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Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 Hipertensão Arterial Sistêmica Introdução Conceito · Pressão arterial que confere significativo aumento do risco de eventos cardiovasculares a curto ou longo prazo · Pressão com valores acima ou igual a 140 x 90 mmHg é considerado hipertensão (porém, ficar atento aos critérios diagnósticos) Epidemiologia · Muito prevalente no Brasil · Mulheres apresentam menor risco na pré-menopausa, devido ao efeito protetor do estrogênio · É muito comum ter seu diagnóstico apenas após um evento cardiovascular (como AVEi) Fisiopatologia · Pode ser essencial (primária) ou secundária/causa conhecida (5%) Fisiopatologia da HAS primária · PA = DC x RVP · Um dos dois componentes devem estar aumentados · A maioria tem resistência vascular periférica aumentada · Porém a própria RVP pode estar alterada secundária ao aumento da PA ou pelo aumento da DC · Retenção de sódio e água pelos rins · Pacientes normais aumentam natriurese com ingesta de sódio, que não acontece com hipertensos · Papel do SRAA · Renina: produzida no aparelho justaglomerular converte angiotensinogenio em angiotensina · ECA: converte A1 em A2 (vasoconstrição, retenção de sódio e água) · Os pacientes hipertensos deveriam ter taxas menores de reninas, a fim de evitar a retenção de sódio. Logo, renina normal em hipertenso já é elevada · Aspecto genético · Também influencia As causas conhecidas mais frequentes · Doença parenquimatosa renal, estenose de artéria renal · Coartação de aorta, síndrome de Cushing, hiperaldosteronismo, hiperparatireoidismo · Feocromocitoma, Policitemia, drogas ilícitas, ciclosporinas · Hipo e hipertireoidismo Diagnóstico · O diagnóstico de HAS indica uma doença, que deverá ser tratada para evitar repercussões clínicas · MRPA (residencial) deve ser feita 3 antes do café, 3 antes do jantar por 5 dias (ou 2 em cada período, por 7 dias) · Atentar-se para hipertensão do jaleco branco, e afastar considerando MRPA e MAPA · Hipertensão mascarada: normal no consultório, alterada no MAPA · Pode existir PA sistólica isolada, com diastólica menor que 90 · Pré-hipertensão: pressão entre 121-139 e 81-89 mmHg (podem ter mais risco que hipertensos) · Hipertensão episódica: PA elevada em algumas aferições fora do escritório Os critérios clínicos · Consultório: 2 medidas em 2 consultas com níveis maiores ou iguais a 140x90mmHg · Residencial: várias aferições da PA maior ou igual a 135 x 85 mmHg · MAPA (ambulatorial): PA de 24 com valores maiores ou iguais a 130 x 80 mmHg e no sono maior ou igual a 120x70mmHg · PA >180 x 110 mmHg · PA >= 140x90 mmHg em pacientes com risco cardiovascular alto Aferição da pressão arterial · Paciente em repouso, sem efeito de nenhuma substância · Recostado na cadeira, com braço apoiado à mesa · Perguntar: ácool, vontade de ir ao banheiro, cafeína, drogas, exercício físico, se fuma, se está gravida, histórico pressórico · Checar desaparecimento do pulso radial (estimativa da pressão sistólica) e superestimar 20mmHg · Desinsuflar devagar, para ouvir os sons de korotkoff · A sístole corresponde ao aparecimento do som · A diástole corresponde ao desaparecimento do som · PA em adulto: a cada 2 anos · PA em pré hipertenso: anual · Crianças acima de 3 anos: regularmente nas consultas Avaliação clínica e laboratorial · Atenção para o tempo do diagnóstico e tratamento, fatores de risco, lesões de órgão alvo · Todo paciente hipertenso deve realizar fundoscopia · Indicativo de doença arterial periférica: ITB (tornozelo-braquial) < 0,9 · Pacientes diabéticos, idosos e em uso de anti-hipertensivo, aferir 3 minutos após ortostase (hipotensão postural) · Redução maior que 20 na sistólica e/ou maior que 10 na diastólica · Lesões de órgão-alvo · Afeta basicamente vaso e coração Vascular · Principal complicação · Lesão endotelial · Remodelamento vascular pode aumentar progressivamente a RVP, agravando a PA · Arteriosclerose (enrijecimento dos vasos) · Microaneurisma de charcot-bouchard (AVE hemorrágico intraparenquimatoso relacionado à HAS) · Aterosclerose · Formação de placas lipídicas na camada íntima dos vasos, envoltos de uma placa fibrosa (placas de ateroma) · Macrófagos, linfócitos, células lisas, monócitos · Acúmulo de LDL na íntima · Obstrução gradual do lúmen (angina, hipertensão renovascular, claudicação intermitente) · Aneurismas · Trombose da placa (IAM, AVE, isquemia mesentérica aguda) Cardiopatia hipertensiva · Hipertrofia ventricular esquerda · Aumento crônico da pós-carga era sobrecarga sistólica ao VE · É a famosa insuficiência cardíaca secundária à HAS · Angiotensina II atua sobre o miocárdio · Essa hipertrofia pode gerar isquemia miocárdica por insuficiência de aporte · Disfunção diastólica · Secundária a um aumento atrial esquerdo e HVE · Muito comum a ICC ser por disfunção diastólica · Edema agudo hipertensivo · Cardiopatia dilatada (disfunção sistólica) · Insuficiencia ventricular esquerda, progredindo para ICC · A pressão pode normalizar devido ao biaxo débito · DAC · Isquemia silenciosa, angia estável/instável, IAM, morte súbita Doença cerebrovascular · AIT, AVEi, AVEh, AVE intraparenquimatoso, Hemorragia subaracnoitede · AVEi é o mais comum (aterosclerose de carótida) Nefropatia hipertensiva · Microalbuminúria é um sinal primordial de comprometimento renal Retinopatia hipertensiva · Espelha o acometimento vascular de outros órgãos · HAS secundária Fatores de risco cardiovascular · sexo masculino · idade > 55 anos homem e > 65 mulher · DCV prematura (menor do que na idade acima) · Tabagismo · Dislipidemia (mg/dl) · Colesterol total > 190 · LDL > 115 · HDL < 40H ou < 46M · TG > 150 · Resistência à insulina · Glicemia de jejum 100-125 · Glicemia 2h após TOTG 140-199 · HbA1C 5,7-6,4% · Obesidade · IMC > 30 · CA > 102 homem e 88 mulherees Metas pressóricas · HAS I e II com alto risco, PA deve ficar < 130x80mmHg · HAS III ou HAS I e II com baixo risco, pode manter em 140x90mmHg · Na classificação, a partir de 140, a sistólica sobe de 20 em 20, enquanto a diastólica a partir de 90, sobe de 10 em 10 Tratamento não medicamentoso · O não medicamentoso é comportamental · Reduzir peso, exercício físico, alimentação saudável · Reduzir consumo de sal, cessar tabagismo, reduzir consumo de álcool Tratamento medicamentoso · 4 classes principais · Diuréticos · Antagonistas do cálcio · Inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA) · Bloqueador do recptor AT1 (BRA) · Betabloqueadores (BB). Estes são inferiores Diuréticos · Atuam nos néfrons · Favorece liberação de sódio · Perde água · Corpo se adapta, reduzindo a RVP Bloqueadores dos canais de cálcio · Reduzem RVP · A função é comprometer a contração muscular lisa · Os di-idropiridínicos (anlodipino, nifedipina) atuam especificamente no vaso · Os não di-idropiridínicos (fenilalquilaminas - verapamil e benzotiazepinas - diltiazem atuam mais sobre a bomba cardíaca (bradicardizantes) iECA e BRA · Atuam sobre o SRAA · Lembrando o SRAA · Eleva PA · Célula justaglomerular percebe queda da pressão e libera renina · Renina converte angiotensinogenio em angiotensina I · Enzima conversora de angiotensina converte a I em II · Angiotensina II faz vasoconstricção, estimula liberação de aldosterona (retenção de água e sódio) · iECAs (benazepril, captopril, enalapril) inibem a ECA · os BRA (losartana, valsartana) fecha receptores de angiotensina II, bloqueando o ciclo · são prejudiciais em pacientes renais (creatinina > 3, K > 5,5 aumento da creatitina > 30%) BB · bloqueia receptores 1 adrenérgicos no coração · reduz débito cardíaco, reduz secreção de renina · muito questionável o seu uso · eficaz em pacientes com HAS associada à coronariopatia e IC Decisão terapêutica · paciente com HAS I de baixo ou moderado risco: tratamento não medicamentoso por 6 e 3 meses · A não melhora implica na administração de 1 medicamento das classes acima · Próximo passo: aumentar dose, trocar medicação ou associar uma 2ª · Paciente HAS II ou III ou I alto risco · Medicamentoso imediato· 2 drogas de classe diferente · Próximo passo: aumenta dose, 3ª classe, troca combinação · Referências: · Goldman-Cecil Medicina 25ª · Bates propedêutica 12ª · Medcurso · synapsemed Clínica II: caso clínico
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