Judiciária contida na
Resolução CNJ Nº 125/2010
Política pública judiciária de tratamento
dos con�itos

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Neste vídeo, o professor explica as raízes e as diretrizes da importante política pública judiciária de
tratamento dos conflitos.
Você pode estar se perguntando sobre estudo e tratamento de conflitos e, em especial, das razões que
levam à existência de métodos adequados para a sua solução, se já temos o Poder Judiciário, Ministério
Público, Defensoria Pública e a Advocacia Pública e Privada.
Mas, ainda, como surge uma Resolução do Conselho Nacional de Justiça e passa a regulamentar
determinadas possibilidades e iniciativas mandatórias no âmbito do Poder Judiciário e atividades afins à
prestação do serviço público do acesso à Justiça? Para tanto, é preciso olharmos para as competências do
próprio Conselho Nacional de Justiça e entender que, após a sua criação pela Emenda Constitucional nº 45,
de 8 de dezembro de 2004, uma série de normatizações e atividades ligadas à atuação administrativa do
Poder Judiciário e seus órgãos passou a ser exercida por um colegiado mais amplo do que as
Corregedorias dos próprios tribunais, para além de algum outro controle jurisdicional mais pontual.
A bem da verdade, o que sentimos com a criação do Conselho Nacional de Justiça é a busca e zeladoria do
Princípio da Eficiência da Administração Pública aplicada ao Poder Executivo, para além da autonomia e
independência dos poderes, fato é que todos prestam um serviço público que deve ser eficiente.
O que é e�ciência no âmbito do Poder Público?
Essa é uma boa pergunta, e que pode ser respondida por parâmetros de economia de recursos humanos,
materiais, índices de produtividade e outros tantos marcos importantes para o resultado final da prestação
do serviço público ao cidadão e, aqui no âmbito do Poder Judiciário,ao jurisdicionado, que busca a solução
de seus conflitos pelo exercício por meio da ação e dentro de um processo judicial.
A proposta aqui não é avaliar quais são parâmetros que compõem a atuação do Conselho Nacional de
Justiça para tocar as suas competências constitucionais em face do Poder Judiciário, mas percebermos
que, ao criar uma Política Judiciária de tratamento de conflitos baseada no acesso de outros meios tidos
como mais adequados para resolver os problemas das pessoas, o Conselho Nacional de Justiça fixa
importantes parâmetros normativos que afetam a atividade dos juízes, serventuários, conciliadores,
mediadores, advogados públicos e privados, defensores e promotores.
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Resumindo
Em outras palavras, o acesso à Justiça por meio do exercício da ação, gerando processos que terão, ao
final, um universo de decisões judiciais individuais ou mesmo coletivas não atende materialmente ao
conceito de um acesso à uma ordem jurídica, a um sistema considerado justo.
E podemos pensar em “causas diversas”:
Além das causas acima, é possível uma constatação muito objetiva a respeito das pessoas e seus conflitos,
qual seja, a de que, salvo situações proibidas por lei, as pessoas são capazes de, por si só ou com auxílio de
Grande movimento de busca ao judiciário que gera processos em demasia, muitos repetitivos,
inclusive.
Grande número de recursos e instrumentos processuais que dilatam os prazos.
Grande tempo de espera por respostas que não resolvem o conflito imediato das pessoas que
buscam o cumprimento da lei junto ao Poder Judiciário.
Falta de recursos humanos e materiais para as funções da magistratura, de serventuários.
Falta de recursos humanos e materiais para as Funções Essenciais à Justiça no Brasil
(Ministério Público, Defensoria Pública, Advocacia Privada e Pública).
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terceiros, construírem ou buscarem soluções que não seja simplesmente aguardar que alguém (Estado
Juiz) diga quem está certo ou errado.
A ideia, por si só, não é nova, pois, desde quando o ser humano é capaz de se comunicar, é possível a busca
pelo consenso, que pode ser mais ou menos validada e valorizada por razões diversas, tais como cultura,
educação, instrução, percepção de maior rapidez e autonomia, por exemplo.
Agora pensemos um pouco:
Re�exão
Se, no âmbito da gestão, em mais de 80 de milhões de processos que anualmente orbitam em torno do
Poder Judiciário for possível eliminar um percentual em curto espaço de tempo, pois as partes puderam
receber um tratamento mais adequado, via de regra incentivando a busca pela consensualidade, o impacto
geral no coletivo é significativo, para além de uma qualidade e tempestividade real para as partes envolvidas
nos casos concretos.
Ou seja, ao instituir uma Política Pública Judiciária, incentivando novos meios, em tese mais adequados
para resolver os conflitos, o Poder Judiciário contribui com o Princípio da Eficiência do seu serviço público
e, de quebra, proporciona também aos envolvidos uma maior autonomia e exercício de cidadania em suas
vidas.
É por isso que o tema dos métodos adequados de solução de conflitos, em especial, a valorização da
Conciliação e da Mediação, é a pauta da Política Pública Judiciária de tratamento dos conflitos instituída
pela Resolução CNJ Nº 125/2010. Busca-se com tal política pública:
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Como se percebe, a instituição de uma Política Pública Judiciária de Solução de Conflitos em muito
contribui para que todos possamos ter acesso a uma Justiça formal e material eficiente em não só
responder quem está certo ou errado, mas, em muitos casos, proporcionar condições racionais e materiais
para os próprios envolvidos buscarem seus consensos, no todo ou em parte.
A Resolução CNJ Nº 125/2010 e seus
impactos na solução dos con�itos
Ofertar às pessoas naturais e de direito público e privado, orientações sobre as possibilidades
de solução de seus conflitos no âmbito do Poder Judiciário e fora dele.
Garantir, por meio da criação dos Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução
de Conflitos, políticas, ações, cursos, capacitações e atualizações, treinamento adequado aos
recursos humanos do corpo de serventuários, juízes, mediadores, conciliadores, inclusive
com outros tribunais, escolas e instituições da sociedade civil.
Permitir, por meio dos Centros de Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, condições
administrativas para a oferta, antes e durante os processos judiciais, de serviços de
conciliação e mediação eficazes a quem deles necessitar ou demandar.
Manter, de modo oficial, o acompanhamento estatístico específico da aplicação da
conciliação e mediação no âmbito dos respectivos tribunais.
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Agora que você já conhece as motivações da Resolução CNJ Nº 125/2010, é hora de conhecer os seus
impactos na solução dos conflitos das pessoas, em especial aos conflitos levados ao Poder Judiciário em
todo o Brasil, nas diferentes áreas do Direito.
Sim, a Resolução CNJ Nº 125/2010 vale para todos os órgãos do Poder Judiciário, isto é, a Justiça Comum
Estadual, Federal, as Justiças Especiais (Trabalhista, Eleitoral e Militar) e seus respectivos tribunais,
inclusive os tribunais superiores.
Em outras palavras, se existe órgão julgador do Poder Judiciário, a Resolução CNJ
Nº 125/2010 tem incidência e deve ser correspondida, em especial, na oferta
formal e material aos jurisdicionados de terem a opção de resolverem os seus
conflitos de forma pacífica.
Mas como se opera isso? Vamos ver etapa por etapa.
A Resolução CNJ Nº 125/2010 em seu artigo 7º prevê a criação dos Núcleos Permanentes de
Métodos Consensuais de Solução de Conflitos. Tais Núcleos, uma vez instalados, devem, entre
outras atribuições, “instalar os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania que vão
concentrar, em regra, as sessões de conciliação e mediação dos respectivos órgãos abrangidos!
A Resolução CNJ Nº 125/2010 em seu artigo 8º prevê a criação dos CEJUSC em cada unidade do
Poder Judiciário, de acordo com as suas normas próprias inerentes à Justiça Comum Estadual, à
Justiça Comum Federal e às respectivas Justiças Especializadas. Cada qual terá em suas unidades
um CEJUSC para atender casos de conciliação e mediação pré-processual e processual, isto é, antes
e durante a tramitação dos processos judiciais.
A Resolução CNJ Nº 125/2010, em seu artigo 12, faz menção expressa aos conciliadores e aos
mediadores, isto é, as pessoas que, independentemente de outras iniciativas de juízes,
Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos 
Centros Judiciários de Solução de Conflitos 
Dos Conciliadores e Mediadores 
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desembargadores e ministros, estarão funcionalmente enquadradas para proporcionar as sessões
de mediação e conciliação nos CEJUSC, ou mesmo em atividades em parceria com instituições
públicas e privadas em convênios, mutirões e outros eventos similares.
Viu só como as respostas estão ao seu alcance com a Resolução CNJ Nº 125/2010? Não é por menos que
tal normativa é considerada a grande alavanca responsável pelo incremento dos métodos adequados de
solução de conflitos no Brasil, em especial para os casos e litígios que chegam ao Poder Judiciário.
Mas você deve ficar muito atento também a outras normas, como o CPC de 2015 e a própria Lei de
Mediação, também de 2015. Em ambos os casos, importantes contribuições emesmo inovações, como no
caso da permissão legal de consenso com a Administração Pública, formam um novo paradigma em prol
da consensualidade no sistema de acesso à Justiça no Brasil.
É importante destacar:
Atenção!
A Resolução CNJ Nº 125/2010 em seu artigo 12, parágrafos 2º e 3º, apresenta regras específicas a respeito
da capacitação e treinamento dos candidatos a conciliadores e mediadores. Ainda que tais regras possam
se especializar no âmbito normativo interno de cada tribunal, as bases estão formalmente previstas,
inclusive com previsão de conteúdo programático para cursos e capacitações.
Para além da capacitação de conteúdo didático, há menção expressa também ao comportamento ético
esperado dos conciliadores e mediadores, com, mais uma vez, menção expressa a um código de ética para
os referidos profissionais. É um ponto de extrema importância e atenção, uma vez que a atuação desses
profissionais se dá em meio à exposição de direitos, interesses, informações de natureza pessoal e
patrimonial dos envolvidos e em sede, na maioria das vezes, de um processo judicial.
O tema da ética de qualquer profissional que possa contribuir, direta e indiretamente para a solução de
conflitos em sede judicial tangencia a boa-fé objetiva esperada daqueles que, de alguma forma, participam
do processo judicial. Nada mais justo e equilibrado do que prever, também, padrões de comportamento para
os conciliadores e mediadores.
E mais, para além da atuação do Poder Judiciário, a Resolução CNJ Nº 125/2010 em seu artigo 12-C a 12-
F, regulamenta inicialmente a atuação e contribuição dos espaços privados, as chamadas Câmaras
Privadas de Solução de Conflitos abriram inúmeras frentes em prol da expansão de métodos mais
adequados de solução de conflitos no Brasil, inclusive em ambiência digital, via chamadas, chats online e
outras inúmeras plataformas via internet em redes públicas e privadas.
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Ainda que mais recente, mas sem dúvida a reboque da base proporcionada pela Resolução CNJ Nº
125/2010, um bom exemplo é a plataforma Consumidor.gov que envolve o Ministério da Justiça, CNJ e
importantes empresas da iniciativa privada que juntos, tentam ajustar um protocolo de consensualidade em
milhões de casos consumeristas que, por via de regra, gerariam outros tantos milhões de processos
judiciais, muito provavelmente em sede de Juizados Especiais Cíveis.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O acesso à justiça no Brasil e em muitos outros países sempre esteve associado à ideia de acesso ao
Estado, que, por meio de juízes e tribunais, ditam a solução de conflitos diversos. No entanto, há
crescente movimento e normatização em prol de métodos mais adequados à solução de conflitos
(MASC) nas últimas décadas no Brasil e no mundo. A respeito dessa movimentação e normatização, é
correto afirmar que:
A
O Brasil ainda carece de uma Política Pública Judiciária de tratamento adequado de
conflitos e, enquanto isso não ocorrer, os MASC restam prejudicados no acesso à
justiça.
B
O Brasil possui uma Política Pública Judiciária de tratamento adequado de conflitos
instituída pelo Código de Processo Civil de 2015.
C
A Resolução CNJ Nº125/2010 instituiu uma Política Pública Judiciária de tratamento
adequado de conflitos no Brasil e muito contribui para a movimentação em prol dos
MASC.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A Resolução CNJ Nº125/2010 não só instituiu uma Política Pública Judiciária de tratamento adequado
de conflitos no Brasil, como alavancou, do ponto de vista estrutural nos tribunais, um incremento de
atuação do Poder Judiciário em prol dos MASC. A partir da referida resolução, os demais operadores
do direito, escolas e a sociedade civil como um todo se movimentaram muito mais em prol dos MASC.
Pode ser destacar o art. 1º da referida resolução, sem prejuízo de outras dispositivos.
Questão 2
A respeito da Resolução CNJ Nº125/2010 e sua importância para a constituição de espaços públicos e
privados de conciliação e mediação, bem para a capacitação dos conciliadores e mediadores, marque a
opção correta abaixo.
D A Resolução CNJ Nº125/2010 apenas afetou os MASC no âmbito do Poder Judiciário.
E
Os MASC foram apenas normatizados com o Código de Processo Civil de 2015, quando
puderam ser utilizados por advogados e juízes nos casos concretos.
A
A Resolução CNJ Nº125/2010 fez apenas previsão de criação do CEJUSC, mas não
regulamentou espaços privados ou critérios para capacitação de conciliadores e
mediadores.
B
A Resolução CNJ Nº125/2010 fez previsão de criação do CEJUSC e regulamentou
também os espaços privados, mas sem alusão a critérios para capacitação de
conciliadores e mediadores.
C
A Resolução CNJ Nº125/2010 regulamentou a criação de CEJUSC, dos espaços
privados e ditou parâmetros para a capacitação de conciliadores e mediadores.
D
A Resolução CNJ Nº125/2010 apenas institui a Política Judiciária Nacional de
tratamento adequado dos conflitos, mas não regulamentou a criação de CEJUSC e a
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Parabéns! A alternativa C está correta.
De acordo com os artigos 8º, 12 e 12-C a 12-F da Resolução CNJ Nº125/2010, os CEJUSC, a
capacitação dos conciliadores e mediadores e os espaços privados foram regulamentados,
proporcionando, assim, condições formais e materiais para as respectivas implementações e atuações.
3 - As diferentes formas de solução dos
con�itos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir as características
gerais e especí�cas dos métodos adequados de solução de con�itos e
suas respectivas práticas.
capacitação dos conciliadores e mediadores, o que fica a cargo dos tribunais.
E
A Resolução CNJ Nº125/2010 delegou aos juízes e tribunais locais, a livre
regulamentação da criação dos espaços públicos e privados de conciliação e mediação,
bem como a definição dos critérios de capacitação dos conciliadores e mediadores.
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As soluções ou métodos consensuais e não
consensuais
Métodos consensuais e não consensuais
Neste vídeo, o professor discorre sobre a existência de métodos consensuais e não consensuais para a
solução dos conflitos.
A regra, costume, tradição e quantitativamente falando, os números da busca por Justiça pela sociedade
civil e pelo próprio Estado levam à ideia de uma solução judiciária, aquela que, substituindo a vontade das
partes, diz que está certo ou errado, assegura diretos e interesses, inclusive em casos de urgência. Essa
solução é a proporcionada pela Jurisdição, isto é, por uma decisão estatal de caráter substitutivo e com
base no ordenamento jurídico vigente no país, no caso, o Brasil.
Em meio à regra geral disponível e acima descrita, a fala da existência de métodos adequados de solução
de conflitos traz uma ideia firme no sentido de que existem outras possibilidades para a sociedade civil e o
próprio Estado resolverem os seus conflitos que não a decisão estatal e substitutiva da Jurisdição.
Assim, quando falamos em métodos adequados de solução de conflitos (MASC), estamos, em sentido
macro, abrindo portas para diferentes formas de solução de conflitos de modo consensual e também de
modo não consensual, mas com decisões proferidas em outros espaços e critérios que não a Jurisdição
Estatal, como é o caso da Arbitragem, da Justiça Desportiva, por exemplo.
É muito importante, portanto, que aideia dos MASC seja inicialmente dividida em dois grandes grupos:


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Soluções ou métodos adequados consensuais

Soluções ou métodos adequados não consensuais
Agora, daremos foco às soluções consesuais.
As soluções ou métodos consensuais são todas aquelas que independem de uma decisão impositiva, seja
pelo Estado, espaços ou instituições privadas ou mesmo por uma das partes interessadas. Trata-se, na
verdade, de possibilidades formais e informais de consensualidade as quais os interessados podem se
sujeitar para resolver um conflito social.
Por exemplo, imagine uma família em desarmonia no lar, em razão de brigas constantes dos dois cônjuges.
Esse é um conflito social que pode, em tese, ser resolvido por:
Conversas apenas entre os cônjuges e uma transação
Conversas entre os cônjuges e advogados colaborativos e uma transação
Conversas entre os cônjuges e advogados consultivos e uma transação
Ação, processo e sentença judicial
Conciliação ou mediação judicial ou extrajudicial com acordo �rmado
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Ora, em tese, com exceção da ação, processo e sentença judicial, todas as demais formas, aqui no caso
consensuais, podem ser resolvidas da forma que for mais adequada ao casal e objeto do conflito,
respectivamente. Não há uma lista de mandamentos, de ordem de preferência, de melhor ou pior.
Com exceção da própria conversa entre os cônjuges e da hipótese da ação, processo e sentença judicial,
nos demais casos, o que existe são formas com técnicas e profissionais devidamente capacitados para a
solução do conflito.
Mas qual é a grande novidade nisso tudo? Qual é a razão dos MASC
terem alcançado um espaço e resultado maiores no acesso à Justiça?
Ah, não é apenas uma razão!
São diversas as razões para as pessoas perceberem que elas, por si só, se quiserem, têm capacidade
intelectual e jurídica, ainda que com o auxílio de terceiros, podem participar mais ativamente das decisões
de seus conflitos. E, aliado a isso, podemos indicar:
Menor custo
Menor tempo
Maior participação no resultado
Maior comprometimento em cumprir o acordado
Menos dependência do Estado
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É importante ressaltar que a lista apresentada não é taxativa e pode variar, mas, sem dúvida, trata-se de uma
lista positiva para os envolvidos!
Ultrapassada a importante explicação e percepção conceitual a respeito dos MASC, é preciso conhecer as
principais soluções adequadas de consensualidade e não consensualidade de tratamento dos conflitos.
No Brasil, as duas principais soluções de consensualidade tidas como adequada na solução de conflitos
são, respectivamente: a Conciliação e Mediação. São, quantitativa e qualitativamente falando, os métodos
mais utilizados e que podem ser mensurados. Vamos agora validar cada um deles.
Conciliação
Historicamente, o Brasil, enquanto Estado independente, sempre teve períodos de namoro e casamento com
a Conciliação, a começar pela Constituição Política do Império, que previa, em seu art. 161, que ninguém
poderia intentar resolver problemas no Poder Judicial sem que se demonstrasse que tentou a
“reconciliação”. Na verdade, se pensarmos no Brasil antes da Independência, também há registros e flertes
com a Conciliação nas Ordenações Filipinas.
Durante o século XX, a ideia de conciliar conflitos em juízo, esteve formalmente presente, ainda que nem
sempre incentivada, e certamente longe de termos uma política pública institucionalizada como temos hoje.
A Conciliação, como forma ou método mais adequado de solucionar um conflito, esteve presente na Justiça
Comum Estadual e Federal e na Justiça Federal do Trabalho, considerando o perfil dos conflitos as grandes
oportunidades de se resolverem as pendências e violações de direitos na relação laboral.
Maior cidadania
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É certo que no Código de Processo Civil, na legislação dos juizados especiais e mesmo na ritualística
prevista na CLT, a Conciliação já foi confundida (ou meramente reduzida) com a ideia de um momento, ato
ou etapa processual, como se naturalmente fosse ou não acontecer por razões transcendentais, ou
estritamente, iniciativa de responsabilidade das partes envolvidas.
Mas é a partir do momento e iniciativas mais localizadas nos anos 1980 e seguintes que a Conciliação,
ainda que vista como uma etapa ou momento ritualístico, passa a ocupar uma maior visibilidade, uma vez
que vai conseguindo “desafogar” grandes quantidades de processos em áreas mais específicas, como
direito do consumidor e outras causas pequenas e que seriam rebatizadas na década seguinte de não
complexas e colocadas a cargo dos novos Juizados Especiais Cíveis e Criminais instituídos pela Lei nº.
9.099/95.
Comentário
Aliás, é sem dúvida, por meio da Lei nº. 9.099/95, que a Conciliação aumentou consideravelmente a sua
popularidade, demandando do poder público (antes mesmo da Resolução CNJ 125/2010), providências
estruturais, capacitação de quadros e outras providências logísticas de interesse.
Atualmente, o CPC prevê logo em seu artigo 3º, § 3º, no âmbito das Normas Fundamentais do Processo
Civil, a previsão do incentivo e possibilidade da Conciliação (e outros métodos) em qualquer fase ou
momento do processo judicial.
É, sem dúvida, uma disposição normativa da Lei de 2015, que validou toda movimentação após a CF 88, em
prol de um acesso à Justiça que não fosse apenas atrás da sentença do juiz, mas que proporcionasse o
direito fundamental a outras possibilidades de solução dos conflitos das pessoas.
Já em seu artigo 139, V, em meio às diretrizes sobre os poderes, deveres e responsabilidades do Juiz, é
explicitamente prevista a promoção da autocomposição entre as partes, com menção expressa à
Conciliação, de modo a demonstrar que o legislador conta com os juízes na aplicação, quando possível, da
Conciliação para solução de conflitos.
Veja que, para além da previsão contida no art. 334 do CPC, que se afigura como sendo um grande e
importante momento previsto para a consensualidade no CPC, o importante mesmo é o julgador em
qualquer instância ou grau de jurisdição estar apto, de prontidão para atender solicitação das partes
envolvidas ou mesmo uma percepção oriunda de sua cognição, de fato novo etc.
Atenção!
Outra importante questão envolvendo a Conciliação diz respeito à sua convivência e, ao mesmo tempo, à
distinção da Mediação, conforme a previsão dos artigos 165 a 175 do CPC, que demonstram de forma
clara, a ideia legislativa da aplicação de um ou outro método, considerando os aspectos objetivos e
subjetivos do conflito.
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Assim, partindo da referência normativa do CPC, encontramos a atuação do Conciliador:
É aquele capacitado para atuar em casos, em tese mais simples, quando, preferencialmente, não
houver vínculo anterior entre as partes. Ele pode, inclusive, sugerir soluções (propostas) para o
conflito, mas sem qualquer tipo de intimidação ou constrangimento.
Como se pode ver, o Conciliador foi idealizado pelo legislador como alguém que pode colaborar no
tratamento de conflitos mais simples, assim entendidos com relações jurídicas mais objetivas,
predominantemente de direito e, preferencialmente, sem que haja envolvimento pretérito dos envolvidos.
Assim, se você olhar agora para os movimentos de conciliação nas relações de consumo, nos juizados
especiais, nas relações de trabalho, perceberá as razões do maior direcionamento da Conciliação nestescasos. Viu, tudo tem uma razão de ser!
Mas fique ciente que nada impede que um conciliador obtenha êxito no tratamento de conflitos mais
complexos, com partes e vínculos já conhecidos!
Mediação
Após consolidar a Conciliação no seu tradicional e importante papel de tratar conflitos de modo mais
adequado do que a simples procura e espera da sentença judicial, o sistema normativo brasileiro, a reboque
de movimentos doutrinários e em especial, ligados à atuação do Conselho Nacional de Justiça na chegada
à Resolução CNJ Nº 125/2010, tratou de buscar meios para uma melhor execução de outro importante
método adequado de solução de conflitos, qual seja a Mediação.
Conciliador 
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Comentário
É claro que a Mediação não surgiu simplesmente após a Resolução CNJ Nº 125/2010, sendo certo que, em
boa parte do mundo (e em experiências no Brasil), a Mediação já vinha sendo estudada, regulamentada e
praticada por grandes espaços de tratamento de conflitos.
Aliás, é normalmente assim que muitos institutos são “introduzidos” ou “validados” dentro de um sistema
jurídico e, no caso da Mediação, não foi diferente. A prática vem antes, ainda que de modo menos formal e
vai proporcionando ajustes na legislação e na execução, em especial por parte do Poder Judiciário, que
acabou sendo um grande celeiro da Mediação, complementando as ações já historicamente existentes para
a Conciliação.
Portanto, podemos entender a Mediação como um método adequado de solução de conflitos de caráter
consensual de relações mais complexas e com vínculos anteriores entre os envolvidos (mediandos) e que,
com o auxílio de um profissional capacitado, o Mediador, para compreensão do conflito, seus interesses,
perspectivas e, principalmente para que se restabeleça ou se fortaleça a comunicação direta entre os
mediandos, de modo que eles próprios possam passar a construir alternativas e saídas para o conflito.
Assim, partindo da referência normativa do CPC, encontramos a atuação do Mediador:
É aquele capacitado para atuar em casos, simples ou complexos, quando, preferencialmente, houver
vínculo anterior entre as partes. Ele deve auxiliar aos interessados a compreender as questões,
interesses e controvérsias envolvidas. Com isso, ao invés de formular propostas diretas, permite que
a comunicação entre as partes seja responsável por, por livre vontade, encontrar saídas em
consensualidade com benefícios para ambos.
Agora é importante destacar uma diferença entre a Conciliação e a Mediação. Enquanto a primeira vem
regulada nos diplomas jurídico processuais, a segunda, além de também constar nas codificações do
processo, ganhou em 2015, uma Lei própria, a Lei nº. 13.140, que formalmente dispõe sobre a mediação
Mediador 
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entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito
da administração pública; além de alterar e revogar uma série de dispositivos legais a respeito do tema.
Ainda que de fato já se praticava a Mediação no tratamento de conflitos no Brasil, sem dúvida que a Lei nº.
13.140/2015 trouxe importantes balizas para a operação da Mediação no âmbito judicial e extrajudicial. A
começar pelo artigo 1º da Lei nº. 13.140/2015, já se tem, ratificando as disposições do CPC 2015 uma
abordagem conceitual da Mediação:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e
sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem
poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou
desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.
Principais características da mediação
É, na verdade, um importante passo jurídico, pois traz parâmetros mais seguros para a diferenciação e
aplicação dos diferentes métodos e ao mesmo tempo, regulamenta a atividade, apontando, em dispositivos
sequenciais, os princípios inerentes à Mediação, aos Mediadores em âmbito judicial e extrajudicial, sua
formação e vários pontos importantes, que destacamos a seguir:
Artigo 1º da Lei nº. 13.140/2015 
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Imparcialidade do mediador
Isonomia entre as partes
Oralidade - Informalidade
Autonomia da vontade das partes
Busca do consenso
Confidencialidade
Boa-fé
Mediadores judiciais e extrajudiciais têm características de formação, nomeação e atuação
diferenciada. No âmbito judicial, existem normativas mais rígidas e restritivas à formação e atuação
dos mediadores. No âmbito extrajudicial, há mais liberdade na eleição, formação e atuação dos
mediadores.
Há também variáveis entre a mediação judicial e extrajudicial. No caso da mediação judicial, normas
internas dos Tribunais, pautadas na Resolução CNJ Nº 125/2010 ditam o fluxo de trabalho dos
Núcleos e principalmente dos CEJUSC. No caso da mediação extrajudicial, a Lei nº. 13.140/2015 é
mais objetiva ao apontar os itens mínimos do procedimento, sem prejuízo de acréscimos que as
câmaras privadas ou mediadores autônomos podem proporcionar aos seus clientes. Itens como,
prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de mediação, local da primeira reunião
de mediação, critérios de escolha do mediador ou equipe de mediação e penalidade em caso de não
comparecimento da parte convidada à primeira reunião de mediação são importantes pontos de
atenção.
Princípios da Mediação 
Mediadores 
Procedimento da Mediação 
Confidencialidade 
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Apesar de figurar já no rol dos princípios orientadores da Mediação, o tema mereceu destaque diante
das graves implicações que podem surgir no procedimento da mediação. Na prática, se aponta a
abrangência objetiva da confidencialidade e os pontos de exceção, como ciência de crimes de ação
penal pública incondicionada e obrigações administrativas e tributárias em consoante com o artigo
198 da Lei nº. 5.172/1976.
Marco importante da Lei nº. 13.140/2015 e também presente no CPC 2015 diz respeito à
possibilidade da consensualidade estendida aos casos previstos com a Administração Pública.
Disposições gerais, condições mais rígidas e limitações formais e materiais aparecem nesta parte
final e muito importante da Lei. Sem prejuízo de possibilidades já existentes, é, sem dúvida, um
marco, um novo paradigma para a Administração Pública e seus credores.
Negociação
Ainda que seja uma abordagem um pouco mais restritiva e polêmica, uma vez que se situa em um campo
de possibilidades mais amplo possível, ocorrendo, na maioria das vezes em espaços alienígenas ao Poder
Judiciários e aos mais regulamentos métodos consensuais, a Negociação é um importante e tradicional
ferramenta no tratamento adequado de conflitos, com técnicas que podem, em certas ocasiões, apoiar
etapas ou momentos importantes da Conciliação.
A Negociação é uma versão mais originária da consensualidade dos envolvidos em um conflito e, muitas
das vezes, utilizada em várias áreas do conhecimento, normalmente associada a processos de construção
do convencimento de negociações gratuitas ou onerosas.
Trata-se, portanto, de um método com técnicas próprias da liberdade de manifestação e contratação das
partes, muito praticado em escolas de negócios e espaços afins e que ganha maior visibilidade junto às
operações judiciárias e de espaços privados de solução de conflitos após a aproximação da prática e
resultados positivos com a conciliação e mediação.
Para fins de uma melhor percepção, vamosrelacionar aqui alguns pontos diferenciados da Negociação se
comparada à Conciliação e à Negociação.
Mediação com a Administração Pública 
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Maior liberdade temporal
A Negociação tem uma janela no tempo mais ampla e favorável às relações continuadas, em especial aos
envolvidos que já mantinham (e mantém) entre si, outras relações jurídicas. Ela não está presa a
momentos ou desfechos processuais, ligados ao curso de um rito processual, horários e modelos de
funcionamento de centros de conciliação e mediação, por exemplo.
Maior liberdade de objeto
A Negociação, pela sua própria natureza e prática, possui uma maior elasticidade no objeto a ser
negociado de um litígio, podendo, inclusive, ampliar o campo de deliberação e resolução por acordo. Não
é que isso não possa ser feito em sede de conciliação e mediação, mas o ethos desses dois últimos
métodos é menos propenso a tais realizações.
Maior autonomia de execução
A Negociação tem, em sua origem, uma formação mais simplificada, proporcionando aos ditos
negociadores uma apropriação mais simples, menos sofisticada e, em grande parte dos casos, acessível
ao público mais aberto, longe o suficiente da linguagem e comportamento das soluções eminentemente
jurídicas na solução de conflitos. É um aspecto de repercussão social importante e não pode ser
desconsiderado.
Soluções ou métodos adequados não
consensuais
Sem prejuízo da importância da busca e prática da consensualidade no âmbito da Política Pública de
tratamento de conflitos no Brasil, existe também espaço e normatização para métodos que buscam
apresentar uma alternativa à judicialização de conflitos frente ao Poder Judiciário, seja por vontade das
partes, seja por previsão legal ou contratual.
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Arbitragem
A Arbitragem ocupa um papel de destaque no campo dos métodos adequados de solução de conflitos não
consensuais, como uma verdadeira e dedicada opção aos trâmites jurídicos, econômicos e políticos de
ações e processos judiciais que podem restar não decididos em tempo e qualidade desejadas pelos
envolvidos no conflito.
A Lei nº. 9.307/1996 e as importantes alterações previstas pela Lei nº. 13.129/2015 trazem, no âmbito
brasileiro, as opções disponíveis ao tratamento de conflitos fora do Poder Judiciário e sem necessariamente
depender da consensualidade entre os envolvidos. Trata-se da possibilidade da utilização da Arbitragem,
como um meio adequado de resolver conflitos e que tem, conforme previsão legal, as seguintes
características:
Meio adequado não consensual de resolução de conflitos que os interessados, maiores capazes e
pessoas jurídicas de direito privado e público podem ter à disposição para tratamento de relações
jurídicas diversas. É normalmente organizada em espaços públicos e privados denominados de
“Câmaras” com regras e regulamentos pormenorizados da ritualística adotada, sempre com
referência à previsão legal.
Os interessados por optar pela Arbitragem como meio mais adequado e não oneroso de solução de
conflitos por uma Cláusula Compromissória, quando, entre eles, existem relações jurídicas
contratuais ou pelo Compromisso Arbitral, que é uma celebração que pode ser nos autos ou mesmo
extrajudicial, normalmente pelo convite formulado por um dos interessados (ou partes do processo
judicial) e acatado pela outro (a).
Arbitragem 
Como chegar à arbitragem 
Árbitros 
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Pode ser árbitro qualquer pessoa maior e capaz e deverão ser indicados e nomeados pelas partes.
Ao contrário do que ocorre no Poder Judiciário, aqui as partes podem escolher seus árbitros e ou
Centros de Arbitragem. Em outras palavras, inexiste o princípio do árbitro natural, como se tem na
ideia do juiz natural (Poder Judiciário).
De acordo com a Lei nº. 9.307/1996, o procedimento arbitral e a arbitragem consideram-se
instituídos no momento da aceitação do árbitro indicado. Logo de início, há possibilidade de
alegações preliminares diversas, tal como competência, suspeição, dentre outras e que serão
devidamente analisadas e resolvidas. O procedimento em si atenderá à predisposição da convenção
da arbitragem ou na sua ausência, às disposições do Centro de Arbitragem. O procedimento arbitral
compreende também a instrução, com oitiva de depoimento das partes, testemunhas, análise de
documentos e outros meios de prova.
Antes de instituída a arbitragem, eventuais medidas de urgência devem ser requeridas ao Poder
Judiciário. Com a instituição da arbitragem, os árbitros passam a responder por novas análises e
possíveis ajustes. Em tramitação da arbitragem, medidas especiais poderão ser solicitadas ao Poder
Judiciário, que as praticará, for o caso, em cumprimento às Cartas Arbitrais. Trate-se de mais uma
caracterização do hibridismo do procedimento arbitral que poderá contar o apoio e atuação do Poder
Judiciário em cada caso concreto, se necessário for.
Procedimento arbitral 
Medidas de urgência e carta arbitral 
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Trata-se do documento decisório da Justiça Arbitral, proferida na sequência do referido
procedimento e que conterá, na forma da lei, relatório, fundamentação e o dispositivo, podendo ser
parcial ou total. Após a comunicação formal às partes, há um prazo para possíveis correções
materiais e em seguida, a sentença passará a ter a mesma validade jurídica das sentenças
proferidas pelo Poder Judiciário, sendo consideradas como títulos executivos judiciais, nos termos
do artigo 515, XXX do CPC.
Sim, você não leu errado! Título executivo judicial!
Mas, a Arbitragem não é fora do Poder Judiciário? Pois é, o legislador poderia ter caracterizado como um
título executivo extrajudicial, mas como a Arbitragem foi instituída por lei à época como um “meio
alternativo” à jurisdição e com caráter substitutivo e decisório, talvez por esta razão a classificação como
título judicial.
Justiça Desportiva
Justiça Desportiva e relações com a
Arbitragem e o Poder Judiciário
Certamente você já ouviu falar sobre a Justiça Desportiva no Brasil. Não? Então vamos lá!
A CRFB 88 prevê, em seu art. 217, as normas principiológicas e originárias do Desporto no Brasil e de forma
clara, prevê, em seu §§ 1º e 2º, disposições sobre o acesso à justiça para o tratamento de conflitos
Sentença arbitral 
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desportivos. É clara a norma de caráter de vedação inicial à Justiça Comum, assim entendido acesso ao
Poder Judiciário.
Comentário
Viu só! Ainda que você não encontre essa informação em muitos espaços de estudos e prática dos
métodos adequados de solução de conflitos, existe um meio adequado de solução de conflitos para a
justiça desportiva e que é, em regra, não consensual.
Agora que você já se localizou pela CRFB 88, é bom também conhecer a Lei Geral do Desporto no Brasil.
Vamos lá?
A Lei nº. 9.615/1998 regula, no âmbito do Brasil, as normas gerais do desporto que
engloba, nos termos do artigo 1º da própria lei, práticas formais e informais que
podem ter normas complementares nacionais e internacionais.
A referida lei, para além de regular o Sistema Nacional do Desporto, Do Conselho de Desenvolvimento do
Desporto Brasileiro (CDDB), Dos Sistemas do Desporto dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a
Prática Desportiva Profissional, da Ordem Desportiva, Dopagem, aborda, em seus artigos 59 a 55-C da
Justiça Desportiva, tema que nos interessa em meio aos métodos de tratamento adequados deconflitos.
A Justiça Desportiva no Brasil está devidamente estruturada, com caráter substitutivo da Justiça Comum e
decisões não dependentes do consenso, que trazem segurança jurídica às relações desportivas previstas na
presente lei e também em regras específicas da prática das variadas modalidades desportivas e sua
respectiva organização em confederações, federações ligas e outras agremiações.
Exemplo
No caso específico do futebol, a Confederação Brasileira de Futebol, para além das previsões e sujeições da
Justiça Desportiva, atua com a Câmara Nacional de Resolução de Disputas, com extensa previsão de como
os conflitos deverão ser tratados no campo específico das relações de seu interesse, incluindo as
federações, clubes atletas etc.
Tais disposições estão claras logo nos artigos 1º e 2º do Regulamento da Câmara Nacional de Resolução
de Disputas 2020, atualmente em vigor, que prevê também em seus artigos sequências às normas de
instituição de procedimentos para as respectivas disputas.
Mais do que oportuno, neste sentido, é o indicativo da previsão da atuação do CBMA, um dos mais
importantes Centros de Mediação e Arbitragem no Brasil, em especial no campo da Arbitragem Desportiva e
seu respectivo regulamento próprio, em matérias diversas na esfera Recursal.
Resta clara a interação da Arbitragem com a Justiça Desportiva no Brasil, bem como as permissões, ainda
que limitadas e secundárias, da intervenção do Poder Judiciário propriamente dita, normalmente associado
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às questões de direitos do consumidor torcedor, das relações e direitos trabalhistas dos atletas e possíveis
questões de organização e eleição interna das organizações desportivas e clubes de um modo geral.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O respeito dos métodos adequados de solução de conflitos, marque a única alternativa que condiz com
a realidade normativa brasileira:
Parabéns! A alternativa D está correta.
Os métodos adequados de solução de conflitos não são todos de caráter consensual. A arbitragem e a
Justiça Desportiva são dois bons exemplos. Aliás, a própria jurisdição do Poder Judiciário é, para
A
Todos os métodos adequados são de caráter consensual, isto é, não impõem decisões
substitutivas da vontade das envolvidos, como as sentenças judiciais.
B
A Conciliação como método adequado de solução de conflitos tem ocorrência no
âmbito extrajudicial.
C
A Mediação como método adequado de solução de conflitos pode ter ocorrência
apenas na esfera judicial.
D
Os métodos adequados são de caráter predominantemente consensual, podendo
destacar a Arbitragem e a Justiça Desportiva como exceções.
E A Conciliação não é o método adequado que mais tempo convive na realidade brasileira.
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muitos dos casos, o método mais adequado e, por si só, não tem o caráter de consensualidade como
regra, o que não impede de proporcionar espaços para a mediação e conciliação, por exemplo.
Questão 2
O acesso à Justiça Desportiva no Brasil pode ser considerado um método adequado de solução de
conflitos?
Parabéns! A alternativa A está correta.
Sim, nos termos do art. 217 da CRFB 88 e da Lei Brasileira do Desporto, além de outros documentos
jurídicos complementares, como, no caso do futebol, o Regulamento da Câmara Nacional de Resolução
de Disputas. Entende-se por meio adequado de solução de conflitos todo e qualquer meio que se revele,
seja por lei ou vontade das partes efetivamente mais adequado do que a regra geral de acesso ao
Poder Judiciário.
A
Sim, conforme previsão legal da Lei Brasileira do Desporto, sem prejuízo de outros
documentos jurídicos complementares.
B Não, pois métodos adequados são somente a conciliação e mediação.
C
Não, pois para ser método adequado deve haver decisão fundamentada do juiz da
causa, no momento que homologa por sentença, o caso concreto por conciliação ou
mediação.
D
Sim, é formalmente uma espécie de Arbitragem e atende aos princípios da Lei nº.
9.307/1996, sem outros diplomas legais regulamentadores.
E
Sim, mas apenas quando houver adesão voluntária de entidades, clubes e atletas, pois
do contrário, a competência de julgamento é da Justiça Comum.
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Considerações �nais
Os métodos adequados de solução de conflitos tratam-se de uma resposta mais moderna para a solução de
conflitos, para inserir os jurisdicionados numa ideologia mais harmoniosa, a qual conta com outros meios
de solução de conflitos, que não apenas a imposta pelo Estado-juiz, para alcançar-se a efetividade da
justiça: decisão justa, menos dispendiosa e com tempo razoável.
Para tanto, recentemente (a partir da EC 45), os meios adequados de solução de conflitos ganharam
destaque como instrumentos adequados a garantir o acesso à justiça, tendo o sistema brasileiro sido
estruturado no sentido de estimular a autocomposição, não por acaso, tem rasgo de norma fundamental
estatuída nos § 2º e 3º do artigo 3º do CPC.
Podcast
Neste podcast, o professor discorre sobre os métodos consensuais e não consensuais para a resolução de
controvérsias.
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Referências
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03378/index.html# 45/46
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TAKAHASHI, B. Em busca da Solução de Adequada de Conflitos. Partes e Instituições em Disputa. Belo
Horizonte: Del Rey, 2021.
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Consulte no portal da União Europeia as normativas e experiências em prol da consensualidade no
ambiente digital das ADRs (Alternative Dispute Resolution).
Acesse a publicação Justiça em Números do Conselho Nacional de Justiça e conheça os números da
Conciliação e Mediação na Justiça do Brasil.
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Acesse o site do PROCON- RJ e conheça um importante e histórico espaço de busca pela consensualidade
nos conflitos oriundos das relações de consumo.
Pesquise a Plataforma CONSUMIDOR.GOV e conheça importantes oportunidades e inovações no âmbito
das oportunidades de consenso no ambiente digital.
Conheça a Câmarade Resolução de Disputas da Confederação Brasileira de Futebol.

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