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Sumário 1. Distúrbios cardiovasculares → Anatomia → Função → Fisiologia → Conceitos importantes → Insuficiência cardíaca: ▪ Etiologia ▪ Mecanismos ativados ▪ Manifestações clínicas ▪ ICC esquerda e direita ▪ Classificação ▪ Exames complementares ▪ Tratamento ▪ Tratamento de manutenção ▪ Monitoração do tratamento → Endocardiose ▪ Etiologia ▪ Patologia ▪ Fisiopatologia ▪ Sinais clínicos ▪ Diagnóstico ▪ Classificação da DVCC 2. Sistema respiratório → Anatomia → Função → Fatores que reduzem a Defesa do Trato Respiratório → Afecções do trato respiratório superior → Síndrome do braquicefálico → Colapso de traqueia Características ▪ Etiologia ▪ Predisposição ▪ Sinais Clínicos ▪ Diagnóstico ▪ Tratamento → Afecções do trato respiratório inferior ▪ anatomia ▪ Patogenese ▪ Sequelas → Bronquite/ asma felina → Broncopneumonia ▪ Etiologia ▪ Patogenia ▪ Sinais clínicos ▪ Diagnóstico ▪ Tratamento → Pneumonia ▪ Diagnostico ▪ tratamento ▪ Prognóstico ▪ Monitoração 3. Gastroenterologia → Anatomia → Fistula/Abcesso dentário ▪ Sinais clínicos ▪ Tratamento → Granuloma eosinofilico ▪ Sinais clínicos ▪ Diagnostico ▪ Tratamento → Esofagite ▪ Etiologia ▪ Sinais clínicos ▪ Diagnóstico ▪ Tratamento → Megaesôfago ▪ Etiologia ▪ Sinais clínicos ▪ Diagnostico ▪ Tratamento → Estômago → Gastrite ▪ Etiologia ▪ Sinais clínicos ▪ Diagnostico ▪ Tratamento → Intestino → Intestino delgado → Intestino grosso → Origem da diarreia → Enterites e colites ▪ Etiologia ▪ Sinais clínicos ▪ Diagnostico ▪ Tratamento → Hepatite ▪ Classificação ▪ Sinais clínicos ▪ Diagnostico ▪ Tratamento → Pâncreas → Pâncreas Exócrino ▪ Patogênese ▪ Etiologia ▪ Sinais clínicos ▪ Diagnóstico ▪ Tratamento ▪ Prognóstico Distúrbios Cardiovasculares CORAÇÃO O coração é um órgão muscular oco que se situa no tórax, entre os pulmões. É um órgão vital que tem como principal função bombear o sangue para todo o corpo, garantindo assim a nutrição dos tecidos e órgãos. ANATOMIA ▪ PAREDES • Pericárdio: é a camada mais externa do coração, formada por uma membrana fibrosa resistente. O pericárdio envolve todo o coração • Epicárdio: é a camada externa do músculo cardíaco, também conhecida como camada visceral do pericárdio. Esta camada é formada por tecido conjuntivo e células musculares lisas, e está em contato direto com o pericárdio. • Miocárdio: é a camada intermediária do coração, composta por fibras musculares cardíacas que são responsáveis por contrair e relaxar para bombear o sangue. • Endocárdio: é a camada mais interna do coração, composta por uma fina camada de tecido epitelial que reveste as câmaras cardíacas e as válvulas cardíacas. ▪ CÂMARAS SUPERIORES Os átrios direito e esquerdo recebem o sangue que retorna ao coração ▪ CÂMARAS INFERIORES: Ventrículos direito e esquerdo • Os ventrículos são responsáveis por bombear o sangue para fora do coração. • As paredes do ventrículo esquerdo são mais espessas, pois ele é responsável por bombear o sangue para todo o corpo, enquanto o ventrículo direito bombeia o sangue para os pulmões. ▪ VALVAS INTERNAS Ttricúspide, mitral, pulmonar e aórtica A tricúspide e mitral controlam o fluxo sanguíneo entre os átrios e os ventrículos. A pulmonar e aórtica controlam o fluxo de sangue para fora dos ventrículos, para os pulmões e para o resto do corpo, respectivamente. ▪ ARTÉRIAS E VEIAS CORONÁRIAS São responsáveis por fornecer sangue e oxigênio para o próprio músculo cardíaco. Estas artérias se ramificam diretamente a partir da aorta e se distribuem por toda a superfície do coração. • Vasos: Aorta, Artéria Pulmonar, V. cava cranial, V. cava caudal, Veias Pulmonares o Aorta: é a principal artéria, responsável por levar sangue rico em oxigênio e nutrientes para todas as partes do corpo. A aorta se origina do ventrículo esquerdo o Artéria Pulmonar: é a artéria que leva sangue pobre em oxigênio e rico em dióxido de carbono dos ventrículos do coração para os pulmões o Veia Cava Cranial: é a principal veia, responsável por transportar sangue pobre em oxigênio dos membros superiores, cabeça e pescoço de volta ao coração. A veia cava cranial se conecta ao átrio direito do coração o Veia Cava Caudal: é a veia responsável por transportar o sangue pobre em oxigênio dos membros inferiores e da região abdominal de volta ao coração. Se conecta ao átrio direito do coração o Veias Pulmonares: são as veias que transportam sangue rico em oxigênio dos pulmões de volta para o coração ▪ SISTEMA DE FORMAÇÃO E CONDUÇÃO DO ESTÍMULO ELÉTRICO O coração possui um sistema de formação e condução do estímulo elétrico que é responsável por regular o seu batimento. É composto por um grupo de células especializadas que geram impulsos elétricos, os quais se propagam por todo o coração e estimulam a contração das fibras musculares cardíacas. O impulso elétrico começa no nó sinoatrial (SA), localizado no átrio direito, e se propaga pelos átrios, fazendo-os se contrair. Em seguida, o impulso elétrico passa pelo nó atrioventricular (AV) e é conduzido pelos feixes de His, que se dividem em ramos direito e esquerdo. Esses ramos se espalham pelos ventrículos através das fibras de Purkinje, que fazem com que os ventrículos se contraiam em sincronia e empurrem o sangue para fora do coração. Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária FUNÇÃO Uma das principais funções do coração é o bombeamento sanguíneo. Ele é responsável por bombear o sangue arterial e seus substratos para os órgãos do corpo, garantindo a perfusão tecidual adequada. Além disso, ele bombeia o sangue venoso de volta aos pulmões para ser oxigenado novamente. Também serve como um reservatório de sangue, mantendo um volume sanguíneo adequado no sistema circulatório. Além disso, ele ajuda a manter a pressão arterial e venosa dentro de níveis normais para garantir a circulação sanguínea adequada. O coração trabalha para manter o débito cardíaco adequado para as necessidades do corpo, ou seja, a quantidade de sangue que ele bombeia por minuto. Outra função importante do coração é como um órgão endócrino. Ele produz e secreta hormônios como o ANP (peptídeo natriurético atrial) e o BNP (peptídeo natriurético tipo B), que ajudam a regular a pressão arterial e o volume sanguíneo no corpo. FISIOLOGIA Uma das principais atividades do coração é a sua atividade mecânica, que é o processo de bombeamento de sangue através do ciclo cardíaco. O ciclo cardíaco consiste em duas fases: a sístole e a diástole. Durante a sístole, as fibras musculares cardíacas se contraem e há a ejeção de sangue dos ventrículos para a aorta e artéria pulmonar. Essa fase é importante porque é responsável por garantir a circulação sanguínea adequada para o corpo. Durante a diástole, as fibras musculares do coração relaxam e os ventrículos se enchem de sangue, preparando-se para a próxima fase do ciclo cardíaco. Essa fase é essencial para garantir que o coração esteja pronto para a próxima sístole e que haja um volume adequado de sangue para ser bombeado. CONCEITOS IMPORTANTANTES ▪ VOLUME SISTÓLICO PRÉ CARGA: volume ventricular ao fim da diástole (distensão máxima da parede do ventrículo quando está cheia de sangue) PÓS CARGA: é a dificuldade/resistência enfrentada pelo ventrículo durante a ejeção do sangue CONTRATILIDADE: capacidade de contração ativa da musculatura cardíaca ▪ PRESSÃO ARTERIAL pressão sangue dentro da artéria ◦ Pressão sistólica: pressão máxima atingida durante a sístole ◦ Pressão diastólica: pressão mínima atingida durante a diástole ◦ Média da pressão em 1 ou mais ciclos cardíacos ▪ INOTROPISMO Força de contração▪ CRONOTROPISMO Frequência cardíaca INSUFICIÊNCIA CARDÍACA É uma condição em que o coração é incapaz de bombear o volume sanguíneo necessário para suprir as necessidades do corpo. A insuficiência cardíaca pode levar a uma diminuição do débito cardíaco. Essa redução pode afetar diversos órgãos do corpo. A ativação de NH (Sistema Nervoso Hormonal) é uma resposta adaptativa do organismo para compensar a diminuição do débito cardíaco em casos de insuficiência cardíaca. Isso ocorre por meio da liberação de hormônios como a adrenalina e a noradrenalina, que aumentam a frequência cardíaca e a contratilidade do músculo cardíaco. Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária No entanto, essa ativação pode levar a um efeito colateral indesejável, que é o remodelamento cardíaco. O remodelamento cardíaco é uma alteração na estrutura e na função do coração que ocorre como resultado da sobrecarga hemodinâmica crônica, como na insuficiência cardíaca. Isso pode incluir alterações no tamanho, forma e composição do coração, bem como na função contrátil do músculo cardíaco. O remodelamento cardíaco pode contribuir para a progressão da insuficiência cardíaca. ETIOLOGIA Tipo de Sobrecarga Exemplos de doenças Sobrecarga de Volume Endocardiose de mitral, Endocardite infecciosa, Doenças congênitas (PDA) Insuficiência do miocárdio Cardiomiopatia dilatada Sobrecarga de Pressão Dirofilariose, Doenças congênitas (estenose) Insuficiência diastólica Cardiomiopatia hipertófica, Cardiomiopatia restritiva, Tamponamento cardíaco MECANISMOS ATIVADOS NA ICC ▪ ELEVAÇÃO DO TÔNUS VAGAL SIMPÁTICO • Ativação do Sistema Nervoso Autônomo (SNA) Simpático, mediada pelos barorreceptores (-). • Na ICC, há atenuação da responsividade dos barorreceptores, o que leva à ativação do SNA Simpático. • A ação do SNA Simpático resulta em aumento da força de contratilidade, frequência cardíaca e débito cardíaco. ▪ ATIVAÇÃO DO SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA- ALDOSTERONA (SRAA) • O SRAA é ativado na ICC, resultando em vasoconstrição periférica, aumento da retenção de sódio e água pelos rins e aumento da pressão arterial. • Isso ocorre devido ao aumento da liberação da renina pelos rins, que converte o angiotensinogênio em angiotensina I, que por sua vez é convertida em angiotensina II. • A angiotensina II estimula a secreção de aldosterona pelas glândulas adrenais, levando à retenção de sódio e água pelos rins. ▪ SECREÇÃO DE ARGININA-VASOPRESSINA (ADH) • Na ICC, ocorre secreção de ADH, um hormônio que promove a reabsorção de água pelos rins e contribui para o aumento do volume sanguíneo. • A secreção de ADH é regulada pela volemia e osmolalidade, sendo liberada em situações de hipovolemia ou aumento da osmolalidade. • A ação da ADH também inclui vasoconstrição. ▪ PRODUÇÃO DE ENDOTELINAS E CITOCINAS • Na ICC, há aumento da produção de endotelinas e citocinas, que levam à vasoconstrição e inflamação nos tecidos cardíacos. • A produção de endotelinas é estimulada por fatores como hipóxia, estímulo do Sistema Renina- Angiotensina-Aldosterona, ADH e noradrenalina. • Já a produção de citocinas é uma resposta inflamatória à lesão dos tecidos cardíacos. ▪ A LONGO PRAZO Esses mecanismos compensatórios ativados na ICC, apesar de inicialmente ajudarem a manter a perfusão tecidual, acabam contribuindo para o agravamento da doença a longo prazo, causando remodelamento cardíaco, fibrose e enfraquecimento do músculo cardíaco. Por isso, o tratamento da ICC envolve a utilização de medicamentos que visam diminuir a sobrecarga do coração e inibir esses mecanismos compensatórios, além de intervenções cirúrgicas em casos mais graves. CONDIÇÃO PROGRESSIVA A ICC (Insuficiência Cardíaca Congestiva) é uma condição progressiva, sua gravidade tende a aumentar ao longo do tempo, principalmente porque ela é causada por uma combinação de fatores que contribuem para o enfraquecimento do músculo cardíaco e sua incapacidade de bombear sangue adequadamente para o resto do corpo. Alguns desses fatores incluem: ▪ SOBRECARGA DE VOLUME OU PRESSÃO A sobrecarga de volume ou pressão no coração pode levar a um aumento da tensão na parede do músculo cardíaco e à ativação neuroendócrina crônica. Isso pode ocorrer em condições como endocardiose de mitral, estenose aórtica, hipertensão arterial e outras condições que aumentam a demanda cardíaca. Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária ▪ ATIVAÇÃO NEUROENDÓCRINA CRÔNICA A ativação crônica do sistema nervoso simpático e do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) pode ocorrer em resposta à sobrecarga de volume ou pressão, causando vasoconstrição periférica, aumento da retenção de sódio e água pelos rins, além de elevação da pressão arterial. Isso pode levar a uma série de alterações patológicas, como remodelamento cardíaco, fibrose e apoptose. ▪ CITOCINAS A produção elevada de citocinas pró-inflamatórias pode ocorrer em resposta a lesões no tecido cardíaco e atuar como um sinalizador para o processo inflamatório. As citocinas pró-inflamatórias podem aumentar a produção de espécies reativas de oxigênio, que podem danificar as células cardíacas e contribuir para a apoptose e a fibrose. ▪ HIPERTROFIA MIOCÁRDICA A hipertrofia do miocárdio é uma resposta adaptativa do coração à sobrecarga de volume ou pressão, mas se persistir pode levar a alterações na estrutura e função do músculo cardíaco, aumentando ainda mais a demanda e contribuindo para o enfraquecimento do coração. ▪ APOPTOSE A apoptose é a morte celular programada e pode ocorrer em resposta a uma variedade de estímulos, incluindo estresse oxidativo e inflamação. A apoptose excessiva pode levar à perda de células cardíacas e, consequentemente, ao enfraquecimento do músculo cardíaco. ▪ FIBROSE A fibrose é um processo de deposição excessiva de matriz extracelular no tecido cardíaco, resultando em um aumento da rigidez do músculo cardíaco. A fibrose pode ser um resultado direto da ativação do SRAA e da inflamação, levando a uma diminuição da elasticidade do coração e reduzindo sua capacidade de contrair e relaxar adequadamente. ICC ESQUERDA Manifestações Clínicas Descrição Congestão pulmonar Acúmulo de líquido nos pulmões, resultando em edema pulmonar; pode apresentar como: posição ortopneica, dispneia expiratória, crepitação pulmonar Intolerância ao exercício Dificuldade em realizar atividades físicas e esforços mínimos Dispnéia Falta de ar, pode ocorrer em repouso ou durante o exercício Cianose de mucosas Coloração azulada da pele e mucosas devido à falta de oxigenação adequada Tosse Pode estar presente devido à irritação das vias aéreas pelo acúmulo de líquido nos pulmões Depressão Pacientes com ICC podem apresentar quadros de depressão devido à redução da qualidade de vida Letargia Sensação de cansaço e fraqueza, muitas vezes associada à falta de oxigenação adequada Síncope Perda temporária da consciência devido à falta de oxigenação adequada do cérebro ICC DIREITA Sintomas e sinais Descrição Congestão sistêmica Incapacidade do coração de bombear sangue adequadamente para os órgãos periféricos, levando ao acúmulo de líquidos nos tecidos. Distensão da jugular Dilatação das veias jugulares devido ao aumento da pressão venosa. Hepatomegalia e esplenomegalia Aumento do fígado e do baço devido ao aumento da pressão venosa. Ascite Acúmulo de líquido no abdômen devido à falha do coração em bombear adequadamente. Edema de membros inferiores Acúmulo de líquido nos tecidos dos membros inferiores, com sinal de godet positivo. Hidrotórax Acúmulo de líquido no espaço pleural devido à falha do coração em bombear adequadamente. Hidropericárdio Acúmulo de líquido no espaço pericárdico devido à falha do coraçãoem bombear adequadamente. Depressão Sintoma comum em pacientes com ICC devido à diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro. Letargia Sintoma de fadiga e cansaço extremo. Síncope Perda momentânea da consciência devido à diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro. Tosse Sintoma de congestão pulmonar, que ocorre quando o sangue não é bombeado adequadamente do lado direito do coração para os pulmões, resultando em acúmulo de líquido nos tecidos pulmonares e dificuldade respiratória. COMPARAÇÃO: ICC ESQUERDA X ICC DIREITA Manifestações Clínicas ICC Esquerda ICC Direita Congestão pulmonar Intolerância ao exercício Dispnéia ao exercício ou em repouso Cianose de mucosas Tosse Congestão sistêmica Distensão da jugular Hepato/esplenomegalia Ascite Edema de SC Hidrotórax Hidropericárdio Depressão Letargia Síncope Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária CLASSIFICAÇÃO DA ICC Classificação da ICC pela ISACHC Características I) Assintomático I.a - Assintomático e sem cardiomegalia Sem manifestações clínicas I.b - Assintomático e com cardiomegalia Sem manifestações clínicas, mas com aumento do coração detectado em exames II) ICC leve a moderada Sinais clínicos de IC são evidentes em repouso ou com exercícios leves, comprometendo a qualidade de vida III) ICC grave ou fulminante Sinais clínicos de IC são evidentes e óbvios III.a - Terapia em casa é possível O paciente pode receber tratamento em casa com acompanhamento médico III.b - Hospitalização é indicada O paciente precisa ser hospitalizado para receber tratamento intensivo EXAMES COMPLEMENTARES Exame Descrição Indicações Radiografia Torácica Avalia a silhueta cardíaca, posicionamento e calibre traqueal e avaliação pulmonar (edema pulmonar, efusão pleural) Avaliação de edema pulmonar e efusão pleural VHS → até 10-10,5 Eletrocardiografia (ECG) Avalia a atividade elétrica cardíaca Diagnóstico de arritmias cardíacas, acompanhamento de doenças cardíacas e terapias com drogas pró- arrítmicas Holter Monitoramento contínuo da atividade elétrica cardíaca em dispositivo portátil Pode ser feito em 24 horas ou mais Diagnóstico de arritmias cardíacas em pacientes com histórico de síncope ou arritmias graves para controle terapêutico Ecocardiograma Ultrassonografia do coração Observa: cordas tendíneas, grandes vasos e alterações nodulares Fecha o diagnóstico da maioria das cardiopatias Pressão Arterial Medição da pressão arterial Não Invasivo: oscilométrico ou doppler vascular Invasivo: cateterização da artéria femoral Controle terapêutico, patologia hipertensora concomitante e valor de normalidade: Sistólica: 90-150mmHg Ultrassonografia Abdominal Avaliação de ascite, hepatomegalia, esplenomegalia e congestão hepática Avaliação de sintomas associados à ICC Hemograma Análise do sangue para avaliar células sanguíneas Avaliação de anemia associada à ICC Hemogasometria Medição de gases no sangue arterial Avaliação da função pulmonar e oxigenação Bioquímica Análise do sangue para avaliar a função hepática e renal Avaliação da função hepática e renal em pacientes com ICC Na/K Dosagem de sódio e potássio no sangue Avaliação da função renal e eletrolítica em pacientes com ICC TRATAMENTO ▪ OBJETIVO • Melhoria da qualidade de vida do paciente • Prevenção da progressão da insuficiência cardíaca • Bloqueio da ativação do sistema renina- angiotensina-aldosterona • Prevenção de vasodilatação e remodelamento cardíaco • Manutenção do volume sanguíneo adequado • Controle da frequência cardíaca ▪ TRATAMENTO ICC III.B • Sedativos/Ansiolíticos: o Morfina: Ansiolítico, Analgésico e Vasodilatador o Butorfanol: Sedativo, Analgésico e Sem efeito na hemodinâmica • Evitar estresse e manter repouso: Cuidado com manipulação na internação • Oxigenioterapia ◦ Máscara ◦ Tenda de O2 ◦ Gaiola de O2 ◦ Sonda intranasal ◦ Entubação • Edema pulmonar cardiogênico – diuréticos Furosemida IV: efeito rápido • Ação em 5 minutos, pico 30 minutos • Bolus: o 4-8 mg/kg a cada 1 a 2 horas (cães) o 2-4 mg/kg a cada 2 horas (gatos) o infusão contínua: 1-2mg/kg/h • Monitoração: Débito urinário (1-2 ml/kg/h) e potássio • Toracocentese o Efusão pleural • Hemitórax direito: 4 a 5º EIC • Hemitórax esquerdo: 7 e 9º EIC • Drenar cranialmente à costela • Cuidado com pneumotórax iatrogênico • Pericardiocentese o Hemitoráx dir: 4 a 6º EIC • Abdominocentese o Ascite: Linha alba, 2 dedos acima ou abaixo da cicatriz umbilical Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO Terapia dos “5 D`s” ▪ 1)VASODILATADORES Medicamento Ação Indicação Amlodipino Vasodilatador e antiarrítmico Inibe o influxo do Ca+2 nos miócitos e diminui a condução do impulso elétrico • Ação nas células do nó AV, diminuindo condução do impulso • Diminui a pós-carga e a fração de regurgitação Doença valvar crônica de mitral em cães, hipertensão arterial em gatos iECA (Inibidor da enzima conversora de angiotensina) Efeitos diuréticos e vasodilatadores (discretos), inibe a enzima conversora da angiotensina, reduz efeitos da super ativação dos mecanismos neuro-hormonais, reduz remodelamento cardíaco Enalapril e benazepril Utilizar a partir da Classe Funcional II ICC ▪ 2)DIURÉTICOS Controle de edema pulmonar e efusões • Reduz congestão venosa e acúmulo de líquidos • Usar menor dose eficaz • Monitorar: o Função renal o Eletrólitos A monitoração da função renal e dos eletrólitos é importante quando se utiliza diuréticos porque esses medicamentos atuam diretamente no rim, inibindo a reabsorção de sódio e água e aumentando a excreção de líquidos e eletrólitos. Isso pode levar a desequilíbrios eletrolíticos, como hipocalemia e hiponatremia, e afetar a função renal. Medicação Ação Monitorização Furosemida Diurético de alça de Henle, inibe reabsorção de Na+ e H2O, expoliador de K+ Débito urinário, potássio Tiazidas Ação nos túbulos contorcidos distais, diurese branda a moderada. Hidroclorotiazida Débito urinário, potássio Espironolactona Antagoniza a aldosterona, evita remodelamento cardíaco, poupador de K+, ação no tubo contorcido distal e ducto coletor Potássio, função renal ▪ 3)DIGITÁLICOS Tratamento Mecanismo de Ação Exemplo Indicação Digitálicos Ação inotrópica (+) e antiarrítmica Digoxina ICC com ritmo supraventricular anormal, cautela na dosagem para evitar intoxicação Pimobendam Inotrópico (+) e vasodilatador - ICC com baixa contratilidade cardíaca β- Bloqueadores Inibição dos efeitos deletérios do remodelamento cardíaco, cardioprotetor, diminuição da FC e do Carvedilol, Metoprolol ICC com disfunção sistólica e frequência cardíaca elevada, insuficiência inotropismo, diminuição da secreção de Renina, vasodilatação cardíaca crônica com fração de ejeção reduzida, hipertensão arterial em pacientes com ICC. Cautela em pacientes com asma, bloqueios AV e bradicardia. ▪ 4)DIETA • Rações coadjuvantes: são rações especialmente formuladas para auxiliar no tratamento de doenças cardíacas, podendo conter nutrientes específicos para promover a saúde do coração. • Restrição de sódio: a redução da ingestão de sódio é importante para diminuir a sobrecarga do coração e reduzir a retenção de líquidos, ajudando a controlar o edema. • Altos níveis de carboidratos e proteínas: a dieta deve fornecer níveis adequados de energia e proteínas para evitar a caquexia cardíaca, que é a perda de massa muscular e de peso corporal associada à insuficiência cardíaca. • Suplementação com Omega 3: o ômega 3 tem propriedades antiarrítmicas, antioxidantese cardioprotetoras, podendo ajudar no controle da doença. ▪ 5)DESCANSO • Repouso • Evitar agitação e estresse • Evitar atividade e esforços físicos MONITORAÇÃO DO TRATAMENTO • Dosagem de ureia e creatinina: avaliam a função renal, já que a insuficiência cardíaca pode levar a uma redução na perfusão renal e consequente lesão renal aguda. • Urinálise: pode ajudar a identificar possíveis infecções urinárias ou alterações no sedimento urinário que possam indicar a presença de inflamação renal. • Dosagem de eletrólitos: sódio, potássio e magnésio podem ser afetados pela insuficiência cardíaca e suas medicações, e desequilíbrios nesses eletrólitos podem levar a complicações. • Frequência cardíaca e respiratória: monitorar a FC e FR do paciente pode ajudar a avaliar a gravidade da insuficiência cardíaca e a resposta ao tratamento. • Pressão arterial sistólica: a PAS pode indicar se o coração está conseguindo bombear sangue de forma eficiente. • ECG: pode ajudar a identificar arritmias ou alterações na condução elétrica do coração. Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária • Ecocardiograma: avalia a função cardíaca, o tamanho do coração, a presença de alterações nas válvulas cardíacas e outras informações importantes. • Radiografia torácica: pode mostrar se há acúmulo de líquidos nos pulmões ou no espaço pleural, o que pode indicar agravamento da insuficiência cardíaca. ENDOCARDIOSE Prevalência Endocardiose compõe a maioria dos distúrbios cardiovasculares (75 a 80%) Sexo machos são mais acometidos Idade 10% -> 5 a 8 anos 25% -> 9 a 12 anos >35% -> > 12 anos Espécie cães Raças Pequeno e médio porte Lhasa apso, poodle, shihtzu, teckel, terrier, Cavalier King Valvas acometidas Mitral -> 60% Tricúspide -> 10% Ambas -> 30% ETIOLOGIA Desconhecida → Humanos → anormalidade na formação do colágeno → Cavalier King Charles → fator hereditário PATOLOGIA A endocardiose é uma doença crônica que acomete as estruturas valvares do coração, resultando em degeneração mixomatosa. Essa condição provoca a formação de pequenos nódulos nas bordas livres das valvas, que podem se coalescer e formar nódulos maiores. Com o tempo, as valvas podem ficar espessadas e as cordas tendíneas podem se romper, o que pode levar a insuficiência cardíaca congestiva. FISOPATOLOGIA A fisiopatologia da endocardiose se inicia com anormalidades nas válvulas cardíacas, que apresentam uma distensibilidade anormal das cordas tendíneas. Essa condição pode levar ao prolapso valvar, o que resulta em regurgitação do sangue, ou seja, o fluxo sanguíneo retorna para a câmara anterior do coração. Isso acaba diminuindo o débito cardíaco e, como consequência, ativa os mecanismos de homeostase compensatórios, incluindo a ativação do sistema nervoso simpático e renina-angiotensina- aldosterona. O aumento da pressão na câmara cardíaca afetada pode levar à remodelação cardíaca, incluindo hipertrofia ventricular esquerda, dilatação cardíaca, fibrose e disfunção diastólica. Com o tempo, a insuficiência cardíaca pode se desenvolver. SINAIS CLÍNICOS Endocardiose de Mitral (Esquerda) Endocardiose de Tricúspede (Direita) Gerais Diminuição do DC Tosse Edema de membros Intolerância ao exercício Aumento do AE Efusão pleural Emaciação ICC esquerda Ascite Sonolência Dispnéia Apatia Ortopnéia Síncope ▪ SINAIS CLÍNICOS SÃO PROGRESSIVOS A tosse noturna pode ser um sintoma de ICC, especialmente quando ocorre em posição de repouso, enquanto a tosse constante pode ser um sinal de irritação das vias aéreas, infecção respiratória ou outras condições pulmonares, ou a progressão da icc, por isso se faz importante a investigação. A taquipneia (aumento da frequência respiratória) e a dispneia (dificuldade para respirar) são sinais comuns de ICC e edema pulmonar, que podem ser causados pela acumulação de líquido nos pulmões. A distensão abdominal pode ser um sinal de ascite, que é o acúmulo de líquido no abdômen, uma possível complicação da ICC. A intolerância ao exercício e emaciação também podem ser sintomas de ICC, bem como de outras condições cardíacas ou pulmonares. Síncope (desmaio) pode ocorrer em casos mais graves. O resultado da icc é o edema pulmonar. DIAGNÓSTICO ▪ ANAMNESE • Histórico de tosse, intolerância ao exercício • Cansaço fácil, síncope, cianose, dispnéia ▪ EXAME FÍSICO • Sopro cardíaco • Crepitação Pulmonar/Hipofonese ▪ EXAMES LABORATORIAIS • Biomarcadores cardíacos • Eletrólitos/FR ▪ ECG • Aumento do AE: a endocardiose de mitral pode causar aumento do átrio esquerdo, o que pode ser observado como um alargamento da onda P do ECG. Esse achado é conhecido como "p mitrale". • Aumento do AD: a endocardiose de tricúspide pode causar aumento do átrio direito, o que pode ser observado como um aumento da altura da onda P do ECG. Esse achado é conhecido como "p pulmonale". Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária • Aumento ventricular: a endocardiose pode levar ao aumento da espessura do músculo cardíaco, o que pode ser observado como um alargamento do complexo QRS do ECG. • Compl QRS alargado com onda Q profunda: em alguns casos, a endocardiose pode causar lesões no músculo cardíaco, o que pode ser observado como um alargamento do complexo QRS e uma onda Q profunda. • Arritmias: a endocardiose pode levar ao desenvolvimento de arritmias, como contração atrial prematura, taquicardia atrial paroxística e fibrilação atrial. ▪ ECO O eco permite a visualização direta das valvas cardíacas e das estruturas circundantes. • Espessamento dos folhetos valvares: é uma das principais características da degeneração mixomatosa crônica que leva à endocardiose. No eco, os folhetos podem aparecer espessados e com mobilidade reduzida. • Aumento do átrio esquerdo (AE) e ventrículo esquerdo (VE): o refluxo valvar associado à endocardiose pode levar a uma sobrecarga de volume nos átrios e ventrículos, o que resulta em aumento de tamanho. • Refluxo valvar: o eco pode mostrar a presença de regurgitação valvar, que é um dos sinais mais importantes da endocardiose. • Fração de encurtamento: é um indicador da função sistólica do ventrículo esquerdo e pode estar diminuída em pacientes com endocardiose avançada. • Ruptura da corda tendínea: a degeneração das cordas tendíneas pode levar a sua ruptura, o que pode ser visualizado no eco. • Efusão pericárdica: em casos graves de endocardiose, pode ocorrer acumulação de fluido ao redor do coração (efusão pericárdica), o que pode ser observado no eco. A ruptura atrial pode ocorrer em casos extremos de efusão pericárdica. ▪ RADIOGRAFIA Permite a visualização das alterações no coração e nos pulmões que ocorrem devido à insuficiência cardíaca congestiva (ICC) resultante da doença. Algumas das alterações radiográficas observadas incluem: • O aumento generalizado da área cardíaca, • Aumento do ventrículo esquerdo (ve) e átrio esquerdo (ae), • Compressão no brônquio principal esquerdo (região do lobo inferior esquerdo), • Distensão venosa pulmonar, • Edema intersticial e alveolar • Endocardiose tricúspede, é comum ocorrer efusão pleural e ascite. CLASSIFICAÇÃO DA DVCC Estágio Descrição Avaliação e tratamento A Alto risco - Raças predispostas a desenvolver Doença Crônica Valvular: Dachshunds, Poodles, Cockers Spainel Anual: auscultação cardíaca B Exame físico e exames complementares positivos Radiografia torácica Eco Exames laboratoriais: hemograma, proteína, função renal e urinálise B1 Sopro presente resultados normais ➔ controle a cada 12 meses B2 Evidências radiográficas ou ecocardiográficas remodelamento cardíaco, alterações hemodinâmicas - Controle a cada 12 meses B2 Avançado Remodelamento cardíaco+ características imagens + avançadas Todos os exames Pimobendam e iECA C Sinais clínicos e evidências radiográficas ou ecocardiográficas (ICC) Todos os exames - iECA - Furosemida - Espironolactona - Pimobendam D Estágios finais da ICC (refratário à terapia) Monitoração frequente -Refratariedade ao tratamento instituído e bem- sucedido em C -Acrescentar fármacos - Substituir fármacos -Aumentar doses e frequências - Terapia Suporte - Oxigenioterapia - Tratamento Hospitalar Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária Sistema Respiratório ANATOMIA • Narina • Seios Nasais • Laringe • Traqueia • Pulmões FUNÇÃO Funções do Sistema Respiratório Descrição Troca gasosa Consiste na captação do oxigênio (O2) do ar ambiente durante a inspiração e a eliminação do dióxido de carbono (CO2) do organismo durante a expiração. Hematose Pulmonar (alvéolos) Troca gasosa que ocorre nos alvéolos pulmonares, onde o oxigênio é transferido para os capilares sanguíneos e o dióxido de carbono é removido do sangue. Remoção/Inativação de partículas inaladas Capacidade de remover partículas estranhas que possam entrar nos pulmões através da tosse e do espirro. Além disso, há mecanismos de defesa, como os cílios e a produção de muco, que ajudam a filtrar as partículas inaladas e a prevenir infecções. Filtração Aerodinâmica (mecanismo de defesa) Mecanismos de defesa que ajudam a proteger os pulmões contra invasores estranhos. Os cílios nas vias aéreas ajudam a mover o muco e as partículas para fora dos pulmões, enquanto as células secretórias produzem muco para aprisionar as partículas. Os macrófagos e os anticorpos ajudam a destruir os invasores estranhos, como as bactérias e os vírus. FATORES QUE REDUZEM A DEFESA DO TRATO RESPIRATÓRIO • Estresse Ambiental → poeira, ventilação, insolação, alterações climáticas, baixa umidade do ar • Desmame • Adaptação alimentar • Imunossupressão + Exposição aos agentes • Verminose AFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR • Rinite • Sinusite • Rinossinusite • Síndrome do Braquicefálico • Colapso de Traqueia • Traqueobronquite Infecciosa Canina SÍNDROME DO BRAQUICEFÁLICO Síndrome do Braquicefálico Descrição Características Várias alterações anatômicas no sistema respiratório, incluindo estenose das narinas, palato mole alongado, hipoplasia de traqueia, alterações anatômicas da laringe e edema/hipertrofia das mucosas Predisposição É mais comum em cães braquicefálicos, como pugs, bulldogs, boston terriers e shih tzus, além de gatos de face curta, como persas e himalaios. Sinais Clínicos Dispneia inspiratória, respiração oral, cianose, síncope, disfagia, hipertermia, excitação/agitação, inapetência, estridor/ruídos respiratórios Diagnóstico esenha e anamnese detalhada, exame físico, faringoscopia/laringoscopia, inspeção nasal para detectar estreitamento da narina e edema de mucosas, e radiografia para detectar hipoplasia de traqueia Tratamento Clínico Inclui sedação, oxigenioterapia, repouso, corticoide e controle de peso. Tratamento Cirúrgico Pode incluir abdução ou remoção das asas das narinas, ressecção do palato mole e excisão dos ventrículos laterais da laringe. COLAPSO DE TRAQUEIA A traqueia é um órgão tubular e flexível do sistema respiratório, que é responsável por transportar o ar inalado da laringe para os brônquios, que se ramificam para os pulmões. É composta por anéis de cartilagem hialina, que formam sua estrutura tubular, mantendo-a aberta e evitando seu colapso durante a inspiração. Esses anéis são conectados por ligamentos anulares compostos por tecido fibroelástico, permitindo a flexibilidade da traqueia durante a respiração e movimentos da cabeça e do pescoço. A membrana dorsal da traqueia é formada por músculo liso e tecido conjuntivo, e é responsável por contrair e relaxar, permitindo a expansão e a contração da traqueia. Essa expansão e contração ajudam a regular o fluxo de ar durante a respiração. Além disso, a membrana dorsal também é responsável por controlar a tosse, que é um importante mecanismo de defesa do sistema respiratório, ajudando a remover partículas e secreções das vias aéreas. Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária CARACTERÍSTICAS • Estreitamento do lúmen traqueal • Pode acometer a traqueia extra e/ou intratorácica ETIOLOGIA • Fragilidade dos anéis cartilaginosos e/ou da membrana traqueal dorsal • Anormalidades na composição da cartilagem PREDISPOSIÇÃO • Raças toys • Meia-idade a idosos • Obesos SINAIS CLÍNICOS • Tosse crônica ("grasnado de ganso") • Cianose • Estertores/Ronquidão • Dispneia o Inspiratória: colapso alto (extratorácico) o Expiratória: colapso baixo (intratorácico) • Crises de cianose e tosse em momentos de agitação • Piora na obesidade, atividade física e com uso de coleira do tipo enforcador DIAGNÓSTICO • Resenha: avaliar se a raça é predisposta • Anamnese: quais os momentos de crise • Avaliar ECC • Reflexo de tosse positivo: indica maior sensibilidade das vias aéreas • Radiografia: estreitamento da traqueia, nem sempre fecha diagnostico - Técnica de compressão: compressão manual da traqueia durante a tomada da radiografia, o que pode levar a um aumento no diâmetro traqueal e uma diminuição no colapso. Isso pode ajudar a identificar áreas de colapso e avaliar a gravidade do problema. TRATAMENTO ▪ MANEJO • Obeso → perda de peso • Trocar coleira enforcador por peitoral • Evitar agitação ou estresse • Evitar calor excessivo • Evitar atividade física intensa ▪ SEDATIVOS • Opióides • Acepromazina • Butorfanol ▪ BRONCODILATADORES • Aminofilina • Teofilina • Simpatomiméticos o Terbutalina o Albuterol ▪ SUPRESSORES DE TOSSE • Codeina • Vibral • Butorfanol ▪ CORTICOIDE Somente se houver dispneia grave e/ou bronquite crônica ▪ ATBTERAPIA Se houver infecção secundária ▪ CONDROPROTETORES (?) Não há um consenso claro sobre a eficácia desses medicamentos no tratamento da condição em si. ▪ CIRÚRGICO "Stents", descompressão cirúrgica AFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR • Bronquite Crônica Canina • Bronquite/ Asma Felina • Broncopneumonia/ Pneumonia Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária ANATOMIA PATOGÊNESE A patogênese da bronquite crônica envolve um distúrbio inflamatório crônico das vias aéreas que resulta em um espessamento das paredes brônquicas e um aumento na produção de muco nas vias aéreas. SEQUELAS A bronquite crônica pode levar a uma série de complicações e sequelas, incluindo: ▪ ENFISEMA PULMONAR Hiper distensão alveolar ➔ Ruptura das paredes dos alvéolos É uma condição na qual os alvéolos pulmonares se tornam danificados e perdem sua elasticidade. Isso pode ocorrer como resultado de uma inflamação crônica nos brônquios, como na bronquite crônica. Com o tempo, a inflamação pode causar danos nos alvéolos e enfisema pulmonar, o que pode levar a dificuldade respiratória e outros sintomas. ▪ BRONQUIECTASIA É uma condição em que os brônquios se dilatam e perdem sua forma normal. Isso pode ocorrer como resultado de uma inflamação crônica, como na bronquite crônica. A bronquiectasia leva a redução da ramificação dos brônquios. ▪ ATELECTASIA Perda da capacidade de um alvéolo se distender ▪ PNEUMONIA Pneumonia é uma inflamação dos pulmões que pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus, fungos e outros micro-organismos BRONQUITE/ ASMA FELINA • Distúrbio inflamatório crônico dos brônquios em gatos • Comum Sinais Clínicos Dispneia (principalmente expiratória), podem ser episódios isolado. Sibilos/ crepitação pulmonar, tosse. Sinais lentamente progressivos Diagnóstico - Anamnese - Raio-x tórax: padrãobronquial, opacificação alveolar difusa - Hemograma: eosinofilia (parasitária e idiopática), achado inespecífico Tratamento - Manejo emergencial (angústia respiratória) - Corticoide de ação rápida: hidrocortisona, prednisolona, dexameatona - Fluticasona (por via inalatória) - Broncodilatadores: aminofilina, terbutalina - Oxigenioterapia - Repouso/reduzir estresse/sedação Tratamento - Manejo domiciliar - Correção do fator ambiental - Doxiciclina (ação imunomoduladora) - Inalação: fluticasona, broncodilatador BRONCOPNEUMONIA Inflamação do parênquima pulmonar, brônquios, bronquíolos e pleura • Cães → Viral: cinomose, hepatite infecciosa, adenovírus ◦ → Bacteriano: Bordetella parapertussis, Stretococcus sp, E. coli; Staphylococcus sp, Pseudomonas, Mycoplasma, Klebsiella, Proteus sp. Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária • Gatos → Viral: herpesvírus, calicivírus (CRF) → Bacteriano: Bordetella parapertussis, Manheimia haemolytica, P. multocida, Chlamydia ETIOLOGIA ▪ FÚNGICA • Blastomicose (Cães) • Histoplasmose (gatos) • Coccidiomicose ▪ ASPIRATIVA • Megaesôfago • Obstrução esofágica • Esofagite PATOGENIA Envolve a disseminação dos agentes infecciosos pelos brônquios, bronquíolos e parênquima pulmonar. A infecção geralmente começa no trato respiratório superior e se espalha para o trato respiratório inferior, atingindo os bronquíolos e os alvéolos pulmonares. A broncopneumonia é mais comum em indivíduos com sistema imunológico enfraquecido, como idosos, filhotes e doentes crônicos, como diabetes, doenças pulmonares, cardíacas ou renais. Os invasores oportunistas, como bactérias, vírus e fungos, podem colonizar as vias respiratórias e se proliferar, causando a broncopneumonia. SINAIS CLÍNICOS • Taquipnéia • Cianose • Corrimento Nasal • ⇧ ruído traqueobrônquico e bronquiobronquiolar • Dispnéia expiratória a mista • Tosse produtiva • Crepitação grossa e fina • Áreas de silêncio pulmonar • Sibilos • Hipertermia • Anorexia • Apatia • Sinais de pleurite/ dor ao decúbito DIAGNÓSTICO Hemograma • Leucocitose por neutrofilia → bacteriano • Leucopenia por linfopenia → viral Coproparasitológico Identificação de agentes infecciosos Lavagem traqueobrônquica Citologia e cultura bacteriana da secreção traqueobrônquica Raio-x a opacidade é irregular e afeta áreas menores e adjacentes aos brônquios afetados. TRATAMENTO Categorias de medicamentos Exemplos Antibioticoterapia Amoxicilina+clavulanato, Sulfa+trimetoprim, Cloranfenicol Anti-inflamatórios AINES (ex: ibuprofeno, diclofenaco) Mucolíticos Acetilcisteína Broncodilatadores Oral , inalação • Controlar fator de imunossupressão e estresse • Reduzir estresse ambiental • Nutrição adequada • Remover agentes irritantes • Manter trocas gasosas • Oxigenioterapia • Inalação • Umidificação do ambiente • Hidrataçao • Evitar diuréticos → aumentam o ressecamento das • secreções PNEUMONIA Condição comum que pode ser causada por uma variedade de fatores, como bactérias, vírus, fungos, parasitas e inalação de substâncias irritantes. DIAGNÓSTICO Padrão Radiográfico Descrição Padrão alveolar Opacidade no parênquima pulmonar representando preenchimento dos alvéolos por exsudato inflamatório. Consolidação/opacificação dos lobos pulmonares Opacidade que envolve um lobo ou todo o pulmão, sugestiva de pneumonia. Quadro inicial ➔ padrão intersticial Padrão intersticial fino, podendo progredir para opacidade mais densa em casos de pneumonia intersticial. Megaesôfago ➔ pneumonia aspirativa Regurgitação de alimento e água para as vias respiratórias, causando pneumonia em casos de megaesôfago. Fúngico → padrão pulmonar difuso, nodular e intersticial (nódulos miliares) Nódulos pulmonares miliares e outros padrões como consolidação e intersticial difuso em infecções fúngicas como criptococose. Linfadenopatia hilar Aumento dos linfonodos hilar em alguns casos de pneumonia causada por micobactérias ou histoplasmose. TRATAMENTO • Se houver risco de sepse, o tratamento é com antibióticos administrados por via intravenosa. • Fisioterapia respiratória ajuda na eliminação do muco e prevenir complicações. • Oxigenioterapia pode ser necessária em casos de crises respiratórias graves. • Deve-se evitar o uso de diuréticos, corticoides e antitussígenos, pois podem piorar a condição respiratória. Algumas técnicas de fisioterapia respiratória que podem ser utilizadas incluem: Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária • Troca de decúbito a cada 2 horas • Exercícios leves: Realizar após nebulização, o que favorece a tosse • Tapotagem, realizada após nebulização, que também favorece a tosse PROGNÓSTICO • Bom • Reservado: paciente com problemas subjacentes (imunossupressão/neoplasia) MONITORAÇÃO • FR • Padrão respiratório • Ausculta respiratória • Coloração das mucosas • Hemograma e Rx tórax - A cada 24-72h • Se quadro não melhorar em 72h → avaliar troca de terapia e rever diagnóstico Gastroenterologia ANATOMIA • Cavidade oral • Faringe • Esôfago • Estômago • Intestino delgado • Intestino Grosso • Ânus • Fígado • Pâncreas FÍSTULA /ABCESSO DENTÁRIO Uma fístula ou abcesso dentário pode ocorrer quando há uma infecção na raiz do dente, que se espalha para o osso adjacente, gengiva e tecidos moles. A infecção pode ser causada por uma cárie não tratada, trauma, periodontite SINAIS CLÍNICOS • Dor cavidade oral • Hiporexia e emagrecimento TRATAMENTO • Antibiótico • Antiinflamatório • Analgésico • Tratamento cirúrgico GRANULOMA EOSINOFÍLICO • Comum em felinos (lesão crônica) • Etiologia: imunomediado o Associado a pulgas • “Complexo granuloma eosinofílico” o Úlceras indolentes + placas eosinofílicas + granulomas lineares SINAIS CLÍNICOS • Disfagia • Halitose • Anorexia • Perda de Peso DIAGNOSTICO • Exame físico → inspeção de base da língua, palato, gengiva, lábios • Citologia • Histopatológico TRATAMENTO • Prednisolona 2mg/kg SID a BID • Criocirurgia ESOFAGITE Inflamação do esôfago ETIOLOGIA • Refluxo gastroesofágico • Êmese persistente (ácido gástrico) • CE no esôfago • Ingestão de substâncias cáusticas • Doxiclina em gatos SINAIS CLÍNICOS • Sialorréia • Disfagia • Anorexia • Regurgitação DIAGNÓSTICO Raio X simples e contrastado Endoscopia TRATAMENTO • Manejo alimentar (gastrotomia) • Metoclopramida e Cisaprida • Antagonista dos receptores H2 (ranitidina) • Inbidores das bombas de prótons (omeprazol) • Sucralfato MEGAESÔFAGO Dilatação esofágica ETIOLOGIA • Alteração da motilidade • Neuropatias, miopatias • Doenças obstrutivas o S. lupi, neoplasias, estenoses cicatriciais ▪ IDIOPÁTICO Raças predispostas: schnauzer, fox terrier, pastor alemão, setter, sharpei Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária SINAIS CLÍNICOS ▪ REGURGITAÇÃO Regurgitação X êmese → conteúdo alimentar, ausência de sinais prodrômicos (sem contração abdominal ou mímica de êmese), ausência de bile. ▪ POLIFAGIA, EMAGRECIMENTO PROGRESSIVO ▪ PNEUMONIA ASPIRATIVA Tosse, hipertermia, anorexia, secreção nasal, tosse produtiva e dispneia. DIAGNÓSTICO o Anamnese + histórico + exame físico o Radiografia cervical simples o Radiografia Cervical Contrastada + esofagograma TRATAMENTO Tratar causa de base • Neoplasia → excisão cirúrgica • CE → remoção cirúrgica ou com endoscópio • Idiopático → conservativo/manejo ▪ MANEJO • Dieta pastosa e em pequenas porções • Postura bipedal ▪ PNEUMONIA ASPIRATIVA • ATB • Oxigenioterapia- Pneumonia química ESTÔMAGO • Barreira Protetora Gástrica o Produção de muco o Renovação do epitélio gástrico o Fluxo sanguíneo/irrigação da mucosa GASTRITE • Gastrite Aguda: Ocorre em horas a dias • Gastrite crônica: semana ETIOLOGIA ▪ PRIMÁRIAS • Ingestão de materiais irritantes e CE • Medicamentosa (fármacos → corticoide, AINEs e ATB) • Agentes bacterianos e virais • Agentes Parasitários ▪ SECUNDÁRIAS • Doenças metabólicas (DRC, IH, CAD, pancreatite, hipoadreno) • Estresse, doenças infecciosas (cino, parvo, lepto) SINAIS CLÍNICOS • Hiporexia/anorexia • Depressão • Desidratação • Êmese de início agudo • Conteúdo alimentar e/ou bilioso • Hematêmese • PU/PD • Febre/dor abdominal → pouco frequente DIAGNÓSTICO Diagnóstico Achados Histórico Ingestão de algum corpo estranho, medicamento, troca de ração, churrasco Exame físico Desidratação, fraqueza e distúrbios eletrolíticos, abdômen tenso à palpação Rx Abdomen contrastado/ US Abdomen Aumento da espessura da parede gástrica e pregueamento Endoscopia Hiperemia e erosão gástrica Biópsia Coleta de amostras para análise histopatológica Hemograma Leucograma de estresse, hiperproteinemia (desidratação/ gamopatia ?), possível presença de parvovirose, erliquiose ou verminose Hipocalemia Níveis baixos de potássio Exames gerais Investigar possíveis causas de base da condição apresentada Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária TRATAMENTO ▪ MANEJO DIETÉTICO • Jejum nas 1as 24 a 48h (?) • Dieta palatável, com baixo teor de gordura • Pequenas porções várias vezes ao dia (4 a 6 X/dia) • Pequenas porções de água ▪ TERAPÊUTICA • Anti-eméticos o Metoclopramida 0,1 a 0,5mg/kg BID a TID SC Não aplicar IV → agitação, tremores o Ondansetrona 0,5 a 1mg/kg BID a TID SC ou IV • Protetor da mucosa gástrica o Ranitidina 2mg/kg BID a TID SC o Omeprazol 0,7 a 1,5 mg/kg SID a BID IV o Sucralfato VO • Fluidoterapia + reposição eletrolítica INTESTINO Se estende desde a saída do estômago até o ânus. Sua função principal é absorver os nutrientes dos alimentos e líquidos que são ingeridos, além de eliminar os resíduos não digeríveis. INTESTINO DELGADO É responsável pela absorção da maior parte dos nutrientes dos alimentos, incluindo proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais. Ele também é responsável pela secreção de enzimas digestivas que ajudam a quebrar os alimentos em moléculas menores. INTESTINO GROSSO O intestino grosso tem a função de absorver água e eletrólitos dos resíduos não digeríveis, formando as fezes que serão eliminadas pelo ânus. Além disso, ele abriga bactérias benéficas que ajudam na fermentação de substâncias não digeríveis e na produção de vitaminas. ORIGEM DA DIARREIA ENTERITE E COLITE A enterite é uma inflamação do intestino delgado, enquanto a colite é uma inflamação do intestino grosso (cólon). ETIOLOGIA • Alimentar: jovens, mudança brusca de dieta (diarreia de ID) • Viral: parvovirose, coronavirose, panleucopenia felina, FIV, FeLV • Bacteriana: campilobacteriose, salmonelose, clostridiose • Micótica: histoplasmose e prototecose (raras) • Parasitária: Tricuris (cólon e ceco), nematódeos (Toxocara, Toxocaris – ID), Tênias (Dipyidium –ID), Coccídeos (Isospora – ID), protozoários (Giardia – ID) SINAIS CLÍNICOS • Diarreia mucoide ou sanguinolenta • Hematoquezia • Emagrecimento • Desidratação • Pode ocorrer hipertermia • Dor abdominal • Choque hipovolêmico → casos graves / filhotes DIAGNÓSTICO • Anamnese + histórico + exame físico • Coproparasitológico • Swab retal / exame retal • Endoscopia → duodeno • Colonoscopia → intestino grosso Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária TRATAMENTO ▪ SINTOMÁTICO • Correção do distúrbio hidroeletrolítico o Fluidoterapia + reposição de potássio • Manejo alimentar o Dietas leves → frango, arroz, queijo cottage, cenoura • Analgesia • Tratar causa de base o Anti-parasitários o Antibiótico • Hematoquezia → antibioticoterapia profilática HEPATITE Inflamação do fígado. ETIOLOGIA ◦ Viral ◦ Bacteriana ◦ Doença autoimune ◦ Intoxicação CLASSIFICAÇÃO ▪ AGUDA 1 evento grave de toxicidade ▪ CRÔNICA Fator de agressão constante SINAIS CLÍNICOS Somente quando mais de 75% hepatócitos são comprometidos → Cirrose ▪ LEVE • Êmese • Diarreia • Anorexia • PU/PD ▪ SEVERO/CIRROSE • Icterícia • Ascite • Encefalopatia hepática • Caquexia DIAGNÓSTICO Diagnóstico de hepatite Explicação ALT e indica lesão ou inflamação no fígado, sendo um dos principais marcadores de hepatite. Amonia elevada A amônia é produzida pelo fígado e eliminada pelos rins. Em caso de hepatite, o fígado pode não estar funcionando adequadamente, levando a uma elevação dos níveis de amônia no sangue. Bilirrubinas elevadas A bilirrubina é um pigmento produzido pelo fígado e eliminado pelas fezes. Quando o fígado está danificado, ocorre um acúmulo de bilirrubina no sangue, levando a icterícia (coloração amarelada da pele e olhos). Ácidos biliares elevados Os ácidos biliares são produzidos pelo fígado e ajudam na digestão de gorduras. Quando o fígado está danificado, pode ocorrer um acúmulo dessas substâncias no sangue. Ureia diminuída A ureia é produzida pelo fígado e eliminada pelos rins. Quando o fígado está danificado, pode ocorrer uma diminuição na produção de ureia. Albumina diminuída A albumina é uma proteína produzida pelo fígado e tem diversas funções no organismo, como manter a pressão osmótica do sangue e transportar substâncias. Quando o fígado está danificado, pode ocorrer uma diminuição na produção de albumina. FA elevada A fosfatase alcalina é uma enzima produzida pelo fígado e pelas vias biliares. Quando há obstrução ou inflamação nas vias biliares, como na colecistite ou colangite, ocorre um aumento nos níveis de fosfatase alcalina no sangue. GGT elevada A gama-glutamiltransferase é uma enzima produzida pelo fígado e pelas vias biliares. Assim como a fosfatase alcalina, os níveis de GGT podem se elevar em casos de obstrução ou inflamação nas vias biliares. US abdominal Aguda: hepatomegalia e redução da ecogenicidade Crônica: microhepatia, hiperecogenicidade por conta do tecido cicatricial TRATAMENTO ▪ TRATAR OU REMOVER CAUSA DE BASE • HAC • Toxinas • Drogas ▪ RETARDAR PROGRESSÃO DA DOENÇA Tratamento da hepatite Explicação Dieta A dieta é importante para reduzir a sobrecarga hepática e manter o paciente nutrido. É recomendada a ingestão de proteínas de alta qualidade e digestibilidade, a fim de reduzir a quantidade de proteínas que serão convertidas em amônia no cólon. Antioxidantes Os antioxidantes ajudam a proteger as células hepáticas do dano oxidativo • Silimarina: 20 a 40mg/kg SID • S-adenosilmetionina: 20mg/kg SID • Vitamina E: 15mg/kg SI Anti-fibróticos Os anti-fibróticos ajudam a reduzir a formação de tecido cicatricial no fígado. O glicocorticoide e a azatioprina podem ser utilizados, mas apenas após a realização de biópsia para descartar outras causas da doença hepática. Coleréticos Os coleréticos ajudam a melhorar o fluxo de bile e reduzir a inflamação das vias biliares. O ácido Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária ursodesoxicólico (10 a 15mg/kg SID) é um medicamento que pode ser utilizado, mas não deve ser administrado em casos de obstrução biliar (mucocele ou colelitíase). Antibioticoterapia é indicada em casos de suspeita de infecção bacteriana. Opções: ampicilina, amoxicilina com clavulanato e metronidazol 7,5mg/kg. PÂNCREAS Órgão anfícrino • Secreção de enzimas digestivas (função exócrina) • Secreção de hormônios hipo e hiperglicemiantes (função endócrina) PÂNCREAS EXÓCRINO • Secreção de enzimas digestivas e bicarbonato no duodeno proximalo Enzimas pancreáticas → Digestão inicial de moléculas maiores de alimentos o Necessidade de pH alcalino p/ digestão • Secreção Pancreática → estimulada por: o alimento e preenchimento do estômago (Gordura e Proteína no ID) • No ID: tripsinogênio é ativado em tripsina pela enzima enterocinase (“Borda em escova”). PATOGÊNESE A patogênese da pancreatite ocorre quando há uma ativação precoce do tripsinogênio no pâncreas. O tripsinogênio é um precursor inativo da enzima tripsina, que é responsável por digerir proteínas. Quando o tripsinogênio é ativado antes de ser liberado no intestino delgado, onde ocorre a digestão, pode ocorrer uma autoativação exagerada, levando à autodigestão do próprio pâncreas e consequente inflamação. ETIOLOGIA • Origem genética/Hereditária • Predisposição racial: terriers e schnauzer • Endocrinopatias • Hiperlipidemia • Dieta (gordura) SINAIS CLÍNICOS • Dor abdominal discreta a severa o Postura de prece • Anorexia • Abdome agudo • Peritonite • Êmese o Retardo no esvaziamento gástrico → peritonite o Evolução do quadro → êmese de conteúdo biliar • Desidratação • Colapso/Choque • Letargia • Desconforto abdominal pós prandial DIAGNÓSTICO • Sinais Clínicos • Ultrassom Abdominal o Examinador dependente • Exames Laboratoriais • Exames Específicos ▪ ULTRASSOM ABDOMINAL • Pancreatite aguda o Redução da ecogenicidade (edema) • Pancreatite crônica o Aumento da ecogenicidade (fibrose) o Formação de cistos • Sinais de peritonite • Normalidade ao US não descarta pancreatite ▪ PLI – LIPASE PANCREÁTICA IMUNORREATIVA (SPEC) • Teste espécie-específico para cães ou espécie específico para gatos • Aumento na pancreatite • Pode estar aumentado no HAC (hiperadrenocorticismo) ou uso de GCs (glicocorticoides) ▪ ANÁLISE DO FLUIDO ABDOMINAL • Efusão abdominal: exsudato serosanguinolento estéril • Atividade lipase e amilase líquido > Soro • Pancreatite aguda: discreta efusão pleural → vasculite TRATAMENTO O tratamento dependerá do quão grave for o caso e pode ir desde um tratamento em casa até uma terapia intensiva em UTI. É importante identificar a causa subjacente da pancreatite e removê-la, como mudar a dieta ou ajustar os medicamentos. Se a causa for desconhecida (idiopática), o tratamento será focado em aliviar os sintomas. Tratamento Descrição Exemplos Fluidoterapia hidratação e manutenção da perfusão pancreática Soro fisiológico, ringer lactato Kelly Maria da Silva Nunes Medicina Veterinária Reposição Eletrolítica Monitoração e correção de desequilíbrios eletrolíticos, especialmente hipocalemia Cloreto de potássio Analgesia Alívio da dor com monitoramento para evitar úlceras gastroduodenais Inibidor seletivo de Cox-2 em baixa dose, carprofeno 2 mg/kg SID Evitar AINEs Antibioticoterapia Tratamento de complicações infecciosas Metronidazol, fluorquinolonas Protetor Gástrico Monitoração e prevenção de úlceras gastroduodenais Omeprazol Antiemético Controle de náuseas e vômitos Maropitant (Cerenia®): Ação central e periférica Analgesia 1mg/kg SID SC ou 2mg/kg SID VO Dieta/Nutrição Enteral Ingestão de nutrientes necessários para recuperação e evitar lipidose hepática em felinos i/d Hills, Low Fat Royal Canin, Eukanuba Intestinal Iniciar dentro das 1 as 48h, jejum prolongado é contraindicado ▪ HIPOCALCEMIA Causas: Êmese, anorexia e fluidoterapia intensa- perda renal ▪ TAXA DE INFUSÃO PROGNÓSTICO Depende ▪ GRAVE DESEQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO → DOENÇAS INFLAMATÓRIAS SISTÊMICAS → ALTERAÇÃO RENAL → ALTO RISCO DE CID CID: Coagulação Intravascular Disseminada, uma complicação grave que pode ocorrer em alguns casos de pancreatite. O alto risco de CID na pancreatite está relacionado a um processo inflamatório grave e disseminado no pâncreas, que pode levar à ativação excessiva do sistema de coagulação sanguínea. Isso pode resultar em pequenos coágulos sanguíneos que se formam nos vasos sanguíneos do corpo, consumindo as plaquetas e os fatores de coagulação e, eventualmente, levando à hemorragia. A CID é uma complicação rara, mas grave, da pancreatite e pode requerer tratamento intensivo em uma unidade de terapia intensiva (UTI). • Ruim ou péssimo • Reservado