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A identidade organizacional: fundamentos da cultura organizacional Lorene Paixão Sampaio Introdução Você saberia dizer qual é a importância das pessoas para as organizações? Nesta aula aprenderemos como os funcionários contribuem para a formação e a identidade das empresas, destacando as mudanças que ocorrem devido à necessidade de modernização. Vamos estudar também a cultura organizacional, seus elementos e sua relação com os atores que a conduzem. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • identificar os elementos da cultura organizacional; • reconhecer a influência de diversos atores nos processos empresariais. 1 Elementos da cultura organizacional Você já deve ter notado que as organizações exibem perfis diferentes, já que isso depende das pessoas que dela fazem parte e das relações existentes. Mas, como podemos definir a iden- tidade de uma empresa? De acordo com Appelbaum e Grigore (1997 apud ZAGO, 2013), o tipo de negócios, as ações institucionais e as tecnologias utilizadas, ou seja, a estrutura da empresa, são os aspectos que definem a identidade organizacional. Os perfis e a identidade fazem parte dos elementos da cultura organizacional, que proveem as características básicas da relação entre os membros da empresa. Nessa conjuntura Zago (2013) indica diversos elementos existentes, propostos por diferentes autores: • padrão de comportamento: consiste na interação e nas atitudes dos funcionários, por exemplo: a relação entre líderes e liderados; • normas: concebem os procedimentos e as regras a serem seguidas nas organizações, como o cumprimento do horário de trabalho; • valores: compreendem os princípios da organização, como a transparência e a ética; • crenças e pressupostos: implicam nas percepções e interpretações em relação ao que é verdadeiro, por exemplo, as decisões da liderança sobre o desenvolvimento dos fun- cionários em relação à produtividade; • habilidades: referem-se às competências, por exemplo, a autoridade e capacidade do líder em conduzir; • hábitos: são definidos como os costumes, por exemplo, a predisposição de reunião semanal para avaliação de desempenho; • ritos e rituais: se constituem como as celebrações, por exemplo, a premiação por desempenho ou a confraternização de fim de ano; • símbolos: envolvem os artefatos ou materiais e recursos utilizados, por exemplo, a ima- gem ou logotipo que representa a empresa; • heróis: são definidos como as pessoas que têm força e representatividade, por exem- plo, o fundador de uma empresa de sucesso; • estórias e mitos: são instituídas como as narrativas sobre o que ocorre, podendo ser ou não verdadeiras, por exemplo, a relação complexa entre líderes e liderados; • tabus: incidem nas limitações comportamentais, as quais nem sempre são aceitas na empresa, por exemplo, a relação afetiva entre funcionários; • clima organizacional: versa pela percepção que se tem sobre o ambiente, por exemplo, a satisfação dos funcionários sobre a estrutura física; • comunicação: advém do conhecimento e da troca de informações, por exemplo, a con- versa formal e informal entre os setores. FIQUE ATENTO! Cultura, segundo o dicionário Houaiss, é o “conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costumes etc. que distinguem um grupo social organizacio- nal”. A cultura organizacional, no entanto, é vista como um reflexo do comportamento conduzido pelas lideranças formando também seus valores. É importante destacar que a cultura organizacional tem elementos visíveis e outros invisí- veis, ou seja, há elementos tangíveis e intangíveis. No meio empresarial denominamos esta divi- são como teoria do iceberg, como afirma Chiavenato (2004 apud SANTOS, 2014), pois existem situações nas corporações que são fáceis de visualizar e outras não. Nesse contexto, o campo visível refere-se à política da empresa, descrita para o funcionário objetivamente, ao passo que o invisível representa o comportamento em grupo, que não se consegue definir imediatamente. Figura 1 – Teoria do iceberg Fonte: Arcady/Shutterstock.com SAIBA MAIS! O artigo intitulado “Cultura organizacional e os sete pecados capitais: uma propos- ta para compreender os sistemas simbólicos”, de Schadeck et al. (2016), analisa os sistemas simbólicos presentes na cultura. Disponível em: <http://www.scielo.br/ pdf/cebape/v14n1/1679-3951-cebape-14-01-00164.pdf>. Diniz, Oliveira e Quevedo (2012) afirmam que uma cultura forte é mais adequada do que uma cultura fraca, e que ambas são construídas à medida que os líderes da organização conduzem seus esforços na gestão da organização. Quando a empresa tem uma cultura forte, presume-se um menor impacto diante da necessidade de mudanças. 2 Impactos da mudança organizacional As empresas se modificam constantemente devido às alterações que surgem no mercado, geralmente as necessidades e os desejos dos stakeholders, que são os parceiros da empresa. Perceba que as mudanças são atualizações para garantir a sobrevivência no mercado, até porque existem fatores que determinam estas mudanças, como as exigências dos clientes e também a concorrência. Vale destacar que as mudanças nas organizações causam impactos, desde alterações na estrutura da empresa até a produção de um produto ou serviço. FIQUE ATENTO! No mundo globalizado as empresas buscam se inovar e aumentar a competitivida- de, mas, para isso, devem ser transparentes e éticas. O Instituto Brasileiro de Gover- nança Corporativa (IBGC) colabora para a atuação sustentável das organizações, influenciando-as para que tenham maior transparência, justiça e responsabilidade. É importante perceber que os impactos advindos das mudanças provocam nas empresas uma busca por crescimento financeiro, concentração de recursos, parcerias, desenvolvimento de produtos e serviços, qualidade e gestão eficiente, além de maior produtividade. As mudanças orga- nizacionais, quando ocorrem por parte da gestão, ou da liderança, diretamente para os funcioná- rios corresponde a uma dimensão humana, voltada para as pessoas. Figura 2 – Ética empresarial Fonte: Lightspring / Shutterstock.com Assim, a ética empresarial é um dos princípios de toda empresa, pois descreve os pilares necessários para a construção de uma mudança com impactos positivos, tais como: a responsa- bilidade, as alianças, a transparência e os valores. EXEMPLO Com o intuito de obter lucro, as empresas devem se ajustar ao que é determinado, contudo nem sempre há a capacidade de atender suas expectativas, podendo ob- ter fracasso ou sucesso. É preciso ter em mente que o retorno financeiro ocorre a longo prazo. Existem vários fatores agentes das mudanças nas empresas, sendo essencial aderir às ten- dências do mercado e ao mesmo tempo garantir que a cultura da empresa não seja impactada negativamente, como veremos a seguir. 3 Influência da cultura nos processos empresariais Como já vimos, a cultura de uma empresa está relacionada com o comportamento dos seus membros. Nesse sentido, podemos dizer que a liderança é quem mais constrói e interfere nessa cultura. Prazeres e Fadel (2012, p. 8) afirmam que: Para o colaborador desempenhar bem a sua função dentro da organização e contribuir para o compartilhamento de valores nas empresas, ele tem que adquirir conhecimento suficiente no decorrer de sua vida profissional, almejando a competência [...]. EXEMPLO Os artigos “Adaptação cultural no McDonald’s: uma análise sob o aspecto dos car- dápios” (FERREIRA; BEHLING, 201-?) e “Estilos de comunicação de marcas globais em diferentes contextos culturais: um estudo sobre a marca McDonald’s” (SCHARF; SILVA, 2014) demonstram que as organizações buscam observar o contexto do macro ambiente, ao qual estão inseridas, além de se adaptarem aos diferentes ce- nários e culturas. Podemos perceber que estas empresas estabelecem uma capa- cidade de adaptação de seus produtos, serviços e comunicação, tendo em vista a potencialização deles. Sua culturaorganizacional minimiza os movimentos de resistência em torno das mudanças propostas, evitando conflitos entre a cultura regional e cultura organizacional. Figura 3 – Cultura x relações sociais Fonte: Fred Ho/Shutterstock.com A cultura organizacional, nesse sentido, será adquirida com uma forma de adaptação dos funcionários ao ambiente empresarial, o que constituirá, portanto, o perfil organizacional. FIQUE ATENTO! A cultura está diretamente relacionada à identidade do indivíduo, na forma como atua nas organizações e como este constrói suas relações. A construção das estratégias e do controle das organizações está pautada nos valores pre- dominantes que vão desde o atendimento realizado até o nível de qualidade e a relação entre a diversidade e a modernidade, como veremos no tópico a seguir. 4 Diversidade x modernidade O principal desafio de uma empresa, diante do cenário globalizado, é conseguir se destacar de maneira eficaz perante a concorrência e os clientes. Você saberia dizer como isso é possível? Para responder a esta questão, devemos levar em conta dois aspectos: a diversidade e a modernidade. Note que as empresas precisam estar dispostas a diversificar suas ações para, ao mesmo tempo, se modernizarem. Nesse ponto encontra-se um grande desafio: uma vez que a moderni- dade representa a capacidade de aderir a tendências, a empresa deve estar disposta a abrir mão de alguns valores. Para Sant’Anna et al (2016) o grande desafio consiste, no entanto, em desenvol- ver pessoas com o perfil requerido pelo novo tipo de organização. Figura 4 – Tecnologia x valores Fonte: ProStockStudio /Shutterstock.com Atualmente, podemos perceber que as empresas se transformaram em grandes centros de informações e de recursos, integrando valores e tecnologia, em que os membros de uma empresa estão inseridos ao ambiente e, ao mesmo tempo, incorporados à perspectiva da tecnologia. SAIBA MAIS! O livro “A Identidade Cultural na Pós-Modernidade”, do autor Stuart Hall (2014), ava- lia a identidade do homem moderno e a crise com os valores individuais e sociais. Diversificar as atividades e integrar-se com a modernidade não é uma tarefa simples, pois há um conflito entre os dois aspectos. No Brasil, por exemplo, internamente há uma grande diversi- dade cultural e existe modernidade, mas apenas em alguns setores da sociedade, pois há dificul- dades em se conseguir impetrar igualmente, ou por não possuir capacidade ou até mesmo por indisponibilidade de recursos. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • avaliar o conceito e identificar os elementos da cultura organizacional; • distinguir os aspectos e impactos da mudança organizacional; • compreender a relação entre a modernidade e a diversidade apresentada nas empresas. Referências DINIZ, Polyana Weidy Bezerra; OLIVEIRA, Simony Rodrigues de; QUEVEDO, Andressa Pacífico Franco. A vida pode ser linda para os funcionários de uma Unidade Franqueada de O Boticário: um estudo de caso sobre cultura organizacional. 2012. Disponível em: <http://www.convibra.com. br/upload/paper/2012/39/2012_39_5234.pdf>. Acesso em: 2 maio 2017. FERREIRA, Orjana Thiesen Ferreira; BEHLING, Hans Peder. Adaptação cultural no McDonald’s: uma análise sob o aspecto dos cardápios. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ADMINISTRA- ÇÃO DA ESPM, 11, 201-?, São Paulo. Anais... São Paulo, 201-?. Disponível em: <file:///C:/Users/ Fernanda%20Gobbi/Desktop/Download/118-427-2-PB.pdf>. Acesso: 31 jul. 2017. HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. 12. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2014. HOUAISS Eletrônico. São Paulo: Editora Objetiva, 2009. PRAZERES, Fabiano Siqueira dos; FADEL, Bárbara. A influência da Cultura Organizacional no pro- cesso de qualificação da mão de obra: Estudo de caso em uma empresa de TI. Revista Eletrônica de Administração, v. 11, n.1, edição 20, jan-jun 2012. Disponível em: <http://periodicos.unifacef. com.br/index.php/rea/article/viewFile/505/473>. Acesso em: 7 jul. 2017. SANT’ANNA, Anderson de Souza; et al. Competências individuais e modernidade organizacional: um estudo comparativo entre profissionais de organizações mineiras e baianas. Gest. Prod., São Carlos, v. 23, n. 2, p. 308-319, 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/gp/v23n2/0104- 530X-gp-0104-530X1191-15.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2017. SANTOS, Érica Mendes dos. A Importância da Cultura para as Organizações. Caderno de Adminis- tração. Caderno de Administração – Revista da Faculdade de Administração da FEA. São Paulo, v. 8, n. 1, p. 19-37, jan.-dez. 2014. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/caadm/arti- cle/view/20226>. Acesso em: 4 maio 2017. SCHADECK, Marise, et al. Cultura organizacional e os sete pecados capitais: uma proposta para compreender os sistemas simbólicos. Cadernos Ebape.br, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 164- 181, jan./mar. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cebape/v14n1/1679-3951-ce- bape-14-01-00164.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2017. SCHARF, Edson Roberto; SILVA, Halissa Odebrech da. Estilos de comunicação de marcas globais em diferentes contextos culturais: um estudo sobre a marca McDonald’s. CONTEXTUS Revista Contemporânea de Economia e Gestão. Fortaleza, V. 12, n. 1, jan/abr 2014. Disponível em: < http:// www.periodicos.ufc.br/contextus/article/view/936/912>. Acesso em: 7 jul. 2017. ZAGO, Celia Cristina. Cultura Organizacional: Formação, Conceito e Constituição. Revista Eletrô- nica Sistemas & Gestão. Niterói, v. 8, n. 2, p. 106-117, 2013. Disponível em: <http://www.revistasg. uff.br/index.php/sg/article/download/V8N2A1/V8N2A1>. Acesso em: 2 jun. 2017.
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