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Coprocultura Coprocultura é o exame bacteriológico das fezes que o médico pede quando tem suspeita de gastroenterite (inflamação do trato gastrointestinal que se manifesta através de diarréia e desinteria, vômitos, cólicas abdominais). Diarréia: aumento do número de evacuações de fezes, pastosas, moles ou liquidas. Desinteria: é uma diarréia com presença de muco e sangue. Coleta, transporte e armazenamento: A coleta deve ser feita no início da fase aguda da doença, quando os patógenos estão usualmente presentes em maior número e preferencialmente, antes da antibioticoterapia. *Caso você queira verificar a resistência bacteriana, ai pode fazer a coleta mesmo com a antibioticoterapia. Ou em pacientes de UTI. Coletar as fezes e colocar em um frasco contendo o meio para transporte (cary- blair ou salina glicerinada tamponada), fornecido pelo laboratório, em quantidade equivalente a uma colher de sobremesa. Preferir sempre as porções mucosas e sanguinolentas, se a amostra for líquida coletar aproximadamente 2- 3ml. *Geralmente, você recebe o frasco sem o meio de transporte, porque o meio de transporte são usados com mais frequência em laboratórios do interior que precisam enviar as amostras. Fechar bem o frasco e agitar o material. Se a amostra não for entregue no laboratório em uma hora, conservar em geladeira 40 C, no máximo por um período de 12 horas. Marcar o horário da coleta. Na falta de meio de transporte utilizar frasco limpo e seco (fornecido pelo laboratório), coletar no mínimo 2g de fezes e enviar ao laboratório. Para pesquisa de Vibrio cholerae: Swab fecal em cary-blair: Coletar 1 a 2g de fezes em frasco limpo, seco, de boca larga fornecido pelo laboratório. Mergulhar o swab no frasco contendo as fezes, Introduzir o meio de transporte cary-blair e transportar em temperatura ambiente entre 24 e 72 horas após a coleta. Swab retal em cary-blair: Introduzir o swab no ânus e fazer movimentos rotativos suaves por alguns segundos. Introduzir o meio de transporte cary-blair e transportar em temperatura ambiente em até 24h após a coleta. Armazenamento no laboratório: Fezes in natura: encaminhas imediatamente ao laboratório em temperatura de 20 C a 80 C (com gelo reciclável) Fezes in swab: caso não seja possível encaminhar amostras de fezes in natura no mesmo dia, introduzir o swab nas fezes colhidas em frasco estéril e acondicionar o swab no meio de transporte cary-blair (viável por até 7 dias sem refrigeração). Meio de transporte: Cary blair: tem como princípio a carência de uma fonte de nitrogênio que impede a multiplicação de microrganismos. A composição nutritiva garante a sobrevivência dos microrganismos presentes na amostra. Meios de cultura: Meios de isolamento: o Ágar SS o HE o EMB Meios de identificação: o TSI o Ureia o Citrato o SIM o Indol o Fenilalanina o Lisina o Ornitina Meios de enriquecimento: o Tetrationato Principais provas para a identificação das enterobactérias de importância clínica: Fermentação da glicose Fermentação da lactose Motilidade Utilização de citrato Descarboxilação da lisina e ornitina Produção de sulfeto de hidrogênio (H2S) Produção de gás (CO2) Oxidase Produção de indol Produção de urease Produção de fenilalanina desaminase Ágar salmonella Shigella-SS: É um meio de cultura altamente seletivo para o isolamento de Salmonella spp. E algumas espécies de Shigella a partir de amostras clínicas e de alimentos. Os microrganismos gram positivos e os coliformes são inibidos por componentes seletivos e a diferenciação dos microrganismos é obtida através da adição da lactose no meio. As bactérias fermentadoras formam colônias vermelhas ou rosa e as não fermentadoras formam colônias incolores. Elevadas concentração de sais biliares e citrato de sódio inibem todas as bactérias gram positivas e muitas gram negativas. Carboidrato: lactose Indicador para ácido: vermelho neutro Indicador de H2S: citrato férrico Os produtores de H2S (Salmonella): formam colônias incolores com fundo enegrecido Os não fermentadores de lactose e não produtores de H2S (Shigella): colônias incolores Não fermentadores de lactose: colônias vermelha a rosa (Escherichia coli). *Dentro da coprocultura, não tem como o microrganismo ser produtor de lactose e de H2S, exceto o proteus. Meio ágar entérico hektoen – HE Salmonella spp. Shigella spp. Bactéria fermentadora de lactose (vermelha a rosa) É um meio moderadamente seletivo para diferenciação de gram negativos entéricos utilizado para isolamento e cultura desses microrganismos, especialmente para o isolamento de Shigella e Salmonella provenientes de amostras fecais. A elevada concentração de sais inibem todas as bactérias gram positivas e muitas gram negativas. Carboidrato: lactose, sacarose Indicador para ácido: fucsina ácida e azul de bromotimol Indicador de H2S: citrato férrico Produtores de H2S e não fermentadores de lactose (Salmonella): forma um centro escuro com as bordas mais claras esverdeada-azulada. Apenas produtores de lactose sem formação de H2S (Shigella): forma uma coloração esverdeada. Fermentadores de lactose: alaranjada a salmão. Ágar EMB: É um meio para diferenciação ligeiramente seletivo utilizado para o isolamento e diferenciação de bacilos entéricos gram negativos (enterobacteriaceae e outros bastonetes gram negativos provenientes de amostras clínicas) A presença de eosina e azul de metileno inibem as bactérias gram positivas Carboidrato: lactose e sacarose Indicadores e inibidores: eosina e azul de metileno *Não tem indicador de H2S então não vê o ponto enegrecido. Não fermentadores de lactose: colônias incolores. Fermentadores de lactose: colônias pequenas, secas com fundo metálico característico da escherichia coli, além de colônias grandes mucoides que é característica da klebsiella. *No meio EMB não diferencia salmonella e shigella. Os meios mais específicos são o SS e o HE, porque o que a gente quer observar nas fezes são as bactérias patogênicas que é a samonella, shigella e a escherichia coli em algumas ocasiões. Shigella spp. Salmonella spp. Bactéria fermentadora de lactose (alaranjado a salmão) Tetrationato: É um meio de enriquecimento para Salmonella Contém sais de bile que inibem os microrganismos gram positivos e a adição da solução de iodo (antes da amostra) inibe a microbiota intestinal normal. Tetrationato é formado no meio pela adição da solução de iodo e iodeto de potássio. Organismos que contém a tetrationato redutase proliferarão no meio Tempo de incubação 18-24 horas: tempo diferente do preconizado (inferior ao período de 18 horas) não se garante a recuperação do microrganismos alvo e não seletividade referente à possível flora presente. *Então as fezes chegam ao laboratório e são colocadas no meio tetrationato para enriquecimento e pode ao mesmo tempo semear no meio SS ou no meio HE, porque se a gente conseguir obter colônias isoladas nesses dois meios já adianta com a cultura. Caso a cultura fique muito cheia, ai tem que fazer um novo semeio. Meio TSI: Detecta bactérias fermentadoras de carboidratos e produtores de H2S Tem 3 açúcares e ferro, ai a gente vai ver a fermentação dos 3 açúcares que é lactose, sacarose, glicose e a produção do H2S. Carboidratos: glicose (0,1%) lactose e sacarore (1%) distribuídos uniformemente, tanto no fundo quanto na superfície do meio Indicadores para ácido: vermelho de fenol pH neutro-vermelho e pH ácido-amarelo 1. Tubo controle: a cor do TSI é essa, uma cor de tijolo. 2. Microrganismo alcalino-alcalino: cor vermelha sema produção de H2S 3. Microrganismo alcalino-ácido: sem produção de H2S 4. Ácido-ácido com produção de gás e sem produção de H2S 5. Ácido-ácido com produção de H2S e produção de gás 6. Alcalino-ácido com produção de H2S e gás. *A fermentação da glicose é vista no fundo do tubo, então se é uma enterobacteriacea o fundo do tubo tem que ser ácido. Nos dois últimos tubos por exemplo, a gente vê um precipitado preto do H2S, mas é ácido, porque é uma enterobacteriace. Amarelo é ácido, alcalino é vermelho. Não fermentador de lactose: Ficam alcalino-ácido ou alcalino-ácido com produção de H2S se houver. No inicio ocorre uma acidificação, tanto na superfície como no fundo do tubo. Em seguida o suplemento de glicose se esgota e a bactéria começa a efetuar a degradação oxidativa dos AA na superfície inclinada do tubo, resultando na libeação de aminas ficando a parte inclinada vermelha (alcalina), no entando o fundo do tubo permanece amarelo pois a degradação de AA não é suficiente para neutralizar o ácido formado pela fermentação da glicose. A fermentação continua porque tem lactose. *Com a alça, inocula o material no centro do tubo e faz estria na superfície. *Com a sacarose fica a mesma coisa da lactose. Ureia: Detecta os microrganismos produtores da enzima urease, que hidrolisa a ureia liberando amônia e CO2. Podem ser utilizados dois meios para a detecção de urease: 1. Caldo ureia de stuart: Tamponado com sais de fosfato a um pH 6,8 sendo indicado para identificação de microrganismos produtores de grandes quantidades de amônia para superar o sistema e elevar o pH do meio para produzir uma viragem do indicador (>8,0), sendo seletivo para espécies de proteus. 2. Ágar ureia de Christensen: Possui um sistema tampão muito mais fraco, permitindo detectar produções menores de amônia, sendo, portando, apropriado para análise de bactérias que apresentam formação reduzida de urease ativa. *O laboratório escolhe qual vai usar. Citrato: Determina a capacidade de um microrganismo utilizar citrato de sódio como única fonte de carbono para o seu metabolismo e crescimento. Se o microrganismo cresceu, é citrato positivo, ele transforma o meio de verde para azul e mesmo que com 24 horas essa reação de viragem do azul não ficar bem evidente mas ocorrer o crescimento do microrganismo, a gente considera citrato positivo e deixa mais 24 horas pra ocorrer a viragem. Esta capacidade depende da presença de citrato permeasse que facilita o transporte do citrato para o microrganismo, uma vez dentro da célula o citrato é degradado pela enzima citrase, produzindo ácido oxalacético e acetato. A formação de bicarbonato de sódio e amoníaco (NH3) resultante da utilização de citrato de sódio e de sair de amônio, leva a um aumento do pH do meio de cultura e, consequentemente à alteração da cor do mesmo de verde para azul tendo como indicador o azul de bromotimol. SIM (sulfeto, indol e motilidade): É um meio recomendado para a determinação da produção de H2S, formação de indol e motilidade A baixa concentração do ágar permite a dispersão dos microrganismos pelo meio (motilidade) O indol é um dos produtos da degradação metabólica do triptofano Observação: o indol é importante para separar Escherichia coli (sempre positivo) de membros do grupo Klebsiella-Enterobacter-Hafnia- Serratia (a maioria negativo). Se a bactéria produzir a enzima tiossulfato redutase ela irá degradar o tissulfato de sódio presente no meio produzindo H2S, este reage com o sulfato ferroso formando um precipitado preto de sulfeto ferroso. Fenilalanina: É um aminoácido que por desaminação forma um cetoácido, o ácido fenilpirúvico. O microrganismo deve possuir a enzima desaminase, necessária para essa conversão. O teste da fenilalanina é baseado na detecção de ácido fenilpirúvico, o qual é liberado no meio, após o crescimento do microrganismo teste, sua presença é visualizada pela adição de uma solução de cloreto férrico a 10% quando aparece uma cor verde. A determinação da enzima fenilalaninadesaminase é útil para a diferenciação de espécies proteus, morganellae, providencia de outros bacilos gram negativos. Descarboxilases: Representam um grupo de enzimas substrato específicas, capazes de atuar sobre a porção carboxila dos aminoácidos, formando aminas de reação alcalina. Lisina, arginina e ornitina são os três aminoácidos habitualmente avaliados na identificação das enterobactérias cuja descarboxilação resulta na liberação das seguintes aminas específicas: Lisina cadaverina Ornitina putrescina Arginina citrulina (dehidrolase) Lisina: Muitas bactérias possuem enzimas capazes de descarboxilar AA específicos no meio de cultura A enzima descarboxilase remove uma molécula de CO2 de um AA para formar aminas de reação alcalina. Características comuns das enterobactérias: Bacilos gram negativos Não esporulados Catalase positivos (exceto a Shigella dvsenteriae) Oxidase negativos (importante na sua detecção) Fermentam a glicose com ou sem produção de gás carbônico Reduzem os nitratos a nitrito Podem: Ser móveis ou imóveis (a maioria são móveis com exceção de Klebsiella, Shigella e Yersinia -imóveis a 370C) as móveis são por flagelos peritríquios Ser a maioria anaeróbios facultativos Algumas estirpes podem fermentar a lactose (p.ex.E.coli, Klebsiella, Enterobacter, Citrobacter e Serratia) Ter cápsula (Escherichia, a maioria das Klebsiella e algumas Enterobacter) Crescem bem nos meios comuns e meios seletivos para BGN Importância clinica: As enterobactérias representam 80% ou mais de todos os gram negativos de importância clínica isolados na rotina microbiológica São responsáveis por cerca de 70% das infecções urinárias e 50% das septicemias São considerados enteropatógenos clássicos os os diferentes sorotipos de Salmonella, Shigella spp, categorias diarreiogênicas de E.coli e Yersinia enterocolítica São classificadas atualmente em 42 gêneros e centenas de espécies Enterobacteriaceae não envolvida na gastroenterite: Enterobacter Fermentam lactose. Raramente causam doenças primárias em seres humanos, mas com frequência colonizam pacientes hospitalizados. Klebsiella Fermentam lactose. Causam uma pneumonia lombar necrotizante em indivíduos comprometidos pelo alcoolismo, diabetes ou DPCO Klebsiella granulomatis – donovanose -DST Afeta a pele e mucosas das regiões da genitália, da virilha e do ânus. Difícil isolamento em meios de cultura. Serratia Pode causar infecções no trato respiratório inferior e no trato urinário, especialmente em pacientes hospitalizados, como também infecção da ferida cirúrgica. Proteus Provocam infecções nos seres humanos apenas quando deixam o tratointestinal. São encontrados em infecções das vias urinarias e causam bacteriemia, pneumonia e lesões em pacientes debilitados. Proteus vulgaris e morganela morganii São importantes patógenos hospitalares Providencia As espécies de providencia estão presentes na microbiota intestinal normal. Todas causam infecções das vias urinárias e ocasionalmente outras infecções, e muitas vezes são resistentes ao tratamento antimicrobiano.
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