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Piodermites - infecções bacterianas de pele Microbiota humana ● Pertence ao indivíduo ● Local do corpo específico ● É um conjunto de microrganismos Tipos ➔ A microbiota pode ser classificada em residente (ou autóctone) e transitória (ou alóctone). A microbiota residente consiste em tipos relativamente fixos de microrganismos, encontrados com regularidade em determinada área, podendo sofrer alterações relacionadas com a idade, em algumas regiões do organismo. Se for perturbada, pode recompor-se prontamente. A microbiota transitória, por outro lado, é formada por microrganismos provenientes do meio ambiente, que habitam a pele e as mucosas por horas, dias ou semanas, não se estabelecendo de forma permanente Benefícios ➔ Funcionam como uma barreira que impede a proliferação de microrganismos patogênicos, ativam e modulam a resposta imunológica, reduzem o pH intestinal, controlam o armazenamento de gorduras, metabolizam compostos Definição de termos Liquenificação: Pele espessa e áspera caracterizada por marcas cutâneas acentuadas (como líquen no tronco de árvore); geralmente resultante da fricção repetitiva Mácula: Lesão circunscrita, de largura menor ou igual a 5 mm, caracterizada pela forma plana e distinguida pela coloração (mancha maior que 5 mm) Pápula: Lesão elevada em forma de cúpula ou com a parte superior achatada de largura igual ou inferior a 5 mm (nódulo é maior que 5 mm) Pústula: Lesão elevada, distinta e purulenta Vesícula: Lesão elevada preenchida por fluido e com largura igual ou inferior a 5 mm (Bolha é maior que 5 mm. Empola é o termo comum para ambas) Patogênese ➔ Competição entre a microbiota normal X patógeno → Desequilíbrio Consequências: Lesão → Ativação da defesa → Citocinas → Leucócitos → Sistema complemento Disseminação pela via hematogênica → exantemas Liberação de toxinas → febre escarlate Piodermites ➔ Atingem as camadas da pele e tecidos moles Classificação: ● Abscessos ● Infecções disseminadas ● Infecções necrosantes Patogênese dos Estafilococos ➔ S. epidermidis e S. aureus Todos os estafilococos produzem catalase, ao contrário dos estreptococos (a catalase degrada H2O2 a O2 e H2O). A catalase é um importante fator de virulência, uma vez que o H2O2 é microbicida e sua degradação limita a capacidade de os neutrófilos promoverem a morte. (isso facilita com que a bactéria se dissemina pela pele sem intercorrências) S. aureus causa doença por meio da produção de toxinas e pela indução de inflamação piogênica. Várias toxinas e enzimas importantes são produzidas por S. aureus. Três exotoxinas clinicamente importantes são a enterotoxina, a toxina da síndrome do choque tóxico e a esfoliatina Enterotoxina não se relaciona com piodermites A esfoliatina causa a síndrome da “pele escaldada” em crianças. É “epidermolítica” e atua como uma protease que cliva a desmogleína dos desmossomos, levando à separação da epiderme na camada de células granulares. Várias toxinas podem matar leucócitos (leucocidinas) e causam necrose de tecidos in vivo. Dentre elas, uma das mais importantes é a toxina alfa, que provoca intensa necrose de pele e hemólise. Uma segunda toxina importante, a leucocidina P-V, é uma toxina formadora de poros que mata as células, especialmente leucócitos, por causar danos às membranas celulares. A. Staphylococcus aureus: doenças piogênicas (1) Infecções de pele são muito comuns. Infecções necrotizantes graves de pele e tecidos moles são causadas por linhagens de S. aureus resistentes à meticilina que produzem a leucocidina P-V. (2) A síndrome do choque tóxico caracteriza-se por febre, hipotensão, uma erupção cutânea difusa, macular, similar a uma queimadura de sol, que progride à descamação, e envolvimento de três ou mais dos seguintes órgãos: fígado, rim, trato gastrintestinal, sistema nervoso central, músculos ou sangue. (3) A síndrome da pele escaldada caracteriza-se por febre, grandes vesículas e uma erupção macular eritematosa. Grandes áreas da pele descamam, há exsudação de fluido seroso e pode ocorrer um desequilíbrio eletrolítico. Pode haver perda de cabelos e unhas. Essa síndrome ocorre com maior frequência em crianças. Infecções estafilocócicas ➔ Foliculite e Furúnculos A foliculite é a inflamação do folículo piloso causada por infecção, irritação química ou lesão física. É definida histologicamente pela presença de células inflamatórias na parede interna e óstio dos folículos pilosos, criando uma pústula folicular. A inflamação pode ser superficial, confinada à porção superior do folículo piloso ou estender-se a todo o folículo piloso Os achados clínicos clássicos de foliculite superficial são pústulas foliculares e pápulas eritematosas foliculares na pele rolamento cabelo. Nódulos são uma característica de profunda inflamação folicular Infecções profundas do folículo piloso pode gerar o desenvolvimento de furúnculo ➔ Hordéolo (terçol) Um hordéolo (terçol) é um edema localizado agudo da pálpebra que pode ser interno ou externo e, geralmente, é uma infecção ou abscesso piogênico (tipicamente estafilocócica). A maioria dos hordéolos são externos e resultam de obstrução e infecção de um folículo ciliar e das glândulas adjacentes das glândulas de Zeis ou Moll. Um hordéolo interno, que é muito raro, resulta de infecção de uma glândula meibomiana. Às vezes, a celulite acompanha hordéolo. Normalmente, uma pequena pústula amarelada se desenvolve na base de um cílio, cercada por hiperemia, endurecimento e edema difuso. Em 2 a 4 dias, as lesões se rompem e o material é secretado (frequentemente pus), aliviando assim a dor e desaparecimento da lesão. ➔ Carbúnculo ou antraz A infecção cutânea geralmente é adquirida por contato com animais infectados, produtos animais contaminados com esporos ou solo contendo esporos ou, raramente, por injeção de heroína contaminada em usuários de drogas injetáveis. Feridas abertas ou escoriações aumentam a suscetibilidade, mas a infecção pode ocorrer quando a pele está íntegra. Em geral, o antraz cutâneo não contagioso, mas, em casos muito raros, a infecção pela pele pode ser transmitida de uma pessoa para outra por contato direto e por objetos contaminados. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-oftalmol%C3%B3gicos/doen%C3%A7as-da-%C3%B3rbita/celulites-orbital-e-pr%C3%A9-septal ➔ Impetigo (estafilo e estrepto) O impetigo é uma infecção superficial da pele causada principalmente por estafilococos e, menos frequentemente, por estreptococos ou uma combinação de ambas as bactérias. A doença é comum e mais prevalente em crianças Os estafilococos têm sido a causa do impetigo bolhoso e os estreptococos do grupo A são mais frequentemente os organismos causadores do impetigo não bolhoso. A variante não bolhosa, responsável por mais de 70% dos casos, também conhecida como impetigo contagioso (Tilbury-Fox), inicia-se com uma vesícula ou pústula de parede fina, quase imperceptível, pois rompe-se logo, às vezes em base eritematosa. O exsudato purulento seca e forma a clássica crosta marrom-amarelada grossa (melicérica). Quando removida, a crosta reaparece rapidamente. Embora as áreas expostas da pele sejam afetadas com mais frequência em adultos, em crianças qualquer local pode ser afetado. No impetigo bolhoso estafilocócico, pequenas rupturas na pele permitem o aparecimento da infecção com a formação de bolhas causadas por toxinas esfoliativas estafilocócicas produzidas no local. A doença afeta crianças, mais frequentemente no rosto e nas pernas; no entanto, também pode envolver outras áreas. As lesões começam como máculas eritematosas que evoluem para bolhas superficiais com conteúdo seroso. Essas bolhas rompem-se com facilidade, levando à formação de crostas finas, lisas, cor de mel, semelhantes a um filme de revestimento, que, ao escamar, não deixam cicatrizes. As lesões são pequenas, múltiplas e em vários estágios de desenvolvimento. O impetigo bolhoso estafilocócico não compromete a saúde geral do indivíduo, e a febre só está presente quando há múltiplas lesões. Localmente, há um pequenodesconforto e pode ocorrer coceira. Patogênese do Estreptococos Os estreptococos do grupo A (S. pyogenes) causam doença por três mecanismos: (1) inflamação piogênica, induzida localmente no sítio dos organismos no tecido, (2) produção de exotoxina, que pode causar sintomas sistêmicos disseminados em regiões corporais onde não há organismos (3) imunológico, que ocorre quando o anticorpo contra um componente do organismo reage de forma cruzada com o tecido normal ou forma complexos imunes que danificam o tecido normal Os estreptococos do grupo A produzem três importantes enzimas associadas à inflamação: (1) A hialuronidase degrada o ácido hialurônico, a substância base do tecido subcutâneo. A hialuronidase é conhecida como fator de disseminação, uma vez que facilita a rápida disseminação de S. pyogenes em infecções de pele (celulite). (2) A estreptoquinase (3) A DNase (estreptodornase) degrada o DNA em exsudatos ou tecidos necróticos. Anticorpos contra DNase B desenvolvem-se durante a piodermite, o que pode ser utilizado para fins diagnósticos Além disso, os estreptococos do grupo A produzem importantes toxinas e hemolisinas. (1) A toxina eritrogênica causa a erupção da escarlatina. Seu mecanismo de ação é similar àquele da toxina da síndrome do choque tóxico (2) A estreptolisina O (3) A estreptolisina S (4) A exotoxina A piogênica é a toxina responsável pela maioria dos casos da síndrome de choque tóxico por estreptococos. Exibe o mesmo mecanismo de ação que a TSST estafilocócica, isto é, consiste em um superantígeno que provoca a liberação de grandes quantidades de citocinas pelas células T auxiliares e pelos macrófagos (5) A exotoxina B é uma protease que destrói rapidamente os tecidos, sendo produzida em grandes quantidades por linhagens de S. pyogenes, os denominados estreptococos “carnívoros”, responsáveis pela fasciite necrosante. Infecções estreptocócicas ➔ Erisipela Erisipela é um distinto tipo de celulite cutânea, superficial, com marcante envolvimento de vasos linfáticos da derme, caracterizada por vermelhidão, inchaço e dor. Na erisipela típica, a área de inflamação destaca-se com algum relevo, indicando distinta demarcação entre o tecido envolvido e o normal. É causada por estreptococos β - hemolítico, do grupo A (EGA). A infecção cutânea, frequentemente, surge em decorrência de ruptura da integridade da epiderme. A infecção instala-se com a invasão da derme e do subcutâneo pelo patógeno e mecanismos inflamatórios são elicitados como resposta à invasão. Nem sempre é possível o isolamento do microorganismo, sugerindo que muitas das alterações clínicas locais são mediadas por citocinas e/ou toxinas. Ocorre brusca elevação da temperatura até 39°C ou 40°C, calafrios, náuseas e intenso mal-estar. Os locais mais acometidos são os membros inferiores, seguidos da face e membros superiores. Geralmente é caracterizada por uma única lesão elevada, com média de 10 a 15 cm em seu maior eixo, com borda nítida, que avança com a progressão da doença. Podem desenvolver-se bolhas, geralmente flácidas, com conteúdo translúcido. Fatores de risco Insuficiência venosa, infecções fúngicas da pele, linfedema, diabetes mellitus, obesidade, imunossupressão, infecção do trato respiratório e alcoolismo ➔ Celulite A celulite infecciosa é um processo que acomete a derme profunda e tecido subcutâneo. Quando se inicia o quadro clínico a celulite se apresenta com sinais flogísticos e nem sempre é possível diferenciar tecido saudável e tecido infectado. A celulite compreende-se como uma lesão profundamente dolorosa e com infiltração, com os limites mal demarcados que se expande ao tecido subcutâneo. Sua delimitação com pele saudável é indiscriminável e seu crescimento não ocorre centrifugamente. Em algumas situações pode ser evidenciado a presença de bolhas ou necrose, acarretando em ampliadas áreas de descolamento epidérmico e corrosões superficiais. O abscesso consiste em uma complicação comum de celulite e é caracterizado como uma coleção de pus na pele, podendo ocorrer em qualquer superfície apresentando como sinais e sintomas edema flutuante ou firme, flacidez e dor. ➔ Fasciite necrosante Costuma acometer o tronco e o períneo, resulta de infecção polimicrobiana geralmente por estreptococos do grupo A (p. ex., Streptococcus pyogenes) ou uma mistura de bactérias aeróbias e anaeróbias (p. ex., Bacteroides spp.). Esses organismos caracteristicamente invadem o tecido celular subcutâneo a partir de uma úlcera contígua, infecção ou após trauma. Os estreptococos podem surgir de uma área remota de infecção por via hematogênica. O acometimento perineal (também denominado gangrena de Fournier), em geral, é uma complicação de cirurgia recente, abscessos perirretais, infecção de glândulas periuretrais ou infecção retroperitoneal resultante de vísceras abdominais perfuradas. Pacientes diabéticos são particularmente propensos à INTM tipo I. Infecções do tipo I geralmente produzem gás nas de partes moles tornando sua manifestação semelhante à da gangrena gasosa (mionecrose clostridiana), que é uma infecção monomicrobiana https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/bact%C3%A9rias-anaer%C3%B3bias/infec%C3%A7%C3%B5es-de-tecido-mole-por-clostr%C3%ADdio ➔ Gangrena gasosa mionecrose por clostrídio Infecções por clostrídio do tecidos moles podem ocorrer após uma lesão ou de forma espontânea. A infecção tipicamente resulta em gás nos tecidos moles. Infecções clostridiais do tecido mole normalmente se desenvolvem horas ou dias depois que uma extremidade é lesionada por esmagamento intenso ou ferimento perfurante que desvitaliza o tecido, criando condições anaeróbias. A presença de material estranho (até mesmo estéril) aumenta significativamente o risco de infecção por clostrídios. A infecção também pode ocorrer em feridas cirúrgicas, em particular em pacientes com doença vascular oclusiva subjacente. Infecções por pseudomonas Em queimaduras, a região sob a escara pode ser intensamente infiltrada com microrganismos, com frequência servindo como um foco para subsequente bacteremia, uma complicação letal na maioria das vezes. Lesões com perfuração profunda no pé são geralmente infectadas por P. aeruginosa. Pode haver seios de drenagem, celulite e osteomielite como resultado. Drenagens de punção das lesões frequentemente apresentam odor doce de fruta. A foliculite adquirida em banheiras de hidromassagem costuma ser causada por P. aeruginosa. Causa exantema com prurido em torno dos folículos pilosos. Otite externa (orelha do nadador), que é comum em climas tropicais, é a forma mais comum de infecção por Pseudomonas atingindo a orelha. Uma forma mais grave, chamada otite externa maligna, pode se desenvolver em pacientes diabéticos. É manifestada por dor intensa na orelha, na maioria das vezes com paralisia dos pares cranianos unilaterais, e requer terapia parenteral. A ectima gangrenosa em pacientes neutropênicos é uma lesão patognomônica de pele causada por P. aeruginosa. É caracterizada por áreas preto-violáceas, eritematosas, ulceradas no centro, de aproximadamente 1 cm de diâmetro e encontradas frequentemente em áreas úmidas do corpo como as regiões axilar, inguinal ou anogenital. Ectima gangrenoso ocorre tipicamente em pacientes com bacteremia por P. aeruginosa. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/infec%C3%A7%C3%B5es-articulares-e-%C3%B3sseas/osteomielite https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-da-pele/foliculite https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-do-ouvido,-nariz-e-garganta/dist%C3%BArbios-da-orelha-externa/otite-externa-grave https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-do-ouvido,-nariz-e-garganta/dist%C3%BArbios-da-orelha-externa/otite-externa-maligna
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