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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Disciplina: Fundamentos da Assistência ao Paciente Docente: Prof.ª Me. Anete Leda de Oliveira Discente: Giovanna Beatriz André Lopes Matrícula: 2022020053 Turma: T02 SÍNTESE REFERENTE AO ARTIGO “INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSITÊNCIA À SAÚDE: DESAFIOS PARA A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL”, DE MARIA CLARA PADOVEZE E CARLOS MAGNO CASTELO BRANCO FORTALEZA As chamadas Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde, ou simplesmente IRAS, antes denominadas de Infecções Hospitalares antes de 1990, é um conceito que agrega infecções das mais variadas que são adquiridas em qualquer ambiente relacionado à saúde. De acordo com o Ministério da Saúde (1998), as IRAS “são aquelas adquiridas após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.” Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), centenas de milhões de pacientes são afetados pelas IRAS a cada ano em todo o mundo, gerando uma taxa de mortalidade preocupante. O diagnóstico de uma IRA pode variar entre 2 e 90 dias após internações ou procedimentos. Correlaciona-se as IRAS à abcessos locais, febre, hemoculturas ou culturas de lesões ou cavidades positivas para microrganismos patogênicos e/ou resistentes a antibióticos (ANVISA, 2017). Sobre os principais marcos históricos e regulatórios da prevenção das Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde, cabe ressaltar que o seu conceito inicial foi implementado na sociedade a partir da “revolução pasteuriana”, principalmente por Joseph Lister, pioneiro nas técnicas de antissepsia nas cirurgias. Historicamente, o controle de infecção hospitalar fazia parte primariamente do trabalho da Enfermagem. Florence Nightingale ressaltava a importância do ambiente bem limpo e arejado, sendo um agente terapêutico e benéfico para a cura ou melhora dos pacientes. É de sua autoria a definição importantíssima sobre as iatrogenias no cotidiano das instituições hospitalares quando afirma: “A primeira condição em um hospital é não prejudicar o doente” (GIOVANINI, 2009). Entretanto, as primeiras comissões focadas nesse controle de infecção hospitalar surgiu apenas em 1960, sendo que as ações do governo sobre o assunto só tiveram início nos últimos anos de ditadura militar. Em 1980, a temática se tornou de interesse para autoridades sanitárias, promovendo capacitações para vários profissionais, prática que se seguiu em 2004. Em 1990, foi realizada a Conferência Regional sobre Prevenção e Controle de Infecções Hospitalares, onde se fazia necessário a implantação de comissões para implantação de comissões para prevenção, fato que já ocorria no Brasil por meio da instituição do Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar (PNCIH). O PNCIH visava melhorar a heterogeneidade no desempenho das coordenações estaduais de controle de IRAS, e foi um programa vinculado à ANVISA tempos depois, mostrando que o manejo dessas infecções deveria manter-se fora da esfera sanitária, se resumindo a uma atividade que objetivava o cumprimento de leis. Se tratando da regulação de produtos comercializados principalmente para a saúde é um mercado atraente e forte. Logo, essas ações de regulação se mantêm sobre a liderança da ANVISA, mesmo com o recente envolvimento do Ministério da Saúde. Acerca da magnitude do problema das infecções hospitalares no Brasil, cabe ressaltar que achados no estudo de Prade et al (1995) apontaram para questões de falta de estrutura por parte das unidades prestadoras de serviços da saúde, como não possuir laboratório de microbiologia com o mínimo de desenvolvimento e sem vigilância epidemiológica recorrente. Em 2010, a Anvisa implantou o sistema de vigilância das infecções primárias da corrente sanguínea associadas ao cateter venoso central, pois foram identificados muitos casos dessa forma em UTI de adultos com Staphylococcus coagulase como principal agente etiológico. Porém, em 2012, foi criado o Programa Nacional de Prevenção e Controle de IRAS, o que ajudou na melhora dos casos mais graves. Os modelos teóricos mais aceitos para a aquisição de IRAS incluem os fatores de risco intrínsecos relacionados com as condições inerentes ao paciente ou exposições prévias à sua admissão, tais como idade, sexo, estado nutricional, doença de base, gravidade da doença entre outros e os fatores extrínsecos estão relacionados com os procedimentos e medicamentos utilizados, além da estrutura e dos processos envolvidos nos tratamentos instituídos (HOYASHI et al., 2017). Alguns autores enfatizam que a manipulação excessiva de cateteres de acesso venoso profundo aumenta o risco de infecção do sistema vascular assim como o tempo prolongado de curso das cirurgias também aumentam o risco de infecção do sítio cirúrgico, bem como o período prolongado de internação se caracteriza como um dos fatores que influenciam na aquisição de infecção hospitalar. Também é citado pacientes que adquirem as infecções hospitalares que são colonizados por microrganismos resistentes devido ao uso indiscriminado de antibióticos. Acredita-se também que a falta de adoção de medidas de precaução padrão por parte dos profissionais de saúde constitui importante fator para a transmissão de infecção, através da exposição a microrganismos patogênicos. Portanto, a higienização das mãos é a prática mais efetiva para controle de transmissão de infecção, porém a não adesão dos profissionais a tal prática têm dificultado o controle desta problemática. A negligência por parte dos agentes prestadores de serviço pode comprometer a segurança dos envolvidos durante a assistência. Assim, faz-se necessário a capacitação dos profissionais de saúde na utilização de precauções padrões e universais, enfocando o uso correto de luvas e capotes assim como o uso de antissépticos para higienização das mãos em procedimentos. O diálogo franco e a comunicação com a família sobre técnicas de assepsia pode reduzir significativamente o índice de propagação de infecções, sendo apontada como a principal forma de prevenção das infecções hospitalares. Portanto, quanto à crítica reflexiva cabível no contexto do assunto, é correto defender que não há recursos humanos suficientes habilitados para o controle das IRAS, assim como falta recursos financeiros para o bom andamento das políticas de prevenção das mesmas. Aliado a isso, cidades de difícil acesso devido à regionalização desigual do país, hospitais pequenos com poucos leitos que possuem dificuldades de implantar programas de prevenção às IRAS, bem como a grande discrepância observada na oferta de assistência e a insuficiência de leitos de UTI caracterizam os maiores desafios encontrados sobre o assunto no Brasil. Devido ao desnivelamento de economia, cultura e, principalmente, políticas e opiniões distintas sobre as IRAS pelo Brasil, se torna mais complicado chegar em um senso comum a respeito do combate e prevenção das IRAS no território nacional. Outro ponto importante é a carência de laboratórios especializados em pesquisas de micro- organismos, especialmente em casos rápidos de endemias por bactérias e outras partículas patogênicas. Também é válido citar que se faz necessário uma renda estritamente destinada às políticas de prevenção das IRAS e também aos profissionais de saúde para que estes se aprimorem no assunto, aumentando assim a oferta de cursos de especializações que os capacitem nessa área. Logo, a comunicação franca entre chefes de governo e representantes da comunidade é de suma importância para a melhoria da posição governamental brasileira e a evolução no quadro epidemiológico no que tange as Infecções Relacionadas à Assistênciaem Saúde (IRAS). REFERÊNCIAS PADOVEZE, Maria Clara; FORTALEZA, Carlos Magno Castelo Branco. Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde: desafios para a saúde pública no Brasil. Revista de Saúde Pública, São Paulo, DOI:10.1590/S0034-8910.2014048004825, p. 1-8, julho, 2014. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/110hsc2oCBafdyxXdQS_Z1UKOPS06aIpF/view. Acesso em: 19/02/22. HOYASHI, Clarice Mayremi Toshimitu; SILVA, Paôla Sargento; SILVA, Renata Martins da; SILVA, Talita Ribeiro. Prevenção e controle de infecções relacionadas a assistência à saúde: fatores extrínsecos ao paciente. HU Revista, Juiz de Fora, v. 43, n.3, p. 277-283, julho/setembro, 2017. Disponível em: chrome- extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/viewer.html?pdfurl=https%3A%2F%2Fdo cs.bvsalud.org%2Fbiblioref%2F2018%2F10%2F947537%2F2739-18239-6- pb.pdf&clen=626044&chunk=true. Acesso em: 19/02/2022.