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1 COMPETÊNCIAS DO MÉDICO VETERINÁRIO FRENTE A QUALIDADE DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE BOVINO Gabriel Bueno de Oliveira1 Liliane Pereira da Silva2 Maicon fim de Souza3 Mauricio Rodrigues dos Santos4 Vitor Hugo Pinheiro Godoy5 Resumo: A cadeia agroindustrial do leite é considerada uma das mais importantes do Brasil. Sendo assim, o leite é essencial para dieta dos indivíduos, abrangendo todas as faixas etárias e classes sociais, devido ser um dos alimentos mais completos. Vale destacar que, a indústria leiteira compreende diversas fases, desde a ordenha até a chegada ao comércio varejista. O objetivo deste estudo é descrever as competências do médico veterinário na qualidade e segurança da cadeia produtiva do leite bovino. O estudo segue uma abordagem qualitativa de caráter bibliográfico, através dos meios eletrônicos BIREME, LILACS e SCIELO, sendo selecionados periódicos dos últimos 10 (dez) anos, na língua portuguesa. O leite, devido ao seu alto teor de atividade de água e também alto valor nutricional, é um alimento vulnerável às alterações físico-químicas e deterioração pela ação de microrganismos que encontram condições favoráveis para multiplicação, além disso, a ordenha é considerada uma das tarefas mais importantes dentro de propriedade leiteira, pois, para a produção de leite ser considerada de alta qualidade. Dessa forma, a cadeia produtiva do leite bovino apresenta uma grande importância política, econômica e social no país, devido as suas características peculiares, com a presença maciça de pequenos produtores espalhados e presentes em todas as regiões do Brasil. À vista disso, a formação do médico-veterinário vai além da saúde animal, ela contribui de maneira essencial na saúde humana. Posto isso, na cadeia produtiva do leite, é evidenciado sua participação de forma abrangente e de suma importância. Palavras-chave: Cadeia produtiva do leite. Leite bovino. Médico Veterinário. Qualidade do leite. 1 INTRODUÇÃO A cadeia agroindustrial do leite é considerada uma das mais importantes do Brasil, devido a sua grande relevância socioeconômica, sendo essa atividade realizada em praticamente todos os municípios brasileiros, no qual, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no 4º trimestre de 2020, a aquisição de leite realizada pelos estabelecimentos com inspeção sanitária foi de 6,75 bilhões de litros (IBGE, 2020). Sendo assim, o leite é essencial para dieta dos indivíduos, abrangendo todas as faixas etárias e classes sociais, devido ser um dos alimentos mais completos, onde em sua composição possuem vitaminas, lipídios, proteínas e sais minerais, além 2 disso, para que o leite seja de boa qualidade, o mesmo deve possuir algumas características como alto valor nutritivo, sabor agradável, ausência de agentes patogênicos e contaminantes, tendo uma baixa carga microbiana e reduzida contagem de células somáticas (MORAIS et al., 2021). Vale destacar que, a indústria leiteira compreende diversas fases, desde a ordenha até a chegada ao comércio varejista como produto industrializado, na forma de leite pasteurizado ou até mesmo como produto derivado. Dessa forma, embora todas as fases sejam importantes para a qualidade do leite, pode-se compreender como a mais importante, sendo a produção, uma vez que, nessa fase todos os cuidados são indispensáveis (HIROTA, 2022). Portanto, para que o produto chegue seguro e com boa qualidade à mesa dos consumidos, o médico veterinário dispõe um papel essencial na área de saúde pública, inserindo-se em diferentes atividades, que vão desde a gestão e o planejamento em saúde até a vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental. Ressalta-se que a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1946, definiu novas áreas de atuação para a Medicina Veterinária na saúde pública, sendo as principais o controle de zoonoses, higiene dos alimentos, trabalhos de laboratório e atividades experimentais, visto que, a inspeção de produtos de origem animal é definida como atividade exclusiva do médico veterinário e pode ser realizada no âmbito federal, estadual ou municipal (MARINHEIRO et al., 2015). Neste contexto, sabe-se que a cadeia produtiva do leite foi se modificando drasticamente à medida em que o homem se desenvolvia, sendo de extrema importância o cuidado em todo o processo, posto que, falhas no processo podem desencadear contaminação do leite por microorganismos, devendo manter a máxima higiene, zelando pela sua inocuidade desde a ordenha até o momento do consumo, nesse sentido, suscitam-se questões importantes: Como se dá o processo para manter uma cadeia produtiva de leite bovino de qualidade? Qual o papel do médico veterinário frente a esta problemática? A inspeção de produtos de origem animal no Brasil, incluindo o leite e derivados, é considerada obrigatória no país desde 1950. Portanto, a fim de garantir a qualidade do leite e seus derivados, é primordial que as autoridades fiscalizadoras, representadas pelos serviços de inspeção dos produtos de origem animal além da vigilância sanitária, fiscalizem as atividades da indústria e do comércio, 3 respectivamente, assegurando a distribuição de produtos isentos de riscos à saúde da população (MELO; BARBOSA; PEREIRA, 2018). Concomitantemente, para se produzir leite com qualidade e segurança para o consumidor, é de suma importância que os principais atores da cadeia produtiva, como produtores, Médicos Veterinários e indústrias processadoras que executem o seu papel e trabalhem em conjunto (SANTOS; CARVALHO, 2013). Com isso, o objetivo deste estudo é descrever as competências do médico veterinário na qualidade e segurança da cadeia produtiva do leite bovino, oferecendo assim subsídios para implementação de medidas voltadas a melhoria da qualidade. 2 METODOLOGIA Para a realização deste estudo, utilizou-se uma abordagem qualitativa e de caráter bibliográfica, sendo assim, foi realizado o levantamento de dados em artigos científicos publicados nas bases de dados da BIREME - Biblioteca Regional de Medicina, sendo as bases de dados pesquisadas no Literatura Latino-Americana em Ciências em Saúde (LILACS) e Scientific Eletronic Librany Online (SCIELO). referentes ao processo de segurança e qualidade da cadeia produtiva do leite bovino no Brasil e a atuação da medicina veterinária neste processo. Sendo assim, para os critérios de inclusão do estudo, foram escolhidos os artigos que abordassem a temática afim de possibilitar uma discussão baseada em evidências científicas, sendo selecionados periódicos dos últimos 10 (dez) anos, na língua portuguesa, sendo este no período entre 2013 e 2023. Portanto, como critério de exclusão artigos de literatura que não condiziam com a temática escolhida, artigos publicados em outros idiomas e que estavam fora do recorte temporal estabelecido pelos pesquisadores. 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Cadeia produtiva do leite bovino no Brasil Para identificar e compreender uma cadeia produtiva agroalimentar, é fundamental entender o conceito de cadeia, sendo esta considerada, como um 4 sistema organizado de processo de fabricação, numa sequência de operações, contendo máquinas, equipamentos, instrumentos, além de matérias-primas e trabalhadores, no qual, cada operação só pode ser executada quando a anterior tiver sido concluída (RIBEIRO, 2021). Vale destacar que a produção de leite no Brasil é distribuída por todo o país, onde, segundo o IBGE, no ano de 2022, a região Sudeste dominou com 35% da produção, seguida pela região Sul e Nordeste. Sendo assim, mundialmente, de acordo com o Anuário do leite, de 2019 o Brasil foi o terceiro maior produtor de leite, ficando atrás apenas dos EUA e Índia (HIROTA, 2022). Em um contexto histórico, a produção leiteira no Brasil teve início em 1532, pelo fato da expedição colonizadora de Martim Afonsode Souza trouxer da Europa bois e vacas para a colônia portuguesa, sendo instalada no País. Portanto, a partir de 1950, devido ao crescimento da industrialização no Brasil, iniciou-se o desenvolvimento da pecuária leiteira, em seguida ocorreu avanço tecnológico com a produção de leite tipo B e C, ganhando tempo de prateleira e a confiança do consumidor. No qual, devido ao processo industrial, houve também o crescimento na pecuária leiteira e, a partir daí, iniciou a produção do leite tipo A, disputando a preferência dos consumidores, em relação aos leites tipo B e C, aos poucos o leite longa vida conquistou o mercado e se tornou o leite mais vendido no País (CARVALHO, 2013). É importante ressaltar também que, obter leite de qualidade depende de todo o processo de produção, devendo ser controlado em todas as etapas, desde a criação do animal até a entrega do leite para o consumidor. A vista disso, para prevenir contaminações e assegurar a higiene do leite, são necessários equipamentos e instalações apropriadas, além de profissionais qualificados e responsáveis a fim de garantir a qualidade final do leite. Visto que, a qualidade do leite é definida por seus parâmetros físico-químicos e microbiológicos, assim como a presença de proteínas, gordura, lactose, sais minerais e vitaminas determinam a manutenção das características do leite, que também pode ser afetada pela saúde do úbere da fêmea, nutrição, manejo, genética e bem-estar (HIROTA, 2022). Sendo assim, para garantir qualidade do leite, o produtor deve iniciar a criação de vacas leiteiras, fazendo a escolha de raças promissoras, uma vez que, no Brasil, as mais comuns para o investimento são: a Holandesa, sendo a mais disseminada no mundo e com maior potencial para a produção de leite; a Jersey, conhecida como a 5 mais rústica, devido à facilidade de adaptação e por apresentar alta fertilidade e longevidade; o Pardo Suíço, uma das raças mais antigas; o Zebu Leiteiras, as zebuínas (Gir/Guzerá/Sindi) e a Girolando, derivada do cruzamento da Zebu com a Holandesa (CARVALHO, 2013). Na legislação brasileira, através do decreto Nº 9.013, no qual, foi alterado pelo decreto Nº 10.468, o leite é definido: [...] como o produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. O leite como produto, ainda, deve seguir diversas especificações, entre elas a ausência de substâncias estranhas à sua composição, onde podemos citar agentes inibidores do crescimento microbiano, neutralizantes da acidez e reconstituintes da densidade ou do índice crioscópico. Além disso, deve possuir teor mínimo de gordura de 3,0g/100g; teor mínimo de proteína total de 2,9g/100g; teor mínimo de lactose anidra de 4,3g/100g; teor mínimo de sólidos não gordurosos de 8,4g/100g; teor mínimo de sólidos totais de 11,4g/100g; acidez titulável entre 0,14 e 0,18 expressa em gramas de ácido lático/100mL; densidade relativa entre 1,028 e 1,034 a 15°C e índice crioscópico entre -0,530ºH e -0,555ºH (BRASIL, 2018). Dessa forma, o leite, devido ao seu alto teor de atividade de água e também alto valor nutricional, é um alimento vulnerável às alterações físico-químicas e deterioração pela ação de microrganismos que encontram condições favoráveis para multiplicação. Portanto, a qualidade é fundamental, sendo considerado o somatório de vários fatores, entre os quais a estabilidade físico-química e microbiológica, uma vez que, a contaminação microbiana pode ser afetada por diversos fatores, podendo destacar a saúde da glândula mamária, a higiene da ordenha, o ambiente em que a vaca fica alojada até os procedimentos de limpeza e higiene dos equipamentos e utensílios utilizados na ordenha (MELO; BARBOSA; PEREIRA, 2018). Além disso, afeta também a temperatura e tempo de armazenagem do leite além da Contagem Padrão em Placas (CPP), a Contagem Células Somáticas (CCS), e outras análises físico-químicas que são fundamentais para o processo de controle da qualidade do leite cru, sabendo que este é a base de toda a cadeia láctea, e a má qualidade da matéria prima pode afetar a fabricação dos derivados (BRASIL, 2018). Os aspectos de qualidade do leite devem ser considerados independentes do sistema de produção, tamanho das propriedades e nível socioeconômico do produtor, pois a principal prática para se obter produto de qualidade é a higiene o que parece ser compreensível, e possível de ser praticada por todos aqueles que se interessam 6 pela própria saúde, bem como dos consumidores tanto de leite como de seus derivados. Sabidamente o leite pode carrear inúmeros micro-organismos causadores de diferentes enfermidades para os humanos, sendo assim, o profissional médico veterinário possui um papel essencial na qualidade da cadeia produtiva do leite (JAMAS et al., 2018). 3.2 Papel do Médico Veterinário na qualidade da cadeia produtiva do leite O leite é considerado um alimento completo e necessário em todas as fases do desenvolvimento humano, desde o nascimento, a mais tenra idade, até a velhice. Sua qualidade é influenciada por uma série de fatores, dentre os quais o manejo dos animais, a alimentação e a sanidade das glândulas mamárias, posto que, durante o processo de ordenha, a contaminação bacteriana pode ser proveniente de sujidades do úbere, assim como as mãos do ordenhador, dos equipamentos de ordenha (como as teteiras) e, ainda, de tambores e baldes mal higienizados. Nesses casos a contaminação maior é por micro-organismos ambientais como coliformes, particularmente Escherichia coli (JAMAS et al., 2018). Sendo assim, para que seja oferecido alimentos de origem animal em quantidade e qualidade, é necessário que haja um acompanhamento deste produto, desde o início de sua cadeia até a industrialização, passando pelo processamento da matéria-prima, bem como o seu armazenamento, transporte, comércio, e consumo, à vista disso, o Médico Veterinário possui competências e habilidades que propiciam a qualidade em todo o processo. Neste contexto, encontra-se o leite, fonte de nutrientes e muito consumido, que deve ser fiscalizado, para que a qualidade esteja presente e que não haja adulteração no produto, assim como contaminação por produtos químicos ou microorganismos (MORAIS et al., 2021). Vale mencionar que, as atividades do Médico Veterinário são, inúmeras vezes, divulgadas de forma limitada, criando estereotipo de uma profissão que cuida apenas de cães e gatos. Desta forma, o grande público e, desconhece a abrangência da atuação profissional na saúde pública, seja na zoonose, além da higiene, inspeção e tecnologia de produtos de origem animal, não estando, portanto, cientes da importância da Medicina Veterinária na sociedade (SANTOS; CARVALHO, 2013). 7 Sendo assim, o Médico Veterinário também cuida do ser humano, visto que 62% dos patógenos humanos conhecidos são transmitidos por animais, além disso, 75% das doenças emergentes tiveram origem na fauna silvestre. Portanto, isso evidencia deste profissional, além do mais, os veterinários são os únicos qualificados cientificamente para lidar com as questões de saúde animal, usando assim da prevenção, manejo correto, rastreamento de novos agravos e controlando as afecções e infecções em seus pacientes, evitar-se-á que novas pandemias cheguem a ocorrer como é o caso da COVID-19 (ANJOS et al., 2021). Portanto, o Médico Veterinário é o profissional que atua pela saúde e pelo bem- estar dos animais, dos seres humanos e pela sustentabilidade do meio ambiente. Sendo assim, a inspeção é primordial para que utilize métodos de diagnósticos permitem evidenciar os principais pontos críticos do bem-estar dos bovinos leiteiros, no qual, podem apontar os desafios em diversas áreas de produção, posto que, algumas enfermidades são mais relevantes para o diagnóstico de bem-estar dos bovinos leiteiros,entre elas a mastite continua, que apresenta alta incidência, apesar dos métodos de prevenção, como higiene na ordenha (AMARAL, 2021). Ressalta-se que a inspeção abrange a inspeção "ante" e "post mortem" dos animais, o recebimento, manipulação, transformação, elaboração, preparo, conservação, acondicionamento, embalagem, depósito, rotulagem, trânsito e consumo de quaisquer produtos e subprodutos, adicionados ou não de vegetais, destinados ou não à alimentação humana. A inspeção abrange também outros produtos utilizados na indústria de alimentos, como condimentos, conservadores, antioxidantes, fermentos e outros (MARINHEIRO et al., 2015). A qualidade de vida dos animais pode ser afetada por estresse, distresse, dor, sofrimento, acidentes ou doenças associadas. A negligência, imperícia e imprudência podem estar associadas a estas condições. Alguns animais são submetidos a tratamentos tardiamente, e nos casos de insucessos terapêuticos os animais são destinados ao descarte, abate ou submetidos à eutanásia (AMARAL, 2021). No entanto, falhas no processo da cadeia produtiva do leite, podem também proporcionar a contaminação do leite por patógenos, no qual, podem ser veiculados pelo leite e derivados, diversas doenças, como a brucelose e tuberculose, podendo ser transmitidas ao ser humano pelo consumo de produtos lácteos não inspecionados (FLORINDO et al., 2021). 8 Dessa forma, a cadeia produtiva do leite é extremamente complexa e exige uma série de cuidados. Inúmeros fatores podem interferir na qualidade do leite, e é preciso ter responsabilidade e seriedade, pois qualquer inconformidade na produção poderá causar problemas de saúde aos consumidores (RIBEIRO, 2021). Sendo assim, o Médico Veterinário no ambiente rural, desempenha o papel de orientação do produtor rural e funcionários encarregados do manejo dos animais, no qual as principais orientações estão relacionadas ao manejo sanitário, tratamento e principalmente a prevenção de doenças. Porém, no âmbito industrial, seja em usina de beneficiamento e fábrica de laticínios ou posto de refrigeração de leite, o profissional atua como Responsável Técnico. Já no âmbito do comércio (supermercados e hipermercados) de leite e seus derivados, o mesmo atua como fiscal da vigilância sanitária, onde orienta e fiscaliza a aquisição de produtos originários de estabelecimentos com Inspeção Sanitária, exigindo condições adequadas (SANTOS; CARVALHO, 2013). 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Na busca inicial, obteve-se 7.690 estudos, com uma análise mais aguçada filtrou-se o quantitativo de 14 pesquisas que atendiam aos critérios de inclusão do estudo. Posto isso, os estudos selecionados, referenciam a cadeia produtiva do leite englobando vários os processos, sendo eles de produção, resfriamento, transporte, industrialização, embalagem e comércio, com o consumidor sendo seu objetivo final. Portanto, os regulamentos técnicos que orientam a qualidade do leite, enfatizam que a entrada do leite na empresa deve seguir todas as normas de padrão de qualidade exigidas e, somente é liberada, após análises que comprovem suas perfeitas condições para industrialização. Dessa forma, o leite in natura é submetido a várias análises sensoriais para verificação do sabor, aroma e cor. Após aprovado pelo controle de qualidade, o leite é liberado, novamente resfriado e estocado, sua temperatura não deve ser superior a 7,0ºC (BRASIL, 2018). Segundo Martins & Mata (2020), para assegurar que produtos e serviços sejam seguros, confiáveis e de qualidade. Existem estratégias que reduzem os custos, no qual, minimizam perdas e erros, dando como resultado, um aumento na produtividade, portanto, ressalta que, o material do interior dos tanques e de todos os componentes 9 que entram em contato direto com o leite, deve ser de aço inoxidável de resfriamento de leite ou outro material aprovado pela normativa vigente. A rugosidade desse material deve ter no máximo 1 mícron (Ra < 1,0 µm). A ordenha é considerada uma das tarefas mais importantes dentro de propriedade leiteira, pois, para a produção de leite ser considerada de alta qualidade, há necessidade de um manejo de ordenha, objetivando a redução da contaminação microbiana, química e física do leite e, tais medidas envolvem todos os aspectos da obtenção do leite de uma maneira rápida, eficiente e sem riscos para a saúde do animal e principalmente na qualidade do leite (MARTINS; MATA, 2020). Weis et al., (2022), corrobora, afirmando que, uma vez ordenhado, a refrigeração imediata do leite é fundamental para a manutenção da sua qualidade, principalmente no que se refere à manutenção de uma baixa Contagem Bacteriana Total. Em temperaturas frias, a maioria das bactérias tem a sua multiplicação paralisada, sendo a faixa de temperatura ideal para inibir o crescimento de grande parte das bactérias de 2 ºC a 4 ºC. Em temperatura ambiente, as bactérias presentes no leite se multiplicam rapidamente, ocasionando o aumento da contagem bacteriana total - o que pode ser tão expressivo a ponto de causar a acidificação do leite. Vale destacar, que o Brasil possui um dos maiores rebanhos produtivos do mundo, ocupando lugar de destaque na produção mundial de leite, sendo assim, em relação a quantidade de leite cru, resfriado ou não, adquirido e industrializado no Brasil, em comparação ao 4º trimestre do ano de 2022, o 1º trimestre de 2023, houve uma diminuição no volume de produção de leite, conforme descrito no gráfico a seguir, porém, segue no ranking. Fonte: IBGE, 2023. 0 1,000,000 2,000,000 3,000,000 4,000,000 5,000,000 6,000,000 7,000,000 Quantidade de leite cru, resfriado ou não, adquirido 2022 Quantidade de leite cru, resfriado ou não, industrializado 2022 Quantidade de leite cru, resfriado ou não, adquirido 2023 Quantidade de leite cru, resfriado ou não, industrializado 2023 Gráfico 1: Volumes de produção de leite no Brasil 1º mês 2º mês 3º mês Total no trimestre 10 Dessa forma, a cadeia produtiva do leite bovino apresenta uma grande importância política, econômica e social no país, devido as suas características peculiares, com a presença maciça de pequenos produtores espalhados e presentes em todas as regiões do Brasil, no entanto, para que o produto chegue seguro e com qualidade à mesa dos consumidores, deve-se passar por todo um processo, tendo como protagonista o profissional Médico Veterinário (HIROTA, 2022). Dentre os fatores que afetam a qualidade estão higiene da produção e pessoal, sanidade do ambiente, armazenamento, embalagem, transporte, temperatura. Diante disso, Santos & Carvalho (2023), enfatizam a atuação do Médico Veterinário, no qual, sua atuação na cadeia produtiva do leite, relacionam-se a higiene, inspeção e tecnologia de produtos de origem animal (atividade privativa do Veterinário); além da prevenção e saúde pública; indústria de ração, medicamentos e defensivos animais; clínica; ecologia e meio ambiente; produção animal, administração e extensão rural; biotecnologia, reprodução animal e fisiopatologia da reprodução. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A cadeia produtiva do leite, dentro de todo um contexto de qualidade e segurança é extremamente complexa, no qual, exige uma série de cuidados efetivos, em todo o processo sequencial, a fim de que não haja falhas que possam interferir na qualidade do leite, com isso, é necessário que se tenha a presença de profissionais capacitados, visto que, qualquer inconformidade na produção poderá causar problemas de saúde aos consumidores. Além disso, as propriedades seja elas, rurais, familiares, industriais, deve propiciar um investimento na propriedade, tanto na capacitação da mão de obra quanto assistência técnica efetiva, visando assim, à melhoria da qualidade do leite produzido na região e adequação à legislação vigente. À vista disso, a formação do médico-veterináriovai além da saúde animal, ela contribui de maneira essencial na saúde humana. Posto isso, na cadeia produtiva do leite, é evidenciado sua participação de forma abrangente e de suma importância, sendo responsável técnico em diversos processos e locais onde há a produção do 11 leite, impedindo assim, que o leite e seus derivados, sendo impróprios para o consumo cheguem à mesa do consumidor. Portanto, espera-se que este estudo sirva para a conscientização e estímulo dos profissionais, quanto a sua importância na saúde pública, proporcionando ainda, mais estudos que enfatize e valorize sua atuação como ciência. REFERÊNCIAS AMARAL, J. B. 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