Prévia do material em texto
Interpretação de Casos Clínicos – 2ºC5ºP Giovanna Gabriele AULA 01 – 30/03/2023 • Trabalho; AULA 02 – 13/04/2023 • Vista de prova; AULA 03 – 20/04/2023 Prova: AIT / AVCI / Paralisia Facial. CASO CLÍNICO I Você está no seu estágio no pronto atendimento, quando chega uma senhora acompanhada do marido, que se encontra na cadeira de rodas. A senhora quando te vê já vai falando: "Dr ( ), ajude meu marido, estávamos almoçando quando de repente meu marido começou a falar enrolado, babar e deixou o garfo cair. Ficou com a mão "boba", e quando foi tentar levantar da cadeira caiu. Tentei conversar com ele , que parece não entender nada, me ajude!" Após esse contato inicial você, em conjunto com seu preceptor, passam a examinar o paciente. Um colega que estava no plantão com vocês continua a anamnese com a esposa. "Gostaria de entender melhor o que houve, com seu esposo, a propósito qual o nome da senhora e o dele?" "Me desculpe- diz a senhora - estou muito assustada que nem me apresentei, meu nome é Ruth e o de meu marido, Arinaldo". ー "Certo, Dona Ruth me explique melhor o que aconteceu com Sr. Arinaldo, qual idade dele e problemas de saúde, medicações que ele faz uso....” "Estávamos meu marido e eu almoçando, há quase 0l hora, quando de repente ele deixou o garfo cair, com a mãe direita, fui falar com ele, e sua fala estava enrolada, ele babou e parecia não entender o que eu falava. Percebi que sua boca estava torta, para esquerda. Ele é um homem saudável, quase não vai ao médico, apenas frequenta o PSF uma vez ao ano para pegar suas receitas para hipertensão e medicação para dormir. Ah ele fuma desde que nos conhecemos. Fora isso nunca esteve em um hospital. Nos ajude Dr. - "Vamos cuidar dele, fique tranquila que jajá lhe daremos um retorno, agora ele deve passar por exames". Exame físico: Paciente acordado, desorientado, não compreende o que lhe é dito, não obedece comandos, apresenta fala ininteligível. Pupilas simétricas, isocóricas. Desvio de rima a esquerda. (Glasgow de 8 para cima; afasia de Wernick – compreensão; afasia de Broca -> tem então uma afasia global). *** Perda de força do lado direito, desvio de rima para a esquerda -> lesão para o lado contralateral -> lesão do lado esquerdo -> paralisia facial a direita. • ACV: Ritmo cardíaco regular em 2 tempos BNF sem sopros 150x90 mmHg. FC: 90BPM. • Glicemia: 110 mg/dl • AR: Murmúrio Vesicular universalmente Audível, sem ruídos adventícios. • Sa02: 97% • MMII: sem edema • IMC: 23 Hipóteses Diagnósticas • AVC; Hipoglicemia; AIT Exames complementares • TC até 20 minutos da admissão do paciente; Sem contraste -> isso para diferenciar o isquêmico do hemorrágico, o isquêmico pode vir normal. Não precisa da tomografia para confirmar, o diagnóstico é clinico. *** Tratamento -> reperfundir a área o mais rápido possível: trombólise ou trombectomia mecânica. Escala NIHSS De acordo com a pontuação classificação a gravidade do AVC -> área -> maior a pontuação mais grave, pegou área maior. (*** Não precisa decorar tabela). ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO: AVC-I • AVE-I -> obstrução -> isquemia -> infarto (80% dos casos). • Etiologias: o Embólica (cardioembólica); o Aterotrombótica -> placa ulcera, forma agregação plaquetária. • Manifestações: Déficit Neurológico Focal Súbito (a região acometida deixa de ser perfundida). • A depender da área do evento, a manifestação será específica. Topografia • Artéria Cerebral Média: percorre mais lateralmente. Afeta área motora e sensitiva, contralateral à lesão. Afasia motora / Broca ou sensitiva / Wernicke (hemisfério esquerdo). o Quando a artéria acometida é a cerebral média, é esperado que a perna seja poupada. o ACM: Corpo; Braço; Mão e Face. • Área ligada à linguagem -> geralmente fica no hemisfério dominante (maioria à esquerda). • Afasia sensitiva: não compreende o que é falado. • Afasia motora: não consegue falar. • Artéria Cerebral Anterior: Alteração motora e sensitiva da perna contralateral. • Artéria Cerebral Posterior: Alteração visual. • Atenção -> Escore do AVC do NIHSS: avaliação de gravidade, repercussão clínica do AVCi. • Vai de 0 – 42, quanto maior a nota, pior foi o AVCi. Diagnóstico • Déficit Focal Súbito. • TC ou RNM de crânio sem contraste (geralmente TC). Ausência de hemorragia confirma isquemia. Imagem de hipodensidade surge em 24 – 72 horas. • Serve para diferenciar em isquêmico ou hemorrágico. Propedêutica • Ressonância Magnética por difusão (DWI): Se delta-T impreciso. (Wake up stroke, afasia). • Útil quando não é possível avaliar o tempo de início do evento. • Se Flare (-) e DWI (+): Precocidade do evento, e benefício do tratamento de reperfusão. Tratamento do AVE-i Tratamento • (1) Trombólise IV: Alteplase 0,9 mg/kg -> opção tenecteplase. • Trombólise EV: Alteplase 0,9 mg/kg. Máximo 90 mg -> 10% em bolus, restante em 60 minutos. o Critérios de inclusão para realizar Alteplase: Até 4,5 horas ou mismatch RM. o Exclusão: NIHSS < 3 ou > 25; AVEi ou TCE < 3 meses; AVEh prévio; Hemorragia Digestiva – Trato Urinário < ou igual 21 dias; Punção arterial não compressível < ou igual a 7 dias; Uso de novos anticoagulantes orais nas últimas 48 horas ou varfarina com INR > 1,7. • (2) Trombectomia Mecânica (Stent retriever): você retira ele depois, e o trombo vem junto. Pode ser feito naqueles em que a trombólise não foi eficaz. o Indicação ideal: regra 6-6-6 ▪ NIHSS > 6 ▪ ASPECTS 6 ▪ Até 6 horas. Parece ser razoável até 24 horas. ▪ Oclusão proximal da circulação anterior. Carótida Interna / Cerebral Média. AVE Isquêmico -> Profilaxia Secundária Etiologia • Aterotrombótica: o Antiagregação Plaquetária: AAS ou Clopidogrel (monoterapia). • Obs: se AVEi leve (NIHSS < 3): AAS + Clopidogrel por 21 – 90 dias, seguido de monoterapia. • Estenose carotídea: endartarectomia se obstrução grave (70 – 99%) • Controlar fatores de risco. • Cardioembólica: o Anticoagulação: iniciar > 2 dias após o evento. o Obs: se risco hemorrágico NIHSS > 15: território arterial completo, múltiplo território arterial (aguardar 14 dias). Tomografia de Crânio ECG, eco, ultrassom com doppler de carótidas e vertebrais -> antes da alta de todo paciente. Ataque Isquêmico Transitório • Conceito: Disfunção neurológica transitória causada por isquemia cerebral, medular ou retiniana, sem infarto agudo. • Conceito antigo: Temporal: Sintomas < 24 horas. • Prevenção de novos Episódios: MEV, dieta mediterrânea • Controlar fatores de risco • Se etiologia embólica: Início imediato de anticoagulação (FA) Etiologia • Etiologia Aterotrombótica: Estenose Carotídea • Endartarectomia se grave (70-99%) • Antiagregação Imediata: o 1)Monoterapia (tradicional) AAS ou Clopidogrel o 2)Dupla (AIT alto risco de recorrência) ou AVE i leve o AAS + Clopidogrel por 90 dias, seguido de monoterapia. • ABCD ≥ 4 AULA 04 – 27/04/2023 CASO CLÍNICO 2 Paciente 45 anos, chega ao pronto atendimento com histórico de febre há 3 dias e cefaleia. Nega trauma recente. Nega outros sintomas. Nega comorbidades. Nega episódios prévios de cefaleia. Refere residir em casa, junto com esposa , e um filho de 4 anos, refere que não tem o habito de ir ao médico nem de levar as crianças, que são todos saudáveis e que não concorda com a administração de vacinas. Paciente em bom estado geral, eupneico em ar ambiente, hidratado, acianótico anictérico. ACV:RCR2TBNF sem sopro FC: 80 BPM; AR: MVUA sem RA; Sa02:98%; Presença de petéquias, lesões purpúricas, em membros inferiores. Exame Físico Você se lembra da cena de um professor, pediatra, examinando um paciente e resolve reproduzir tal propedêutica. Deita o paciente na maca com as pernas esticadas, coloca a mãosob a região occipital do mesmo, e tenta levar o queixo do mesmo, de maneira passiva, até o tórax. Ao realizar essa manobra o paciente institivamente levanta/flete os joelhos. -> rigidez de nuca -> inflamação meníngea. Hipóteses Diagnósticas • Meningite • Em quais germes pensar? 45 anos o Haemophilus; Pneumococo; Meningococo Exames complementares • Liquor (padrão outro, antes de qualquer exame) -> CI: indícios de PIC; paciente oncológico; paciente imunossuprimido; histórico de TCE; plaquetopenia menor que 100.000 ou infecção no local de punção. • Não precisa esperar o resultado da punção para começar o tratamento medicamentoso -> pode iniciar antibioticoterapia -> ceftriaxona (2g – 12/12h). Nunca adie o antibiótico esperando o resultado. • Glicemia sérica: 80 *** Pelo exame, o que faz a gente pensar na meningite? Pressão de abertura elevada (não costuma elevar tanto na viral) -> acima de 18 – 20 elevada. Glicose Baixa -> sensível a favor da bacteriana -> geralmente menor que 40. Proteína alta. Diplococo gram negativo -> meningococo. Celularidade aumenta muito -> geralmente maior que 500 quando bactéria. MENINGITE BACTERIANA AGUDA • Através da colonização de vias aéreas superiores • Através da via hematogênica -> plexo coroide -> espaço subaracnóide e o liquor. • Qual é o agente etiológico mais frequente? o Harrison: Pneumococo o Ministério da Saúde: 1º Meningococo e o 2º Pneumococo. Etiologia: Brasil • ≥ 20 anos: N. Meningitidis; Pneumococo • > 55 anos: N. Meningitidis, Pneumococo, Listeria Clínica da Meningite Aguda • Febre + Cefaleia + Irritação meníngea • Eventualmente o paciente terá meningoencefalite!! Pensar quando: o Meningite + Encefalite (parênquima): déficit focal, convulsão. Outros achados • Sinais de hipertensão intracraniana (papiledema, vômito em jato); • Hiponatremia (SIADH) • Rash, petéquias e púrpuras -> Meningococo (específico) • Pode ocorrer lesão necrótica de pele. Abordagem: • Antes de realizar punção lombar -> realizar exame físico em busca de sinais de rigidez de nuca. Exame físico: Diagnóstico • Hemocultura (90%) -> diagnóstico presente (princípio da parcimônia); • Procedimento diagnóstico: Punção Liquórica. • Padrão ouro -> estudo do líquor. • Procurar antes, na história e exame físico, sinais de que a pessoa possa ter lesão expansiva no crânio! • Realizar exame de imagem antes da PL se: o Imunossuprimido ou CA; o História de TCE recente; o Alteração do nível de consciência; o Papiledema; o Déficit neurológico focal; o Risco de hérnia de Uncus!! O que se espera encontrar no Líquor? Diagnóstico Diferencial: Líquor Tratamento • Empírico! Antibiótico que cubra Gram + Pneumococo e Gram negativo Neisseria (meningococo). • Cefalosporina de 3ª geração: Ceftriaxona 2g EV 12/12h Outras Medidas: • Uso de glicocorticoides, 20 minutos antes do ATB por 2 a 4 dias, para prevenir sequelas (beneficio no caso do Pneumococo), principalmente surdez. Parece haver beneficio em caso de hemófilo. • Isolamento respiratório para gotículas: manter por 24 horas após início do ATB (Hemófilo e Meningococo). Quimioprofilaxia Meningite Bacteriana • Para as confirmadas por H. Influenzae e N. Meningitidis. • Para os contatos próximos com o caso índice (que possam ter tido contato com a saliva do paciente) • Outras crianças da creche • Familiares • Profissionais de saúde – que tenham feito procedimentos no paciente, expostos à gotículas, sem EPI. • Meningococo: Rifampicina 10mg/kg de 12/12h (crianças) ou 600 mg de 12/12h (adultos), 2 dias. • Mulheres grávidas (EUA) -> ceftriaxona 250 mg IM. • Hemófilo B: Para todos contactantes, apenas se houver criança < 5 anos não vacinada, ou seja suscetível, ou imunocomprometido no convívio. Nesse caso, todos recebem a quimioprofilaxia. • Rifampicina 20 mg/kg dia para crianças, e 00 mg/kg/dia adultos, por 4 dias (4 doses). MENINGITES VIRAIS • Geralmente causadas por Enterovírus. Outros: herpes simplex, varicela zoster, Epstein Barr, HIV, Caxumba. • Geralmente QC mais leve. • Diagnóstico: líquor (claro, aumento de celularidade < 500, predomínio de mononucleares, elevação discreta de proteínas e glicose geralmente normal. • Tratamento suporte. • Meningoencefalite Herpética! Se assemelha a meningite bacteriana aguda. Pode ocorrer distúrbio comportamental, sinal neurologia focal e difuso.