Buscar

Intervenção do Estado no domínio econômico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Intervenção do Estado no domínio 
econômico
APRESENTAÇÃO
Embora o nosso ordenamento jurídico preveja a livre iniciativa como um dos fundamentos da 
República Federativa do Brasil, isso não significa que o Estado seja completamente alheio ou 
indiferente à ordem econômica. Muito pelo contrário, o Estado atua no domínio econômico de 
diversos modos, dentre os quais é possível citar a atividade fiscalizatória da inciativa privada, 
bem como o desenvolvimento de empresas estatais, cujo objetivo é atuar diretamente na 
economia de certo setor.
 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre as formas de atuação do Estado no 
domínio econômico. Conhecerá o que são as agências reguladoras e suas respectivas áreas de 
atuação. Além disso, reconhecerá mais detalhadamente o papel e a estrutura do CADE.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Descrever as formas de atuação do Estado no domínio econômico.•
Relacionar as agências reguladoras e suas respectivas áreas de atuação.•
Analisar o papel e a estrutura do CADE.•
INFOGRÁFICO
De um ponto de vista funcional, com relação às agências reguladoras, destaca-se que, embora 
integrem a administração pública indireta, pertencendo ao Poder Executivo, elas também 
desempenham atividades assemelhadas às dos Poderes Legislativo e Judiciário.
Confira no Infográfico mais noções sobre as agências reguladoras.
CONTEÚDO DO LIVRO
Entre as modalidades de atuação do Estado no domínio econômico, encontra-se a possibilidade 
de que este venha a tabelar preços de produtos ou serviços. Com isso, garante-se que abusos não 
sejam cometidos e que alguns setores da economia permaneçam estáveis.
No capítulo Intervenção do Estado no domínio econômico, da obra Direito administrativo, você 
identificará as formas de atuação do Estado no domínio econômico. Além disso, terá noções 
sobre as agências reguladoras. Por fim, conhecerá também o papel e a estrutura do CADE. 
Boa leitura.
DIREITO 
ADMINISTRATIVO 
Cássio Vinícius Steiner de Sousa
Intervenção do Estado 
no domínio econômico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever as formas de atuação do Estado no domínio econômico.
  Relacionar as agências reguladoras e suas respectivas áreas de atuação.
  Analisar o papel e a estrutura do Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica.
Introdução
A possibilidade de que o Poder Público atue na ordem econômica tem pre-
visão constitucional e consiste em uma certa relativização do fundamento 
constitucional da livre-iniciativa. Nesse contexto, entre outras funções, 
o Estado possui um papel fiscalizatório da atuação privada no domínio 
econômico, bem como pode punir aqueles que cometem infrações 
contra a ordem econômica. Além disso, o Estado também pode atuar 
em regime de monopólio em alguns setores estratégicos para a nação. 
Neste capítulo, você vai ler sobre as formas de atuação do Estado no 
domínio econômico e as agências reguladoras, além de saber mais sobre o 
papel e a estrutura do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). 
Atuação do Estado no domínio econômico
A Constituição Federal prevê, no art. 1º, IV, a livre-iniciativa como um dos 
fundamentos da República Federativa do Brasil. Isso signifi ca que, em essên-
cia, a atuação no domínio econômico é eminentemente privada e livre. Sobre 
isso, ao dispor dos objetivos da República no art. 3º, a Constituição Federal 
prevê, entre outros, a garantia do desenvolvimento nacional (art. 3º, II) e a 
erradicação da pobreza e marginalização, com a redução das desigualdades 
sociais e regionais (art. 3º, III). 
Embora a livre-iniciativa seja um valor a ser observado, isso não pode 
ocorrer a qualquer custo, em especial nos casos em que a livre-iniciativa puder 
acarretar retrocessos nacionais ou o aumento de pobreza ou de desigualdades 
sociais e regionais. 
Por esses e outros motivos, ao dispor sobre a ordem econômica e financeira 
entre os arts. 170 a 181, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Es-
tado atuar no domínio econômico. É possível tal atuação em duas categorias, 
a saber: a atuação direta e a atuação indireta. 
Enquanto a atuação direta consiste em um Estado que atua de modo horizontal ou 
exclusivo em um certo setor da economia, a atuação indireta consiste em atuação 
estatal vertical, regulando um domínio econômico. 
Com relação à atuação direta, conforme o art. 173 da Carta Magna, 
ressalvadas as estipulações constitucionais, a exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da 
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definido em lei. 
Assim, além de a atuação estatal direta estar limitada a certos contextos 
específicos, também é subsidiária em relação ao fundamento constitucional da 
livre-iniciativa, pois, ressalvados os casos de segurança nacional ou relevante 
interesse público, apenas a iniciativa privada atua diretamente na grande 
maioria dos setores do domínio econômico. 
Com relação à atuação indireta do Estado no domínio econômico, o art. 
174, § 4º, da Constituição Federal dispõe que a lei reprimirá o abuso do poder 
econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e 
ao aumento arbitrário dos lucros. Assim, o Estado tem o poder de punir certas 
práticas econômicas indesejadas. Além disso, o art. 174 dispõe sobre o Estado 
enquanto agente normativo da atividade econômica. Nesse contexto, o Estado 
exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, 
sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. 
Conforme Hely Lopes Meirelles (2016), entre os meios de atuação do 
Estado no domínio econômico, cinco deles são fundamentais, os quais serão 
abordados a seguir.
Intervenção do Estado no domínio econômico2
Monopólio
Conforme Hely Lopes Meirelles (2016), o monopólio é a exclusividade de 
domínio, exploração ou utilização de determinado bem, serviço ou atividade. 
Em outras palavras, por meio do regime de monopólio, o Estado atua de modo 
privativo em um certo setor da economia. Nesse contexto, se um Estado atua 
de modo exclusivo em toda a economia, recusando, assim, a livre-iniciativa, 
ele se assemelhará ao que ocorre em regimes socialistas. Caso contrário, se 
ele monopoliza apenas alguns setores estratégicos, como o nosso, o Estado 
tem feições capitalistas. 
A Constituição Federal, no art. 177, estabelece os setores da economia em 
que o Estado atuará em regime de monopólio (BRASIL, 1988). Entre eles, 
citamos:
  pesquisa;
  refinação;
  importação;
  exportação;
  transporte de tudo ligado a petróleo, gás natural, hidrocarbonetos flui-
dos, minérios, minerais nucleares e seus derivados. 
Repressão ao abuso do poder econômico
Se o domínio econômico é um poder e vivemos em uma sociedade de orien-
tação capitalista, é inegável que o poder econômico de um dado setor da 
economia costuma se concentrar nas mãos de poucos. Isso, por si só, não 
necessariamente requer que haja uma violação da justiça social ou importe 
em algo essencialmente indigno. Porém, se o poder excede os limites e se 
torna abuso e se aqueles que dominam um certo setor atuam de modo nocivo 
na economia, o Estado possui mecanismos para reprimi-los.
Conforme o art. 174, § 4º, da Constituição Federal (BRASIL, 1988), com-
pete ao Estado reprimir abusos que tenham por objetivos a dominação dos 
mercados, a eliminação da concorrência e o aumento arbitrário dos lucros. 
Para instrumentalizar o combate a tais abusos, promulgou-se a Lei nº. 12.529, 
de 30 de novembro de 2011, cujo teor tem como objetivo estruturar o Sistema 
Brasileiro de Defesa da Concorrência e dispor sobre os meios de prevenção e 
repressão às infrações contra a ordem econômica. 
O art. 36 da referida lei estabelece algumas das condutas que constituem 
infrações na ordem econômica. São elas: 
3Intervençãodo Estado no domínio econômico
  limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência 
ou a livre-iniciativa; 
  dominar mercado relevante de bens ou serviços; 
  aumentar arbitrariamente os lucros; 
  exercer de forma abusiva posição dominante. 
Além disso, a mesma lei também prevê sanções em caso da ocorrência de 
algum abuso, como, por exemplo, multas, proibição de contratar com institui-
ções financeiras ou de participar de licitações (arts. 37 e 38) (BRASIL, 2011).
Controle do abastecimento
Sobre o controle do abastecimento, Hely Lopes Meirelles ensina que se trata do 
“[...] conjunto de medidas destinadas a manter no mercado consumidor matéria-
-prima, produtos ou serviços em quantidade necessária às exigências de seu 
consumo” (MEIRELLES, 2016, p. 774). Nesse contexto, cumpre ao Estado atuar 
na ordem econômica para garantir o abastecimento de matéria-prima, produtos e 
serviços dos quais depende o mercado consumidor. Assim, por exemplo, caso a 
iniciativa privada não tenha condições de disponibilizar um certo serviço de modo 
satisfatório, o Estado deverá atuar para garantir que a demanda seja satisfeita.
É possível distinguir as possibilidades de controle do abastecimento do 
Estado com base em dois critérios: duração e abrangência. Com relação à 
duração, a atuação do Estado poderá ser permanente ou transitória. Já com 
relação à abrangência, a atuação do Estado pode ser total ou parcial. No pri-
meiro caso, o Estado detém o monopólio sobre um certo domínio da economia. 
No segundo caso, o Estado apenas participa de um domínio da economia, sem 
qualquer regime de exclusividade. 
Tabelamento de preços
Em nossa sociedade, os bens, produtos e serviços costumam possuir algum 
preço. Isto é, os bens ou serviços utilizados possuem um valor pecuniário. 
Com relação à sua origem, conforme a lição de Hely Lopes Meirelles (2016, 
p. 776), é possível distinguir o preço em três categorias, a saber: 
  privado; 
  semiprivado; 
  público.
Intervenção do Estado no domínio econômico4
O preço privado refere-se aos valores de produtos ou serviços determinados pela 
atuação do mercado em regime de livre concorrência. Já o preço semiprivado é aquele 
cuja determinação do valor é mista, cabendo tanto à atuação do Poder Público quanto 
à atuação da iniciativa privada. Por fim, o preço público é aquele estabelecido direta 
e exclusivamente pelo Estado, a despeito de questões ligadas à oferta e à procura.
O tabelamento de preços, cuja atribuição para a prática é privativa da União, 
incide apenas sobre o domínio do preço privado. Nesse contexto, o Estado atua 
apenas como ente regulador das práticas da iniciativa privada e da oferta e 
procura, de modo a garantir que não existam abusos ou assimetrias no mercado.
Criação de empresas estatais
Além dos modos mencionados, o Estado também pode atuar na ordem eco-
nômica mediante a criação de empresas estatais: as sociedades de economia 
mista e as empresas públicas. Nesse contexto, o art. 37, XIX, da Constituição 
Federal dispõe que elas poderão ser instituídas mediante autorização legal 
específi ca. Ademais, as empresas estatais não serão instituídas por qualquer 
razão, mas, conforme o art. 173 da Constituição Federal, apenas quando 
fundamentais aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse 
coletivo, conforme defi nido em lei.
As empresas públicas e as sociedades de economia mista assemelham-se pelo fato 
de que ambas são empresas estatais. Além disso, ambas são consideradas pessoas 
jurídicas de Direito Privado que atuam no setor econômico. Distinguem-se, porém, 
no que diz respeito à formação de seu capital. Enquanto as empresas públicas têm 
capital exclusivamente público, as sociedades de economia mista também possuem 
capital privado. Embora possua capital privado, o controle acionário da sociedade de 
economia mista sempre será público.
5Intervenção do Estado no domínio econômico
Agências reguladoras
Após apresentar os principais modos de atuação estatal no domínio econô-
mico, o próximo passo da apresentação consiste em abordar um importante 
mecanismo introduzido em 1996 em nosso ordenamento jurídico para regular 
os setores da economia: as agências reguladoras. 
Sobre sua origem, as agências reguladoras são relativamente recentes em 
nosso ordenamento jurídico, tendo surgido apenas após 1996, com o advento da 
implantação do sistema gerencial da Administração Pública. Com relação a tal 
sistema, Marcelo Alexandrino (2017, p. 201) afirma que:
[...] a tese central dessa orientação é a de que o Estado é muito menos eficiente 
do que o setor privado quando exerce diretamente atividades econômicas em 
sentido amplo — prestação de serviços públicos passíveis de serem explorados 
economicamente, prestação de serviços de natureza privada e exploração de 
atividades industriais e comerciais. 
Tomando a ideia do sistema gerencial por referência e com vistas à eficiência, o 
objetivo era diminuir a atuação direta do Estado em diversos setores da economia, 
sobretudo em áreas cuja atuação não era necessária. Embora tenha havido uma 
retirada da atuação estatal em diversos setores da economia, isso não significou 
que o Estado simplesmente as abandonou aos interesses da iniciativa privada. 
Ocorre que, com a retirada da atuação direta do Estado em diversos setores, 
intensificaram-se os modos como Estado atua de forma indireta na economia, 
em especial mediante a realização de atividades regulatórias e fiscalizatórias.
Assim, a adoção do sistema gerencial trouxe uma mudança tanto no enfoque 
quanto no modo de atuação do Estado em diversos setores da economia. Para 
acompanhar tais mudanças, além dos mecanismos anteriormente previstos 
para a regulação e a fiscalização dos setores da economia (em especial, o 
Poder Legislativo e os órgãos específicos da administração direta), foram 
desenvolvidas as chamadas agências reguladoras. 
Como não existe uma definição legal de agência reguladora, a doutrina 
costuma defini-la com base em suas características mais salientes. Nesse 
contexto, Marcelo Alexandrino (2017) conceitua as agências reguladoras 
como “[...] entidades administrativas com alto grau de especialização técnica, 
integrantes da estrutura formal da administração pública, instituídas como 
autarquias sob regime especial”. Além disso, valendo-se de uma definição 
finalística, o mesmo autor afirma que elas têm como função “[...] regular 
um setor específico de atividade econômica ou um determinado serviço 
Intervenção do Estado no domínio econômico6
público” (ALEXANDRINO, 2017, p. 204). Assim, tratam-se de entidades 
administrativas, instituídas como autarquias sob regime especial para regular 
setores da economia. 
Com relação à forma jurídica das agências reguladoras, embora até hoje 
todas tenham sido criadas como autarquias sob regime especial, não há 
qualquer imposição legal nesse sentido. Apesar disso, é consenso na doutrina 
que — independentemente do que for — as agências reguladoras devem ser 
instituídas como personalidade jurídica de direito público. Com efeito, é 
perfeitamente possível que uma dada agência reguladora venha a ser criada 
como uma fundação pública com personalidade jurídica de direito público. 
Com relação às características comuns às agências reguladoras, conforme 
Marcelo Alexandrino (2017), podemos elencar pelo menos quatro. A primeira diz 
respeito à sua capacidade regulatória. Nesse contexto, as agências reguladoras 
desempenham atividades regulatórias de serviços públicos ou atividades de ordem 
econômica. A segunda característica diz que as agências reguladoras possuem 
instrumentos ou meios que garantam sua autonomia funcional ante o Poder Execu-
tivo. Já a terceira diz respeito ao fato de que elas possuem poder normativo relativo 
ao seu âmbito de atuação. Por fim, a última afirma que a atuação das agências 
reguladoras está sujeita ao controle judicial e legislativo (ALEXANDRINO, 2017).
Conforme Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2018), podemosclassificar as 
agências reguladoras em duas espécies: 
1. as que possuem poder de polícia específico para fiscalizar e reprimir 
a atuação econômica da iniciativa privada; 
2. as que regulam e fiscalizam atividades de concessionários ou permis-
sionários de serviços públicos. 
No primeiro caso, citamos a Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(Anvisa) e a Agência Nacional de Saúde (ANS). No segundo caso, citamos as 
agências reguladoras destinadas a fiscalizar os serviços de telecomunicações 
ou transporte público.
Com relação às funções desempenhadas, embora as agências reguladoras 
integrem a Administração Pública indireta, pertencendo ao Poder Executivo, 
elas também desempenham atividades semelhantes às dos Poderes Legislativo 
e Judiciário. Nesse contexto, conforme Marcelo Alexandrino (2017), podemos 
elencar três funções exercidas pelas agências reguladoras: 
1. aplicam de ofício a lei aos casos concretos não litigiosos ligados à sua 
área de atuação; 
7Intervenção do Estado no domínio econômico
2. editam as normas — dentro de sua esfera de atuação — com vistas 
à implementação das políticas previamente elaboradas pelos Poderes 
Legislativo e Executivo;
3. solucionam conflitos ligados à sua área de atuação, de modo extrajudicial 
(sem eliminar a possibilidade de ingresso judicial posterior).
Com relação às agências reguladoras existentes, abordaremos aquelas mais 
salientes. Nesse contexto, a primeira delas é a Agência Nacional de Energia 
Elétrica, criada pela Lei nº. 9.427, de 26 de dezembro de 1996, cujas principais 
funções são a fiscalização e a regulação do setor de geração, transmissão e 
distribuição de energia elétrica. Outra agência reguladora importante é a 
Agência Nacional de Telecomunicações, criada pela Lei nº. 9.472, de 16 de 
julho de 1997, cujos objetivos são a fiscalização e a regulação do setor de 
telecomunicações. 
Também existe a Agência Nacional do Petróleo, criada pela Lei nº. 9.478, 
de 6 de agosto de 1997, cujo objetivo é regular e fiscalizar as atividades ligadas 
ao petróleo. No contexto da saúde, a Lei nº. 9.782, de 26 de janeiro de 1999, 
criou a Anvisa, cuja função é exercer o controle sanitário de todos os produtos 
e serviços ligados a áreas como medicamentos, alimentos, cosméticos, entre 
outros, com a finalidade de proteger a saúde do povo. Ainda no contexto da 
saúde, a Lei nº. 9.961, de 28 de janeiro de 2000, criou a ANS, cuja função 
é regulamentar e garantir o cumprimento dos contratos de plano de saúde. 
No contexto do meio ambiente, a Lei nº. 9.984, de 17 de julho de 2000, criou 
Agência Nacional de Águas, cuja atribuição é controlar e fiscalizar tudo que 
diga respeito às atividades ligadas ao aproveitamento de recursos hídricos. No 
contexto dos transportes, a Lei nº. 10.233, de 5 de junho de 2001, criou a Agên-
cia Nacional de Transportes Terrestres e a Agência Nacional de Transportes 
Aquaviários, cujas funções estão relacionadas à regulação e fiscalização da 
prestação de serviços de transporte terrestre e aquaviário, respectivamente. 
Papel do Conselho Administrativo 
de Defesa Econômica 
O Cade é uma autarquia federal, com atuação vinculada ao Ministério da 
Justiça e com jurisdição em todo o território nacional, cuja função é prevenir 
e apurar abusos no domínio econômico. Nesse contexto, o Cade fi scaliza a 
atuação da iniciativa privada no domínio econômico e, se necessário, julga 
infrações de ordem econômica. 
Intervenção do Estado no domínio econômico8
A estrutura e o funcionamento do Cade foram originalmente regulados 
na Lei nº. 4.137, de 10 de setembro de 1962, e posteriormente reformulados 
com a Lei nº. 12.529/2011. Com relação à sua estrutura, conforme o art. 
5º da Lei nº. 12.529/2011, o Cade é composto por três órgãos, abordados 
a seguir.
Tribunal Administrativo de Defesa Econômica
Conforme o art. 6º da Lei nº. 12.529/2011, o tribunal administrativo é ór-
gão judicante, composto por um presidente e seis conselheiros escolhidos 
entre cidadãos com mais de 30 anos de idade, de notório saber jurídico ou 
econômico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República, 
depois de aprovados pelo Senado Federal. Com relação ao seu mandato, 
o § 1º do mesmo artigo estabelece que será de 4 anos, não coincidentes, 
vedada a recondução.
Com relação às atribuições do plenário do tribunal, o art. 9º estabelece um 
rol exemplificativo. Entre elas, citamos as atribuições de:
  decidir sobre a existência de infração à ordem econômica e aplicar as 
penalidades previstas em lei (art. 9º, II); 
  decidir os processos administrativos para imposição de sanções 
administrativas por infrações à ordem econômica instaurados pela 
Superintendência-Geral (art. 9º, III); 
  ordenar providências que conduzam à cessação de infrações à ordem 
econômica (art. 9º, IV); 
  requisitar dos órgãos e das entidades da Administração Pública federal 
e requerer às autoridades de Estados, municípios, Distrito Federal e 
territórios as medidas necessárias ao cumprimento da lei.
Superintendência-Geral
Conforme o art. 12 da Lei nº. 12.529/2011, a Superintendência-Geral será 
composta por um superintendente-geral e dois superintendentes-adjuntos. 
O superintendente-geral será escolhido entre cidadãos com mais de 30 anos, 
notório saber jurídico ou econômico e reputação ilibada, nomeado pelo Pre-
sidente da República, depois de aprovado pelo Senado Federal (art. 12, § 1º). 
Seu mandato será de 2 anos, permitida a recondução para um único período 
subsequente (art. 12, § 1º). No mais, os superintendentes-adjuntos serão in-
dicados pelo superintendente-geral (art. 12, § 7º).
9Intervenção do Estado no domínio econômico
O art. 13 estabelece uma série de atribuições da Superintendência-Geral. 
Entre elas, compete a ela o acompanhamento, permanente, das atividades 
e práticas comerciais de pessoas físicas ou jurídicas que detiverem posição 
dominante em mercado relevante de bens ou serviços para prevenir infrações 
da ordem econômica. Para tanto, também compete-lhe requisitar as infor-
mações e os documentos necessários, mantendo o sigilo legal, quando for o 
caso (art. 13, II).
Além disso, cabe a ela promover, em face de indícios de infração da ordem 
econômica, procedimento preparatório de inquérito administrativo e inquérito 
administrativo para apuração de infrações à ordem econômica (art. 13, III). 
Ademais, poderá a Superintendência-Geral decidir pela insubsistência dos 
indícios, promovendo o arquivamento dos autos do inquérito administrativo 
ou de seu procedimento administrativo (art. 13, IV).
Outra competência importante da Superintendência-Geral consiste na 
instauração e instrução de processo administrativo para imposição de san-
ções administrativas por infrações à ordem econômica, bem como ato de 
concentração, processo administrativo para análise de ato de concentração 
econômica e processo administrativo para imposição de sanções processuais 
incidentais instaurados para prevenção, apuração, prevenção ou repressão de 
infrações à ordem econômica.
Departamento de Estudos Econômicos
O art. 17 da Lei nº. 12.529/2011 estabelece que o Cade terá um Depar-
tamento de Estudos Econômicos, dirigido por um economista-chefe, a 
quem incumbirá elaborar estudos e pareceres econômicos, de ofício ou 
por solicitação do plenário, do presidente, do conselheiro-relator ou do 
superintendente-geral, zelando pelo rigor e pela atuação técnica e científi ca 
das decisões e dos órgãos. 
Intervenção do Estado no domínio econômico10
ALEXANDRINO, M. Direito administrativo descomplicado. São Paulo: Método, 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Promulgada em 5 de 
outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituição.htm. Acesso em: 11 out. 2019.
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial 
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm.Acesso em: 11 out. 2019.
BRASIL. Lei nº. 12.529, de 30 de novembro de 2011. Diário Oficial [da] República Fede-
rativa do Brasil, Brasília, DF, 2 dez. 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm. Acesso em: 12 jun. 2018.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. São Paulo: Atlas, 2018.
MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2016
Leituras recomendadas
CARVALHO FILHO, J. S. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas, 2014.
PESTANA, M. Direito administrativo brasileiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
SANTANNA, G. Direito administrativo. 4. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2015. (Série 
Objetiva).
ZIMMER JUNIOR, A. Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro: Método, 2009.
11Intervenção do Estado no domínio econômico
DICA DO PROFESSOR
A atuação do Estado na ordem econômica está disposta entre os artigos 170 e 180 da 
Constituição Federal. Neles, verificam-se dois modos distintos de atuação estatal na economia: o 
direto e o indireto. Enquanto o direto trata da atuação horizontal do Estado, o indireto trata da 
atuação vertical.
Na Dica do Professor, veja mais detalhes sobre a atuação do Estado na economia.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
AGU Explica: agências reguladoras
As agências reguladoras são um importante instrumento criado a partir de meados da década de 
90 para regular certos setores do domínio econômico. Para saber mais sobre as agências 
reguladoras, assista a este vídeo.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
O que é o CADE?
Com relação à sua estrutura, conforme o art. 5.º da Lei 12.529/11, o CADE é composto por três 
órgãos, a saber: o Tribunal Administrativo de Defesa Econômica, a Superintendência-Geral e o 
Departamento de Estados Econômicos. Para saber mais, assista ao vídeo a seguir.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!