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Clínica Médica e Terapêutica de Pequenos Animais - Fluidoterapia

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FLUIDOTERAPIA 
 
HIDRATAÇÃO 
 
CONSUMO HÍDRICO DIÁRIO NORMAL: 
- Cães < 80ml/kg; 
- Gatos < 40 ml/kg; 
 
PRODUÇÃO URINÁRIA DIÁRIA NORMAL: 
- 20-40 ml/kg. 
 
IDENTIFICAÇÃO DE DESIDRATAÇÃO: 
 
Anamnese: 
- Desidratação = perda de água + pouco consumo hídrico; 
- Vias de perda de água significantes para cães e gatos – 4 
principais mecanismos de desidratação: 
1. Poliúria (urina); 
2. Êmese, diarreia; 
3. Queimadura (perda de plasma na pele); 
4. Deslocamento do terceiro espaço (cavidades 
corporais) > exemplo: ascite, efusões. 
 
Exame físico: 
- Variação de peso a curto prazo (1kg = 1L) > é muito mais 
representativo do estado hídrico do que no estado 
nutricional (que ocorre a longo prazo); 
- Escore de desidratação (turgor, mucosa, enoftalmia, TPC, 
taquicardia, vasoconstrição). 
 
DESIDRATAÇÃO PERDA DE ÁGUA SINAIS CLÍNICOS 
Não aparente < 5% Indetectável 
Discreta 5 a7% Mucosas secas 
Baixo turgor de 
pele 
Moderada 8 a 9% Idem + aumento 
do tpc, enoftalmia, 
baixo turgor de 
pele, pulso fraco, 
baixa temperatura, 
estação, decúbito 
esternal 
Grave 10-12% Idem + turgor de 
pele muito baixo, 
hipotensão, 
decúbito lateral, 
aumento da apatia 
Choque 12-15% Idem + choque 
hipovolêmico 
 
Exame laboratorial: 
- Aumento de proteínas > hematócrito e proteína total > 
proporção proteína x volume de sangue; 
- Volume globular aumenta > hemácias se destacam; 
- Gasometria > osmolaridade vai estar aumentada > menor 
transporte de O2 > maior o nível de respiração anaeróbia > 
maior lactato > acidose > aumento do pH; 
- Densidade urinária elevada; 
- Creatinina e ureia aumentam por conta da perfusão renal 
do rim. 
 
 
NECESSIDADE HÍDRICA DIÁRIA 
 
- Reposição > reidratação > cálculo de água para voltar a 
normohidratação; 
- Manutenção > cálculo do volume de fluido para repor as 
perdas fisiológicas; 
- Reposição de perdas fisiológicas > repor líquido que o 
animal perde pela doença (vômito, diarreia etc.). 
 
REPOSIÇÃO 
 
FÓRMULA: 
% de desidratação (score corporal) x peso (kg) x 10 = x mL 
 
MANUTENÇÃO 
 
GATOS: 80 x 𝑝𝑒𝑠𝑜0,75 = x mL 
CÃES: 132 x 𝑝𝑒𝑠𝑜0,75 = x mL 
 
PERDAS PATOLÓGICAS 
 
- Ideal é mensurar, mas é muito difícil; 
- Êmese = 40ml/kg; 
- Diarreia = 50ml/kg; 
- Êmese e diarreia = 60ml/kg; 
- Exemplo: cão de 10 kg x 40 = 400mL. 
 
VOLUME HÍDRICO DIÁRIO 
 
- Reposição + manutenção + perdas patológicas. 
 
EXEMPLO: 
- Cão, adulto, 15kg, desidratação de 8%, com vômito e 
diarreia. 
 
- Reposição: 8 x 15 x 10 = 1200ml 
- Manutenção: 132 x 150,75 = 1000ml 
- Perdas: 60 x 15 = 900ml 
- Volume de fluido/dia = 1200 + 1000 = 900 = 3100ml. 
 
ESTIMATIVAS DE TEMPO DE INFUSÃO 
 
GRAVIDADE PERÍODO DE INFUSÃO 
Discreta (5-7%) Em 24h 
Moderada (8-9%) 30% a 100% em 3-6h OU em 
24h 
Grave (10-12%) 30 a 100% em 3-6h 
Choque (12-15%) Máximo: 90ml/kg/h > cão e 
55ml/kg/h 
 
VIAS E TÉCNICAS DE ADMINISTRAÇÃO 
 
ORAL 
 
- Via fisiológica > mais segura; 
- Indicação: sempre que não houver vômito; 
- Contraindicação: êmese e complicações de deglutição 
(pode fazer falsa via); 
- Desvantagem: absorção de líquido é demorada, é segura, 
mas é lenta. 
INTRAVENOSA 
 
- Via mais rápida de hidratação; 
- Indicação: desidratação moderada a grave, correção 
hidroeletrolítica e/ou acidobásica (glicose, potássio, cálcio), 
correção de hipotensão (choque), administração de 
medicações intravenosa; 
- Contraindicação: lesão de pele > bactérias > catete cria 
ponte entre pele e circulação > chance de levar bactérias 
para dentro do animal é grande; 
- Ordem de facilidade de aplicação em veias: cefálica, safena, 
jugular, orelha. 
 
- 24 para neonatos; 
- 22 para gatos e cães pequenos; 
- 20 para cães grandes. 
 
- Importância da antissepsia cirúrgica. 
 
TIPOS DE EQUIPO: 
 
EQUIPO 
 
FLUXO 
 
VELOCIDADE DE 
FLUXO 
Macrométrico 0,07 a 0,1mL/gota 10 a 20 gotas por 
mL 
Micrométrico 0,017 a 
0,02mL/gota 
50 a 60 gotas por 
mL 
 
PROTOCOLO DE FLUIDOTERAPIA: 
 
Queixa: 
- Cão adulto, 12kg; 
- Desidratação de 8%; 
- Vômito. 
 
1º passo: 
- Calcular a necessidade diária (reposição + manutenção + 
perdas); 
- Reposição = 8 (% desid) X 12 (peso) X 10 = 960 ml 
- Manutenção = 132 (tabela) X 120,75 (peso e número da 
fórmula nutri) = 850 ml 
- Perdas = 40 (vômito) X 12 (peso) = 480 ml 
- Necessidade hídrica diária: 960 ml + 850 ml + 480 ml = 2290 
ml 
 
2º passo: 
- Escolher o tempo de infusão e calcular em mL/hora; 
- 
2290 𝑚𝐿
24ℎ
 = 95 mL/hora. 
 
3º passo: 
- Calcular em mL/segundo; 
- 1 hora = 3600 segundos; 
- TOTAL = 
95 (𝑚𝑙/ℎ𝑜𝑟𝑎)
3600 (𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠)
 = 0,026 mL/segundo. 
 
4º passo: 
- Calcular em gotas/segundo; 
- Equipo micro (60 gotas – 1ml) ou macro (20 gotas – 1ml); 
- 20 gotas _____ 1ml 
 X gotas ______ 0,026 ml 
 X gotas = 0,5 gotas/segundo. 
 
Resultado: 
- Realizar 1 gota a cada 2 segundos = 1 gota/2 segundos. 
 
 
- Cateteres IV são a principal causa de infecção hospitalar, 
sepse > alto risco de morte; 
- Devem ser colocados com preparação cirúrgica; 
- Bandagem trocada a cada 2 dias; 
- Devem permanecer por no máximo 3 dias. 
 
SUBCUTÂNEA 
 
- Indicações: desidratações discretas a moderadas; 
- Vantagens: muito fácil e rápido (250ml em 5-10min); 
- Desvantagem: absorção é lenta; 
- Contraindicações: desidratação intensa ou lesões de pele; 
- Utilizar soluções isotônicas com eletrólitos; 
- Não utilizar fluido com muito potássio > causa dor; 
- Esteticamente feio. 
 
INTRAÓSSEA 
 
- Indicações: desidratação grave (jovens e neonatos); 
- Contraindicação: lesões de pele; 
- Pontos utilizados: epífise proximal do úmero, fêmur, tíbia e 
íleo. 
 
SOLUÇÕES 
 
ELETRÓLITO 
 
SF 
0,9% 
RINGER 
 
RINGER 
LACTATO 
PLASMA 
 
Sódio 154,0 147,5 130,0 136 - 145 
Potássio - 4,0 4,0 3,5 - 5,0 
Cálcio - 4,5 3,0 4,4 - 5,2 
Cloreto 154,0 156,0 109,0 38 - 106 
Magnésio - - - 1,6 - 2,4 
Lactato - - 28 - 
Acetato - - - - 
Gluconato - - - - 
Osmolaridade 309 309 272 290 - 303 
pH 5,5 - 6,2 5,0 - 7,5 6,0 - 7,5 7,4 
 
- Solução fisiológica não tem potássio e cálcio, pH ácido > 
bom em casos de hipercalemia (excesso de potássio), 
hipercalcemia (excesso de cálcio) e em casos de alcalose; 
- Ringer lactato: 
→ Evitar em hepatopatas > fígado terá dificuldade em 
metabolizar o lactato > melhor utilizar solução 
fisiológica; 
→ Evitar em casos de câncer (tecido neoplásico usa 
lactato como fonte de energia). 
 
 
 
 
CRISTALOIDES INDICAÇÃO EVITAR 
Ringer simples Maioria dos casos Hipercalemia, 
hipercalcemia 
Ringer lactato Maioria dos casos Hipercalemia, 
hipercalcemia, 
hepatopatias, 
neoplasias, 
alcalose 
Solução fisiológico 
0,9% 
Hipercalemia, 
hipercalcemia, 
hiponatremia, 
hipocloremia, 
alcalose 
Hipernatremia, 
hipercloremia, 
hipocalemia (se 
usar, repor K) 
Glicofisiológica Hipoglicemia, 
hipercalemia, 
cetoacidose 
diabética 
Hiperglicemia, 
hipertonicidade, 
idem SF 
 
ADITIVOS 
 
- Bicarbonato > geralmente em emergência; 
- Glicose; 
- Potássio. 
 
POTÁSSIO: 
- Repor em toda solução cristaloide (exceto em 
hipercalemia), em especial quando a fluidoterapia for longa. 
 
 
CONCENTRAÇÃO 
SÉRICA DE 
POTÁSSIO 
 
QUANTIDADE DE 
KCL 19,1% A SER 
ADICIONADA A 
500ML DE RL OU 
SF 
 
VELOCIDADE DE 
INFUSÃO 
MÁXIMA 
 
< 2,0 40 mEq ou 14,5mL 6ml/kg/h 
2,1 – 2,5 30 mEq ou 11mL 8ml/kg/h 
2,6 – 3,0 20 mEq ou 7mL 12ml/kg/h 
3,1 – 3,5 15 mEq ou 5mL 18ml/kg/h 
3,6 – 5,0 10 mEq ou 3mL 25ml/kg/h 
 
MONITORAÇÃO 
 
- Peso + escore de hidratação + laboratório + Pressão Arterial 
> parâmetros para avaliar a fluidoterapia. 
 
HIPERHIDRATAÇÃO 
 
- Edema subcutâneo; 
- Quemose > edema de conjuntiva; 
- Edema pulmonar (crepitação); 
- Distensão abdominal e dispneia; 
- Secreção nasal serosa; 
- Aumento do débito urinário; 
- Diminuição do hematócrito, proteínas e potássio. 
 
REVERSÃO DA HIPER-HIDRATAÇÃO: 
- Redução da fluidoterapia; 
- Uso de diuréticos. 
 
COMO PARAR A FLUIDOTERAPIA 
 
- Reduzir gradualmente em 24-28h; 
- Associar fluidoterapia oral; 
- Substituir com fluidoterapia subcutânea.

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