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Lara de Aquino Santos ATENÇÃO ODONTOLÓGICA A PACIENTES PORTADORES DE TRANSTORNOS DE IMUNIDADE E PÓS-TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS ARTRITE REUMATÓIDE: O QUE É: → É uma doença autoimune caracterizada pela inflamação das articulações; → Apresenta basicamente um envolvimento articular, sendo este principalmente em membros, na região das falanges da mão e punho; → É uma doença muito frequente – acomete 1,5% da população mundial; → Acomete indivíduos entre 35 a 50 anos, sendo mais prevalente no sexo feminino; → Pode ser monocíclica (ciclo único e longo) ou policíclica (períodos); → Pode ter expressões variadas da doença; bem como curso e gravidade variados; → É mais intensa nos 1° anos – 10% incapacidade persistente/completa; → Tem redução da sobrevida em 3-10 anos. ETIOLOGIA: Origem multifatorial. → Agentes infecciosos; → Fatores genéticos; → Fatores autoimunes; → Fatores hormonais; → Fatores ambientais. FISIOPATOLOGIA: → Há um processo inflamatório crônico e como resultado tem-se uma fibrose, isto é, substituição dos componentes articulares por tecido conjuntivo, que leva a imobilidade articular. SINAIS E SINTOMAS: → Dor crônica; → Destruição articular e inchaço; → Nódulos subcutâneos – comuns nos membros superiores; → Vasculite (inflamação do endotélio). Sintomas Prodrômicos: → Fadiga e fraqueza; → Dor muscular e articular. Aumento dos Sintomas: → Significa que as articulações simétricas foram atingidas. Progressão da Doença: → Há rigidez e imobilidade das articulações, sendo está pela manhã. Gravidade: → Presença de dor articular ao movimento; → Aumento de volume articular. Lara de Aquino Santos OUTROS ACHADOS: Pacientes com artrite reumatoide podem apresentar outras condições imunes associadas, além de neuropatias, úlceras em pele, pericardite, doença pulmonar e dores difusa em região maxilar e/ou mandibular. Síndrome de Sjogren: → É uma doença autoimune, caracterizada pela infiltração plasmocitário no epitélio glandular, onde acomete principalmente as glândulas exócrinas salivares (principalmente parótida) e lacrimais. Principal Sintoma: → Boca seca e olho seco (síndrome sicca). Outros Sinais e Sintomas: → Dificuldade de deglutição, alteração no paladar, papilas linguais atrofiadas, aumento das glândulas salivares (fica hiperplásica - produz mais saliva na tentativa de compensar), sialoadenite retrógrada, queilite angular, candidíase intraoral e cáries cervicais. Pacientes que apresentam essa condição possuem risco de desenvolver linfomas. Diagnóstico: → Biópsia excisional de glândula salivar menor. Realiza-se comumente na região do lábio inferior. O histopatológico apresenta processo inflamatório com presença de linfócitos; → Sialometria: Avalia a produção salivar; → Teste de Schrimer: Avalia se o olho produz uma quantidade suficiente de lágrima para manter-se lubrificado. É realizado por meio de um papel milimetrado, que é inserido na borda inferior do olho e não requer anestesia. Importante: → Necessário encaminhar o paciente para o oftalmologista; → Realizar a prescrição de saliva artificial, vitamina E, além de hidratante de mucosa oral (Kin hidrat). RELAÇÃO DA ARTRITE REUMATOIDE COM A ODONTOLOGIA: → Pode afetar as glândulas salivares; articulação temporomandibular e apresentar efeitos colaterais na cavidade oral devido ao uso das medicações. Acometimento da Articulação Temporomandibular: → Influencia diretamente no tratamento odontológico, pois o paciente pode apresentar sintomatologia dolorosa e consequentemente ter uma dificuldade de permanecer com a boca aberta por muito tempo. Com isso é necessário diminuir o tempo de cadeira, ou seja, realizar sessões curtas; → Sinais e sintomas: Crepitação, dor, limitação de abertura de boca, alterações estruturais, erosão de fossa articular e côndilos. A mordida aberta anterior é presente quando se tem uma destruição da articulação. Lara de Aquino Santos Acometimento de outras Articulações: → O paciente pode apresentar sintomatologia dolorosa ou dificuldade de permanecer na mesma posição por muito tempo, com isso é necessário realizar adaptações pensando no seu bem estar, como por exemplo, utilizar almofadas, realizar pausas para que ele modifique a sua postura ou lançar mão de alternativas para posicionamento (uso dos colchões). Higiene Oral: → Tendo em vista que estes pacientes apresentam rigidez nas mãos, se faz necessário realizar adaptações para que o paciente consiga realizar a escovação de forma eficiente; → Pode ser indicado escova elétrica, capas para escova ou acoplar materiais na mesma. Complicações Relacionadas aos Medicamentos Utilizados: → Sabendo que os imunossupressores diminuem a atividade do sistema imunológico, consequentemente haverá um aumento do risco de infecções oportunistas, como a candidíase; → Pacientes que fazem uso crônico de AINES (principalmente AAS) e corticoide devemos ter um olhar redobrado com a coagulação, devemos avaliar TS / função plaquetária; → A imunossupressão além de gerar uma menor atividade dos leucócitos pode acarretar uma diminuição das células sanguíneas, ou seja, pode afetar também as plaquetas e hemácias. Com isso é necessário a solicitação de hemograma e coagulograma (TS, TP e TTPa). O TS deve ser solicitado devido a diminuição da atividade plaquetária; → Imunossupressores, penicilamina e sais de ouro podem desencadear anemia, agranulocitose ou trombocitopenia, devemos avaliar através de hemograma completo e coagulograma; → O uso crônico de corticoides tende a gerar supressão adrenal (produção inadequada de cortisol em decorrência da supressão do eixo hipotálamo- hipófise-adrenal). Tratamento de Mucosite: → Consiste em um tratamento sintomático; → Podemos realizar laserterapia de baixa intensidade, prescrever ad-muc, vitamina E (hidratar as mucosas) ou até mesmo orientar o paciente a tomar chá de camomila gelado. DIAGNÓSTICO: → É realizado clinicamente, por meio de 4 ou mais critérios, associado aos exames laboratoriais. Critérios: → Rigidez articular matinal 1h ou +; → Artrite em 3 ou mais áreas articulares; → Artrite nas mão, punho ou falanges; → Artrite simétrica; → Nódulos reumatoides; Lara de Aquino Santos → Fator reumatoide positivo; → Alterações radiográficas. Exames Laboratoriais: → Fator reumatoide; → Proteína C reativa (marcador de inflamação); → Hemossedimentação (marcador de resposta inflamatória). Importante: → Nem sempre pacientes com artrite reumatoide apresentam fator reumatoide positivo (apenas 75% dos casos dão positivo); → A proteína C reativa e a hemossedimentação são exames que avaliam a atividade da doença. TRATAMENTO: Não há cura, apenas o controle da doença (inflamação, dor, aumentos de volume e rigidez). → O controle é individualizado, e depende de como está o quadro do paciente. Possibilidades de Medicações: 1. Anti-inflamatórios; 2. Corticoides; 3. Imunossupressores. Anti-inflamatórios: Controlam sintomas. → Ácido acetilsalicílico (droga de escolha); → Ibuprofeno; → Piroxican; → Naproxeno. Drogas Modificadoras do Curso da Doença: Reduzem a velocidade e a evolução. É comumente associado ao uso de corticoides. → Imunossupressores: Metotrexato – Causa muita mucosite; → Antimaláricos: Cloroquina e hidroxicloroquina – Podem causar pigmentação escura na mucosa oral; → Inibidores TNF: Etanercept e inflixmab). LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: O QUE É: → É uma doença autoimune inflamatória de característica crônica; → Pode ser classificado em quatro tipos, sendo eles o eritematoso (discoide), sistêmico, neonatal e o induzido por drogas; → Há uma desregulaçãode linfócitos T e B. ETIOLOGIA: → É desconhecida, porém fatores genéticos e ambientais são largamente associados à sua prevalência. SINAIS E SINTOMAS: → Lesões cutâneas discoides - manchas vermelhas escamosas na pele; → Rush cutâneo em forma de asa de borboleta na face (área fotossensível); → Pode ter o acometimento de vasos sanguíneos, articulações, coração e rins. Lara de Aquino Santos RELAÇÃO COM A CAVIDADE ORAL: → Comum a ocorrência de úlceras que são recorrentes e presença de áreas eritematosas (por vezes em forma de pápulas). Tratamento: → Podemos realizar laserterapia de baixa intensidade (vermelho 1-2J) ou prescrever corticoide tópico, além de orientações para hidratação da mucosa. PACIENTES PÓS-TRANSPLANTE: EPIDEMIOLOGIA - BRASIL (RBT, 2019): → O Brasil é o segundo país do mundo em número de transplantes, ficando atrás somente dos EUA; → O SUS é o maior sistema público de transplante do mundo (no EUA é pago); → O transplante mais realizado é o de córnea, em seguida o de rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão; → O Estado do Ceará é referência em transplante renal, cardíaco e pulmonar. IMPORTANTE: → Os imunossupressores são administrados indefinidamente. No entanto, as doses elevadas só são necessárias normalmente durante as primeiras semanas depois do transplante ou durante um episódio de rejeição. Depois disto, doses menores normalmente conseguem evitar a rejeição (denominada imunossupressão de manutenção). AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA: → Solicitação de hemograma completo, coagulograma e o exame específico para o tipo de transplante realizado; → Transplante renal: Pelo menos ureia e creatinina; → Transplante hepático: TGO e TGP; → Transplante de pâncreas: Glicemia e hemoglobina glicada. IMUNOSSUPRESSÃO EXCESSIVA E SUA RELAÇÃO COM A CAVIDADE ORAL: Aumenta o risco de infecção grave e lesões malignas. → Infecções oportunistas; → Dificuldade de cicatrização; → Linfoma; → Carcinoma de lábio; → Sarcoma de Kaposi. Alterações Sistêmicas: → Fraqueza e fadiga; → Hipertensão e diabetes; → Reação de Cushing; → Carcinoma renal; → Carcinoma de vulva e períneo. FASES DO TRANSPLANTE: → Pós-transplante imediato; → Estabilidade do enxerto; → Rejeição do enxerto. Quando Realizar a Avaliação Odontológica: → O pós-transplante imediato é o período de maior risco de perda do órgão, tanto pela rejeição como pelas infecções, porque é o momento que o paciente está Lara de Aquino Santos mais imunossuprimido. Nesse período devemos dispensar todos os procedimentos eletivos. As urgências e emergências devem ser atendidas, mas entrando em contato com o médico do paciente, e realizando o tratamento menos invasivo o possível; → A fase de instabilidade do enxerto significa que o paciente está bem, com isso podemos realizar procedimentos eletivos e avaliações periódicas, avaliando a necessidade de profilaxia antibiótica, solicitando exames laboratoriais e monitorando a P.A quando o paciente utilizar ciclosporina e prednisona; → Já a fase de rejeição do enxerto o paciente volta a ser um pré-transplante. Nesse momento devemos eliminar os focos infecciosos e manter a higiene, avaliando a necessidade de profilaxia antibiótica, solicitando exames laboratoriais e monitorando a P.A.
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