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Guia de Estudos CDH

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Este Guia de Estudos foi elaborado pelo Secretariado da MONU 
2002 (Modelo das Nações Unidas) , organizada pela Pontífice 
Universidade Católica de São Paulo. 
Comissão de Direitos Humanos 
 
 
Tópico B: Novas Formas de Escravidão 
 
1. Introdução 
 
O problema da escravidão foi uma das primeiras preocupações em Direitos Humanos abordada com 
seriedade pela sociedade internacional. Em meados do século XIX, a Inglaterra, ciente das vantagens ao 
seu desenvolvimento econômico que a abolição da escravidão em países americanos poderia lhe 
proporcionar, incentivou, com bastante empenho, o fim do tráfico negreiro e do trabalho escravista. 
 
Atualmente, apesar da abolição legal da escravidão em todos os países, e após mais de um século 
de mobilizações e iniciativas concretas voltadas para sua erradicação, persistem modalidades de trabalho 
forçado, que impedem muitos indivíduos de possuírem uma vida digna. A Organização Internacional do 
Trabalho estima que em todo o mundo haja 100 milhões de crianças submetidas a práticas de trabalho 
exploratório. 
 
O termo escravidão nos remete a diversas práticas que agridem os Direitos Humanos. Além do 
tradicional trabalho escravo e seu mercado, incluem-se violações como a venda de crianças, prostituição e 
pornografia infantil, exploração de trabalho infantil, mutilação sexual de meninas, uso de crianças em 
conflitos armados, servidão por dívida, servidão doméstica, tráfico de pessoas e de órgãos humanos. Os 
grupos sociais mais vulneráveis a esses tipos de exploração são mulheres, crianças, minorias étnicas ou 
raciais e migrantes. Apresentam como fator comum a extrema pobreza, pois, por necessidade de 
sobrevivência, aceitam condições sub-humanas e até escravistas de trabalho. As mesmas famílias ou 
grupos sociais são, muitas vezes, vítimas de diferentes tipos de escravidão. 
 
As muitas evidências apresentadas aos órgãos de Direitos Humanos das Nações Unidas, em 
especial ao Grupo de Trabalho sobre as Formas Contemporâneas de Escravidão, assim como estudos e 
conclusões dos relatores especiais, oferecem uma idéia do que hoje representam as práticas análogas à 
escravidão. 
 
Esta Comissão, sob os auspícios da Organização das Nações Unidas, propõe uma sessão onde 
serão discutidas formas para a erradicação destes inaceitáveis tratos trabalhistas. Reafirmam-se as 
importantes tarefas que órgãos de amparo ao desenvolvimento econômico e social podem exercer, 
conjuntamente com a Organização Internacional do Trabalho, Organizações Não-Governamentais e 
agências especializadas das Nações Unidas. Esforços pela implementação de políticas agrárias 
sustentáveis e eqüitativas; medidas antipobreza, fornecedoras de mercado de trabalho, e voltadas para o 
desenvolvimento do homem em sua plenitude educacional, devem alcançar resultados eficazes. 
 
O texto que apresentamos foi elaborado com base no Folheto Informativo No. 141, divulgado pelo Alto 
Comissariado de Direitos Humanos da ONU. Diante do mesmo, coube aos autores não somente atualizá-lo 
 
1 “Fact Sheet no. 14, Contemporary Forms of Slavery”. In http://www.unhchr.ch/html/menu6/2/fs14.htm Acessado em 31/07/2002. 
Tradução de Paulo Edgar da Rocha Resende. 
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Novas Formas de Escravidão
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Novas Formas de Escravidão
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e remodelá-lo, mas acrescentar informações indispensáveis para a preparação do delegado, que se 
incumbirá de procurar medidas eficazes para a solução deste persistente problema na comunidade 
internacional. 
 
Apesar do tema Formas Contemporâneas de Escravidão englobar diversas atividades, foram 
priorizados o trabalho infantil e o trabalho forçado, de modo que as soluções a serem apresentadas pelos 
delegados devem enfocar estas duas modalidades. 
 
2. Situação do Problema 
 
2.1. Trabalho Infantil 
 
O trabalho infantil é muito utilizado devido ao seu baixo custo e porque as crianças são 
naturalmente mais dóceis e fáceis de disciplinar do que os adultos, além de terem demasiado medo de 
protestar. Empregadores utilizam-se da baixa estatura e da habilidade manual das crianças para certos 
tipos específicos de trabalho. Muitas vezes, as crianças estão empregadas enquanto seus pais não. 
 
O trabalho forçado infantil é um dos problemas mais sérios enfrentados pela comunidade 
econômica mundial. Estudos direcionados pelo IPEC2 – Programa Internacional de Eliminação do Trabalho 
Infantil da OIT (Organização Internacional do Trabalho) – UNICEF e Organizações não Governamentais 
indicam ser esse um problema endêmico em muitos países em desenvolvimento. Identificou-se trabalho 
forçado infantil na produção de tapetes, calçados, seda, tijolos e cerâmica, principalmente. Muitos locais de 
trabalho das crianças são prejudiciais à sua saúde, como as minas de carvão, olarias e aqueles onde se 
fabricam fogos de artifício, fósforo, vidros, entre outros. Os países que se utilizam desse tipo de trabalho 
estão localizados, em sua maioria, na África, como Angola, Sudão e Nigéria e na América Latina, como 
Brasil, Peru e Bolívia. 
 
Segundo dados da UNICEF, em pesquisa realizada em mais de 30 países em desenvolvimento, 
mostrou que 19% das crianças entre 5 e 14 anos de idade estão trabalhando. Além disso, não foi 
constatada diferença entre o número de meninas e meninos que trabalham. Na relação entre zona rural e 
urbana, porém, os números são muito diferentes. Na zona rural, 21% das crianças com idade entre 5 e 15 
anos trabalham, enquanto que na zona urbana, esse número cai para 13%. A pesquisa também mostrou 
que dentre as crianças que trabalham, dois terços o fazem em fazenda ou negócio de sua família. Esses 
indicadores demonstram a mentalidade – construída talvez pela necessidade – de que a criança deve 
ajudar no orçamento familiar, com sua própria força de trabalho. 
 
A pesquisa exibe ainda crianças de sete a dez anos de idade que trabalham de 12 a 14 horas por 
dia e ganham menos do que a terça parte do salário de um adulto. As empregadas no serviço doméstico, 
5% das que trabalham, além de expostas a longas jornadas por remuneração miserável, estão sujeitas a 
 
2 Da sigla em inglês: International Programme on the Elimination of Child Labour 
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abusos sexuais e outras agressões físicas. Em casos extremos, são seqüestradas e retidas em 
acampamentos remotos, onde são acorrentadas para evitar que fujam. Outros relatos de ONGs 
empenhadas no assunto revelam a presença de trabalho infantil na construção de estradas e em pedreiras. 
Muitas vezes árduo e perigoso, esse trabalho afeta a saúde das crianças de maneira irreversível e as priva 
da educação e do gozo normal da infância. 
 
Em janeiro de 2002, foi lançada na Copa das Nações Africanas a campanha Cartão Vermelho ao 
Trabalho Infantil, da OIT. Na luta que apela ao esporte mais popular do mundo, a campanha obteve 
inúmeros patrocinadores,incluindo Joseph Blatter, presidente da FIFA, que cedeu espaço à OIT para 
divulgar a campanha na Copa do Mundo de 2002. 
 
O programa IPEC, que atua em mais de 100 países, estabeleceu, em 17 de junho de 1999, a 
convenção 182 definindo como piores formas de trabalho infantil, a escravidão, trabalhos em conflitos 
armados, prostituição, pornografia, uso de crianças no tráfico de drogas e outras atividades ilícitas. Incluem-
se também atividades em que crianças estejam expostas a trabalhos perigosos ou prejudiciais à saúde. A 
primeira ratificação deste projeto ocorreu em setembro de 1999, e, até hoje, mais de 110 países também já 
o fizeram. 
 
Através da ratificação, o país compromete-se à imediata e efetiva ação, visando à proibição e 
eliminação dessas formas de trabalho infantil para menores de 18 anos, independentemente de legislações 
locais determinarem a infância com diferentes faixas etárias. O membro ratificante dessa convenção 
assume o compromisso de elaborar relatórios regulares à OIT, informando a situação do trabalho infantil e 
as medidas tomadas para sua erradicação em seu território. 
 
2.2. Crianças em Conflitos Armados 
 
Em muitas partes do mundo, tem-se denunciado o recrutamento obrigatório de crianças no serviço 
militar. Geralmente, são deixadas sem abrigo, privadas de alimentação, educação e cuidados de saúde 
adequados e, por conseqüência, tornam-se vulneráveis a atos de violência, abusos sexuais, contágio por 
doenças sexualmente transmissíveis e doenças mentais. Nas operações armadas, muitas crianças perdem 
a vida ou ficam inválidas, enquanto outras são interrogadas, torturadas, golpeadas ou mantidas como 
prisioneiros de guerra. Estima-se que, somente em 1992, 500 mil crianças menores de cinco anos morreram 
em decorrência de conflitos armados. 3 
 
2.3. Tráfico de Pessoas e Venda de Crianças 
 
De acordo com relatório da Organização Internacional do Trabalho4, divulgado em 2001, o 
fenômeno do tráfico para trabalho forçado ou compulsório está crescendo em tal proporção que a maioria 
dos países encaixa-se hoje em uma das três categorias: “países fornecedores, países transitórios ou países 
receptores”. 
 
3 Machel, Graça – Patterns in conflict: Civilians are now the target - Unicef 
4 Global Report under the Follow-up to the ILO Declaration on Fundamental Principles and Rights at Work: Stopping Forced Labour. 
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Muitos dos destinos são centros urbanos de países ricos – Amsterdã, Bruxelas, Londres, Nova 
Iorque, Roma, Sidney, Tóquio – e capitais de países em desenvolvimento e em transição. Porém, o fluxo de 
pessoas é altamente complexo e variado. Países tão diversos quanto Albânia, Hungria, Nigéria e Tailândia 
podem atuar como pontos de origem, destino e trânsito ao mesmo tempo. 
 
A passividade da vítima deve-se à falta de alternativa econômica e social, além da falta de 
perspectiva de fuga. Muitos intermediários têm descoberto que é possível obter enormes lucros, levando 
pessoas, especialmente crianças pobres a indivíduos com recursos econômicos – sem nenhuma forma de 
garantia e vigilância para protege-las. Nesses casos, o benefício financeiro – dos pais e dos intermediários – 
deixa transparecer o caráter de comércio da transação. 
 
2.4. Trabalho Forçado 
 
As diferentes formas de trabalho forçado compartilham dois aspectos comuns: o exercício de 
coerção e a negação de liberdade. Geralmente, a vítima não pode deixar o local de trabalho, diferentemente 
da servidão por dívida, onde há possibilidade de compra da liberdade. A pessoa é adquirida no mercado ou 
é retirada de sua comunidade para o trabalho forçado e não tem direito a qualquer forma de remuneração. 
 
O trabalho forçado, atualmente, encontra-se nos seguintes formatos: 
 
♣ Trabalho pesado e rapto; 
♣ Participação compulsória em projetos de trabalho público; 
♣ Trabalho forçado na agricultura e em áreas rurais remotas; 
♣ Trabalho escravo; 
♣ Trabalhadores domésticos em situação de trabalho forçado; 
♣ Trabalho forçado imposto por militares; 
♣ Trabalho forçado no tráfico de pessoas; 
♣ Trabalho prisional e reabilitação através de trabalho. 
 
O relatório da OIT5 afirma que o trabalho escravo, de modo integral, apesar de cada vez mais raro, 
ainda é encontrado em alguns países. Registre-se o tráfico indiscriminado em sociedades conflituosas, 
como Libéria e Mauritânia. Servidão por dívida e práticas similares à escravidão, encontram-se sobretudo 
em campos agrícolas do Oeste da África, em países como Benin, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali e 
Togo, assim como em plantações de cana-de-açúcar na América Central, principalmente na República 
Dominicana e no Haiti. 
 
Indígenas, tão diversos quanto Pigmeus e Bantus na África e Aymara e Eznet na América Latina, 
são especialmente vulneráveis a tais formas de trabalho forçado, de acordo com o relatório, que aborda 
também ações afirmativas relacionadas, como o caso crítico de trabalho forçado em Myanmar, que tem 
 
5 Op. Cit. 
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recebido reação excepcional da comunidade internacional e esforços bem sucedidos na Índia, Nepal e 
Paquistão para combater o trabalho escravo. 
 
Pobreza, desemprego, desordem civil, repressão policial e discriminação de raça e gênero formam 
ambiente propício para traficantes de pessoas, alerta a abordagem da revista da OIT6 sobre o relatório 
divulgado. A Europa, em particular, tem visto a explosão do tráfico, desde a quebra da União Soviética, e o 
surgimento de grandes quantidades de sweatshops7, envolvendo migrantes clandestinos. 
 
Enquanto há consenso universal sobre a definição de trabalho forçado (essencialmente trabalho 
realizado sob coerção e sujeito a penalidade), algumas de suas formas ainda são fontes de debates 
políticos. Entre as questões mais controversas, estão aquelas envolvendo participação compulsória de 
cidadãos em trabalhos públicos no contexto de desenvolvimento econômico, prática que prevalece em 
numerosos países Asiáticos (incluindo Vietnã) e países Africanos (República Centro-Africana, Serra Leoa e 
Tanzânia). O uso do trabalho prisional é outra questão controversa em países onde a reabilitação, através 
do trabalho é parte do cumprimento da pena, como na China, ou onde o uso do trabalho de presidiários, por 
entidades privadas, é permitido. Trata-se de questão controversa, uma vez que presidiários, já privados de 
liberdade, podem mais facilmente ser submetidos à exploração. 
 
A complexidade do fenômeno requer a combinação de medidas antipobreza e regulatórias do 
mercado de trabalho. Problemas de longa duração de trabalho forçado podem estar associados a 
instituições agrárias atrasadas, que necessitam de reforma para atingirem uma agricultura sustentável, 
produtividade e respeito aos Direitos Humanos. 
 
2.4.1. Servidão por dívida 
 
Ainda que, na teoria, uma dívida possa ser paga em determinado período de tempo, a servidão se 
apresenta quando, apesar de esforços, o devedor não consegue extingui-la. Geralmente, a dívida é herdada 
pelos filhos do trabalhadorem servidão. O arrendamento de terras, em troca de parcela da colheita, é forma 
comum de submeter devedores à servidão. Outra freqüente forma é a exploração da prostituição através do 
endividamento contraído pelo custo de viagem para o país onde trabalhará. 
 
2.4.2. Escravidão tradicional 
 
A escravidão tradicional, como sistema de trabalho permitido pela lei, foi abolida em todas as partes, 
mas na prática não se encontra suprimida por completo. Ainda há relatos da existência de mercado de 
escravos e o trabalho forçado tem sido observado como em fase de crescimento por todo o mundo. Mesmo 
quando abolida, a escravidão deixa traços na sociedade, com a possível persistência da mentalidade 
escravista entre as vítimas e seus descendentes e entre os herdeiros dos donos de escravos, muito tempo 
depois de seu desaparecimento formal. 
 
6 World of Work, no. 39, Junho 2001.: Forced Labour, Human Trafficking, Slavery Haunt us Still. In 
http://www.ilo.org/public/english/bureau/inf/magazine/39/human.htm. Acessado em 9/08/2002. 
7 Estabelecimento escravizante: loja ou fábrica que explora os empregados com horas excessivas de trabalho por salários irrisórios e 
em más condições ambientais. 
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2.4.3. Servidão Doméstica 
 
Tornando-se fato habitual na Europa Ocidental, famílias de migrantes, vindos da África, Ásia e 
Europa Centro-Oriental, trazem serviçal, não registrado (o trabalhador, neste caso, não está em condições 
de entrar com queixa trabalhista). A situação cria mecanismos brutais de exploração econômica, sobretudo 
de mulheres, sem remuneração adequada, sem horário fixo e em precárias condições de vida. 
 
3. Atuação da ONU 
 
3.1. Convenções Específicas 
 
A preocupação internacional concernente à escravidão e sua supressão tem sido tema de muitos 
tratados, declarações e convenções dos séculos XIX e XX. A primeira das três convenções modernas que 
se referem diretamente à questão é a Convenção sobre a Escravidão de 1926, elaborada pela Liga das 
Nações. A Assembléia Geral da ONU adotou esta Convenção em 1953. Até hoje, 95 Estados já a 
ratificaram e se comprometeram a prevenir e reprimir o tráfico de escravos, bem como a buscar a 
supressão da escravidão em todas as suas formas. 
 
A definição de escravidão, contida na Convenção, foi ampliada na Convenção Suplementar sobre a 
Abolição da Escravidão, Tráfico de Escravos e Instituições e Práticas Análogas à Escravidão, adotada em 
conferência das Nações Unidas em Genebra, em 1956. A partir dessa ampliação, incluíram-se práticas e 
instituições de servidão por dívida, formas servis de matrimônio, e exploração de crianças e adolescentes. 
Até agora, 119 Estados ratificaram ou aderiram à Convenção Suplementar. 
 
Em 1949, a Assembléia Geral da ONU aprovou a Convenção para a Repressão do Tráfico de 
Pessoas e da Exploração da Prostituição. Este instrumento jurídico consolidou acordos internacionais desde 
1904, como o Acordo Internacional para a Supressão do Tráfico de Escravo Branco. O Convênio dispõe 
principalmente de medidas que os Estados partidários devem adotar para punição daqueles que exploram 
ou gerenciam o trabalho de prostituição. Os Estados que ratificaram ou que aderiram ao Convênio, 74 
atualmente, comprometeram-se também a reprimir o tráfico de pessoas, com propósitos de prostituição, e a 
suprimir leis, regulamentos, registros especiais e outras disposições impostas às pessoas que praticam, ou 
de quem se suspeita que pratique, a prostituição. 
 
3.2. Meios de Proteção Mais Abrangentes 
 
A proteção contra a violação dos Direitos Humanos, envolvendo a escravidão, está compreendida 
de forma ampla nos seguintes tratados: 
 
• Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU); 
• Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (ONU); 
• Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, (ONU); 
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• Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher 
(ONU); 
• Convenção sobre os Direitos da Criança (ONU); 
• Declaração da OIT sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho. 
 
Os Comitês estabelecidos em virtude de cada pacto e de cada convenção supervisionam sua 
aplicação pelos Estados. Ademais, as Nações Unidas dispõem de mecanismos para receber denúncias em 
casos concretos de violações dos Direitos Humanos. 
 
A mais recente Convenção sobre Direitos da Criança, que entrou em vigor em dois de Setembro de 
1990, merece atenção especial, por discutir, potencialmente, efetivos problemas na luta contra práticas 
análogas à escravidão, levando-se em conta o número de vítimas infantis. Devidamente aplicada pelos 
Estados que a ratificaram, a Convenção permite proteger as crianças ameaçadas de explorações sexuais, 
econômicas e de abusos de outra natureza, como venda e tráfico de crianças, e participação em conflitos 
armados. 
 
3.3. Grupo de Trabalho 
 
O Grupo de Trabalho sobre as Formas Contemporâneas de Escravidão é o órgão das Nações 
Unidas encarregado de receber e analisar informações recebidas, sobre medidas que os países estão 
adotando para aplicar as três convenções específicas sobre escravidão8. O problema é minuciosamente 
estudado, procurando oferecer soluções e estratégias, multilaterais e, em casos específicos, para resolver a 
questão de forma elaborada e eficiente. 
 
O Grupo surgiu em 1975 para avaliar progressos no campo do comércio de escravos e de práticas 
análogas à escravidão do apartheid e do colonialismo, no tráfico de pessoas e na exploração da 
prostituição. Em 1988, o Grupo de Trabalho sobre a Escravidão teve seu nome alterado para o atual. 
Composto por cinco peritos independentes9, eleitos com base no princípio da representação geográfica 
eqüitativa entre membros da Subcomissão de Prevenção de Discriminações e Proteção das Minorias, o 
Grupo reúne-se durante uma semana a cada ano, sempre antes da Sessão da Subcomissão, quando 
apresenta seus relatórios. 
 
Além de diversas questões serem abordadas nas reuniões, cerca de dois temas são eleitos a cada 
ano, para deterem atenção especial. Em sua última sessão, a vigésima-sétima, de 27 a 31 de Maio de 2002, 
o tema abordado na agenda foi a exploração de crianças, particularmente no contexto da prostituição e 
servidão doméstica. 
 
 
8 Convenção sobre a Escravidão de 1926; Convenção para o Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição de 1949; Convenção 
Suplementar sobre a Abolição da Escravidão, Tráfico de Escravos e Instituições e Práticas Análogas à Escravidão de 1956. 
9 Em 2002: Sra. H. Warzazi (África), Sr. R. Goonesekere (Ásia), Sr. Ogurtsov (Europa Oriental), Sr. Pinheiro (América Latina), Sr. van 
Hoof (Europa Ocidental). 
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3.3.1. Fontes de Informação 
 
Ao estudar os problemas atuais da escravidão, fixar prioridades, determinar ações e formular 
recomendações, o Grupo de Trabalho recolhe informações de uma série de fontes. Os governos cooperam 
e participam de suas atividades, assim como os diversos organismos da ONU, organizações 
intergovernamentais e organizações não-governamentais. 
 
As declarações dos governos têm revelado apoio aos projetos de ajuda às vítimas de trabalhos 
análogos à escravidão. Os governos fornecem também informações sobre as mudanças nas legislações 
nacionais, que têm por objetivo evitar essas atividades e oferecer melhor proteção contra as mesmas. 
Outras iniciativas oficiais referem-se a solicitações de serviços de assessoria para aplicação das 
convenções da ONU, a coordenação dentro do sistema das Nações Unidas, o combate ao tráfico de 
pessoas e a inserção da questão de exploração sexual no programa do Conselho da Europa. 
 
As organizações não-governamentais dão contribuição importante às atividades do Grupo de 
Trabalho, comunicando-o, em suas sessões, sobre a situação dos Direitos Humanos em muitas partes do 
mundo e descrevendo seus trabalhos e experiências na eliminação das práticas condenadas em 
convenções sobre a escravidão. Suas atividades consistem, entre outras, na assistência legal e ajuda a 
crianças afetadas por estados de exceção; em serviços de reabilitação para crianças vítimas de conflitos 
armados; em campanhas para a supressão da prostituição infantil; na assistência para formulação de leis 
internacionais e em programas de assistência ao desenvolvimento para crianças que correm o risco de 
serem vítimas da exploração sexual. 
 
3.3.2. Relatores Especiais 
 
A exploração do trabalho infantil foi investigada por Abdel Wahab Boudhiba. No informe que 
apresentou em 1981 à Subcomissão de Prevenção a Discriminações e Proteção às Minorias, demonstrou 
que o trabalho realizado por crianças altera, muitas vezes, sua saúde e perverte o conceito de trabalho 
como força libertadora ou como meio de desenvolvimento, rumo à maturidade. 
 
Em 1982, o informe atualizado, preparado por Benjamin Whitaker sobre escravidão, abarcou uma 
série de temas, dentre os quais trabalho forçado, tráfico ilícito de trabalhadores migrantes, práticas 
escravizadoras que afetam a mulher, tais como matrimônio involuntário, venda de mulheres e homicídios, 
devido ao sistema de posses, e mutilação genital de meninas. 
 
Por indicação do Grupo de Trabalho, a Comissão de Direitos Humanos nomeou, em 2001, o Sr. 
Goonesekere como Relator Especial sobre tráfico de pessoas, incumbindo-lhe de apresentar conclusões e 
recomendações ao problema. Esta foi uma das mais recentes investigações do Grupo de Trabalho, que 
permitiu detalhar com bastante precisão a situação das condições de trabalho por todo o mundo e, com 
isso, elaborar projetos para combater abusos. 
 
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3.3.3. Recomendações 
 
De acordo com relatório de sua 26ª sessão10, em 2001, o Grupo adotou os seguintes indicativos 
para ação contra as formas contemporâneas de escravidão: 
 
1. Pede aos governos para proverem proteção e assistência às vítimas, baseadas em 
considerações humanitárias, e não conterem apoio na cooperação do julgamento de seus exploradores. 
2. Apela aos Estados para iniciarem programas de prevenção, com base nas comunidades, 
especialmente em áreas de alto risco, em que a população fica sujeita às táticas de recrutadores e 
traficantes e aos riscos da exploração sexual. 
3. Recomenda a criação de observatórios especiais, tanto nacional como regionalmente, para 
coletar informações de ONGs e indivíduos com habilidades relevantes, para que os objetivos do Programa 
de Ação sobre o Tráfico de Pessoas e Exploração da Prostituição de Outros possam progredir. 
4. Apela aos governos, que ainda não o fizeram, para ratificarem a Convenção para a Supressão 
do Tráfico de Pessoas e Exploração da Prostituição de Outros de 1949, a convenção nº 182 da OIT sobre a 
Proibição e Ação Imediata para Eliminação das Piores Formas de Trabalho Infantil e a Convenção sobre a 
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979. 
5. Pede às repartições de Direitos Humanos das Nações Unidas para que focalizem sua atenção 
na violação de direitos humanos, relacionada com tráfico de pessoas e vítimas de prostituição, de acordo 
com a Convenção para a Supressão do Tráfico de Pessoas e Exploração da Prostituição de Outros de 
1949. 
6. Recomenda que o tráfico de pessoas, prostituição e práticas relacionadas de exploração sexual 
sejam considerados no processo de preparação para a Conferência Mundial Contra o Racismo, 
Discriminação Social, Xenofobia e Intolerâncias Relacionadas, e faz fortes recomendações aos governos 
para prevenção e sanção de tais violações, assim como provimento de serviços, apoio e repatriamento das 
vítimas. 
 
3.4. Cooperação de Outros Organismos Internacionais 
 
Nos esforços para eliminação das formas contemporâneas de escravidão, participa uma ampla 
gama de organismos internacionais, geralmente vinculados à ONU, que têm suas próprias esferas de ação 
e colaboram com o Grupo de Trabalho. 
 
3.4.1. Organização Internacional do Trabalho (OIT) 
 
A OIT é pioneira em projetos que envolvam microfinanciamento, reabilitação e recapacitação de 
trabalhadores vítimas de trabalho forçado. Também possui projetos para a conscientização sobre o tráfico 
de pessoas e meios de prevenção para grupos vulneráveis a este tipo de práticas. 
 
 
10 Report of the Working Group on Contemporary Forms of Slavery on its twenty-sixth session. (E/CN.4/Sub.2/2001/30). 
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A Organização conta com dois convênios aprovados, requerendo que os Estados signatários 
suprimam qualquer modalidade de trabalho forçado ou obrigatório. O Convênio No. 29 de 1930 proíbe o 
trabalho forçado na maioria de suas modalidades e o Convênio No. 105 de 1957 proíbe sua utilização com 
fins de fomento econômico. Cada um dos convênios recebeu mais de 100 ratificações. 
 
O Convênio de 1973 sobre Idade Mínima tem por objetivo prevenir a exploração do trabalho infantil. 
Estabelece que a idade mínima de admissão para emprego não será menor à idade em que se termina a 
escola básica e, em todo caso, 15 anos é a referência como mínimo permissível (14 anos para países em 
desenvolvimento) e, em caso de trabalho, “que possa resultar em perigo à saúde, à segurança ou à 
moralidade”, não menos do que 18 anos. 
 
Os Governos informam a OIT sobre medidas que adotam para cumprir as promessas firmadas 
nesses instrumentos jurídicos internacionais. Os informes são examinados na Comissão de Peritos na 
Aplicação dos Convênios e Recomendações e pela Conferência Internacional do Trabalho. Em ambas, os 
problemas são acompanhados até que se resolvam. 
 
A OIT também aplica um ativo programa de assistência técnica na luta contra o trabalho infantil, 
servidão e outras inaceitáveis formas de exploração, uma vez que fornece informações ao Grupo de 
Trabalho sobre as Formas Contemporâneas de Escravidão; este, emsuas deliberações, expõe quais 
convênios da OIT estão sendo observados e os casos em que a mesma pode oferecer assistência. 
 
3.4.1.1. Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (IPEC) 
 
IPEC é um programa elaborado pela OIT, que tem como objetivo eliminar progressivamente o 
trabalho infantil, fortalecendo a capacidade nacional para combatê-lo, com apoio internacional. 
 
Os grupos de maior interesse do IPEC são crianças que efetuam trabalho forçado, crianças em 
condições de trabalho em instalações insalubres e crianças que são particularmente vulneráveis, como as 
muito jovens, que trabalham (abaixo de 12 anos de idade) e meninas. 
 
O comprometimento individual de governos em cooperação com organizações de empregadores e 
trabalhadores, ONGs e partes relevantes na sociedade – como universidades e mídia – são o ponto de 
partida para toda a ação da IPEC, que tem por base o respeito à soberania estatal. Organizações afiliadas 
recebem apoio para desenvolver e implementar medidas que tentam prevenir o trabalho infantil, retirando 
crianças de trabalhos perigosos e provendo alternativas, melhorando as condições de trabalho. 
 
A estratégia desenvolvida é multi-setorial e dividida em diversas fases: motivação de parcerias para 
identificar e agir contra o trabalho infantil; execução de análise da situação, para descobrir incidências no 
país; oferta de assistência para desenvolvimento e implantação de políticas nacionais, envolvendo os 
problemas do trabalho infantil; fortalecimento de organizações já existentes; criação de mecanismos 
institucionais; campanha de conscientização do problema por todo o país, em comunidades e locais de 
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trabalho; promoção do desenvolvimento e aplicação de legislações protetoras, reaplicação e expansão de 
projetos que tiveram sucesso nos programas de afiliados. Enfim, incluir a solução de problemas de trabalho 
infantil em políticas econômicas, programas e orçamentos. 
 
3.4.2. Organização Mundial da Saúde (OMS) 
 
A OMS tem confirmado, nas reuniões do Grupo de Trabalho, que a exploração sexual, a servidão 
por dívidas e a venda de crianças oferecem graves riscos para a saúde mental e para o desenvolvimento 
social das crianças vítimas. A exploração com fins sexuais aumenta também o risco de propagação de 
doenças sexualmente transmissíveis. 
 
O Órgão e seus escritórios regionais, que têm oferecido estudos sobre o problema da prostituição 
infantil e elaborado critérios para a prevenção e tratamento de riscos à saúde, encontram-se em condições 
de prestar apoio técnico a determinados projetos. A OMS está preparando também diretrizes relativas à 
questão do tráfico de órgãos humanos para transplantes. 
 
3.4.3. Órgão das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) 
 
Escravidão e práticas análogas têm sido objeto de reuniões e informes preparados sob os auspícios 
da UNESCO. A entidade tem patrocinado, por exemplo, estudo realizado pelo Escritório Católico 
Internacional da Infância sobre a proteção de menores usados em material pornográfico. 
 
Em 1988, reunião da UNESCO estudou as conseqüências de conflitos armados sobre crianças e 
recomendou que se adotassem medidas a fim de proteger e promover seus direitos em tais situações. A 
UNESCO organizou, em 1991, reunião sobre o Convênio de 1949, aprovado pela Assembléia Geral, que 
consolidava prévios acordos internacionais para repressão do tráfico de pessoas e da exploração da 
prostituição, oferecendo propostas para aprimorar sua aplicação. 
 
3.4.4. Órgão das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) 
 
A FAO empenha-se no combate à servidão de pessoas, no que se relaciona às diversas formas de 
possessão da terra. Suas atividades, que oferecem ajuda às organizações de pequenos agricultores, 
resultam em eficazes medidas de erradicação da servidão por dívidas e do trabalho forçado e infantil em 
lavouras. 
 
3.4.5. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) 
 
A UNICEF desempenha função de importância fundamental nas estratégias internacionais de luta 
contra formas contemporâneas de escravidão. Com apoio massivo para a adoção e a rápida ratificação da 
Convenção sobre os Direitos da Criança, organizou a Cúpula Mundial da Criança em Nova Iorque, em 
setembro de 1990. 
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A Cúpula Mundial aprovou, no mais alto nível político, Declaração e Plano de Ação para a 
sobrevivência, a proteção e o desenvolvimento da criança na década de 1990. No Plano de Ação, os 
Estados comprometem-se a melhorar a penosa situação de milhões de crianças que vivem em condições 
especialmente difíceis – como órfãos e crianças de rua, refugiados e pessoas desabrigadas, vítimas da 
guerra e de desastres naturais ou provocados pelo homem. Incluem-se também filhos de trabalhadores 
migrantes e outros grupos socialmente desfavorecidos, como crianças trabalhadoras ou jovens apanhados 
na servidão da prostituição, abuso sexual e outras formas de exploração, crianças inabilitadas ou 
delinqüentes juvenis e vítimas da ocupação estrangeira. 
 
3.4.6. Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) 
 
Grupo permanente do Alto Comissariado supervisiona a situação de crianças refugiadas e de 
problemas especiais que lhe são apresentados. As diretrizes relativas às crianças refugiadas, sob a atenção 
dos escritórios do ACNUR, abarcam questões de recrutamento em conflitos armados e adoção de crianças 
desamparadas. 
 
Levando-se em conta a fragilidade de muitos refugiados no país de destino, o órgão dedica 
constantes observações acerca das condições de trabalho de migrantes. Deslocados na sociedade para a 
qual migraram, muitas vezes sem boas condições de sobrevivência, são vítimas fáceis para o trabalho 
forçado. Os campos de refugiados também cobram atenção especial, pois é recorrente a exploração do 
trabalho em troca de favores. 
 
3.4.7. Comissão das Nações Unidas para a Condição Jurídica e Social da Mulher 
 
Os problemas análogos à escravidão, que afetam em extensa proporção as mulheres, são objeto de 
constante atenção desta Comissão. Conclusões e recomendações foram produzidas nas Conferências 
Mundiais da Década das Nações Unidas para a Mulher, celebrada na Cidade do México, Copenhague e 
Nairobi. A comissão também envia relatórios, relativos à prostituição; à vulnerabilidade da mulher e ao 
trabalho abusivo ao Grupo de Trabalho sobre Formas Contemporâneas de Escravidão. 
 
3.4.8. Núcleo de Prevenção ao Crime Internacional 
 
Subdivisão do Escritório de Prevenção ao Crime e Controle de Drogas do Conselho Econômico e 
Social das Nações Unidas, o Núcleo é responsável pela prevenção ao crime, justiça penal e reforma de 
legislações penais. Dedica atenção especial ao combate ao crime organizado transnacional, ao tráfico ilícito 
de pessoas e à corrupção. Sua atuação consiste na definição e promoção de princípios reconhecidos 
internacionalmente em áreas como: independência do judiciário, proteção de vítimas, penas alternativas à 
prisão, tratamento de prisioneiros, uso policial da força, assistência legal mútua e extradição. Mais de 100 
países basearam-senesses padrões para a elaboração de suas legislações nacionais e políticas, no que 
diz respeito à prevenção do crime e à justiça penal. 
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Oferece cooperação técnica visando principalmente: ao fortalecimento da capacidade dos governos 
de reformar sistemas de legislação e justiça penal; ao estabelecimento de instituições e mecanismos para a 
detecção, investigação, processo e julgamento de vários tipos de crimes e a melhorar a qualificação dos 
oficiais de justiça penal. 
 
3.4.9. Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL) 
 
A INTERPOL fornece informação sobre práticas análogas à escravidão ao Grupo de Trabalho, em 
virtude de acordo de cooperação acertado com as Nações Unidas. Dentre essas informações, cabe citar o 
informe do Simpósio Internacional de 1988 sobre o Tráfico de Seres Humanos, em que se examinou o uso 
de crianças na pornografia. O Simpósio incitou os organismos de repressão, a dar prioridade nas 
investigações do mercado internacional de material pornográfico, oferecendo especial atenção à exploração 
de crianças. Recomendou-se a prevenção da exploração sexual de crianças através de campanhas de 
informação pública, organizadas por esses organismos. 
 
4. Documento de Posição 
 
Após a realização de extensa pesquisa, que deve se basear tanto na coleta de informações sobre o 
tema quanto no entendimento do posicionamento do país frente ao tópico, pede-se que cada delegação 
elabore documento que explicite o direcionamento da política de seu país frente ao trabalho forçado e 
formas de trabalho análogas à escravidão, assim como ao trabalho infantil. 
 
É fundamental que se tenha em mente, durante a próxima sessão da Comissão, que estaremos 
discutindo problemas de trabalho, sob a ótica dos diretos humanos. Assim, é crucial que todos os 
participantes estejam familiarizados com o sistema de proteção aos trabalhadores e crianças, criado no 
âmbito da ONU e que envolve a atuação de fundamentalmente: OIT, UNICEF, Comissão de Direitos 
Humanos, Sub-Comissão de Proteção e Promoção dos Direitos Humanos e Comissão de Direitos da 
Criança. 
 
É esperado que os delegados compreendam de maneira detalhada qual a situação de trabalho, as 
atitudes e posicionamentos atuais do país que representam. Sugere-se que, durante o processo de 
pesquisa, sejam esclarecidas as seguintes questões: 
 
¬ Direitos trabalhistas do país representado; 
¬ Ocorrência de conflito armado ou crise política, econômica e social; 
¬ ocorrências ou denúncias de alguma forma de escravidão contemporânea; 
¬ ocorrências de trabalho forçado e trabalho infantil dentro de seu território; 
¬ medidas tomadas para a prevenção e erradicação do trabalho forçado e trabalho infantil; 
¬ conseqüência do trabalho forçado e do trabalho infantil para as vítimas e o impacto social em seu país; 
¬ políticas adotadas para a desmobilização e reintegração social das vítimas; 
¬ no caso de não incidência de trabalho forçado e trabalho infantil, políticas de cooperação com países 
afetados; 
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¬ relação com estabelecimentos situados em outros países, sujeitos a acusações de emprego de 
trabalho forçado ou infantil; 
¬ tratados internacionais assinados e ratificados pelo país, com referência à proteção dos direitos das 
crianças e trabalhadores; 
¬ Processo de garantia de direitos em âmbito nacional. 
 
Os documentos sobre a posição de cada país são importantes não só para o delegado avaliar seu 
conhecimento sobre o assunto, contribuindo para seu direcionamento no estudo, mas também para indicar 
aos colegas de outras delegações qual posicionamento seu país adotará ao longo das sessões. 
 
Apesar de o tema formas contemporâneas de escravidão abranger uma diversidade de tratos 
trabalhistas desumanos e estes estarem relacionados, os delegados devem ter em mente que o 
direcionamento em poucas modalidades – como trabalho infantil e trabalho forçado – permite uma 
abordagem mais aprofundada e maior facilidade no acordo de medidas mais eficientes e direcionadas à 
questão. 
 
A constante negligência, sofrida principalmente por mulheres e crianças, é motivação bastante para 
que os delegados utilizem seus estudos, sua criatividade e bom-senso para a elaboração de novas saídas, 
novas respostas às perguntas que as extensas discussões nos fóruns internacionais ainda não puderam 
resolver por completo. 
 
5. Fontes 
 
5.1. Principais Instrumentos Internacionais Relacionados: 
 
• Convenção sobre a Escravidão (1926). http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/f2sc.htm; 
• Protocolo de Retificação da Convenção sobre a Escravidão (1953). 
http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/f2psc.htm; 
• Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravidão, Tráfico de Escravos e Instituições e 
Práticas Análogas à Escravidão (1956). http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/30.htm; 
• Convenção sobre Trabalho Forçado (OIT, no. 29. 1930). Vide anexo 1; 
• Convenção de Abolição do Trabalho Forçado (OIT, no. 105. 1957). Vide Anexo 2; 
• Convenção para a Supressão do Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição. 
http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/33.htm; 
• Declaração dos Direitos da Criança (1959). http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/25.htm; 
• Convenção dos Direitos da Criança (1989). http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/k2crc.htm. 
• Convenção sobre Idade Mínima para Admissão de Emprego (OIT, no. 132. 1973) 
• Convenção sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil (OIT, no. 182) 
• Declaração da OIT dos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho. 
http://www.ilo.org/public/english/standards/decl/declaration/text/index.htm; 
• Declaração Universal dos Direitos Humanos. http://www.unhchr.ch/udhr/lang/por.htm; 
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• Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/a_ccpr.htm; 
• Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/a_cescr.htm. 
 
5.2. Endereços de Internet 
 
♣ Centre for International Crime Prevention - http://www.uncjin.org/CICP/cicp.html 
♣ Direito ao Emprego (tratados OIT), página USP -
http://www.direitoshumanos.usp.br/documentos/tratados/emprego/emprego.html 
♣ Fact Sheet No.14, Contemporary Forms of Slavery – http://www.unhchr.ch/html/menu6/2/fs14.htm 
♣ Female Genital Mutilation - US Department of State – http://www.state.gov/g/wi/rls/rep/c6466.htm 
♣ ILO Declaration on Fundamental Principles and Rights at Work - 
http://www.ilo.org/public/english/standards/decl/declaration/text/index.htm 
♣ ILO Magazine: World of Work – http://www.ilo.org/public/english/bureau/inf/magazine/index.htm 
♣ International Labour Organization - ILO Web site - http://www.ilo.org 
♣ IOM - International Organization for Migration - http://www.iom.int 
♣ IPEC(International Programme on the Elimination of Child Labour) – 
http://www.ilo.org/public/english/standards/ipec/index.htm 
♣ MSNBC Story - A case of modern day slavery - http://www.msnbc.com/news/675098.asp 
♣ Office to Monitor and Combat Trafficking in Persons - US Department of State - 
http://www.state.gov/g/tip/ 
♣ ONG – Amnesty International - http://www.amnesty.org/ 
♣ ONG – AntiSlavery - http://www.antislavery.org/ 
♣ ONG – Coalition to Abolish Slavery & Trafficking - http://www.trafficked-women.org/main.html 
♣ ONG – Global March Against Child Labour - http://globalmarch.org/index.html 
♣ ONG – Human Rights Watch - http://www.hrw.org/ 
♣ ONG – iAbolish! - http://www.iabolish.com 
♣ ONG – The Global Alliance Against Traffic in Women (GAATW) - http://www.inet.co.th/org/gaatw 
♣ ONG – Trocaire Home Page - http://www.trocaire.org 
♣ Press Conference by the OHCR of Human Trafficking in Southeastern Europe - 
http://www.unog.ch/news2/documents/newsen/pc020722.htm 
♣ Simpósio Internacional sobre Trabalho Forçado e Infantil - 
http://www.pgt.mpt.gov.br/trabinfantil/relatorio.html 
♣ Slavery in the Modern World - http://www.infoplease.com/spot/slavery1.html 
♣ U.S. Fund for UNICEF -UNICEF Issues - http://www.unicefusa.org/issues/index.html 
♣ United Nations Commission on Human Rights – http://www.unhchr.ch/html/menu2/2/chr.htm 
♣ United Nations High Commissioner for Refugees – http://www.unhcr.ch/ 
♣ United Nations - International Human Rights Instruments – http://www.unhchr.ch/html/intlinst.htm 
♣ United Nations - Office of High Commissioner for Human Rights - OHCHR – http://www.unhchr.ch/ 
♣ United Nations - Slavery issue – http://www.unhchr.ch/html/menu2/isslav.htm 
 
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5.3. Bibliográfica 
 
BENNET, A. Leroy. International Organizations: Principles and Issues. New Jersey: Prentice Hall, 1995. 
 
HUMPHREY, John. No distant Millennium: The International Law of Human Rights. Paris: Unesco, 1989. 
 
JOYNER, Christopher C. The United Nations and International Law. Cambridge: Cambridge University 
Press, 1998 
 
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. São Paulo: Max Limonad, 
1997. 
 
SÜSSEKIND, Arnaldo. Direito Internacional do Trabalho. São Paulo: LTr, 1987. 
 
SWINARSKI, Christophe. Direito Internacional Humanitário. São Paulo: RT, 1990. 
 
WEISS, Thomas G.; FORSYTHE, David P.; COATE, Roger A. The United Nations and Changing World 
Politics. Boulder: Westview Press, 1997. 
Direitos Humanos: Construção da Liberdade e da Igualdade. São Paulo: Centro de Estudos da Procuradoria 
Geral do Estado, 2000. 
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