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aula 9

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13/11/2020
Patologias de crianças e adolescentes:
anemias carenciais, diarreia aguda, 
constipação intestinal e transtornos 
alimentares
Profa Nara Horst
Nutricionista formada pela UNIRIO
Nutricionista do HUCFF/UFRJ 
Pós-graduada em Nutrição Oncológica pelo INCA/MS
Doutora em Fisiopatologia Clínica e Experimental - UERJ
Anemias 
Carenciais
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Anemias carenciais
• São anemias decorrentes da ingestão inadequada de nutrientes que 
são essenciais para eritropoiese normal
• Anemia ferropriva
• Anemia por deficiência de Ácido fólico e/ou de vitamina B12
Anemia ferropriva
- É definida quando os valores de
hemoglobina e hematócrito estão
abaixo de dois desvios-padrão da
referência para idade e gênero
- Aproximadamente um quarto da
população mundial apresenta essa
deficiência
- A OMS estima que nos países em
desenvolvimento mais de 50% de
crianças menores de 4 anos
apresentam deficiência de ferro
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Etiologia
• Baixa renda
• Desnutrição intra-uterina
• Prematuridade
• Baixo peso ao nascer ou gemelares
• Abandono do aleitamento materno
precocemente
• Substituição o leite materno pelo
leite de vaca sem suplementação
de ferro
• Dietas pobres em ferro
• Desnutrição
• Infecções frequentes
• Capacidade limitada do organismo
em absorver o ferro dietético
• Necessidade de ferro para o
crescimento
• Alta incidência de parasitismo
• Alergia alimentar causada
principalmente pelo uso do leite de
vaca integral
Quadro clínico
• Os sinais e sintomas surgem lentamente e guardam relação com os
estágios de depleção do ferro corporal
• Palidez cutaneomucosa, anorexia, perversão do apetite, geofagia, apatia,
adinamia (fraqueza muscular), irritabilidade, cefaleia, dispneia aos
esforços, fraqueza muscular, intolerância aos exercícios, além do prejuízo
do desenvolvimento físico
• Redução da capacidade de atenção, déficits psicomotores e
comportamentais e alteração da função imune, aumentando a
suscetibilidade à diarreia, a doenças respiratórias
• A deficiência de ferro pode alterar a neurotransmissão dopaminérgica,
com redução do processo de mielinização, o que prejudica as funções
cognitivas
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Diagnóstico
• Observação da clínica do paciente
• Associação de concentração de hemoglobina e índices hematimétricos
abaixo dos valores de referência
• valores de hemoglobina
• abaixo de 11 g/dL para crianças de 6 a 59 meses de idade
• abaixo de 11,5 g/dL para aquelas de 5 a 11 anos 
• abaixo de 12 g/dL para a faixa etária de 12 a 14 anos
• Exames mais específicos
• contagem de reticulócitos, ferritina sérica, dosagem do ferro sérico,
capacidade de ligação do ferro (CLF), índice de saturação da transferrina (IST),
protoporfirina eritrocitária livre (PEL), receptores da transferrina, exame da
medula óssea
Diagnóstico
• ↓ Hemoglobina, ↑ RDW, ↓VCM, 
↓HCM
• Anemia hipocrômica e microcítica
• ↓ ferri na sérica
• ↓ ferro sérico, ↑CTLF, ↓ saturação 
da transferrina
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Tratamento e prevenção
• Objetivo:
• Corrigir a causa determinante da anemia e restabelecer os níveis de hemoglobina e
demais índices hematimétricos, além de repor os estoques de ferro dos tecidos
• Adequação nutricional
• Administração oral de sais ferrosos - A dose diária de ferro elementar
recomendada é de 3 a 5 mg/kg/dia
• A medicação deve ser mantida por 3 a 4 meses para que os estoques de ferro no 
organismo sejam repostos
• Absorção do ferro é favorecida quando a droga é administrada com estômago vazio 
ou no intervalo das refeições
Anemia megaloblástica
Não é necessariamente carencial
Anemia e células megaloblastóides são decorrentes da redução seletiva
na síntese de DNA
Tem distribuição universal, embora acometa especialmente indivíduos
descendentes de europeus ou africanos
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Etiologia
• VITAMINA B12
• Deficiência dietética: rara
• Vegetarianos > 10 anos de privação 
de alimentos de origem animal
• Absorção
• Íleo / pH ácido / Fator intrínseco
• Anemia perniciosa
• Causa imunológica
• Atrofia e inflamação da mucosa 
gástrica (gastrite atrófica)
• Ausência de FI e da secreção de ácido 
clorídrico
• ÁCIDO FÓLICO
• Deficiência dietética
• Causa maia comum
• Causa da deficiência combinada 
(Ác fólico + Vit B12)
• Normalmente causada por deficiência
da absorção
Quadro clínico
• Sintomas relacionados à anemia, sintomas gastrintestinais e sinais
neurológicos
• Cansaço, palidez acentuada, língua lisa, ardor lingual, sensações
parestésicas em membros inferiores e mãos (neuropatia periférica),
dificuldade para a locomoção, perturbações esfincterianas, hipo ou hiper-
reflexia e perturbação mental mais ou menos acentuada (alucinações e até
demência)
• Os sintomas neurológicos decorrem de degeneração dos cordões laterais e
posteriores da medula espinhal, mais grave nas extremidades, caracterizada por
desmielinização,
• Sintomas cerebrais e degeneração do nervo óptico podem também ocorrer e até
mesmo levar à cegueira
• O quadro neurológico costuma melhorar ou até regredir, desde que as lesões não
sejam de caráter irreversível
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Diagnóstico
• Observação da clínica
• Presença de pancitopenia, hemoglobina baixa e macrocitose
• o volume corpuscular médio (VCM) frequentemente está acima de 100 no início,
atingindo cifras superiores a 110 FL quando o quadro clínico está evidente
• Leucopenia
• neutrófilos segmentados apresentam hipersegmentação nuclear característica
• Plaquetas normais ou diminuídas
• Níveis séricos elevados de ácido metilmalônico
• (dado específico da deficiência de vitamina B12)
• Níveis de desidrogenase lática (LDH) acima de 3.000 UI/L são diagnósticos
de anemia megaloblástica
Tratamento
• Suplementação
• Correção das carências
dietéticas
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Diarreia Aguda
Diarreia aguda
• Perda de água e eletrólitos, que resulta em aumento do volume, da
frequência da evacuações e diminuição da consistência das fezes,
apresentando algumas vezes muco e sangue, com duração de até 14
dias.
• Diarreia é sintoma
• o tratamento é remover a causa
• Etiologia
• A contaminação alimentar é responsável por 70% dos casos
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Diarreia aguda
• Consequências:
• Desidratação (principal causa de morte) e desnutrição
• Efeito negativo:
• Diminuição do apetite
• Má absorção de nutrientes
• Perda de nutrientes nas fezes e no vômito
• Suspensão da alimentação para fazer “pausa intestinal”
• Episódios repetidos de diarreia afetam o crescimento e o sistema imune
tornando a criança mais susceptível à infecções, principalmente as
respiratórias
Classificação das diarreias
Tipo Característica Patologias associadas
Mecanismo 
Fisiopatológico
Osmótica .Presença de solutos osmoticamente
ativos pouco absorvidos no lumen
intestinal
.Responde ao jejum
Intolerância à lactose
Síndrome de Dumping
Secretória .Secreção ativa de eletrólitos e água
pelo epitélio intestinal
.Não responde ao jejum
Exotoxinas bacteriana/Vírus
/Secreção aumentada de
hormônios intestinais
Exsudativa Associada à lesão da mucosa, o que
leva à perda de muco, sangue e ptns
plasmáticas, com acúmulo de líquidos e
eletrólitos no intestino
Doença de Crohn
Retocolite ulcerativa
Enterite por radiação
Parasitoses (amebíase)
Contato mucoso 
limitado
Mistura do quimo e exposição
exposição deste a um epitélio intestinal
inadequado (destruído ou diminuído)
.Geralmente acompanhado por
esteatorréia
Doença de Crohn
Ressecção intestinal extensa
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Tratamento da diarreia
• Solução de reidratação oral (SRO)
• Solução contendo sais para reidratação oral
• Fundamentado no mecanismo de absorção de água, glicose e sódio pela
mucosa intestinal, que se mantém preservados durante a diarreia
• Não cura a diarreia, mas é recomendada para prevenir desidratação
• SRO recomendada pelo MS:
• SRO caseira:
• Duas medidas grandes de açúcar para uma medida pequena de sal, dissolvidas em um
copo pequeno de água
Compostos Quantidade / envelope
Cloreto de sódio 3,5 g
Citrato trissódico dihidratado 2,9 g
Cloreto de potássio1,5 g
Glicose 20,0 g
Tratamento dietético
• Dependerá do estado de hidratação do paciente
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Tratamento dietético
• Plano A
• Recomendado para crianças com diarreia, sem sinais de desidratação
• Oferecer SRO após cada evacuação líquida (50-100 ml para lactentes e 100-
200 ml para crianças maiores)
• Manter aleitamento materno
• Aumentar ingestão de líquidos (água, refresco, água de coco ou suco de fruta)
• Manter alimentação habitual
• Restrições alimentares e jejum são contraindicados, por serem prejudiciais
• Evitar bebidas muito açucaradas, como os refrigerantes
• Orientar família a identificar sinais de desidratação
• Olhos fundos, boca seca, pouca urina e muita sede
Tratamento dietético
• Plano B
• Recomendado para crianças com diarreia e sinais de desidratação
• Fase de reidratação
• Oferecer SRO num período inicial de 4 a 6 h, na quantidade de 50 a 100 l/Kg peso
• Manter aleitamento materno
• Em casos de vômitos, reduzir volume ofertado, mas manter o aleitamento
• Fase de manutenção
• Deve ser iniciada após o desaparecimento dos sinais e sintomas de desidratação
• Oferecer SRO após cada evacuação líquida (50-100 ml para lactentes e 10-200 ml para
crianças maiores)
• Aumentar ingestão de líquidos
• Manter aleitamento materno
• Manter alimentação habitual da criança
• Orientar família a identificar sinais de desidratação
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Tratamento dietético
• Plano C
• Recomendado para crianças com diarreia e desidratação grave
• A reidratação oral é o tratamento de escolha
• Com a melhora seguir para a fase de manutenção do plano B
• Há indicação de hidratação venosa nas seguintes situações:
• Alteração do estado de consciência
• Persistência dos vômitos, mesmo após uso de sonda nasogástrica
• Manutenção ou perda de peso após as primeiras horas de iniciada a alimentação por
sonda nasogástrica
Outros tratamentos
• Probióticos:
• Os mais indicados para a diarreia aguda são: lactobacillus GG, Lactobacillus 
reuteri e Saccharomices boulardii
• Suplementação:
• Zinco: reduz duração e gravidade da diarreia persistente
• Vitamina A: reduz mortalidade e é considerada medida preventiva também
• Medicamentos contraindicados:
• O MS recomenda que não sejam prescritos medicamentos para o tratamento
da diarreia, exceto antibióticos específicos para cólera e diarreia com perda
de sangue e grave comprometimento do estado nutricional
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Constipação
intestinal
Constipação intestinal
• Não é considerada uma doença, mas sim um sintoma
• Pode significar fezes muito pequenas (caprinas), muito duras, difíceis
de expelir, evacuação infrequente ou, ainda uma sensação de não ter
evacuado completamente
• Risco de fecaloma
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Escala de fezes de Bristol
Causas
• Variam de simples constipação até a retenção crônica, podendo ter origem
orgânica ou funcional
• Constipação aguda:
• Decorrente da convalescência de uma doença aguda, incluindo doenças infecciosas
associadas à redução da ingestão alimentar
• Situação transitória
• Constipação crônica funcional:
• Simples: decorre de mudanças alimentares, como o lactente no período de
desmame quando consome dieta pobre em resíduo
• Psicogênica: tem origem comportamental e decorre de falha na época do
treinamento de controle dos esfíncteres. A criança passa a ter medo de evacuar
devido à dor e desconforto
• Constipação crônica orgânica:
• Pode estar associada a uma doença de base ou pode ser secundária a outras
patologias (hipotireoidismo, raquitismo, desnutrição, doença de Chagas)
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Intervenção nutricional
• Laxantes:
• Formadores de massa: aumentam o volume do bolo fecal (são a base de
celulose e hemicelulose)
• Lubrificantes: amolecem as fezes, como o óleo mineral
• Pode interferir na absorção de vitaminas lipossolúveis e carotenóides
• Estimulantes químicos e catárticos salinos: são irritantes da mucosa intestinal,
aumentam a peristalse e inibem a absorção de água pelo intestino
• Os laxantes esvaziam o cólon de forma violenta e artificial
• Quando a medicação é suspensa, o intestino relaxa e a eliminação de fezes é
interrompida, pois o cólon foi esvaziado e não houve tempo para formação de
novo bolo fecal
Intervenção Nutricional
• Fibra insolúvel
• capacidade hidrofílica
• retenção de água →  peso e volume do bolo fecal  amolecimento das fezes na luz colônica e
estímulo mecânico do peristal smo→  progressão fecal → frequência das evacuações
•  excreção de sais biliares → esteróides e gorduras tem ação catártica
• As fibras insolúveis devem ser oferecidas através do aumento do consumo de
frutas, verduras, legumes e cerais integrais
• A suplementação pode reduzir apetite diminuir biodisponibilidade de Fe, Cu, Mg, Zn e P
• Líquidos  Intestino grosso tem propriedade de absorver água
• Quando o bolo alimentar caminha lentamente pela porção final do intestino, uma
grande quantidade de água é removida da luz intestinal  fezes ficam endurecidas
 dificuldade de expulsão
• É necessário, então aumentar o consumo de líquidos
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Intervenção Nutricional
• Tratamento
• Inclusão de fibra dietética adequada + líquidos
• 0,5 g/Kg peso, podem chegar até 35 g/dia ( American Academy of Pediatrics)
• 12 g/dia, independente da faixa etária (DRI)
• Atenção ao estímulo de defecar
• FOS → efeitos na constipação → sem quantidade definida
• Caldo de ameixa preta (ácido diidroxifenil isatina) → ação benéfica na
constipação
• Evitar alimentos obstipantes e refinados
• banana-da-prata, limão maçã sem casca, caju, goiaba, maisena, farinha de mandioca, creme
de arroz, limonada, farinhas, massas e alimentos industrializados
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Transtornos Alimentares
Transtornos alimentares
• Doenças psiquiátricas caracterizadas por alterações importantes do
comportamento alimentar que afetam, principalmente, adolescentes
e adultos jovens do sexo feminino. Os principais são:
• Anorexia nervosa
• caracterizada pela perda de peso à custa de dieta extremamente restrita com
objetivo de uma busca desenfreada pela magreza, por distorção da imagem
corporal e alterações do ciclo menstrual
• Bulimia nervosa
• caracteriza-se por episódios repetidos de grande ingestão alimentar e uma
preocupação excessiva com o controle do peso corporal. O paciente adota
medidas extremas como a purgação, a fim de evitar o ganho de peso, causado
pela ingestão exagerada de alimentos
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Outros transtornos alimentares
• Pica ou picamalácia:
• ingestão de uma ou mais substâncias não alimentares, de forma persistente As substâncias ingeridas
tendem a variar, mas podem incluir papel, sabão, tecido, cabelo, fios, terra, giz, talco, tinta, cola, metal,
pedras, carvão vegetal ou mineral, cinzas, detergente ou gelo.
• Transtorno de ruminação
• tem como característica essencial a regurgitação repetida de alimento depois de ingerido. O alimento
previamente deglutido que já pode estar parcialmente digerido é trazido de volta à boca sem náusea
aparente, ânsia de vômito ou repugnância. O alimento pode ser remastigado e então cuspido ou
novamente deglutido
• Transtorno alimentar restritivo/evitativo (TARE)
• é um transtorno pouco conhecido, que foi criado na tentativa de capturar um grupo de pacientes que
apresentam comportamentos e sintomas alimentares prejudicados e angustiantes, mas não têm
preocupações relacionadas ao peso e à imagem corporal ligada à AN ou à BN. O comportamento
alimentar desses pacientes está associado à esquiva ou a restrição
Anorexia 
Nervosa
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Anorexia nervosa (AN)
• Características essenciais:
• restrição persistente da ingestão calórica
• medo intenso de ganhar peso ou de engordar ou comportamento persistente que
interfere no ganho de peso
• perturbação na percepção do próprio peso ou da própria forma
• Fatores predisponentes:
• sexo feminino; baixa auto-estima; traços obsessivos e perfeccionistas; dificuldade em
expressar emoções; história de transtornos psiquiátricos como depressão e
transtornosda ansiedade; tendência à obesidade; abuso sexual; histórico familiar de
TA; padrões de interação familiar como rigidez e evitação de conflitos; além dos
fatores sócio-culturais como por exemplo o ideal cultural de magreza. Também
aumentam os riscos, pertencer a grupos que reforçam a demanda por um corpo
magro como atletas, bailarinas, modelos e nutricionistas
Anorexia nervosa
• Complicações clínicas:
• são causadas pela própria desnutrição que a privação alimentar ocasiona
• complicações metabólicas tais como hipoglicemia, hipercolesterolemia, hipocalemia,
hiponatremia, hipocloremia, alcalose metabólica e desidratação.
• ajustes fisiológicos no organismo que resultam em redução da taxa de metabolismo
basal, que levam a redução da pressão arterial, bradicardia, hipotireoidismo, hipotermia,
constipação e alterações no sono
• alterações hormonais evidenciadas por irregularidade menstrual, complicada por
ausência da menstruação (amenorréia), infertilidade, diminuição de gonadotrofina,
hormônio luteinizante e estrogênio. Pode ocorrer também aumento do hormônio de
crescimento e cortisol, além de diminuição do T3
• Outras alterações:
• lanugo (fina camada de pelos na face e no tronco), alterações na pele (falta de brilho e 
palidez) e nos cabelos (escassos, sem cor e brilho). 
• anemia, leucopenia e altos níveis de colesterol total
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Bulimia 
nervosa
Bulimia nervosa (BN)
• Características essenciais:
• episódios recorrentes e incontroláveis de consumo de grandes quantidades
de alimento em curto período de tempo, seguidos de comportamentos
compensatórios inadequados a fim de evitar o ganho de peso, que incluem
vômitos auto-induzidos, uso de laxantes e diuréticos, exercícios vigorosos,
jejum e dieta restritiva
• O uso de dietas inadequadas e padrões arbitrários de peso ideal estão
claramente ligados ao desenvolvimento da BN
• A doença usualmente tem como início uma dieta para emagrecimento em
razão de excesso de peso real ou imaginário
• É importante conhecer as dietas já realizadas pelo paciente, bem como suas crenças,
tabus e/ou restrições alimentares
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Bulimia nervosa
• Complicações clínicas:
• sinal de Russel (calosidade no dorso da mão, causada pela lesão da pele com
os dentes ao provocar o vômito)
• alterações dentárias como erosão do esmalte dentário que fica com aspecto
liso e opaco, e maior susceptibilidade a cáries
• gastrite, erosões gastroesofágicas, sangramentos e prolapso retal
• Em casos mais graves ocorre perfuração esofágica e ruptura gástrica. Os vômitos
frequentes levam à perda do reflexo da náusea e ao relaxamento do esfíncter esofagiano
inferior, causando esofagite e sangramento da mucosa intestinal
Cuidado nutricional nos TA
• iniciado por avaliação do estado nutricional
• formulação do diagnóstico nutricional
• intervenção dietética
• acompanhamento nutricional (com reavaliações frequentes)
• A principal diferença dos cuidados nutricionais nos TA é que os procedimentos
devem ser discutidos com a equipe multiprofissional que acompanha o caso
• A intervenção deve ser construída junto com o paciente e, em alguns casos, com
seus familiares
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Cuidado nutricional no TA
• A avaliação nutricional deve ser capaz de identificar condições clínicas e
psicológicas, incluindo sintomas e comportamento:
• A realização de medidas antropométricas deve incluir aferição de altura, peso e
avaliação do padrão de crescimento e maturação sexual em pacientes jovens
• É necessário saber interpretar dados bioquímicos: especialmente os associados com
a Síndrome de Realimentação
• É preciso incluir avaliação do padrão dietético: restrições alimentares, preocupações,
rituais secretos de alimentação, compulsão, vômito, atividade física em excesso
• O último passo deve ser a realização do diagnóstico nutricional e elaboração de um
plano para resolução dos problemas detectados em conjunto com a equipe
multidisciplinar
Cuidado nutricional no TA • Exames laboratoriais
• Eletrólitos séricos (K, P, Mg)
• Hemograma
• Ferro
• Ferritina
• Transferrina
• Vitamina B12
• Creatinina
• Ureia 
• Glicemia 
• Albumina
• Colesterol total e frações
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Metas nutricionais
• Anorexia nervosa:
• Envolvem o restabelecimento do peso
• Normalização do padrão alimentar e da percepção de fome e saciedade
• Correção das sequelas biológicas e psicológicas da desnutrição
• Principal meta do tratamento da AN (Associação Psiquiátrica Americana)
• Ganho de peso para que o IMC alcance valores superiores a 19 Kg/m2
Metas nutricionais
• Anorexia nervosa:
• Fase inicial de recuperação ponderal
• 20 kcal/kg de peso atual/dia.
• 10 kcal/kg de peso atual/dia (pacientes gravemente desnutridos)
• Caso a opção seja pelo uso de nutrição enteral, a fórmula deve ter composição padrão, ser
isotônica, com densidade calórica de 1 kcal/ml e, em alguns casos, hipolipidica e sem fibras
• Após afastado o risco de Síndrome de Realimentação
• Pode ser feito ajuste gradual da oferta calórica até que o consumo energético
recomendado seja atingido.
• Recomenda-se, nessa fase, de 30 a 40 kcal/kg por dia, podendo chegar até 70 a 100
kcal/kg por dia com a progressão do tratamento
Avaliar cuidadosamente risco de Síndrome de Realimentação
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Atenção!
• Síndrome de Realimentação:
• A depleção alimentar prolongada seguida por
excessiva administração de nutrientes causa
intenso anabolismo
• Isso leva a um grande consumo intracelular de
eletrólitos e minerais como potássio, magnésio e,
principalmente, fósforo.
• A queda brusca dos níveis séricos desses
eletrólitos pode culminar em rabdomiólise,
disfunção leucocitária, insuficiência respiratória e
cardíaca, arritmias, coma e morte
Metas nutricionais
• Anorexia nervosa:
 Proteína: de 15% a 20% das calorias totais
 Carboidratos: de 50% a 55% das calorias totais, com oferta adequada de
fibras insolúveis em pacientes com constipação intestinal
 Lipídeos: 30% das calorias totais, incluindo as fontes de AGE
 Micronutrientes: devem preencher 100% da RDA para vitaminas e minerais.
 Deve-se avaliar a suplementação de tiamina na fase de recuperação de peso
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Cuidado nutricional no TA
• Peso ideal
• Deve ser discutido com o paciente, levando-
se em consideração sua compleição física e
histórico de peso
• É fundamental que o paciente compreenda
que o peso ideal é determinado em função da
sua saúde, e não em função padrões de
beleza ou exigências pessoais desmedidas
Metas nutricionais
• Bulimia nervosa
• Deve estar voltado para o monitoramento do peso corporal e do
esclarecimento quanto à perda e à variação de peso.
• As flutuações de peso devem ser antecipadamente discutidas com o paciente, que está
orientado para redução de vômitos e uso de laxantes/diuréticos.
• Se houver excesso de peso, uma perda razoável só será conseguida após estabilização do
comportamento alimentar.
• Lembrar que as adaptações metabólicas causadas pela BN podem levar ao ganho de
peso quando o ciclo compulsão alimentar - purgação cessar
• Não existe recomendação calórica específica, mas é necessário adoção de
uma estilo alimentar saudável
• 50% a 55% das calorias totais provenientes dos carboidratos, 15% a 20% das proteínas e
25% a 30% dos lipídios
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Metas nutricionais
• Bulimia nervosa
• Etapas da abordagem nutricional
• informação sobre as consequências da BN
na saúde e sobre alimentação e nutrição
• redução da preocupação com peso e
aumento da aceitação de seu próprio
corpo
• monitoramento da alimentação por meio
do diário alimentar
• estabelecimento de um plano alimentar
regular
Aconselhamento nutricional
A conscientização do paciente em relação ao fato de que a restrição 
dietética pode levar a compulsões, é primordial. 
O paciente não deve fazer restrições aleatórias, como, por exemplo, 
excluir os alimentos ricos em carboidratos da alimentação. 
Não é recomendada também a contagem de calorias ou a pesagem dos 
alimentos, pois estes pacientes demonstramextrema atenção na 
composição dos alimentos e seus valores energéticos 
(ALVARENGA & LARINO, 2002; LATTERZA, 2004).
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Resultado do tratamento multidisciplinar
• Anorexia nervosa
• 50% dos pacientes recupera a maior parte ou todo o peso perdido,
revertendo todas as complicações
• 25% dos pacientes tem desfechos intermediários e pode recair
• A25% dos pacientes tem resultado ruim, incluindo recidivas e complicações
físicas e mentais persistentes
• Bulimia nervosa
• Existem poucos estudos em relação aos resultados do tratamento
• O tratamento multiprofissional parece diminuir a frequência de compulsões e
purgações, e 97,5% das pacientes não preenchem mais critério diagnóstico
Obrigada!
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