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Tema 3 - Linhas de pesquisa em artes visuais_ procedimentos teóricos

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Linhas de pesquisa em artes visuais: procedimentos teóricos
Prof.ª Clara Habib
false
Descrição
História e conceituação dos procedimentos teóricos utilizados para a análise das diferentes linguagens artísticas.
Propósito
O entendimento da história e da conceituação dos procedimentos teóricos de análise das Artes Visuais é vital para que os estudantes dominem as
estruturas metodológicas do campo de conhecimento em questão.
Objetivos
Módulo 1
Origens e evolução da História da Arte
Identificar as origens e a evolução da História da Arte.
Módulo 2
Entendendo o fenômeno artístico
Reconhecer metodologias para a análise do fenômeno artístico.
Módulo 3
As diversas linguagens artísticas
Analisar diversas linguagens artísticas, desde as mais tradicionais até as mais contemporâneas.
Introdução
Este estudo visa, principalmente, apresentar-lhe os principais procedimentos teóricos para a análise das chamadas Artes Visuais. Começaremos
nossa jornada conhecendo o conceito de História da Arte e sua evolução, desde sua origem até a contemporaneidade. Para isso, apresentaremos
os historiadores da arte de mais destaque, suas obras, seus métodos e suas limitações para, por fim, aprendermos novas perspectivas para a
História da Arte contemporânea.
Em um segundo momento, apresentaremos outras metodologias teóricas de análise do fenômeno artístico, a saber a Estética e a Crítica de Arte.
Por fim, em um terceiro momento, abordaremos as principais linguagens das Artes Visuais que são objetos de estudo de tais procedimentos
teóricos. Estudaremos desde as linguagens mais tradicionais, como a pintura e a escultura, até as mais contemporâneas, como a performance e a
instalação.
1 - Origens e evolução da História da Arte
Ao �nal desse módulo, você será capaz de identi�car as origens e a evolução da História da Arte.

Os precursores da História da Arte
História da Arte como campo de pesquisa
Confira agora a História da Arte como vasto campo de pesquisa para a área de Artes Visuais.
A História da Arte é uma ciência humana que, por meio de diferentes metodologias, analisa fenômenos artísticos e investiga as relações entre as
obras de arte e seu tempo, assim como seus produtores, encomendantes e espectadores, suas formas, funções e seu conteúdo.
Vamos entender o percurso dessa história?
Giorgio Vasari (1511-1574)
Giorgio Vasari (1511-1574).
Começaremos por Giorgio Vasari (1511-1574), que foi um pintor, arquiteto e escritor italiano. De produção prática, destacamos sua atuação em
Florença como arquiteto sob o mecenato da família Medici. Vasari projetou grandes obras arquitetônicas, como a Galleria degli Uffizi e o chamado
Corredor Vasariano, uma estrutura que liga o Palazzo Vecchio ao Palazzo Pitti, que servia como passagem segura para os Médici circularem longe
do assédio da população.
Para além de sua produção prática, Vasari é célebre por seus escritos. É frequente, no campo dos estudos teóricos, considerá-lo como uma espécie
de pai fundador da História da Arte. Importante ressaltar, porém, que a História da Arte de Vasari é muito diferente daquela que praticamos
atualmente. Seus escritos não possuem caráter científico ou acadêmico, uma vez que misturam fatos reais com anedotas.
Inspirada nas biografias de homens ilustres escritas na Antiguidade Clássica, sua obra Vidas dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos é
um compêndio das histórias dos mais célebres artistas do Renascimento. Desse modo, ele escreveu uma história da arte a partir da vida e da
atuação dos próprios artistas:
O gênio de Vasari consiste em fazer as narrativas dessas vidas se sucederem segundo uma gradação que lhe permite
seguir até o �m de uma linha diretora. Através de todos esses destinos individuais ele expressou com paixão o que lhe

parecia ser o destino da arte.
(BAZIN, 1986, p. 32)
Vasari entendia os fluxos da história a partir de uma lógica cíclica e evolutiva, pautada na ideia dos ciclos biológicos e do progresso. Os ciclos da
história, assim, seriam análogos aos ciclos naturais de nascimento, formação, maturidade, decadência e morte. Já a perspectiva evolutiva partia do
princípio que as artes buscariam sempre um período de ápice que, nas reflexões de Vasari, era caracterizado pela produção de Michelangelo. Ele
narrou histórias do seu próprio tempo, período que convencionamos chamar de Renascimento. Para Vasari (PANOFSKY, 1960), o Renascimento teria
passado por três grandes fases:
Vasari publicou duas edições de Vidas dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos. A primeira edição foi publicada em 1550, em Florença,
e recebeu críticas por privilegiar os artistas florentinos e considerá-los os grandes responsáveis pela evolução das artes em seu tempo. Na segunda
edição, publicada em 1568, ele incluiu novas biografias, inclusive de artistas venezianos, gravuras retratando os artistas e um relato de sua própria
vida. A estrutura do livro é composta por uma primeira parte que narra técnicas e materiais das chamadas artes do desenho, seguida pelas famosas
biografias dos artistas.
Atenção!
Embora Vidas dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos, de Vasari, não seja considerado um documento histórico completamente
fidedigno, é uma importante fonte de estudo, por ser testemunha de um estilo de escrita de um período que elegeu a Antiguidade Clássica como um
modelo de autoridade e inspiração.
Johann Joachim Winckelmann (1717-1768)
Johann Joachim Winckelmann (1717-1768).
Passados dois séculos, outro importante teórico também elegeu a Antiguidade Clássica como modelo e produziu escritos que são considerados um
marco para o desenvolvimento da História da Arte. Estamos falando de Johann Joachim Winckelmann (1717-1768), um alemão que estudou na
Itália, onde ficou conhecido pelas suas pesquisas no campo da Arqueologia.
Nascimento
Formação
Maturidade seguidos por um período de decadência
Em 1764, Winckelmann publicou sua obra História da Arte Antiga, na qual desenvolveu suas teorias sobre a arte na Grécia. Assim como Vasari,
Winckelmann entendia a História da Arte a partir de uma dinâmica cíclica de nascimento, desenvolvimento e declínio. Existem, entretanto,
diferenças significativas entre os dois autores. Enquanto Vasari elegeu a arte romana como o grande modelo a ser imitado pelo Renascimento,
Winckelmann encontrou na arte grega o que acreditava ser o auge da perfeição.
Saiba mais
Winckelmann também se distanciou do método de Vasari ao concentrar seus estudos nas características estilísticas das obras de arte, e não nas
biografias dos artistas. Desse modo, ele já prenunciava o formalismo que viria a ser construído no século seguinte no contexto da Escola de Viena.
A Escola de Viena
A História da Arte como disciplina autônoma e acadêmica foi estruturada no final do século XIX na chamada Escola de Viena, nome dado a um
grupo de estudiosos que se organizava na Universidade de Viena, na Áustria. De acordo com esses professores e pesquisadores, a arte era
autônoma, ou seja, possuía uma evolução interna própria, não sendo determinada pelo seu meio ambiente, pelo contexto, pela técnica ou
“genialidade” do artista.
Esse modelo de História da Arte foi organizado de uma maneira mais científica, opondo-se, portanto, a uma História da Arte experimental e
biográfica, como fazia, por exemplo, Giorgio Vasari. Na concepção dos estudiosos da Escola de Viena, a evolução da arte era sistematizada
segundo os critérios visuais do estilo, assim cada tempo histórico possuiria seu estilo próprio.
stilo
O que chamamos de estilo pode ser entendido como as características formais de uma obra de arte, como, por exemplo, seu desenho, suas cores, tipo
de pincelada, entre outras características. Assim, “os historiadores de arte serão levados a procurá-lo não mais fora dela, mas na própria atividade
artística (...) orientada no sentido de uma utilização cada vez melhor de suas propriedades intrínsecas” (BAZIN, 1986, p. 127)
Alois Riegl (1858-1905).
Alois Riegl(1858-1905) foi o grande nome da Escola de Viena. Desenvolvendo uma teoria formalista que muito devia à visualidade pura do filósofo
alemão Fiedler, Riegl acreditava que as formas artísticas obedeciam a leis próprias, às leis do estilo. Para o estudioso, as formas artísticas seriam
determinadas por um Kunstwollen, termo traduzido livremente como “querer artístico”.
Dando continuidade à teoria visualista, o historiador da arte suíço Heinrich Wölfflin (1864-1945) desenvolveu estudos de caráter formalista que
possuem grande impacto até os dias de hoje. Em sua famosa obra Conceitos fundamentais de História da arte, publicada em 1915, Wölfflin criou
uma metodologia rígida ao tomar os períodos do Renascimento e do Barroco como unidades de estilos distintas.
Heinrich Wölfflin (1864-1945).
Wölfflin utilizou cinco pares de conceitos opostos para descrever e diferenciar tais períodos, sendo eles:

Linear e pictórico

Plano e profundidade

Forma fechada e forma aberta

Unidade e pluralidade

Clareza absoluta e clareza relativa
Assim, Wölfflin analisou o que denominava de evolução da forma artística de um período para o outro. Ele desenvolveu o conceito de uma História
da Arte sem nome, na qual a individualidade do artista ficaria limitada pelo estilo de sua nação, que, por sua vez, ficaria limitado ao espectro maior
do estilo do tempo. Para o teórico, cada época teria um estilo próprio característico. Dentro desse contexto, vejamos a seguir dois acontecimentos:
Henri Focillon (1881-1943) deu continuidade, na França, às teorias de caráter formalista e visualista. Em sua obra A Vida das formas, de 1934,
Focillon elaborou a ideia de que a forma artística se desenvolveria em etapas evolutivas que se repetiriam em todos os estilos.
Posteriormente, surgiram críticas ao puro formalismo nascido na Escola de Viena, e novas metodologias para o estudo da História da arte foram
desenvolvidas. Assim, surgiu a noção de Iconologia que considerava, além da forma, o significado e a simbologia da obra de arte. O mais
conhecido expoente dessa metodologia foi o alemão Erwin Panofsky (1892-1968). O pesquisador húngaro Arnold Hauser (1892-1978), por sua
vez, considerava os aspectos sociais na escrita de sua História da arte.
Mesmo com essa pluralidade de métodos, é possível notar, ao longo dos séculos, o estabelecimento de uma História da Arte linear, que entendia
majoritariamente o fenômeno da arte a partir de uma evolução temporal na qual estilos diferentes sucedem uns aos outros. Sob o pretexto de uma
História da Arte universal, escondia-se uma arte eurocêntrica que não representava necessariamente todas as culturas ou todas as manifestações
artísticas existentes. Por mais contraditório que pareça, essa estrutura de escrita da História da Arte se estendeu até a modernidade para estudar as
vanguardas artísticas. Assim, cada vanguarda era estuda sucessivamente tomando como principal referência seu estilo.
Nova História da Arte
Nas décadas de 1980/90, autores como Hans Belting, com seu livro O fim da História da arte, e Arthur Danto (1924-2013), com Após o fim da arte, já
apontavam para um esgotamento dos métodos tradicionais de análise do fenômeno artístico.
Arthur Danto (1924-2013)
Com um discurso à primeira vista apocalíptico sobre um suposto fim da História da Arte, os autores, na verdade, apontavam como as metodologias
tradicionais (desde a história dos artistas de Vasari até a noção de arte pela arte característica da história escrita no modernismo) já não seriam
mais suficientes para estudar as manifestações da arte contemporânea, que transcendem a materialidade do objeto, e da arte de outras culturas
que estão fora do eixo Europa-EUA.
Essas novas preocupações metodológicas foram refletidas em obras como Uma nova História da arte, de Julian Bell, um manual diferente dos
clássicos. Apesar de Bell ainda organizar seu livro através de uma noção cronológica, ele rompeu com uma abordagem exclusivamente estilística e
incluiu muitas informações sobre manifestações artísticas não ocidentais. Assim, Bell organizou sua obra através de eixos temáticos que abarcam
uma mesma reflexão obras de culturas diferentes.
No que tange a questões de gênero, pesquisadoras como Linda Nochlin (1931 – 2017) e Griselda Pollock foram as primeiras a questionar a
hegemonia masculina na História da Arte, a entender as origens desse fenômeno e a propor formas de romper com esse modelo.
Linda Nochlin (1931–2017).
A maior revolução metodológica, entretanto, ainda está em vias de acontecer. O que vemos hoje é o desejo de uma profunda virada cultural na qual
as artes e a cultura possam ser analisadas a partir de uma perspectiva verdadeiramente decolonial, que valorize as manifestações artísticas não
ocidentais e que permita que elas sejam narradas por pesquisadores de outras origens, quebrando o eixo hegemônico Europa-EUA.
Saiba mais
Grandes estudiosos pós-colonialistas têm sido utilizados como importantes contribuições para essa virada cultural. Intelectuais de estudos
culturais, como o inglês Paul Gilroy e o jamaicano Stuart Hall, destacados por seus estudos decoloniais e antirracistas, vêm sendo resgatados por
pesquisadores contemporâneos de História da Arte.
A contribuição desses e de outros autores serve como fundamentação teórica em uma nova leitura da arte não ocidental para além da alcunha de
artefato. Constata ainda a importância de uma revisão das manifestações culturais ocidentais, considerando suas inter-relações com as
manifestações não ocidentais.
Os estudos decoloniais são ferramentas importantes para uma revisão metodológica das manifestações artísticas do passado. Também são
fundamentais para a solidificação das metodologias de análise do fenômeno artístico contemporâneo a partir de uma perspectiva globalizada que
se opõe ao racismo, ao machismo e à hegemonia cultural ocidental.
História da Arte no Brasil
Parte das primeiras produções do que podemos considerar uma História da Arte no Brasil foi realizada no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
(IHGB) no século XIX. Uma das principais diretrizes do IHGB era a pesquisa e divulgação de documentos relevantes para a história brasileira.
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).
A instituição também fomentava a escrita de uma história do Brasil a partir de biografia de grandes figuras. Tomemos como exemplo a biografia de
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, texto considerado um dos marcos iniciais para a História da arte no país. Baseada em relatos orais, a
biografia foi escrita por Rodrigo José Ferreira Bretas e publicada em 1858, tanto pelo Correio Oficial de Minas quanto pelo Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro. A obra explorava fatos como a suposta doença do artista e o descrevia como uma figura trágica e genial, capaz de sublimar
toda a tragédia pessoal e realizar uma obra original.
Adotada por muitos estudiosos como fonte verossímil, atualmente é possível perceber que a biografia escrita por Bretas possuía um caráter literário
e estava de acordo com o sentimento romântico da sociedade do século XIX e do tipo de história realizada no momento por instituições como o
IHGB.
A produção em História da Arte no Brasil
A História da Arte começou a ser produzida de maneira mais sistematizada e científica no Brasil a partir da contribuição do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Brasileiro (Sphan). O Sphan foi fundado em 1934 e tinha a principal função de catalogar o patrimônio brasileiro, desenvolver os
parâmetros para a sua preservação e divulgar o conhecimento sobre esse patrimônio a partir de um debate intelectual, caracterizando a produção
de uma primeira História da Arte de caráter científico no Brasil. O Sphan produziu duas séries de publicações, a Revista do Sphan e uma série
chamada Publicações do Sphan:
A série Publicações do Sphan foi uma coleção de monogra�as que publicava, a cada número, o estudo de um único autor
(...) A série concentrava-se na produção de uma históriada arte no Brasil, com o objetivo claro de inaugurar uma nova
área de produção intelectual.
(CHUVA, 2009, p. 249)
A maioria dos estudos veiculados pelas Publicações do Sphan tinha caráter historiográfico, mostrando a atuação do órgão em um campo novo para
o país de produção de conhecimento: a História da Arte. Nesses estudos, eram privilegiados os temas relacionados à arte e à arquitetura religiosa
do período colonial brasileiro.
Nesse mesmo esforço de veiculação e legitimação de um conhecimento sobre o chamado patrimônio histórico e artístico nacional, encontrava-se a
Revista do Sphan. O material publicado pela revista era constituído por pesquisas e levantamentos documentais feitos pelos funcionários e
colaboradores do órgão, dotando a série de um caráter científico.
Uma nova geração de historiadores da arte vem se estabelecendo desde quando a disciplina passou a ter caráter acadêmico com a criação dos
primeiros cursos de História da Arte no país. A primeira graduação de História da Arte foi inaugurada no extinto Instituto de Belas Artes da
Guanabara e assimilada pela Universidade do Estado do Rio (UERJ) na década de 1970.
Desde então, outros cursos de graduação e pós-graduação foram inaugurados em universidades como UFRJ, UNIFESP,
UFRGS e UNB.
Temos hoje no Brasil uma grande diversidade de produção acadêmica em diversos métodos de História da Arte, uma rede de congressos e
publicações que tem destaque na divulgação do material produzido dentro dessas universidades.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
No século XVI, o italiano Giorgio Vasari escreveu uma série de biografias de célebres artistas e as organizou em um livro chamado Vidas dos
mais excelentes pintores, escultores e arquitetos. Esse livro é considerado uma das primeiras manifestações de História da Arte. Ainda assim,
não podemos considerar os escritos de Vasari como tendo um caráter científico. Por quê?
A Porque Vasari não era um historiador formado.
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%2
paragraph'%3EN%C3%A3o%20podemos%20considerar%20Vidas%20dos%20mais%20excelentes%20pintores%2C%20escultores%20e%20arquitetos%
Questão 2
A História da Arte é marcada por inúmeros pesquisadores que, de acordo com sua própria interpretação, definiram os passos traçados por essa
ciência tão recente, mas marcante. Entre esses pesquisadores, destacamos aqueles que fizeram parte da Escola de Viena. A respeito da Escola
de Viena, pode-se afirmar o seguinte:
Parabéns! A alternativa A está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20Escola%20de%20Viena%20foi%20o%20nome%20dado%20a%20um%20grupo%20de%20estudiosos%20que%20se%20organizou%
B Porque o livro de Vasari possui biografias não só de artistas visuais, mas também de poetas.
C Porque o livro de Vasari mistura fatos reais com anedotas.
D Porque Vasari era mais reconhecido por sua obra prática do que por sua obra teórica.
E Porque o livro de Vasari demorou a ser publicado fora da Europa.
A Era um grupo de estudiosos de História da Arte que se organizou na Universidade de Viena no final do século XIX.
B Era uma escola livre de artes onde também se ensinava História da Arte.
C Era a Academia de Belas Artes de Viena.
D Era uma universidade em Viena.
E Era um grupo de estudiosos de História da Arte que se organizou na Universidade de Viena no final do século XVIII.
2 - Entendendo o fenômeno artístico
Ao �nal desse módulo, você será capaz de reconhecer metodologias para a análise do fenômeno artístico.
A Estética
A Estética e a pesquisa em Artes Visuais
Confira agora o campo da Estética como possibilidade de desenvolvimento de pesquisa na área de Artes Visuais.
Neste módulo, você vai aprender que, além da História da Arte, existem outras linhas de pesquisa em Artes Visuais, nos mostrando que as
linguagens artísticas podem ser objetos de reflexão de diferentes vertentes teóricas. Para isso, abordaremos duas linhas de pesquisa que analisam
os fenômenos artísticos: a Estética e a Crítica de Arte.
A Estética é um campo da filosofia que se dedica ao estudo do belo, tanto natural quanto artístico, e de sua
percepção pelo ser humano.
O termo começou a ser utilizado no campo das artes em meados do século XVIII pelo filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1762).
Encontramos, porém, as origens da Estética na Antiguidade Clássica, destacando as reflexões sobre o belo presentes, por exemplo, nos
pensamentos de Platão e Aristóteles.
Platão entendia que a realidade era dividida em:


Esfera 1
O mundo das ideias.

Esfera 2
O mundo sensível.
Para o filósofo, o mundo sensível era apenas um pálido reflexo do mundo das ideias, onde se encontrava a verdadeira beleza, que era,
necessariamente, ligada aos conceitos do bom e do verdadeiro. Desse modo, as Artes Visuais miméticas da Antiguidade, como uma imitação do
mundo sensível (que por sua vez já era uma imitação do mundo das ideias), falhavam em acessar a verdadeira beleza e outros atributos morais.
Confira!
Identificando os valores estéticos aos valores morais, essa definição da feiura garante o triunfo da metafísica
que passa a ser, assim, o único fundamento e garantia da beleza. Para existir, o Belo será obrigado a exibir seus
atestados de boa conduta moral e metafísica. Como não deve procurar apenas agradar, seu lugar está
filosoficamente designado: entre a Verdade e o Bem.
(LICHTENSTEIN, 1994, p. 46)
Em oposição à filosofia transcendente do seu mestre Platão, que acreditava que a verdade e a beleza só existiriam no mundo das ideias, Aristóteles
concebeu uma filosofia imanente que buscava o belo na própria natureza, na realidade sensível. Assim, as artes, entendidas a partir da imitação da
natureza, ganharam em Aristóteles maior capacidade de acessar a verdadeira beleza. Veja!
Aristóteles introduz uma nova ordem de avaliação, que obriga a considerar a imagem em função de suas
próprias qualidades, sejam elas poéticas ou pictóricas. Deixando de ser inteiramente subordinado à verdade e
ao bem, o belo vai adquirir uma autonomia que legitima; a um só tempo, as liberdades artísticas inerentes às
necessidades da produção das artes miméticas e o prazer estético fornecido por suas representações.
(LICHTENSTEIN, 1994, p. 65)
Já no campo da Estética moderna, não podemos deixar de citar as reflexões que Immanuel Kant (1724-1804) em sua obra Crítica da faculdade do
juízo. Para Kant, o belo seria uma categoria subjetiva, e não lógica. A beleza não estaria necessariamente contida em um objeto, mas atribuída a ele
por quem o observa.
Seguindo tal linha de pensamento, não seria possível estabelecer um conjunto de normas teóricas para a construção de belos objetos. Segundo
Kant, o belo não seria atribuído a partir do intelecto, e sim das sensações de prazer geradas pela experimentação do objeto:

Kant provoca um retorno, uma conversão do olhar: não é mais a obra que apresenta os traços característicos
da arte, é a reflexão a seu respeito que pode ser considerada estética. O julgamento, que visa em geral a um
objeto exterior, também se converte, volta-se sobre si mesmo e se olha julgar. É um julgamento dito reflexivo,
não determinado (causado) por seu objeto, mas, ao contrário, que o estabelece como obra. Essa estase, em
que a representação toma consciência de si mesma, na qualidade de, simultaneamente, sujeito e objeto de sua
representação, é suspensão, contemplação.
(CAUQUELIN, 2005, p. 76-77)
Ao longo da história, a Estética foi uma importante ferramenta utilizada para analisar os fenômenos artísticos e a recepção deles pelo público.
Agora que compreendemos a Estética, abordaremos mais uma vertente teórica utilizada para a compreensão das artes visuais: a Crítica.
A Crítica de arte
A Crítica de arte pode ser entendida como um gênero literário que analisa o fenômeno artístico de maneiracrítica, como o próprio nome já diz.
Diferentemente da História da Arte, uma Crítica de arte implicaria a realização de uma série de avaliações de gosto e juízos de valor na análise das
manifestações artísticas. Outra diferença se relaciona ao fato de que, em sua gênese, a Crítica deveria analisar as manifestações do presente,
enquanto a História deveria se dedicar à arte do passado.
Não podemos perder de vista, que a noção de gosto é variável e, muitas vezes, condicionada por seu tempo e lugar!
Sempre foi difícil estabelecer limites rígidos entre essas duas esferas de análise do fenômeno artístico. Principalmente no cenário contemporâneo,
percebemos que a História e a Crítica se inter-relacionam. Mesmo cientes da hibridização entre essas e outras áreas de conhecimento, é
interessante entender alguns fundamentos da Crítica de arte e analisar os períodos históricos nos quais essa metodologia floresceu.
Denis Diderot (1713-1784).
A Crítica de arte como entendemos hoje nasceu na Europa durante o século XVIII. Nesse contexto, a atuação de Denis Diderot (1713-1784) foi de
grande destaque e serviu de modelo para os críticos que vieram depois dele. Na Europa do século XIX, no contexto das Academias de Belas Artes, a
Crítica se estabeleceu com mais consistência entre as linhas de pesquisa em Artes Visuais. As academias eram escolas oficiais de arte cujos
programas de ensino privilegiavam a cultura clássica, e seus métodos eram focados na primazia do desenho e do equilíbrio das formas e em uma
hierarquia dos gêneros de arte.
As obras mais valorizadas nas academias eram as narrativas, ou seja, aquelas de temática histórica, mitológica ou religiosa. Essas obras eram
seguidas na linha hierárquica por retratos, paisagens e, por fim, as naturezas-mortas.
As academias eram célebres por organizar grandes exposições, chamadas de Salões de Belas Artes, que visavam expor a produção de seus alunos.
Esse prolífico cenário expositivo estimulou a escrita de uma grande diversidade de textos críticos sobre as obras expostas nesses salões.
Apresentamos a seguir mais alguns acontecimentos.
Ainda no século XIX, destacamos a atuação de Charles Baudelaire (1821-1867), um poeta e crítico francês que já se afastava dos critérios
clássicos e se alinhava ao Romantismo. De seus escritos críticos, citamos O pintor da vida moderna, de 1863, no qual o crítico discorre sobre a
atuação de Constantin Guys (1802-1892). O pensamento de Baudelaire se caracteriza, dentre outras questões, pela crença sobre como a
individualidade do artista seria essencial para a criação de boas obras de arte.
Já o século XX testemunhou o nascimento de uma Crítica de arte de grande teor formalista, a qual respondia ao surgimento das vanguardas
artísticas que rompiam com uma arte clássica e acadêmica. As artes deveriam se afastar cada vez mais da imitação da natureza.
Tomamos como epítome dessa Crítica modernista a teoria do estadunidense Clement Greenberg (1909-1994). Segundo Greenberg, as artes
visuais deveriam passar por um processo de autocrítica de seus próprios meios e buscar uma libertação de elementos que não seriam inerentes a
ela, como, por exemplo, a narração (própria da literatura), a perspectiva e a anatomia (próprias dos conhecimentos matemáticos), para assim
chegar a uma condição pura e ideal que seria a abstração.
Atualmente, a Crítica de arte se mistura, principalmente, com as práticas curatoriais. No cenário das artes contemporâneas, o curador é o
responsável por organizar uma exposição coletiva ou somente de um artista, através de um eixo conceitual determinado. Geralmente, fica a cargo
do curador a produção de textos críticos sobre as obras e o artista (ou o grupo de artistas) na mostra organizada por ele.
A figura do crítico independente foi perdendo força e dando lugar a uma espécie de curador-autor que atua de maneira múltipla, valendo-se de
metodologias da História da Arte, da Estética, da Crítica de arte e da própria prática artística para produzir uma teoria sobre as Artes Visuais.
A Crítica de arte no Brasil
Assim como na Europa, a Crítica de arte se estabilizou no Brasil a partir do século XIX no contexto da Academia Imperial de Belas Artes, fundada no
Rio de Janeiro por Dom João VI. A academia brasileira seguia o modelo da academia francesa, fundamentada nos cânones clássicos, na primazia
do desenho e na hierarquia dos gêneros artísticos. A seguir, vamos acompanhar acontecimentos importantes:
A academia brasileira também organizava exposições anuais das obras de seus alunos e de outros artistas, gerando material para a
produção de uma extensa Crítica de arte no período. Esses eram os nossos Salões de Belas Artes!
Podemos considerar Manuel Araújo Porto Alegre (1806-1879) como um dos primeiros nomes da Crítica de arte no Brasil. Além de
membro do IHGB, Porto Alegre foi diretor da Academia Imperial de Belas Artes, colaborando tanto com o campo da História da arte
quanto da Crítica e da prática das artes no Brasil imperial.
Ainda no século XIX, destacamos o jornalista e escritor Gonzaga Duque (1863-1911), que publicava seus textos críticos em grandes
veículos de informação brasileiros, como o Diário de Notícias e a Revista Kósmos. O autor também colaborou para a formação de
uma História da Arte no Brasil, principalmente se levarmos em conta a produção de seu livro A Arte Brasileira. Tanto a produção de
Porto Alegre quanto a de Gonzaga Duque nos mostra como as diversas linhas de pesquisa em artes visuais, por vezes, se misturam e
se confundem.
De Pedrosa até os dias atuais, o campo da Crítica brasileira seguiu se desenvolvendo e se hibridizando com os outros campos teóricos, e hoje se
relaciona intensamente (assim como a Estética) com as práticas curatoriais que descrevemos anteriormente.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
No cenário do século XX, não podemos deixar de destacar a figura de Mário Pedrosa (1900-1981), que vem sendo encarado como um
divisor de águas para o campo da Crítica de arte no Brasil. Pedrosa se afastou da defesa de uma arte pura para apoiar uma arte
experimental que viria a marcar o cenário contemporâneo brasileiro a partir da década de 1960.
Questão 1
A Crítica de arte no Brasil tem seu início no século XIX e está ligada a um importante fator histórico: a vinda da Família Real portuguesa e as
transformações que esse fato acarretou em nosso país. Considerando esse contexto, assinale a alternativa correta para a pergunta: o que eram
os Salões de Belas Artes brasileiros naquela época?
Parabéns! A alternativa E está correta.
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paragraph'%3EOs%20Sal%C3%B5es%20de%20Belas%20Artes%20eram%20as%20exposi%C3%A7%C3%B5es%20anuais%20organizadas%20pela%20A
Questão 2
A Estética, como campo da arte, tem seu início na Filosofia clássica, mas desenvolveu-se ao longo de toda a História da Arte, inclusive no
âmbito da Filosofia contemporânea. Nesse período, foi escrita a importante obra Crítica da faculdade do juízo. Quem foi autor dessa obra?
A Eram exposições anuais das obras dos membros do Instituto Histórico e Artístico Brasileiro.
B Eram escolas oficiais de belas artes.
C Eram locais onde os membros do Instituto Histórico e Artístico Brasileiro se reuniam para discutir a história brasileira.
D Eram escolas não oficiais de belas artes que faziam concorrência com a Academia Imperial de Belas Artes.
E Eram exposições anuais organizadas pela Academia Imperial de Belas Artes.
A Platão
B Immanuel Kant
C Alexander Baumgarten
D Aristóteles
Parabéns! A alternativa B está correta.
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3 - As diversas linguagens artísticas
Ao �nal desse módulo, você será capaz de analisar diversas linguagens artísticas, desde as mais tradicionais até as mais
contemporâneas.
Pinturae escultura
As linguagens tradicionais da arte
Confira agora as linguagens tradicionais da arte como possíveis linhas de pesquisa para o desenvolvimento de Artes Visuais.
Linguagens tradicionais: pintura e escultura
E Gonzaga Duque

Tanto a História da Arte quanto a Estética e a Crítica têm como objetos de análise as linguagens das Artes Visuais. Neste módulo, iremos nos
debruçar sobre as diversas técnicas e procedimentos que caracterizam o que chamamos de Artes Visuais.
Na Antiguidade, contavam-se anedotas sobre artistas tão bons capazes de enganar as pessoas de que suas representações eram reais, e não uma
imagem. Uma dessas anedotas falava que o pintor Zêuxis havia representado uvas tão realistas que os pássaros teriam tentado bicá-las. As artes,
desde a antiguidade até as vanguardas modernas do século XX, eram artes miméticas, ou seja, imitavam a natureza. As principais linguagens
artísticas que possibilitaram realizar essa imitação com maestria foram a pintura e a escultura. Nesse contexto, destacamos alguns
desdobramentos:
Leon Battista Alberti (1404-1472).
Artes do desenho
Leon Battista Alberti (1404-1472) escreveu três tratados sobre as chamadas artes do desenho: a pintura, a escultura e a arquitetura (linguagem
que não abordaremos neste conteúdo).
O tratado de pintura, de Leon Battista Alberti
O Tratado da Pintura, de 1935
O tratado Da Pintura, de 1435, é dividido em três partes. A primeira parte é dedicada aos fundamentos para o bem pintar; a segunda, às partes da
pintura; a terceira, à conduta dos pintores. Para Alberti, a pintura era formada de três aspectos: a circunscrição (descrição da orla, o desenho), a
composição (organização dos elementos na superfície) e a recepção de luzes (distribuição dos efeitos de claro e escuro). O tratado Da Escultura,
de 1464, organizava, como o próprio nome sugere, os fundamentos da escultura.
Leonardo da Vinci.
Teorização das artes do desenho
Além de Alberti, outros personagens importantes do Renascimento também teorizaram sobre as artes do desenho, como, por exemplo, Leonardo
da Vinci. Toda essa teoria artística produzida no contexto do Renascimento foi responsável por orientar a produção da pintura e da escultura até o
final do século XIX, quando elas começaram a se libertar do compromisso de representar a realidade para chegar até expressões mais abstratas
no século XX.
A partir dos anos 1960, época que convencionamos para o início da contemporaneidade, a produção artística começou a extrapolar as linguagens
tradicionais da pintura e da escultura e a trabalhar com outros elementos e conceitos, como veremos adiante.
Performance
Linguagens artísticas em um campo ampliado: performance
A partir da década de 1960, impulsionados principalmente pelos movimentos da Pop Art e do Minimalismo, os artistas começaram a explorar outras
formas de fazer obra de arte para além das linguagens tradicionais do desenho, da pintura e da escultura. Vamos agora conhecer as linguagens
artísticas da performance e da instalação.
A�nal, o que é linguagem da performance?
A linguagem da performance pode ser compreendida como uma das estratégias que trabalhou, e ainda trabalha, as artes visuais a partir de uma
ampliação de suas mídias tradicionais. Uma performance geralmente se caracteriza por misturar elementos das artes visuais com aqueles
tradicionalmente associados a outras manifestações artísticas, como o teatro e a música. A performance mobiliza ações do corpo do artista e,
muitas vezes, do próprio público na realização e experimentação da obra.
Podemos buscar os fundamentos da performance como entendemos hoje nas ações do Grupo Fluxus, uma reunião de artistas que se dedicou a
experimentações na Europa e nos Estados Unidos ao longo dos anos 1960 e 1979. Um dos mais célebres nomes associados ao Fluxus foi o artista
alemão Joseph Beuys (1921-1986). Sobre esse contexto, vejamos a seguir alguns entendimentos:
Aspecto 1
Na performance Como explicar arte a uma lebre morta, de 1965, Beuys caminhou por uma galeria com o rosto coberto por ouro e mel enquanto
explicava arte para uma lebre morta que carregava no colo. Já em Eu gosto da América e a América gosta de mim, de 1974, o artista, coberto por um
manto de feltro, ficou em uma sala com um coiote vivo por sete dias.
Aspecto 2
Muitas manifestações da performance, como aquelas integradas no movimento conhecido como Body Art, colocam o corpo do artista em situações
extremas. A artista sérvia Marina Abramović, que atua até os dias de hoje, é uma grande expoente desse tipo de ação. Em uma das suas mais
célebres performances, Ritmo 0, a artista se prostrou diante de uma mesa com 72 objetos dos mais diversos, entre eles uma arma carregada, e
estimulou que os expectadores utilizassem os objetos nela como desejassem. Nas obras de Abramović, assim como na de outros artistas, o público
é convocado a participar, criando uma dinâmica interativa que até hoje é uma das características mais marcantes da performance.
No Brasil, podemos destacar a atuação de Flávio de Carvalho (1899-1973), com suas experiências, como um precursor da performance, linguagem
artística que ganhou grande destaque no país nas décadas de 1960 e 1970 e floresce até os dias atuais.
Instalação
As linguagens artísticas em um campo ampliado: instalação
A linguagem de instalação também se relaciona à premissa da arte contemporânea de pensar a arte em um campo expandido para além das mídias
tradicionais, como da pintura. De modo geral, uma instalação pode ser definida como a organização de determinados elementos em um espaço a
partir da concepção de um artista. Assim, a instalação coloca em xeque uma noção pré-concebida de objeto artístico e prioriza as relações entre os
seus elementos e o espaço que ocupam.
Uma instalação possui algumas características, tais como:
Possibilidade 1
Pode ser constituída de diversos tipos de elementos.
Possibilidade 2
Pode ser multimídia.
Possibilidade 3
Pode ser permanente ou efêmera.
Possibilidade 4
Pode ser interativa e evocar nos expectadores diversas sensações e impressões.
A interação do público com uma instalação extrapola o conceito tradicional de ver uma obra de arte, como normalmente faríamos ao nos
depararmos com escultura. Uma instalação chama o público para a ação de vivenciar uma experiência, assim ele deixa de ser um mero expectador
para ser parte integrante da obra.
Apesar de o termo instalação ter sido incorporado no vocabulário artístico a partir da década de 1960, as origens dessa linguagem remontam a
Marcel Duchamp (1887-1968). Em 1938, o artista instalou sacos de carvão no teto de um dos ambientes da Exposição Internacional do Surrealismo,
em Paris. Ele cobriu o chão com folhas secas, reduziu a iluminação do ambiente e instigou os expectadores a investigarem o espaço com lanternas.
Desse modo, Duchamp estimulou uma interação entre o expectador e a obras. Em 1942, com a intervenção chamada de Milhas de Barbantes,
Duchamp cobriu toda uma sala de exposição com cordas, alterando drasticamente a percepção e o uso daquele espaço.
Sol LeWitt (1928-2007)
O minimalismo também pavimentou o terreno para a poética da instalação quando seus artistas repensaram o que seria uma escultura, a retiraram
do pedestal e alteram sua relação com o espaço. Nesse contexto, podemos citar, por exemplo, artistas como Sol LeWitt (1928-2007), que construiu
labirintos de alumínio dentro de uma galeria em 1967. Foi a partir da década de 1960 que a poética da instalação se radicalizou e se expandiu.
Contemporaneamente, abundam propostas que misturam a linguagem da instalação com a performance. Podemos citar como exemplo os
trabalhos de Rirkrit Tiravanija, artista conhecido por seus híbridos entre performance e instalação. Suas ações mais conhecidas são as de cozinhar
pratos típicos tailandeses e oferecer para as pessoas dentro de museus e galerias que o convidaram para expor. O ritual da alimentação, segundo
Tiravanija, promoveria uma relação de convívio entre ele mesmo(o artista) e o público dentro de um ambiente que antes era sacralizado, como o
museu. Em algumas de suas ações, os utensílios utilizados nesses rituais de alimentação que misturam vida e arte ficam posteriormente expostos
como instalações.
No Brasil, dentre os artistas que trabalharam com a poética da instalação, podemos citar Cildo Meireles e Hélio Oiticica. Cildo Meireles concebeu
Desvio para o vermelho em 1967, montando a obra em diversas ocasiões ao longo dos anos e a exibindo permanentemente no Instituto Inhotim
desde 2006. Essa obra de Cildo evoca no expectador uma série de sensações e reflexões de cunho social em três ambientes que dialogam entre si:
Hélio Oiticica (1937-1980).
Impregnação
O primeiro ambiente é uma sala composta por móveis e objetos de decoração completamente vermelhos.
Entorno
No segundo ambiente, vemos uma pequena garrafa de vidro da qual escorre uma grande quantidade de líquido vermelho que, na verdade, é
simulado por uma pintura no chão. Esse caminho vermelho guia o visitante até o terceiro e último ambiente.
Desvio
O último ambiente é composto de uma sala quase escura na qual só ouvimos som de água corrente e vemos uma pia instalada de maneira
desalinhada. Da torneira dessa pia escorre um líquido vermelho, dessa vez real e não simulado, com aparência de sangue.
Hélio Oiticica idealizou, ao longo de sua carreira, instalações que estimulam uma relação entre o público e a obra de arte. Um dos exemplos mais
característicos talvez seja seus ambientes penetráveis. Os Penetráveis, de Oiticica, são estruturas feitas de madeira pintada, tecidos ou outros
materiais que, como o nome já diz, permitem ao expectador entrar nelas, caminhar por elas e interagir com os diversos materiais que as compõe.
A instalação Tropicália, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1967, é uma combinação de dois penetráveis com outros
elementos, como plantas, areia e um aparelho de televisão. Segundo Oiticica, sua intenção era que a obra invadisse todos os sentidos do expectador
e o convidasse a vivenciar aquela experiência como um jogo, uma brincadeira. Além disso, a ideia do artista era aproximar a arte das coisas do
mundo cotidiano, misturando as esferas antes separadas de arte e vida.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A partir do século XV, especialmente devido à obra de Leon Battista Alberti, temos uma sistematização mais clara de algumas das linguagens
tradicionais da arte. É exatamente desse período que temos a definição das chamadas artes do desenho. Sabendo disso, quais foram as artes
do desenho?
A Pintura, escultura e performance.
B Pintura, performance e instalação.
C Performance, instalação e colagem.
D Pintura, escultura e arquitetura.
Parabéns! A alternativa D está correta.
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paragraph'%3EA%20teoria%20art%C3%ADstica%20do%20Renascimento%20convencionou%20reunir%20as%20linguagens%20da%20pintura%2C%20d
Questão 2
No contexto da evolução da História da Arte, o que marca as linguagens artísticas em um campo mais ampliado é a performance e a
instalação. Independentes ou integradas, ambas marcam a contemporaneidade da arte. Por isso, é importante a clareza na sua definição. O que
é uma Instalação?
Parabéns! A alternativa D está correta.
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paragraph'%3EA%20instala%C3%A7%C3%A3o%2C%20idealizada%20por%20um%20artista%2C%20questiona%20o%20conceito%20tradicional%20de%
Considerações �nais
Chegamos ao fim de nosso estudo, mas, como você sabe, ele é apenas um ponto de partida para uma área tão rica como as linhas de pesquisa em
Artes Visuais. Nossa proposta foi trazer, no campo dos procedimentos teóricos da arte, alguns elementos que você, provavelmente, já estudou, mas
agora pôde conhecê-los com o seu novo olhar: o de pesquisador.
E Pintura, escultura e colagem.
A
Uma linguagem artística que se caracteriza por misturar elementos das Artes Visuais com elementos tradicionalmente
associados a outras manifestações artísticas, como o teatro e a música.
B Uma linguagem artística que se caracteriza por misturar elementos do desenho com elementos da pintura.
C Uma linguagem artística que se caracteriza pela colagem de materiais sob a superfície da obra.
D
Uma linguagem artística que se caracteriza pela organização de determinados elementos em um espaço a partir da
concepção conceitual de um artista.
E Uma linguagem artística que se caracteriza pela mistura de elementos virtuais com elementos da pintura tradicional.
Chegamos no desenvolvimento da História da Arte como uma ciência europeia, seus grandes pensadores e suas metodologias. Ao mesmo tempo,
percebemos os limites dessa visão, a fim de nos possibilitar os caminhos para sua reconstrução através de uma virada cultural decolonial, inclusive
no âmbito da arte em nosso país. Do mesmo modo, aprendemos que trazer à memória a Estética e a Crítica da arte no contexto do fenômeno
artístico pode auxiliar nosso posicionamento em nosso tema de pesquisa, o que, sem dúvida, nos leva a nos aprofundar em elementos tão
marcantes, como as inúmeras linguagens artísticas, tanto tradicionais quanto em um campo mais ampliado.
Esperamos que este estudo não seja somente útil em sua jornada atual, como também sirva de inspiração para sua atuação profissional e, portanto,
artística!
Podcast
Ouça agora da professora questões relacionadas à sua experiência como pesquisadora de Artes Visuais.

Referências
ARGAN, G. A História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
BAZIN, G. História da História da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
CAUQUELIN, A. Teorias da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
CHUVA, M. R. R. Os Arquitetos da memória: sociogênese das práticas de preservação do patrimônio cultural no Brasil (anos 1930 – 1940). Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 2009.
GOMES JUNIOR, G. S. Palavra peregrina. São Paulo: Edusp, 1998.
LICHTENSTEIN, J. A cor eloquente. São Paulo: Siciliano, 1994.
PANOFSKY, E. Renascimento e renascimentos na arte ocidental. Lisboa: Editorial Presença, 1960.
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• Assista ao vídeo Desconhecido Winckelmann: uma introdução, no Canal USP, no YouTube, e conheça um pouco mais sobre esse importante
teórico da História da Arte.
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Official de Minas (MG) Edição 169, p. 3-4.
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