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Transtornos depressivos

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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 
Transtornos Depressivos 
1. TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR (F32) 
 Transtorno depressivo mais comum, com alta prevalência na população. 
 Mais comum em mulheres do que em homens. 
 Pico de incidência entre 30 e 40 anos, podendo ocorrer mais cedo ou mais tarde. 
 Ocorre igualmente em todas as classes sociais. 
 
 CRITÉRIO TEMPORAL: Pelo menos 2 semanas de sintomas. 
 CRITÉRIO SINTOMATOLÓGICO: Paciente deve preencher pelo menos 5 de 9 critérios, sendo que o critério 1 (humor 
deprimido) ou critério 2 (anedonia – perda da capacidade de sentir prazer) obrigatoriamente devem estar presente. 
 
 
 Pode ocorrer abulia (perda da iniciativa de fazer algo), avolia (incapacidade de fazer algo, perda da vontade), adinamia 
(indisposição física), alteração do ciclo sono-vigília, ideias de menos valia, ideação suicida. 
 Os sintomas devem estar presentes na maior parte dos dias, quase todos os dias. 
 Sempre excluir causas orgânicas, como hipotireoidismo e anemia. 
 Também excluir transtorno de humor induzido por substâncias (ex: abstinência de cocaína ou metanfetamina). 
 
 TDM leve: Sem prejuízo da funcionalidade  Não necessita começar com tratamento farmacológico, uma vez que a 
psicoterapia e a medicação têm a mesma eficácia nessa situação. OU SEJA, NO QUADRO DEPRESSIVO LEVE A 
PSICOTERAPIA TEM A MESMA EFICÁCIA DO QUE O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO! 
 
 TDM moderada: Necessita de tratamento farmacológico. 
 TDM grave: Há associação com sintomas psicóticos (ideias delirantes que não correspondem a realidade), prejuízo da 
funcionalidade e do convívio social  Necessita de tratamento farmacológico. 
 
 Tratamento do TDM: 
 
 ISRS (Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina): Agem no receptor serotoninérgico de 
maneira parcialmente seletiva, bloqueando a bomba de recaptação de serotonina (SERT). O resultado é um maior 
tempo de ação da serotonina na fenda sináptica. Causam menos efeitos colaterais do que os ADT. 
 
 
VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 
- Sertralina 50 a 200 mg = Segura e com pouca interação medicamentosa. Pode ser administrada para crianças a 
partir de 8 anos, idosos, gestantes, lactantes. 
- Fluoxetina 20 a 80 mg = Pode ser administrada para gestantes, mas não pode para lactantes (passa muito no 
leite materno). Preferível em casos de transtorno alimentar (reduz a fome – efeito anorexígeno). Metabólitos 
ativos de 14 a 21 dias (ponto positivo para pacientes com má adesão ao tratamento). 
- Paroxetina 10 a 30 mg = Muitos efeitos colaterais (pouca afinidade com o SERT), como sonolência (efeito anti-
histaminérgico), ganho de peso, boca seca, constipação, visão turva, retenção urinária (efeitos anticolinérgicos), 
hipotensão (efeito anti-adrenérgico). 
 
 ADT (Antidepressivos Tricíclicos): Não são seletivos, cursando com muitos efeitos colaterais. Foram os 
primeiros a surgirem. Inibem a bomba de recaptação de serotonina e noradrenalina. Indicado para pacientes que 
não respondem bem aos ISRS. 
- Amitriptilina 25 a 300 mg (muito bom para insônia refratária associada a depressão). 
- Clomipramina (boa para TOC). 
 
 Bupropiona (150 a 450 mg): Aumenta a disponibilidade de dopamina e de noradrenalina, melhorando a 
disposição. Baixa o limiar convulsivo (pelo aumento de noradrenalina – sistema adrenérgico mais ativado), 
fazendo com que a pessoa fique mais propensa a ter crise convulsiva. Evitar associação com antipsicóticos. 
 
 Flutuação do nível de consciência, tremor, disautonomia (dificuldade de controlar a PA e a FC), alteração muscular e 
hipertermia em paciente com aumento de dose recente de antidepressivo ou introdução recente da medicação  
SÍNDROME SEROTONINÉRGICA: a conduta é suspender imediatamente a medicação. Essa síndrome ocorre 
principalmente com o uso de ISRS e ADT. Por isso, é recomendado esperar de 4 a 6 semanas para aumentar a dose 
da medicação. 
- Exemplo: Se o paciente está em uso do antidepressivo há 3 semanas e retorna ao consultório queixando-se de que 
os sintomas não melhoraram, a conduta é esperar completar de 4 a 6 semanas, uma vez que o aumento precoce da 
dose da medicação pode desencadear a síndrome serotoninérgica. 
 
 Pode ser feita associação de fármacos de classes diferentes (ex: ADT + ISRS = pode), porém não pode ser feita 
associação de fármacos da mesma classe (ex: ISRS + ISRS = NÃO pode). 
 
 Sempre começar com a menor dose possível da medicação. Aumentar gradualmente a dose, porém continuando em 
monoterapia até atingir a dose plena. Pensar em trocar a classe de medicação OU associar classes quando eu atingir 
a dose plena da medicação inicial e mesmo assim não se obteve uma resposta de pelo menos 50%. 
 Por exemplo: Paciente começou o tratamento de depressão com sertralina 50 mg. A dose foi aumentada 
gradualmente até chegar em sertralina 200 mg. Se mesmo com essa dose plena o paciente não teve melhora de pelo 
menos 50%, pode ser feita a troca por amitriptilina ou associação de sertralina com amitriptilina. 
 
 Em 6 meses de tratamento, espera-se remissão total dos sintomas depressivos. 
 
 
2. DISTIMIA 
 Sintomas depressivos que não preenchem os critérios de tempo e nem de intensidade do transtorno depressivo 
maior. 
 Ocorre menos de 5 sintomas depressivos há pelo menos 2 anos para adultos e 1 ano para crianças/ adolescentes. 
 Normalmente respondem mal a medicação. 
 Por ser crônico, as vezes confunde-se com a personalidade da pessoa. 
 
 
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3. TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR (F31) 
 Episódio depressivos associados com episódio de mania ou hipomania. 
 Mania: Humor hipertímico  aumento da energia, diminuição do cansaço, aumento a libido, perda do sono, menor 
necessidade de comer. 
 Hipomania: Humor hipertímico menos intenso. 
 
 TAB I (mania): Alto prejuízo de funcionalidade. 
- Sintomas maniformes por 7 dias. 
- Apenas um episódio de mania é suficiente para o diagnóstico de TAB I. 
- Se necessitar de hospitalização ou causar sintomas psicóticos = MANIA. 
 
 TAB II (depressão + hipomania): Menor prejuízo funcional. 
- Sintomas de hipomania por 4 dias. 
- Além dos episódios de hipomania é necessário haver depressão para dar o diagnóstico de TAB II. 
 
 
 
 Tratamento da TAB: Todas essas medicações têm o inconveniente de deixar o paciente lentificado cognitivamente. 
 Tratamento da FASE MANIA/ HIPOMANIA: 
I) ESTABILIZADORES DO HUMOR (primeira linha): 
A) Carbonato de Lítio 300 a 1200 mg = Primeira escolha para mania e hipomania. Diminui o risco de suicídio em 
paciente com TAB (mesmo na dosagem de 300 mg). Efeitos colaterais importantes: efeito tireotóxico (monitorar 
o TSH) e efeito nefrotóxico pela intensa excreção renal (monitorar uréia e creatinina). Importante monitorar o 
nível de lítio no plasma (litemia normal de 0,6 – 1,2; valores acima de 2 são sempre tóxicos). 
 
 
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* Intoxicação por lítio pode cursar com: náuseas, vômito, tremor de extremidades, sudorese, sintomas 
neurológicos, alteração do intervalo QT, coma, crise convulsiva. Essa intoxicação pode ocorrer em situações de 
desidratação, uso de diuréticos, AINES, infecções agudas. 
 
B) Ácido valproico 250 mg ou Valproato de sódio 500 a 2000 mg = Estabilizador do humor e anticonvulsivante. 
Risco de pancreatite (monitorar amilase). Evitar aumentos abruptos da medicação. Preferível em idosos (pois 
tendem a ter a função renal prejudicada) e em pacientes que estavam em uso de lítio e começam a fazer 
hipotireoidismo sintomático. 
 
C) Quetiapina = Risco de ganho de peso, sonolência. Dose de 200 – 400 mg é estabilizador do humor. Dose de 
600 – 800 mg é um antipsicótico. 
 
II) ANTIPSICÓTICOS: Risperidona 2 a 6 mg; Olanzapina 
 
 
 Tratamento da FASE DEPRESSIVA: 
- Antidepressivo pode ser prescrito na depressão bipolar SE estiver associado a um estabilizador do humor, ou 
seja, antidepressivo NÃO PODE ser prescrito isoladamente na TAB.- PRIMEIRA LINHA: Lítio; Lamotrigina 50 a 200 mg (tende a aumentar o humor do paciente; não causa lentificação 
cognitiva, tendo ação pró-cognitiva; o grande risco dessa medicação é a Síndrome de Stevens Johnson – deve ser 
suspensa se houver reações cutâneas, como eritema multiforme); Lurasidona; Quetiapina. 
 
- SEGUNDA LINHA: Valproato. 
 
 Obs.: O lítio é medicação de primeira linha tanto para a fase de mania quanto para a fase depressiva. 
 Obs.: Lamotrigina é medicação de primeira linha apenas para a fase depressiva. 
 
4. CICLOTIMIA 
 Sintomas de hipomania, mas sem sintomas depressivos graves. 
 Flutuação crônica (dois ou mais anos) do humor, com vários períodos com sintomas hipomaníacos que não satisfaçam 
os critérios para episódio hipomaníaco e diversos outros períodos com sintomas depressivos que não satisfaçam os 
critérios para episódio depressivo maior. 
 Os sintomas não são suficientemente graves e nem duradouros para serem considerados transtorno bipolar. 
 
 
 
 
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