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Farmacologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ CARBAPENÊMICOS E MONOBACTÂMICOS CARBAPENÊMICOS Descobertos no Japão em 1972 → pesquisas destinadas à identificação de substâncias inibidoras de beta- lactamases • 1976: tienamicina (obtido de culturas do Streptomyces cattleya). Quimicamente muito instável, o que impede o uso clínico. A presença do anel carbapenêmico + anel beta-lactâmico dá a propriedade de agir com elevada potência contra Gram+ e Gram-. Tem grande estabilidade na presença da maioria das beta-lactamases produzidas Não há diferença clínica entre os 3 carbapenêmicos, o efeito é de classe. Mecanismo de ação • Semelhante aos outros beta-lactâmicos. São bactericidas o Ligação às PBPs/PLPs → lise da parede celular por inibição da formação dos peptidoglicanos • Resistência à inativação por beta-lactamases, inclusive as de espectro de ação ampliado (ESBL) • Atravessa com facilidade a parede celular de Gram- • Liga-se a todas as PBPs/PLPs Nefrotoxicidade e inativação renal do imipenem • Imipenem sofre hidrólise por uma dipeptidase renal (DHP-1, presente no túbulo contorcido proximal) ao circular e sofre filtração glomerular → fica inativo e os metabólitos causa lesão • DHP-1 não tem ação sobre penicilinas e cefalosporinas. A administração isolada de imipenem gera nefrotoxicidade, com necrose do túbulo proximal. • Imipenem somente é vendido associado com cilastatina (inibidor da DHP-1). É quimicamente semelhante ao imipenem (não tem ação antimicrobiana, nem antagoniza ou sinergiza a ação do antibiótico) e age por competitividade irreversível, sendo que sua afinidade é 30.000 vezes maior. • Imipenem + cilastatina → bloqueio do metabolismo renal → elevada concentração na urina e eliminação da nefrotoxicidade Farmacocinética • Não são absorvidos por VO • Eliminação renal (somente imipenem tem metabolismo). Meia-vida curta (1h, faz com que se administre em bomba de infusão contínua). • Efeito terapêutico 4-6h (efeito pós-antibiótico, depois que já se ligou ao sítio, mesmo que a concentração sérica caia, ele gera o efeito) • Imipenem liga-se pouco a proteínas séricas (entre 13-25%) • Distribui-se amplamente pelos líquidos e tecidos (incluindo humor aquoso). o Atravessa a barreira hematoencefálica, alcançando concentração liquórica correspondente a 20% da concentração sérica. o Atravessa a barreira placentária, atingindo concentração terapêutica no feto e no líquido amniótico o É pequena a passagem para o leite materno. Espectro de ação • São os antibióticos de maior espectro de ação que conhecemos Farmacologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ • Agem contra algumas cepas de MRSA, pegam MSSA, todos os Streptococcus, todos os Gram- comunitários e de origem hospitalar. Também são capazes de cobrir anaeróbios (incluindo B. fragilis) • Algumas cepas de MRSA e alguns microrganismos de vida intracelular/atípicos (Chlamydia, Mycoplasma, Legionella) escapam dos carbapenêmicos. o Na verdade, para os atípicos há espectro in vitro, mas in vivo não, pois ficam dentro da célula. Nesses casos, geralmente usam-se macrolídios e quinolonas (concentram bem no espaço intracelular) • Fica com a grande indicação para infecções de origem hospitalar • O uso de carbapenêmicos leva a bactéria a produzir beta-lactamases contra outros beta-lactâmicos que vieram antes • Algumas Pseudomonas e Acinetobacter são resistentes. Resistência crescente em Klebsiella o Para Pseudomonas e Acinetobacter resistentes, só sobram as Polimixinas (antibioticoterapia de resgate; são como um detergente, dissolve a membrana; toxicidade muito alta) Resistência • Principal mecanismo é a produção de beta-lactamases (carbapenemases - KPC), embora tenham sido feitos para escapar disso • São indutores de beta-lactamases, que muitas vezes não destroem os carbapenêmicos, mas destroem cefalosporinas e penicilinas • Resistencia nas Pseudomonas por incapacidade de penetração nas porinas • Chlamydia, Mycoplasma, Micobacteria têm resistência intrínseca ao imipenem. • Embora ativo in vitro contra Campylobacter, Yersinia, Brucella e Nocardia, essa ação é desprovida de importância clínica, devido à pequena penetração do antibiótico nas células humanas • Os principais mecanismos são inativação enzimática e alteração da permeabilidade. São eficazes contra os outros mecanismos. Indicações • Infecções graves de origem hospitalar, principalmente por microrganismos com resistência selecionada a outros medicamentos • Infecções pós-operatórias graves, sepses hospitalares, infecções em pacientes com neoplasia e DM descompensado, infecções graves em neonatos e lactentes causadas por Gram- • Níveis de cura superiores a 90% em infecções respiratórias, ITU, ginecológicas, osteoarticulares e intra-abdominais (peritonite, Colecistite, abscesso hepático, subfrênico, pancreático e perirretal) e sepse. • Tem tido resultados favoráveis em meningoencefalites bacterianas Comparação • Todos os carbapenêmicos são terapeuticamente equivalentes • Meropenem tem maior atividade contra P. aeruginosa • Ertapenem tem maior meia vida, pior atividade contra P. aeruginosa e Acinetobacter, boa ação contra anaeróbios Reações adversas • Náuseas e vômitos • Convulsões (reduzem o limiar convulsivante; é uma característica marcante dos carbapenêmicos) • Hipersensibilidade, principalmente no sitio cutâneo. Há reação cruzada • Precisa de ajuste renal em paciente com IR, geralmente com prolongamento do intervalo Farmacologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ MONOBACTÂMICOS Aztreonam. É monocíclico (anel beta-lactâmico não está ligado a outro grupamento cíclico) Mecanismo de ação • Semelhante aos outros beta-lactâmicos, no entanto, tem baixa afinidade pelas PBPs de Gram+ e muita afinidade pelas PBPs de Gram- • São bactericidas Resistência • Naturalmente inativos contra Gram+ (baixa afinidade pela PBPs) • Não são indutores de beta-lactamases (cefalosporinas de 2ª e 3ª e carbapenêmicos são) • Resistente à maioria das carbapenemases • Não resiste às KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase) Farmacocinética • Não é absorvido VO. Preferencialmente administrado IV, mas também pode IM • Pequena concentração na secreção brônquica, mas em geral é suficiente para agir contra os patógenos sensíveis. • Atravessa barreira placentária atingindo concentração terapêutica no feto e no líquido amniótico. • Aparece no leite materno em pequena quantidade (1% da concentração sérica) • Atravessa a barreira hematoencefálica (tanto em casos e meninge sã como em meninge inflamada, atingindo concentrações inibitórias para a maioria dos Gram-, podendo inclusive Pseudomonas) • Meia-vida sanguínea de 1,7 a 2h, o que permite administração em intervalos de 8h Espectro de ação • Gram-. • Atividade contra Pseudomonas aeruginosa exige concentrações mais elevadas, mas cerca de 90% das cepas são inibidas • Não age contra Legionella, Chlamydia e Mycoplasma. Ação pequena contra Enterobacter. • Atualmente, Gram- de origem hospitalar podem apresentar resistência. Indicações • Infecções por Gram-, especialmente de origem comunitária • ITU, pulmonares e ginecológicas, sepses e infecções osteoarticulares causadas por patógenos sensíveis • Iinfecções intra-abdominais cirúrgicas (peritonite, abscesso hepático, subfrênico, intra-abdominais de parede, pelviperitonites e apendicites). Nesse caso, deve ser associado a antimicrobianos ativos contra Bacterioides fragilis e outros anaeróbios (clindamicina, metronidazol, cloranfenicol) • Alternativa para tratar meningoencefalite por Gram- (Meningococo, Haemophillus, Enterobacterias) • Já foi usado com bonsresultados em meningite por Pseudomonas • Aztreonam pode ser eficaz em Gram- hospitalares, dependendo da sensibilidade do agente • Deve-se conhecer o agente antes de usar aztreonam Reações adversas • Em geral bem tolerado, praticamente isento de reações adversas • Flebite em 2%, geralmente após uma semana de uso. Dor e edema no local da injeção IM • Erupção maculopapular em 1%; outras manifestações de hipersensibilidade (febre, prurido, eosinofilia, púrpura etc.) são raras. Farmacologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ • Não tem hipersensibilidade cruzada a outros beta lactâmicos (exceto ceftazidima) • Pode ser usado, com os devidos cuidados, em pacientes alérgicos a penicilinas e cefalosporinas
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