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Campos dos Goytacazes, 2023 Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Em sua opinião, qual a importância do conhecimento em higienização para quem exerce suas atividades profissionais na indústria de alimentos? Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Manutenção das condições higiênico-sanitárias Requisito Essencial! O conhecimento em higiene industrial é primordial porque esse processo visa criar um ambiente seguro e livre de contaminações em toda unidade fabril. Auxilia na excelência da qualidade do produto final ofertado ao consumidor. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Microrganismos presentes na matéria-prima Microrganismos que se contaminam o alimento ao longo das etapas de processamento CARGA MICROBIANA CONTAMINANTE DO PRODUTO FINAL Principalmente em função do contato com superfícies (adesão de restos de alimentos) e equipamentos (contaminação por deficiente manutenção dos equipamentos), intensidade e condições de manuseio, qualidade da água e do ar, bem como fatores ambientais diversos. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Cabe ao técnico responsável por toda a unidade industrial o entendimento dos vários aspectos envolvidos no processamento: • Qualidade da água; • Tipos de resíduos a serem removidos; • Funções dos diversos agentes de higienização; • Condições de uso dos detergentes e sanitizantes; • Mecanismos de ação da higienização; • Como avaliar o processo de higienização; • Como corrigir eventuais falhas; • Como monitorar a higienização; • Como adequar os procedimentos à legislação atual. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Controle de Microrganismos: -Deteriorantes; -Patogênicos. Qualidade ou pureza do produto; Identidade (manutenção das características sensoriais); Vida de prateleira; Segurança do produto e consumidor (Requisito das BPF) Atendimento à Legislação! Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Atenção! Objetivo da correta higienização: • não só eliminar ou reduzir (em níveis seguros do ponto de vista de saúde pública) a carga microbiana indesejável dos alimentos; • excluir por completo contaminações por sujidades diversas → → → produto de melhor qualidade nutricional, sensorial e higiênico-sanitária. Eliminar sujidades visíveis e não visíveis. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ✓ Práticas higiênicas eficientes são necessárias em todas as etapas da cadeia produtiva dos alimentos. ✓ Nas indústrias de alimentos, a higienização inclui as etapas de: o Limpeza e sanitização das superfícies de alimentos, o Ambientes de processamento, o Equipamentos, o Utensílios, o Manipuladores. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Aula 6- Higienização na indústria de alimentos LIMPEZA: Consiste na remoção de substâncias orgânicas e/ou minerais, como terra, poeira, gordura e outras sujidades indesejáveis à qualidade do alimento. Normalmente são perceptíveis a olho nu. Usam técnicas mecânicas: água, vassoura etc. DESINFECÇÃO: Eliminação, através de agentes químicos ou métodos físicos, de microrganismos / bactérias patogênicas (causam doenças). SANITIZAÇÃO: Procedimento de redução (através de agentes químicos ou métodos físicos) do número de microrganismos aderidos às instalações, maquinários e utensílios, em um nível que não resulte na contaminação do alimento (níveis toleráveis). HIGIENIZAÇÃO: Operação que engloba a limpeza e a sanitização do estabelecimento, das instalações, equipamentos e utensílios. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos A Higienização compreende obrigatoriamente dois processos: limpeza + desinfecção/sanitização. Limpeza Desinfecção /Sanitização Higienização Remoção Física de resíduos orgânicos e inorgânicos indesejáveis. Aplicação de agentes químicos ou métodos físicos para assegurar o nível de higiene microbiologicamente aceitável. A palavra “higienização” deriva do grego hygieine,que significa “saúde”. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos 1 • Limpeza preliminar/pré-lavagem: remoção de resíduos macroscópicos. 2 • Lavagem: remoção do material orgânico com uso de agentes químicos. 3 • Enxague: remoção dos resíduos de detergentes por meio da circulação de água no processo. 4 • Desinfecção/Sanitização: Redução da Carga Microbiana. 5 • Enxague Final: Remoção de resíduos de agentes desinfetantes/sanitizantes. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Antes de iniciar qualquer processo de higienização, é essencial observar as seguintes variáveis: Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Materiais que compõem a superfície que entrará em contato com o alimento devem ser: • Resistentes à corrosão; • Não tóxicos; • Mecanicamente estáveis; • Não apresentar influência adversa como: transmissão de odor, cor ou mancha indesejável; • Não contribuir para a contaminação do alimento. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Resíduo: qualquer material indesejável na superfície dos equipamentos ou local onde o produto é produzido. Visível Pode ser visto a olho nu; Resíduo de Produto; Identificado através de checklist e auditorias; Remoção: Detergente e água. Invisível Necessidade de um microscópio; Microrganismos; Identificação de análises específicas; Remoção: Sanitizantes. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Diferentes tipos de sujidade orgânica e inorgânica Fonte: Adaptado de Marriot, 1997 Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ✓ Os produtos responsáveis pelo processo de higienização são: Detergentes: Limpeza Desinfectantes: Desinfecção/sanitização ✓ Existem produtos de base ácida, produtos alcalinos e produtos neutros. ✓ Os produtos neutros, com os avanços tecnológicos: possuem “força” e alto desempenho que conseguem substituir produtos, principalmente alcalinos. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ✓ Recomendações de acordo com o produto utilizado: ▪ Após realizar uma limpeza com um produto de base ácida, deve- se realizar um enxágue rigoroso, e em seguida, uma lavagem de neutralização com um produto alcalino. Isso porque o ácido possui efeito residual que poderá corroer a superfície que foi limpa com o tempo e uso contínuo. ▪ O inverso NÃO é necessário (alcalino→ácido). A utilização de água corrente tenderá a reduzir o pH para patamares neutros (através da hiperdiluição do produto). Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ❖ Possuir ação específica de acordo com o tipo de sujidade a ser removida: normalmente uma sujidade inorgânica requer um detergente ácido, enquanto que as sujidades orgânicas são melhor removidas por detergentes alcalinos. ❖ Apresentar um baixo custo devido à alta diluição (hiperconcentrado); ❖ Ser atóxico; ❖ Ser pouco poluente –biodegradável; ❖ Apresentar estabilidade durante seu armazenamento; ❖ Ser de fácil ação no procedimento de enxágue; ❖ Não ser corrosivo. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos • • O sujeito que adquire o detergente para utilizar de forma doméstica, quanto mais intensa for a cor de um produto, acredita ele, melhor desempenho o mesmo apresenta. Porém, a cor não tem nenhuma influencia no poder de limpeza de um detergente. • A cor é resultante apenas da adição de corantes artificiais para gerar visualização e diferenciação de aromas e tipos de detergentes. Cor • O aroma, cheiro, perfume de um produto ainda é um dos principais atributos analisados pelos clientes domésticos. • Assim como a cor, o perfume de um detergente não está relacionado ao poder de remoção de sujidades. • O perfume é consequência de adição de essências para a geração de aroma. • Nas indústrias alimentícias, inclusive, a presença de perfume é PROIBIDA nos detergentes, principalmente nas áreas de manipulação de alimentos devido à possível contaminação cruzada (o alimento absorver o aroma) PerfumeAula 6- Higienização na indústria de alimentos • • A viscosidade pode ser explicada numa linguagem simples como sendo o “visgo” de um produto, seu aspecto grosso, espesso, ou seja, um produto que não apresente uma sensação de ser “ralo”. Uma comparação simples: água X mel de abelhas. Viscosidade • Também é um aspecto analisado pelo cliente doméstico. A cultura, errônea, diz que quanto mais espuma, melhor é um produto. • A espuma é gerada num detergente com a adição de Lauril Sulfeto de Sódio, um princípio ativo destinado, unicamente, à geração de espuma. Quanto mais lauril for adicionado num produto, mais espuma o mesmo irá gerar. Porém, a espuma não influencia o poder de remoção de sujidades . A espuma é um vetor ótico para a identificação de manipulação do produto e para facilitar (reduzindo o atrito) a ação mecânica. • Nas áreas de manipulação das indústrias de alimentos, os produtos com alta espumação devem ser evitados , pois podem gerar contaminação cruzada (química), além de provocar a necessidade de vários enxágues. Espuma Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Existem vários tipos de detergentes em função do seu pH e isso se deve conforme sua aplicação (onde e o que remover) no processo de limpeza. Detergentes alcalinos fortes: Apresentam grande condição de reduzir (dissolver) a estrutura das proteínas, gorduras, carboidratos e outros compostos orgânicos. Ex.: carne, leite, pescado e seus respectivos derivados. Em geral, apresentam na sua composição hidróxido de sódio (soda cáustica) ou potássio, com pH próximo a 13. São tóxicos, irritantes à pele e corrosivos. Detergentes alcalinos: Apresentam baixa ação dissolvente aos resíduos orgânicos. Têm moderada condição de irritabilidade à pele e baixo poder corrosivo às matérias em contato. Contém na sua formulação carbonato de sódio, fosfato trissódico e tensoativos , pH abaixo de 9. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Existem vários tipos de detergentes em função do seu pH e isso se deve conforme sua aplicação (onde e o que remover) no processo de limpeza. Detergentes neutros: Não são corrosivos, não agridem a pele. Utilizados nos procedimentos de limpeza onde as sujidades (do tipo orgânica) estão fracamente aderidas à superfície de contato (indicado para uso doméstico), pH próximo ou igual a 7. Detergentes ácidos: Apresentam a condição de dissolver acúmulo de sais de cálcio e magnésio, conhecidos como pedra de leite, pedra de cerveja, o óxido de ferro (presente no sangue), aderidos nas superfícies de contato. Em geral são indicados para limpezas de sujidades minerais em sistemas tubulares internos (CIP – Cleaning In Place). Apresentam, na sua composição, substâncias químicas como: ácido nítrico, clorídrico, acético ou cítrico e acrescido de inibidores de corrosão. Têm pH baixo (< 6). Por essa razão, são corrosivos e, em alguns casos, apresentam ação desinfetante devido ao baixo pH. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ✓ Para facilitar (auxiliar) no procedimento de remoção, além da escolha adequada do tipo de detergente em função da natureza da sujidade e o método de limpeza, é necessário levar em consideração o binômio tempo de contato X temperatura da solução, uma vez que o calor quebra mais facilmente as moléculas de gorduras, auxiliando a ação do produto químico. Uma temperatura ideal seria, em geral, entre 40°C a 60°C. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ✓ Limpeza manual por imersão e escovas: Esse é um método mais simples e com maior risco de falta de uniformidade em função da ação ser humana (manual). ✓ Limpeza mecânica com pressurização: Método em que se utilizam jatos de água (lava a jato tipo túnel ou jateadoras) de alta pressão. ✓ Limpeza manual com uso de aspersores / pulverizadores: Método simples, com a utilização de aspersores / pulverizadores . Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ✓ Limpeza a seco: Método físico com aplicação de aspiração e escovação . Esse método evita o uso de água para retirada de resíduos . Portanto, não é aplicado a todo tipo de utensílio, equipamento ou superfície . ✓ Máquinas lavadoras: Método mecanizado. ✓ Limpeza sem desmontagem (clean in place - CIP): Método de limpeza aplicado em algumas situações pelo fato de exigir ambiente(equipamento) fechado e automático para promover a circulação do fluido de limpeza. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Atenção! Um produto ou uma solução com ação de desinfecção “elimina” os microrganismos, enquanto um produto ou solução com ação sanitizante “reduz” os microrganismos a níveis toleráveis. Essas duas ações podem ter origem no mesmo produto. Para isso, basta alterar a concentração (diluição) desse produto quando for utilizá-lo. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ▪ Poder de eliminação ou redução de microrganismos; ▪ Não ser corrosivo para determinado material; ▪ Não ter efeito residual no alimento; ▪ Ser lavável; ▪ Não irritante à pele; ▪ Ser atóxico; ▪ Ser fácil de dosar; ▪ Ser hidrossolúvel; ▪ Ser compatível com outros agentes químicos. Atenção! Os princípios ativos mais comuns e utilizados são: o cloro (hiploclorito de sódio), o ácido peracético, a amônia quaternária, o iodo, o peróxido de hidrogênio e a clorexidina. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Saneantes: nomenclatura adotada pela ANVISA para a definição dos desinfetantes, detergentes e outros agentes relacionados aos processos de higienização. A eficiência dos ácidos orgânicos (ex.: ácido acético, cítrico, láctico, etc.) no controle de microrganismos patogênicos varia de acordo com sua concentração, temperatura, tempo de contato e tipo de tecido ou microrganismo contaminante . O ácido acético pode reduzir a população microbiana pela redução do pH dos tecidos da superfície da carne e pela mudança de permeabilidade na membrana celular da bactéria. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ✓ Para escolher o melhor método de sanitização é necessário saber das características de alguns fatores como: o tipo de superfície, tipo de sujidade, determinação dos princípios ativos (sanitizantes), dentre outras condições peculiares ao estabelecimento industrial. Os 3 principais são: ❖ DESINFECÇÃO POR CALOR: • Bom método, não é corrosivo e destrói todos os tipos de microrganismos; • Limitação: não pode ser utilizada em superfícies sensíveis ao calor. É cara. • Eficaz se assegurar que a temperatura atinja toda a superfície a desinfetar e durante o tempo necessário para a destruição dos microrganismos (apresenta bons resultados em circuitos fechados). Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ❖ DESINFECÇÃO POR RADIAÇÃO: • A mais usada é a Ultravioleta; • Usadas em situações específicas e as lâmpadas trocadas a cada 6 meses; ❖ DESINFECÇÃO POR PRODUTOS QUÍMICOS: • A mais generalizada na indústria alimentar; • Na prática, não existem desinfetantes universais, pelo que é preciso algum cuidado na escolha e aplicação dos desinfetantes. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ✓ A qualidade da água é também um fator determinante. ✓ Deve ser própria para consumo: o limpa e transparente; o branda (não precipita sabões nem forma incrustações); o livre de microrganismos; o não corrosiva. ✓ A água para uso na indústria de alimentos deve ser considerada como matéria-prima e atender aos padrões físicos, químicos e microbiológicos. Água com dureza excessiva (excesso de sais inorgânicos - cloretos de cálcio e de magnésio, sulfatos e bicarbonatos): reduz a eficácia de alguns detergentes e desinfetantes e contribui para a formação de incrustações na superfície do equipamento durante a evaporação. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Aula 6- Higienização na indústria de alimentos De acordo com a OMS: –Maioria dos casos de Doenças Veiculadas por Alimentos tem origem na manipulação inadequada. •Produção da matéria-prima; •Fatores ambientais; •Equipamentos; •Técnicas de higienização. –No Brasil a maioria dos manipuladoresde alimentos não tem conhecimento do risco que é a contaminação. Aula 6- Higiene no contexto de produção ✓ A manutenção da higiene no local de produção de alimentos é de fundamental importância no controle eficaz dos perigos alimentares, das pragas e de outros agentes que possam contaminar os alimentos; ✓ É direito do consumidor adquirir alimentos seguros e adequados ao consumo, que não sejam veículos de doenças e agravos à saúde. ✓ Além disso, contaminações causam: o desperdícios de alimentos e aumentam custos; o afetam a confiança do consumidor; o afetam negativamente o comércio podendo causar perdas econômicas significativas. O controle é exigido pelos órgãos fiscalizadores e pelo mercado externo. Higiene é uma obrigação do produtor! Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ✓ Investir em limpeza significa: economizar em produtos contaminados, refeições e devoluções; ✓ Profissionais da área de alimentos devem: o Atuar de forma preventiva na busca da melhor qualidade dos alimentos processados→→→ evitar problemas de ordem econômica e de saúde pública; o Ser motivados, treinados continuamente e conscientizados do seu trabalho. Todos os processadores de alimentos têm responsabilidade direta sobre a segurança e qualidade de seus produtos. Aula 6- Higienização na indústria de alimentos Aula 6- Higienização na indústria de alimentos ✓ SILVA, G. Higiene na indústria de Alimentos. Recife: EDUFRPE, 2010. 134p. ✓ http://portal.anvisa.gov.br/registros-e- autorizacoes/saneantes/produtos/classificacao http://portal.anvisa.gov.br/registros-e-autorizacoes/saneantes/produtos/classificacao http://portal.anvisa.gov.br/registros-e-autorizacoes/saneantes/produtos/classificacao Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41