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Livro de Gestão Pública

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Gestão Pública 1
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GESTÃO PÚBLICA
Gestão Pública 1
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Cardoso, Bruno Baranda, 2020 
Gestão Pública - Jupiter Press - São Paulo/SP
58 páginas;
Palavras-chave: gestão pública; administração pública; direito administrativo.
Gestão Pública 2
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s
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................3
1. FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA GESTÃO PÚBLICA ....................................................4
1.1 ESTADO E GOVERNO ................................................................................................................4
1.2 PODERES DO ESTADO .............................................................................................................6
1.3 GESTÃO ..............................................................................................................................................7
1.4 O QUE É GESTÃO PÚBLICA? ................................................................................................8
1.5 SERVIÇO PÚBLICO ....................................................................................................................9
2. PRINCIPAIS MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .................................................11
2.1 MODELO PATRIMONIALISTA ...............................................................................................11
2.2 MODELO BUROCRÁTICO .....................................................................................................12
2.3 MODELO GERENCIAL ............................................................................................................13
2.4 PÓS-GERENCIALISMO ..........................................................................................................15
3. PROCESSO E FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS ..........................................................................17
3.1 PLANEJAMENTO .........................................................................................................................18
3.2 ORGANIZAÇÃO ...........................................................................................................................23
3.3 DIREÇÃO ..........................................................................................................................................24
3.4 CONTROLE .....................................................................................................................................25
3.5 INDICADORES E O BSC ..........................................................................................................26
4. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO ..................................................................................29
4.1 ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................................................29
4.2 REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................................30
4.3 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...........................................................31
4.5 PODERES ADMINISTRATIVOS ...........................................................................................35
4.6 DEVERES DOS AGENTES PÚBLICOS ............................................................................37
5. RELAÇÕES E PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS ...................................................................39
5.1 CONCESSÕES ...............................................................................................................................39
5.2 PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS (PPPS) ...................................................................41
6. MODELOS CONTEMPORÂNEOS E INOVAÇÕES NA GESTÃO PÚBLICA .............47
6.1 PRESSUPOSTOS DA GESTÃO PÚBLICA CONTEMPORÂNEA ........................48
6.2 DIGITALIZAÇÃO, DIGITIZAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...................49
6.3 TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...............................................................................................50
6.3 INOVAÇÃO ......................................................................................................................................52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................55
*
* A navegação deste e-book por meio de botões interativos pode variar de funcionalidade dependendo de cada leitor de PDF.
Gestão Pública 3
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INTRODUÇÃO
A gestão pública é motivo de debate em todo o mundo, foi tema relevante na 
produção acadêmica nas últimas décadas e a sua ausência ou falhas é pauta de 
matérias jornalísticas cotidianamente.
O fato é que muitas pessoas são investidas na função de gestor público, sem 
que necessariamente possamos chamá-las de gestores. Ao contrário do que é 
observado de maneira geral na gestão de empresas em que a meritocracia é a 
regra do jogo, na gestão pública nem sempre isso é verdade.
Mas então o que é essa tal Gestão Pública? Como devem agir as pessoas que 
estão investidas na função pública, em especial na condição de gestor? Podemos 
questionar ainda qual a origem desta matéria e quais são as bases fundamentais, 
princípios e modelos que orientam a sua organização?
Nosso objetivo neste curso é tentar responder à estas e outras perguntas 
para o bom entendimento da Gestão Pública.
É necessário destacar que a Gestão Pública não é uma matéria isolada, visto 
que possui transversalidade em temas como Direito, Economia, Contabilidade, 
Ciência Política, e Administração, tornando-a um arranjo multidisciplinar. É 
importante também ter em vista que a gestão pública não é feita meramente 
replicando ferramentas e modelos da gestão privada (ou gestão de empresas), 
devido aos fundamentos e estruturas típicas do serviço público.
Nosso estudo partirá do entendimento da organização do Estado e do 
funcionamento do Governo trazendo os principais conceitos, passando pelos 
principais modelos, processos e funções de administração, por campos de estudo 
do Direito Administrativo, para chegar aos modelos contemporâneos e inovações 
na Gestão Pública.
Gestão Pública 4
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1. FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA GESTÃO PÚBLICA
1.1 ESTADO E GOVERNO
Para entender como se dá o funcionamento do Governo é necessário antes 
conhecer os pilares que fundamentam a organização estatal. Como veremos, 
existem características de diferenciam a forma como os Estados são organizados, 
que influenciam diretamente na forma de governar e, por tanto, efetuar a gestão.
Primeiramente é importante destacar que Estado e Governo não são a mesma 
coisa. Assim, podemos identificar o Governo como um conjunto de órgãos que 
são responsáveis pelo desenvolvimento de ações, orientados por uma orientação 
política do Estado.
Já Estado pode ser entendido como entidade político-social juridicamente 
organizada com objetivo de promover a soberania social (DOS SANTOS, 2017).
Normalmente, as pessoas costumam confundir o que é forma de Estado, 
forma, sistema e regime de governo, vamos a elas.
O Estado possui as seguintes formas possíveis de organização:
Estado Único: Estado único organizado de maneira que há centralidade do 
poder político e administrativo.
Confederação: Associação de Estados soberanos em que os Estados 
mantêm a sua autonomia.
Federação: Estado composto por diversas entidades territoriais autônomas 
dotadas de governo próprio, que são regidas por uma constituição soberana.
No Brasil, é adotado a forma de federação, tendo a Constituição Federal de 
1998 (CF/88) explicitado que a República Federativa do Brasil é formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal (BRASIL, 1988).
Gestão Pública 5
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No que se refere à forma de governo, existem duaspossibilidades: República 
e Monarquia. O Brasil adota a República, tendo adotado a Monarquia até 1889. 
A República tem como suas principais características: o processo eleitoral, 
a temporalidade do mandato e a responsabilidade centrada no chefe de 
Estado. Já a Monarquia se caracteriza pela hereditariedade, vitaliciedade e não 
responsabilização do chefe de Estado.
Já em relação ao sistema de governo, existem duas formas: presidencialismo e 
parlamentarismo. O Brasil adota o presidencialismo. Este sistema é caracterizado 
pela concentração das funções do chefe de governo e o chefe de Estado na figura 
de uma só pessoa, qual seja o Presidente.
De maneira alternativa ao presidencialismo existe o parlamentarismo, que é 
caracterizado pela diferença entre chefe de governo e chefe de Estado. O primeiro 
é responsável pela administração do país (chefe de governo) enquanto o último, 
pelas relações externas e forças armadas, ou seja, chefiar o Estado. Neste sistema, 
ambos são escolhidos pelos parlamentares ao invés da eleição direta pelo povo 
(nas monarquias parlamentaristas não há a escolha do chefe de estado em virtude 
da hereditariedade, ou seja, o cargo é herdado).
Por fim, em relação ao regime de governo, temos os seguintes: democracia 
e autocracia. O Brasil adota a democracia, regime que pode ser entendido como 
aquele em que o poder é emanado do povo, e proporciona voz à população, 
principalmente pela escolha dos representantes.
Outro regime de governo possível é o autocracia, caracterizado por ser um 
governo autoritário, de poder absoluto. Este é um sistema antagônico em relação 
à democracia, pois a gestão é exercida através de um soberano que detém poder 
ilimitado e absoluto.
A seguir temos o quadro resumo com as principais características de um 
governo:
Forma de Estado Unitário Confederação/Federação
Forma de Governo República Monarquia
Sistema de Governo Presidencialismo Parlamentarismo
Regime de Governo Democracia Autocracia
Quadro 1: Características de Governo 
Elaborado pelo autor
Gestão Pública 6
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Mas, e como é no Brasil? No Brasil temos:
• Forma de Estado: Federação
• Forma de Governo: República
• Sistema de Governo: Presidencialismo
• Regime de Governo: Democracia
1.2 PODERES DO ESTADO
Um princípio geral, presente na Constituição brasileira, é o da “divisão” 
ou organização dos poderes: “Art. 2º São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (BRASIL, 1988).
O termo “divisão” foi colocado entre aspas anteriormente pois não há de fato 
uma divisão, mas sim uma organização dos poderes de maneira a viabilizar um 
sistema de freios e contrapesos - reforçando a ideia de equilíbrio para que que 
nenhum desses poderes se torne forte demais a ponto de dominar os demais. Ou 
seja, a ideia de unidade advém do Estado Constitucional de Direito no qual prevê 
que o poder estatal é único e indivisível (DOS SANTOS, 2017).
Assim, os poderes são organizados em: Legislativo, Executivo e Judiciário, aos 
quais possuem autonomia e independência e cujas ações devem ser adotadas 
visando a harmonia entre eles.
Ao Legislativo, exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal, é atribuída a responsabilidade para criar as 
leis, ao Judiciário (exercidos pelos seus órgãos) o papel de julgar e ao Executivo, 
exercido pelo Presidente da República e auxiliado pelos Ministros de Estado), o 
papel de governar o povo e administrar os interesses públicos.
O equilíbrio é obtido por meio da distribuição de responsabilidades e também 
pelo poder fiscalizatório atribuído a cada um dos poderes. 
A ideia de desconcentração dos poderes aplicada pelos Estados modernos 
é fundamentada nas ideias de Montesquieu, que propôs um cenário em que o 
Estado fosse melhor controlado e garantidor de direitos individuais e coletivos.
Gestão Pública 7
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A partir do entendimento de como se organiza o Estado é possível avançarmos 
para o estudo da gestão e verificar como esse conceitos geram implicações que 
diferenciam a gestão privada e pública. 
1.3 GESTÃO
Inicialmente é importante destacar que a gestão pública não é feita 
meramente replicando ferramentas e modelos da gestão privada (ou gestão de 
empresas) pois, do contrário, não haveria necessidade do desenvolvimento de 
um campo específico de estudos para tal. A maneira mais simples de distinguir os 
diferentes tipos de organização - e, portanto, de áreas de gestão - é pelo objetivo 
que cada uma possui. 
Enquanto a as organizações privadas visam lucro (com exceção das 
organizações filantrópicas), as organizações públicas em por finalidade o bem-
estar social ou, dito de outra maneira: satisfazer as necessidades da sociedade, 
tais como saúde, educação, infraestrutura, segurança e seguridade.
Por outro lado, isso também não significa dizer que a gestão pública não 
pode utilizar-se dos instrumentos desenvolvidos pelas organizações privadas. 
Isto ficará evidente ao estudarmos os modelos de gestão.
Paludo (2010) argumenta que entre a administração pública e a privada 
existem mais convergências do que diferenças, citando os exemplos a seguir:
[...] todas as entidades privadas ou públicas utilizarão técnicas administra-
tivas como o planejamento, a organização, a direção e o controle, assim 
como as técnicas relacionadas à motivação e avaliação de resultados. A 
divisão do trabalho também utilizará técnicas semelhantes, e haverá fun-
ções idênticas como a orçamentária/financeira, a contábil, a de recursos 
humanos etc.
https://www.youtube.com/watch?v=WHegUkTpTEk
Gestão Pública 8
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Feitas essas considerações iniciais, ainda resta responder uma pergunta 
inicial: O que é gestão pública?
1.4 O QUE É GESTÃO PÚBLICA?
Uma das formas de entendermos o que significa gestão pública é fazer a 
busca pela etimologia das palavras que compõem esse expressão, ou seja, buscar 
os seus significados.
O termo “gestão” tem origem no latim “gestio, gestiōnis, gestus” termos estes 
que podem ser identificados como a ideia de fazer ou empreender algo, e pode 
ser entendido também como o ato ou efeito de gerir, administração ou gerência.
Já o termo “pública” ou “público” é relativo à população, povo ou coletividade, 
que pertence a todas as pessoas (MICHAELIS, 2015).
Pela junção dos verbetes temos algo como: administração ou gerência do 
que pertence a todas as pessoas ou conjunto de ações visando gerir interesses da 
população povo ou coletividade.
Outra forma de entender o significado, é através da pesquisa bibliográfica, 
que consiste na busca por autores que buscaram apresentar seu entendimento 
sobre como determinado fenômeno pode ser explicado. Vamos a alguns deles:
Gestão pública é o planejamento, a organização, a direção e o controle 
dos bens e interesses públicos, agindo de acordo com os princípios ad-
ministrativos, visando ao bem comum por meio de seus modelos delimi-
tados no tempo e no espaço (SANTOS, 2017).
Administrar, na esfera pública, é gerir os Serviços Públicos, não apenas li-
mitando-se a prestação desses serviços, mas também executá-los, dirigi-
-los e governá-los no intuito de se obter um resultado útil à coletividade 
(MILHOMEM FILHO, 2016).
A ação do Estado-nação, conduzido pelo governo, se efetiva por meio da 
gestão pública, objetivando viabilizar e garantir direitos, ofertar serviços e 
distribuir recursos (MATIAS-PEREIRA, 2016).
Gestão Pública 9
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Podemos assim, sintetizar tais contribuições de forma a gerar uma nova, qual 
seja: Gestão pública é a ação do Estado de maneira sistematizada cujo objetivo é 
a satisfação dos interesses dos cidadãos.
Para Matias-Pereira (2016) é necessário o entendimento de que a 
função precípua dos gestores públicos é a de responder às demandas 
dos cidadãos por bens e serviços públicos, com qualidade, e de forma 
transparente,evitando submeter-se às pressões espúrias ou a privilegiar 
os interesses dos grupos detentores do poder político e econômico.
Por fim, é necessário destacar que a gestão pública não é uma matéria 
singular, visto que possui transversalidade em temas como Direito, 
Economia, Contabilidade, Ciência Política, e Administração, tornando-a 
um arranjo multidisciplinar.
1.5 SERVIÇO PÚBLICO
Para melhor compreender a gestão pública é necessário entender sua 
origem e sua finalidade. A gestão pública, enquanto maneira sistematizada 
ações, tem o objetivo de satisfazer os interesses dos cidadãos. Este objetivo 
pode ser desenvolvido direta ou indiretamente pela ação estatal, mas, 
independentemente da forma de atuação, deve resultar em bens e serviços de 
interesse da sociedade. Isto nos leva a entender que a ação estatal tem como 
meio a prestação de um serviço ou bem, que tem por objetivo a satisfação dos 
cidadãos.
Seguindo a afirmação de Figueiredo (2008):
Serviço público é entendido como toda atividade fornecida pelo Estado, 
ou por quem o represente, no exercício da função administrativa, com o 
fim de implementar os deveres relacionados à utilidade pública, que deve 
ser concretizada, sob regime prevalente de Direito Público.
Gestão Pública 10
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Para Meireles (2003), o serviço público é definido como:
Serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus 
delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades 
essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniências do 
Estado.
Desta forma, é possível afirmar que a atividade de interesse da gestão 
pública é fundamentada na maneira como o Estado se organiza para a 
prestação de serviços e bens de interesse da sociedade. Entretanto, a forma 
ideal como o Estado pode adotar soluções para tal é causa de divergência 
entre as diversas correntes políticas existentes. 
https://www.youtube.com/watch?v=SQUdnjjOyxQ
Gestão Pública 11
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2. PRINCIPAIS MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Uma das formas de estudar a atuação do Governo é a partir dos modelos 
utilizados para sua administração e sua evolução ou estagnação ao longo dos anos.
As reformas no Brasil, entretanto, foram tentativas de respostas às crises 
vivenciadas em diversos momentos mas, infelizmente, podemos argumentar que 
até hoje é possível verificar resquícios de modelos ultrapassados mesclados com 
modelos modernos. Desta maneira, podemos segregar os principais modelos de 
administração, para fins didáticos, sistematizando suas características e analisá-
las de maneira comparativa, mas o estudo contemporâneo do estado da arte da 
administração pública revelará a perpetuação de práticas ultrapassadas coexistindo 
com o que há de mais moderno. 
Bresser-Pereira (1998) argumenta que a ideia de uma administração pública 
gerencial é antiga no Brasil. Nesse contexto, iremos verificar os principais modelos de 
administração aplicados na Gestão Pública Brasileira.
No estudo dos modelos da administração pública discutem-se os as aspectos 
centrais para permitir a compreensão das mudanças no setor público.
2.1 MODELO PATRIMONIALISTA
O modelo patrimonialista é herdado dos Estados absolutistas nos quais as 
nobrezas eram mandatárias pois eram as possuidoras de propriedade, em especial 
terras (período Feudal). Neste período não havia uma clara distinção das propriedades 
privadas e da coisa pública, pois os monarcas absolutistas eram ao mesmo tempo 
proprietários e governantes. Desse modo, governavam conforme a sua vontade. 
Pela ausência de separação entre as questões do Estado e as questões privadas 
dos governantes, a ocupação dos principais cargos era feita por familiares e pessoas 
de confiança ou com interesses comuns ao rei.
Nesse período, ainda não havia sido concebido um modelo de Estado cuja 
finalidade era a utilização de recursos públicos em favor da coletividade, pois o Estado 
era usado como uma extensão das posses dos monarcas detentores do poder.
Gestão Pública 12
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2.2 MODELO BUROCRÁTICO
O sociólogo alemão Max Weber, na segunda metade do Século XIX, criou o 
modelo da administração pública burocrática. Foi a partir desta perspectiva que os 
bens e interesses privados dos detentores do poder passaram a ser tratados como 
coisa distinta daqueles que pertenciam ao Estado e do interesse público. Outro 
fundamento da burocracia é que neste modelo a forma de organização deve se 
basear na racionalidade, ou seja, na adequação dos meios aos objetivos pretendidos, 
com objetivo de garantir a máxima eficiência possível.
As suas principais características são:
• Caráter legal das normas e regulamentos;
• Formalização das comunicações;
• Racionalização e divisão do trabalho; 
• Impessoalidade nas relações;
• Hierarquia de autoridade; 
• Rotinas e procedimentos são padronizados; 
• A competência técnica é valorizada através da meritocracia; 
• Especialização da Administração; 
• Profissionalização dos membros das organizações;
• Previsibilidade do funcionamento.
Este modelo traz consigo vantagens e desvantagens, que são apresentadas 
no quadro a seguir:
Gestão Pública 13
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Vantagens Desvantagens
Racionalidade dos objetivos;
Clareza na definição de cargos e tarefas;
Rapidez nas decisões;
Interpretação clara de normativos e regu-
lamentos;
Uniformidade de procedimentos e roti-
nas;
Continuidade da organização;
Diminuição do atrito entre indivíduos;
Estabilidade das decisões;
Confiabilidade das decisões;
Benefícios para os indivíduos nas organi-
zações.
Internalização das regras e o apego aos 
regulamentos;
Excesso de formalismo;
Resistência às mudanças;
Despersonalização dos relacionamentos;
Processo decisório categorizado;
Superconformidade às rotinas e procedi-
mentos;
Exibição de sinais de autoridade;
Dificuldade no atendimento e conflitos 
com o público.
Quadro 2: Vantagens e Desvantagens 
Fonte: Elaborado pelo autor.
As medidas de reformas administrativas adotadas no Brasil, a partir dos anos 
30 com a adoção do modelo burocrático, cujo objetivo precípuo era a extirpação 
das práticas patrimonialistas e clientelistas da administração, não foram exitosas 
em vista das estratégias adotadas e do impedimento da sua consolidação.
A partir da CF/88 o Brasil passou a sofrer o “enrijecimento burocrático 
extremo” sem que tivesse entretanto uma burocracia civil fortalecida, tendo 
como consequência a sobrevivência do patrimonialismo que, “perversamente 
misturados” são causas do alto custo e baixa qualidade da administração pública 
brasileira (BRESSER-PEREIRA, 1998).
Desta maneira, tendo um modelo de reforma incompleto e inacabado, que 
não respondeu às necessidades do Estado, e com a crise fiscal vivenciada em 
1995, eis que surge uma nova oportunidade para a reforma do Estado, chamada 
“reforma gerencial’.
2.3 MODELO GERENCIAL
A Administração Pública Gerencial ou, como também é chamada “Nova 
Gestão Pública” (New Public Management), tem como um de seus fundamento 
que a sociedade é um ambiente de conflito, cooperação e incerteza. Por isso, 
argumenta-se que nesse ambiente, os cidadãos defendem seus interesses e 
afirmam suas posições ideológicas. O foco deixa de ser exclusivo no controle e na 
racionalização de processos e passa a englobar também a entrega de resultados 
e uma relativa flexibilização.
Gestão Pública 14
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Uma das principais características do modelo gerencial é o entendimento do 
cidadão como cliente na prestação de serviços públicos.
São três as principais fases que emergem do modelo gerencial:
• Modelo gerencial puro (Managerialism): tem como ponto central a busca 
da eficiência (que preza pelo busca do melhor resultado com o menor 
custo). Este modelo é baseado no fiscalismo (busca do equilíbrio fiscal) e 
tem como principais instrumentos o controle orçamentários e as avaliaçõesde desempenho.
• Modelo gerencial com foco no consumidor (Consumerism): tem como 
foco a qualidade dos serviços e a priorização das demandas dos cidadãos. 
Nesse modelo o cidadão é visto como consumidor ou cliente de serviços 
públicos.
• Modelo gerencial orientado ao serviço público (Public Service Orientation 
- PSO): tem como principal característica a inclusão do conceito de 
accountability (transparência, participação, equidade e justiça) que não 
está presente nos modelos anteriores.
No âmbito do modelo gerencial são adotados os seguintes valores:
• processo decisório orientado a resultados;
• descentralização;
• flexibilização;
• melhoria contínua;
• avaliação e pagamento por desempenho/produtividade;
• incentivo à competição;
• direcionamento estratégico; e
• transparência.
De maneira resumida, podemos afirmar que a administração pública 
gerencial adota características e técnicas típicas da iniciativa privada adaptadas 
ao ambiente do setor público.
Gestão Pública 15
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2.4 PÓS-GERENCIALISMO
Muitos foram os acertos e erros da adoção do modelo gerencial no Brasil e no 
mundo. No Brasil é possível argumentar que não implementamos totalmente ou 
adequadamente o gerencialismo, pois ainda convivemos com práticas patrimonialistas 
e principalmente burocráticas.
Mas, nesse contexto de reformas incompletas e casos de insucesso, o que se 
verifica é uma continuidade da necessidade de reformas, e a emergência de novas 
características, que podemos chamar de movimento pós-gerencialismo.
Para corroborar a compreensão deste movimento em curso, chamado de Pós-
Gerencialismo, Cavalcante (2017) elaborou estudo para “mapear as tendências 
em termos de princípios e diretrizes de gestão, bem como as transformações, que 
permearam a administração pública nas últimas décadas”. Os principais princípios e 
diretrizes e seus respectivos significados estão no quadro à seguir:
Princípios e diretrizes Significados
Colaboração e parcerias Processos colaborativos e de parcerias de formas variadas – dentro 
do setor público, com a iniciativa privada e terceiro setor.
Redes Atuação em redes na provisão de serviços públicos (formulação, 
implementação e controle).
Visão integrada e holística da 
gestão pública
Premissa de serviços públicos integrados e perspectiva da admi-
nistração como um todo – coesa e coerente (não fragmentada ou 
competitiva)
Accountability e responsivi-
dade
Processos de ampliação da prestação de contas e capacidade de 
respostas da administração pública à sociedade.
Participação e engajamento Ampliação de canais de participação social no desenvolvimento de 
políticas e fomento ao envolvimento da sociedade na gestão públi-
ca como valor e fonte de legitimidade.
Liderança Importância do papel do líder (político, administrativo ou cidadão) 
na gestão pública, sobretudo, em processos empreendedores.
Coordenação e controle Fortalecimento das capacidades de coordenação e controle da ad-
ministração como forma de gerar coerência e coesão na prestação 
de serviços públicos.
Governo Digital e tecnologia 
de informação e comunicação 
(TIC)
Incorporação frequente do uso de tecnologias da informação para 
aumentar a transparência do setor público, bem como acesso e 
envolvimento do cidadão com a administração pública.
Fortalecimento da burocracia 
pública
Profissionalização e valorização do quadro funcional do Estado 
com vistas a torná-lo mais eficiente, interdisciplinar e responsivo à 
sociedade.
Quadro 3: Princípios e Diretrizes
Fonte: Adaptado de Cavalcante (2017).
Gestão Pública 16
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O que se convencionou chamar de modelo ou modelos “pós-gerencialismo” são 
princípios, diretrizes, estratégias que ainda não se encontram plenamente adotadas 
no âmbito do serviço público de maneira geral. Razão pela qual podemos observar 
ainda nos anos atuais ilhas de excelência no serviço público convivendo com culturas 
que deveriam ter sido abolidas há décadas.
Entretanto, a mera adoção de modelos desenvolvidos em outros países não 
irão refletir em soluções simples para o Brasil, em seu modelo híbrido e único que 
apresenta-se como um desafio. Ou, como nas palavras de Abrucio (1997): “Não existe 
uma resposta única, e precisamos aprender com diversas experiências para adequá-
las ao nosso modelo híbrido. É este o desafio.”
Disserte sobre como práticas do Modelo Patrimonialista 
ainda podem ser observadas no Brasil?
https://www.youtube.com/watch?v=3u7JvdTCzkE
https://youtu.be/5V-cKv1W5w4
https://youtu.be/j5y2FbAL7IE
Gestão Pública 17
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3. PROCESSO E FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS
Para Chiavenato (2016) o processo administrativo é formado pelas funções 
administrativas quando estas são consideradas de forma integrada. De maneira 
isolada, as funções administrativas são identificadas como: planejamento, 
organização, direção e controle, e tem origem na Teoria Neoclássica, de Peter 
Drucker. Em sequência, as funções administrativas formam o ciclo administrativo.
Figura 1: Ciclo Administrativo
Fonte: Elaborado pelo autor.
De maneira mais ampla, a relação cíclica, dinâmica e interativa entre as 
funções forma o processo administrativo.
Gestão Pública 18
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Figura 2: Processo Administrativo
Fonte: Elaborado pelo autor.
3.1 PLANEJAMENTO
Planejamento é o processo de estabelecer objetivos e metas, e sistematizar 
os meios para alcançá-los. Em outras palavras, planejar é definir aonde se quer 
chegar e estabelecer as formas para atingir esse resultado. 
Para Chiavenato (2016) “planejamento é a função administrativa que define 
objetivos e decide sobre os recursos e tarefas necessários para alcançá-los 
adequadamente”.
Assim, podemos argumentar que o gestor tem a necessidade de desenvolver 
a capacidade de realizar projeções para que ele possa tomar decisões e planejar o 
futuro de seu órgão ou unidade.
Gestão Pública 19
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O resultado do planejamento é um plano, que é a sistematização dos 
recursos e das atividades necessárias para alcançar os objetivos organizacionais, 
funcionando como guia para a coordenação das ações dos indivíduos e assim, 
reduzindo a incerteza e aumentando as chances de sucesso.
O planejamento constitui a função inicial da administração pois, antes que seja 
executada qualquer outra atividade, é necessária a determinação dos objetivos e 
dos meios necessários para alcançá-los (CHIAVENATO, 2016).
Os 6 passos do processo de planejamento são:
• Definir os objetivos: onde se deseja chegar;
• Diagnosticar a situação atual: avaliar a situação atual de maneira 
comparativa com os objetivos;
• Estabelecer premissas: gerar cenários alternativos, analisar o que pode 
ajudar ou prejudicar o progresso em direção aos objetivos;
• Analisar alternativas: identificar e avaliar as decisões que devem ser 
tomadas;
• Escolher o curso de ação: tomada de decisão para escolha da alternativa;
Implementar o plano e avaliar os resultados: executar o plano da maneira 
como foi planejado e avaliar os resultados para verificar o alcance dos objetivos e 
adotar ações corretivas, se necessário.
Gestão Pública 20
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Figura 3: Seis Passos do Processo de Planejamento
Fonte: Elaborado pelo autor.
 
Além do planejamento no nível estratégico, é necessário que a organização 
possua planejamento em todas as suas instâncias ou níveis. Assim, o nível 
institucional elabora o planejamento estratégico, o nível intermediário desenvolve 
o plano tático e o nível operacional traça o plano operacional. As características 
em relação ao nível, tipo, formato, prazo e amplitude são detalhados no quadro a 
seguir:
Nível Tipo Formato Amplitude
Institucional Estratégico Sintético Longo Macroorientado; aborda 
toda instituição
Intermediário Tático Mais detalha-
do
Médio Setorial/departamental; 
Aborda um conjunto de 
unidades 
OperacionalOperacional Analítico Curto Microorientado; focado 
na unidade
Quadro 4: Três Níveis de Planejamento
Fonte: Elaborado pelo autor.
Missão, visão e valores: O referencial estratégico é elemento essencial ao 
planejamento e contribui para a definição da identidade da organização. 
Gestão Pública 21
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Algumas perguntas norteadoras são necessárias para estabelecer o 
referencial estratégico, como exemplo:
1. Qual a razão de ser da organização?
2. Qual(is) o(s) objetivo(s) da organização? 
3. Como, e baseados em que crenças e princípios, serão realizadas as atividades da or-
ganização?
 Ao responder essas perguntas com razoável acuracidade é possível se 
definir os referenciais estratégicos: missão, visão e valores.
Descrição Pergunta
Missão Motivo pelo qual a organização existe. 
Deve explicitar para que a organização 
foi criada.
Qual a razão de ser da or-
ganização?
Visão É a visão de futuro, ou seja, representa 
um estado futuro onde a organização 
deseja chegar e o que ela quer alcançar.
Qual(is) o(s) objetivo(s) 
de médio/longo prazo da 
organização? Onde ela 
deseja chegar, o que quer 
alcançar?
Valores São os princípios da organização, os 
valores que irão direcionar as suas es-
tratégias.
Quais são as regras que ire-
mos seguir, ou seja, quais 
valores não podemos abrir 
mão?
Quadro 5: Referenciais Estratégicos 
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os referenciais são essenciais para guiar a organização e direcionar a atuação 
de seus colaboradores. 
Missão tem como significado dever, obrigação ou conjunto de pessoas a que 
se confere uma tarefa. É por meio da missão que é feita a “declaração de propósito 
e o alcance da organização” (CHIAVENATO & SAPIRO, 2009).
Não podemos deixar de lembrar que a missão não é estática, mas sim dinâmica, 
e da mesma forma o planejamento seja ser dinâmico e flexível. Para Chiavenato e 
Sapiro (2009) a missão deve contemplar os seguintes aspectos:
a) a razão de ser;
b) o papel junto à sociedade;
c) a natureza do negócio;
d) o valor que constrói para seu público-alvo;
e) os tipos de atividade que deve concentrar esforços.
Gestão Pública 22
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 Visão deve declarar onde a organização quer chegar, ou seja, como ela se 
vê no futuro. Deve antecipar qual o destino desejado e dar um direcionamento 
geral. 
 Para Chiavenato e Sapiro (2009) a visão deve contemplar as seguintes 
premissas:
a) aderência aos fatos reais, ou seja, a visão deve ser possível de ser alcançada;
b) descrição concisa, porém poderosa, deve ter foco definido;
c) equilíbrio, contemplar todos os grupos de interesse (internos e externos).
 
Valores são os princípios que a organização segue, e devem servir para dar 
orientação sobre como comprir objetivos e balizar as estratégias. São fundamentais 
para dar direção em caso de conflitos ou dilemas. 
Chiavenato e Sapiro (2009) argumentam que valor “é o conjunto de conceitos 
filosofias e crenças gerais que a organização respeita e pratica, e está acima das 
práticas cotidianas para a busca de ganhos de curto prazo”.
Figura 4: Missão, visão e valores
Fonte: Elaborado pelo autor.
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3.2 ORGANIZAÇÃO
A organização é a função administrativa na qual é realizada a atribuição de 
estruturar, dividir as tarefas, além do estabelecimento da coordenação.
Organizar é a ação de alocar pessoas e recursos. Em outras palavras, é na fase 
da organização que se define quem faz o quê, quem está subordinado à quem, 
como serão realizadas as tarefas e com quais recursos.
A organização define a segmentação em unidades (ex.: divisões, 
departamentos, seções, equipes, etc.), além de definir as responsabilidades e 
atribuições de cada unidade.
Na fase da organização, as pessoas e os recursos são alocados para alcançar 
os objetivos traçados na etapa de planejamento.
A estrutura organizacional deve conter: conjunto de tarefas formais 
atribuídas para as unidades e pessoas; relações de subordinação, autoridade, 
responsabilidade e níveis hierárquicos; canais de comunicação e coordenação.
Autoridade, responsabilidade e delegação são instâncias de poder numa 
organização. Vejamos o que significa cada um destes conceitos:
a) Autoridade: direito formal e legítimo para tomar decisões, está liga-
do à hierarquia;
b) Responsabilidade: dever de responder por seus atos;
c) Delegação: processo de transferência de autoridade e responsabili-
dade para um subordinado.
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/ME_Missao-Visao-Valores.PDF
Gestão Pública 24
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Enquanto a autoridade formal é decorrente de uma posição organizacional, 
a responsabilidade independe da posição, entretanto é comum observar que 
quanto maior é a posição hierárquica, maior é a responsabilidade. É importante 
destacar que a autoridade é um direito e a responsabilidade é um dever.
As organizações podem ter formatos mais hierarquizados ou achatados. No 
primeiro tipo, é verificado um processo mais verticalizado da tomada de decisão e 
responsabilidade, enquanto no formato mais achatado há uma redução dos níveis 
hierárquicos, tornando a organização mais horizontal.
Figura 5: Modelos de hierarquia/organogramas 
Fonte: Coalize.com.br
Por fim, o conceito de descentralização está ligado à necessidade de agilidade. 
Quanto maior a descentralização, mais rápida é a capacidade de resposta. Além 
disso a descentralização é uma forma de estimular a independência e a criatividade 
das pessoas de níveis hierárquicos mais baixos.
3.3 DIREÇÃO
A direção é a maneira pela qual a organização entra em ação, o plano é 
colocado em prática, são desenvolvidas as atividades pelas pessoas e são feitas 
as alocações dos recursos. É por meio desta função que, após a realização do 
planejamento, da definição dos objetivos e da definição da estrutura o plano 
é colocado em prática. “Está relacionada com a maneira pela qual os objetivos 
devem ser alcançados” (CHIAVENATO, 2016).
Gestão Pública 25
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Para que o plano seja executado, é necessário a sua interpretação e tradução 
em orientações para que sejam executadas tarefas voltadas ao atingimento dos 
objetivos.
A direção é uma função administrativa fundamental, pois é por meio do 
relacionamento interpessoal do administrador com seus subordinados, que as 
pessoas são direcionadas para o desenvolvimento de suas atividades. A pessoa 
que está na função de direção deve motivar, liderar e comunicar os subordinados 
em suas tarefas.
3.4 CONTROLE
 A função de controle representa o acompanhamento, o monitoramento e a 
avaliação (ex-post), com o objetivo de verificar se as operações e atividades estão 
no rumo certo e dentro do que foi planejado (por meio de comparação entre o 
idealizado e o realizado). O controle é a função administrativa de monitoramento 
de atividades, a fim de manter a organização no caminho certo e de permitir 
correções necessárias de erros, desvios e falhas. O controle avalia os processos 
administrativos anteriores: planejamento, organização e direção.
 É importante destacar que o controle deve estar previsto no planejamento 
com a finalidade de estabelecer a forma como as informações serão coletadas e 
as atividades monitoradas.
 É por meio do processo de controle que são estabelecidas a forma de 
acompanhamento dos objetivos ou padrões de desempenho; é realizada a 
avaliação ou mensuração periódica; é feita a comparação entre o desempenho 
atual com os objetivos e padrões estabelecidos; são apontados os desvios ou 
anormalidades para que seja fundamentada a tomada de decisão corretiva, 
quando necessário.
 A função de controle tem característica cíclica e sistêmica, e é responsável 
pela retroalimentação de uma nova etapa de planejamento.
Para concluir, veja a síntese de Chiavenato (2016) para as funções 
administrativas:
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Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulosO planejamento serve para definir os objetivos, traçar as estratégias para 
alcançá-los e estabelecer os planos de ação. A organização serve para estruturar 
as pessoas e os recursos de maneira a trabalhar de forma organizada e racional. 
A direção mostra os rumos e dinamiza as pessoas para que utilizem os recursos 
da melhor maneira possível. Por fim, o controle serve para que todas as coisas 
funcionem da maneira certa e no tempo certo.
3.5 INDICADORES E O BSC
Uma das formas utilizadas para medir se os esforços empregados estão 
surtindo o resultado desejável e gerar informações para dar suporte à tomada de 
decisões é a adoção de indicadores.
Os indicadores financeiros foram os primeiros a serem adotados por todo 
tipo de empresa para avaliar seus resultados ou decidir sobre investimentos no 
longo prazo. Entretanto, eles não são suficientes. Desta maneira, com o objetivo 
de dotar alta-gestão de dados para tomada de decisão, com o desenvolvimento 
de novas tecnologias e ferramentas, no âmbito do planejamento estratégico, foi 
desenvolvido por Kaplan e Norton o Balanced Scorecard (BSC).
Paludo (2010) afirma que:
O Balanced Scorecard pode ser entendido como um modelo de gestão 
estratégica, voltado para o futuro das organizações, que alinha missão, vi-
são e estratégias a um conjunto equilibrado de indicadores – financeiros 
e não financeiros. As decisões cotidianas devem ser tomadas nesse con-
texto maior, que integra todas as áreas da organização, criando meios para 
catalisar esforços, motivar pessoas, e promover o consenso e o espírito de 
equipe.
E ressalta que “O BSC não é utilizado para elaboração do planejamento 
estratégico, mas em sua gestão.”
O BSC trouxe inovações no processo de planejamento no que tange ao 
desenvolvimento do mapa estratégico, no fortalecimento da liderança e no 
processo de realimentação cíclico.
Gestão Pública 27
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Segundo Kaplan e Norton (1997 apud Paludo, 2010) o uso do BSC é útil para 
“esclarecer e chegar a um consenso em relação à visão e à estratégia; desenvolver 
uma equipe executiva; comunicar a estratégia”, além de “vincular recompensas 
à realização dos objetivos estratégicos; estabelecer metas estratégicas; alinhar 
recursos e iniciativas estratégicas; sustentar investimentos em ativos intelectuais 
e intangíveis”.
São 4 as dimensões do BSC: aprendizagem e crescimento, processos internos, 
clientes e financeira. Sendo adaptadas para as perspectivas públicas e privadas 
de maneiras distintas e por vezes utilizadas com nomenclaturas diversas.
Figura 6: Balanced Scorecard - BSC
Fonte: Siteware.com.br
Pela sua abrangência e adaptabilidade, o BSC é utilizado por diversas 
organizações e amplamente utilizado por órgãos públicos. Entretanto, as 
perspectivas são adotadas de maneira distinta por estas.
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Figura 7: Perspectiva Privada x Pública
Fonte: Elaborado pelo autor.
Enquanto a finalidade das organizações privadas é o lucro, e por isso, a 
perspetiva financeira é o objetivo nas organizações públicas o orçamento é o fator 
limitador e a finalidade é o atendimento da sociedade.
Para que serve um Organograma Empresarial?
https://dehumanas.com.br/infografico-funcoes-administrativas-podc/
https://youtu.be/yxqzJbotWhA
Gestão Pública 29
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4. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
4.1 ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A Administração Pública, em definição estrita, é o conjunto de pessoas 
jurídicas, agentes público e órgãos que exercem função administrativa, ou seja, 
que exercem a atividade do Estado, que atuam para que os objetivos do governo 
sejam atingidos. 
As atividades administrativas podem ser exercidas de três formas: centralizada, 
descentralizada e desconcentrada.
A Administração Federal compreende:
Administração Direta: serviços integrados na estrutura administrativa 
diretamente ligados ao chefe do Poder Executivo. Exemplo: Ministérios.
Administração Indireta: também chamada de administração descentralizada, 
tem como característica a distribuição de competências e atividades e são dotadas 
de personalidade jurídica próprias. A administração indireta compreende as 
seguintes categorias de entidades:
Tipo Descrição Exemplo
Autarquia serviço autônomo, criado por lei, com perso-
nalidade jurídica, patrimônio e receita pró-
prios, para executar atividades típicas da Ad-
ministração Pública, que requeiram, para seu 
melhor funcionamento, gestão administrativa 
e financeira descentralizada.
INMETRO, IBAMA, INSS.
Empresas Públicas entidade dotada de personalidade jurídica de 
direito privado, com patrimônio próprio e ca-
pital exclusivo da União, criado por lei para a 
exploração de atividade econômica que o Go-
verno seja levado a exercer por força de con-
tingência ou de conveniência administrativa 
podendo revestir-se de qualquer das formas 
admitidas em direito.
BNDES, Caixa Econômica 
Federal, Correios.
Gestão Pública 30
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Sociedades de Eco-
nomia Mista
entidade dotada de personalidade jurídica de 
direito privado, criada por lei para a explora-
ção de atividade econômica, sob a forma de 
sociedade anônima, cujas ações com direito 
a voto pertençam em sua maioria à União ou 
a entidade da Administração Indireta. Neste 
caso, quando a atividade for submetida a regi-
me de monopólio estatal, a maioria acionária 
caberá apenas à União, em caráter permanen-
te.
Petrobras, Banco do Brasil, 
Eletrobras.
Fundações Públicas entidade dotada de personalidade jurídica de 
direito privado, sem fins lucrativos, criada em 
virtude de autorização legislativa, para o de-
senvolvimento de atividades que não exijam 
execução por órgãos ou entidades de direito 
público, com autonomia administrativa, patri-
mônio próprio gerido pelos respectivos órgãos 
de direção, e funcionamento custeado por re-
cursos da União e de outras fontes. Estas en-
tidades adquirem personalidade jurídica com 
a inscrição da escritura pública de sua cons-
tituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, 
não se lhes aplicando as demais disposições 
do Código Civil concernentes às fundações (in-
cluída pela Lei nº 7.596, de 1987).
Funai, IBGE, Biblioteca Na-
cional.
Quadro 6: Entidades da administração indireta:
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2016).
As Sociedades de Economia Mista e as Empresas Públicas se diferem pela 
forma de composição. Enquanto a companhia mista possui capital público e 
privado, a pública, é formada exclusivamente por recursos públicos. Além disso 
elas possuem formato jurídico distinto, pois as Sociedades de Economia Mistas 
podem ser constituídas somente na forma de sociedade anônima (S/A), sendo 
que ambas são enquadradas na categoria de direito privado.
Cumpre ressaltar que ambas fazem parte da administração indireta, e devem 
ser criadas e extintas por leis específicas.
4.2 REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Para Di Pietro (2018), a expressão regime jurídico administrativo deve ser 
utilizada exclusivamente para “abranger o conjunto de traços, de conotações, 
que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administração Pública numa 
posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa”. Assim, o regime 
administrativo resume-se a duas palavras apenas: prerrogativas e sujeições (DI 
PIETRO, 2018).
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As prerrogativas encontram embasamento no princípio da supremacia do 
interesse público sobre o privado e as sujeições no princípio da indisponibilidade 
do interesse público pela administração.
a) Princípio da supremacia do interesse público: estabelece que o inte-
resse do Estado deve prevalecer em relação ao interesse do particular. 
Em situações onde há conflito de interesses, o administrador pode li-
mitar e restringir direitos individuais para a garantia do interesse cole-
tivo. Entretanto, é importante destacar que o Estado não pode violar 
direitosparticulares em função desse princípio. 
b) Princípio da indisponibilidade do interesse público: o administrador 
não pode abrir mão do interesse público. Assim, o agente público, ao 
realizar suas atividades, deve estar submetido aos limites impostos 
pelo ordenamento jurídico vigente.
Cabe ressaltar que estes dois princípios, ao contrário dos princípios 
consagrados na CF/88, são implícitos, o que significa dizer que não estão 
expressos. Entretanto, possuem a mesma força jurídica que aqueles expresso no 
art. 37 da CF/88.
Desta maneira, podemos concluir que o regime jurídico da administração 
é o conjunto de regras que o ordenamento jurídico confere ao Poder Público, 
incluindo-se direitos e obrigações, para que através delas ele possa alcançar o 
interesse primário do Estado, qual seja, o bem comum.
4.3 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Os princípios da administração pública são a maneira essencial para a análise 
de como a Gestão Pública deve atuar. Esses princípios foram consagrados na 
Constituição Federal Brasileira de 1998 (CF/88), que em seu artigo 37, determina:
A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos 
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efi-
ciência [...]” (BRASIL, 1988).
Os princípios são ao mesmo tempo orientadores e determinantes da forma 
como o Estado, representado por seus gestores, podem e devem atuar, vamos a 
eles:
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a) Legalidade: é a obrigatoriedade dos agentes públicos de fazerem apenas o 
que está previsto na Lei.
Enquanto ao particular (pessoa que está não em exercício de função pública) 
é permitido fazer tudo, exceto o que está proibido por lei; ao administrador (pessoa 
que está em exercício da função pública) é permitido apenas agir conforme 
o prescrito em lei. Essa é a primeira regra para o gestor público, na qual os atos 
administrativos praticados por um agente público durante o desempenho das 
atividades devem, impreterivelmente, estar previstos em lei.
Ao cidadão é permitido fazer tudo, exceto o que é proibido por lei, enquanto 
para o gestor público é permitido fazer, exclusivamente o que é previsto em lei.
b) Impessoalidade: a ação pública objetiva a finalidade pública, sem promover 
interesses pessoais.
Este princípio pode ser dividido em duas partes: 1) Relação do indivíduo 
com a administração pública: O indivíduo, investido da função pública não pode 
utilizá-la em benefício ou interesse próprio. 2) Ao administrador público é vedada 
a autopromoção na forma do §1º do art. 37.
O gestor público não pode agir em interesse próprio, seja ao nomear pessoa 
com a qual possua vínculo familiar, ou por uso da plataforma pública como meio 
de autopromoção em atos, programas e campanhas.
c) Moralidade Administrativa: seguir padrões éticos e estabelecer os bons 
costumes como regra.
Ao gestor público não é suficiente a obediência ao princípio da legalidade pois, 
aqueles que lidam com o interesse e patrimônio público devem, também, seguir 
padrões éticos esperados pela sociedade. Assim, este princípio visa estabelecer 
os bons costumes como regra da administração pública.
O Nepotismo (favorecimento de parentes, ou amigos próximos, em 
detrimento de pessoas mais qualificadas) é uma prática que deve ser combatida 
com base no princípio da moralidade administrativa.
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d) Publicidade: todos os atos públicos, excetos casos previstos em lei, devem 
ser publicizados (tornados de conhecimento público).
Este princípio atinge, além do aspecto da divulgação dos atos, a possibilidade 
de conhecimento da conduta interna dos funcionários públicos, do qual deriva a 
transparência ativa.
Todos os atos públicos podem ser examinados por qualquer pessoa 
interessada, exceto em casos de necessidade de preservação da segurança 
previsto em lei.
e) Eficiência: buscar sempre o melhor resultado e com o menor custo possível. 
O gestor público deve agir com presteza, perícia, em busca do melhor 
resultado e com o menor custo possível, no sentido econômico-jurídico. 
Para DI PIETRO:
O princípio apresenta-se sob dois aspectos, podendo tanto ser conside-
rado em relação à forma de atuação do agente público, do qual se espera 
o melhor desempenho possível de suas atuações e atribuições, para lo-
grar os melhores resultados, como também em relação ao modo racional 
de se organizar, estruturar, disciplinar a administração pública, e também 
com o intuito de alcance de resultados na prestação do serviço público 
[...] (DI PIETRO, 2002).
Figura 8: Princípios da Administração Pública 
Fonte: Elaborado pelo autor.
Assim, é possível concluir que estes princípios consagrados na CF/88 são 
fundamentais para direcionar como o gestor deve atuar para implementação da 
ação pública.
Gestão Pública 34
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Percebe-se que os princípios foram o acrônimo LIMPE, e estes revelam a 
forma de atuação do agente e do gestor público. Ressalte-se que os princípios 
não devem se sobrepor, em especial ao da legalidade, sob pena de sérios riscos à 
segurança jurídica e ao próprio Estado de direito (DI PIETRO, 2002).
4.4 ATOS ADMINISTRATIVOS
Ato administrativo é uma declaração jurídica do Estado ou de quem o 
represente. Trata-se de uma manifestação unilateral de vontade da Administração 
Pública que busca adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir ou declarar 
direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si próprio.
Os atos administrativo possuem 5 requisitos descritos no quadro a seguir:
Requisito Descrição
Competên-
cia
Apenas agente público que possua poder legal para desempenho regular e específi-
co para as atribuições do seu cargo, podem fazer um ato administrativo.
Finalidade A execução de todos os atos administrativos devem tomar como base o interesse 
público, qualquer desvio a isto invalida o ato.
Forma Os atos administrativos devem ser formais, quase sempre de forma escrita, e devem 
atender o princípio de publicidade. 
Motivo É o porquê do ato, a situação imediata que autoriza ou exige o ato administrativo, 
ou seja, é a situação que determina a necessidade ou possibilita a atuação adminis-
trativa proposta no ato.
Objeto Conteúdo do ato, aquilo que o ato decide, enuncia, certifica, opina ou modifica na 
ordem jurídica. É a alteração jurídica que o ato causará.
Quadro 7: Requisitos dos atos administrativos 
Fonte: Elaborado pelo autor
Gestão Pública 35
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Além dos requisitos, os atos administrativos também possuem atributos, que 
são características inerentes à estes atos.
Atributo Descrição
Presunção de legitimi-
dade
Uma vez que o ato administrativo é praticado se presume que ele é 
legítimo. Ou seja, o ato tem eficácia plena desde o momento de sua 
edição, até sua futura revogação ou anulação.
Imperatividade Permite que a administração pública, de modo unilateral, crie obriga-
ções ou restrições para os administrados.
Exigibilidade É a característica do Estado poder exigir de terceiros o cumprimento 
das obrigações que impôs.
Auto-executoriedade O ato possui força executória desde a sua edição.
Tipicidade O ato administrativo deve corresponder a figuras previamente estabe-
lecidas pela lei como aptas a produzir certos resultados.
Quadro 8: Atributos dos atos administrativos 
Fonte: Elaborado pelo autor
 Os atos administrativos são passíveis de anulação, revogação, convalidação, 
discricionariedade e vinculação.
• Anulação: Atos viciados ou inválidos (ilegais) podem ser invalidados 
pela Administração Pública ou pelo Poder Judiciário. Os efeitos da 
anulação são retroativos (efeito ex tunc).
• Revogação: É a extinção do ato administrativo discricionário, por 
questão de mérito. A revogação feita pela Administração Pública 
preserva os efeitos produzidos pelo ato anterior (efeito ex nunc).
• Convalidação:É um ato jurídico que sana vício de um ato que o an-
tecede. O efeito é retroativo, de modo que o ato antecedente passa 
a ser considerado como válido desde a sua produção inicial.
• Discricionariedade: Os atos discricionários são caracterizados pela 
permissão de escolha e decisão, dentro dos limites legais.
• Vinculação: Os atos vinculados não possuem discricionariedade 
(não há margem para tomada de decisão). A lei determina como 
deverá ser praticado o ato.
4.5 PODERES ADMINISTRATIVOS
Os poderes administrativo são utilizados na Administração Pública para 
impor obrigações e garantir os deveres das pessoas que estão sob sua tutela.
Gestão Pública 36
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São seis os poderes, conforme a seguir:
• Poder vinculado: o agente público não tem poder de escolha, sua 
única possibilidade é seguir o que está disposto da lei.
• Poder discricionário: o agente público tem relativa liberdade de es-
colha (ao contrário do poder vinculado) para praticar os atos admi-
nistrativos, dentro dos limites da lei.
• Poder hierárquico: é o responsável pela distribuição das funções 
nos órgãos públicos e pelo estabelecimento das relações de subor-
dinação.
• Poder de polícia: poder de limitar os direitos tanto coletivos, quanto 
individuais, com o intuito de garantir a ordem pública.
• Poder disciplinar: é a competência para punir as infrações de agen-
tes públicos.
• Poder regulamentar: é o poder conferido aos chefes do Executivo 
(Federal, Estaduais e Municipais), que não pode ser delegado.
Figura 9: Infográfico sobre os poderes adminstrativos.
Fonte: /i1.wp.com
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4.6 DEVERES DOS AGENTES PÚBLICOS
O artigo 116, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, estabelece quais são 
os deveres dos servidores públicos, e por extensão tais deveres são aplicados 
também aos gestores e agentes públicos:
I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
II – ser leal às instituições a que servir;
III – observar as normas legais e regulamentares;
IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta-
mente ilegais;
V – atender com presteza:
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, 
ressalvadas as protegidas por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito 
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
VI – levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do 
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando 
houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de 
outra autoridade competente para apuração; 
VII – zelar pela economia do material e a conservação do pa-
trimônio público;
VIII – guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX – manter conduta compatível com a moralidade adminis-
trativa;
X – ser assíduo e pontual ao serviço;
XI – tratar com urbanidade as pessoas;
XII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de 
poder.
(Redação dada pela Lei no 12.527, de 2011).
Os agentes públicos estão sujeitos à responsabilização civil, penal e 
administrativa decorrentes do exercício de seu cargo, emprego ou função. Além 
disso, possuem responsabilidade por atos de improbidade administrativa, que 
produz efeitos mais amplos (além dos patrimoniais) pois pode levar à suspensão 
dos direitos políticos e à perda do cargo. (DI PIETRO, 2018).
Gestão Pública 38
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Esses são conhecimentos de grande relevância sobre administração pública 
seja na visão de cidadão, para o exercício da cidadania plena, assim como na visão 
de agentes e gestores públicos para o correto entendimento de suas funções, 
limitações, formas de atuação e responsabilidades.
Nesse sentido, as noções básicas de direito administração são elementos 
essenciais ao exercício da função pública, e sua análise leva ao pleno entendimento 
dos limites e dos meios necessários à gestão pública.
Gestão Pública 39
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5. RELAÇÕES E PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS
Ao analisar as relações entre o Estado e o setor privado, Costin (2010) aponta 
a evolução institucional no ambiente de investimentos que favoreceu a ampliação 
do investimento privado e permitirão o estabelecimento de relações e parcerias 
entre governos e empresas, e afirma que “esses avanços não seriam possíveis sem 
uma enorme transformação na Constituição, nas leis e nas regulamentações” 
(COSTIN, 2010).
Entre esses avanços a autora destaca a publicação da Lei nº 11.079, de 30 
de dezembro de 2004, que institui normas gerais para licitação e contratação de 
parceria público-privada (PPP) no âmbito da administração pública.
Mas antes de falarmos sobre as PPPs é necessário entender o modelo de 
concessão e as diferenças entre esses modelos.
5.1 CONCESSÕES
Conforme estabelecido no inciso II do art. 2º da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro 
de 1995, a concessão de serviço público é a “delegação de sua prestação, feita 
pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à 
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem capacidade para seu 
desempenho, por sua conta e risco, e por prazo determinado”.
 Di Pietro (2018) afirma que não existe uniformidade de pensamento entre 
os doutrinadores na definição do instituto da concessão, tendo como ponto 
comum em todas as modalidades de concessão, a reserva que o concedente faz 
de alguns direitos, poderes e vantagens, tais como os de rescisão unilateral do 
contrato, fiscalização, punição etc.
 No que diz respeito ao objeto da concessão, existem várias modalidades 
sujeitas a regime jurídico parcialmente diferenciado:
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Modalidade Fundamentação Característica
concessão de 
serviço público
Lei 8.987/95 a remuneração básica decorre de tarifa paga pelo usuário 
ou outra forma de remuneração decorrente da própria ex-
ploração do serviço
concessão patro-
cinada
Lei 11.079/04 se conjugam a tarifa paga pelos usuários e a contrapresta-
ção pecuniária do concedente (parceiro público) ao conces-
sionário (parceiro privado)
concessão admi-
nistrativa
Lei 11.079/04 tem por objeto a prestação de serviço de que a Administra-
ção Pública seja a usuária direta ou indireta, nessa modali-
dade, a remuneração básica é constituída por contrapresta-
ção feita pelo parceiro público ao parceiro privado
concessão de 
obra pública
Lei 8.987/95 ou 
Lei 11.079/04
tem como finalidade a construção, conservação, reforma, 
melhoramento de quaisquer obras de interesse público, de-
legada pelo poder público, mediante concorrência, a pessoa 
jurídica ou consórcio de empresas
concessão de uso 
de bem público
Legislação esparsa pode ter ou não a exploração do bem
Quadro 9: Modalidades de Concessão 
Fonte: Adaptado de Di Pietro, 2018.
 
Cabe ressaltar que em muitos contratos, existe a conjugação de diferentes 
modalidades, em que uma constitui o objeto principal e, a outra, o acessório. 
Como exemplo, na concessão de uma rodovia, o objeto é a construção, ampliação 
ou reforma de obra pública, que pode ser acompanhada da exploração comercial 
da obra para fins de remuneração do concessionário; mas o mesmo contrato 
envolve, em regra, a utilização de bens do patrimônio público (DI PIETRO, 2018).
 
Assim, pode-se definir concessão como: 
o contrato administrativo pelo qual a Administração confere ao particular 
a execução remunerada de serviço público, de obra pública ou de serviço 
de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ou lhe 
cede o uso de bem público, para que o explore pelo prazo e nas condi-
ções regulamentares e contratuais. (DI PIETRO, 2018).
Enquanto as concessões são consideradas autossustentáveis as PPPs são 
socialmente justificáveis, porém insustentáveis do ponto de vista do investimento 
privado. Assim, conforme a Lei 11.079/2004:
Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim enten-
dida a concessãode serviços públicos ou de obras públicas de que trata a 
Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando não envolver contrapres-
tação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
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Pode-se dizer que a diferença básica entre parceria público-privada e 
concessão comum é a remuneração do parceiro privado, pois enquanto nas 
concessões comuns a remuneração do concessionário advém exclusivamente 
das tarifas cobradas aos usuários, nas parcerias público-privadas há pagamento 
de contraprestação pela Administração Pública, com ou sem cobrança de tarifa 
dos usuários.
5.2 PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS (PPPS)
Entre os diferentes meio para a realização da ação pública que são adotados 
pelo Estado brasileiro, estão as Parcerias Público-Privadas (PPPs). 
As PPPs apresentam um conjunto de regras, restrições, modalidades e 
aplicações que as tornam diversas e complexas, como veremos a seguir.
PPPs podem ser entendidas como:
o ajuste firmado entre Administração Pública e a iniciativa privada, tendo 
por objeto a implantação e a oferta de empreendimento destinado à frui-
ção direta ou indireta da coletividade, incumbindo-se a iniciativa privada 
da sua estruturação, financiamento, execução, conservação e operação, 
durante todo o prazo estipulado para a parceria, e cumprindo ao Poder 
Público assegurar as condições de exploração e remuneração pelo par-
ceiro privado, nos termos do que for ajustado, e respeitada a parcela de 
risco assumida por uma e outra das partes (MARQUES NETO, 2017).
Historicamente o modelo das PPPs foi criado junto com o Modelo 
da Administração Pública Gerencial no Reino Unido, sendo importante 
instrumento para atração e captação de investimentos do capital privado. As 
PPPs são especialmente importantes num contexto em que o Estado precisa 
fazer investimentos mas não pode arcar financeira e gerencialmente com tais 
empreendimentos.
Definição Legal: De acordo com a Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, 
PPP é o “contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou 
administrativa”. E estabelece as seguintes modalidades:
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a) Patrocinada: a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de 
que envolvem, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contrapres-
tação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado (parte do paga-
mento é feita pelos usuários dos serviços e parte é feita pela Administra-
ção Pública);
b) Administrativa: contrato de prestação de serviços no qual a Adminis-
tração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva exe-
cução de obra ou fornecimento e instalação de bens (o pagamento ao 
prestador do serviço é feito unicamente pela Administração Pública).
A mesma lei estabelece que “Não constitui parceria público-privada a 
concessão comum, [...] quando não envolver contraprestação pecuniária do 
parceiro público ao parceiro privado.”
De maneira resumida podemos conceituar PPP como um contrato firmado 
entre o setor público e uma empresa privada para que esta última preste 
determinado serviço mediante pagamento.
A Lei nº 11.079/2004, determina condições específicas para que uma PPP 
possa ser estabelecida, conforme a seguir:
Condições Descrição
Valores o valor do contrato não pode ser inferior à 10 milhões de reais
Duração o período da prestação de serviço deve durar entre 5 e 35 anos
Serviços não devem ser celebrados contratos que tenham como objeto único o forne-
cimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a 
execução de obra pública
Quadro 10: Condições para PPPs 
Fonte: Elaborado pelo autor.
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Cláusulas Obrigatórias:
1. Prazo de vigência do contrato
Se refere à determinação do prazo de contrato que, não pode ser inferior a 
cinco anos e nem superior a 35 anos, incluindo eventual prorrogação. Além disso, 
é necessário o estabelecimento de uma correlação entre o prazo de vigência 
contratual e a amortização dos investimentos realizados, de modo a não onerar 
desnecessariamente o caixa do Estado de longo prazo e, de outro lado que o 
tempo seja não seja suficiente para o retorno dos investimentos. (MARQUES 
NETO, 2017).
2. Repartição de riscos
A matriz de risco deve considerar a capacidade de gerenciamento dos riscos 
por cada uma das partes com relação a cada específico risco, que pode inclusive 
ajudar na resolução de conflitos de maneira eficiente.
Marques Neto (2017) argumenta que um “bom contrato de PPP deve prever, 
além da alocação clara e racional de riscos, o método e o procedimento para fazer 
frente à dinâmica destes riscos ao longo do prazo da parceria”.
3. Formas de remuneração e de atualização dos valores contratuais
A Lei determina que as formas de remuneração e de atualização sejam 
especificamente discriminadas, sendo admitidos os seguintes modos de 
contraprestação da Administração Pública ao parceiro privado, sem prejuízo 
de outros meios disciplinados em lei: ordem bancária; cessão de créditos não 
tributários; outorga de direitos em face da Administração Pública; e outorga de 
direitos sobre bens públicos dominicais.
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4. Garantias
As garantias devem estar detalhadas no contrato, as quais podem ser: 
vinculação de receitas; instituição de fundos especiais com previsão legal; 
contratação de seguro-garantia com companhias seguradoras que não 
sejam controladas pelo Poder Público; garantias prestadas por organismos 
internacionais ou instituições financeiras que não sejam controladas pelo 
Poder Público; e garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal 
criada para essa finalidade.
Além disso, a Lei 11.079/2004 criou o Fundo Garantidor de Parcerias Público-
Privadas (FGP) que tem como finalidade a prestação garantia de pagamento de 
obrigações pecuniárias assumidas por parceiros públicos federais, estaduais, 
distritais e municipais.
Quanto às garantias prestadas pelos particulares, é determinado pela Lei que 
as garantias de execução apresentadas pelos particulares devem ser compatíveis 
com os ônus e riscos envolvidos. 
5. Regime sancionatório contratual
O contrato deve prever hipóteses de inadimplência, que incluem: mora, 
prazo de regularização, acionamento das garantias e penalidades aplicáveis 
à Administração Pública e ao parceiro privado em casos de inadimplemento. 
O regime sancionatório contratual deve ser estabelecido de modo a atender a 
proporcionalidade e compatibilização com normas regulatórias.
Ressalte-se que, em respeito à legalidade, as sanções não podem ser 
criadas nos contratos de PPPs, mas as suas aplicações e dosimetria devem ser 
especificadas nas cláusulas contratuais. Assim, as infrações que ensejarem a 
aplicação de penalidades devem estar definidas no contrato, estabelecendo-se 
maior previsibilidade e segurança jurídica na configuração do inadimplemento. 
(MARQUES NETO, 2017).
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6. Outras cláusulas obrigatórias
Outras cláusulas obrigatórias que devem constar nos contratos de PPP são:
a) a vistoria de bens reversíveis;
b) os critérios de avaliação de desempenho do particular;
c) os mecanismos para a preservação da atualidade da prestação dos serviços; 
d) o compartilhamento com a Administração Pública de ganhos econômicos 
efetivos do parceiro privado decorrentes da redução do risco de crédito dos 
financiamentos; e
e) o cronograma de repasse de aportes de recursos.
Vantagens e Desvantagens: O principal argumento em favor das PPPs é 
que por meio deste tipo de parceria a Administração Pública consegue delegar 
serviços à iniciativa privada, reduzindo a necessidade de atuação direta do Estado.
 Por meio das PPPs também é possível viabilizar projetos que financeiramente 
não são atrativos sob o enfoque do investimento privado, mas são socialmente 
necessários e economicamenteviáveis sob a ótica pública.
 Outro argumento favorável é em relação ao tempo de execução, pois nesse 
tipo de parceira o pagamento da Administração Pública à empresa executora é 
feito somente na conclusão do serviço, tornando assim de interesse da empresa 
executora a conclusão de maneira mais rápida.
Entretanto, existem também argumentos contra as PPPs, entre as quais 
podemos relacionar a perda de controle, em vista da Administração Pública não 
atuar diretamente, o que pode ensejar em problemas de qualidade. 
Além disso, outro argumento contrário é relacionado à corrupção. 
Considerando o grande vulto de investimentos as PPPs podem ser origem de 
casos de relações promíscuas entre agentes públicos e agentes privados.
Desafios e perspectivas das PPPs: Um dos desafios relacionados à adoção 
das PPPs como instrumento para ação pública é a necessidade de maturidade do 
modelo e o aprendizado que é obtido com as experiências.
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Marques Neto (2017) aponta que entre os principais desafios que precisam 
ser enfrentados para plena alavancagem das PPPs no Brasil, é a capacitação 
dos agentes públicos para lidar com a complexidade das PPPs. O autor também 
argumenta que “é preciso desenvolver a técnica de aferição de indicadores de 
desempenho dos parceiros privados, bem como modificar a cultura e parâmetros 
usualmente utilizados para definir o value for money”. 
Para além dos destravamentos necessários ao bom uso das PPPs novas 
perspectivas deveriam ser tratadas pela alta gestão do executivo e também pelos 
nossos legisladores, no sentido de ampliar as possibilidade de uso das PPPs, ou 
mesmo viabilizar arranjos mais arrojados e inovadores e novos mecanismos de 
garantias para a União, estados e municípios.
Para que seja possível o avanço, é necessário que o Brasil continue o processo 
de consolidação da democracia e do Estado de direito, além de uma mudança 
cultural. Costin (2010) afirma que seria necessário “um esforço para substituir 
uma cultura burocrática, baseada nos controles sobre rituais e no intenso uso 
de documentos, por uma cultura mais administrativa, baseada nos resultados 
apresentados”.
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6. MODELOS CONTEMPORÂNEOS E INOVAÇÕES NA 
GESTÃO PÚBLICA
Podemos dizer que a administração burocrática não se preocupava com 
o cidadão, no que se refere à qualidade de atendimento e ao atendimento das 
necessidades, pois seu foco estava voltado exclusivamente para procedimentos 
internos, ou seja, voltada para aspectos internos.
Como vimos, novos modelos de administração foram sendo desenvolvidos e 
implementados ao longos dos anos em diversos países e também no Brasil. Costin 
(2010), destacou 9 (nove) momentos para tentar reconstruir as linhas gerais da 
evolução da administração pública no Brasil:
a Administração Colonial;
• o Brasil como sede do império português;
• o Império (1o reinado, regências e 2o reinado);
• a República Velha;
• o varguismo e a implantação da Reforma de 1936;
• o desenvolvimentismo e o início da Reforma do Ministério da Fa-
zenda;
• o regime militar, o estatismo, a modernização e a Reforma de 1967;
• a democratização e o retorno ao formalismo;
• a reforma da Gestão Pública de 1995.
O momento subsequente, ou seja o décimo, pode ter traduzido como o 
momento contemporâneo que estamos vivenciando, chamado transformação 
digital.
Matias-Pereira (2016) afirma que as transformações em curso no mundo 
contemporâneo, estão provocando incertezas no ambiente, mas por outro lado, 
também geram novas oportunidades e impulsionam avanços tanto no setor 
privado como no público.
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6.1 PRESSUPOSTOS DA GESTÃO PÚBLICA CONTEMPORÂNEA
A prestação de serviços públicos deve ser orientada pela eficiência, eficácia 
e a efetividade. Enquanto eficiência tem por objetivo a redução de custos e 
aumento da produtividade; eficácia é relacionada a verificação entre os resultados 
alcançados e os objetivos pretendidos; já efetividade tem como medida os 
impactos e efeitos.
 Já não basta para a gestão pública buscar apenas a dimensão econômico-
financeira, ou seja, a busca pela eficiência. O entendimento do cidadão enquanto 
usuário/cliente traz consigo a necessidade de vislumbrar a melhoria da qualidade 
dos serviços prestados de maneira que sejam percebidas por estes. Além disso, 
elementos como participação social, representatividade, diversidade e equidade 
trazem para a dimensão sócio-política a discussão sobre cidadania e a cobrança 
sobre efetividade.
Conceito Definição
eficiência é a dimensão do desempenho expressa pela relação do processo en-
volvido, seu meio. Assim, possui foco interno e refere-se aos CUSTOS 
envolvidos.
eficácia é a dimensão do desempenho expressa pelo alcance dos objetivos ou 
metas, independentemente dos custos implicados. Possui foco externo 
e refere-se aos RESULTADOS.
efetividade é a dimensão do desempenho que representa a relação entre os resul-
tados alcançados e as transformações ocorridas. Possui foco externo e 
refere-se aos IMPACTOS.
Quadro 11: Eficiência, Eficácia e Efetividade
Fonte: Adaptado de SÁ (2014).
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Figura 10: Quadro comparativo
Fonte: SÁ (2014)
De maneira resumida eficiência é quando algo é realizado da melhor maneira 
possível, ou seja, com o menor desperdício ou em menor tempo. eficácia é quando 
os resultados foram alcançados; e efetividade é a capacidade de gerar um efeito 
real ou impacto (a relação entre os resultados alcançados e as transformações 
ocorridas).
6.2 DIGITALIZAÇÃO, DIGITIZAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
 O desafio para os gestores público é o de entender as necessidades 
do cidadão e simplificar o seu relacionamento. Sem isso, podemos dizer que 
a relação cidadão-estado continuará sendo vista como uma prestação de 
serviços precarizada, que não os satisfaz. Nesse contexto, que o é chamado de 
transformação digital pode ser considerado como uma forma de otimizar e 
repensar processos. 
 Antes de falarmos sobre transformação digital é necessário conceituarmos 
os processos de digitalização e digitização.
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 Digitalização é um conceito mais conhecido, que pode ser definido como o 
processo pelo qual um determinado documento ou dado analógico é digitalizado. 
O processo clássico de digitalização é feito por meio de um scanner e mais 
recentemente por meio de fotos em aparelhos mobiles. 
O processo de digitalização tem como um dos grandes expoentes o 
Reconhecimento Ótico de Caracteres ou OCR (Optical Character Recognition) 
por meio do qual é possível obter um arquivo de texto editável por um computador.
Combinado com outras tecnologias, como a inteligência artificial, diversas 
empresas têm desenvolvido aplicações para automatizar processos de cadastro, 
extrair informações de documentos, contratos, etc.
O termo digitização (digitalization) se refere ao processo de tornar os 
procedimentos de um negócio em formato digital. Mas há grande confusão 
também de digitização com transformação digital.
No processo de digitização é feita a transformação dos processos da 
organização para o formato digital são realizadas inovações no sentido de 
automação de rotinas.
Já o processo de transformação digital é mais disruptivo, pois pode ser tido 
como uma reinvenção ou até mesmo a desmaterialização de um negócio, que no 
contexto da Indústria 4.0, é o próximo estágio com relação à transformação que 
os recursos digitais provocarão nas organizações, como veremos a seguir.
6.3 TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
A transformação digital vem acontecendo em diversos setores e no serviço 
público não poderia ser diferente. Locadoras de filmes e a venda de música em 
diversos formatos foram substituídas por serviços de streaming. Para agregar 
mais um exemplo, vimos o poder das aplicativos (apps) substituírem os modelos

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