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13/11/2020 Patologias de crianças e adolescentes: anemias carenciais, diarreia aguda, constipação intestinal e transtornos alimentares Profa Nara Horst Nutricionista formada pela UNIRIO Nutricionista do HUCFF/UFRJ Pós-graduada em Nutrição Oncológica pelo INCA/MS Doutora em Fisiopatologia Clínica e Experimental - UERJ Anemias Carenciais 1 2 13/11/2020 Anemias carenciais • São anemias decorrentes da ingestão inadequada de nutrientes que são essenciais para eritropoiese normal • Anemia ferropriva • Anemia por deficiência de Ácido fólico e/ou de vitamina B12 Anemia ferropriva - É definida quando os valores de hemoglobina e hematócrito estão abaixo de dois desvios-padrão da referência para idade e gênero - Aproximadamente um quarto da população mundial apresenta essa deficiência - A OMS estima que nos países em desenvolvimento mais de 50% de crianças menores de 4 anos apresentam deficiência de ferro 3 4 13/11/2020 Etiologia • Baixa renda • Desnutrição intra-uterina • Prematuridade • Baixo peso ao nascer ou gemelares • Abandono do aleitamento materno precocemente • Substituição o leite materno pelo leite de vaca sem suplementação de ferro • Dietas pobres em ferro • Desnutrição • Infecções frequentes • Capacidade limitada do organismo em absorver o ferro dietético • Necessidade de ferro para o crescimento • Alta incidência de parasitismo • Alergia alimentar causada principalmente pelo uso do leite de vaca integral Quadro clínico • Os sinais e sintomas surgem lentamente e guardam relação com os estágios de depleção do ferro corporal • Palidez cutaneomucosa, anorexia, perversão do apetite, geofagia, apatia, adinamia (fraqueza muscular), irritabilidade, cefaleia, dispneia aos esforços, fraqueza muscular, intolerância aos exercícios, além do prejuízo do desenvolvimento físico • Redução da capacidade de atenção, déficits psicomotores e comportamentais e alteração da função imune, aumentando a suscetibilidade à diarreia, a doenças respiratórias • A deficiência de ferro pode alterar a neurotransmissão dopaminérgica, com redução do processo de mielinização, o que prejudica as funções cognitivas 5 6 13/11/2020 Diagnóstico • Observação da clínica do paciente • Associação de concentração de hemoglobina e índices hematimétricos abaixo dos valores de referência • valores de hemoglobina • abaixo de 11 g/dL para crianças de 6 a 59 meses de idade • abaixo de 11,5 g/dL para aquelas de 5 a 11 anos • abaixo de 12 g/dL para a faixa etária de 12 a 14 anos • Exames mais específicos • contagem de reticulócitos, ferritina sérica, dosagem do ferro sérico, capacidade de ligação do ferro (CLF), índice de saturação da transferrina (IST), protoporfirina eritrocitária livre (PEL), receptores da transferrina, exame da medula óssea Diagnóstico • ↓ Hemoglobina, ↑ RDW, ↓VCM, ↓HCM • Anemia hipocrômica e microcítica • ↓ ferri na sérica • ↓ ferro sérico, ↑CTLF, ↓ saturação da transferrina 7 8 13/11/2020 Tratamento e prevenção • Objetivo: • Corrigir a causa determinante da anemia e restabelecer os níveis de hemoglobina e demais índices hematimétricos, além de repor os estoques de ferro dos tecidos • Adequação nutricional • Administração oral de sais ferrosos - A dose diária de ferro elementar recomendada é de 3 a 5 mg/kg/dia • A medicação deve ser mantida por 3 a 4 meses para que os estoques de ferro no organismo sejam repostos • Absorção do ferro é favorecida quando a droga é administrada com estômago vazio ou no intervalo das refeições Anemia megaloblástica Não é necessariamente carencial Anemia e células megaloblastóides são decorrentes da redução seletiva na síntese de DNA Tem distribuição universal, embora acometa especialmente indivíduos descendentes de europeus ou africanos 9 10 13/11/2020 Etiologia • VITAMINA B12 • Deficiência dietética: rara • Vegetarianos > 10 anos de privação de alimentos de origem animal • Absorção • Íleo / pH ácido / Fator intrínseco • Anemia perniciosa • Causa imunológica • Atrofia e inflamação da mucosa gástrica (gastrite atrófica) • Ausência de FI e da secreção de ácido clorídrico • ÁCIDO FÓLICO • Deficiência dietética • Causa maia comum • Causa da deficiência combinada (Ác fólico + Vit B12) • Normalmente causada por deficiência da absorção Quadro clínico • Sintomas relacionados à anemia, sintomas gastrintestinais e sinais neurológicos • Cansaço, palidez acentuada, língua lisa, ardor lingual, sensações parestésicas em membros inferiores e mãos (neuropatia periférica), dificuldade para a locomoção, perturbações esfincterianas, hipo ou hiper- reflexia e perturbação mental mais ou menos acentuada (alucinações e até demência) • Os sintomas neurológicos decorrem de degeneração dos cordões laterais e posteriores da medula espinhal, mais grave nas extremidades, caracterizada por desmielinização, • Sintomas cerebrais e degeneração do nervo óptico podem também ocorrer e até mesmo levar à cegueira • O quadro neurológico costuma melhorar ou até regredir, desde que as lesões não sejam de caráter irreversível 11 12 13/11/2020 Diagnóstico • Observação da clínica • Presença de pancitopenia, hemoglobina baixa e macrocitose • o volume corpuscular médio (VCM) frequentemente está acima de 100 no início, atingindo cifras superiores a 110 FL quando o quadro clínico está evidente • Leucopenia • neutrófilos segmentados apresentam hipersegmentação nuclear característica • Plaquetas normais ou diminuídas • Níveis séricos elevados de ácido metilmalônico • (dado específico da deficiência de vitamina B12) • Níveis de desidrogenase lática (LDH) acima de 3.000 UI/L são diagnósticos de anemia megaloblástica Tratamento • Suplementação • Correção das carências dietéticas 13 14 13/11/2020 Diarreia Aguda Diarreia aguda • Perda de água e eletrólitos, que resulta em aumento do volume, da frequência da evacuações e diminuição da consistência das fezes, apresentando algumas vezes muco e sangue, com duração de até 14 dias. • Diarreia é sintoma • o tratamento é remover a causa • Etiologia • A contaminação alimentar é responsável por 70% dos casos 15 16 13/11/2020 Diarreia aguda • Consequências: • Desidratação (principal causa de morte) e desnutrição • Efeito negativo: • Diminuição do apetite • Má absorção de nutrientes • Perda de nutrientes nas fezes e no vômito • Suspensão da alimentação para fazer “pausa intestinal” • Episódios repetidos de diarreia afetam o crescimento e o sistema imune tornando a criança mais susceptível à infecções, principalmente as respiratórias Classificação das diarreias Tipo Característica Patologias associadas Mecanismo Fisiopatológico Osmótica .Presença de solutos osmoticamente ativos pouco absorvidos no lumen intestinal .Responde ao jejum Intolerância à lactose Síndrome de Dumping Secretória .Secreção ativa de eletrólitos e água pelo epitélio intestinal .Não responde ao jejum Exotoxinas bacteriana/Vírus /Secreção aumentada de hormônios intestinais Exsudativa Associada à lesão da mucosa, o que leva à perda de muco, sangue e ptns plasmáticas, com acúmulo de líquidos e eletrólitos no intestino Doença de Crohn Retocolite ulcerativa Enterite por radiação Parasitoses (amebíase) Contato mucoso limitado Mistura do quimo e exposição exposição deste a um epitélio intestinal inadequado (destruído ou diminuído) .Geralmente acompanhado por esteatorréia Doença de Crohn Ressecção intestinal extensa 17 18 13/11/2020 Tratamento da diarreia • Solução de reidratação oral (SRO) • Solução contendo sais para reidratação oral • Fundamentado no mecanismo de absorção de água, glicose e sódio pela mucosa intestinal, que se mantém preservados durante a diarreia • Não cura a diarreia, mas é recomendada para prevenir desidratação • SRO recomendada pelo MS: • SRO caseira: • Duas medidas grandes de açúcar para uma medida pequena de sal, dissolvidas em um copo pequeno de água Compostos Quantidade / envelope Cloreto de sódio 3,5 g Citrato trissódico dihidratado 2,9 g Cloreto de potássio1,5 g Glicose 20,0 g Tratamento dietético • Dependerá do estado de hidratação do paciente 19 20 13/11/2020 Tratamento dietético • Plano A • Recomendado para crianças com diarreia, sem sinais de desidratação • Oferecer SRO após cada evacuação líquida (50-100 ml para lactentes e 100- 200 ml para crianças maiores) • Manter aleitamento materno • Aumentar ingestão de líquidos (água, refresco, água de coco ou suco de fruta) • Manter alimentação habitual • Restrições alimentares e jejum são contraindicados, por serem prejudiciais • Evitar bebidas muito açucaradas, como os refrigerantes • Orientar família a identificar sinais de desidratação • Olhos fundos, boca seca, pouca urina e muita sede Tratamento dietético • Plano B • Recomendado para crianças com diarreia e sinais de desidratação • Fase de reidratação • Oferecer SRO num período inicial de 4 a 6 h, na quantidade de 50 a 100 l/Kg peso • Manter aleitamento materno • Em casos de vômitos, reduzir volume ofertado, mas manter o aleitamento • Fase de manutenção • Deve ser iniciada após o desaparecimento dos sinais e sintomas de desidratação • Oferecer SRO após cada evacuação líquida (50-100 ml para lactentes e 10-200 ml para crianças maiores) • Aumentar ingestão de líquidos • Manter aleitamento materno • Manter alimentação habitual da criança • Orientar família a identificar sinais de desidratação 21 22 13/11/2020 Tratamento dietético • Plano C • Recomendado para crianças com diarreia e desidratação grave • A reidratação oral é o tratamento de escolha • Com a melhora seguir para a fase de manutenção do plano B • Há indicação de hidratação venosa nas seguintes situações: • Alteração do estado de consciência • Persistência dos vômitos, mesmo após uso de sonda nasogástrica • Manutenção ou perda de peso após as primeiras horas de iniciada a alimentação por sonda nasogástrica Outros tratamentos • Probióticos: • Os mais indicados para a diarreia aguda são: lactobacillus GG, Lactobacillus reuteri e Saccharomices boulardii • Suplementação: • Zinco: reduz duração e gravidade da diarreia persistente • Vitamina A: reduz mortalidade e é considerada medida preventiva também • Medicamentos contraindicados: • O MS recomenda que não sejam prescritos medicamentos para o tratamento da diarreia, exceto antibióticos específicos para cólera e diarreia com perda de sangue e grave comprometimento do estado nutricional 23 24 13/11/2020 Constipação intestinal Constipação intestinal • Não é considerada uma doença, mas sim um sintoma • Pode significar fezes muito pequenas (caprinas), muito duras, difíceis de expelir, evacuação infrequente ou, ainda uma sensação de não ter evacuado completamente • Risco de fecaloma 25 26 13/11/2020 Escala de fezes de Bristol Causas • Variam de simples constipação até a retenção crônica, podendo ter origem orgânica ou funcional • Constipação aguda: • Decorrente da convalescência de uma doença aguda, incluindo doenças infecciosas associadas à redução da ingestão alimentar • Situação transitória • Constipação crônica funcional: • Simples: decorre de mudanças alimentares, como o lactente no período de desmame quando consome dieta pobre em resíduo • Psicogênica: tem origem comportamental e decorre de falha na época do treinamento de controle dos esfíncteres. A criança passa a ter medo de evacuar devido à dor e desconforto • Constipação crônica orgânica: • Pode estar associada a uma doença de base ou pode ser secundária a outras patologias (hipotireoidismo, raquitismo, desnutrição, doença de Chagas) 27 28 13/11/2020 Intervenção nutricional • Laxantes: • Formadores de massa: aumentam o volume do bolo fecal (são a base de celulose e hemicelulose) • Lubrificantes: amolecem as fezes, como o óleo mineral • Pode interferir na absorção de vitaminas lipossolúveis e carotenóides • Estimulantes químicos e catárticos salinos: são irritantes da mucosa intestinal, aumentam a peristalse e inibem a absorção de água pelo intestino • Os laxantes esvaziam o cólon de forma violenta e artificial • Quando a medicação é suspensa, o intestino relaxa e a eliminação de fezes é interrompida, pois o cólon foi esvaziado e não houve tempo para formação de novo bolo fecal Intervenção Nutricional • Fibra insolúvel • capacidade hidrofílica • retenção de água → peso e volume do bolo fecal amolecimento das fezes na luz colônica e estímulo mecânico do peristal smo→ progressão fecal → frequência das evacuações • excreção de sais biliares → esteróides e gorduras tem ação catártica • As fibras insolúveis devem ser oferecidas através do aumento do consumo de frutas, verduras, legumes e cerais integrais • A suplementação pode reduzir apetite diminuir biodisponibilidade de Fe, Cu, Mg, Zn e P • Líquidos Intestino grosso tem propriedade de absorver água • Quando o bolo alimentar caminha lentamente pela porção final do intestino, uma grande quantidade de água é removida da luz intestinal fezes ficam endurecidas dificuldade de expulsão • É necessário, então aumentar o consumo de líquidos 29 30 13/11/2020 Intervenção Nutricional • Tratamento • Inclusão de fibra dietética adequada + líquidos • 0,5 g/Kg peso, podem chegar até 35 g/dia ( American Academy of Pediatrics) • 12 g/dia, independente da faixa etária (DRI) • Atenção ao estímulo de defecar • FOS → efeitos na constipação → sem quantidade definida • Caldo de ameixa preta (ácido diidroxifenil isatina) → ação benéfica na constipação • Evitar alimentos obstipantes e refinados • banana-da-prata, limão maçã sem casca, caju, goiaba, maisena, farinha de mandioca, creme de arroz, limonada, farinhas, massas e alimentos industrializados 31 32 13/11/2020 Transtornos Alimentares Transtornos alimentares • Doenças psiquiátricas caracterizadas por alterações importantes do comportamento alimentar que afetam, principalmente, adolescentes e adultos jovens do sexo feminino. Os principais são: • Anorexia nervosa • caracterizada pela perda de peso à custa de dieta extremamente restrita com objetivo de uma busca desenfreada pela magreza, por distorção da imagem corporal e alterações do ciclo menstrual • Bulimia nervosa • caracteriza-se por episódios repetidos de grande ingestão alimentar e uma preocupação excessiva com o controle do peso corporal. O paciente adota medidas extremas como a purgação, a fim de evitar o ganho de peso, causado pela ingestão exagerada de alimentos 33 34 13/11/2020 Outros transtornos alimentares • Pica ou picamalácia: • ingestão de uma ou mais substâncias não alimentares, de forma persistente As substâncias ingeridas tendem a variar, mas podem incluir papel, sabão, tecido, cabelo, fios, terra, giz, talco, tinta, cola, metal, pedras, carvão vegetal ou mineral, cinzas, detergente ou gelo. • Transtorno de ruminação • tem como característica essencial a regurgitação repetida de alimento depois de ingerido. O alimento previamente deglutido que já pode estar parcialmente digerido é trazido de volta à boca sem náusea aparente, ânsia de vômito ou repugnância. O alimento pode ser remastigado e então cuspido ou novamente deglutido • Transtorno alimentar restritivo/evitativo (TARE) • é um transtorno pouco conhecido, que foi criado na tentativa de capturar um grupo de pacientes que apresentam comportamentos e sintomas alimentares prejudicados e angustiantes, mas não têm preocupações relacionadas ao peso e à imagem corporal ligada à AN ou à BN. O comportamento alimentar desses pacientes está associado à esquiva ou a restrição Anorexia Nervosa 35 36 13/11/2020 Anorexia nervosa (AN) • Características essenciais: • restrição persistente da ingestão calórica • medo intenso de ganhar peso ou de engordar ou comportamento persistente que interfere no ganho de peso • perturbação na percepção do próprio peso ou da própria forma • Fatores predisponentes: • sexo feminino; baixa auto-estima; traços obsessivos e perfeccionistas; dificuldade em expressar emoções; história de transtornos psiquiátricos como depressão e transtornosda ansiedade; tendência à obesidade; abuso sexual; histórico familiar de TA; padrões de interação familiar como rigidez e evitação de conflitos; além dos fatores sócio-culturais como por exemplo o ideal cultural de magreza. Também aumentam os riscos, pertencer a grupos que reforçam a demanda por um corpo magro como atletas, bailarinas, modelos e nutricionistas Anorexia nervosa • Complicações clínicas: • são causadas pela própria desnutrição que a privação alimentar ocasiona • complicações metabólicas tais como hipoglicemia, hipercolesterolemia, hipocalemia, hiponatremia, hipocloremia, alcalose metabólica e desidratação. • ajustes fisiológicos no organismo que resultam em redução da taxa de metabolismo basal, que levam a redução da pressão arterial, bradicardia, hipotireoidismo, hipotermia, constipação e alterações no sono • alterações hormonais evidenciadas por irregularidade menstrual, complicada por ausência da menstruação (amenorréia), infertilidade, diminuição de gonadotrofina, hormônio luteinizante e estrogênio. Pode ocorrer também aumento do hormônio de crescimento e cortisol, além de diminuição do T3 • Outras alterações: • lanugo (fina camada de pelos na face e no tronco), alterações na pele (falta de brilho e palidez) e nos cabelos (escassos, sem cor e brilho). • anemia, leucopenia e altos níveis de colesterol total 37 38 13/11/2020 Bulimia nervosa Bulimia nervosa (BN) • Características essenciais: • episódios recorrentes e incontroláveis de consumo de grandes quantidades de alimento em curto período de tempo, seguidos de comportamentos compensatórios inadequados a fim de evitar o ganho de peso, que incluem vômitos auto-induzidos, uso de laxantes e diuréticos, exercícios vigorosos, jejum e dieta restritiva • O uso de dietas inadequadas e padrões arbitrários de peso ideal estão claramente ligados ao desenvolvimento da BN • A doença usualmente tem como início uma dieta para emagrecimento em razão de excesso de peso real ou imaginário • É importante conhecer as dietas já realizadas pelo paciente, bem como suas crenças, tabus e/ou restrições alimentares 39 40 13/11/2020 Bulimia nervosa • Complicações clínicas: • sinal de Russel (calosidade no dorso da mão, causada pela lesão da pele com os dentes ao provocar o vômito) • alterações dentárias como erosão do esmalte dentário que fica com aspecto liso e opaco, e maior susceptibilidade a cáries • gastrite, erosões gastroesofágicas, sangramentos e prolapso retal • Em casos mais graves ocorre perfuração esofágica e ruptura gástrica. Os vômitos frequentes levam à perda do reflexo da náusea e ao relaxamento do esfíncter esofagiano inferior, causando esofagite e sangramento da mucosa intestinal Cuidado nutricional nos TA • iniciado por avaliação do estado nutricional • formulação do diagnóstico nutricional • intervenção dietética • acompanhamento nutricional (com reavaliações frequentes) • A principal diferença dos cuidados nutricionais nos TA é que os procedimentos devem ser discutidos com a equipe multiprofissional que acompanha o caso • A intervenção deve ser construída junto com o paciente e, em alguns casos, com seus familiares 41 42 13/11/2020 Cuidado nutricional no TA • A avaliação nutricional deve ser capaz de identificar condições clínicas e psicológicas, incluindo sintomas e comportamento: • A realização de medidas antropométricas deve incluir aferição de altura, peso e avaliação do padrão de crescimento e maturação sexual em pacientes jovens • É necessário saber interpretar dados bioquímicos: especialmente os associados com a Síndrome de Realimentação • É preciso incluir avaliação do padrão dietético: restrições alimentares, preocupações, rituais secretos de alimentação, compulsão, vômito, atividade física em excesso • O último passo deve ser a realização do diagnóstico nutricional e elaboração de um plano para resolução dos problemas detectados em conjunto com a equipe multidisciplinar Cuidado nutricional no TA • Exames laboratoriais • Eletrólitos séricos (K, P, Mg) • Hemograma • Ferro • Ferritina • Transferrina • Vitamina B12 • Creatinina • Ureia • Glicemia • Albumina • Colesterol total e frações 43 44 13/11/2020 Metas nutricionais • Anorexia nervosa: • Envolvem o restabelecimento do peso • Normalização do padrão alimentar e da percepção de fome e saciedade • Correção das sequelas biológicas e psicológicas da desnutrição • Principal meta do tratamento da AN (Associação Psiquiátrica Americana) • Ganho de peso para que o IMC alcance valores superiores a 19 Kg/m2 Metas nutricionais • Anorexia nervosa: • Fase inicial de recuperação ponderal • 20 kcal/kg de peso atual/dia. • 10 kcal/kg de peso atual/dia (pacientes gravemente desnutridos) • Caso a opção seja pelo uso de nutrição enteral, a fórmula deve ter composição padrão, ser isotônica, com densidade calórica de 1 kcal/ml e, em alguns casos, hipolipidica e sem fibras • Após afastado o risco de Síndrome de Realimentação • Pode ser feito ajuste gradual da oferta calórica até que o consumo energético recomendado seja atingido. • Recomenda-se, nessa fase, de 30 a 40 kcal/kg por dia, podendo chegar até 70 a 100 kcal/kg por dia com a progressão do tratamento Avaliar cuidadosamente risco de Síndrome de Realimentação 45 46 13/11/2020 Atenção! • Síndrome de Realimentação: • A depleção alimentar prolongada seguida por excessiva administração de nutrientes causa intenso anabolismo • Isso leva a um grande consumo intracelular de eletrólitos e minerais como potássio, magnésio e, principalmente, fósforo. • A queda brusca dos níveis séricos desses eletrólitos pode culminar em rabdomiólise, disfunção leucocitária, insuficiência respiratória e cardíaca, arritmias, coma e morte Metas nutricionais • Anorexia nervosa: Proteína: de 15% a 20% das calorias totais Carboidratos: de 50% a 55% das calorias totais, com oferta adequada de fibras insolúveis em pacientes com constipação intestinal Lipídeos: 30% das calorias totais, incluindo as fontes de AGE Micronutrientes: devem preencher 100% da RDA para vitaminas e minerais. Deve-se avaliar a suplementação de tiamina na fase de recuperação de peso 47 48 13/11/2020 Cuidado nutricional no TA • Peso ideal • Deve ser discutido com o paciente, levando- se em consideração sua compleição física e histórico de peso • É fundamental que o paciente compreenda que o peso ideal é determinado em função da sua saúde, e não em função padrões de beleza ou exigências pessoais desmedidas Metas nutricionais • Bulimia nervosa • Deve estar voltado para o monitoramento do peso corporal e do esclarecimento quanto à perda e à variação de peso. • As flutuações de peso devem ser antecipadamente discutidas com o paciente, que está orientado para redução de vômitos e uso de laxantes/diuréticos. • Se houver excesso de peso, uma perda razoável só será conseguida após estabilização do comportamento alimentar. • Lembrar que as adaptações metabólicas causadas pela BN podem levar ao ganho de peso quando o ciclo compulsão alimentar - purgação cessar • Não existe recomendação calórica específica, mas é necessário adoção de uma estilo alimentar saudável • 50% a 55% das calorias totais provenientes dos carboidratos, 15% a 20% das proteínas e 25% a 30% dos lipídios 49 50 13/11/2020 Metas nutricionais • Bulimia nervosa • Etapas da abordagem nutricional • informação sobre as consequências da BN na saúde e sobre alimentação e nutrição • redução da preocupação com peso e aumento da aceitação de seu próprio corpo • monitoramento da alimentação por meio do diário alimentar • estabelecimento de um plano alimentar regular Aconselhamento nutricional A conscientização do paciente em relação ao fato de que a restrição dietética pode levar a compulsões, é primordial. O paciente não deve fazer restrições aleatórias, como, por exemplo, excluir os alimentos ricos em carboidratos da alimentação. Não é recomendada também a contagem de calorias ou a pesagem dos alimentos, pois estes pacientes demonstramextrema atenção na composição dos alimentos e seus valores energéticos (ALVARENGA & LARINO, 2002; LATTERZA, 2004). 51 52 13/11/2020 Resultado do tratamento multidisciplinar • Anorexia nervosa • 50% dos pacientes recupera a maior parte ou todo o peso perdido, revertendo todas as complicações • 25% dos pacientes tem desfechos intermediários e pode recair • A25% dos pacientes tem resultado ruim, incluindo recidivas e complicações físicas e mentais persistentes • Bulimia nervosa • Existem poucos estudos em relação aos resultados do tratamento • O tratamento multiprofissional parece diminuir a frequência de compulsões e purgações, e 97,5% das pacientes não preenchem mais critério diagnóstico Obrigada! 53 54
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