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1 REBECA R. M. PONTES – ODONTOLOGIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Exame Clínico-anamnésico, Moldagem Anatômica e Obtenção de Modelo EXAME CLÍNICO = EXAME FÍSICO + ANAMNESE Essa etapa é importante, pois orienta o plano de tratamento e define o prognóstico. - Conduta ética, segurança, plano viável e comunicação clara e acessível. Anamnese . • Identificação do paciente: idade, gênero, ocupação, situação social; • Perfil do paciente: receptivo (cooperativo), céptico (opinião formada, fracassos), indiferente (insistência da família, não deseja), histérico (nervoso); • Queixa principal; • História médica: está em tratamento médico, data do último exame, comprometimento sistêmico, usa algum medicamento. É importante ter conhecimento sobre os fármacos utilizados pelo paciente, pois eles podem apresentar alguns efeitos adversos, por exemplo: xerostomia (antidepressivos, diuréticos, anti- hipertensivos e antipsicóticos), sangramento (anticoagulantes). • História buco dental: época da perda dos dentes, motivo, complicações; • História protética: experiencia anterior, hábitos parafuncionais, estado do tecido ósseo. “Compreensão e paciência por parte do examinador permitem ao paciente expressar as suas queixas de modo completo e minucioso, resultando na obtenção de importantes informações que, de outra maneira não seriam dadas voluntariamente.” Exame Físico . • Formato do rosto: triangular, quadrado, ovoide; • Tipos de lábios: finos, médios, espessos; • Linha do sorriso: alta, média, baixa; • Amplitude da boca: limitada por natureza congênita, contração contínua dos orbiculares do lábio, formação de rugas perpendiculares à boca; • Perfil facial: reto, côncavo, convexo. A avaliação do perfil facial é um fator importante a ser avaliado, visando evitar mudanças indesejadas com a reabilitação. • Tonicidade muscular: hipertônica (tensa), normal, hipotônica (flácida). Se dimensão vertical for pequena, a tonicidade muscular é hipotônica e possui maior mobilidade mandibular. Além disso, possui influência com a proeminência do mento, fusão do lábio superior e ATM e cansaço muscular. • Simetria facial; • Sulco lábio geniano (quanto maior a reabsorção dos rebordos, mais marcado é o sulco); 2 REBECA R. M. PONTES – ODONTOLOGIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA • Avaliação das próteses; • Avaliação intra-oral. Quem faz bons exames aguça cada vez mais seu espírito crítico. • Mucosa: normal, isquêmica, hiperimeada (saudável = rosa clara, lisa e aderente); • Consistência da fibromucosa: lisa e dura, resiliente, flácida, mista; • Formato e tamanho do rebordo alveolar: triangular, ovoide, estrangulado. Espículas e irregularidades ósseas devem ser removidas. • Altura do rebordo alveolar: alto, normal, baixo/reabsorvido. Reabsorção da maxila (2-4mm no primeiro ano, 0-1mm nos anos subsequentes), reabsorção da mandíbula (4-6mm no primeiro ano, 0-4mm nos anos subsequentes). • Tuberosidade: volumosa, normal, reabsorvida; • Espaço inter-rebordos: espaço livre entre rebordos, proximidade entre tuberosidade maxilar e papila piriforme; • Tórus maxilar/mandibular: volumoso, discreto, inexistente; • Inserções musculares: altas, baixas (em relação à crista do rebordo); • Língua: integridade (perda de parte da língua ou papilas fungiformes e filiformes – ferro, vit B12, ácido fólico), tamanho (desdentados a longo tempo expande o tamanho da língua), mobilidade (freios e musculatura. Movimentar durante a moldagem – flancos. Alongada e móvel é o ideal), posição normal (75%); • Tamanho da língua: pequena (compromete o vedamento periférico), grande (excelente vedamento periférico), macroglossia (compromete moldagem e estabilidade da prótese anterior). Deve-se orientar a uma reeducação ao paciente para melhorar a postura da língua. • Assoalho da boca: a proximidade do assoalho da boca compromete a retenção e estabilidade da PT inferior pela presença da glândula sublingual; • Saliva: mucosa (espessa e viscosa), serosa (fina e diluída). Quantidade X qualidade A boca seca é mais comum em idosos. Pode haver tanto a diminuição, quanto o aumento do fluxo salivar, o que dificulta na execução e uso da prótese. Além disso há a perda de retenção e formação de úlceras. Radioterapia, fármacos que atuam no SNC e alterações hormonais comprometes o fluxo salivar. Por vezes é indicado saliva artificial para esses pacientes. Patologias Associadas ao Uso da PT . • Lesões fúngicas (estomatite protética): máculas vermelhas, assintomática, relacionada à própria prótese (redução do fluxo salivar, hábitos de higiene, porosidade na base da prótese, tempo de uso da prótese); • Quelite angular: são infecções (candida albicans ou estafilococos aureus) que se apresentam como lesões vermelhas, fissuradas, descamadas, comissura labial, relacionada à dimensão vertical 3 REBECA R. M. PONTES – ODONTOLOGIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA diminuída. Pode ter relação com o HIV e deficiência nutricional. Seu tratamento pode ser feito com quimioterapia. É necessário realizar o reestabelecimento da dimensão vertical. Pacientes com estomatite são mais acometidos. • Úlceras traumáticas: sobreextensão da base da prótese, discrepâncias oclusais; • Hiperplasia fibrosa; • Hiperplasia papilar inflamatória: crescimento tecidual reativo no palato duro, conjunto de pequenas pápulas hiperplásicas geralmente justapostas, são relacionadas a próteses mal adaptadas, má higiene e uso constante da prótese. Condições Anatômicas e Funcionais Ideais Bom domínio muscular, posição normal da língua, reabsorção não excessiva, saliva serosa, reação normal entre os rebordos, mucosa isenta de lesões e patologias, mucosa com resiliência média, relação angular do palato não abrupta, boa relação lábio-alveolar, rebordos superiores com inserção alta e os inferiores baixa. Exames Radiográficos . As radiografias oclusais e panorâmica são menos onerosas e de simples execução. As radiografias periapicais são utilizadas quando os métodos anteriores não são possíveis, o número de exposições depende do tamanho da cavidade. A imagem apresenta todo o rebordo e áreas adjacentes de forma mais detalhada. Em pacientes desdentados há uma redução em 1/3 da exposição. Exame dos Modelos . Área chapeável, detalhes anatômicos, inserções de freios, avaliação cirúrgico- protético, áreas retentivas, relações intermaxilares (ASA). Moldagem Anatômica . É a reprodução negativa dos tecidos da área chapeável, obtida no momento final da reação do material moldador. A moldagem anatômica (ou preliminar) é utilizada para a reprodução estática tanto da área chapeável quanto das estruturas vizinhas interessadas. Já a moldagem funcional (ou secundária) é utilizada para a reprodução da área chapeável e estruturas vizinhas em posição dinâmica. • Molde: reprodução negativa da área chapeável em uma dada posição, registrada no momento da reação final do material moldador; • Modelo: reprodução positiva obtida a partir de um molde (modelo preliminar ou anatômico é resultado da moldagem anatômica e o modelo funcional é resultado da moldagem funcional). A partir do modelo é possível visualizar a extensão da área chapeável, análise do grau de interferência de inserções musculares, análise do tamanho, forma, inclinação, espessura e altura do rebordo. Além disso, ele funciona como matriz para confecção de moldeira individual, planejamento de PT imediatas e arquivo do profissional. • Moldeira: dispositivo utilizado para conduzir o material de moldagem manipulado até a boca, a fim de colocá-lo em contato íntimo com a regiãoa ser moldada e remover sem distorções. 4 REBECA R. M. PONTES – ODONTOLOGIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA A moldagem anatômica tem por objetivos a obtenção correta da área chapeável, promover retenção, suporte e estabilidade para a PT, saber a tonicidade das inserções musculares (selado periférico), avaliar a necessidade de cirurgia pré-protética e confecção da moldeira individual. Os requisitos desse tipo de moldagem são a reprodução integral da área chapeável, reprodução minuciosa de detalhes, ausência de deslocamento dos tecidos, ausência de bolhas e irregularidades, mínima deformação dos tecidos de suporte e contato adequado da base de prótese com o rebordo. ETAPAS: 1. Posição do paciente; 2. Seleção da moldeira; 3. Materiais de moldagem. 1- Posição do paciente: 2- Seleção da moldeira: deverá abranger toda a área chapeável, não deve pressionar demasiadamente o fundo de sulco, não ultrapassar a linha vibratória, deve possuir um espaço interno de 3-5mm, deve estar na mesma altura do rebordo alveolar; 3- Materiais de moldagem: deve avaliar o rebordo. O mais utilizados são a godiva de alta fusão (rebordos e mucosas muito reabsorvidos), hidrocolóide irreversível (rebordos normais, irregulares e retentivos; fibromucosa flácida ou hipertrófica). Vantagens X Desvantagens . • Godiva de alta fusão – vantagens: ótimo afastamento dos tecidos moles, adaptável a várias moldeiras, possibilita correções e remoções a todo instante, baixo custo; desvantagens: sobre extensão, compressão desigual, rigidez. • Hidrocolóide irreversível – vantagens: boa fidelidade, facilidade de técnica, produz menores deformações aos tecidos remanescentes; desvantagens: afastamento deficiente dos tecidos moles, escoamento incontrolado, necessidade de moldeiras especiais, sofre compressão pela moldeira, possível rupturas, vazamento imediato. Alginato: um molde ideal precisa de alguns requisitos como, ausência de pregas e impressões digitais, não apresenta áreas com superfícies metálicas, molde estará bem centralizado. Pode ocorrer falha de impressão por falta de material, distorção do molde por falta ou excesso de compressão. Defeitos pequenos são passíveis de correção fazendo uma nova moldagem. Caso possua pregas e impressões digitais, molde descentralizado, aparecimento da superfície metálica (erro na carga ou excesso de compressão na moldagem) ou molde 5 REBECA R. M. PONTES – ODONTOLOGIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA com falta de compressão é necessário realizar uma nova moldagem.