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! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Este Guia de Estudos foi elaborado pelo Secretariado da MONU 2002 (Modelo das Nações Unidas) , organizada pela Pontífice Universidade Católica de São Paulo. Comissão de Direitos Humanos Tópico B: Novas Formas de Escravidão 1. Introdução O problema da escravidão foi uma das primeiras preocupações em Direitos Humanos abordada com seriedade pela sociedade internacional. Em meados do século XIX, a Inglaterra, ciente das vantagens ao seu desenvolvimento econômico que a abolição da escravidão em países americanos poderia lhe proporcionar, incentivou, com bastante empenho, o fim do tráfico negreiro e do trabalho escravista. Atualmente, apesar da abolição legal da escravidão em todos os países, e após mais de um século de mobilizações e iniciativas concretas voltadas para sua erradicação, persistem modalidades de trabalho forçado, que impedem muitos indivíduos de possuírem uma vida digna. A Organização Internacional do Trabalho estima que em todo o mundo haja 100 milhões de crianças submetidas a práticas de trabalho exploratório. O termo escravidão nos remete a diversas práticas que agridem os Direitos Humanos. Além do tradicional trabalho escravo e seu mercado, incluem-se violações como a venda de crianças, prostituição e pornografia infantil, exploração de trabalho infantil, mutilação sexual de meninas, uso de crianças em conflitos armados, servidão por dívida, servidão doméstica, tráfico de pessoas e de órgãos humanos. Os grupos sociais mais vulneráveis a esses tipos de exploração são mulheres, crianças, minorias étnicas ou raciais e migrantes. Apresentam como fator comum a extrema pobreza, pois, por necessidade de sobrevivência, aceitam condições sub-humanas e até escravistas de trabalho. As mesmas famílias ou grupos sociais são, muitas vezes, vítimas de diferentes tipos de escravidão. As muitas evidências apresentadas aos órgãos de Direitos Humanos das Nações Unidas, em especial ao Grupo de Trabalho sobre as Formas Contemporâneas de Escravidão, assim como estudos e conclusões dos relatores especiais, oferecem uma idéia do que hoje representam as práticas análogas à escravidão. Esta Comissão, sob os auspícios da Organização das Nações Unidas, propõe uma sessão onde serão discutidas formas para a erradicação destes inaceitáveis tratos trabalhistas. Reafirmam-se as importantes tarefas que órgãos de amparo ao desenvolvimento econômico e social podem exercer, conjuntamente com a Organização Internacional do Trabalho, Organizações Não-Governamentais e agências especializadas das Nações Unidas. Esforços pela implementação de políticas agrárias sustentáveis e eqüitativas; medidas antipobreza, fornecedoras de mercado de trabalho, e voltadas para o desenvolvimento do homem em sua plenitude educacional, devem alcançar resultados eficazes. O texto que apresentamos foi elaborado com base no Folheto Informativo No. 141, divulgado pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU. Diante do mesmo, coube aos autores não somente atualizá-lo 1 “Fact Sheet no. 14, Contemporary Forms of Slavery”. In http://www.unhchr.ch/html/menu6/2/fs14.htm Acessado em 31/07/2002. Tradução de Paulo Edgar da Rocha Resende. file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes Novas Formas de Escravidão João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes Novas Formas de Escravidão João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos e remodelá-lo, mas acrescentar informações indispensáveis para a preparação do delegado, que se incumbirá de procurar medidas eficazes para a solução deste persistente problema na comunidade internacional. Apesar do tema Formas Contemporâneas de Escravidão englobar diversas atividades, foram priorizados o trabalho infantil e o trabalho forçado, de modo que as soluções a serem apresentadas pelos delegados devem enfocar estas duas modalidades. 2. Situação do Problema 2.1. Trabalho Infantil O trabalho infantil é muito utilizado devido ao seu baixo custo e porque as crianças são naturalmente mais dóceis e fáceis de disciplinar do que os adultos, além de terem demasiado medo de protestar. Empregadores utilizam-se da baixa estatura e da habilidade manual das crianças para certos tipos específicos de trabalho. Muitas vezes, as crianças estão empregadas enquanto seus pais não. O trabalho forçado infantil é um dos problemas mais sérios enfrentados pela comunidade econômica mundial. Estudos direcionados pelo IPEC2 – Programa Internacional de Eliminação do Trabalho Infantil da OIT (Organização Internacional do Trabalho) – UNICEF e Organizações não Governamentais indicam ser esse um problema endêmico em muitos países em desenvolvimento. Identificou-se trabalho forçado infantil na produção de tapetes, calçados, seda, tijolos e cerâmica, principalmente. Muitos locais de trabalho das crianças são prejudiciais à sua saúde, como as minas de carvão, olarias e aqueles onde se fabricam fogos de artifício, fósforo, vidros, entre outros. Os países que se utilizam desse tipo de trabalho estão localizados, em sua maioria, na África, como Angola, Sudão e Nigéria e na América Latina, como Brasil, Peru e Bolívia. Segundo dados da UNICEF, em pesquisa realizada em mais de 30 países em desenvolvimento, mostrou que 19% das crianças entre 5 e 14 anos de idade estão trabalhando. Além disso, não foi constatada diferença entre o número de meninas e meninos que trabalham. Na relação entre zona rural e urbana, porém, os números são muito diferentes. Na zona rural, 21% das crianças com idade entre 5 e 15 anos trabalham, enquanto que na zona urbana, esse número cai para 13%. A pesquisa também mostrou que dentre as crianças que trabalham, dois terços o fazem em fazenda ou negócio de sua família. Esses indicadores demonstram a mentalidade – construída talvez pela necessidade – de que a criança deve ajudar no orçamento familiar, com sua própria força de trabalho. A pesquisa exibe ainda crianças de sete a dez anos de idade que trabalham de 12 a 14 horas por dia e ganham menos do que a terça parte do salário de um adulto. As empregadas no serviço doméstico, 5% das que trabalham, além de expostas a longas jornadas por remuneração miserável, estão sujeitas a 2 Da sigla em inglês: International Programme on the Elimination of Child Labour file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos abusos sexuais e outras agressões físicas. Em casos extremos, são seqüestradas e retidas em acampamentos remotos, onde são acorrentadas para evitar que fujam. Outros relatos de ONGs empenhadas no assunto revelam a presença de trabalho infantil na construção de estradas e em pedreiras. Muitas vezes árduo e perigoso, esse trabalho afeta a saúde das crianças de maneira irreversível e as priva da educação e do gozo normal da infância. Em janeiro de 2002, foi lançada na Copa das Nações Africanas a campanha Cartão Vermelho ao Trabalho Infantil, da OIT. Na luta que apela ao esporte mais popular do mundo, a campanha obteve inúmeros patrocinadores,incluindo Joseph Blatter, presidente da FIFA, que cedeu espaço à OIT para divulgar a campanha na Copa do Mundo de 2002. O programa IPEC, que atua em mais de 100 países, estabeleceu, em 17 de junho de 1999, a convenção 182 definindo como piores formas de trabalho infantil, a escravidão, trabalhos em conflitos armados, prostituição, pornografia, uso de crianças no tráfico de drogas e outras atividades ilícitas. Incluem- se também atividades em que crianças estejam expostas a trabalhos perigosos ou prejudiciais à saúde. A primeira ratificação deste projeto ocorreu em setembro de 1999, e, até hoje, mais de 110 países também já o fizeram. Através da ratificação, o país compromete-se à imediata e efetiva ação, visando à proibição e eliminação dessas formas de trabalho infantil para menores de 18 anos, independentemente de legislações locais determinarem a infância com diferentes faixas etárias. O membro ratificante dessa convenção assume o compromisso de elaborar relatórios regulares à OIT, informando a situação do trabalho infantil e as medidas tomadas para sua erradicação em seu território. 2.2. Crianças em Conflitos Armados Em muitas partes do mundo, tem-se denunciado o recrutamento obrigatório de crianças no serviço militar. Geralmente, são deixadas sem abrigo, privadas de alimentação, educação e cuidados de saúde adequados e, por conseqüência, tornam-se vulneráveis a atos de violência, abusos sexuais, contágio por doenças sexualmente transmissíveis e doenças mentais. Nas operações armadas, muitas crianças perdem a vida ou ficam inválidas, enquanto outras são interrogadas, torturadas, golpeadas ou mantidas como prisioneiros de guerra. Estima-se que, somente em 1992, 500 mil crianças menores de cinco anos morreram em decorrência de conflitos armados. 3 2.3. Tráfico de Pessoas e Venda de Crianças De acordo com relatório da Organização Internacional do Trabalho4, divulgado em 2001, o fenômeno do tráfico para trabalho forçado ou compulsório está crescendo em tal proporção que a maioria dos países encaixa-se hoje em uma das três categorias: “países fornecedores, países transitórios ou países receptores”. 3 Machel, Graça – Patterns in conflict: Civilians are now the target - Unicef 4 Global Report under the Follow-up to the ILO Declaration on Fundamental Principles and Rights at Work: Stopping Forced Labour. file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos Muitos dos destinos são centros urbanos de países ricos – Amsterdã, Bruxelas, Londres, Nova Iorque, Roma, Sidney, Tóquio – e capitais de países em desenvolvimento e em transição. Porém, o fluxo de pessoas é altamente complexo e variado. Países tão diversos quanto Albânia, Hungria, Nigéria e Tailândia podem atuar como pontos de origem, destino e trânsito ao mesmo tempo. A passividade da vítima deve-se à falta de alternativa econômica e social, além da falta de perspectiva de fuga. Muitos intermediários têm descoberto que é possível obter enormes lucros, levando pessoas, especialmente crianças pobres a indivíduos com recursos econômicos – sem nenhuma forma de garantia e vigilância para protege-las. Nesses casos, o benefício financeiro – dos pais e dos intermediários – deixa transparecer o caráter de comércio da transação. 2.4. Trabalho Forçado As diferentes formas de trabalho forçado compartilham dois aspectos comuns: o exercício de coerção e a negação de liberdade. Geralmente, a vítima não pode deixar o local de trabalho, diferentemente da servidão por dívida, onde há possibilidade de compra da liberdade. A pessoa é adquirida no mercado ou é retirada de sua comunidade para o trabalho forçado e não tem direito a qualquer forma de remuneração. O trabalho forçado, atualmente, encontra-se nos seguintes formatos: ♣ Trabalho pesado e rapto; ♣ Participação compulsória em projetos de trabalho público; ♣ Trabalho forçado na agricultura e em áreas rurais remotas; ♣ Trabalho escravo; ♣ Trabalhadores domésticos em situação de trabalho forçado; ♣ Trabalho forçado imposto por militares; ♣ Trabalho forçado no tráfico de pessoas; ♣ Trabalho prisional e reabilitação através de trabalho. O relatório da OIT5 afirma que o trabalho escravo, de modo integral, apesar de cada vez mais raro, ainda é encontrado em alguns países. Registre-se o tráfico indiscriminado em sociedades conflituosas, como Libéria e Mauritânia. Servidão por dívida e práticas similares à escravidão, encontram-se sobretudo em campos agrícolas do Oeste da África, em países como Benin, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali e Togo, assim como em plantações de cana-de-açúcar na América Central, principalmente na República Dominicana e no Haiti. Indígenas, tão diversos quanto Pigmeus e Bantus na África e Aymara e Eznet na América Latina, são especialmente vulneráveis a tais formas de trabalho forçado, de acordo com o relatório, que aborda também ações afirmativas relacionadas, como o caso crítico de trabalho forçado em Myanmar, que tem 5 Op. Cit. file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos recebido reação excepcional da comunidade internacional e esforços bem sucedidos na Índia, Nepal e Paquistão para combater o trabalho escravo. Pobreza, desemprego, desordem civil, repressão policial e discriminação de raça e gênero formam ambiente propício para traficantes de pessoas, alerta a abordagem da revista da OIT6 sobre o relatório divulgado. A Europa, em particular, tem visto a explosão do tráfico, desde a quebra da União Soviética, e o surgimento de grandes quantidades de sweatshops7, envolvendo migrantes clandestinos. Enquanto há consenso universal sobre a definição de trabalho forçado (essencialmente trabalho realizado sob coerção e sujeito a penalidade), algumas de suas formas ainda são fontes de debates políticos. Entre as questões mais controversas, estão aquelas envolvendo participação compulsória de cidadãos em trabalhos públicos no contexto de desenvolvimento econômico, prática que prevalece em numerosos países Asiáticos (incluindo Vietnã) e países Africanos (República Centro-Africana, Serra Leoa e Tanzânia). O uso do trabalho prisional é outra questão controversa em países onde a reabilitação, através do trabalho é parte do cumprimento da pena, como na China, ou onde o uso do trabalho de presidiários, por entidades privadas, é permitido. Trata-se de questão controversa, uma vez que presidiários, já privados de liberdade, podem mais facilmente ser submetidos à exploração. A complexidade do fenômeno requer a combinação de medidas antipobreza e regulatórias do mercado de trabalho. Problemas de longa duração de trabalho forçado podem estar associados a instituições agrárias atrasadas, que necessitam de reforma para atingirem uma agricultura sustentável, produtividade e respeito aos Direitos Humanos. 2.4.1. Servidão por dívida Ainda que, na teoria, uma dívida possa ser paga em determinado período de tempo, a servidão se apresenta quando, apesar de esforços, o devedor não consegue extingui-la. Geralmente, a dívida é herdada pelos filhos do trabalhadorem servidão. O arrendamento de terras, em troca de parcela da colheita, é forma comum de submeter devedores à servidão. Outra freqüente forma é a exploração da prostituição através do endividamento contraído pelo custo de viagem para o país onde trabalhará. 2.4.2. Escravidão tradicional A escravidão tradicional, como sistema de trabalho permitido pela lei, foi abolida em todas as partes, mas na prática não se encontra suprimida por completo. Ainda há relatos da existência de mercado de escravos e o trabalho forçado tem sido observado como em fase de crescimento por todo o mundo. Mesmo quando abolida, a escravidão deixa traços na sociedade, com a possível persistência da mentalidade escravista entre as vítimas e seus descendentes e entre os herdeiros dos donos de escravos, muito tempo depois de seu desaparecimento formal. 6 World of Work, no. 39, Junho 2001.: Forced Labour, Human Trafficking, Slavery Haunt us Still. In http://www.ilo.org/public/english/bureau/inf/magazine/39/human.htm. Acessado em 9/08/2002. 7 Estabelecimento escravizante: loja ou fábrica que explora os empregados com horas excessivas de trabalho por salários irrisórios e em más condições ambientais. file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos 2.4.3. Servidão Doméstica Tornando-se fato habitual na Europa Ocidental, famílias de migrantes, vindos da África, Ásia e Europa Centro-Oriental, trazem serviçal, não registrado (o trabalhador, neste caso, não está em condições de entrar com queixa trabalhista). A situação cria mecanismos brutais de exploração econômica, sobretudo de mulheres, sem remuneração adequada, sem horário fixo e em precárias condições de vida. 3. Atuação da ONU 3.1. Convenções Específicas A preocupação internacional concernente à escravidão e sua supressão tem sido tema de muitos tratados, declarações e convenções dos séculos XIX e XX. A primeira das três convenções modernas que se referem diretamente à questão é a Convenção sobre a Escravidão de 1926, elaborada pela Liga das Nações. A Assembléia Geral da ONU adotou esta Convenção em 1953. Até hoje, 95 Estados já a ratificaram e se comprometeram a prevenir e reprimir o tráfico de escravos, bem como a buscar a supressão da escravidão em todas as suas formas. A definição de escravidão, contida na Convenção, foi ampliada na Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravidão, Tráfico de Escravos e Instituições e Práticas Análogas à Escravidão, adotada em conferência das Nações Unidas em Genebra, em 1956. A partir dessa ampliação, incluíram-se práticas e instituições de servidão por dívida, formas servis de matrimônio, e exploração de crianças e adolescentes. Até agora, 119 Estados ratificaram ou aderiram à Convenção Suplementar. Em 1949, a Assembléia Geral da ONU aprovou a Convenção para a Repressão do Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição. Este instrumento jurídico consolidou acordos internacionais desde 1904, como o Acordo Internacional para a Supressão do Tráfico de Escravo Branco. O Convênio dispõe principalmente de medidas que os Estados partidários devem adotar para punição daqueles que exploram ou gerenciam o trabalho de prostituição. Os Estados que ratificaram ou que aderiram ao Convênio, 74 atualmente, comprometeram-se também a reprimir o tráfico de pessoas, com propósitos de prostituição, e a suprimir leis, regulamentos, registros especiais e outras disposições impostas às pessoas que praticam, ou de quem se suspeita que pratique, a prostituição. 3.2. Meios de Proteção Mais Abrangentes A proteção contra a violação dos Direitos Humanos, envolvendo a escravidão, está compreendida de forma ampla nos seguintes tratados: • Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU); • Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (ONU); • Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, (ONU); file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos • Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (ONU); • Convenção sobre os Direitos da Criança (ONU); • Declaração da OIT sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho. Os Comitês estabelecidos em virtude de cada pacto e de cada convenção supervisionam sua aplicação pelos Estados. Ademais, as Nações Unidas dispõem de mecanismos para receber denúncias em casos concretos de violações dos Direitos Humanos. A mais recente Convenção sobre Direitos da Criança, que entrou em vigor em dois de Setembro de 1990, merece atenção especial, por discutir, potencialmente, efetivos problemas na luta contra práticas análogas à escravidão, levando-se em conta o número de vítimas infantis. Devidamente aplicada pelos Estados que a ratificaram, a Convenção permite proteger as crianças ameaçadas de explorações sexuais, econômicas e de abusos de outra natureza, como venda e tráfico de crianças, e participação em conflitos armados. 3.3. Grupo de Trabalho O Grupo de Trabalho sobre as Formas Contemporâneas de Escravidão é o órgão das Nações Unidas encarregado de receber e analisar informações recebidas, sobre medidas que os países estão adotando para aplicar as três convenções específicas sobre escravidão8. O problema é minuciosamente estudado, procurando oferecer soluções e estratégias, multilaterais e, em casos específicos, para resolver a questão de forma elaborada e eficiente. O Grupo surgiu em 1975 para avaliar progressos no campo do comércio de escravos e de práticas análogas à escravidão do apartheid e do colonialismo, no tráfico de pessoas e na exploração da prostituição. Em 1988, o Grupo de Trabalho sobre a Escravidão teve seu nome alterado para o atual. Composto por cinco peritos independentes9, eleitos com base no princípio da representação geográfica eqüitativa entre membros da Subcomissão de Prevenção de Discriminações e Proteção das Minorias, o Grupo reúne-se durante uma semana a cada ano, sempre antes da Sessão da Subcomissão, quando apresenta seus relatórios. Além de diversas questões serem abordadas nas reuniões, cerca de dois temas são eleitos a cada ano, para deterem atenção especial. Em sua última sessão, a vigésima-sétima, de 27 a 31 de Maio de 2002, o tema abordado na agenda foi a exploração de crianças, particularmente no contexto da prostituição e servidão doméstica. 8 Convenção sobre a Escravidão de 1926; Convenção para o Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição de 1949; Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravidão, Tráfico de Escravos e Instituições e Práticas Análogas à Escravidão de 1956. 9 Em 2002: Sra. H. Warzazi (África), Sr. R. Goonesekere (Ásia), Sr. Ogurtsov (Europa Oriental), Sr. Pinheiro (América Latina), Sr. van Hoof (Europa Ocidental). file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão deDireitos Humanos 3.3.1. Fontes de Informação Ao estudar os problemas atuais da escravidão, fixar prioridades, determinar ações e formular recomendações, o Grupo de Trabalho recolhe informações de uma série de fontes. Os governos cooperam e participam de suas atividades, assim como os diversos organismos da ONU, organizações intergovernamentais e organizações não-governamentais. As declarações dos governos têm revelado apoio aos projetos de ajuda às vítimas de trabalhos análogos à escravidão. Os governos fornecem também informações sobre as mudanças nas legislações nacionais, que têm por objetivo evitar essas atividades e oferecer melhor proteção contra as mesmas. Outras iniciativas oficiais referem-se a solicitações de serviços de assessoria para aplicação das convenções da ONU, a coordenação dentro do sistema das Nações Unidas, o combate ao tráfico de pessoas e a inserção da questão de exploração sexual no programa do Conselho da Europa. As organizações não-governamentais dão contribuição importante às atividades do Grupo de Trabalho, comunicando-o, em suas sessões, sobre a situação dos Direitos Humanos em muitas partes do mundo e descrevendo seus trabalhos e experiências na eliminação das práticas condenadas em convenções sobre a escravidão. Suas atividades consistem, entre outras, na assistência legal e ajuda a crianças afetadas por estados de exceção; em serviços de reabilitação para crianças vítimas de conflitos armados; em campanhas para a supressão da prostituição infantil; na assistência para formulação de leis internacionais e em programas de assistência ao desenvolvimento para crianças que correm o risco de serem vítimas da exploração sexual. 3.3.2. Relatores Especiais A exploração do trabalho infantil foi investigada por Abdel Wahab Boudhiba. No informe que apresentou em 1981 à Subcomissão de Prevenção a Discriminações e Proteção às Minorias, demonstrou que o trabalho realizado por crianças altera, muitas vezes, sua saúde e perverte o conceito de trabalho como força libertadora ou como meio de desenvolvimento, rumo à maturidade. Em 1982, o informe atualizado, preparado por Benjamin Whitaker sobre escravidão, abarcou uma série de temas, dentre os quais trabalho forçado, tráfico ilícito de trabalhadores migrantes, práticas escravizadoras que afetam a mulher, tais como matrimônio involuntário, venda de mulheres e homicídios, devido ao sistema de posses, e mutilação genital de meninas. Por indicação do Grupo de Trabalho, a Comissão de Direitos Humanos nomeou, em 2001, o Sr. Goonesekere como Relator Especial sobre tráfico de pessoas, incumbindo-lhe de apresentar conclusões e recomendações ao problema. Esta foi uma das mais recentes investigações do Grupo de Trabalho, que permitiu detalhar com bastante precisão a situação das condições de trabalho por todo o mundo e, com isso, elaborar projetos para combater abusos. file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos 3.3.3. Recomendações De acordo com relatório de sua 26ª sessão10, em 2001, o Grupo adotou os seguintes indicativos para ação contra as formas contemporâneas de escravidão: 1. Pede aos governos para proverem proteção e assistência às vítimas, baseadas em considerações humanitárias, e não conterem apoio na cooperação do julgamento de seus exploradores. 2. Apela aos Estados para iniciarem programas de prevenção, com base nas comunidades, especialmente em áreas de alto risco, em que a população fica sujeita às táticas de recrutadores e traficantes e aos riscos da exploração sexual. 3. Recomenda a criação de observatórios especiais, tanto nacional como regionalmente, para coletar informações de ONGs e indivíduos com habilidades relevantes, para que os objetivos do Programa de Ação sobre o Tráfico de Pessoas e Exploração da Prostituição de Outros possam progredir. 4. Apela aos governos, que ainda não o fizeram, para ratificarem a Convenção para a Supressão do Tráfico de Pessoas e Exploração da Prostituição de Outros de 1949, a convenção nº 182 da OIT sobre a Proibição e Ação Imediata para Eliminação das Piores Formas de Trabalho Infantil e a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979. 5. Pede às repartições de Direitos Humanos das Nações Unidas para que focalizem sua atenção na violação de direitos humanos, relacionada com tráfico de pessoas e vítimas de prostituição, de acordo com a Convenção para a Supressão do Tráfico de Pessoas e Exploração da Prostituição de Outros de 1949. 6. Recomenda que o tráfico de pessoas, prostituição e práticas relacionadas de exploração sexual sejam considerados no processo de preparação para a Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Social, Xenofobia e Intolerâncias Relacionadas, e faz fortes recomendações aos governos para prevenção e sanção de tais violações, assim como provimento de serviços, apoio e repatriamento das vítimas. 3.4. Cooperação de Outros Organismos Internacionais Nos esforços para eliminação das formas contemporâneas de escravidão, participa uma ampla gama de organismos internacionais, geralmente vinculados à ONU, que têm suas próprias esferas de ação e colaboram com o Grupo de Trabalho. 3.4.1. Organização Internacional do Trabalho (OIT) A OIT é pioneira em projetos que envolvam microfinanciamento, reabilitação e recapacitação de trabalhadores vítimas de trabalho forçado. Também possui projetos para a conscientização sobre o tráfico de pessoas e meios de prevenção para grupos vulneráveis a este tipo de práticas. 10 Report of the Working Group on Contemporary Forms of Slavery on its twenty-sixth session. (E/CN.4/Sub.2/2001/30). file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos A Organização conta com dois convênios aprovados, requerendo que os Estados signatários suprimam qualquer modalidade de trabalho forçado ou obrigatório. O Convênio No. 29 de 1930 proíbe o trabalho forçado na maioria de suas modalidades e o Convênio No. 105 de 1957 proíbe sua utilização com fins de fomento econômico. Cada um dos convênios recebeu mais de 100 ratificações. O Convênio de 1973 sobre Idade Mínima tem por objetivo prevenir a exploração do trabalho infantil. Estabelece que a idade mínima de admissão para emprego não será menor à idade em que se termina a escola básica e, em todo caso, 15 anos é a referência como mínimo permissível (14 anos para países em desenvolvimento) e, em caso de trabalho, “que possa resultar em perigo à saúde, à segurança ou à moralidade”, não menos do que 18 anos. Os Governos informam a OIT sobre medidas que adotam para cumprir as promessas firmadas nesses instrumentos jurídicos internacionais. Os informes são examinados na Comissão de Peritos na Aplicação dos Convênios e Recomendações e pela Conferência Internacional do Trabalho. Em ambas, os problemas são acompanhados até que se resolvam. A OIT também aplica um ativo programa de assistência técnica na luta contra o trabalho infantil, servidão e outras inaceitáveis formas de exploração, uma vez que fornece informações ao Grupo de Trabalho sobre as Formas Contemporâneas de Escravidão; este, emsuas deliberações, expõe quais convênios da OIT estão sendo observados e os casos em que a mesma pode oferecer assistência. 3.4.1.1. Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (IPEC) IPEC é um programa elaborado pela OIT, que tem como objetivo eliminar progressivamente o trabalho infantil, fortalecendo a capacidade nacional para combatê-lo, com apoio internacional. Os grupos de maior interesse do IPEC são crianças que efetuam trabalho forçado, crianças em condições de trabalho em instalações insalubres e crianças que são particularmente vulneráveis, como as muito jovens, que trabalham (abaixo de 12 anos de idade) e meninas. O comprometimento individual de governos em cooperação com organizações de empregadores e trabalhadores, ONGs e partes relevantes na sociedade – como universidades e mídia – são o ponto de partida para toda a ação da IPEC, que tem por base o respeito à soberania estatal. Organizações afiliadas recebem apoio para desenvolver e implementar medidas que tentam prevenir o trabalho infantil, retirando crianças de trabalhos perigosos e provendo alternativas, melhorando as condições de trabalho. A estratégia desenvolvida é multi-setorial e dividida em diversas fases: motivação de parcerias para identificar e agir contra o trabalho infantil; execução de análise da situação, para descobrir incidências no país; oferta de assistência para desenvolvimento e implantação de políticas nacionais, envolvendo os problemas do trabalho infantil; fortalecimento de organizações já existentes; criação de mecanismos institucionais; campanha de conscientização do problema por todo o país, em comunidades e locais de file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos trabalho; promoção do desenvolvimento e aplicação de legislações protetoras, reaplicação e expansão de projetos que tiveram sucesso nos programas de afiliados. Enfim, incluir a solução de problemas de trabalho infantil em políticas econômicas, programas e orçamentos. 3.4.2. Organização Mundial da Saúde (OMS) A OMS tem confirmado, nas reuniões do Grupo de Trabalho, que a exploração sexual, a servidão por dívidas e a venda de crianças oferecem graves riscos para a saúde mental e para o desenvolvimento social das crianças vítimas. A exploração com fins sexuais aumenta também o risco de propagação de doenças sexualmente transmissíveis. O Órgão e seus escritórios regionais, que têm oferecido estudos sobre o problema da prostituição infantil e elaborado critérios para a prevenção e tratamento de riscos à saúde, encontram-se em condições de prestar apoio técnico a determinados projetos. A OMS está preparando também diretrizes relativas à questão do tráfico de órgãos humanos para transplantes. 3.4.3. Órgão das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) Escravidão e práticas análogas têm sido objeto de reuniões e informes preparados sob os auspícios da UNESCO. A entidade tem patrocinado, por exemplo, estudo realizado pelo Escritório Católico Internacional da Infância sobre a proteção de menores usados em material pornográfico. Em 1988, reunião da UNESCO estudou as conseqüências de conflitos armados sobre crianças e recomendou que se adotassem medidas a fim de proteger e promover seus direitos em tais situações. A UNESCO organizou, em 1991, reunião sobre o Convênio de 1949, aprovado pela Assembléia Geral, que consolidava prévios acordos internacionais para repressão do tráfico de pessoas e da exploração da prostituição, oferecendo propostas para aprimorar sua aplicação. 3.4.4. Órgão das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) A FAO empenha-se no combate à servidão de pessoas, no que se relaciona às diversas formas de possessão da terra. Suas atividades, que oferecem ajuda às organizações de pequenos agricultores, resultam em eficazes medidas de erradicação da servidão por dívidas e do trabalho forçado e infantil em lavouras. 3.4.5. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) A UNICEF desempenha função de importância fundamental nas estratégias internacionais de luta contra formas contemporâneas de escravidão. Com apoio massivo para a adoção e a rápida ratificação da Convenção sobre os Direitos da Criança, organizou a Cúpula Mundial da Criança em Nova Iorque, em setembro de 1990. file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos A Cúpula Mundial aprovou, no mais alto nível político, Declaração e Plano de Ação para a sobrevivência, a proteção e o desenvolvimento da criança na década de 1990. No Plano de Ação, os Estados comprometem-se a melhorar a penosa situação de milhões de crianças que vivem em condições especialmente difíceis – como órfãos e crianças de rua, refugiados e pessoas desabrigadas, vítimas da guerra e de desastres naturais ou provocados pelo homem. Incluem-se também filhos de trabalhadores migrantes e outros grupos socialmente desfavorecidos, como crianças trabalhadoras ou jovens apanhados na servidão da prostituição, abuso sexual e outras formas de exploração, crianças inabilitadas ou delinqüentes juvenis e vítimas da ocupação estrangeira. 3.4.6. Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) Grupo permanente do Alto Comissariado supervisiona a situação de crianças refugiadas e de problemas especiais que lhe são apresentados. As diretrizes relativas às crianças refugiadas, sob a atenção dos escritórios do ACNUR, abarcam questões de recrutamento em conflitos armados e adoção de crianças desamparadas. Levando-se em conta a fragilidade de muitos refugiados no país de destino, o órgão dedica constantes observações acerca das condições de trabalho de migrantes. Deslocados na sociedade para a qual migraram, muitas vezes sem boas condições de sobrevivência, são vítimas fáceis para o trabalho forçado. Os campos de refugiados também cobram atenção especial, pois é recorrente a exploração do trabalho em troca de favores. 3.4.7. Comissão das Nações Unidas para a Condição Jurídica e Social da Mulher Os problemas análogos à escravidão, que afetam em extensa proporção as mulheres, são objeto de constante atenção desta Comissão. Conclusões e recomendações foram produzidas nas Conferências Mundiais da Década das Nações Unidas para a Mulher, celebrada na Cidade do México, Copenhague e Nairobi. A comissão também envia relatórios, relativos à prostituição; à vulnerabilidade da mulher e ao trabalho abusivo ao Grupo de Trabalho sobre Formas Contemporâneas de Escravidão. 3.4.8. Núcleo de Prevenção ao Crime Internacional Subdivisão do Escritório de Prevenção ao Crime e Controle de Drogas do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, o Núcleo é responsável pela prevenção ao crime, justiça penal e reforma de legislações penais. Dedica atenção especial ao combate ao crime organizado transnacional, ao tráfico ilícito de pessoas e à corrupção. Sua atuação consiste na definição e promoção de princípios reconhecidos internacionalmente em áreas como: independência do judiciário, proteção de vítimas, penas alternativas à prisão, tratamento de prisioneiros, uso policial da força, assistência legal mútua e extradição. Mais de 100 países basearam-senesses padrões para a elaboração de suas legislações nacionais e políticas, no que diz respeito à prevenção do crime e à justiça penal. file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos Oferece cooperação técnica visando principalmente: ao fortalecimento da capacidade dos governos de reformar sistemas de legislação e justiça penal; ao estabelecimento de instituições e mecanismos para a detecção, investigação, processo e julgamento de vários tipos de crimes e a melhorar a qualificação dos oficiais de justiça penal. 3.4.9. Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL) A INTERPOL fornece informação sobre práticas análogas à escravidão ao Grupo de Trabalho, em virtude de acordo de cooperação acertado com as Nações Unidas. Dentre essas informações, cabe citar o informe do Simpósio Internacional de 1988 sobre o Tráfico de Seres Humanos, em que se examinou o uso de crianças na pornografia. O Simpósio incitou os organismos de repressão, a dar prioridade nas investigações do mercado internacional de material pornográfico, oferecendo especial atenção à exploração de crianças. Recomendou-se a prevenção da exploração sexual de crianças através de campanhas de informação pública, organizadas por esses organismos. 4. Documento de Posição Após a realização de extensa pesquisa, que deve se basear tanto na coleta de informações sobre o tema quanto no entendimento do posicionamento do país frente ao tópico, pede-se que cada delegação elabore documento que explicite o direcionamento da política de seu país frente ao trabalho forçado e formas de trabalho análogas à escravidão, assim como ao trabalho infantil. É fundamental que se tenha em mente, durante a próxima sessão da Comissão, que estaremos discutindo problemas de trabalho, sob a ótica dos diretos humanos. Assim, é crucial que todos os participantes estejam familiarizados com o sistema de proteção aos trabalhadores e crianças, criado no âmbito da ONU e que envolve a atuação de fundamentalmente: OIT, UNICEF, Comissão de Direitos Humanos, Sub-Comissão de Proteção e Promoção dos Direitos Humanos e Comissão de Direitos da Criança. É esperado que os delegados compreendam de maneira detalhada qual a situação de trabalho, as atitudes e posicionamentos atuais do país que representam. Sugere-se que, durante o processo de pesquisa, sejam esclarecidas as seguintes questões: ¬ Direitos trabalhistas do país representado; ¬ Ocorrência de conflito armado ou crise política, econômica e social; ¬ ocorrências ou denúncias de alguma forma de escravidão contemporânea; ¬ ocorrências de trabalho forçado e trabalho infantil dentro de seu território; ¬ medidas tomadas para a prevenção e erradicação do trabalho forçado e trabalho infantil; ¬ conseqüência do trabalho forçado e do trabalho infantil para as vítimas e o impacto social em seu país; ¬ políticas adotadas para a desmobilização e reintegração social das vítimas; ¬ no caso de não incidência de trabalho forçado e trabalho infantil, políticas de cooperação com países afetados; file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos ¬ relação com estabelecimentos situados em outros países, sujeitos a acusações de emprego de trabalho forçado ou infantil; ¬ tratados internacionais assinados e ratificados pelo país, com referência à proteção dos direitos das crianças e trabalhadores; ¬ Processo de garantia de direitos em âmbito nacional. Os documentos sobre a posição de cada país são importantes não só para o delegado avaliar seu conhecimento sobre o assunto, contribuindo para seu direcionamento no estudo, mas também para indicar aos colegas de outras delegações qual posicionamento seu país adotará ao longo das sessões. Apesar de o tema formas contemporâneas de escravidão abranger uma diversidade de tratos trabalhistas desumanos e estes estarem relacionados, os delegados devem ter em mente que o direcionamento em poucas modalidades – como trabalho infantil e trabalho forçado – permite uma abordagem mais aprofundada e maior facilidade no acordo de medidas mais eficientes e direcionadas à questão. A constante negligência, sofrida principalmente por mulheres e crianças, é motivação bastante para que os delegados utilizem seus estudos, sua criatividade e bom-senso para a elaboração de novas saídas, novas respostas às perguntas que as extensas discussões nos fóruns internacionais ainda não puderam resolver por completo. 5. Fontes 5.1. Principais Instrumentos Internacionais Relacionados: • Convenção sobre a Escravidão (1926). http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/f2sc.htm; • Protocolo de Retificação da Convenção sobre a Escravidão (1953). http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/f2psc.htm; • Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravidão, Tráfico de Escravos e Instituições e Práticas Análogas à Escravidão (1956). http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/30.htm; • Convenção sobre Trabalho Forçado (OIT, no. 29. 1930). Vide anexo 1; • Convenção de Abolição do Trabalho Forçado (OIT, no. 105. 1957). Vide Anexo 2; • Convenção para a Supressão do Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição. http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/33.htm; • Declaração dos Direitos da Criança (1959). http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/25.htm; • Convenção dos Direitos da Criança (1989). http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/k2crc.htm. • Convenção sobre Idade Mínima para Admissão de Emprego (OIT, no. 132. 1973) • Convenção sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil (OIT, no. 182) • Declaração da OIT dos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho. http://www.ilo.org/public/english/standards/decl/declaration/text/index.htm; • Declaração Universal dos Direitos Humanos. http://www.unhchr.ch/udhr/lang/por.htm; file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos • Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/a_ccpr.htm; • Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. http://www.unhchr.ch/html/menu3/b/a_cescr.htm. 5.2. Endereços de Internet ♣ Centre for International Crime Prevention - http://www.uncjin.org/CICP/cicp.html ♣ Direito ao Emprego (tratados OIT), página USP - http://www.direitoshumanos.usp.br/documentos/tratados/emprego/emprego.html ♣ Fact Sheet No.14, Contemporary Forms of Slavery – http://www.unhchr.ch/html/menu6/2/fs14.htm ♣ Female Genital Mutilation - US Department of State – http://www.state.gov/g/wi/rls/rep/c6466.htm ♣ ILO Declaration on Fundamental Principles and Rights at Work - http://www.ilo.org/public/english/standards/decl/declaration/text/index.htm ♣ ILO Magazine: World of Work – http://www.ilo.org/public/english/bureau/inf/magazine/index.htm ♣ International Labour Organization - ILO Web site - http://www.ilo.org ♣ IOM - International Organization for Migration - http://www.iom.int ♣ IPEC(International Programme on the Elimination of Child Labour) – http://www.ilo.org/public/english/standards/ipec/index.htm ♣ MSNBC Story - A case of modern day slavery - http://www.msnbc.com/news/675098.asp ♣ Office to Monitor and Combat Trafficking in Persons - US Department of State - http://www.state.gov/g/tip/ ♣ ONG – Amnesty International - http://www.amnesty.org/ ♣ ONG – AntiSlavery - http://www.antislavery.org/ ♣ ONG – Coalition to Abolish Slavery & Trafficking - http://www.trafficked-women.org/main.html ♣ ONG – Global March Against Child Labour - http://globalmarch.org/index.html ♣ ONG – Human Rights Watch - http://www.hrw.org/ ♣ ONG – iAbolish! - http://www.iabolish.com ♣ ONG – The Global Alliance Against Traffic in Women (GAATW) - http://www.inet.co.th/org/gaatw ♣ ONG – Trocaire Home Page - http://www.trocaire.org ♣ Press Conference by the OHCR of Human Trafficking in Southeastern Europe - http://www.unog.ch/news2/documents/newsen/pc020722.htm ♣ Simpósio Internacional sobre Trabalho Forçado e Infantil - http://www.pgt.mpt.gov.br/trabinfantil/relatorio.html ♣ Slavery in the Modern World - http://www.infoplease.com/spot/slavery1.html ♣ U.S. Fund for UNICEF -UNICEF Issues - http://www.unicefusa.org/issues/index.html ♣ United Nations Commission on Human Rights – http://www.unhchr.ch/html/menu2/2/chr.htm ♣ United Nations High Commissioner for Refugees – http://www.unhcr.ch/ ♣ United Nations - International Human Rights Instruments – http://www.unhchr.ch/html/intlinst.htm ♣ United Nations - Office of High Commissioner for Human Rights - OHCHR – http://www.unhchr.ch/ ♣ United Nations - Slavery issue – http://www.unhchr.ch/html/menu2/isslav.htm file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf Comissão de Direitos Humanos 5.3. Bibliográfica BENNET, A. Leroy. International Organizations: Principles and Issues. New Jersey: Prentice Hall, 1995. HUMPHREY, John. No distant Millennium: The International Law of Human Rights. Paris: Unesco, 1989. JOYNER, Christopher C. The United Nations and International Law. Cambridge: Cambridge University Press, 1998 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. São Paulo: Max Limonad, 1997. SÜSSEKIND, Arnaldo. Direito Internacional do Trabalho. São Paulo: LTr, 1987. SWINARSKI, Christophe. Direito Internacional Humanitário. São Paulo: RT, 1990. WEISS, Thomas G.; FORSYTHE, David P.; COATE, Roger A. The United Nations and Changing World Politics. Boulder: Westview Press, 1997. Direitos Humanos: Construção da Liberdade e da Igualdade. São Paulo: Centro de Estudos da Procuradoria Geral do Estado, 2000. file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../00_Inicio/01_Abertura.pdf João Pedro Moraes João Pedro Moraes João Pedro Moraes file:///Users/joaogrillo1997/Library/Containers/com.apple.mail/Data/Library/Mail%20Downloads/439AABCC-1B3D-4AB3-8208-E40811753084/../0_Indice/0_Indice.pdf