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Atipias do Epitélio Escamoso Profa. Dra. Priscilla Maciel Quatrin Disciplina: Citologia Oncótica Curso: Biomedicina Células Escamosas Normais - Superficiais São grandes, com abundante citoplasma, possui um pequeno núcleo central, citoplasma normalmente acidófilo (coram-se alaranjado). Células Escamosas Normais - Intermediárias Mesmo tamanho das superficiais, porém com núcleos vesiculosos; citoplasma cianofílico; fase pós-ovulação. Gravidez e na menopausa precoce. Células Escamosas Normais - Parabasais - São menores que as células intermediárias, observadas em mulheres na menopausa; - Epitélio não amadurece devido a falta de estrogênio e progesterona - Núcleos são arredondados e maiores / cianofílico Células Escamosas Normais Diferentes tipos de células escamosas - A: células superficiais (setas); B: células intermediárias; C: células parabasais; D: células metaplásicas. O pH ácido da vagina estimula a substituição do epitélio glandular por epitélio escamoso através de um processo fisiológico chamado metaplasia. Lesões intraepiteliais escamosas do colo uterino Conceitos e Sistema de Classificação - As lesões intraepiteliais (neoplasias intraepiteliais cervicais - NICs) correspondem a lesões proliferativas com maturação anormal e atipias celulares de grau variável, substituindo parte ou toda a espessura do epitélio escamoso cervical. - As neoplasias intraepiteliais cervicais foram divididas, histologicamente, em três graus, NIC 1, NIC 2 e NIC 3, que correspondem respectivamente à displasia leve, displasia moderada e displasia acentuada/carcinoma in situ. Lesões intraepiteliais escamosas do colo uterino Conceitos e Sistema de Classificação - Em 1988, foi introduzido o Sistema Bethesda de terminologia e classificação diagnóstica para amostras citológicas cervicovaginais. Desordenação ocorre nas camadas mais basais do epitélio Desordenação avança 2/3 proximais da membrana Desarranjo é observado em todas as camadas Células arranjadas de forma bastante ordenada Lesões intraepiteliais escamosas do colo uterino Conceitos e Sistema de Classificação Para a classificação citológica das lesões intraepiteliais escamosas (NIC, displasias), os seguintes aspectos devem ser considerados: - Maturidade citoplasmática - Intensidade das alterações nucleares Lesão intraepitelial de baixo grau (alterações citopáticas pelo HPV, displasia leve/ NIC 1) - Definida histologicamente pelo encontro de células indiferenciadas limitadas às camadas mais profundas do epitélio (terço inferior), sendo comum a associação com as alterações citopáticas pelo HPV. - Nessa lesão há boa maturação celular, as anormalidades nucleares são discretas e há poucas figuras de mitose. - Células vistas nos esfregaços apresentam citoplasma abundante apesar das atipias nucleares. Lesão intraepitelial de baixo grau (alterações citopáticas pelo HPV, displasia leve/ NIC 1) Células escamosas eosinofílicas com cavidade perinuclear vazia, circundada por citoplasma condensado e um núcleo moderadamente aumentado de tamanho: coilócitos típicos. Lesão intraepitelial de baixo grau (alterações citopáticas pelo HPV, displasia leve/ NIC 1) De forma objetiva, a lesão intraepitelial escamosa de baixo grau é caracterizada nos esfregaços pelo encontro de: - Células do tipo superficial e intermediário, com citoplasma abundante, bem definido, isoladas ou dispostas em pequenos agrupamentos monoestratificados. - Núcleos com mais de três vezes o tamanho do núcleo de células intermediárias normais. - Relação nucleocitoplasmática conservada ou levemente alterada. Lesão intraepitelial de baixo grau (alterações citopáticas pelo HPV, displasia leve/ NIC 1) De forma objetiva, a lesão intraepitelial escamosa de baixo grau é caracterizada nos esfregaços pelo encontro de: - Hipercromasia e leve irregularidade da borda nuclear. - Cromatina finamente granular, grosseiramente granular ou condensada. - Binucleação e multinucleação são comuns. - Coilocitose frequente. Lesão intraepitelial de baixo grau (alterações citopáticas pelo HPV, displasia leve/ NIC 1) Células atípicas de significado indeterminado Na diferenciação com a lesão intraepitelial escamosa de baixo grau, é incluída a categoria ASC-US. - Possivelmente não neoplásicas (ASC-US de Bethesda). - Não podendo excluir lesão intraepitelial de alto grau (ASC-H de Bethesda). Células atípicas de significado indeterminado Possivelmente não neoplásicas (ASC-US de Bethesda). - Núcleos das células escamosas intermediárias são aumentados de volume 2,5 a 3 vezes o tamanho do núcleo de uma célula normal correspondente. - Outras alterações como hipercromasia e irregularidades das bordas nucleares são muito mais significativas na displasia leve, onde também podem ser encontrados coilócitos, ausentes no ASC- US. Esfregaço ectocervical, discretamente inflamatório: célula intermediária com núcleo aumentado de volume e cromatina homogênea: ASC-US (seta). A: ASC-US: célula escamosa eosinofílica com núcleo aumentado e hipercromático. B: ASC-US: célula escamosa eosinofílica com núcleo aumentado. Lesão intraepitelial de alto grau (displasia moderada/ NIC 2 e carcinoma in situ/ NIC 3) - No Sistema Bethesda, as lesões conhecidas anteriormente como displasia moderada/NIC 2 e carcinoma in situ/ NIC 3 são incluídas na mesma categoria, as chamadas lesões intraepiteliais escamosas de alto grau. - Comportamento mais agressivo que as lesões de baixo grau, ou seja, evoluem mais frequentemente e mais rapidamente para o câncer. - HPV associado com os tipos de alto risco (16,18, 31, 33 e 58) ocorrendo em 75% das lesões de alto grau. Lesão intraepitelial de alto grau (displasia moderada/ NIC 2 e carcinoma in situ/ NIC 3) Características histológicas – NIC 2 - Presença de células escamosas displásicas nos 2/3 basais do epitélio; - Terço superior do epitélio mostra alguma diferenciação e maturação, e como na NIC 1 há persistência de atipia nuclear na superfície. - Anormalidades nucleares são mais marcadas que na NIC 1. Lesão intraepitelial de alto grau (displasia moderada/ NIC 2 e carcinoma in situ/ NIC 3) Características histológicas – NIC 3 - Células displásicas com atipia nuclear significativa comprometendo toda a espessura do epitélio. - Geralmente figuras mitóticas são encontradas em todos os níveis do epitélio e podem ser numerosas e de configurações anormais. Lesão intraepitelial de alto grau (displasia moderada/ NIC 2 e carcinoma in situ/ NIC 3) A: Baixo grau B: Alto grau Aumento da relação nucleocitoplasmática, contornos nucleares irregulares e cromatina grosseira. Frequente coilocitose e anormalidades nucleares como contornos nucleares irregulares. Lesão intraepitelial de alto grau (displasia moderada/ NIC 2 e carcinoma in situ/ NIC 3) Características citológicas Nos esfregaços citológicos, as lesões intraepiteliais escamosas de alto grau são representadas por células que exibem menor quantidade de citoplasma e aumento da relação nucleocitoplasmática, resultando na aparência de células imaturas. As seguintes características são assinaladas: - Células do tipo metaplásico imaturo ou lembrando células de reserva. - Células redondas ou ovais. - Aumento nuclear. - Cromatina finamente granular, cromatina grosseiramente granular. - Células isoladas, em agrupamentos planos ou dispostas em agrupamentos sinciciais (carcinoma in situ). Células parabasais com núcleo aumentado, contornos nucleares irregulares, população homogênea de células. Alto grau. Células atípicas de significado indeterminado Não podendo excluir lesão intraepitelial de alto grau (ASC-H) ASC-H - O diagnóstico de atipia de células escamosas de significado indeterminado não exclui a possibilidade de lesão intraepitelial de alto grau (ASC- H), é aplicado ao quadro de células imaturas com algumas das características da lesão intraepitelial escamosa de alto grau, sendo porém mais sutis oufocais. Células atípicas de significado indeterminado Não podendo excluir lesão intraepitelial de alto grau (ASC-H) Muco com numerosos núcleos nus agrupados provenientes de hiperplasia das células de reserva, com variados tamanhos nucleares. Carcinoma escamoso invasivo - O carcinoma escamoso compreende aproximadamente 75% dos tumores malignos do colo uterino. - Principal fator de risco para o desenvolvimento dessa neoplasia é a infecção persistente pelo papiloma vírus humano (HPV) aliada a cofatores, especialmente a imunossupressão e o fumo. - A idade média das pacientes por ocasião do diagnóstico de câncer é 51,4 anos. - A evolução do carcinoma escamoso ocorre a partir de etapas precursoras, as chamadas lesões pré-cancerosas. Carcinoma escamoso invasivo - As lesões de baixo grau podem progredir com o tempo para lesões de alto grau, e finalmente as células neoplásicas podem romper a membrana basal invadindo o estroma subjacente (carcinoma invasivo). - Esse caminho não é obrigatório, e alguns tumores parecem não se iniciar como lesões de baixo grau, evoluindo desde o início de lesões de alto grau. Carcinoma escamoso invasivo Manifestações clínicas - Os sintomas associados a câncer do colo compreendem sangramento vaginal anormal, - Dor com irradiação para a região sacral, - Fraqueza - Perda de peso - Dor retal e hematúria. Carcinoma Invasor Carcinoma Invasor Carcinoma escamoso invasivo Rastreamento do Câncer do colo do Útero Rastreamento: - História natural da doença; - Reconhecimento de que ela evolui a partir de lesões precursoras (lesões intraepiteliais escamosas de alto grau – NIC2/ NIC3 e adenocarcinoma in situ), que podem ser detectadas e tratadas adequadamente, impedindo a progressão para o câncer.