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OSTEOARTRITE DEFINIÇÃO Doença degenerativa da articulação com progressão lenta e persistente, afetando quaisquer componentes da articulação. Não é considerada uma doença com processo inflamatório sistêmico, mas localizado. As estruturas afetadas são a cartilagem articular, o osso subcondral, os ligamentos, os meniscos dos joelhos e também os músculos, além de alterações estruturais que podem levar à destruição articular Acomete preferencialmente articulações das mãos, coluna espinhal e articulações com maior sobrecarga, como joelhos. EPIDEMIOLOGIA A prevalência da OA aumenta com a idade, sendo incomum encontrarmos em alguém com menos de 40 anos, sendo mais frequente acima dos 60 anos. Após os 75 anos, 85% das pessoas têm evidência de OA radiográfica. No Brasil, a prevalência da OA é de cerca de 16%. As articulações mais frequentemente acometidas, além de quadril e joelhos, são as das mãos, com predileção pelas interfalangeanas distais, proximais e da base do polegar, da coluna cervical e da lombar e as primeiras metatarsofalangeanas. PATOLOGIA Estrutura da cartilagem ● Matriz extracelular (95%-99%) ○ Água; ○ Colágeno tipo 2 ○ Proteoglicanos: capacidade de reter água para redução do impacto no osso subcondral ○ Ácido hialurônico (glicosaminoglicanos) ● Condrócitos (1%-2%) A patogênese da OA é muito mais complexa do que apenas o desgaste e o termo "osteoartrite", onde "-ite" é indicativo de um processo inflamatório, é de fato correto. Há uma variedade de fatores que desempenham um papel importante na patogênese da OA, incluindo fatores biomecânicos, mediadores pró-inflamatórios e proteases. O principal processo envolvido é a quebra da homeostase entre degradação e reparação, ocorrendo um aumento considerável do metabolismo celular articular em resposta a uma agressão à cartilagem. Isso tudo leva a uma degradação do tecido cartilaginoso, alterando a matriz da cartilagem e o estado do condrócito com consequente remodelação óssea e inflamação tecidual. Patogênese 1. Estresse e outras causas de lesão; 2. O processo degradativo gera lesão com perda do arranjo de colágeno e edema articular; 3. Os condrócitos aumentam a síntese de proteoglicanos, mas também de enzimas de degradação; 4. Enzimas destroem os proteoglicanos mais rápido do que o condrócito consegue repor; a. As metaloproteinases estão associadas à produção de mediadores inflamatórios pelos sinoviócitos como IL-1 e TNF. 5. A cartilagem articular passa a ficar mais fina e mole. Na radiografia é possível observar o estreitamento do espaço articular; 6. Ocorre fissuras da cartilagem, estimulando um reparo que ocorre de forma inadequada, expondo o osso subcondral. 7. O peso corporal força o líquido sinovial para dentro do osso devido à exposição subcondral, formando cistos subcondrais; 8. O remodelamento do osso subcondral resulta em esclerose subcondral e formação de osteófitos. FATORES DE RISCO CLASSIFICAÇÃO 1. Primária/idiopática a. Localizada: até 3 sítios afetados b. Generalizada: mais de 3 sítios afetados 2. Secundária a. Pós-traumática; b. Congênita: Legg-Calvé-Perthes; c. Fatores mecânicos: deformidades em valgo/varo; d. Doenças por cristais; e. Doenças metabólicas: hemocromatose, ocronose, hemoglobinopatias, doença de Gaucher; f. Doenças endócrinas: Diabetes, acromegalia, hipotireoidismo, hiperparatireoidismo; g. Doenças neurológicas: artropatia de Charcot, sífilis; h. Outras doenças articulares: necrose avascular, artrite reumatóide, artrite séptica, doença de Paget. QUADRO CLÍNICO Sinais ● Dor e sensibilidade à mobilização, palpação ou manobras; ● Crepitação palpável e às vezes audível; ● Espasmo e atrofia da musculatura articular satélite; ● Limitação da amplitude do movimento, em geral sem anquilose; ● Mau alinhamento articular; ● Derrame articular, comumente relacionado a trauma ou uso excessivo da articulação; ● Sinais discretos de inflamação articular; ● Presença de nódulos de Heberden e Bouchard. Sintomas ● Dor articular relacionada ao uso; ● Rigidez matinal < 30 minutos; ● Dor no início do movimento (protocinética); ● Parestesias e disestesias; ● Melhora ao repouso. Deformidades ● Nódulos de Heberden: IFD ● Nódulos de Bouchard: IFP ● Hallux valgus. Obs.: VHS pode estar elevada e Fator Reumatoide pode estar presente na osteoartrite em pacientes idosos. PRINCIPAIS FORMAS CLÍNICAS 1. Gonartrose; 2. Coxartrose; 3. OA de Mãos; 4. Espondiloartrose. EXAMES COMPLEMENTARES ● Laboratorial ○ Fator reumatoide: Negativo ○ VHS: Normal ○ FAN: Negativo ○ Líquido sinovial: Viscosidade normal, coloração translúcida/amarelada, contagem de linfócitos < 1000 a 2000/mm³ ● Radiografia ○ Alinhamento normal ○ Esclerose subcondral ○ Osteófitos ○ Estreitamento do espaço articular ○ Cistos subcondrais ○ Não paralelismo clínico-radiológico ● RM ○ Fornece imagem em 3D da articulação ○ Avalia o volume da cartilagem ○ Identificar alterações precoces no metabolismo da cartilagem. ○ Evidencia alterações ósseas precoces TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 1. Educação e apoio psicológico; 2. Exercícios e repouso; 3. Atividades da vida diária e ocupacionais; 4. Proteção articular; 5. Dieta e controle da obesidade; 6. Órteses; 7. Fisioterapia. FARMACOLÓGICO 1ª LINHA: AINES ● VIA ORAL ○ Limitados por efeitos sistêmicos e comorbidades; ○ Para alívio da dor em curto prazo, deve-se evitar uso contínuo; ○ Efeitos gastrointestinais e cardiovasculares. ● TÓPICO ○ Diclofenaco spray/gel; ○ Nimesulida gel ○ 2-3x/dia sob demanda ○ Menor absorção sistêmica ANALGÉSICOS ● Dipirona 1g até de 6/6h ● Opioides fracos ○ Dor refratária ou forte para reduzir AINEs ■ Codeína 30mg; ■ Tramadol 50 mg; ■ 8/8h ■ PACO; ■ Paracetamol 325 mg + Tramadol 37,5mg. INTRA-ARTICULARES ● Glicocorticoide ○ Indicado em casos de artrite ou redução da capacidade para exercícios; ○ Contra-indicado na artrite séptica; ○ Máximo: 3x ao ano; ○ Efeitos adversos: aceleração da perda de cartilagem, artrite séptica. OUTROS ● Duloxetina ○ 30-60 mg/dia; ○ Gonartrose; ○ OA generalizada. ● Sulfato de condroitina ● Sulfato de glicosamina ● Diacereína ● Hidroxicloroquina CIRÚRGICO A artroplastia total é a terapia com melhor resultado em OA de joelhos e quadril. Indicação: ● Tratamento conservador ineficaz; ● Dor prolongada ou permanente; ● Desenvolvimento de deformidades fixas; ● Perda de função articular. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL HIPEROSTOSE ESQUELÉTICA IDIOPÁTICA DIFUSA A hiperostose esquelética idiopática difusa (HEID), é também conhecida como doença de Forestier. É uma doença não inflamatória que apresenta como base a ossificação ligamentar da coluna vertebral anterolateral, frequentemente confundida com uma forma de osteoartrite. Diagnóstico: Ossificação fluente nas margens anterolaterais de pelo menos 4 vértebras contíguas com a ausência das alterações caracterizando espondiloartrite ou espondilose degenerativa.
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