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DIREITO DO CONSUMIDOR

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INTEGRA – FACULDADES INTEGRADAS DA AMÉRICA DO SUL
BACHARELADO EM DIREITO
YASMIN WILLIANE PEREIRA DE SOUZA
DIREITO DO CONSUMIDOR
CALDAS NOVAS
2023
YASMIN WILLIANE PEREIRA DE SOUZA.
DIREITO DO CONSUMIDOR
Resumo do conteúdo visto na N1 na matéria de Direito do Consumidor. 
CALDAS NOVAS
2023
SUMÁRIO
1	NOÇÕES GERAIS – ORIGEM E CONCEITO	4
2	ABRANGÊNCIA DO CAPITALISMO E O CONSUMIDOR	4
3	INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO	5
4	DISCURSO DE JOHN F. KENNEDY	5
5	CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO 1972	6
6	RESOLUÇÃO N. 1979/74 DO CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL DA ONU E RESOLUÇÃO 39/248 DE 1985	6
7	PREVISÃO CONSTITUCIONAL – CF 88 - ART. 5, XXXII.	7
8	DIREITO FUNDAMENTAL	7
9	EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIRTEITOS FUNDAMENTAIS	7
10	ART. 170, V DA CF – PRINCÍPIO DA ORDEM ECONÔMICA.	8
11	COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE (ART. 24, 30, I DA CF).	8
12	CARACTERÍSTICAS	9
13	POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO - PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA POLÍTICA	
14	CONFLITO APARENTE DE NORMAS	10
15	PRINCIPÍOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR	11
NOÇÕES GERAIS – ORIGEM E CONCEITO
O Direito do Consumidor é um ramo do Direito que surgiu no século XX, como uma resposta às crescentes demandas da sociedade por proteção aos direitos dos consumidores. Antes disso, o consumidor era considerado um mero objeto de comércio, e as relações comerciais eram regidas apenas pelo Direito Civil ou Comercial. A origem do Direito do Consumidor remonta à década de 1960, quando surgiram os primeiros movimentos de defesa dos direitos do consumidor na Europa e nos Estados Unidos. A partir daí, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), que estabeleceu diretrizes para a proteção dos consumidores em nível mundial.
No Brasil, o Direito do Consumidor foi consagrado pela Constituição Federal de 1988, que reconheceu o direito dos consumidores à informação, à educação, à proteção contra práticas abusivas e à reparação pelos danos causados por produtos ou serviços defeituosos. Em seguida, foi promulgado o Código de Defesa do Consumidor (CDC) em 1990, que estabeleceu as normas para a proteção dos direitos do consumidor no país.
O conceito de Direito do Consumidor se baseia na ideia de que os consumidores são a parte mais vulnerável nas relações comerciais, e que precisam de proteção especial para garantir que seus direitos sejam respeitados. Isso inclui o direito à informação clara e precisa sobre os produtos e serviços oferecidos, à segurança dos produtos, à escolha entre diferentes opções de mercado, à proteção contra práticas comerciais abusivas e à reparação pelos danos causados por produtos ou serviços defeituosos. Em resumo, o Direito do Consumidor tem como objetivo garantir que os consumidores tenham acesso a produtos e serviços de qualidade, seguros e confiáveis, e que suas relações comerciais sejam justas e equilibradas.
ABRANGÊNCIA DO CAPITALISMO E O CONSUMIDOR
O capitalismo é um sistema econômico que se caracteriza pela propriedade privada dos meios de produção e distribuição de bens e serviços, onde as empresas competem entre si em busca de lucro. Esse sistema se espalhou ao longo dos séculos e hoje é predominante em muitos países do mundo, abrangendo uma grande parte da população global.
Uma das principais características do capitalismo é o papel do consumidor. No sistema capitalista, o consumidor é visto como a força motriz do mercado, pois é ele quem determina a demanda por bens e serviços. As empresas competem entre si para atender às necessidades e desejos dos consumidores, oferecendo produtos e serviço cada vez melhores e mais eficientes.
INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO
A industrialização e urbanização são fenômenos que tiveram um grande impacto no desenvolvimento do Direito do Consumidor. Com o surgimento da produção em massa de bens de consumo, a partir da Revolução Industrial, a oferta de produtos aumentou consideravelmente, e tornou-se mais difícil para os consumidores avaliarem a qualidade e segurança dos produtos. Além disso, a industrialização trouxe consigo uma maior especialização do trabalho, o que tornou os produtos cada vez mais complexos e técnicos, exigindo um maior conhecimento por parte dos consumidores.
A urbanização, por sua vez, trouxe consigo o crescimento das cidades e a concentração da população em áreas urbanas, o que aumentou a demanda por bens e serviços. Isso levou ao surgimento de novas formas de comércio e de práticas comerciais, muitas vezes desonestas e abusivas.
Diante desses desafios, o Direito do Consumidor evoluiu para proteger os consumidores contra as práticas comerciais desleais e para garantir que os produtos e serviços oferecidos fossem seguros, eficazes e de qualidade. O Código de Defesa do Consumidor (CDC) brasileiro, por exemplo, estabelece uma série de regras para a proteção dos consumidores, incluindo a obrigatoriedade de informações claras e precisas sobre produtos e serviços, a proibição de práticas abusivas e enganosas, e a garantia de reparação dos danos causados por produtos ou serviços defeituosos.
Além disso, o desenvolvimento do Direito do Consumidor também levou à criação de órgãos governamentais e de organizações da sociedade civil voltados para a defesa dos direitos dos consumidores, como o PROCON, que fiscaliza o cumprimento das leis de defesa do consumidor, e a Proteste, que atua em defesa dos direitos dos consumidores em diversas áreas, como saúde, educação, transporte, entre outras.
DISCURSO DE JOHN F. KENNEDY
Em 1962, o então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, proferiu um discurso histórico em que destacou a importância da proteção dos direitos dos consumidores. No discurso, Kennedy afirmou que "os consumidores são a maior força econômica do país" e defendeu a necessidade de garantir a salubridade, a segurança, a informação, a qualidade e o preço justo dos produtos e serviços oferecidos.
Kennedy destacou que a proteção dos consumidores é essencial para a manutenção de uma economia saudável e justa, e afirmou que o governo tinha o dever de proteger os consumidores contra práticas comerciais desleais e enganosas. Ele também enfatizou a importância de se promover a concorrência justa no mercado, para que os consumidores tenham mais opções de escolha e possam comprar produtos e serviços de melhor qualidade e preço.
Entre as medidas propostas por Kennedy, estavam a criação de órgãos reguladores para proteger os consumidores, a obrigatoriedade de informação clara e precisa sobre os produtos e serviços oferecidos, a garantia de que os produtos oferecidos sejam seguros e eficazes, e a proibição de práticas comerciais abusivas e enganosas.
O discurso de Kennedy foi um marco na história da defesa dos direitos dos consumidores, e contribuiu para a criação de legislações e instituições voltadas para a proteção dos consumidores em diversos países, incluindo o Brasil. O Código de Defesa do Consumidor (CDC), por exemplo, foi criado em 1990 com base nos princípios estabelecidos pelo discurso de Kennedy, e é considerado uma das legislações mais avançadas do mundo em matéria de proteção dos direitos dos consumidores.
CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO 1972
Embora a Conferência de Estocolmo de 1972 não tenha sido diretamente focada nos direitos dos consumidores, ela teve um impacto significativo no desenvolvimento do direito do consumidor em nível global. Uma das principais conclusões da conferência foi a necessidade de adotar políticas e práticas que promovam a proteção ambiental e a sustentabilidade, com o objetivo de garantir um futuro saudável e seguro para as gerações presentes e futuras.
Essa preocupação com a proteção ambiental e a sustentabilidade também levou a uma maior consciência sobre a responsabilidade dos produtores e fornecedores de produtos e serviços em relação ao meio ambiente e aos direitos dos consumidores. Isso contribuiu para o desenvolvimento de leis e regulamentações que protegem os direitos dos consumidores em relação à qualidade, segurança e informações claras sobre produtos e serviços.
RESOLUÇÃO N. 1979/74 DO CONSELHO ECONÔMICO E
SOCIAL DA ONU E RESOLUÇÃO39/248 DE 1985
A Resolução n. 1979/74 do Conselho Econômico e Social da ONU foi aprovada em 1969 e tratava da proteção dos consumidores em nível internacional. Ela estabelecia que os Estados membros da ONU devessem adotar medidas para garantir a proteção dos consumidores contra práticas comerciais desleais, enganosas e fraudulentas, além de promover a informação clara e precisa sobre os produtos e serviços oferecidos.
Já a Resolução 39/248 de 1985 reforçou a importância da proteção dos direitos dos consumidores e estabeleceu as Diretrizes das Nações Unidas para a Proteção dos Consumidores. Essas diretrizes reiteraram a necessidade de os Estados membros adotarem medidas efetivas para proteger os consumidores contra práticas comerciais desleais e fraudulentas, garantir a qualidade e a segurança dos produtos e serviços oferecidos, e promover a informação clara e precisa sobre os mesmos. As Diretrizes também destacaram a importância da cooperação internacional na proteção dos consumidores, encorajando a troca de informações e experiências entre os Estados membros e o estabelecimento de redes de proteção ao consumidor em nível regional e internacional.
Essas resoluções foram importantes para o desenvolvimento do direito do consumidor em nível internacional, contribuindo para a adoção de legislações e políticas que protegem os direitos dos consumidores em todo o mundo. Elas também serviram como base para a criação de organismos internacionais, como a Organização Internacional de Proteção ao Consumidor, que tem como objetivo promover a proteção dos direitos dos consumidores em nível global.
PREVISÃO CONSTITUCIONAL – CF 88 - ART. 5, XXXII.
O Artigo 5º, XXXII da Constituição Federal de 1988 prevê que o Estado deverá promover, na forma da lei, a defesa do consumidor. Essa previsão constitucional estabelece que a proteção dos direitos dos consumidores é um dever do Estado e que a defesa do consumidor é um direito que deve ser garantido pela legislação brasileira. Além disso, o artigo 170 da Constituição estabelece que a ordem econômica tem como princípios a defesa do meio ambiente e a proteção do consumidor, o que reforça a importância da proteção dos direitos dos consumidores na estruturação da economia brasileira.
O Artigo 5º, XXXII da Constituição é a base para a criação do Código de Defesa do Consumidor, que foi promulgado em 1990 e é considerado uma das legislações mais avançadas em proteção aos direitos dos consumidores em todo o mundo. A previsão constitucional estabelece que a defesa do consumidor é uma obrigação do Estado e que a proteção dos direitos dos consumidores é um direito fundamental dos cidadãos brasileiros.
DIREITO FUNDAMENTAL 
O direito do consumidor é fundamental porque protege a dignidade humana, o direito à informação, à saúde, à segurança, à privacidade, à livre escolha e à proteção contra práticas abusivas e desleais. Além disso, a proteção dos consumidores é importante para garantir a igualdade de condições entre as partes envolvidas nas relações de consumo, uma vez que os consumidores geralmente se encontram em uma posição de vulnerabilidade diante dos fornecedores de produtos e serviços.
EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIRTEITOS FUNDAMENTAIS
A eficácia horizontal dos direitos fundamentais é reconhecida pela jurisprudência brasileira, que tem decidido casos em que os direitos fundamentais dos consumidores foram violados por fornecedores de produtos ou serviços. A aplicação dos direitos fundamentais nas relações de consumo também é reforçada pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), que estabelece uma série de normas e princípios para garantir a proteção dos direitos dos consumidores nas relações de consumo. Assim, a eficácia horizontal dos direitos fundamentais pode contribuir para a proteção dos consumidores e para o fortalecimento do direito do consumidor como um ramo importante do direito brasileiro.
ART. 170, V DA CF – PRINCÍPIO DA ORDEM ECONÔMICA.
O artigo 170, inciso V da Constituição Federal estabelece o princípio da ordem econômica, que visa à defesa do consumidor, dentre outros objetivos. Esse dispositivo estabelece que a ordem econômica tem como finalidade assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados, dentre outros princípios, o da defesa do consumidor.
Esse princípio reflete a preocupação do legislador em garantir a proteção dos consumidores nas relações de consumo, visando a um equilíbrio entre as relações comerciais e a proteção dos direitos dos consumidores. Isso significa que a ordem econômica deve buscar o desenvolvimento econômico do país, mas sem negligenciar a proteção dos direitos dos consumidores, que são considerados parte vulnerável na relação de consumo.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE (ART. 24, 30, I DA CF).
A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu artigo 24, a competência legislativa concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal em determinadas matérias, incluindo o direito do consumidor. Isso significa que a União, os Estados e o Distrito Federal podem legislar sobre essa matéria, desde que respeitem os limites estabelecidos pela Constituição.
O artigo 24 da Constituição estabelece que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre proteção ao consumidor. Isso significa que cada um desses entes federativos pode editar normas sobre a matéria, desde que observem as competências e limitações estabelecidas pela Constituição. No entanto, a competência legislativa concorrente não significa que cada um desses entes federativos pode legislar de forma independente e sem observar as normas editadas pelos demais. Na prática, a legislação estadual ou distrital não pode contrariar a legislação federal sobre a matéria, e deve sempre respeitar os direitos e garantias estabelecidos pela Constituição.
Além disso, o artigo 30, inciso I da Constituição estabelece que compete aos municípios legislar sobre assuntos de interesse local, incluindo a proteção ao consumidor. Nesse sentido, os municípios podem editar normas específicas sobre a matéria, desde que observem as competências e limitações estabelecidas pela Constituição e pelas leis estaduais e federais. Assim, a competência legislativa concorrente estabelecida pelo artigo 24 da Constituição permite a edição de normas específicas sobre a proteção ao consumidor por parte da União, dos Estados e do Distrito Federal, enquanto o artigo 30, inciso I, permite a atuação dos municípios nessa matéria, dentro de sua esfera de competência.
CARACTERÍSTICAS
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) é uma lei brasileira inspirada no Código de Consumo Francês. Ele se caracteriza como um microssistema multidisciplinar, pois engloba diversas áreas do direito, como o direito civil, o direito administrativo, o direito penal e o direito processual. As normas do CDC têm caráter público e relevância social, pois visam proteger os interesses coletivos dos consumidores e garantir a dignidade da pessoa humana.
Uma das principais características do CDC é que ele pode ser aplicado de ofício pelo juiz, ou seja, mesmo que o consumidor não faça uma reclamação formal, o juiz pode identificar a violação dos direitos do consumidor e agir de acordo com as normas do Código. Porém, a Súmula 381 do Superior Tribunal de Justiça estabelece que o Ministério Público é o legitimado para propor ação civil pública na defesa dos interesses individuais homogêneos dos consumidores.
POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO - PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA POLÍTICA
A Política Nacional das Relações de Consumo é estabelecida pela Lei nº 8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor. Essa política tem como objetivo proteger o consumidor, garantindo a sua segurança, saúde, educação e respeito, além de promover uma relação justa e equilibrada entre consumidores e fornecedores.
Os princípios que norteiam a política nacional das relações de consumo são:
· Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
· Ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor;· Harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo, com vistas à melhoria da qualidade de vida do consumidor;
· Educação e informação dos consumidores;
· Liberdade de escolha e adequada e eficaz proteção contra práticas abusivas ou fraudulentas;
· Acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais.
Já os objetivos da política nacional das relações de consumo são:
· Proteção da vida, saúde e segurança do consumidor;
· Educação e informação adequadas e claras sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, preço e riscos que apresentem;
· Proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
· Facilitação da defesa dos direitos do consumidor, inclusive no âmbito judicial;
· Acesso aos órgãos judiciários e administrativos para a prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais;
· Ressarcimento dos danos causados aos consumidores, ressalvados os casos de exclusão de responsabilidade previstos em lei.
CONFLITO APARENTE DE NORMAS
O conflito aparente de normas é uma situação em que existem duas ou mais normas aplicáveis a um mesmo caso, mas que apresentam soluções diferentes. Nessa situação, é necessário determinar qual norma deve ser aplicada para solucionar o conflito.
Existem quatro critérios para solucionar o conflito aparente de normas:
1. Critério cronológico: a norma posterior revoga a anterior. Ou seja, a norma mais recente tem prevalência sobre a mais antiga.
2. Critério da especialidade: a norma especial prevalece sobre a norma geral. Isso significa que, se uma norma específica trata de determinada situação, ela deve ser aplicada em vez de uma norma mais genérica.
3. Critério hierárquico: a norma hierarquicamente superior revoga a norma inferior. Por exemplo, uma lei federal revoga uma lei estadual ou municipal. Critério do diálogo das fontes: duas ou mais normas são aplicáveis ao mesmo caso, e o intérprete deve buscar a harmonização entre elas. Isso envolve uma análise sistemática e contextualizada das normas, para que sejam interpretadas de maneira coerente e integrada. O diálogo sistemático de coerência e o diálogo sistemático de complementaridade são duas formas de diálogo das fontes que buscam harmonizar as normas jurídicas, quando o CDC não possui uma regra específica para o caso em questão, mas o Código Civil possui. No diálogo sistemático de coerência, busca-se a coerência entre as normas do CDC e do CC, de modo a garantir a unidade e a integridade do ordenamento jurídico. Por exemplo, se o CDC utiliza o conceito de produto, mas não define exatamente o que isso significa, é possível recorrer ao conceito de bem do CC, que é mais abrangente e pode ser utilizado para suprir essa lacuna. Já o diálogo sistemático de complementaridade consiste em utilizar as regras do CC em situações em que o CDC não possui normas específicas. Um exemplo é a questão da prescrição, que é regulada pelo CC, mas pode ser aplicada ao CDC em casos em que a lei consumerista não possui disposição específica. Por fim, o diálogo das influências recíprocas sistemáticas ocorre quando uma norma jurídica influencia na interpretação de outra, mesmo que não haja relação direta entre elas. Por exemplo, o CC exerce influência no CDC, na medida em que o conceito de produto do CC pode ser utilizado para interpretar a legislação consumerista.
PRINCIPÍOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR
Os princípios do Direito do Consumidor são fundamentais para a aplicação e interpretação do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) e das normas que regulam as relações de consumo. Dentre eles, destacam-se:
1. Princípio da Vulnerabilidade do Consumidor: reconhece que o consumidor é a parte mais fraca nas relações de consumo, e que deve ser protegido pela legislação;
2. Princípio da Boa-Fé: exige que as partes ajam de forma honesta, transparente e leal, buscando sempre a solução mais justa e equilibrada para as relações de consumo;
3. Princípio da Transparência: impõe que todas as informações relevantes sobre produtos e serviços sejam disponibilizadas de forma clara, objetiva e acessível ao consumidor;
4. Princípio da Informação: garante o direito do consumidor de ser informado de forma adequada e clara sobre as características, qualidades, quantidade, preço e riscos dos produtos e serviços que adquire;
5. Princípio da Qualidade: estabelece que os produtos e serviços devem ser seguros, adequados e eficientes, atendendo às expectativas e necessidades do consumidor;
6. Princípio da Prevenção: orienta que as empresas adotem medidas preventivas para evitar danos aos consumidores, especialmente em relação a produtos e serviços que apresentam riscos;
7. Princípio da Reparação Integral do Dano: determina que o consumidor tem direito à reparação integral dos danos sofridos em decorrência de práticas abusivas ou de produtos e serviços defeituosos;
8. Princípio da Igualdade nas Relações de Consumo: busca garantir que todas as pessoas sejam tratadas de forma igualitária nas relações de consumo, independentemente de raça, gênero, idade ou condição social.

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