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Lara de Aquino Santos CIRURGIA ORTOGNÁTICA Diagnóstico, Planejamento e Indicações O QUE É: → Tratamento direcionado para as deformidades dentofaciais (ossos maxilares que fogem da normalidade). ETIOLOGIA DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS: → Predisposição genética; → Fatores ambientais; → Traumatismo; → Infecção facial na infância; → Cisto ou tumor; → Hábito parafuncional; → Hiperplasia condilar unilateral; → Respiração bucal; → Distúrbios da ATM; → Procedimentos cirúrgicos prévios – iatrogenias. CLASSIFICAÇÃO DAS DEFORMIDADES: 1. VERTICAL: 1.1 Deficiências Verticais → Casos em que há pouca exposição da coroa clínica, mesmo quando o paciente realiza um esforço para sorrir. 1.2 Excessos Verticais: → São casos em que há excesso ósseo e com isso o paciente apresenta um sorriso gengival. 2. ÂNTERO-POSTERIOR: 2.1 Classe I de Angle (perfil reto): 2.2 Classe II de Angle (perfil convexo): 2.3 Classe III de Angle (perfil côncavo) 3. TRANSVERSAL: 3.1 Assimetrias látero-laterais; 3.2 Excessos transversais; 3.3 Atresias transversais: OBJETIVOS DO TRATAMENTO ORTO-CIRÚRGICO: → Equilíbrio/harmonia facial; → Oclusão funcional e estável; → Saúde periodontal; → Manutenção ou aumento do espaço das vias aéreas; → Saúde da musculatura e ATM; → Alcançar as expectativas do paciente; → Estabilidade de resultados. Diagnóstico, Planejamento e Indicações Lara de Aquino Santos PLANEJAMENTO DO TRATAMENTO: → Tem como objetivo minimizar complicações e traumas cirúrgicos, bem como prever os resultados. QUANDO INDICAR: → Em casos de grandes discrepâncias; → Para otimização da estética facial; → Mudanças nos diferentes planos; → Melhor intercuspidação; → Síndromes na ATM; → Tratamento de apneia do sono; → Complemento na reabilitação oral; → Casos de deficiências na fala (como por exemplo de pacientes que apresentam uma mordida mais aberta). CONTRAINDICAÇÕES: → Em casos de distúrbios sistêmicos; → Pacientes não cooperativos, visto que o pós- operatório tende a ser complexo. DIAGNÓSTICO DAS DEFORMIDADES MAXILARES: 1. EXAME CLÍNICO: → Avaliar condições gerais de saúde do paciente; → Avaliar o estado psicológico, e se possível realizar o encaminhamento para o psicólogo, pois com a mudança facial alguns pacientes não se reconhecem mais; → Realizar o exame clínico facial (frontal e de perfil), baseando-se na queixa principal do paciente e nos princípios de harmonia facial; → Exame clínico intrabucal. ANÁLISE FACIAL FRONTAL: → Fornece dados de simetria ou assimetrias laterais (linha média) e verticais (níveis faciais); → Comprimentos verticais e contornos faciais. 1.1 Linha Média: → Avaliação de desvios da ponta do nariz, linha média dentária maxilar, mandibular e do mento; → Como realizar a avaliação: Traçar uma linha vertical que cruze o centro da glabela e o centro do filtro labial superior. 1.2 Desníveis de Plano Bipupilar, Maxila, Mandíbula e Mento: 1.3 Proporção dos Terços Faciais: 1.4 Exposição dos Incisivos Superiores: → Repouso: 1 a 5 mm; → Sorriso: 3/4 da coroa dos incisivos a 2 mm de gengiva. A cada 1 mm de tecido ósseo corresponde a 3 mm de tecido mole. Lara de Aquino Santos 1.5 Tipo Facial: → Dolicofacial: Largura menor que altura; → Braquifacial: Largura maior que altura. 1.6 Lábios, Vermelhidão dos Lábios e Espaço Interlabiais: → Lábio superior: 19 a 22 mm; → Lábio inferior: 38 a 44 mm. 1.7 Largura da Base Alar: → Deve ser de 28 a 34 mm. 1.8 Ramos Mandibulares e Corpo Mandibular. ANÁLISE FACIAL DO PERFIL: → Os lábios devem estar em repouso; → A cabeça em uma posição neutra; → Côndilos em relação cêntrica (idealmente). Ângulos do Perfil: → Revela a harmonia da face na porção superior, média e inferior em norma lateral; → Classe I: 165-175° (reto); → Classe II: Menor que 165° (côncavo); → Classe III: Maior que 175° (convexo). Ângulo Nasolabial: → Revela inclinação dos incisivos; → Deve ser entorno de 85° a 105. Linha Mento-Pescoço: → Curta ou longa. 2. EXAME RADIOGRÁFICO: → Análise cefalométrica (perfil e frontal); → Radiografia panorâmica; → Radiografia oclusais e periapicais. 3. ESTUDO DE MODELOS. → A avaliação dos modelos fornece dados de coordenação intra-arcos e inter-arcos; → Presença de discrepâncias transversais e verticais. 4. PROTOCOLO FOTOGRÁFICO. → Importante documentar antes e depois. A análise cefalométrica deve ser baseada na mudança dos tecidos moles em associação com a oclusão do paciente. Lara de Aquino Santos CAMUFLAGEM ORTODÔNTICA x TRATAMENTO ORTO-CIRÚRGICO: → Existem dois tipos de tratamento para pacientes que possuem problemas esqueléticos, sendo a camuflagem ortodôntica ou o reposicionamento cirúrgico das bases ósseas. CAMUFLAGEM ORTODÔNTICA: → Consiste em realizar uma compensação dentária (camuflagem da mordida do paciente), por meio do tratamento ortodôntico convencional, sem intervir nas bases ósseas; → É realizada em casos em que a discrepância é mínima. TRATAMENTO ORTO-CIRÚRGICO: → Realizado em casos em que a discrepância é acentuada e não há possibilidade de camuflar ortodonticamente. QUANDO OPERAR: → A época para intervenção cirúrgica deve ocorrer durante ou após o crescimento ósseo completo; → Em casos excepcionais podem-se realizar o procedimento cirúrgico antes do final do crescimento ósseo, quando o paciente ainda for criança (ex.: quando afetar o social, alimentação ou respiração). PROTOCOLO DE TRATAMENTO ORTO-CIRÚRGICO: 1. Consulta inicial; 2. Planejamento ortodôntico e cirúrgico; 3. Ortodontia pré-operatória (6 a 18 meses); 4. Consulta para reavaliação; 5. Análise facial e análise de modelos; 6. Traçado predictivo, tomada do arco facial e montagem em articulador SA; 7. Cirurgia de modelo e confecção de guia cirúrgico; 8. Cirurgia propriamente dita; 9. Consulta de controle pós-operatório (3 meses); 10. Finalização ortodôntica (6 a 12 meses). FASE PRÉ-OPERATÓRIA: → Tratamento ortodôntico; → Análise facial; → Análise dos modelos de estudo; → Análise cefalométrica; → Cirurgia dos modelos. TRATAMENTO ORTODÔNTICO PRÉ-OPERATÓRIO: → Decompensações dentárias; → Correção de apinhamentos, giroversões e diastemas; → Nivelamento dos arcos. OSTEOTOMIAS MAXILARES: 1. OSTEOTOMIA LE FORT I: → Surgiu em 1935 em um livro e teve o seu maior desenvolvimento em 1960 por Bell; → Também chamada de osteotomia total da maxila; → Consiste na separação da maxila do terço médio da face mediante osteotomias do septo nasal, paredes médias e laterais do seio maxilar e do processo pterigóideo; → Após a realização da separação e mobilização maxilar, esta pode ser reposicionada anterior, superior, posterior ou inferiormente; → Possibilidade de mobilização da maxila sem comprometer a vascularização e a reparação óssea. A associação da ortodontia e cirurgia para o tratamento das deformidades dentofaciais melhora a estabilidade do tratamento. Lara de Aquino Santos 2. OSTEOTOMIA SEGMENTAR POSTERIOR: → Técnica cirúrgica utilizada com a finalidade de reabilitação protética, para o nivelamento da curva de Spee nos casos de extrusão dentoalveolar. 3. OSTEOTOMIA EM 2 SEGMENTOS: → Indicado para casos em que se deseja uma expansão de até 7 mm concomitante com outro movimento total da maxila; → A osteotomia deve ser realizada lateralmente à linha média após o down- fracture da maxila. 4. EXAPANSÃO ORTODÔNTICA DE MAXILA CIRURGICAMENTE ASSISTIDA: → É uma combinação da orto + cirurgia. Se realiza primeiro a expansão da maxilapara posteriormente realizar a cirurgia ortognática, pois a maxila encontra-se menor que a mandíbula; → Indicada para expansões maxilares que excedam 7 mm e mordidas cruzadas uni ou bilaterais. 5. OSTEOTOMIA EM 4 SEGMENTOS (MULTISEGMENTAR): → É considerada a cirurgia mais instável dentre todas as outras. OSTEOTOMIAS MANDIBULARES: 1. OSTEOTOMIA VERTICAL DO RAMO MANDIBULAR: → Entrou em desuso pelo fato de a redução ser obrigatoriamente mínima, de 4 a 5 mm e por causar muitas injúrias ao paciente na área condilar e na região do NAI; → Era utilizada para retruir a mandíbula; → Essa técnica promove o cavalgamento dos cotos e não deve ser fixada. 2. OSTEOTOMIA SAGITAL DO RAMO MANDIBULAR: → Técnica versátil e mais utilizada; → Pode ser indicada para avanços e recuos mandibulares; → Permite o deslocamento anteroposterior e látero-lateral da mandíbula sem que haja sobrecarga condilar; → A forma da osteotomia oferece uma ampla área de contato entre os segmentos ósseos, o que permite melhor estabilidade durante a Lara de Aquino Santos aplicação da fixação rígida, além de melhor cicatrização óssea; → Promove o deslizamento dos cotos; → Pode ser fixada com placas ou parafusos; → Apresenta uma maior possibilidade de danos a nervos; → Pode dispensar o BMM pós-operatório. 3. MENTOPLASTIA: → Também chamada de osteotomia basilar da mandíbula; → São procedimentos cirúrgicos adicionais nas osteotomias maxilares e/ou mandibulares para correções de deformidades dentofaciais, com o objetivo de harmonizar a posição do mento do paciente com o restante da face, tornando ainda melhores os resultados estéticos obtidos pela cirurgia ortognática; → Nos casos de redução vertical do mento remove-se uma faixa óssea junto à osteotomia. Já nos casos de reposição inferior interpõe-se o enxerto ósseo nesta região; → As osteotomias devem ser realizadas respeitando-se os ápices dentais inferiores (5 mm abaixo) e o nervo mentoniano. CIRURGIA ORTOGNÁTICA COMBINADA: → Descrita por Willian Bell. É a combinação de osteotomias do tipo Le Fort I e osteotomias do ramo mandibular. COMPLICAÇÕES: → Não ocorrem por falta de planejamento e sim devido a falha na técnica cirúrgica ou na avaliação da anatomia do paciente; → Complicações trans-operatória mais frequentes: Separação ósseas desfavoráveis, hemorragias, lesões nervosas (parestesia ou secção), mau posicionamento do segmento, desvio de septo e sinusite maxilar, necrose isquêmica, fraturas não desejadas, danos aos sistemas nasal, lacrimal e ocular. PÓS-OPERATÓRIO: → 45 dias seguintes à cirurgia são acompanhados pelo cirurgião; → Utilizasse elásticos intermaxilares para dar estabilidade pós-operatória (uso bem limitado). Antigamente realizava-se bloqueios rígidos com fio de aço, porém causa injúrias e anquilose na ATM; → Última etapa com o ortodontista: Aproximadamente 6 a 8 meses. ANCORAGEM ORTODÔNTICA: → Consiste na intrusão do complexo dentoalveolar. VANTAGENS: → Ancoragem rígida e estável; → Movimento dentário logo após o procedimento; → Simplificação da mecânica do tratamento; → Diminuição do período de tratamento ortodôntico; → Minimização do desconforto durante o tratamento; → Estética favorável; → Redução da aparatologia ortodôntica. Lara de Aquino Santos LOCAIS DE INSTALAÇÃO: → Depende da necessidade dos movimentos planejados pelo ortodontista; → Preferencialmente em locais com corticais suficientes para estabilizar a fixação. MAXILA: → Pilar canino (1): Localiza-se entre as paredes do seio maxilar e a cavidade nasal; → Pilar zigomático (2): Se conecta com a base do crânio pelo arco zigomático. MANDÍBULA: → Pilar canino; → Linha obliqua externa; → Mento. TÉCNICA CIRÚRGICA: 1. Anestesia: → Maxila: Infiltração vestibular para o plexo dentário superior; → Mandíbula: Troncular para o NAI e infiltração vestibular em região de molares na região de caninos bilateralmente. 2. Incisão: → Retalho horizontal de espessura total, incluindo periósteo; → Existe a possibilidade de ter que ser realizada em mucosa alveolar; → O tamanho da incisão é aproximadamente 5 cm de extensão. 3. Fixação da Placa: → Fixar a placa ao osso, iniciando pelo segmento central; → Checar interferência em oclusão; → Testar a estabilidade da placa.
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