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1 IBM Iana Barbosa Martins – MED 31 CÓDIGO INDICAÇÃO PASSEI DIRETO: iana524 MARC I – MED UNINOVAFAPI CÓDIGO INDICAÇÃO PASSEI DIRETO: iana524 INTRODUÇÃO Doença infecciosa nas quais a erupção cutânea é a característica dominante, mas geralmente também apresentam manifestações sistêmicas. Na maioria das vezes o diagnóstico é apenas clínico. A análise do tipo de lesão, dos sinais e sintomas concomitantes e a epidemiologia permite inferir o diagnóstico etiológico sem a necessidade de exames laboratoriais. A grande maioria das doenças são viroses, mas também podem ser causadas por bactérias, outros agentes infecciosos ou não, como doenças reumatologicas. Eritemas Alterações vasculares transitórias avermelhadas/róseas com duração e apresentação variada a depender do elemento causal. Quando presente nas mucosas, essa alteração vascular é chamada de enantema. Na infância é recorrente o acometimento por patologias que levam ao surgimento de erupções cutâneas eritematosas disseminadas, também conhecidas como exantema (quando o eritema se estende por áreas extensas) ou rash cutâneo. Lesões elementares e exantemas Principais tipos de lesões elementares dentro do contexto das doenças exantemáticas são: Classificação Reconhecer as lesões elementares de pele que podem estar presentes é de extrema importância, pois permitirão identificar os dois principais tipos de exantema e suas peculiaridades em cada doença: maculopapular e o papulovesicular. Microrganismos podem causar erupção cutânea por diversos mecanismos: por invasão e multiplicação direta na pele (varicela, herpes simples), por ação de toxinas (escarlatina e infecção estafilocócica), por ação imunoalérgica (maioria das viroses exantemáticas) ou por dano vascular causando obstrução e necrose da pele (meningococcemia), classificando as apresentações exantemáticas nos dois tipos básicos de exantemas. Cada um têm características próprias em cada doença, mas é possível agrupar qual está mais relacionado a determinada etiologia: Observação Sarampo, rubéola e varicela são preveníveis por vacina o que mudou o panorama quanto à incidência destas doenças no Brasil já que tais vacinas fazem parte do esquema de imunizações preconizadas pela Sociedade Brasileira de Imunizações. Quádrupra viral protege a criança contra os vírus do sarampo+rubéola+caxumba+- varicela e 1ª dose deve ser dada aos 12 meses e a 2ª dose aos 15 meses, não havendo esta vacina, pode ser dada a tríplice viral (sarampo+rubéola+caxumba) e, em administração separada, no mesmo dia, ser aplicada a dose da varicela. Recomenda-se ainda um reforço da varicela aos 4 anos de idade. Em caso de surto ou exposição domiciliar ao sarampo antes dos 12 meses de vida, a 1ª dose pode ser aplicada a partir dos 6 meses de idade, em seguida, deve ser administrada aos 12 e 15 meses as doses previamente preconizadas. 2 IBM Iana Barbosa Martins – MED 31 CÓDIGO INDICAÇÃO PASSEI DIRETO: iana524 MARC I – MED UNINOVAFAPI CÓDIGO INDICAÇÃO PASSEI DIRETO: iana524 Não há evidência que justifique a 3ª dose da tríplice viral como rotina. Esta pode ser considerada em caso de surto de caxumba e risco para a doença. Fonte: Recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações 2019/2020. Diagnóstico Análise do tipo de lesão, sinais e sintomas associados, bem como a forma de progressão dos mesmos e a epidemiologia permitem inferir o diagnóstico etiológico sem necessariamente recorrer a exames complementares. Para algumas patologias, a realização de sorologias ou testes específicos auxiliam a fechar o diagnóstico e estabelecer cuidados direcionados. Diagnóstico diferencial Apesar da similaridade de alguns quadros outros possuem quadro clínico típico ou peculiaridade que permite um direcionamento diagnóstico. Identificação dos quadros específicos Boa anamnese: Faixa etária da criança, calendário vacinal, tempo início e progressão do exantema, presença de sinais/sintomas prodrômicos e manifestações clínicas associadas. Bom exame físico: Capaz de caracterizar bem o exantema e outras lesões em pele e mucosas associadas, bem como outros sinais clínicos que ajudam a fechar o diagnóstico. Sarampo PARAMOXIVÍRUS; GÊNERO MOBILLIVIRUS; FAMÍLIA PARAMYXOVIRIDAE. Doença exantemática viral extremamente contagiosa que pode evoluir para óbitos em crianças < 1 ano e desnutridas. Medidas de controle No Brasil, inúmeras são as medidas de controle do sarampo inseridas desde a introdução da vacina em 1968 até o momento atual, oscilando entre períodos de casos suspeitos e confirmados no território nacional. Em 2016, a OMS considerou as Américas livre da circulação do sarampo e, desde então o Brasil em fase de eliminação autóctone do vírus tanto do sarampo, quanto da rubéola. Transmissão/incubação Através de secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir, falar, espirrar por meio de aerossóis com partículas virais que ficam no ar. Período de transmissibilidade ocorre 6 dias antes e 4 dias após o exantema, sendo o pico de transmissão 2 dias antes e 2 dias depois do início do exantema. Período de incubação varia de 7-21 dias da data de exposição ao início do quadro exantemático. Clínica Período prodrômico: Sinal ou grupo de sintomas que pode indicar o início de uma doença antes que sintomas específicos surjam. Ocorre febre > 38,5ºC, tosse inicialmente seca, coriza, conjuntivite não purulenta, fotofobia, na região da orofaringe é possível notar enantema e, na altura do terceiro molar surgem as manchas de Koplik: manchas brancas/amareladas na mucosa oral. 3 IBM Iana Barbosa Martins – MED 31 CÓDIGO INDICAÇÃO PASSEI DIRETO: iana524 MARC I – MED UNINOVAFAPI CÓDIGO INDICAÇÃO PASSEI DIRETO: iana524 A mancha de Koplik é um sinal patognomônico de sarampo. Elas surgem 1-2 dias antes do exantema e desaparecem 2-3 dias após. Evolução Cerca de 2-4 dias após o início do quadro intensifica- se o quadro inicial, paciente fica prostrado e surge o exantema maculopapular morbiliforme, ou seja, existem áreas de pele livre de lesão entre as lesões. Exantema tem progressão cefalocaudal (região retro auricular – pescoço – face – tronco – extremidades). Diagnóstico Clínico. Casos suspeitos: exames sorológicos IgM/IgG em soro, urina e swabs de naso e orofaringe. Conhecer o genótipo do vírus para diferenciar caso autóctone de importado e seletivo de vacinal (vírus atenuado). Coleta das amostras até 7° dia de inicio de sintomas. IgM desde o início da doença até 1 mês depois. Material deve ser enviado com a ficha de notificação. Tratamento Não específico, medidas de suporte com sintomáticos. Recomenda-se administração de vit A (palmitrato de retinol) < 2 anos 1x/dia por 2 dias. < 6 meses: 50.000 UI 6-12 meses: 100.000 UI > 12 meses: 200.000 UI. Contantes Até 4 dias após início de exantema: precaução respiratória com N95 e isolamento domiciliar do paciente. Aplicar vacina até 72h após contágio. Após 72h aplicar imunoglobina em até 6 dias. Crianças > 6 meses podem receber a vacina, e independente disto devem receber as doses programadas de 12 e 15 meses. Gestantes e imunocomprometidos aplicar apenas imunoglobulina. Complicações Sobretudo em < 1 ano, > 20 anos e pessoas com comorbidades. Persistência da febre por mais de 3 dias após início de exantema é sinal de alerta. Otite média aguda a mais comum. Pneumonia maior morbi mortalidade em crianças. Convulsão febril com/sem sinais de irritação meníngea e HIC: encefalites - processo imunológico após a respectiva infecção. Encefalite pelo sarampo: vírus ao atingir o sistema nervoso central (SNC), meses após o sarampo, pode acarretar epilepsia focal, perda auditiva, progressão para coma e até mesmo óbito. Paranencefalite esclerosante subaguda (PEES): pode ocorrer meses e até 10 anos após o quadro inicial do sarampo, com piora progressiva das funções motoras e cognitivas, convulsões e até morte. Rubéola TOGAVÍRUS; GÊNERO RUBIVIRUS; FAMÍLIA TAGAVIRIDAE. Etiologia viral altamente contagiosa e, sua importância epidemiológica está relacionada ao risco de abortos, natimortos e à síndrome da rubéola congênita (SRC). 4 IBM Iana Barbosa Martins – MED 31 CÓDIGO INDICAÇÃO PASSEI DIRETO: iana524 MARC I – MED UNINOVAFAPI CÓDIGO INDICAÇÃO PASSEI DIRETO: iana524 Medidas de controle Após diversas campanhas e ações de vigilância epidemiológica, no ano de 2010, o Brasil cumpriu a meta de eliminação da rubéola e da SRC e, em 2015 a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) declarou as Américas livre da rubéola e SRC. Transmissão/incubação Gotículas de secreções nasofaríngeas e contato direto com pessoas infectadas. Período de transmissibilidade 7 dias antes e 7 dias após o início do quadro exantemático. Incubação entre 12 e 23 dias. Clínica Período prodrômico: Febre baixa e linfoadenopatia retroauricular e/ou occipital e/ou cervical podem ocorrer 5-10 dias antes do exantema. Em crianças podem não ocorrer. Evolução Exantema maculopapular puntiforme róseo difuso com início na face – couro cabeludo – pescoço – tronco – extremidades. Lesões têm curta duração (3 dias + ou -) e com progressão do exantema para novo local, as manchas presentes no local anterior vão desaparecendo. Alguns casos: Petéquias no palato mole – sinal de Forschemeir (não patognomico). Diagnóstico Clínico. Por dúvida diagnóstica frequentemente causada: Testagem sorológica de todos os pacientes em que há suspeita de clínica de rubéola. Coleta sanguínea para IgM/IgG. Detecção do vírus em urina e secreção de nasofaringe para conhecer o genótipo do vírus, diferenciando-o os casos autóctones dos importados e os vírus selvagens do vacinal. TTO Não específico. Apenas sintomáticos. Contactantes/prevenção Isolamento domiciliar por até 7 dias após o início do exantema diminui a intensidade dos contágios. Vacina é a única forma de prevenir a ocorrência de casos, não havendo evidências suficientes para realização de profilaxia pós-exposição Após contato com caso suspeito, vacinação daqueles que ainda não foram vacinados ou > de 50 anos que não comprovem ter recebido alguma dose da tríplice viral. Gestantes suscetíveis e crianças <de 6 meses devem ser afastadas do contato com casos suspeitos/confirmados e seus respectivos contatos. Complicações Crianças são raras: 5 IBM Iana Barbosa Martins – MED 31 CÓDIGO INDICAÇÃO PASSEI DIRETO: iana524 MARC I – MED UNINOVAFAPI CÓDIGO INDICAÇÃO PASSEI DIRETO: iana524 Trombocitopenia que costuma ocorrer 2 semanas do início do exantema, porém autolimitada e sem necessidade de tto específico. Encefalite pós infecciosa: Efeito viral direto, ocorre 7 dias após início do exantema provocando convulsões, cefaleia e sinais neurológicos focais. Óbito em 20% dos casos. Panencefalite progressiva por rubéola: Até anos após. Distúrbio neurodegenerativo evoluindo com óbito em 2-5 anos. Eritema infeccioso ERITROVÍRUS – PARVOVÍRUS HUMANO B19. Vírus de DNA com tropismo por células eritropoiéticas, replicando-se em células eritroides da medula óssea. Boa parte dos infectados é assintomático, no entanto, devido a estas características do vírus, indivíduos saudáveis podem desenvolver aplasia eritroide acompanhada do quadro exantemático. Pacientes com doenças hematológicas (síndromes falcêmicas, talassemias...) e imunodeprimidos podem desenvolver quadro importante de anemia e até crise aplástica. Transmissão/incubação Via respiratória, sobretudo, em comunidades fechadas. Pode ser transmitido por via placentária em caso de mães infectadas, o que pode levar a hidropsia fetal. Transmissão ocorre antes do exantema, mas não se sabe ao certo durante quantos dias antes do surgimento. Quando há o surgimento do exantema o paciente não elimina mais o vírus, portanto, não há necessidade de isolamento. Estima-se que o tempo de incubação seja entre 14- 21 dias. Clínica Período prodrômico: Não costuma ter. Sintomas leves em alguns casos: mialgia, febre, coriza e cefaleia. Evolução Exantema maculopapular inicia em face em região malar, dando o aspecto de “face esbofeteada” associado a palidez perioral ou sinal de Filatov. 4 dias depois o exantema evolui para membros superiores e inferiores, a mácula aumenta de tamanho deixando uma palidez central conferindo o aspecto rendilhado do exantema que pode durar até 3 semanas. Importante ressaltar que após desaparecimento pode haver recorrência do eritema após exposição ao sol, variação da temperatura, exercícios e estresse devendo-se, portanto, explicar à família que tal fenômeno pode ocorrer não significando recorrência da doença em si. 6 IBM Iana Barbosa Martins – MED 31 CÓDIGO INDICAÇÃO PASSEI DIRETO: iana524 MARC I – MED UNINOVAFAPI CÓDIGO INDICAÇÃO PASSEI DIRETO: iana524 Diagnóstico Clínico e sorologia com anticorpos IgM para Parvovírus humano B19. TTO Eritema infecioso em geral é autolimitado e não há tratamento específico. Tratamento de suporte com sintomáticos. Contactantes/prevenção Não é necessário realizar o isolamento do paciente. Tomar cuidados com contactantes caso algum possua hemoglobinopatias. Não existem medidas de prevenção a serem tomadas, pois não há vacina que garanta imunidade contra tal vírus. Complicações Artropatia é uma complicação presente em cerca de 8% das crianças infectadas pelo eritrovírus B19, mas é mais comum em mulheres adolescentes e adultas infectadas por tal vírus. Pessoas com doenças hematológicas (doença falciforme, talassemias, anemias hemolíticas e aqueles que possuem algum tipo de imunodeficiência) podem desenvolver uma crise aplástica transitória (CAT): Decorrente da infecção viral direta pelo parvovírus B19 que bloqueia transitoriamente a produção de eritrócitos - redução abrupta da hemoglobina, dos reticulócitos e dos percussores eritroides na medula óssea havendo ou não plaquetopenia e leucopenia. Maior parte dos casos resolução do quadro com 2 semanas. Alguns podem evoluir com óbito. Estes pacientes com CAT podem necessitar de transfusão de hemácias durante o período de recuperação medular. Alguns não possuem boa resposta ou não têm anticorpos suficientes, sendo necessário o tratamento com imunoglobulina humana.
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