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SAVA 3 - Procedimentos processuais penais

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01/06/2023, 16:24 Procedimentos processuais penais
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03190/index.html# 1/45
Procedimentos processuais penais
Edison Burlamaqui
Descrição
Análise dos procedimentos processuais penais, com especial atenção para o procedimento ordinário e
sumário; o procedimento especial do Tribunal do Júri; e o procedimento sumaríssimo.
Propósito
Os procedimentos processuais penais estabelecem as regras de como o processo penal se desenvolverá,
sendo seu estudo de essencial importância para compreender como se chegará à decisão final.
Objetivos
Módulo 1
Procedimento ordinário e sumário
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Identificar os principais conceitos referentes aos diversos procedimentos processuais penais.
Módulo 2
Procedimento especial do tribunal do júri
Analisar os princípios aplicáveis aos procedimentos processuais penais.
Módulo 3
Procedimento sumaríssimo e procedimentos especiais
Identificar as principais regras reguladoras dos procedimentos processuais penais.
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1 - Procedimento ordinário e sumário
Como sabemos, o Direito Processual Penal é o instrumento pelo qual o Estado materializa o seu
direito de punir, tendo, contudo, a função de garantia, ou seja, de proteger os indivíduos de eventuais
abusos estatais. Já o procedimento é exatamente a forma pela qual o processo se manifesta, ou
seja, o modo pelo qual os atos processuais se desenvolvem.
Ante o exposto, iniciaremos nossa análise com o estudo do procedimento comum, que se divide em
ordinário, sumário e sumaríssimo, este último sendo analisado apenas ao final. Após a análise das
regras do procedimento comum, que têm aplicação subsidiária aos demais procedimentos,
passaremos à análise do procedimento especial do tribunal do júri, aplicável às hipóteses de crimes
praticados contra a vida. Por fim, passaremos a analisar as regras do procedimento especial dos
juizados especiais (sumaríssimo) e de alguns procedimentos especiais previstos no Código de
Processo Penal.
Introdução
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Ao �nal desse módulo, você será capaz identi�car os principais conceitos referentes aos
diversos procedimentos processuais penais.
Regras comuns e hipóteses de rejeição
Regras comuns aos procedimentos
Antes de analisar as regras específicas de cada procedimento, é preciso verificar que determinados
dispositivos do Código de Processo Penal, por expressa determinação legal, se aplicam a todos os
procedimentos.
Conforme determina o artigo 394, § 4º do Código de Processo Penal, as disposições dos artigos 395 a 397
do CPP deverão ser aplicadas a todos os ritos de primeiro grau, mesmo os especiais.
Hipóteses de rejeição da denúncia ou queixa
O artigo 395 do Código de Processo Penal trata especificamente das hipóteses de rejeição da denúncia e da
queixa. Este determina que a denúncia ou queixa será rejeitada quando for manifestamente inepta; faltar
pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou faltar justa causa para o exercício
da ação penal.
Inicialmente, destaca-se que denúncia inepta é aquela que não apresenta os requisitos do artigo 41 do CPP,
quais sejam: i) exposição do fato criminoso; ii) qualificação do acusado; iii) classificação do crime; e iv) rol
das testemunhas.
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Os pressupostos processuais, por sua vez, dividem-se em subjetivos e objetivos. Os pressupostos
subjetivos compreendem a capacidade de ser parte e a capacidade postulatória. Já os pressupostos
objetivos classificam-se em intrínsecos, correspondendo aos requisitos do artigo 41 do CPP e à presença da
procuração, e extrínsecos, que se referem à ausência de fatos impeditivos à constituição válida do processo,
como a litispendência e a coisa julgada.
Já as condições da ação penal dividem-se em gerais e especiais. As condições gerais são aquelas que
devem estar presentes em qualquer ação penal. São elas a possibilidade jurídica do pedido; o interesse de
agir (justa causa); e legitimidade ad causam, ativa e passiva. Já as condições especiais vinculam o exercício
da ação penal ao atendimento de exigências legais expressamente previstas, como, por exemplo, a
necessidade de representação da vítima no crime de ameaça.
Por fim, a falta de justa causa se refere à existência de lastro probatório mínimo em que se deve basear a
acusação, ou seja, indícios mínimos da materialidade e autoria delitiva que justifiquem a propositura da
ação penal.
Recebimento da denúncia e absolvição
Recebimento da denúncia ou queixa e citação do acusado
O artigo 396 do Código de Processo Penal dispõe que, nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a
denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para
responder à acusação, por escrito, no prazo de dez dias.
Quanto ao recebimento da denúncia ou da queixa ou sua rejeição é importante ressaltar que o Pacote
Anticrime – introduzido pela Lei nº 13.964/2019 – trouxe inovações no âmbito do Código de Processo
Penal.
Inicialmente, ressalta-se que se instituiu a figura do juiz das garantias, que é o responsável pelo controle da
legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais.
Assim, o artigo 3º-B, XV, inserido pela lei ao Código de Processo Penal, elenca que é o juiz das garantias
agora o responsável pelo recebimento ou rejeição da denúncia ou da queixa.
Antes da reforma, a decisão sobre o recebimento da denúncia ou queixa era de
competência do juiz natural responsável pela instrução e julgamento do processo.
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Assim, com a atual redação, tal competência passa a ser do juiz das garantias, cuja atribuição também
cessa com esse ato processual, já que todas as demais questões pendentes e posteriores ao processo,
inclusive a citação do acusado, deverão ser determinadas pelo juízo da instrução, conforme dispõe o artigo
3º-C, inserido pela reforma.
Atenção!
Importante observar que o artigo 3º-C é expresso ao elencar que a instituição do juiz das garantias é
aplicável para todas as infrações penais, com exceção as de menor potencial ofensivo. Dessa forma, tal
alteração se aplica também aos crimes com rito especial.
Destaca-se que, apesar da mudança significativa, atualmente todas as disposições no Código de Processo
Penal que se referem ao juiz das garantias, elencadas nos artigos 3º-A a 3º-F, encontram-se suspensas
por força de medida cautelar parcialmente concedida no âmbito das ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6305, pelo
Ministro Relator Luiz Fux. Desse modo, a competência para o recebimento da denúncia continua com o juiz
responsável pela instrução e julgamento. Superada essa pequena digressão, continuemos com nossa
análise.
Dispõe o artigo 396, parágrafo único do CPP, que não localizado para citação pessoal, será o imputado
citado por edital, caso em que o processo ficará suspenso e o prazo para a apresentação de resposta
apenas começará a fluir a partir de seu comparecimento pessoal ou do defensor constituído.
Por fim, estabelece o artigo 396-A do CPP o conteúdo da defesa, indicando que, na resposta, o acusado
poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações,
especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário.
Absolvição sumária
Oferecida a resposta pelo acusado, os autos deverão ser conclusos ao juiz, que verificará a possibilidade de
antecipar,mediante juízo de valor, o resultado final da demanda, com a finalidade de absolver sumariamente
o acusado.
Nesse momento, o juiz deve se valer do princípio do in dubio pro societate, ou seja, na
dúvida, não deve absolver o réu e determinar a continuidade do processo.
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Dessa forma, o artigo 397 do Código de Processo Penal determina que o juiz deve absolver sumariamente o
acusado quando verificar: a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; a existência
manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; que o fato narrado
evidentemente não constitui crime; ou que extinta a punibilidade do agente.
Procedimento comum ordinário
Procedimento comum ordinário
Neste vídeo, o especialista discorre sobre o que é o procedimento comum ordinário, bem como traz suas
principais regras.
Conforme previsto no artigo 394, § 1º, I, do Código de Processo Penal, o procedimento comum ordinário
deve ser aplicado quando envolver crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a quatro anos
de pena privativa de liberdade, podendo ser tanto de reclusão ou detenção.
A primeira etapa do procedimento ordinário é o oferecimento da denúncia ou queixa-crime, sendo esta a
inicial acusatória. Destaca-se que, em se tratando de acusado preso, a inicial deverá ser oferecida no prazo
de cinco dias e, se estiver solto, em quinze dias, da data que o Ministério Público receber os autos do
inquérito, devendo conter os requisitos do artigo 41 do CPP, se fundando em um lastro probatório mínimo
quanto à autoria e à materialidade do fato.

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Conclusa a peça inicial ao juiz, este poderá rejeitá-la liminarmente, caso constate a ocorrência de qualquer
das situações previstas no artigo 395 do CPP. Não sendo, pois, caso de rejeição liminar, procederá com o
recebimento da inicial, nos termos do artigo 396 do CPP. Destaca-se que o recebimento da denúncia ou
queixa constitui marco interruptivo da prescrição (artigo 117, I, do CP).
Recebida a denúncia ou a queixa, o juiz determinará a citação pessoal do acusado para responder à
acusação, por escrito, no prazo de dez dias. Não sendo possível a citação pessoal, determinará o juiz a
citação por edital, nos termos dos artigos 361 e 363, § 1º do CPP ou a citação por hora certa, nos termos do
artigo 362 do CPP.
Nesse contexto, a seguir vamos analisar mais algumas ações:
Citado o acusado, este deverá apresentar sua resposta à acusação. Na resposta, poderá arguir
preliminares e alegar tudo o que interessa à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar
as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando
necessário. Destaca-se que, nessa fase, poderão ser arroladas até oito testemunhas, não se computando
nesse número aquelas não sujeitas a compromisso. Entretanto, se, devidamente citado, o acusado não
apresentar resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos
autos por dez dias, conforme o artigo 396-A, § 2º do CPP.
Com a resposta do acusado, o magistrado deve verificar a possibilidade de proceder ao julgamento
antecipado da demanda penal, absolvendo sumariamente o réu, desde que reconheça a ocorrência de
qualquer das situações contempladas no artigo 397 do CPP.
Não sendo o caso de absolvição sumária, estabelece o artigo 399 do CPP que o juiz designará dia e hora
para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o
caso, do querelante e do assistente. Destaca-se que, conforme o artigo 201, § 2º, do CPP, será necessário,
também, notificar quanto ao ato o ofendido, ainda que não esteja ocupando a posição de querelante ou de
assistente do Ministério Público.
Caso todas as pessoas notificadas estejam presentes ao ato, deverá o juiz, no curso da instrução,
proceder-lhes a oitiva na seguinte ordem: declarações do ofendido; inquirição das testemunhas de
acusação e, após, das arroladas pela defesa; esclarecimentos dos peritos; acareações; reconhecimento
de pessoas e coisas; e interrogatório do acusado.
Depois de produzidas as provas orais em audiência, sendo encerrada a instrução, facultará o juiz ao
Ministério Público, ao querelante e ao assistente, e, a seguir, ao acusado, requererem as diligências cuja
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necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução, as quais poderão ser
indeferidas pelo juiz se as considerar irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
Após a instrução probatória, passa-se às alegações finais. Realizadas as alegações finais em audiência, de
forma oral, poderá o juiz, na própria solenidade judicial, proferir a sentença, nos termos do artigo 403 do
CPP. Se entender o magistrado por substituir as alegações orais por memoriais escritos em face da
complexidade do caso, do número de acusados ou da necessidade de serem realizadas diligências, faculta-
se ao juiz o prazo de dez dias, após lhe serem conclusos os autos, para prolatar a sentença.
Destaca-se, por fim, que estabelece o artigo 405 do CPP que, do ocorrido em audiência, será lavrado termo
assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos no curso da
solenidade.
Procedimento comum sumário
Segundo dispõe o artigo 394, § 1º, II, do Código de Processo Penal, o procedimento comum sumário deverá
ser aplicado quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a quatro anos de
pena privativa de liberdade. Logicamente, é necessário excluir da abrangência desse rito as infrações de
menor potencial ofensivo.
A etapa inicial do procedimento é o oferecimento de denúncia ou queixa-crime que devem observar os
requisitos do artigo 41 do CPP. Destaca-se que, enquanto no procedimento comum ordinário poderão ser
arroladas até oito testemunhas, no rito comum sumário o número máximo é de cinco, nos termos do artigo
532 do CPP, não computadas as que não forem sujeitas a compromisso.
Assim como ocorre no processo ordinário, há a possibilidade de rejeição liminar da inicial pelo juiz. Não
sendo o caso de rejeição, procederá o juiz ao recebimento da denúncia ou queixa, determinando, na
sequência, a citação do acusado para apresentar resposta em dez dias, momento em que poderá arguir
preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa. Apresentada a resposta, serão os autos conclusos
ao juiz, que poderá, em julgamento antecipado, absolver sumariamente o acusado.
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Vencidas essas etapas e não tendo ocorrido a absolvição sumária, segue-se a audiência para colheita de
prova oral, que deverá ser realizada no máximo em trinta dias. Nessa oportunidade, procederá o juiz à
tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e
pela defesa, nessa ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento
de pessoas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate oral pelas
partes.
Produzida em audiência a prova oral, concederá o juiz, em seguida, a palavra para alegações finais orais.
Nesse momento, acusação e defesa terão vinte minutos, prorrogáveis por mais dez, para sustentação.
Havendo mais de um acusado, o prazo para a defesa de cada um será individual. Caso exista assistente de
acusação habilitado, este poderá se manifestar em dez minutos após o Ministério Público, caso em que o
tempo a este concedido será acrescido ao tempo da defesa, proferindo o juiz ao final a sentença.
Atenção!
No rito comumsumário, inexiste a previsão de oportunidade para que as partes requeiram diligências
complementares ao juiz, ao contrário do que ocorre no rito comum ordinário. Isso, porém, não significa que
haja uma proibição nesse sentido, até porque, sem dúvida, haverá casos em que será necessária, antes da
sentença, a realização de diligências consideradas imprescindíveis à elucidação dos fatos.
Do mesmo modo, também não há previsão de que possam os debates ser substituídos por memoriais
escritos, impondo-se, pelo regramento legal, que, em seguida às alegações orais, o juiz profira sentença em
audiência. Entretanto, a doutrina e a jurisprudência entendem que a regra pode ser flexibilizada em
determinadas situações, como, por exemplo, o número elevado de acusados.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
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Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(IAPEN-AP – Agente Penitenciário – FCC – 2018) A denúncia ou queixa será rejeitada quando
Parabéns! A alternativa A está correta.
Segundo o art. 395, III, do CPP, a denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar justa causa para o
exercício da ação penal.
Questão 2
Nos termos do Código de Processo Penal, o juiz poderá absolver sumariamente o acusado quando se
verifica
A faltar justa causa para o exercício da ação.
B o fato narrado evidentemente não constituir crime.
C estiver extinta a punibilidade do agente.
D for manifestamente apta.
E existir manifesta causa excludente da ilicitude do fato.
A que o fato narrado evidentemente não constitui crime.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Segundo o artigo 397 do Código de Processo Penal, o juiz possui a salvadura de absolver o acusado
quando o fato narrado evidentemente não constitui crime e também quando verificar: a existência
manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; a existência manifesta de causa excludente da
culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; ou que extinta a punibilidade do agente.
2 - Procedimento especial do tribunal do júri
B a legalidade do fato.
C a inexistência de causa excludente da culpabilidade do agente.
D que o fato narrado evidentemente constitui crime.
E a punibilidade do agente.
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Ao �nal desse módulo, você será capaz de analisar os princípios aplicáveis aos procedimentos
processuais penais.
Procedimento do Tribunal do Júri e primeira fase
Disposições gerais
O Tribunal do Júri é um órgão especial do Poder Judiciário de primeira instância competente para o
processo e julgamento dos crimes dolosos contra a vida. O procedimento do Júri é bifásico, pois se
estrutura em duas fases distintas: a primeira, denominada iudicium accusationis ou sumário da culpa, que
tem início com o oferecimento da denúncia, e a segunda, denominada iudicium causae, que tem início com a
preparação do processo para julgamento em plenário.
O Tribunal do Júri
Neste vídeo, o especialista destaca as principais características do procedimento do Tribunal do Júri.
Sumário da culpa (iudicium accusationis)

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O procedimento da primeira fase do Júri é bastante semelhante ao procedimento comum ordinário visto
anteriormente, devendo esse ser seguido durante o sumário da culpa. Entretanto, existem determinadas
diferenças, sendo destacadas a seguir algumas das mais relevantes.
Inicialmente, ao contrário do procedimento comum ordinário, que não prevê expressamente a oitiva da parte
acusadora após a apresentação da resposta à acusação pela defesa, consta do artigo 409 do CPP que,
apresentada a resposta à acusação, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e
documentos, em cinco dias.
Ademais, no âmbito do procedimento comum ordinário, imediatamente após a apresentação da resposta à
acusação e antes da audiência de instrução e julgamento, é possível que o acusado seja absolvido
sumariamente, caso presente uma das hipóteses elencadas no artigo 397 do CPP. Já no procedimento do
júri, a absolvição sumária também é possível, porém só poderá ocorrer após a audiência de instrução. Nesse
sentido, o artigo 411, § 9º, do CPP estabelece que, encerrados os debates na audiência de instrução, o juiz
proferirá a sua decisão, ou o fará em dez dias, sendo a absolvição sumária uma das quatro possíveis
decisões que podem ser então proferidas, além da pronúncia, desclassificação e impronúncia.
Adicionalmente, no procedimento comum ordinário, há previsão expressa de requerimento de diligências
cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. Entretanto, na primeira fase
do procedimento do Júri, não há semelhante previsão, sendo possível, contudo, que o magistrado determine
a realização de diligências fazendo uso do disposto no artigo 156, inciso II, do CPP, que versa sobre o
princípio da busca da verdade no processo penal.
Outra diferença se refere ao prazo para designação da audiência de instrução e
julgamento.
No âmbito do procedimento comum, há disposição no sentido de que a audiência deve ser realizada no
prazo máximo de 60 dias (artigo 400 do CPP), e, no procedimento comum sumário, tal audiência deve ser
realizada no prazo máximo de 30 dias (artigo 531 do CPP). Ocorre que, em relação à primeira fase do
procedimento do júri, o artigo 410 do CPP determina que, ouvida a acusação sobre preliminares e
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documentos apresentados na resposta à acusação, deve o juiz determinar a inquirição das testemunhas e a
realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de dez dias.
Por fim, ao final da primeira fase do Tribunal do Júri, como visto acima, o juiz poderá proferir quatro espécies
de decisões, sendo essa a principal peculiaridade da primeira fase de tal procedimento. Passemos agora a
analisá-las individualmente.
Sumário da culpa: impronúncia e desclassi�cação do
delito
Impronúncia
Conforme determina o artigo 414 do CPP, o acusado deve ser fundamentadamente impronunciado pelo juiz
quando este não se convencer da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria
ou de participação.
Quanto à natureza jurídica, a impronúncia é uma decisão interlocutória mista terminativa, porque não
aprecia o mérito para determinar se o acusado é culpado ou inocente, mas põe fim a uma fase
procedimental, acarretando a extinção do processo antes do final do procedimento.
Como não há análise do mérito, a decisão de impronúncia só produz coisa julgada formal. Isso significa
dizer que, enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa
se houver prova nova (artigo 414, parágrafo único do CPP).
Ante o exposto, a decisão de impronúncia é tomada com base na cláusula rebus sic stantibus, ou seja,
mantidos os pressupostos fáticos que a ela serviram de amparo, essa decisão deve ser mantida;
modificando-se o panorama probatório, é possível o oferecimento de nova denúncia ou queixa, desde que
ainda não tenha ocorrido a extinção da punibilidade.
Atenção!
Caso surjam provas novas, haverá necessidade de nova peça acusatória, instaurando-se outro processo
criminal contra o acusado, processo esse que deve tramitar perante o mesmo juiz, que estará prevento para
a demanda.
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Destaca-se que, havendo crime conexo, se o juiz decidir pela impronúncia do acusado em relação ao crime
doloso contraa vida, deve se abster de fazer qualquer análise no tocante à infração conexa, devendo os
autos ser encaminhados ao juízo competente, que terá competência para apreciar o crime conexo, caso não
seja ele próprio o competente.
Por fim, quanto ao recurso cabível, segundo a nova redação do artigo 416 do CPP, caberá apelação, sendo
legitimados a interpor tal recurso o querelante, o Ministério Público e o assistente de acusação.
Desclassi�cação do delito
De acordo com o artigo 419 do CPP, quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da
existência de crime diverso dos referidos no § 1º do artigo 74 do CPP (homicídio, induzimento, instigação ou
auxílio a suicídio, infanticídio e aborto), e não for competente para seu julgamento, remeterá os autos ao juiz
que o seja.
Se o juiz concluir que o fato narrado na peça acusatória não diz respeito a crime doloso
contra a vida, deverá proceder à desclassi�cação da imputação.
Na decisão de desclassificação, a fim de se evitar indevida antecipação do juízo de mérito, deve o juiz, em
regra, se abster de fixar a nova capitulação legal, bastando que aponte a inexistência de crime doloso contra
a vida, sendo tal competência do juiz que julgará o processo.
O recurso cabível contra a decisão de desclassificação é o recurso em sentido estrito, já que a
desclassificação conclui pela incompetência do juízo (artigo 581, II do CPP), podendo ser interposto pelo
MP, pelo querelante, pelo acusado e por seu defensor.
Sumário da culpa: absolvição sumária e pronúncia
Absolvição sumária
Diferentemente do procedimento comum, em que a absolvição sumária é oportunizada após a resposta à
acusação e antes da instrução processual, no Júri, ela só pode ocorrer após a instrução.
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De acordo com o artigo 415 do CPP, a absolvição sumária será cabível na primeira fase do Júri, quando
provada a inexistência do fato, quando provada a negativa de autoria ou de participação, quando o juiz
entender que o fato não constitui infração penal ou quando demonstrada causa de isenção de pena ou de
exclusão do crime.
Ressalta-se que, nos termos do artigo 415, parágrafo único, do CPP, se a inimputabilidade não for a única
tese defensiva, não é possível a absolvição sumária, pois, do contrário, ao inimputável seria imposta uma
medida de segurança (artigo 386, parágrafo único, III, do CPP c/c. artigo 97 do CP), que também possui
natureza de sanção penal.
Assim, havendo outra tese defensiva, não deve o magistrado absolver sumariamente o réu. Nesse caso, o
acusado deve ser pronunciado e remetido a julgamento perante o Tribunal do Júri, cabendo aos jurados
decidir sobre essa e as demais teses defensivas. Afinal, se acolhida outra tese defensiva pelo Conselho de
Sentença (ex.: legítima defesa), ao acusado não será imposta nenhuma medida de segurança, sendo essa
uma situação mais favorável ao mesmo.
Ressalta-se que, nessa fase, vigora o princípio in dubio pro societate. Assim, a absolvição sumária deve ser
reservada apenas para as situações em que não houver qualquer dúvida por parte do magistrado. No caso
de dúvida, o juiz não deve absolver o réu, determinando o prosseguimento normal do processo.
Destaca-se que a sentença de absolvição sumária é uma decisão de mérito, que, além de encerrar a primeira
fase do procedimento bifásico do júri, também põe fim ao processo. Assim, ao contrário da impronúncia,
que só faz coisa julgada formal, a sentença definitiva de absolvição sumária faz coisa julgada formal e
material, porquanto o magistrado ingressa na análise do mérito. Dessa forma, ainda que surjam provas
novas após o trânsito em julgado da decisão de absolvição sumária, o acusado não poderá ser novamente
processado pela mesma imputação.
Por fim, importante indicar que, de acordo com o artigo 416 do CPP, contra a sentença de absolvição
sumária caberá apelação, sendo legitimados o querelante e Ministério Público.
Pronúncia
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A pronúncia encerra um juízo de admissibilidade da acusação de crime doloso contra a vida, permitindo o
julgamento pelo Tribunal do Júri apenas quando houver alguma viabilidade de haver a condenação do
acusado.
O artigo 413 do CPP dispõe que, estando convencido da materialidade do fato e da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação, deve o juiz pronunciar o acusado fundamentadamente.
Em relação à materialidade do crime, deve o juiz estar convencido, havendo necessidade de um juízo de
certeza. Já em relação à autoria ou participação, há necessidade apenas de indícios suficientes, ou seja, não
se exige que o juiz tenha certeza, bastando que conste dos autos elementos informativos ou de prova que
permitam afirmar, no momento da decisão, a existência de probabilidade de autoria ou participação.
Por fim, importante indicar que, de acordo com o artigo 416 do CPP, contra a sentença de absolvição
sumária caberá apelação, sendo legitimados o querelante e Ministério Público.
Comentário
A pronúncia é tratada pela doutrina como uma decisão interlocutória mista não terminativa porque não julga
o mérito, ou seja, não condena nem absolve o acusado, mas põe fim a uma fase procedimental sem
encerrar o processo.
Como a pronúncia encerra mero juízo de admissibilidade, cuja finalidade é submeter o acusado a
julgamento perante o Tribunal do Júri, tem natureza processual, não produzindo coisa julgada, e sim
preclusão pro judicato, podendo o Conselho de Sentença decidir contrariamente àquilo que restou
assentado na pronúncia.
Prevalece na doutrina que o princípio aplicável à decisão de pronúncia é o in dubio pro societate, ou seja, na
dúvida quanto à existência do crime ou em relação à autoria ou participação, deve o juiz pronunciar o
acusado.
Ressalta-se que, na fundamentação da decisão de pronúncia, deve o magistrado se limitar a apontar a prova
da existência do crime e os indícios suficientes de autoria ou participação, valendo-se de termos sóbrios e
comedidos, para que não haja indevida influência no animus judicandi dos jurados, que podem ser
facilmente influenciados por uma pronúncia dotada de excessos.
O que mais devemos considerar sobre pronúncia?
Quando o juiz excede na linguagem, proferindo a pronúncia sem moderação, caracteriza-se o que se
denomina de eloquência acusatória, causa de nulidade absoluta da referida decisão, que, uma vez
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declarada, acarreta o desentranhamento da pronúncia dos autos do processo e consequente necessidade
de prolação de nova decisão.
De acordo com o artigo 413, § 1º, do CPP, a fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz
declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e
as causas de aumento de pena.
Importante destacar que, ao pronunciar o acusado, deve o magistrado se ater à imputação pertinente ao
crime doloso contra a vida, abstendo-se de fazer qualquer análise em relação à infração conexa, que será
automaticamente remetida à análise do Júri, haja ou não prova da materialidade, presentes (ou não) indícios
suficientes de autoria ou de participação.
Por fim, contra a decisão de pronúncia cabe recurso em sentido estrito, nos termos do artigo 581, IV do CPP.
Segunda fase do procedimento do Tribunal do Júri
Segunda fase: Iudicium causae
A segunda fase inicia-se com a preparação do processo para julgamento em plenário.
O artigo 422 do CPP determina que, ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a
intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor,para, no prazo
de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco),
oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência.
O artigo 423 do CPP, por sua vez, prevê um despacho de ordenamento do processo, colocando o feito em
condições de ser levado a julgamento perante o Tribunal do Júri. Por meio desse despacho, o juiz ordenará
as diligências necessárias para sanar qualquer nulidade ou esclarecer fato que interesse ao julgamento da
causa e fará relatório sucinto do processo, determinando sua inclusão em pauta da reunião do Tribunal do
Júri.
Saiba mais
De acordo com o artigo 429 do CPP, salvo motivo relevante, a ordem de realização das sessões de
julgamento do Júri é a seguinte: i) os acusados presos; ii) dentre os acusados presos, aqueles que estiverem
há mais tempo na prisão; iii) em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados.
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Sorteio dos jurados
Como visto anteriormente, de acordo com o artigo 447 do CPP, o Tribunal do Júri é composto por um juiz
togado, seu presidente, e por vinte e cinco jurados que serão sorteados dentre os alistados, sete dos quais
constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento.
Para que o juiz possa declarar instalados os trabalhos, anunciando o processo que será submetido a
julgamento, há necessidade da presença de pelo menos quinze jurados (artigo 463 do CPP). Caso não haja
a presença de pelo menos 15 jurados, o juiz presidente deverá proceder ao sorteio de tantos suplentes
quantos necessários, designando nova data para a sessão do Júri.
Dentre os jurados presentes, o juiz presidente sorteará sete jurados para a formação do Conselho de
Sentença. Uma vez realizado o sorteio, é possível que a parte recuse o jurado, podendo essa recusa ser
motivada ou imotivada.
A recusa motivada ocorre caso o jurado não revele espontaneamente a existência de causa de suspeição,
impedimento ou incompatibilidade (artigos 448 a 450 do CPP). Incumbe à parte interessada argui-la
oralmente, logo após a realização do sorteio e, tão logo recusado o jurado, a parte deve comprovar o
alegado. O jurado, em seguida, será ouvido, podendo reconhecer o impedimento, a suspeição ou a
incompatibilidade. Caso não o faça, incumbe ao juiz decidir o incidente de plano.
Acolhida a recusa motivada, o jurado será automaticamente excluído, sorteando-se outro. Se rejeitada a
arguição, o julgamento será realizado normalmente, devendo o incidente constar da ata, permitindo-se que a
parte prejudicada suscite a nulidade do feito em eventual recurso de apelação ou habeas corpus.
Como a recusa motivada é baseada na falta de imparcialidade do jurado sorteado, à parte
interessada é facultada a utilização de tantas recusas quantas forem necessárias.
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A recusa imotivada, por sua vez, consiste na recusa de até três dos jurados presentes e sorteados, sem
necessidade de declinação dos motivos da recusa. Estas são feitas à medida que as cédulas forem sendo
retiradas da urna, devendo o juiz realizar sua leitura, se manifestando primeiramente a defesa e depois o
Ministério Público (artigo 468 do CPP).
Formado o conselho de sentença, composto por sete jurados, o juiz passa então à realização do juramento.
Assim, conforme disposto no artigo 472 do CPP, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes,
fará aos jurados a seguinte exortação: “Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com
imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça.” Os
jurados, por sua vez, nominalmente chamados pelo presidente, responderão: “Assim o prometo.”
Após o juramento, o jurado receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que
julgaram admissível a acusação e do relatório do processo.
Iudicium causae: da instrução em plenário
Da instrução em plenário
Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução plenária quando o juiz presidente, o
Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as
declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa.
Ao contrário do que ocorre no âmbito do procedimento comum, em que as perguntas são formuladas
inicialmente pelas partes, podendo o juiz depois complementar a inquirição em relação aos pontos não
esclarecidos, quem pergunta primeiro no plenário do Júri é o juiz presidente. Somente depois de o juiz
presidente formular suas perguntas, as partes poderão questionar o ofendido e as testemunhas, devendo
fazê-lo de maneira direta, sem a necessidade de que suas perguntas passem pelo presidente (artigo 473 do
CPP).
Atenção!
Os jurados também poderão formular perguntas ao ofendido e às testemunhas, porém seus
questionamentos devem ser feitos por intermédio do juiz presidente (artigo 473, § 2º do CPP).
De acordo com o artigo 473, § 3º, após a oitiva do ofendido e das testemunhas, eventuais acareações,
reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimentos dos peritos, as partes e os jurados poderão requerer
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a leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às provas colhidas por carta precatória e às provas
cautelares, antecipadas ou não repetíveis.
Em seguida, o acusado será interrogado, se estiver presente à sessão de julgamento.
Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao MP, que fará a acusação nos limites da pronúncia ou das
decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência de
circunstância agravante.
Se houver assistente de acusação, que deve ter requerido sua habilitação até cinco dias antes da data da
sessão para que possa participar do julgamento, falará imediatamente após o Ministério Público e, em
seguida a defesa.
Nesse cenário, abordaremos dois acontecimentos importantes:
Situação 1
Em sua manifestação, deve a defesa buscar, precipuamente, a absolvição do acusado, sendo
livre para sustentar em plenário as teses que reputar mais oportunas, não estando vinculadas
àquelas anteriormente apresentadas. Ressalta-se que, revelando-se descabido um pedido de
absolvição, não se pode considerar o acusado indefeso se a manifestação da defesa técnica
ocorrer no sentido da exclusão de uma qualificadora ou de uma causa de aumento de pena,
do reconhecimento de crime tentado etc. Ao defensor, aliás, a doutrina e a jurisprudência são
uníssonas em reconhecer a possibilidade de abordar tese defensiva distinta daquela
apresentada pelo acusado em seu interrogatório, em fiel observância à plenitude de defesa,
muito embora o juiz presidente esteja obrigado a formular quesitos sobre ambas as teses.
Situação 2
Após a manifestação da defesa, passa-se à réplica, que é um ato da acusação consistente em
voltar à fala depois da sustentação oral da defesa, seja para reafirmar os termos da
imputação delimitada pela pronúncia, seja para contestar os argumentos apresentados pelo
defensor técnico. Entretanto, trata-se de mera faculdade que a acusação pode exercer
livremente.
Não havendo réplica, a defesa não terá direito de ir à tréplica, sem que daí decorra qualquer
violação ao contraditório e à ampla defesa. Nessa hipótese, os debates estarão encerrados,
d à t ã d it E t t t h é li t d ã
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O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora e meia para cada, e de uma hora para a réplica
e outro tanto para a tréplica. Entretanto, havendo mais de um acusado, o tempo para a acusação e a defesaserá acrescido de uma hora e elevado ao dobro da réplica e da tréplica. Ademais, havendo mais de um
acusador ou mais de um defensor, combinarão entre si a distribuição do tempo, que, na falta de acordo, será
dividido pelo juiz presidente, de modo a não exceder o limite de tempo.
Destaca-se que o Código de Processo Penal prevê o direito ao aparte. O aparte é o pedido formulado pela
parte durante a sustentação oral da parte contrária para que interceda na sua fala, seja para fazer um
questionamento, uma retificação, uma observação, seja para discordar de afirmação contrária a seus
interesses.
O artigo 497, inciso XII, do CPP, passou a prever que o juiz presidente do Tribunal do Júri detém a atribuição
de regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma das partes, quando a outra estiver com a palavra,
podendo conceder até três minutos para cada aparte requerido, que serão acrescidos ao tempo desta
última.
passando-se à votação dos quesitos. Entretanto, se houver réplica por parte da acusação, a
defesa então passa a ter direito de ir à tréplica.
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Por fim, de acordo com o artigo 231 do CPP, salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar
documentos em qualquer fase do processo. A regra, portanto, é a possibilidade de juntada de documentos a
qualquer momento.
Entretanto, uma das exceções à regra geral é a constante do artigo 479 do CPP, segundo a qual durante o
julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tenha sido juntado
aos autos com a antecedência mínima de três dias úteis, dando-se ciência à outra parte.
Ressalta-se ainda que se compreende em tal proibição a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem
como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio
assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e ao julgamento dos
jurados.
Iudicium causae: quesitação e sentença
Quesitação
Concluídos os debates, o juiz presidente indagará dos jurados se estão habilitados a julgar ou se necessitam
de outros esclarecimentos. Se houver dúvida sobre questão de fato, o presidente prestará esclarecimentos à
vista dos autos. Não havendo dúvidas, ou sendo estas sanadas, passa-se à quesitação e votação em sala
secreta.
De acordo com o artigo 482 do CPP, o Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato e se o
acusado deve ser absolvido.
Assim, os quesitos são perguntas formuladas aos jurados para que se pronunciem quanto ao mérito da
acusação. Na sua elaboração, o presidente levará em conta os termos da pronúncia ou das decisões
posteriores que julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das alegações das partes. Todas as
teses defensivas levantadas pelo acusado e por seu defensor devem ser quesitadas.
A�nal, como elaborar os quesitos?
Os quesitos devem ser elaborados na seguinte ordem: i) materialidade do fato; ii) autoria, coautoria ou
participação; iii) tentativa ou desclassificação para crime da competência do Júri; iv) se o acusado deve ser
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absolvido; v) causa de diminuição de pena alegada pela defesa; e vi) circunstância qualificadora ou causa de
aumento de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a
acusação.
Saiba mais
De acordo com a ordem estabelecida nos incisos I, II e III do artigo 483, o quesito seguinte à materialidade e
autoria seria aquele pertinente à absolvição do acusado (“O jurado absolve o acusado?”). Porém, de acordo
com o artigo 483, § 5º, sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou havendo
divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará
quesito acerca dessas questões, para ser respondido após o segundo quesito.
Uma vez elaborados, o juiz presidente lerá os quesitos e indagará das partes se têm requerimento ou
reclamação a fazer, devendo qualquer deles, bem como a decisão, constar da ata. Ainda em plenário, o juiz
presidente explicará aos jurados o significado de cada quesito. Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz
presidente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor do acusado, o escrivão e o
oficial de justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim de ser procedida a votação.
Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o juiz presidente mandará distribuir aos jurados pequenas
cédulas, feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, contendo 7 (sete) delas a palavra sim, 7 (sete) a
palavra não.
Para assegurar o sigilo do voto, o oficial de justiça recolherá em urnas separadas as cédulas
correspondentes aos votos e as não utilizadas e, após a resposta, verificados os votos e as cédulas não
utilizadas, o presidente determinará que o escrivão registre no termo a votação de cada quesito, bem como
o resultado do julgamento.
Por fim, ressalta-se que, nos termos do artigo 489 do CPP, as decisões do Tribunal do Júri serão sempre
tomadas por maioria de votos.
Sentença
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Concluída a votação e verificada a decisão dos jurados, que é tomada por maioria de votos como já visto,
incumbe ao juiz presidente proferir sentença. Essa sentença, regulamentada pelo artigo 492 do CPP, é tida
como subjetivamente complexa ou de formação complexa, pois envolve dois órgãos jurisdicionais diversos:
o Conselho de Sentença, que aprecia o fato e suas circunstâncias, e o juiz presidente, a quem cabe aplicar a
pena.
Na hipótese de absolvição do acusado, deve o magistrado fazer breve relatório, julgando improcedente o
pedido de condenação formulado pela acusação. Ressalta-se que deve o juiz presidente se limitar a
explicitar que os jurados acolheram o pedido da defesa, tendo absolvido o acusado.
No caso da sentença absolutória, deve o juiz ainda colocar em liberdade o acusado se por outro motivo não
estiver preso, revogar as medidas restritivas provisoriamente decretadas ou impor, se for o caso, a medida
de segurança cabível.
Na hipótese de condenação, cabe ao juiz presidente fixar a pena, devendo fixar a pena-base; considerar as
circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates; e impor os aumentos ou diminuições da
pena, em atenção às causas admitidas pelo Júri.
Saiba mais
Adicionalmente, conforme introduzido pela Lei nº 13.694/2019, deve o juiz, em caso de condenação mandar
o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão
preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão,
determinando a execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem
prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos.
Cabe ao juiz presidente estabelecer os efeitos genéricos e específicos da condenação (artigos 91 e 92 do
Código Penal).
Ressalta-se que, se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz singular, ao
presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida.
Por fim, conforme determina o artigo 493 do CPP, a sentença será lida em plenário pelo presidente antes de
encerrada a sessão de instrução e julgamento.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
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Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(TJ-AL – 2019 – FCC) Ao final da primeira fase do procedimento do júri,
Parabéns! A alternativa A está correta.
A pronúncia é fundamentada e identificada, de acordo com o artigo 413, § 1º, do CPP, a partir da
materialidade dos fatos e da existênciade indícios satisfatórios, os quais devem ser suficientes de
culpabilidade ao autor, sendo o juiz o responsável em julgar incurso o acusado, especificar as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena.
A
o juiz, ao pronunciar o réu, não pode reconhecer em seu favor a existência de causa
especial de diminuição da pena.
B
o juiz deve sempre absolver o acusado desde logo no caso de inimputabilidade
decorrente de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
C
não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de
autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado, mas
sempre será possível a formulação de nova denúncia ou queixa se houver prova nova.
D
quando o juiz se convencer da existência de crime diverso, em discordância com a
acusação, deve sentenciar o feito, independentemente da natureza da infração
reconhecida.
E
o juiz deve impronunciar o réu se ficar comprovado não ser ele autor ou partícipe do
fato.
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Questão 2
(MPE-PB – 2018 – FCC) O Tribunal do Júri é composto por um juiz togado, seu presidente e por
Parabéns! A alternativa B está correta.
Segundo o art. 447 do CPP, o Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por
25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o
Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento.
A sete jurados.
B vinte e cinco jurados.
C vinte e um jurados.
D nove jurados.
E quinze jurados.
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3 - Procedimento sumaríssimo e procedimentos
especiais
Ao �nal desse módulo, você será capaz de identi�car as principais regras reguladoras dos
procedimentos processuais.
Procedimento sumaríssimo: competência e composição
Disposições gerais
O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade,
informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos
sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.
Ressalta-se que se aplicam ao procedimento sumaríssimo, subsidiariamente, as disposições dos Códigos
Penal e de Processo Penal, no que não forem incompatíveis com tal procedimento.
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Competência
Com relação às infrações penais, a competência dos Juizados especiais criminais é fixada com base na
natureza da infração e na inexistência de circunstância que desloque a competência para o juízo comum.
São de competência dos juízos especiais as infrações de menor potencial ofensivo, sendo estas, conforme
o artigo 61 da Lei nº 9.099/95, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a dois anos, cumulada ou não com multa.
Destaca-se que nas hipóteses de conexão ou continência com infração penal comum (artigo 60, parágrafo
único); de impossibilidade de citação pessoal do autuado (artigo 66, parágrafo único); e quando evidenciada
a complexidade da causa (artigo 77, § 2º), a competência será do juízo comum.
Quanto à competência territorial, o artigo 63 da lei determina que a competência do
Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
Em face da expressão dúbia utilizada por tal dispositivo legal – “praticada a infração penal” –, que confere a
impressão de se referir à “execução”, mas também parece trazer em si o significado de “levar a efeito” ou
“realizar”, que daria o sentido da consumação, prevalece a orientação segundo a qual a Lei nº 9.099/95
adotou a teoria da atividade, ao contrário do CPP, que adotou, em regra, a teoria do resultado.
Ressalta-se que, por mais que a competência dos Juizados para o processo e julgamento de infrações de
menor potencial ofensivo derive do artigo 98, inciso I, da CF, é certo que a competência dos Juizados admite
modificações, sendo, portanto, relativa.
Adicionalmente, na hipótese de outros crimes praticados em conexão ou continência com uma infração de
menor potencial ofensivo, deverão ser observadas as regras do artigo 78 do CPP, para se saber qual o juízo
competente.
Se, em virtude da aplicação das regras do artigo 78 do CPP, venha a ser estabelecida a competência do juízo
comum ou do tribunal do júri para julgar também a infração de menor potencial ofensivo, afastando,
portanto, o procedimento sumaríssimo da Lei nº 9.099/95, isso não impedirá a aplicação dos institutos da
transação penal e da composição dos danos civis em relação à infração de menor potencial ofensivo, desde
que preenchidos seus pressupostos legais.
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Composição dos danos civis
A composição civil dos danos é a proposta feita pelo suposto autor do fato à vítima, para reparar os
prejuízos causados pela infração. Pode ser feita nas infrações que acarretem prejuízos materiais, morais ou
estéticos à vítima. Assim, como estão em jogo interesses patrimoniais e, portanto, de natureza individual
disponível, não há necessidade de intervenção do MP, a não ser que se trate de causa em que haja interesse
de incapazes.
Atenção!
A depender da natureza da ação penal, os efeitos da composição civil serão distintos.
Na ação penal privada, de acordo com o artigo 74, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95, o acordo
homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa, com a consequente extinção da punibilidade.
Destaca-se que, por força do princípio da indivisibilidade, a renúncia ao direito de queixa decorrente da
composição dos danos civis estende-se a coautores e partícipes do fato delituoso, ainda que eles não
estejam presentes à audiência preliminar.
Na ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado também acarreta a renúncia ao
direito de representação (artigo 74, parágrafo único), acarretando também a extinção da punibilidade.
Ressalta-se que, em ambas as situações, o não cumprimento do acordo não restitui à vítima o direito de
queixa ou de representação. De fato, extinta a punibilidade, resta ao ofendido apenas a possibilidade de
executar o título executivo judicial obtido com a homologação transitada em julgado.
Na ação penal pública incondicionada, a doutrina entende que a celebração do acordo não acarretará a
extinção da punibilidade, servindo apenas para antecipar a certeza acerca do valor da indenização, o que
permite, em tese, imediata execução no juízo civil competente. Logo, será possível o oferecimento de
proposta de transação penal e, em último caso, até mesmo de denúncia. Entretanto, importante destacar o
enunciado 99 do FONAJE, que dispõe que, “nas infrações penais em que haja vítima determinada, em caso
de desinteresse desta ou de composição civil, deixa de existir justa causa para ação penal.”
Por fim, obtida a composição dos danos civis, o acordo será reduzido a escrito e homologado pelo juiz
mediante sentença irrecorrível, que terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
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Procedimento sumaríssimo: oferecimento e transação
penal
Oferecimento de representação
Conforme determina o artigo 75 da lei, não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente
ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.
Entretanto, o não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito,
que poderá ser exercido no prazo legal.
Tendo em vista a redação do artigo 75, grande parte da doutrina sustenta que a representaçãofeita na
delegacia de polícia não é suficiente para a deflagração do processo, uma vez que a lei demarcou o exato
momento para o seu oferecimento. Entretanto, em coerência com os princípios da informalidade, economia
processual e celeridade, não há razão para se concluir que, nos Juizados, a representação somente seja
considerada válida quando apresentada em juízo. Logo, a representação pode ser oferecida perante a
autoridade policial, o MP ou o juízo, tal qual previsto expressamente no artigo 39 do CPP.
Ressalta-se que, apesar de o artigo 75 falar apenas em “direito de representação”, é certo que, em se
tratando de ação penal privada, não obtida a composição dos danos civis, pode o ofendido ou seu
representante legal, oferecer a queixa-crime oral na própria audiência preliminar.
Transação penal
Transação penal
Neste vídeo, o especialista trará o conceito da transação penal, seu cabimento e suas principais regras.

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A transação penal consiste em um acordo celebrado entre o MP (ou querelante, nos crimes de ação penal
privada) e o autor do fato delituoso, por meio do qual é proposta a aplicação imediata de pena restritiva de
direitos ou multa, evitando-se, assim, a instauração do processo. Desse modo, a transação penal mitiga o
princípio da obrigatoriedade da ação penal, passando este a ser chamado, aqui, de princípio da
obrigatoriedade mitigada ou da discricionariedade regrada.
Segundo o STJ, a transação penal e a suspensão condicional do processo não são um direito subjetivo do
acusado, mas, sim, um poder-dever do Ministério Público, titular da ação penal, a quem cabe, com
exclusividade, analisar a possibilidade de aplicação dos referidos institutos, desde que o faça de forma
fundamentada.
Caso o juiz discorde do oferecimento ou não oferecimento, entende-se que é possível a aplicação analógica
do artigo 28 do CPP (cuja redação atualizada pela Lei nº 13.964/2019 – Lei Anticrime – encontra-se
suspensa por força de decisão liminar proferida no âmbito das ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6305, pelo
Supremo Tribunal Federal. Assim, por ora, encontra-se vigente a redação anterior do artigo 28 do CPP, por
meio da qual, em caso de discordância, se submeterá a decisão jurídica ao Procurador Geral).
Comentário
A transação penal não tem natureza jurídica de condenação criminal, não gera efeitos para fins de
reincidência e maus antecedentes e, por se tratar de submissão voluntária à sanção penal, não significa
reconhecimento da culpabilidade penal nem da responsabilidade civil.
Para que seja cabível a transação penal, a infração penal deve ser tida como de menor potencial ofensivo,
assim compreendidas as contravenções penais e crimes a que a lei comine pena máxima não superior a
dois anos, cumulada ou não com multa, submetidos ou não a procedimento especial, ressalvadas as
hipóteses de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Destaca-se que a jurisprudência dos tribunais superiores não admite a transação penal se, na somatória do
concurso de crimes ou crime continuado, for ultrapassado o limite de dois anos.
Ressalta-se que não é cabível a transação penal quando for o caso de arquivamento do termo
circunstanciado; quando o autor da infração tiver sido condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva; e quando o agente tiver sido beneficiado anteriormente, no prazo de cinco
anos, pela transação penal.
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Adicionalmente, também não será oferecida a transação penal quando não indicarem os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e
suficiente a adoção da medida.
Apesar de o artigo 76 fazer referência apenas aos crimes de ação penal pública condicionada à
representação e de ação penal pública incondicionada, a Corte Especial do STJ entende que é possível a
transação penal na ação penal privada. Nesse caso, cabe ao querelante, e não ao MP, fazer a proposta (RHC
102381/BA, em 09/10/2018).
Atenção!
Conforme a Súmula Vinculante nº 35, “a homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei
9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando ao MP a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição
de IP”.
Procedimento sumaríssimo: suspensão condicional do
processo
Suspensão condicional do processo
A suspensão condicional do processo é um instituto despenalizador por meio do qual se permite a
suspensão do processo por um período de prova que pode variar de dois a quatro anos, desde que
observado o cumprimento de certas condições.
Conforme o artigo 89 da lei, ao oferecer a denúncia, admite-se que o órgão do MP ofereça a proposta de
suspensão condicional do processo, desde que o acusado preencha os requisitos contidos naquele artigo.
Ressalta-se que qualificadoras, privilégios, causas de aumento e de diminuição de pena são levadas em
consideração para se aferir o cabimento da suspensão, com a ressalva de que deve ser sempre analisada a
pena mínima cominada ao delito. Já nas hipóteses de concursos de crimes, são levadas em consideração a
somatória das penas ou o quantum decorrente da majoração da pena, em seu patamar mínimo.
Afinal, como o STF se posciona sobre essa questão?
Resposta
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O STF tem o entendimento sumulado (Súmula 723) de que “não se admite a suspensão condicional do
processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo
de 1/6 (um sexto) for superior a 1 (um) ano.” Da mesma maneira, o STJ tem o entendimento sumulado
(Súmula 723) de que “o benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais
cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima
cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de 1 (um) ano.”
Importante destacar que a condenação criminal já alcançada pelo período depurador de cinco anos, previsto
no artigo 64, I, do CP, não impede a concessão, ao acusado, em novo processo penal, do benefício da
suspensão condicional do processo, desde que preenchidos os demais requisitos que autorizariam a
suspensão condicional da pena.
Anterior condenação à pena de multa não impede a concessão da suspensão condicional do processo, pois,
se tal espécie de condenação não obsta o sursis (artigo 77, § 1º, do CP), não pode, por consequência,
afastar a concessão da suspensão condicional do processo.
Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do juiz, este, recebendo a denúncia, poderá
suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
Condição 1
Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo.
Condição 2
Proibição de frequentar determinados lugares.
Condição 3
Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz.
Condição 4
Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
O juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao
fato e à situação pessoal do acusado.
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A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou
não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano, sendo essa hipótese de revogação obrigatória.
Entretanto, a suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
contravenção,ou descumprir qualquer outra condição imposta, sendo essa hipótese de revogação
facultativa.
Importante chamar atenção para o fato de que não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do
processo.
Por fim, expirado o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade e, se o acusado não aceitar a
proposta, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
Procedimento dos crimes praticados pela ordem pública
Atos que compõem o procedimento
Na apuração dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, estabelece o CPP procedimento
diferenciado conforme o caráter inafiançável ou afiançável do delito.
Ocorre que, na atualidade, tendo em vista a nova disciplina introduzida pela Lei nº 12.403/2011 ao CPP, tal
distinção perdeu completamente a relevância. Isso porque, nos termos do artigo 323 do CPP alterado pela
referida lei, são inafiançáveis apenas os crimes de racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, terrorismo, os crimes definidos como hediondos e aqueles cometidos por grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
Considerando que, nesse rol, não está inserido qualquer dos crimes de responsabilidade
dos funcionários públicos, infere-se que tais delitos, agora, são todos a�ançáveis.
Desse modo, independentemente de qual tenha sido o crime praticado, para definição do procedimento,
deve-se conciliar o rito ditado pelos artigos 514 a 518 do CPP com o estabelecido no artigo 394, § 4º
(redação da Lei nº 11.719/2008) do mesmo Código, ao prever que as disposições dos artigos 395 a 398
aplicam-se a todos os procedimentos de primeiro grau.
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Nesse contexto, infere-se que o procedimento de apuração dos crimes de responsabilidade dos funcionários
públicos compõe-se da seguinte ordem de atos:
Ato 1
Oferecimento da denúncia e da queixa-crime.
Ato 2
Autuação e notificação para resposta preliminar em quinze dias.
Ato 3
Decisão quanto ao recebimento ou à rejeição da inicial.
Ato 4
Prosseguimento segundo os termos do rito comum ordinário.
Nesse contexto, infere-se que o procedimento de apuração dos crimes de responsabilidade dos funcionários
públicos compõe-se da seguinte ordem de atos: i) oferecimento da denúncia e da queixa-crime; ii) autuação
e notificação para resposta preliminar em quinze dias; iii) decisão quanto ao recebimento ou rejeição da
inicial; e iv) prosseguimento segundo os termos do rito comum ordinário.
Nesse procedimento especial e inicial, deverá observar os requisitos do artigo 41 do CPP, instruída, ainda,
com os documentos ou justificações que façam presumir a existência do crime ou declaração
fundamentada quanto à impossibilidade de fazê-lo (artigo 513 do CPP). Não previsto número diferenciado
de testemunhas, poderão ser arroladas até o máximo de oito.
Não sendo o caso de rejeição liminar pelo juiz com fundamento no artigo 395 do CPP, determinará a
notificação do acusado para responder à acusação. Segundo a norma do artigo 514 do CPP, essa
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notificação deverá ser pessoal ao acusado, e, se não localizado ou residente em comarca distinta, deve o
magistrado proceder à nomeação de defensor dativo para apresentá-la.
Mais duas questões são tratada nesse contexto, veja:
Questão 1
Apresentada a defesa preliminar, os autos serão conclusos ao magistrado, que poderá rejeitar a
denúncia ou a queixa, se verificar a ocorrência de qualquer das hipóteses do artigo 395 do CPP ou se
concluir no sentido da inexistência do crime ou da improcedência da ação (artigo 516 do CPP).
Questão 2
Não sendo o caso de rejeição, poderá o juiz receber a exordial acusatória, determinando a citação do
acusado para, em dez dias, responder à acusação com base no artigo 396 do CPP, ocasião em que
poderá o advogado arguir preliminares e alegar tudo o que interessa à sua defesa, oferecer
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e
requerendo sua intimação, quando necessário.
Recebida a exordial, ordenada a citação do réu e apresentada a resposta do acusado, determinará o
magistrado o prosseguimento do processo nos exatos termos previstos para o procedimento ordinário visto
anteriormente.
Ressalta-se que, no âmbito do STF, entende-se que é indispensável a defesa preliminar nas hipóteses do
artigo 514 do CPP, mesmo quando a denúncia é lastreada em inquérito policial, já que a finalidade precípua
dessa defesa é a de evitar a propositura de ações penais temerárias contra funcionários públicos. Já no STJ,
consagrou-se entendimento oposto, compreendendo-se, nos termos da Súmula 330, que “é desnecessária a
resposta preliminar de que trata o art. 514 do CPP, na ação penal instruída por inquérito policial”.
De todo modo, cabe ressaltar que ambas as Cortes Superiores compreendem que a nulidade eventualmente
configurada em razão da falta de notificação para defesa preliminar é relativa, devendo ser arguida
tempestivamente, com demonstração de prejuízo, sob pena de preclusão.
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Procedimento nos crimes contra a honra
Embora os dispositivos que regulam esse procedimento estejam inseridos em capítulo do CPP que trata “do
processo e do julgamento dos crimes de calúnia e injúria”, é evidente que se aplicam, também, à apuração
da difamação.
Entretanto, o procedimento dos artigos 519 a 523 do CPP é aplicável tão somente às hipóteses em que a
pena máxima cominada ao crime for superior a dois anos de prisão, pois, caso contrário, classifica-se como
de menor potencial ofensivo e o rito a ser observado será o sumaríssimo da Lei nº 9.099/1995.
Dessa forma, os delitos com pena máxima in abstrato superior a dois anos e, portanto, sujeitos ao
procedimento ditado pelo CPP são apenas os crimes: de injúria qualificada (artigo 140, § 3º, do CP); de
calúnia, quando aplicável a causa de aumento de pena do artigo 141 do CP; e os crimes praticados sob a
forma de violência doméstica e familiar contra a mulher (violência moral), nos termos definidos no art. 7º, V,
da Lei nº 11.340/2006.
Importante destacar que esse rito segue os atos previstos para o procedimento comum ordinário,
agregando-se, apenas, as seguintes modificações: i) previsão de audiência de tentativa de conciliação
previamente ao recebimento da inicial acusatória; e ii) possibilidade de serem deduzidas as exceções da
verdade e da notoriedade do fato.
O processo inicia com o ajuizamento da ação penal e audiência de tentativa de conciliação. Assim,
oferecida a queixa-crime, deverá o magistrado, antes de recebê-la, ordenar a notificação do querelante e do
querelado para comparecerem à audiência de tentativa de conciliação (artigo 520 do CPP), a qual se
realizará sem a presença de advogados.
Havendo a conciliação, será assinado termo de desistência da ação penal, arquivando-se o feito. Por outro
lado, se não houver êxito na tentativa de conciliação, caberá ao juiz proceder ao seu recebimento, ordenando
a citação do réu para resposta em dez dias (artigo 396 do CPP).
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Ressalta-se que prevalece na doutrina que a natureza jurídica da audiência de tentativa de conciliação é de
condição de prosseguibilidade da ação penal e a ausência de designação dessa audiência consubstancia
constrangimento ilegal, produzindo nulidade processual relativa em face da omissão de formalidade
essencial. Entretanto, se a audiência de tentativa de conciliação for realizada após o recebimento da queixa-
crime, não há que se falar em nulidade, pois o ato terá cumprido sua finalidade.
Havendo a ausênciado querelante, se injustificada, o processo deve ter
prosseguimento, inexistindo razão para extingui-lo simplesmente porque deixou o
querelante de comparecer a uma audiência de conciliação, devendo isso ser
interpretado como ausência de vontade em transigir. Entretanto, se houver ausência
do querelado, o magistrado pode receber a ação penal e ordenar seu
prosseguimento ou determinar a sua condução coercitiva com base no artigo 260
do CPP, apesar de sua ausência não acarretar, para ele, nenhum ônus ou sanção
processual.
Contemporaneamente à apresentação da resposta, poderá o querelado, em petição distinta, apresentar
exceção da verdade ou exceção da notoriedade do fato (artigo 523 do CPP).
A exceção da verdade consiste na oportunidade assegurada ao réu para demonstrar a veracidade das
afirmações consideradas ofensivas pelo querelante. É admitida na hipótese de calúnia (artigo 138, § 3º, do
CP) e de difamação praticado contra funcionário público no exercício de suas funções (artigo 139, parágrafo
único, do CP).
Por outro lado, a exceção da notoriedade do fato é aquela que visa demonstrar que a afirmação realizada
pelo réu não causa reação no meio social, já que respeita a fato conhecido por todos. Essa é cabível apenas
na difamação, independentemente da condição do ofendido (funcionário público ou não).
Ressalta-se que não se admitem as exceções da verdade e da notoriedade do fato no crime de injúria, pois,
nesse caso, é violada a honra subjetiva da pessoa, não importando a verdade ou a notoriedade do que foi
afirmado pelo réu.
Importante destacar ainda a existência do pedido de explicações.
Atenção!
Estabelece o artigo 144 do CP que, “se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou
injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério
do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa”.
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Como se vê, trata-se do pedido de explicações de uma medida não obrigatória e preliminar ao ingresso de
ação penal por crime contra a honra, que visa obter do suposto ofensor um esclarecimento sobre o real
sentido de suas expressões.
O pedido, na verdade, possui natureza jurídica de uma interpelação, processando-se com base nos artigos
726 e seguintes do CPC/2015.
Por fim, quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do fato imputado, o querelante
poderá contestar a exceção no prazo de dois dias, podendo ser inquiridas as testemunhas arroladas na
queixa, ou outras indicadas naquele prazo, em substituição às primeiras, ou para completar o máximo legal.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(IAPEN-AP – Agente Penitenciário – 2018 – FCC) Sobre a suspensão condicional do processo, prevista
na Lei n° 9099/95, é correto afirmar:
A É cabível nos crimes cuja pena mínima cominada for igual ou inferior a 2 anos.
B Expirado o prazo acordado sem revogação, o juiz absolverá o acusado.
C
Caso o acusado não aceite a proposta, pode o juiz aplicar-lhe diretamente a pena
restritiva de direitos, desde que não superior a 6 meses.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
Segundo o art. 89, parágrafo 6º da Lei nº 9.099/95, não correrá a prescrição durante o prazo de
suspensão do processo.
Questão 2
(MPE-AP – 2021 – CESPE) Com relação ao procedimento aplicável aos crimes de responsabilidade
praticados por funcionários públicos contra a administração pública, assinale a opção correta.
D
Será obrigatoriamente revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser
processado por outro crime ou contravenção penal.
E Durante o prazo de suspensão do processo, não correrá a prescrição.
A Aplica-se o procedimento especial somente aos crimes inafiançáveis.
B
Aplica-se o procedimento especial aos delitos praticados por agentes políticos com
prerrogativa de função.
C
Aplica-se o procedimento previsto na Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais caso
o crime funcional seja de menor potencial ofensivo.
D
Aplica-se o procedimento especial mesmo que o funcionário público tenha deixado a
função na qual estava investido.
E Aplica-se o rito dos crimes funcionais ao crime fiscal praticado por funcionário público.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Conforme o art. 60 e 61 da Lei nº 9.099/95, tratando-se de infração de menor potencial ofensivo, aplica-
se o rito sumaríssimo dos juizados especiais.
Considerações �nais
Conforme visto, os procedimentos processuais penais dividem-se em comuns e especiais, estes últimos
incorporando regras próprias de tramitação processual visando à apuração dos crimes que constituem o
objeto de sua disciplina, e os primeiros sendo o rito padrão ditado pelo Código de Processo Penal para ser
aplicado residualmente.
O procedimento comum, por sua vez, subdivide-se em três espécies, condicionando-se a respectiva
aplicação à quantidade da pena máxima cominada in abstrato e, conforme o caso, à natureza da infração,
podendo ser comum ordinário, comum sumário e comum sumaríssimo, este último sendo de competência
dos Juizados especiais criminais.
Ao longo do nosso estudo, foi possível perceber que todos os procedimentos possuem regras próprias
aplicadas, com a finalidade de atingir seu objetivo final, qual seja, a aplicação do direito material penal e do
direito de punir estatal.
Podcast
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Neste podcast, o especialista distinguirá o cabimento dos diferentes procedimentos processuais penais.
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Para complementar os seus conhecimentos no assunto estudado, recomendamos a leitura do Título 11 do
livro Manual de Processo Penal – Volume Único, de Renato Brasileiro de Lima.
Referências
BRASILEIRO DE LIMA, R. Manual de Processo Penal - Volume Único. 10. ed. rev. ampl. e atual. Salvador:
JusPodivm, 2021.
NUCCI, G. de S. Curso de Direito Processual Penal. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021.
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