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Emerg. Cirúrgicas Nathália Machado –MedFTC 23.1 Trauma de Extremidades Introdução As lesões musculoesqueléticas acontecem em muitos pacientes que sofreram traumas fechados. Geralmente são lesões de aparência dramática, mas que raramente causam risco imediato à vida ou membro. A ideia é reconhecer lesões potencialmente fatais, principalmente quando associado a lesões torácicas e abdominais graves. É importante que o profissional esteja familiarizado com a anatomia da extremidade para estar apto a proteger o doente de sequelas para antecipar ou prevenir complicações. Lesões musculoesqueléticas graves indicam que o indivíduo foi submetido a forças significativas, por isso que as fraturas de ossos longos de MMSS e MMII tem risco potencial de sangramento, lesões de tronco e embolia gordurosa. As fraturas instáveis de pelve e expostas de fêmur tem relação com hemorragia abundante. Lesões por esmagamento está relacionado a liberação de mioglobulinas pelo músculo, que pode acumular nos túbulos renais causando falência renal. Edema em compartimentos musculofaciais intactos pode causar síndrome compartimental aguda, que se não for tratada, pode levar ao comprometimento e perda do membro. Anatomia A artéria axilar e braquial tem um volume importante, por isso a necessidade de bloqueio com torniquetes. No MMII, a artéria é ainda mais calibrosa, sendo a femoral a mais importante. MMSS A artéria toracoacromial dará origem a artéria axilar, braquial, radial e ulnar. Emerg. Cirúrgicas Nathália Machado –MedFTC 23.1 MMII A artéria femoral se bifurca em femoral profunda e, posteriormente, dará origem a artéria poplítea. Exame dos pulsos MMII: femoral, pedioso, poplíteo e tibial posterior. MMSS: axilar, ulnar, braquial e radial. Avaliação primária Durante a avaliação primária deve-se reconhecer e controlar hemorragias oriundas de lesões musculoesqueléticas. As lesões de extremidade potencialmente fatais são: hemorragia arterial grave, fratura bilateral de fêmur e síndrome de Crush. Emerg. Cirúrgicas Nathália Machado –MedFTC 23.1 Síndrome de Crush – as hemoglobinas liberadas chegam aos glomérulos, não conseguem passar e ficam acumulando no local, criando um ambiente facilitador para lesão renal. O primeiro passo e a melhor forma para controle da hemorragia é a compressão direta. A redução apropriada de fraturas pode reduzir a perda sanguínea e melhorar o efeito do tamponamento do músculo e da fáscia. Além disso, a imobilização mais próxima possível da posição anatômica reduz a movimentação em excesso no local fraturado, e se tração adequada, auxilia no controle da hemorragia, reduz a dor e previne posterior acometimento neurovascular e de partes moles. Se não for possível reduzir, deve imobilizar o membro na posição encontrada para controlar hemorragia e dor. Se a fratura for exposta, a aplicação de curativo compressivo estéril geralmente controla a hemorragia. Não se deve realinhar o osso para dentro do ferimento, pois são fraturas que necessitarão de desbridamento cirúrgico. Na fratura exposta deve-se remover a contaminação grosseira e administrar ATB o mais precocemente possível. Lembrar de realizar uma reanimação com fluidos. Hemorragia arterial grave e amputação traumática Ferimentos penetrantes podem resultar em lesão vascular arterial grave e um trauma contuso com fratura ou luxação de extremidade pode causar ruptura de artéria, essas lesões podem provocar hemorragias significativas através de ferimento aberto ou nas partes moles. Pacientes que sofreram uma amputação traumática apresentam risco particular de hemorragia com risco à vida e podem requerer a aplicação de um torniquete. Fratura de fêmur bilateral Emerg. Cirúrgicas Nathália Machado –MedFTC 23.1 Síndrome de Crush A síndrome de Crush ou a rabdomiólise traumática fala sobre os efeitos clínicos da lesão muscular que, se não for tratada, pode causar insuficiência renal aguda e choque. É mais vista em lesão traumática por esmagamento, principalmente se em região de coxa e panturrilha. É uma lesão combinada: lesão muscular direta + isquemia + morte celular com liberação de mioglobina. À avaliação pode ter urina escurecida marrom-avermelhada ou elevação da CPK > 10.000. Tratar com expansão volêmica e alcalinização da urina com bicarbonato. Avaliação secundária Na avalição secundária deve-se analisar os aspectos chaves do paciente: mecanismo do trauma, ambiente, estado anterior ao trauma, fatores predisponentes, observações e cuidados pré-hospitalares. Realizar exame físico completo com paciente despido, mas tomando cuidado para evitar hipotermia. No exame físico a avaliação tem três objetivos: 1. Identificar leões que podem colocar a vida em risco (avaliação primária); 2. Identificar lesões que podem colocar o membro em risco (avaliação secundária); 3. Proceder uma revisão sistemática para evitar que uma lesão musculoesquelética passe despercebida (reavaliação contínua). Avaliar coloração, perfusão, presença de ferimentos, deformidades, edema e escoriações. Observar função motora espontânea pode ajudar a identificar comprometimento neurológico e/ou muscular. Palpar as extremidades para avaliar sensibilidade (função neurológica) que pode indicar fraturas. Se perda de sensibilidade ou dor à palpação pode significar lesão medular ou de nervos periféricos. Dor + deformidade = contusão ou fratura Palpar pulsos distais e avaliar o tempo de enchimento capilar. Emerg. Cirúrgicas Nathália Machado –MedFTC 23.1 As lesões que podem comprometer o membro são as expostas, as lesões articulares, vasculares, neurológicas, além da síndrome compartimental. A presença de fratura exposta ou ferimento aberto deve ser imediatamente identificado. O diagnóstico se baseia no exame físico da extremidade e não deve explorar digitalmente a ferida. Se há lesão aberta deve presumir que é lesão exposta, a confirmação será com TC ou com infusão de solução salina para testar se lesão aberta. Se é fratura exposta deve iniciar imediatamente ATB (cefalosporinas de 1ª geração. Síndrome compartimental Desenvolve quando a pressão no compartimento osteofacial do músculo é suficiente para produzir isquemia e necrose. A isquemia pode ser causada pelo aumento do tamanho do conteúdo do compartimento, seja por hemorragia ou edema,, ou pela diminuição das dimensões do compartimento, como no curativo apertado. A ausência de pulso distal palpável é um sinal tardio e não é necessário para dar o diagnóstico da síndrome. O tratamento será com fasciotomia para descompressão. Paciente com fratura e comprometimento do pulso distal: - Estável: fazer arteriografia ou doppler de membro e abordagem cirúrgica. - Instável (hemorragia, isquemia): realizar abordagem cirúrgica, se o pulso distal se mantiver débil, proceder amputação.
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