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Direito das obrigações Elementos: sujeitos, prestação e vínculo jurídico Obrigação é uma relação jurídica (relação jurídica como um dos tipos de efeito do fato jurídico) – relação jurídica que depende da correspectividade de direitos e deveres, de pelo menos dois sujeitos Credor como sujeito ativo e devedor como sujeito passivo. Toda obrigação além de ter pelo menos dois sujeitos, é necessário que haja pelo menos um sujeito em cada um desses polos Capacidade não importa para ser credor ou devedor; não seria a capacidade de exercício, mas a capacidade de direitos e deveres na ordem civil --- o que pode acontecer é que o evento que deu origem a essa obrigação dependa da capacidade, de modo que pode perder seus efeitos/ser anulado A obrigação pode ter vários credores e vários devedores de uma mesma prestação. Na obrigação pode haver um credor ou devedor determinável, ou seja, a partir de um evento futuro se identifica o sujeito (deve seguir critérios, não pode ser indeterminável) Devedor deve cumprir uma prestação em favor do credor, de modo que se não cumprir pode ser responsabilizado SUJEITOS: • Dois polos com um sujeito em cada ou mais • Não precisa ser capaz para ser titular da obrigação • Sujeito determinado ou determinável • Deve cumprir prestação A prestação e objeto da obrigação são sinônimos, de modo que essa prestação sempre é uma conduta (realizar ou deixar de realizar algo em favor do outro, devedor- credor). Conduta que pode ter uma coisa envolvida ou não A prestação pode ser dotada de valor econômico ou não O vínculo jurídico é composto pela ideia de dever e responsabilidade. O ordenamento deve reconhecer aquele comportamento como um dever e prever que o credor pode utilizar o Estado para responsabilizar/cobrar o devedor Obrigação não se resume ao sujeito cumprir com a prestação principal, pois não significa que cumpriu a obrigação como um todo – mesmo antes da obrigação existir a boa-fé já gera deveres entre os sujeitos; obrigação como um processo devido a uma série encadeada de atos que geram deveres a serem cumpridos Obrigação como um processo está diretamente ligado a ideia de boa-fé objetiva: Ideia de cooperação entre as partes, uma vez que desde o primeiro momento antes mesmo do estabelecimento da obrigação há uma relação de credor e devedor entre as partes, assim, a cooperação entre as partes é fundamental para o adimplemento das obrigações Essa relação independe da realização/ estabelecimento de um contrato O principio da boa-fé/ boa-fé objetiva seria um “padrão ideal de conduta” em que a sociedade espera/exige que o comportamento das partes siga esse comportamento ideal. O atendimento do princípio da boa-fé não passa unicamente pela vontade da parte, é necessário que o padrão ideal de conduta seja atendido (pessoa pode agir de boa fé subjetiva e mesmo assim a objetiva não ser cumprida) Uma das funções da boa-fé objetiva é coibir o abuso de direito, além da função corretiva, interpretativa (atua como cânone hermenêutico integrativo) de modo que sempre houver uma dúvida interpretativa no âmbito obrigacional se deve utilizar a boa-fé como critério para interpretar essas situações; além da função de criação de deveres jurídicos (supletiva) que é justamente quando vai virar os deveres anexos, de modo que a autonomia da vontade das partes não é a única criadora de obrigações/direitos e deveres entre as partes, assim há outros deveres não ditos mas que devem ser cumpridos Os deveres anexos estão ligados diretamente a boa-fé objetiva que cria deveres jurídicos que devem ser cumpridos para adimplir a obrigação mesmo que não haja a pactuação expressa das partes sobre elas a) Informação – ideia de que o sujeito deve estar bem informado sobre aquilo que está fazendo, o negócio que está fazendo b) Cuidado – ideia de não causar dano a outra parte, mesmo que não pareça como cláusula do contrato c) Assistência e lealdade – conversa com a ideia de cooperação que as partes devem ter ao longo do adimplemento das obrigações e até mesmo depois Lógica de Fernando Noronha a) Informação b) Cuidado c) Assistência d) Lealdade Ao serem violados ocorre a violação positiva RELAÇÃO ENTRE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E DIREITO DAS COISAS: 1. Indique três pontos de distinção entre Direito das Obrigações e Direito das Coisas. a) obrigação tem efeito inter partes e das coisas é erga omnes (os efeitos das obrigações só vão se dar entre os envolvidos enquanto os efeitos do direito das coisas incide sobre toda a sociedade, independente de haver ou não uma relação jurídica direta com cada sujeito) b) obrigação é temporária e das coisas é perpétuo ( pode haver situações do direito das coisas que são limitadas no tempo enquanto a obrigação pode não ter prazo determinado. No entanto, em regra, a obrigação tende a ter um caráter de transitoriedade, se extinguindo a partir do momento em que a obrigação é cumprida, e o direito das coisas tem caráter continuo/perpetuo por não ser pensado como modo de transmissão como nas obrigações, mas sim de manutenção) c) obrigação depende da cooperação enquanto o das coisas não necessita da cooperação entre os sujeitos; tem a ver com a própria estruturação das obrigações 2.Um cliente lhe procura querendo saber, na condição de credor, qual das três seguintes garantias reais lhe seria melhor: penhor, hipoteca ou anticrese. Explique as três e responda à dúvida do seu cliente. o correto seria a hipoteca devido a praticidade de conseguir alienar o bem e restituir o valor - Penhor x Hipoteca x Anticrese (direitos reais de garantia, pois além de se constituirem sobre a coisa só existem como garantia de uma obrigação) na hipoteca há a averbação do bem declarando que houve a hipoteca do bem para determinada pessoa correspondente a determinado valor anticrese é o único que não gera a perda de propriedade do bem pelo inadimplemento do devedor Há, também, a alienação fiduciária 3. Na condição de juiz, chega até você um caso em que A, proprietário, locou para B um apartamento. Neste contrato, ficou determinado que as parcelas condominiais deveriam ser pagas pelo locatário. B não pagou três meses da citada parcela. O condomínio, então, ingressou com ação contra A, para que pague o valor devido. Em sua contestação, A apresentou o contrato firmado com B, argumentando que tal responsabilidade foi a este transmitida. Como julgaria esse litígio entre A e o condomínio? O fato de alguém ser proprietário faz com que ele tenha o dever de arcar com a obrigação, de modo que A que tenha que pagar. De modo que, mesmo transmitindo esse dever para B em seu contrato, isso não transmite o onus para o locatário do condomínio - obrigação propi terrem - o sujeito não pode por obrigação contratual se desvincular do dever de pagar as taxas condominiais; obrigação porpi terrem e onus reais (diferença entre eles) taxa de condomínio, como exeção - propi terrendi; só é sujeito da obrigação quando era dono obrigação com eficácia real - em virtude de uma situação obrigacional surge um dever real; como o direito de preferencia AUTONOMIA DE FUNÇÃO SOCIAL - boa parte das obrigações surgem de situações negociais marcadas pela autonomia de vontade das partes; autonomia importante, mas não é a única coisa A redação do texto de lei atual limitou a atuação da função social na prestação de obrigação; muito utilizado para conter abusos. Boa fé e função social “limitam a autonomia” em prol de configurar o negócio jurídico de forma adequada FONTES DAS OBRIGAÇÕES: No direito romano começa com uma ideia bipartida, dos contractos e delito. A obrigação pode surgir de contratos ou de delitos/atos ilícitos. Criaram uma terceira teoria de varias causas por figurae, e depois uma quartateoria como contrato quase contrato (atos negociais/ de vontade que não seriam contrato) e delito quase delito (faltava a intencionalidade). Essa classificação sofre acréscimo com o CC Napoleônico, levando a lei como fonte direta das obrigações. No direito brasileiro nunca houve uma enumeração das fontes das obrigações, de modo que essa função ficou para a doutrina. Fernando Noronha diz que lei não é fonte, visto que a lei por si só não gera nenhuma obrigação. Assim, as fontes das obrigações são os fatos jurídicos, partindo dos efeitos de um fato jurídico (separa os conjuntos de normas que regulamento determinados tipos de obrigações, como negociais, indenizativos e enriquecimento sem causa) Só usa o enriquecimento sem causa se o fato não se encaixar nas outras categorias, como um tipo de exceção CLASSIFICAÇÃO: Quanto ao objeto: a) Dar, fazer, não fazer (critério quanto a natureza da obrigação) Dar e fazer – ação Não fazer – inação b) Simples, cumulativas e alternativas (diz respeito a quantidade de prestações) Simples – apenas uma Cumulativa – mais de uma e todas devem ser cumpridas Alternativa – mais de uma que se colocam como possibilidade de adimplemento Facultativas c) Divisíveis e indivisíveis (divisibilidade do objeto da prestação) Divisíveis - dinheiro sempre vai ser divisível; considera a obrigação dividida em tantas obrigações quanto sejam os devedores Indivisíveis- não há como fracionar o objeto da prestação, exemplo de carros Quanto aos sujeitos: a) Únicas e múltiplas (quantos sujeitos têm) Única – a obrigação tem apenas um sujeito; relação de um credor e um devedor Múltipla (como pré- requisito para a obrigação solidária) – a obrigação tem mais de um sujeito, mais de um devedor b) Solidária e não solidária (modifica como se dá a relação entre os sujeitos) Solidária – qualquer um dos devedores pode adimplir com a obrigação sozinho ou em conjunto Não solidária Quanto a liquidez: a) Líquidas ou ilíquidas Líquida – o conteúdo da prestação já está determinado Ilíquida – o conteúdo ainda não está completamente definido, de modo que depende de um evento posterior para chegar ao conteúdo da obrigação Quanto ao conteúdo do adimplemento: a) Meio ou resultado Meio – basta que o sujeito tenha agido da maneira adequada para tentar atingir o resultado almejado, visto que alcançar esse resultado não depende diretamente dele Resultado – independente do meio o sujeito é responsável por alcançar o resultado previsto, sempre de maneira lícita Quanto à eficácia: a) Simples (ou puras), condicionais, modais e a termo Simples – a prestação da obrigação não está relacionada à condição, termo ou encargo; não há nada modificando a eficácia, já podendo ser exigida desde a firmação do negócio jurídico Condicional, modais e a termo – ligado a condição termo e encargo Reciprocamente consideradas: a) Principais e acessórias (mesma lógica de bens principais e acessórios) Principais- Acessórias – depende de uma obrigação anterior principal para poder ser exigida Quanto à exigibilidade: a) Civis e naturais Civis- o credor, pode solicitar judicialmente a ação de execução para exigir o adimplemento da obrigação Naturais – aquelas em que o ordenamento reconhece o dever, mas não reconhece a obrigatoriedade; exemplo das apostas QUESTÕES: 1 - João se obrigou a dar para Carla seu veículo placa ABC 1234 ou pagar cinquenta mil reais. Quanto ao objeto, verificamos o “dar”, pois João se abriga a dar algo para Carla; Possuindo caráter alternativo, pois há a opção entre um ou outro objeto; Dependendo da escolha de Carla, a obrigação pode ser divisível (o valor de cinquenta mil reais) ou indivisível (o veículo); Quanto ao sujeito, considera-se a obrigação como única devido a um único devedor, que seria João e uma credora, Carla. Sendo assim, não solidária, uma vez que João cumpre sozinho com a obrigação Ao dar o carro ou os 50 mil, entende-se a obrigação como Ilíquida devido a determinação expressa do objeto da prestação Entende-se como obrigação pelo resultado, visto que João, independente da maneira que agir, se obriga a dar o carro ou os 50 mil à Carla é uma obrigação simples, pois não se encaixa nas situações de condição, termo e encargo é uma obrigação principal, visto que não depende de nenhuma outra obrigação prévia para ser adimplida É obrigação civil porque Carla pode solicitar, mediante ação judicial, o adimplemento da obrigação para receber o carro ou os 50 mil 2 -Gustavo apostou com Márcio que se um dia o Vitória for campeão brasileiro da série A lhe pagará um milhão de reais. Dar não solidária principal simples líquido condicional divisível resultado natural única 3 - Fernando, advogado, foi contratado para dar um parecer sobre determinado caso. Fazer simples não solidária principal indivisível líquido simples única resultado civil 4 - Criou-se uma obrigação em que Joana e Cláudia ficaram obrigadas a pagar quatrocentos reais, podendo o credor exigir o valor integral de qualquer delas. Dar solidária principal simples líquido múltipla QUSTÕES (01/09) 01. O sujeito tinha a obrigação de dar coisa certa, devido a venda que foi efetuada. No entanto, em razão do furto este não assume obrigação de restituir o “novo dono”, visto que o prejuízo fica para o vendedor, mas, para evitar o enriquecimento sem causa o valor recebido previamente deve ser resolvido. Obrigação se resolve porque não há culpa Obrigação de dar coisa certa propriamente dita. Sendo um bem móvel ele só se transmite a partir da tradição. Obrigação de dar coisa certa – o objeto da prestação está determinado em concreto (“este computador”; “carro com placa x”) Obrigação de dar coisa certa pode ser tanto propriamente dita ou de restituir Se houver culpa no inadimplemento da obrigação o prejuízo fica para o culpado, no entanto se não houver culpa o dono que arca com o prejuízo sem necessidade de o devedor restituir o bem/ pagar indenização 02. O sujeito tinha a obrigação de entregar o notebook que pegou emprestado, dar coisa certa, mas, devido ao roubo se considera a obrigação resolvida. Assim, o credor assume o prejuízo, já que não houve culpa do devedor Não tem culpa – obrigação se resolve, o dono assume o prejuízo, sem necessidade de indenização por parte do devedor 03. O sujeito tinha a obrigação de dar coisa incerta, já que mesmo determinado o tipo de máscara esta colocação foi genérica (objeto determinado em abstrato), sem restringir exatamente quais seriam. Assim, poderiam ser quaisquer 10 máscaras PFF2. No entanto, devido ao furto em sua residência, considera-se que a obrigação se mantém, embora não haja culpa o devedor deve assumir o prejuízo Não se fala em perda – na obrigação da coisa incerta se parte da premissa que o gênero não perece. Então como a coisa só está definida em abstrato não cabe falar de perda e nem em deterioramento da coisa 04. Embora tenha sido roubado a obrigação do sujeito em relação ao seu credor não muda, mantendo o débito de 1000 reais. Assim, esse segue tendo a obrigação pecuniária Devedor não tem culpa do rouba, mas sua obrigação se mantém Na obrigação pecuniária não se fala em perda, assim como na obrigação de dar coisa incerta Classificações das obrigações de dar: A) Dar coisa certa: o objeto está determinado em concreto; o acessório acompanha o principal, assim, mesmo que silenciado o acessório acompanha Se tem perfeitamente, concretamente, individualizada a coisa a ser entregue 1- Propriamente dita – o devedor como o proprietário da coisa Perda: quando se perde a coisa; como qualquersituação que impossibilite totalmente o cumprimento da prestação. Só se fala em perda para as obrigações de dar coisa certa propriamente dita (Art.234, CC) Perda sem culpa: antes da tradição ou pendente da condição suspensiva fica resolvida a obrigação para ambas as partes *lembrar das contraprestações; enriquecimento sem cuasa Perda resultante de culpa: o culpado responde pelo equivalente (valor pecuniário daquele bem) além de perdas e danos (indenização para compensar/amparar o dano que aquele sujeito sofreu) Sempre que tem culpa há a discussão sobre o pagamento de perdas e danos; a solução para a perda com culpa sempre será a mesma para todos os tipos de obrigação de dar 2- De restituir (Art.238): Deterioração: quando a coisa ainda existe, mas sofreu um dano que faz ela perder seu valor; deixa de ser a coisa que foi pactuada no início Na propriamente dita – Art.235 e 236 Sem culpa há o abatimento ou o dono assume o prejuízo (art.235); cobra o valor abatido Com culpa (art.236) – paga o equivalente com perdas e danos; o culpado arca com mais prejuízos; o credor pode solicitar a coisa mesmo deteriorada além das perdas e danos Se a coisa “melhorou” – Art.237 Para a obrigação de dar propriamente dita: Os frutos percebidos antes do momento em que a coisa tem que ser entregue ficam para o credor, mas, se for posterior fica para o comprador Enquanto na obrigação de dar de restituir: Analisa se o devedor empregou trabalho ou dispêndio (o sujeito tem direito a ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis, e caso o credor quiser manter as voluptuárias este paga também, há também o direito de retenção que seria manter o bem até ser indenizado pelo credor; no entanto se o possuidor age de má-fé tem direito a indenização pela benfeitoria necessária) ou se aconteceu de maneira “natural” (o benefício vai para o credor/vendedor) Sobre os frutos – possuidor de má fé é obrigado a indenizar o dono pelos frutos percebidos e não percebidos O de boa fé – igual B) Dar coisa incerta Escolha como ponto central Na obrigação de dar coisa incerta há apenas a especificação do “gênero e quantidade” do objeto da prestação. Sabe-se, assim, qual é a prestação a ser cumprida, mas de forma abstrata, sem a individualização da coisa a ser entregue (há um universo de várias coisas correspondentes àquele gênero ao qual pertence) Se escolhe a coisa, na específica prestação – Pontes Miranda afirma que seria uma escolha interna Entende-se que o objeto da prestação ainda não foi trazido para o concreto; tem-se sua determinação em abstrato a partir da indicação de seus gênero e quantidade Não se fala em perda ou deterioração da coisa incerta antes de realizada a escolha (genus non perit – gênero não perece) Art. 246 CC, visto que há a possibilidade de sua substituição por outra, em perfeito estado, para atender ao interesse do credor Como já pontuava Pothier: “o prejuízo ocasionado pela perda das coisas desse gênero, ocorrida depois da obrigação assumida, não recai sobre o credor; porque as coisas que perecem não são as que lhe são devidas, bastando, portanto, subsistir obrigação subsista” uma delas, seja em que parte for, para que a obrigação subsista. O risco, portanto, estaria sempre a cargo do devedor. A perda pode ser: a) Sem culpa do devedor – mesmo a perda sem culpa do devedor não resolve a obrigação, de modo que o devedor deve pagar por perdas e danos ao credor No entanto, podem haver situações em que pode haver o perecimento (ou quase) do gênero da prestação em questão que leva a resolução da obrigação sem a responsabilização do devedor. Comum em casos que, embora seja obrigação de dar coisa incerta a perda leva a impossibilidade de adimplemento da prestação, pois não haveria outra coisa daquele gênero e quantidade para substituir (desde um perecimento substancial até um perecimento absoluto) b) Culposa (com culpa do devedor) Para que se chegue na coisa em concreto é necessário que seja realizada a escolha. Escolha como o ato de individualização da coisa, sua concretização – sai do abstrato e se concretiza/diferencia para o cumprimento da obrigação. Em regra, a escolha é realizada pelo devedor (mediae aestimationis – “qualidade média” do objeto escolhido) A lógica da escolha não deve ser analisada apenas com base no texto legal, mas também em consonância com os ditames da boa-fé objetiva, ligada a expectativa legítima e o seu atendimento dentro do padrão ideal de conduta – o objeto deve corresponder aos elementos determinados, mesmo que postos de maneira genérica (Art.244 “não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor”). Entregar a coisa abaixo da média significa descumprir a obrigação; a escolha se guiaria pela regra do meio-termo (mediae aestimationis) O credor não pode exigir receber o melhor das coisas, apenas não o pior ou seus similares, ou seja, o credor só pode exigir a qualidade média do gênero. A lógica da escolha está ligada não apenas ao que é determinado pela lei, mas, também, pelo que se espera a partir da boa- fé objetiva – delimitando a expectativa legítima e o seu atendimento dentro do padrão ideal de conduta Quando, as partes decidem deferir o poder de escolha ao credor, acredita-se que ele pode sim escolher o melhor das coisas. Posto que não fariam esse acordo se a intenção não fosse beneficiar o próprio credor; questão relacionada ao uso e aos bons costumes que levam a legítima expectativa do credor em receber o melhor das coisas, em conformidade com a boa-fé objetiva Conclui-se, assim, quanto a esta questão, que, em regra, quando for a escolha deferida ao credor ele não estará adstrito a escolher de acordo com a regra do meio-termo. Apenas se houver outra cláusula contratual que determine isso A prestação da obrigação de dar coisa incerta pode vim tanto de um “universo geral” como de um “universo específico” determinado pelo credor, o qual traz certo grau de concretização e limitação em relação à generalidade ainda mais abstrata do anterior. Assim, a regra do meio termo aplicada à escolha do devedor está diretamente ligada ao universo da coisa da prestação indicada no momento em que o contrato é firmado. Embora a escolha individualize a coisa, esta está ligada apenas ao devedor de modo que continua se aplicando as condições da obrigação de dar coisa incerta. Assim, para que se converta para a obrigação de dar coisa certa é necessária a cientificação do credor, Art.245. Entende-se como cientificação do credor o ato do devedor de, além de comunicar qual a coisa escolhida, apresentar critérios e elementos suficientes para que o credor também consiga distinguir a coisa escolhida de outras da mesma espécie. c) Obrigação pecuniária Categoria não se encontra descrita no Código Civil de 2002, embora se apresente em toda a sistemática obrigacional; faz parte da obrigação de dar, embora se reconheça como categoria autônoma A prestação devida é a transferência de determinado valor monetário – extremamente comum em praticamente todas as relações obrigações; dinheiro como moeda de troca O credor quer o dinheiro não para dar um uso direto à cédula, mas sim pelo valor que ela representa (não tem valor enquanto coisa, valor atribuído diferente das outras coisa que têm valor em si); não se confunde com a obrigação de dar – dinheiro funciona como suporte para o valor que lhe é atribuído, não há concretude da coisa Como a coisa não importa não pode ser comparada a escolha certa A perda ou deterioração da coisa correrá sempre por conta do devedor, até o efetivo adimplemento No adimplemento das prestações pecuniárias a tradição é vista como elemento acidental, não essencial Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente epelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes. Aplica-se o nominalismo, ou seja, o adimplemento das obrigações pecuniárias se dará levando em consideração o valor nominal e não o valor funcional do débito. Favorecendo o devedor, de modo que se houver baixa no valor funcional este prejuízo recai sobre o credor. Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas. Este artigo relativiza o que foi determinado no anterior. Dessa forma, vigora também o valorismo no ordenamento brasileiro, pelo qual se estabelece a correção do valor devido, para que até o momento do pagamento seja mentido o seu valor real, ou seja, funcional. A medida do art.316 visa garantir o equilíbrio contratual, permitindo a criação de cláusula pelas partes que autorize modificação do valor devido quando ocorra fato que altere tal equilíbrio Correção monetária para atualização do valor – todo aumento no valor da prestação, ainda que para a manutenção do seu valor funcional ou real, modifica seu valor nominal, lavando o aumento da prestação devida e exceção ao nominalismo Evento externo inesperado ou com efeitos inesperados também autoriza o aumento da prestação – embora os efeitos sejam inesperados a previsão do aumento deve ter sido estipulada anteriormente pelas partes Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial. É uma medida de proteção da moeda nacional, vedando a realização de pagamentos em ouro ou em moeda estrangeira; fixa o curso forçado da moeda nacional. Impedindo seu desprezo e desvalorização frente as moedas estrangeiras A regra do uso forçado não é absoluta É necessário um processo de execução específico d) Obrigações de fazer e não fazer DE FAZER: Art.247-249 A obrigação de fazer envolve uma conduta como uma obrigação de dar, no entanto não há a transmissão da coisa; observação o núcleo da obrigação A obrigação de fazer pode ser: • Fungível – o que importa é que tão somente seja feito independente de quem • Infungível (personalíssima) – a obrigação foi criada levando em conta não somente o que tem que ser feito, mas também quem deve fazer Para o adimplemento dessa obrigação aquele sujeito específico deve fazer a prestação A razão da contratação/criação da obrigação passa por aquele sujeito que vá desempenhar Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível. Ligada a obrigação de fazer infungível; obrigação que somente aquele sujeito pode adimplir O sujeito fica obrigado a pagar perdas e danos Mesmo na obrigação de dar infungível se busca adimplir a obrigação, a tutela específica seja provida ao invés de ir diretamente para as perdas e danos A tutela específica conseguida não anula a possibilidade de haver, também, as perdas e danos Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. Ligado a obrigação de fazer fungível, de modo que o credor pode substituir o sujeito que vai adimplir a obrigação de modo que o devedor fica obrigado a custear a execução do fato, sempre determinado anteriormente por autorização judicial DE NÃO FAZER: Qualquer cláusula de exclusividade traz consigo uma obrigação de não fazer O dever de sigilo também é uma obrigação de não fazer; cláusulas de não concorrência Normalmente apresentam maior extensão temporal Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. Se não der pra ser desfeito, o que resta é pagar perdas e danos e eventualmente tentar evitar a ampliação do dano sofrido, aumentando seus efeitos ou perdurando no tempo. Sendo possível desfazer não impede, também, o pagamento de perdas e danos e) Obrigação alternativa Há pelo menos duas prestações possíveis e pelo menos uma delas deve ser adimplida A obrigação acumulativa e simples funcionam da mesma forma, de modo que toda a prestação deve ser cumprida, em conjunto ou de maneira isolada A obrigação pode ser, ao mesmo tempo, alternativa e acumulativa Na obrigação alternativa a escolha está relacionada a prestação, enquanto na obrigação de dar coisa incerta o sujeito escolhe dentro do universo das coisas. O direito de escolha cabe ao devedor e todas as alternativas têm o mesmo valor liberatório, não haveria porque discutir qual prestação seria melhor ou pior, pouco importando o valor econômico; não se aplica a regra da escolha da coisa incerta Sobre a escolha na obrigação alternativa: - embora a escolha seja do devedor, este não pode obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra, visto que isso implicaria na criação de uma nova prestação não prevista pelas partes - na obrigação alternativa de prestação periódica, como o pagamento de um aluguel, a cada novo momento de pagamento se renova, também, o direito de escolha - quando se tem a pluralidade de optantes, como em casos de que há vários devedores, a escolha tem que ser uninânime - quando a escolha deve ser realizada por terceiro e este não fizer o direito de escolha volta para os sujeitos que devem decidir conjuntamente - se impossibilita as duas alternativas sem culpa do devedor se resolve a obrigação - quando se impossibilita uma sem culpa do devedor este é obrigado a adimplir a outra alternativa, independente se a escolha foi do credor ou do devedor - quando se impossibilita uma alternativa com culpa e ainda subsiste a outra cabe ao devedor adimplir a outra prestação - se for de escolha do credor e este escolheu a prestação que se perdeu por culpa do devedor este paga por perdas e danos e, se assim acordado, adimple a outra prestação. No entanto, se o credor escolhe a subsistente não há perdas e danos - quando se impossibilita uma prestação por culpa se acumula o adimplemento na subsistente, deixa de ser alternativa - quando há culpa no descumprimento da obrigação, por analogia o devedor é obrigado a pagar por perdas e danos aquela que por último se impossibilitou FACULTATIVA- quando a obrigação é criada não há alternatividade de escolha do sujeito. Lei determina que o sujeito tem a opção de ao invés de adimplir a prestação que deve se liberar dessa prestação por uma outra conduta Art.1234 Questões: Fernanda é credora de um notebook a ser entregue por Guilherme e Lara. Juliana é credora de mil reais de Fellipe e Carlos, devedores solidários. Partindo das duas situações acima: a) analise como deve se dar o pagamento e a diferença dos fundamentos. No caso de Fernanda o pagamento pode serrealizado tanto por Guilherme como por Lara visto que o notebook é um bem indivisível, assim como presente no par. Único do art 259 “O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados”, ou seja aquele que adimpliu a obrigação se torna um novo credor para o outro devedor. Juliana pode tanto cobrar dos dois devedores ou individualmente, pois o bem é divisível. b) caso um dos devedores morra, deixando dois herdeiros, como isso influenciaria no cumprimento da obrigação em cada um dos casos? No caso de Fernanda a morte de um dos devedores obriga o outro a adimplir por completo a obrigação, podendo cobrar a parte dos herdeiros o valor proporcional ao hereditário, visto que o bem é indivisível Caso um devedor morra Obrigação divisível/indivisível – está relacionada a divisibilidade da prestação, de modo que não necessariamente o bem precisa ser indivisível para a prestação ser indivisível. Os bens divisíveis que perdem seu valor com a divisibilidade são considerados como prestações indivisíveis Obrigação divisível: há o fracionamento da obrigação. Trata-se as obrigações distintas para cada devedor correspondente, assim, o adimplemento ou inadimplemento de uma não afeta o da outra – assim, cada um só paga o que é seu, e cobrar a parte respectiva Obrigação indivisível: deve-se cobrar a integralidade da prestação a um dos devedores, que, quando o sujeito paga sozinho, se resolve a obrigação com o credor inicial e o devedor que adimpliu a obrigação se sub-roga no direito do credor do outro devedor (obrigação por sub- rogação) Na multiplicidade de credores a prestação é indivisível, mas eles não são credores do todo, assim, o devedor ao pagar pode reunir os credores e pagar ou pagar a penas um dos credores com a apresentação da caução de ratificação (documento de garantia de confirmação pelos outros credores que autorizam outro a receber em nome deles), de modo que se esse credor age de má-fé o devedor não vai responder por nada Art.261 – o credor que recebe o bem tem que permanecer com ele e dar a cota aos outros credores Extinção- quando um dos credores perdoa a dívida da obrigação indivisível o devedor segue devendo adimplir com a integralidade da prestação, de modo que o credor que vai receber o bem deve devolver ao devedor a parte da obrigação que foi perdoada Confusão: quando o devedor é devedor e credor ao mesmo tempo Remissão: perdão de dívida Impossibilidade do adimplemento da prestação indivisível por culpa a obrigação se torna divisível (Art.263); o culpado arca sozinho com as perdas e danos, mas o adimplemento da prestação que agora é divisível deve ser cumprido pelas partes Solidariedade – ao invés de cada um puder exigir/pagar somente sua parte, o sujeito pode figurar como se fosse credor/devedor do todo. Assim, não existe presunção de solidariedade, só podendo decorrer da lei ou da vontade das partes Art.266 – a obrigação solidária pode criar regramentos que podem funcionar de formas diferentes nos sujeitos; assim o vínculo entre os sujeitos é individual Solidariedade ativa: há pelo menos dois credores e eles podem cobrar o todo, assim, o devedor pode pagar a qualquer um deles Não é necessário a caução de ratificação; assim o único impedimento que o devedor tem de pagar para um dos credores é se houver litígio entre eles Presunção que a divisão é pro rata (dividido em partes iguais) Se houver uma exceção pessoal do devedor para um credor, ele não pode se opor a pagar ao outro credor – devedor não pode opor a uma a exceção pessoal que tem em relação ao outro credor Efeitos da coisa julgada: Art.274 – o julgamento contrário a um dos credores não afeta os outros, mas o julgamento favorável é aproveitado para os outros credores Solidariedade passiva: há pelo menos dois devedores e eles podem pagar a integralidade O pagante sub-roga a posição do credor inicial Renúncia de solidariedade – o credor renuncia a solidariedade de um dos devedores que sai da solidariedade com a sua “parcela de dívida” e se torna devedor “único”; assim, os outros devedores se mantém na solidariedade com o restante do valor da parcela Falecimento do devedor solidário – os herdeiros podem ser cobrados isoladamente ou em conjunto pelo “novo credor”, não se estabelece solidariedade entre os herdeiros do devedor falecido Podem haver novas pactuações entre o credor e os devedores solidários – se tornar a obrigação mais onerosa isso não vai intervir na prestação dos outros credores, no entanto, se for favorável vai ser aproveitado Exceção pessoal é igual ao da solidariedade ativa Grau de inadimplemento – se houver um devedor insolvente, sua parcela será ratiada para todos os devedores, inclusive para aqueles excluídos da solidariedade Dívida de interesse exclusivo: o rateio nem sempre ocorre, visto que um pode ser “mais devedor” que outro no âmbito 2ª UNIDADE - TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES – quando se cria uma obrigação existe a possibilidade de haver a mudança tanto do credor como do devedor Cessão de crédito: Há a alteração de credores; entre o cedente e cessionário sem necessidade da anuência do devedor Em regra, não precisa haver nenhuma clausula na obrigação para que haja a cessão de crédito, em geral se permite, no entanto, há exceções sobre essas cessões do crédito como a própria vontade das partes, proibição expressa da lei, natureza da obrigação Negócio não tem eficácia para os devedores e nem para terceiros, no entanto, para que a eficácia atinja o devedor o processo é diferente. Eficácia para o devedor – o pagamento que vai liberar o devedor é aquele que Assunção de dívida vioe extinção da obrigação, no entanto há situações de adimplemento sem extinção (pagamento com sub- rogação) e extinção sem adimplemento (extinção, transação, confusão, compensação) Natureza jurídica do pagamento: Pagamento como ato fato, já que a vontade das partes não compõe o suporte fático. Não se deve discutir sobre a validade do pagamento, visto que não haveria invalidade para ato fato, apenas se fosse para ato jurídico A anulação de um pagamento, se possível for, em nada afeta o débito anterior. Assim, mesmo desconstituído essa instituição o sujeito segue obrigado a adimplir com essa dívida – “não valerá” Jorge César Ferreira da Silva; para poder falar em pagamento deve haver um débito prévio determinado, que pode ser pago por quem deve ou por outra pessoa Para o credor há a satisfação objetiva, visto que há o adimplemento do crédito que leva a possível extinção da obrigação e adimplemento Podem haver situações em que não há a satisfação objetiva do credor, do mesmo modo que podem haver pagamentos que não liberem o devedor (comum quando o pagamento é realizado por terceiro como em pagamentos realizados pelo fiador) Ideia da pontualidade (como característica do pagamento): Diz que o pagamento só vai ser satisfatório desde que todos os pontos devem ser cumpridos para que haja efetivamente o adimplemento. Assim, o simples cumprimento da prestação não é por si só suficiente para dizer que a prestação aconteceu; pontualidade no sentido de ponto a ponto (pode ser relacionado aos deveres anexos) Discussão sobre se pode afirmar que o devedor tem o direito de pagar.. – Entende-se que o devedor tem o direito de se liberar da dívida, pois ele não pode ficar preso a obrigação por mero arbítrio do credor que se recusa à receber o pagamento Três sujeitos em posições distintas que podem realizar o pagamento: os terceiros que não são parte do negócio jurídico, mas podem realizam o pagamento. O terceiro pode ser interessado ou não, a partir dos efeitos jurídicos decorrentes do pagamento da dívida O interesse em relação ao pagamento realizado por terceiro é uminteresse jurídico, observando se essa relação tem algum impacto jurídico sobre o terceiro. Fiador pagando a dívida do devedor é terceiro interessado, enquanto um pai que paga a dívida do filho é terceiro não interessado. Tudo o que o devedor pode fazer para realizar o pagamento o terceiro interessado também pode quando o terceiro interessado realiza o pagamento da dívida a obrigação não se extingue, pagamento por sub rogação Já quando o pagamento é realizado pelo terceiro não interessado ele pode ser realizado de duas maneiras: a) em nome e na conta da devedora – extingue a obrigação e o terceiro não pode cobrar nada da devedora b) em nome e na conta de terceiro – extingue a obrigação e o terceiro pode cobrar da devedora; surge uma nova obrigação em que se mantém apenas o prazo da obrigação original Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação. O sujeito não comunicou que ia pagar ou comunicou e o devedor não “deixou” – o terceiro que pagou não pode cobrar nada do devedor; O terceiro não pode cobrar nada do devedor visto que esse tinha como impedir a cobrança do credor, assim o terceiro não pode cobrar aquilo que nem o credor inicial poderia Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. Exemplo: só vende um imóvel aquele que tem legitimidade para realizar tal ato; assim só tem eficácia o pagamento/venda do imóvel que foi feito pela pessoa que podia vender Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. Necessariamente é uma obrigação de dar, excluindo a de restituir. É um pagamento que traz em si um outro fato jurídico que é a alienação da propriedade – discussão sobre a legitimidade dessa alienação Proteção do parágrafo único só se dá para o sujeito se este estiver de boa fe Daqueles a quem se deve pagar – credores (polo ativo) O representante do credor tem o poder de receber e dar quitação de modo que se o devedor pagar a ele se livra da obrigação. Há situações em que só se extingue a obrigação se o pagamento for realizado para o representante do credor, pois o credor estaria impedido/impossibilitado de dar quitação à dívida Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu. Pagamento feito ao credor putativo – teoria da aparência somado à boa fé objetiva; o devedor é liberado de modo que o credor verdadeiro pode cobrar/acertar as contas apenas com o credor putativo O pagamento realizado ao portador da quitação também libera o devedor, independe deste sujeito ser efetivamente o credor ou não só vai liberar o devedor provar que o pagamento foi revertido em benefício do credor Exemplo: pai que da o valor da pensão ao filho que gastou todo no cinema em vez, desse modo o pai tem de realizar o pagamento da pensão novamente O incapaz pode titularizar direitos de ser credor, mas não tem o poder de dar quitação do pagamento Penhora- quando o devedor paga ao credor sabendo que os bens do credor já foram empenhados, o certo é que o devedor deposite em juízo – se ele pagar diretamente é capaz que ele seja obrigado a realizar o pagamento novamente (Art.312) LUGAR E TEMPO DO PAGAMENTO A regra geral é que o local do pagamento é o domicílio do devedor – ônus para o credor; obrigação quesível caso não tenham convencionado o lugar (obrigação quesível como regra geral) Quando o local de pagamento é no domicílio do credor – obrigação portável O local do pagamento também pode ser convencionado pelas partes, ou imposta por lei. Se as partes escolherem dois ou mais lugares, cabe ao credor decidir qual será o local do pagamento Saber o local do pagamento importa para saber quem está inadimplente; se as partes convencionam o pagamento no shopping e nenhum vai ao local, entende-se que há um tu quoque, de modo que nenhuma das partes pode alegar o inadimplemento da outra. Mas se um foi e o outro não, aquele que não foi estará inadimplente Art.328; Motivo grave libera as pessoas de realizarem o pagamento no local correto Art.330; supressio e surrectio - razoabilidade do pagamento reinterado Tempo do pagamento: Art.331-333 Em regra a obrigação tem exigibilidade imediata O vencimento convencionado só pode ser estabelecido a partir do momento em que a obrigação seja criada Termo como o limite de modo que o devedor pode pagar a qualquer momento até a definição do termo Obrigação condicional – paga se ocorrer o evento futuro e incerto; Art.332 o credor deve avisar que a condição aconteceu Obrigação com termo – se estabelece uma data de vencimento; um prazo que não pode ser exigido antes da data estabelecida Obrigação com termo neutro – quando o termo estabelecido é o momento exato que ele deve acontecer Cobrança antecipada x Vencimento antecipado O vencimento antecipado significa que o devedor está inadimplente, enquanto a cobrança antecipada o devedor não está inadimplente, de modo que ainda está dentro do prazo convencionado no momento de criação da obrigação do pagamento Se o credor vai atrás do pagamento antes da data estipulada – cobrança antecipada Art.333 – o credor tem direito de cobrar a dívida antes do vencimento; casos em que o credor pode fazer a cobrança Se houver solidariedade passiva um dos devedores estiver em uma das situações do art.333, os outros devedores não podem ser prejudicados Objeto do pagamento e sua prova – Arts. 313 até 326 Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa Identidade do objeto do pagamento; objeto não é formado pelo valor, mas sim pela prestação determinada. O inverso também se aplica, o devedor não pode ser obrigado a adimplir com uma prestação diferente da determinada, ainda que menos valiosa Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. Indivisibilidade do pagamento; a regra geral é que o pagamento se dá em um único ato Arts.315 e 318 – ligados à obrigação pecuniária. Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes. Trata sobre o nominalismo e o curso forçado; na obrigação pecuniária o valor devido é o valor nominal (nominalismo) e as dívidas pecuniárias no Brasil devem ser pagas na moeda corrente, não podendo ser realizada em ouro ou moedas estrangeiras (curso forçado da moeda nacional) O nominalismo tem uma espécie de exceção (Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.) gera um mecanismo de realização de contratos com períodos mais longos – nominalismo é algo pensado inicialmente em proteção ao devedor (inflação ligada ao valor nominal), mas não se quer criar situações que prejudiquem tanto o credor Art.316 como cláusula de escala móvel; no momento em que cria o contrato já se coloca uma clausula indicando o reajuste a ser feito - não rompe com o nominalismo, mas da uma certa flexibilidade Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. Traz a possibilidade de revisão daquilo que é devido; artigo pensado para a obrigação pecuniária Decisões judiciaiscitam esse art junto aos 478-480 (ligados à resolução de contratos por onerosidade excessiva). A intenção é atender as expectativas relacionadas ao momento em que o contrato foi realizado; deve ser pensado pela lógica da exceção – regramento para que o sujeito busque a modificação diante de uma situação atípica (teoria da imprevisão – motivos imprevisíveis) Teoria da imprevisão/onerosidade excessiva – pode rever o contrato realizado diante de uma situação atípica Requisitos: a) tem que ser um fato que saia do ordinário; motivos imprevisíveis. Ideia de fortuito interno e externo exemplo de compra e venda de safra futura – vende uma safra que ainda não tinha e no momento de receber o pagamento o valor da safra foi valorizado (vende por x e quer cobrar depois por 2x) b) desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o momento de sua execução diferente da figura da lesão, a desproporção na lesão é uma desproporção originária, enquanto nesses casos surge uma desproporção posterior Regra geral sobre a despesa do pagamento: Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida. Se for por culpa do credor ele responde pelas despesas Art. 326. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução. – Comum em situações de medidas de “lotes de terra” que o valor pode variar de acordo com as regiões no país, mas pode ser convencionado entre as partes PROVA DO PAGAMENTO Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. Quitação como do direito do devedor em receber, pois é a comprovação de que ele está livre da dívida; quitação stricto sensu (agente capaz e livre manifestação de vontade) de modo que a pessoa deve ser capaz para poder emitir a quitação Presunção do pagamento: em regra a quitação é a prova do pagamento, mas ainda sem a quitação o pagamento pode ser identificado como pago (juris tantum) a) quanto as cotas periódicas: quando o credor emite, sem ressalvas, a quitação da ultima parcela sem ter dado a quitação das anteriores (Art.322 – como contas de luz) b) quanto ao capital e juros: quando o devedor paga o capital e o credor gera a quitação, de modo que se entende que os juros também foram pagos independente de não constarem na quitação; juros vão se presumir pagos (Art.323) c) entrega da quitação: com a entrega da quitação se presume que houve o pagamento da dívida, havendo um prazo de 60 dias para se recorrer sobre a entrega da quitação, de modo que passando desse prazo a presunção absoluta do pagamento (Art.324) Situações atípicas de adimplemento: Objeto do pagamento - a) pagamento em consignação: por alguma das causas previstas o sujeito não consegue fazer o pagamento ao credor e a lei autoriza que ele faça um depósito da coisa (ao invés de pagar ao credor faz o depósito em juízo ou depósito bancário) somente para obrigações de dar o pagamento em consignação tem o mesmo valor liberatório do que como se tivesse pago ao credor; se for feito pelo poder judicial se faz uma consignação em pagamento o pagamento em consignação normalmente ocorre por iniciativa do devedor, mas pode ser solicitado pelo credor em uma situação específica quem arca com as despesas da ação, custos é “quem está errado” – pode ser tanto o devedor visto como inadimplente ou o credor o código não afasta a escolha do credor para que ele escolha a coisa, como em casos de dar coisa certa alternativa possibilidade de levantamento do depósito – lei permite que o devedor “pegue de volta” a coisa que ele depositou em juízo, voltando a ser inadimplente. Quanto mais para frente na ação, mas difícil do devedor conseguir o levantamento. Antes do pronunciamento do credor o devedor é livre para fazer o levantamento; quando o credor se manifesta de qualquer forma, mas ainda não teve a sentença o levantamento do depósito só depende do consentimento do credor, sem necessidade de acolher o consentimento dos co-devedores e fiadores, assim, o credor que aceitou só pode cobrar posteriormente ao devedor que fez o levantamento após a sentença o devedor só consegue realizar o levantamento com o consentimento do credor, co devedores e fiadores Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; (comum em obrigações quesíveis; credor que vai até o devedor) III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; (se o curador do ausente não tiver o poder de receber e dar quitação; só tem poder de administrar os bens) (só tem sentido quando se relaciona às obrigações portáveis; quando o devedor vai até o credor) IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; (como em casos de cessão de crédito e não se sabe quem é o “novo” credor) (situação em que vários sujeitos se apresentam como credores; exemplo: casos de herdeiros de credor falecido – situação em que autoriza o credor a requerer o pagamento em consignação; Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação.) V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. Ação de pagamento por consignação é quando o juiz manda abrir a conta para o credor depositar a obrigação (obrigação de dar ou pecuniária) - se o credor não escolher durante a ação aberta cabe ao devedor escolher Após a abertura da ação o credor pode recorrer, mas cabe ao juiz observar – cabe as despesas do depósito ação aquele que “estava errado” Pode haver o levantamento do depósito, em que o devedor pega a coisa depositada em juízo de volta, em três momentos (Art.338,339,340) b) imputação do pagamento: há duas obrigações ou dois sujeitos obrigados em que as dívidas são líquidas, vencidas e da mesma natureza, sendo fungíveis entre si o devedor realiza o pagamento parcial – momento em que há imputação do pagamento, de modo que o devedor deve indicar qual das dívidas foi paga, pois elas se confundem ex: João deve 500 reais a Maria e depois passou a dever mais 150, depois de um tempo ele paga 200 reais de modo que deve indicar qual das dívidas foi paga. – o credor deve aceitar o pagamento parcial da dívida No entanto, se o devedor for omisso no momento do pagamento o credor que deve indicar qual dívida foi paga no momento em que ele vai dar a quitação. Como no exemplo maria indicaria que a dívida de 150 foi paga e parte da de 500. Se tanto o credor como o devedor se mostram omissos na declaração de qual dívida foi paga (Art.353, 355) Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo. Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar- se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital. - na imputação do pagamento dentro de uma mesma dívida em que há juros, o credor que vai indicar se o pagamento foi sobre os juros ou sobre o capital DAÇÃO - como o credor aceita receber uma prestação diversa da que lhe é devida (Art.356,357) Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida. Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda. Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão Tem a evicção como consequência Art.359 - Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer- seá a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros A obrigação inicial volta ao devedor que entregou coisa em que o dono original reivindicou. Assim, o credor que recebeu prestação diversa da que lhe era devida na dação devolve aquilo que foi recebido de modo que o devedor que já estava livre da obrigação volta a dever a prestação inicial c) pagamento com sub-rogação: é a única situação em que o pagamento não extingue a obrigação, de modo que a obrigação se mantém e todos os direitos e garantias passam para aquele que realizou o pagamento inicial e se sub-rogou nos direitos do credor pagamento por sub rogação legal – opera-se de pleno direito, não dependendo de ato de vontade Só há a sub-rogação naquilo que o sujeito pagou Pode haver uma sub-rogação parcial em que o credor segue se mantendo credor e surge um novo credor sub- rogado, de modo que o credor originário tem preferência em relação ao credor sub-rogação (em situações de insolvência, pois o devedor não teria bens suficientes para realizar o pagamento para ambos os credores) Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: I - do credor que paga a dívida do devedor comum; (não ocorre com tanta frequência) II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. (caso mais comum em que o terceiro interessado paga) pagamento por sub rogação convencional – deriva de um acordo entre as partes Art. 347. A sub-rogação é convencional: I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; (se aplica as regras da cessão de crédito) II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito (a sub rogação vai depender do acordo, devindo vir expresso no momento do emprestímo) Efeitos da sub-rogação: • não extingue a obrigação, de modo que o “novo credor” se sub-roga em todos os direitos do credor inicial. No entanto, na sub-rogação legal a sub- rogação é apenas no valor pago, de modo que eles se tornam co-credores, de modo que o credor originário tem preferência no pagamento • sub-rogação parcial: o sujeito se sub-roga apenas no valor que foi pago; se torna co-credor Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor. Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever. EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO – Questão pratica Novação – Cria-se uma nova obrigação no intuito de extinguir a obrigação anterior, podendo ser objetiva ou subjetiva. Será objetiva se forem mantidos os sujeitos (credor e devedor) em que surge uma nova obrigação alterando apenas a prestação a ser cumprida. No entanto, se for subjetiva ativa ou passiva se alteram os sujeitos Animus novanti A novação subjetiva passiva um terceiro pode procurar o credor sem procurar um devedor primitivo para que se crie uma nova Art. 365 A novação extingue a obrigação por completo, assim se houver devedores solidários só participam da nova obrigação aqueles que participaram da novação, enquanto os outros seriam liberados Compensação – Exceção em que o código permite que a compensação ocorra entre sujeitos que não eram credores e devedores na obrigação inicial. O fiador pode usar o crédito do devedor que a fiança, mesma compensação que o devedor podia fazer o fiador pode fazer também Compensação só pode ocorrer quando as dívidas estão vencidas, no entanto, quando tem um prazo de favor (quando o credor amplia o prazo por liberalidade, não tinha nenhuma obrigação) a compensação pode ocorrer no decorrer desse prazo. Durante a constância do prazo de favor a compensação pode ser realizada Em regra, qualquer obrigação pode ser compensada de modo que ao criar a obrigação não é necessário indicar que a obrigação poderá ser compensada. No entanto, há situações em que o legislador não permite a compensação no art. 373 CC ou então pela própria vontade das partes Compensação com imputação - Confusão – Art.383; a extinção se da somente na parte do crédito ou da dívida daquele sujeito (confusão parcial se mantem a obrigação para as partes solidárias) Remissão – perdão de dívida a) total; parcial b) expressa; tácita ou presumida QUESTÃO João é dono da fazenda Rancho Feliz e é credor de 30 vacas leiteiras de Maria, no entanto na data no pagamento Maria deu para João apenas 15 vacas e prontamente recebeu a quitação (total da obrigação). Há extinção de obrigação nesse caso? Se sim, justifique indicando qual espécie foi utilizada. Inadimplemento: absoluto; relativo; violação positiva Há inadimplemento absoluto quando a obrigação não foi cumprida e nem vai ser tanto porque a prestação se tornou impossível (como em casos perda) ou deixou de ter utilidade pra o credor (pode ser um inadimplemento absoluto ou relativo) a) relativo – o pagamento não aconteceu, mas ainda pode acontecer visto que há utilidade para o credor receber essa prestação, podendo consertar as questões relacionadas à forma comum em obrigações pecuniárias – exemplo: mora (violação negativa em que a prestação principal não foi cumprida) o clapresenta um caráter transitório, de modo que a obrigação pode ser cumprida ou tornar o inadimplemento absoluto b) absoluto – o pagamento não aconteceu e a prestação perde utilidade para o credor c) violação positiva do contrato – não tem previsão expressa no código civil; apresenta um espectro limitado a prestação principal foi cumprida, mas há algo de errado Exemplo: casos de descumprimento dos deveres anexos d) inadimplemento total – não pagou nada; critério quantitativo e) inadimplemento parcial – não pagou uma parte; critério quantitativo Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. – Consequência do inadimplemento absoluto Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. – Todos os bens que possam responder (atenção aos bens impenhoráveis) Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quemnão favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. Quando é um contrato oneroso a regra é que quem for o culpado responde, mas nos benéficos o legislador buscar trazer algum estímulo a parte que não se beneficia, assim este só responde por dolo, enquanto a parte beneficiada responde por simples culpa Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar ou impedir. Nesse momento o legislador tratou caso fortuito e força maior tendo a mesma consequência partindo de uma mesma situação, mas na doutrina há certa diferenciação entre eles. Assim, o devedor não vai responder pelo prejuízo, a não ser que esteja determinado contratualmente que não haverá a liberação do devedor por casos de fortuito ou força maior (deve-se analisar em que contexto essa cláusula foi criada, pois desequilibra a regra geral da responsabilidade) Mora também chamada de inadimplemento relativo Ocorre quando o pagamento não ocorre no lugar, forma ou tempo determinados. Pode ser mora tanto do devedor quanto do credor, em que, na maioria das partes não depende de nenhuma atividade da outra parte. Ex persona – quando o credor vai cobrar ao devedor (como livro emprestado sem prazo) Ex ré – o devedor se torna inadimplente automaticamente (como atraso de pagamento de boleto) Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. – Como na mora ainda há a possibilidade de o devedor cumprir com a prestação vai se adimplir a prestação e pagar os prejuízos decorrentes da mora Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. – Se o devedor já estiver em mora a regra é que o devedor não pode alegar caso fortuito ou de força maior, assim o devedor perde o direito de liberação da obrigação Consequências da mora do credor: Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá- la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação – como se fosse uma norma espelho do art.399, assim, se o credor está em mora o devedor só responde se agir dolosamente e o credor deve arcar com as despesas para conservar a prestação. Além disso, se houver alguma oscilação do preço, o preço a ser pago pelo credor é aquele mais favorável ao devedor Mora como um estado transitório, de modo que a purgação da mora pode acorrer tanto pelo inadimplemento absoluto ou adimplir com a obrigação Art. 401. Purga-se a mora: I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta; II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data. CONSEQUÊNCIAS DO INADIMPLENTO: Questão 01 – perdas e danos e cláusula penal Num contrato foi fixada cláusula penal moratória no montante de 2mil reais, posteriormente houve inadimplemento absoluto por parte do devedor, que causou ao credor prejuízo de 5mil reais. Como se resolve a questão indenizatória nesse caso? Na clausula penal moratória o credor pode exigir a satisfação da pena juntamente com o desempenho da obrigação principal. (Art.411) O normal é que a cláusula penal seja uma pré liquidação das perdas e danos, havendo vantagens (por ser independente de prova de prejuízo) e desvantagens (normalmente não se cumula o valor fixado da cláusula com as perdas e danos, mas pode ser convencionado o valor como mínimo de indenização enquanto o restante de perdas e danos deveria ser provado, chamada de cláusula penal cumulativa que pode ser compensatória ou moratória) Se fosse uma cláusula penal compensatória o devedor deveria pagar apenas os 2 mil reais – cláusula ligada ao inadimplemento relativo Resposta – Tendo em vista que houve o inadimplemento absoluto não há mora, assim, a cláusula penal moratória não se aplica. Dessa forma, o devedor responde apenas por perdas e danos, ou seja, os 5 mil reais de prejuízo Perdas e danos independem do acordo entre as partes, enquanto a cláusula penal deve ser convencionada pelas partes. No entanto, o valor por perdas e danos deve ser provado pelo sujeito para que possa receber o valor “gasto”, enquanto o valor fixado na cláusula penal vai ser pago independe da prova do prejuízo do sujeito, de modo que basta provar o inadimplemento da obrigação Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal Limitação trazida pelo código, principalmente ligada a cláusula penal compensatória. Enquanto o valor das moratórias se liga aos usos e costumes e leis espaças Na obrigação divisível (Art.415) – cada devedor vai responder pela sua parte Na obrigação indivisível (Art.414) – se todos os devedores foram culpados pelo o inadimplemento qualquer um deles pode ser responsabilizado integralmente pela cláusula penal. No entanto, se somente um dos devedores for o culpado o credor pode cobrar tanto do culpado como dos não culpados um valor referente a quota de cada um de modo que os não culpados podem “cobrar” a sua quota o codevedor culpado Perdas e danos estão mais ligados a questões de inadimplemento de uma obrigação que gerou danos patrimoniais. No entanto, o descumprimento de um contrato pode gerar, além de danos patrimoniais, danos extrapatrimoniais. Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. – Que são respectivamente os danos emergentes (aquilo que o sujeito efetivamente perdeu) e os lucros cessantes (aquilo que o sujeito razoavelmente deixou de lucrar) A doutrina traz uma terceira questão que seria a “perda de uma chance”, podendo tanto se encaixar no meio patrimonial como extrapatrimonial. Assim, vai se indenizar uma chance que o sujeito já tem/ que já integra o patrimônio do sujeito (ponto de vista patrimonial) – Exemplo: caso do jogo do milhão Punitive damages - defende que o juiz fixe uma indenização que seja maior que o valor do dano, com o intuito de evitar que outras pessoas venham a ter a mesma conduta e até mesmo de punir o sujeito que praticou o ilícito. Exemplo: a montadora de carros. Não há, porém, um entendimento e aplicação uniformizado/ regulamentado sobre o punitive demages Cumulatividade de danos – para MR só haveriam dois meios de danos (patrimoniais ou extrapatrimoniais). Danos estéticos ligado a danos morais que podem se ligar os lucros cessantes Arras – a partir do Art. 417 CC Os sujeitos estão realizando um contrato e uma das partes entrega a outra algo a título de arras. Não necessariamente as arras são da mesma natureza da prestação que é devida Quando o que é dado tem a mesma natureza do que se deve a arras dada é considerada como parte do pagamento (pagou 5mil de arras enquanto devia 10mil). No entanto, se forem de natureza diferentes a coisa que foi entregue funciona apenas como garantia, sendo devolvido ao devedor realizar o pagamento (entregou um notebook, mas devia 10 mil) Se osujeito que deu as arras é o responsável pela não continuidade do adimplemento do contrato ele perde o que foi entregue Se o sujeito que recebeu as arras é o responsável pela não continuidade do contrato, ele deve devolver o valor de recebeu mais o equivalente Arras confirmatórias – não há o direito de arrependimento, de modo que há o inadimplemento em que as arras vão funcionar como o mínimo da indenização e o que exceder paga com perdas e danos Em regra, as arras vão cumular com as perdas e danos Arras penitenciarias – não se presume, de modo que devem vir expresso sua natureza o direito de arrependimento (da ao contratante o direito de desistir do contrato, de modo que não caracteriza o inadimplemento). Tem como única consequência em relação às arras Juros Não se deve confundir os juros com correção monetária, já que simboliza acréscimo no valor (amplia o capital, gerando frutos civis) Pode haver perdas e danos se o sujeito provar que o descumprimento da obrigação pecuniária ultrapassou o valor dos juros O simples atraso leva a aplicação dos juros, independente da prova de prejuízo Juros legais – independem de qualquer pactuação entre as partes Juros convencionais – significa que os juros foram criados por ato de vontade dos envolvidos, foi pactuado entre eles. Mesmo sendo juros convencionais as taxas de juros sempre serão legalmente fixadas (valor máximo determinado por lei) Juros moratórios – juros ligados a qualquer inadimplemento que gerem juros Juros compensatórios – independem de um inadimplemento, como a cobrança de um empréstimo realizado pelo banco e parcelamento de compra no cartão de crédito Cálculo dos juros: juros simples e compostos a) simples: quando os juros são gerados, estes não integralizam o capital para o cálculo de novos juros b) compostos: no momento em que esses juros surgem, estes já passam a integralizar o capital para efeito de cálculo de novos juros Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional Decreto 22626/33 – lei da usura que fixa a taxa de juros de 1% ao mês que não se aplica as instituições do sistema financeiro
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