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1 AUDITORIA E GESTÃO DA QUALIDADE 1 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 2 Sumário NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 1 Sumário .................................................................................................................... 2 Introdução .................................................................................................................. 3 Instituições de saúde e administração hospitalar .................................................. 5 Instituições de saúde .......................................................................................................... 5 Administração hospitalar .................................................................................................... 7 Auditoria ..................................................................................................................... 8 Surgimento, evolução e conceito ........................................................................................ 9 Auditoria em saúde .......................................................................................................... 10 Auditoria em contas hospitalares ..................................................................................... 15 Ferramentas para analisar contas hospitalares ................................................................. 18 Tabela AMB ........................................................................................................... 18 Tabela própria........................................................................................................ 19 Tabela CBHPM – Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos 19 Gestão da qualidade ............................................................................................... 21 Qualidade em saúde ......................................................................................................... 22 Tipos de avaliação ............................................................................................................ 24 Acreditação hospitalar ........................................................................................... 24 Certificação - Normas ISO ...................................................................................... 27 Referências .............................................................................................................. 29 3 Introdução Ficou para traz o tempo em que as instituições hospitalares, as quais surgiram na Antiguidade, tinham apenas a vocação altruísta de acolher pessoas que naqueles tempos já eram marginalizadas pela sociedade vigente, podendo estes ser pobres, órfãos ou peregrinos (WATANABE, 2007). Figura 1 – Evolução das instituições hospitalares Ao longo dos séculos essas instituições foram tomando outro sentido, ou seja, assumindo a função de recepcionar e tratar doentes. Atualmente estas instituições estão modernizadas e necessitam de uma gestão eficaz e eficiente, mesmo porque um hospital já é parte integrante de uma organização Médica e Social, cuja função básica, consiste em proporcionar à população, assistência médica sanitária completa, tanto curativa como preventiva, sob qualquer regime de atendimento, inclusive o domiciliar, cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar, constituindo-se também, em centro de educação capacitação de 4 Recursos Humanos e de Pesquisas em Saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente (GONÇALVES, 2006). Mediante todas estas importantes funções e percebendo que uma organização hospitalar é complexa, encontramos na auditoria da qualidade um instrumento gerencial utilizado para avaliar essas ações previstas num sistema de qualidade. É um processo construtivo e de auxílio à prevenção de problemas. Destacamos de imediato que a auditoria pode ter como foco o setor saúde como um todo, ou segmentos específicos do setor. A auditoria é parte de um todo, uma das etapas do processo de gerenciamento de serviços de saúde, que possibilita uma avaliação sistemática da assistência, com vistas a mensurar os resultados da assistência, bem como analisar os seus custos; tem potencial para fornecer informações que subsidiem a reafirmação de medidas exitosas e a reordenação de ações inadequadas, tanto no âmbito assistencial quanto no financeiro. Mediante esta breve introdução, é claro que auditoria e gestão da qualidade no âmbito da administração hospitalar são os conteúdos apresentados nesse caderno. Então vamos aos nossos estudos! 5 Instituições de saúde e administração hospitalar Instituições de saúde Hospitais têm sido descritos como algumas das organizações sociais mais complexas conhecidas (GLOUBERMAN et al, 2001 apud MACHADO; KUCHENBECKER, 2007). Instituições hospitalares são analisadas a partir de múltiplos e diferenciados enfoques: porte, vinculação com o sistema de saúde, assistência prestada, nível de complexidade, modelo organizacional, entre outras. Além disso, os hospitais têm sido considerados sob a perspectiva de sua contribuição na formação de profissionais de saúde, seu papel na incorporação de novas tecnologias, entre tantos outros aspectos. Mas o que define um hospital? A literatura provê distintas conceituações. Uma definição cabível é de instituição que provê leitos, alimentação e uma rotina de cuidados para pacientes enquanto estes são submetidos a procedimentos investigativos e terapêuticos, em processo que visa, em última instância, restaurar suas condições de saúde (MCKEE et al, 2002 apud MACHADO; KUCHENBECKER, 2007). Desde a Idade Média, hospitais são instituições com múltiplas funções sociais, envolvendo desde um caráter asilar até organizações que funcionam como campo de práticas de pesquisa avançada em saúde. Talvez até mesmo o conceito de hospital careça melhor definição. Do contrário, como conceber a existência de instituições hospitalares com número de leitos variando entre 10 e 1.500? Hospitais podem ainda ser únicos ou situados num complexo múltiplo de edificações e serviços, situados ou não em uma mesma área geográfica. Para que se tenha uma ideia da heterogeneidade do conceito de hospital, o Reino Unido, por exemplo, adota desde a década de 90 a denominação trusts (organizações, corporações) ao invés de hospitais para fins censitários, dadas as múltiplas formas das instituições hospitalares existentes no sistema de saúde. As instituições de saúde, mais precisamente os hospitais têm por missãoatender aos clientes que a ela recorrem da forma mais adequada, ou seja, de forma humanizada e com qualidade. Estas condições só se realizam completamente através 6 da ação humana, responsável pela organização do trabalho que influencia diretamente as práticas em saúde. Por isso, todo hospital deve preocupar-se com a melhoria permanente da qualidade de sua gestão e assistência, buscando uma integração harmônica das áreas médica, tecnológica, administrativa, econômica, assistencial e, se for o caso, de docência e pesquisa. Os hospitais são instituições prestadoras de serviço, de grande importância social, que se configuram como sistemas abertos, pois, além de sofrerem a ação do meio, são influenciados continuamente pelas mudanças que ocorrem em todos os campos sociais (BONATO, 2003). Falar em instituição de saúde nos remete a alguns conceitos do binômio saúde- doença: A saúde é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 1947) como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade” (doença, do latim ‘dolentia’, pode ser traduzido como padecimento ou dor). Doença é o antônimo de saúde e pode se manifestar tanto no plano físico como mental e ter como causa tanto fatores internos como externos ao organismo. Ao longo da história da humanidade, o conceito desse binômio saúde/doença veio se modificando de acordo com a evolução do ser humano e de suas relações com seus pares, com o trabalho, com as imposições da vida. Da Antiguidade (e que permanece até hoje) temos o conceito de Galeno, médico grego que postulou ser a saúde um equilíbrio entre as partes primárias do corpo. Para a medicina hindu e chinesa, a doença é resultante do desequilíbrio do organismo humano. Na Idade Média a doença prevaleceu por um bom tempo como sendo de caráter religioso até que as grandes epidemias da época levaram à mistura de contágio entre os homens, sendo as causas a conjugação dos astros, o envenenamento das águas pelos leprosos, judeus ou por bruxarias (BACKES et al, 2010). Fazendo um recorte no tempo e no espaço, os conceitos médicos atuais representam o resultado das práxis de cuidado de saúde. Isto é, os conceitos 7 simplesmente se concretizam pelo modo de vida e pela comunicação sobre a vida. Entretanto, existe mais de um conceito sobre saúde e doença que os estudos atuais apresentam, e esses conceitos resultam da práxis normal. Esta evidência reforça a necessidade de os profissionais não trabalharem com conceitos estagnados que impedem o conhecimento da realidade (NORDENFELT, 2000). Fato é que ao assumirmos o conceito da OMS, nenhum ser humano (ou população) será totalmente saudável ou totalmente doente. Ao longo de sua existência, viverá condições de saúde/doença, de acordo com suas potencialidades, suas condições de vida e sua interação com elas. Administração hospitalar Administração hospitalar envolve as funções atribuídas ao responsável por zelar para que todas as funções e serviços dentro de um hospital funcionem na mais perfeita ordem. Figura 2 – Processos da administração hospitalar Todas as questões que envolvem o centro hospitalar são de responsabilidade do administrador de um hospital, assim como toda a organização, os planejamentos, a gerência de pessoas, compras, estoques, equipamentos médicos, entre outros aspectos. 8 Vamos elencar algumas dos setores/atividades que fazem parte do processo de organização de um hospital: a) Um dos setores mais importantes de caráter administrativo em um hospital é o setor dos recursos humanos. Nessa função, o administrador, muitas vezes, precisa estimar e definir o número necessário de profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e demais especialidades) da instituição. b) Planejamento das atividades. c) Garantia da manutenção preventiva e da manutenção de equipamentos médicos. d) Controle de estoque dos materiais e do controle da limpeza, além de direcionar o destino de resíduos hospitalares, garantindo que o ambiente se mantenha extremamente organizado e higienizado, livre de qualquer transtorno que possa comprometer a segurança e o bem-estar dos pacientes que ali surgem. e) Equilíbrio do balanço do hospital: para garantir a saúde financeira da instituição, o administrador precisa equilibrar o balanço do hospital. Também é esse profissional o responsável por definir a melhor e mais viável política de pagamentos, salários e preços. As licitações e os convênios (planos de saúde) também são geridos por ele. f) Supervisão de contratos de convênios, vendas de planos e seguros, entre outras. Auditoria 9 Segundo apontamentos de Chaves (2014), a auditoria, um tipo particular de avaliação vem tendo ênfase em instituições de saúde privadas e públicas, operadoras de planos de saúde, empresas de consultoria, empresas acreditadoras, dentre outros locais, então vamos analisar detalhes desse tipo de avaliação. Surgimento, evolução e conceito De maneira generalizada, o aumento da concorrência decorrente da evolução do sistema capitalista, com a expansão do mercado fez com que as empresas antes fechadas, pertencentes a grupos familiares, ampliassem suas instalações fabris e administrativas, investindo no desenvolvimento tecnológico e aprimorando os controles e procedimentos internos em geral, visando reduzir custos tornando mais competitivos os seus produtos no mercado. E assim, tem-se o surgimento da auditoria, definida, segundo Sá (2010, p. 25), como: Tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros, demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de consideração contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais de riqueza aziendal, pública ou privada, quer ocorridos, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados. Auditoria é palavra com origens no latim “audire” que significa ouvir. No início da história da auditoria, toda pessoa que tinha aptidão para verificar a legitimidade dos fatos econômico-financeiros, prestando contas a um superior, poderia ser considerado como auditor. Anote aí! Auditoria é técnica que consiste no exame de documentos e registros, inspeções, obtenção de informações e confirmações externas e internas, 10 obedecendo a normas e procedimentos apropriados, objetivando verificar se as demonstrações contábeis representam adequadamente a situação nelas demonstrada de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e normas de contabilidade, de maneira uniforme (FRANCO; MARRA, 2000). Auditoria é uma atividade realizada por pessoa qualificada e independente que consiste em analisar, mediante a utilização de técnicas de revisão e verificação idôneas, a informação econômico-financeira deduzida de documentos contábeis, tendo por objetivo a emissão de relatórios dirigidos, manifestando opiniões responsáveis sobre a viabilidade da informação com a intenção de que esta informação possa ser conhecida e valorizada por terceiros. Auditoria é um sistema de revisão e controle para informar a administração sobre a eficiência e eficácia dos programas em desenvolvimento. Sua função não é somente indicar as falhas e os problemas, mas também, apontar sugestões e soluções, assumindo, portanto, um caráter eminentemente educacional (SCARPARO, 2005). Auditoria como um conjunto de medidas através das quais, perito interno ou externo revisa as atividades operacionais de determinados setores de uma instituição, com a finalidade de mensurar a qualidade dos serviços prestados (SOUZA, 2001 apud PEREIRA, 2010). Auditoria em saúde Na área de saúde, foi em 1918 que a auditoria surge no estudo realizado pelo médico George Gray Ward, nos Estados Unidos, no qual foi verificada a qualidade da assistênciamédica prestada ao paciente por meio dos registros em prontuário (PEREIRA; TAKAHASHI, 1991; KURCGANT, 2000). No ano de 1952, no Brasil, foi criada a Lei Alípio Correia Neto, na qual, era dever dos hospitais filantrópicos a documentação das histórias clínicas completas de todos os pacientes e em 1966, a Associação Brasileira de Arquivo Médico e Estatístico (MEZZOMO, 2001). 11 A terceirização dos serviços de saúde levou o Governo, como órgão comprador, a adotar medidas analisadoras, controladoras e corregedoras, prevenindo o desperdiço, a cobrança indevida e a manutenção da qualidade dos serviços oferecidos. Para garantir o programa proposto e a integridade do sistema em funcionamento, tornou-se necessário a criação de um quadro de pessoal habilitado em auditoria médica, surgindo, assim, o corpo funcional de auditores da previdência social (FALK, 2001). Segundo Louverdos (2000), a evolução da medicina e as imposições sociais levaram a profundas alterações no sistema de saúde do país para atender a crescente demanda do mercado, o que significava crescimento dos planos de medicina de grupo, e, com estas, a maior necessidade de adequação dos serviços para acompanhar a revolução Médica Social. No Brasil, apenas no ano de 1983, se reconhece o cargo de médico auditor, e a auditoria passa a ser realizada nos próprios hospitais, porém se inicia com experiências isoladas com a auditoria médica, com vista ao fornecimento de informação para decisões administrativas e para o corpo clínico, realizada no hospital de Ipanema, no Rio de Janeiro (D’INNOCENZO et al. 2006). No ano de 1990, a Lei Orgânica da Saúde nº 8080/90, estabelece a necessidade de criação do Sistema Nacional de Auditoria (SNA) como um instrumento fiscalizador e atribuindo a este uma coordenação da avaliação técnica e financeira do SUS em todo território nacional (CAMELO et al. 2009). Hoje, os planos e seguro de saúde são os responsáveis por quase toda assistência à saúde do País, sendo importante para a manutenção do equilíbrio do sistema uma equipe multiprofissional de auditoria e análise dos serviços realizados, tanto em ambulatório como em regime de internação hospitalar, seja em caráter eletivo e em caráter de urgência/emergência. Em resumo: Auditoria em saúde se compõe de um conjunto de técnicas que visam verificar estruturas, processos, resultados e a aplicação de recursos financeiros, mediante a confrontação entre uma situação encontrada e determinados critérios técnicos, operacionais e legais, procedendo a exame especializado de controle na busca da 12 melhor aplicação de recursos, visando evitar ou corrigir desperdícios, irregularidades, negligências e omissões. Auditoria em saúde nada mais é do que avaliar de forma sistemática a qualidade da assistência ao cliente (COUTINHO, 2011). Frisamos que ela não tem caráter apenas fiscalizador, pois as normas que ela aprimora servem também para aperfeiçoar o sistema de forma contínua, levando a diminuição de custos sem reduzir a qualidade da assistência. Os tipos de auditoria, no que tange à relação do profissional do auditor com a uma organização, seja ela mercantil, social ou na área de saúde podem ser divididos em dois grupos: auditoria externa e auditoria interna. a)A auditoria externa, constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão do parecer sobre a adequação com que estes representam a posição patrimonial e financeira, o resultado das operações, as mutações do Patrimônio Líquido e as origens e aplicações de recursos da entidade auditada consoante as normas brasileiras de contabilidade (CREPALDI, 2004). b)A auditoria interna é aquela em que o serviço é praticado por contadores empregados das sociedades, associações e fundações, que os contratam para tal. A aplicação dos trabalhos tem fundamento na validação e avaliação dos controles internos e demais procedimentos, pois, devido à falta de independência, uma vez que o profissional é empregado, está impedido o mesmo de dar uma opinião para interessados ou usuários externos, sobre a adequação das demonstrações contábeis encerradas. (HOOG; CARLIN, 2009). O quadro abaixo resume as características dos tipos de auditoria. 13 Figura 3 – Comparativo entre Auditoria Interna e Externa Ainda podemos falar em auditoria preventiva, operacional e analítica: Na auditoria preventiva, os procedimentos são auditados antes de algum erro ou falha ser identificado. Comumente ocorre a integração ao departamento de liberações de procedimentos ou guias do convênio médico. Por isso, é executada por médicos. Na auditoria operacional, os fatos e documentos são observados de maneira direta e depois dos procedimentos serem executados. Cabe ao auditor: a) interagir com os colaboradores que atuam na assistência; b) monitorar o histórico dos pacientes internados; c) colaborar na liberação de medicamentos, materiais ou procedimentos; d) verificar a qualidade da assistência. A partir dessa avaliação, o auditor pode indicar uma assistência alternativa para o paciente, desde que o médico assistente dê sua anuência. Além disso, a auditoria operacional inclui a de contas, que é realizada no hospital ou na fonte pagadora a fim de encontrar irregularidades ou não 14 conformidades. Nesse processo são analisados: procedimentos, diagnósticos, laudos, exames, medicamentos e materiais gastos, taxas hospitalares, entre outros. Por fim, a auditoria analítica é composta por análise de relatórios, documentos e processos que são coletados nas auditorias operacional e preventiva, além da comparação com indicadores gerenciais, principalmente os voltados para o gerenciamento de recursos organizacionais. Para executar a auditoria analítica é necessário ter conhecimentos sobre indicadores administrativos e de saúde, além de compreender mais sobre o uso de tabelas, bancos de dados, gráficos e contratos. É assim que se pode reunir informações sobre o plano de saúde e problemas identificados em cada prestador (VECTRA, 2017). São princípios balizadores da profissão de auditoria com o fim de dar credibilidade à profissão: a) Integridade: qualidade de quem é honesto e imparcial; b) Ação: agir de forma escrupulosamente clara e precisa; c) Posicionamento: manter-se nos limites de seu labor; d) Objetividade: facilidade de transmitir somente aquilo que interessa; e) Independência: liberdade para emitir uma opinião imparcial sobre assunto que envolve dois ou mais interessados; f) Confidencialidade: sigilo das informações dos clientes auditados; g) Competência profissional: elevado grau de conhecimento técnico; h) Atendimento às normas técnicas, tanto aquelas que regulam a profissão, quanto as que regulam determinados tipos de clientes, conforme sua atividade; i) Zelo: dedicação e cuidados especiais no trabalho; j) Orientação e assistência: prestar todos os esclarecimentos no tocante ao resultado de seus trabalhos, em qualquer época; k) Comportamento ético: forma de se conduzir e agir, procurando por princípio sempre servir de exemplo profissional (HOOG; CARLIN, 2009). 15 Sá (2010) reforça que a pessoa do auditor, quer seja independente ou não, deve ser alguém com profundo equilíbrio e probidade, uma vez que sua opinião influenciará outras pessoas, principalmente em relação a interesses financeiros e comerciais que eventuais acionistas, proprietários, clientes e fornecedores, dentre outros, possam ter. A auditoria em saúde além de atuar como instrumento de controle e avaliação da gestão da saúde, tem como função fiscalizar: as ações e serviços oferecidos; os processos e resultados; as condições de acolhimento; a informação e comunicação em saúde; e, a aplicação dos recursos (COUTINHO, 2011). Auditoria em contas hospitalares Na conta hospitalar levamos em consideração todosos procedimentos médicos realizados ao paciente durante o período de internação hospitalar. De acordo com o sistema de informações da instituição, teremos vários modelos ou ordem de apresentação da conta hospitalar, mas o conteúdo não sofre alterações, afinal serão apresentadas as cobranças de serviços médicos e dos itens que foram utilizados para o tratamento do paciente. Tipo de atendimento, diagnóstico, procedimento principal e procedimentos secundários, tipo de paciente (dados demográficos desse paciente), as regras comerciais acordadas entre o hospital e a operadora do plano de saúde (tabela de preços, existência de pacotes, regras de faturamento e remessa...), a formação dos preços do hospital são itens da conta e que podem variar no modo de exposição, por isso não haver um padrão. 16 Motta (2010) explica que a cobrança de procedimentos médicos pode ser efetuada por qualquer prestador de serviços médicos, credenciado pela operadora de planos de saúde, tanto por prestadores físicos como jurídicos, de acordo com o contrato existente entre as partes. Como prestadores físicos temos os médicos, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e outros, desde que contratados pela operadora e como prestadores jurídicos, os hospitais, clínicas e laboratórios. A conta hospitalar pode ser “desmembrada” e “compactada”. Na conta hospitalar desmembrada o hospital envia as cobranças de cada procedimento realizado separadamente. Para todos os procedimentos médicos realizados são emitidas guias de autorização pela operadora. Na conta hospitalar, propriamente dita, são cobradas as diárias, taxas e os materiais e medicamentos utilizados, entretanto os honorários médicos, SADT (Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico), órteses e próteses e materiais de alto custo não são descritos nessa conta e sim cobrados diretamente pelo serviço responsável pela realização do procedimento, não havendo repasse e pagamento pelo hospital. Na conta hospitalar compactada, o hospital envia todas as cobranças dos procedimentos médicos realizados e demais gastos durante o período de internação. Na cobrança hospitalar estão relacionados os seguintes itens: diárias, taxas, materiais e medicamentos gerais, órteses, próteses, SADT e honorários médicos; com isso o hospital recebe os valores dos serviços prestados e repassa aos que são de direito. Há somente uma ressalva; com relação às órteses e próteses, em muitos casos elas são negociadas em separado devido ao alto custo, não estando, portanto, inclusas na conta compactada (MOTTA, 2010). Existem algumas condutas gerais para a realização da análise das contas hospitalares, geralmente competência da auditoria de enfermagem: 1. Praticar o exercício da profissão de auditoria de enfermagem conforme a legislação específica vigente; 2. Conhecer todos os contratos firmados entre a operadora de planos de saúde e o hospital. Caso os contratos apresentem questões não contempladas na prática, compete à enfermeira auditora comunicar o fato aos respectivos responsáveis pelo 17 serviço a fim de gerar meios para regularizar a situação e beneficiar a empresa em que trabalha; 3. Fazer uma análise geral da conta – verificar diagnóstico, período de internação, tratamento, exames solicitados, autorizações para procedimentos e materiais específicos. Deve-se ressaltar que existem instituições em que o sistema informatizado é muito eficaz, não sendo necessária a verificação desses itens pela auditoria de enfermagem. Os itens devem ser conferidos para conhecimento e entendimento de todo o processo de atendimento prestado ao cliente; 4. Analisar as prescrições médicas dos exames laboratoriais e outros exames diagnósticos, bem como seus resultados; 5. Verificar se a quantidade de materiais e medicamentos cobrada é compatível com a prescrita e anotada no prontuário do paciente; 6. Conferir os valores praticados na cobrança dos materiais e medicamentos em relação aos preços acordados mediante acertos contratuais e tabelas. Lembrando que há instituições que possuem o sistema informatizado eficaz, pois os valores que excedem os acordados são automaticamente corrigidos pelo sistema; 7. Elaborar recursos de glosa1, os quais são feitos pelo hospital que recebeu a glosa, ou seja, quando não há acordo entre as partes no ato da auditoria, os itens não acordados são emitidos por meio de um recurso para a operadora, que vai decidir sobre os seguintes aspectos: A reanálise será permitida. O conhecimento científico, o bom-senso e o trabalho em parceria entre hospital e operadora deve ser uma máxima, desde que sejam respeitados os prazos estabelecidos por ambas as partes. A discussão será sempre pertinente enquanto houver dúvidas; Não infringindo a ética e o respeito acerca do outro profissional, a reanálise pode ser realizada; O prazo para recurso deve estar estipulado em contrato de prestação de serviços ou adendos contratuais. 1 Glosa – nota explicativa, anotação, censura, crítica, cancelamento, supressão, anulação. 18 8. Responder aos recursos de glosa feitos pela auditoria de enfermagem – da operadora de planos de saúde e analisá-los; 9. Controlar o trabalho da auditoria, registrando-o em planilhas ou em outros documentos padronizados pela instituição; 10. Transformar os itens divergentes em temas para orientações contínuas aos profissionais de enfermagem. Para analisar as contas hospitalares, são necessárias algumas ferramentas que permitam a realização de um trabalho com menor incidência de erros. Ferramentas para analisar contas hospitalares Dentre as ferramentas que podem ser utilizadas para a análise das contas hospitalares temos a tabela AMB (Associação Médica Brasileira); contratos e tabelas hospitalares; protocolos; custos hospitalares; Revista Simpro; Revista Brasíndice; Resoluções do COREN, COFEN, CREMESP, CFM; tabelas próprias e tabela CBHPM. Vejamos algumas delas: Tabela AMB A tabela AMB foi elaborada para atender às especialidades médicas, determinar índices mínimos quantitativos para os procedimentos médicos. A sua descrição geral fornece conhecimento aos enfermeiros para que acompanhem e conheçam toda a composição da conta hospitalar, objetivando um trabalho conjunto e bem elaborado entre médicos e enfermeiras A AMB é uma tabela de honorários médicos que tem por finalidade estabelecer os valores dos procedimentos médicos de todas as especialidades por meio de um coeficiente de honorários, mais conhecido como CH. O CH é uma unidade usada para o cálculo dos honorários médicos, ou seja, o CH tem seu valor representado em reais, o qual será multiplicado pela quantidade de CHs determinada para cada procedimento médico da tabela. 19 Tabela própria Existem diversas tabelas de cobranças hospitalares sugeridas no mercado. Cada instituição estabelece e utiliza aquela que acredita trazer maiores benefícios. O interessante seria que as operadoras e hospitais possuíssem suas próprias tabelas negociadas em parceria, sem haver unilateralidade, sendo estabelecidos os preços adequados a ambas as partes. Para a operadora de planos de saúde, a tabela própria, sendo bem estudada e calculada, uniformizaria a cobrança na rede credenciada, não havendo diferenciação nas cobranças, bem como nos pagamentos das contas hospitalares, facilitando o trabalho e o controle dos custos (MOTTA, 2010). Tabela CBHPM – Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos A chamada tabela “hierarquizada” foi idealizada de forma a atender e acompanhar o desenvolvimento da tecnologia no atendimento ao paciente, quantificando os valores dos procedimentos médicos e acompanhando os índices financeiros atuais. De acordo com a Associação Médica Brasileira, a CBHPM é o ordenamentodos métodos e procedimentos existentes tanto no campo terapêutico quanto diagnóstico, estabelecendo portes de acordo com a complexidade, tecnologia e técnicas envolvidas em cada ato. A CBHPM foi elaborada com base em rigorosos estudos desenvolvidos pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo – FIPE e pelas entidades médicas do País, alcançando seu principal objetivo, qual seja, disciplinar o rol de procedimentos, incorporando ainda os recentes avanços tecnológicos, que ampliam a qualidade de atendimento dispensado ao paciente. Anote aí! 20 Apesar de certa dificuldade financeira e administrativa ocasionada pela atual perspectiva do setor, tornou-se inevitável avaliar os processos envolvidos em clínicas e hospitais por meio de uma auditoria em serviços de saúde. Isso porque, para executar um bom planejamento, são necessários tempo e o auxílio de uma série de ferramentas. É neste momento que ela, de fato, entra em cena. Figura 4 – Auditoria hopitalar De forma geral, a realização de auditorias dentro do ambiente hospitalar tem se destacado como o instrumento de gerenciamento e fiscalização mais apropriado às carências da gestão de informação. Ao ajudar o gestor a identificar os erros, os exames fazem com que a instituição favoreça o desenvolvimento de metas que levem em conta a qualidade do atendimento, bem como o custo/benefício. A auditoria em serviços de saúde é executada através de normas técnicas e administrativas, regras de utilização e prestação dos serviços, tabelas de procedimentos e honorários, além de protocolos técnico-científicos que orientam as boas práticas médicas e profissionais. As auditorias hospitalares visam, principalmente: a) Evitar o excesso de oferta e uso inadequado dos serviços; b) Prevenir ou monitorar a má prática; c) Monitorar a qualidade; d) Equilibrar os padrões e os resultados da prestação da assistência; 21 e) Estabelecer regras para o funcionamento e desempenho de serviços terceirizados ou próprios da atenção à saúde. f) Manter a competitividade diante do mercado. Esse tipo de auditoria fiscaliza também os contratos a fim de tomar conhecimento de tudo que foi estabelecido entre as partes. Ela deve respeitar o acordo em contrato entre as partes envolvidas, mantendo assim o equilíbrio dos procedimentos. A auditoria ainda: a) Assegura a qualidade dos serviços oferecidos e prestados pela instituição; b) Aprimora os procedimentos técnicos, administrativos, e éticos dos profissionais da saúde; e ainda corrige falhas e identifica processos críticos que também podem ser ajustados por meio de estratégias de curto e longo prazos. c) Avalia o desempenho do serviço. d) Promove o processo educativo dos profissionais, objetivando o avanço da qualidade do atendimento a um custo compatível com os recursos financeiros da instituição. Sendo assim, a auditoria é um importantíssimo instrumento de gestão, pois contribui diretamente com o destino e aplicação adequados de recursos para a qualidade de todos os serviços e procedimentos oferecidos pela instituição (CALDEIRA, 2019). Gestão da qualidade A gestão da qualidade pode ser definida como qualquer atividade coordenada para dirigir e controlar uma organização, no sentido de possibilitar a melhoria de produtos e/ou serviços. 22 Ela tem como objetivo garantir a completa satisfação das necessidades dos clientes relacionadas ao que é oferecido, ou ainda, à superação de suas expectativas. O modelo de gestão de qualidade começou a ser implantado no Brasil a partir da década de 90. Através dele, as instituições passam a adquirir novas competências, como: a) Aprender novos procedimentos; b) Atitudes diferenciadas; c) Interação mercadológica e com o público interno e externo. Ter uma gestão da qualidade significa ter uma perspectiva contínua de melhoria nos processos que garantem os padrões de excelência definidos pelos órgãos reguladores, além de significar maior aceitabilidade dos serviços pelo paciente e melhoria nos lucros do hospital, sem diminuir a qualidade do serviço prestado. O caminho não é simples. É preciso uma mudança de hábito da instituição, isto é, além do investimento constante em educação e tecnologia, criar uma cultura de inovação e ter uma maior interligação entre as diferentes áreas da instituição, fazendo com que a acreditação seja entendida com mais clareza e os objetivos sejam compreendidos por todos os profissionais. Desse modo, é possível identificar erros e também onde os processos funcionam de maneira mais eficiente. Outra maneira de chegar a um nível de excelência que facilite a obtenção da acreditação hospitalar (que discorreremos adiante) é a etapa de transformação digital em que a instituição está. Uso de processos digitais, como o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), faz com que os dados médicos sejam armazenados de forma otimizada e segurança, ampliando a confiança (MVINFORMÁTICA, 2018). Qualidade em saúde A qualidade em saúde é o conjunto de práticas relacionadas aos cuidados globais comum em todos os âmbitos, desde a prevenção de doenças até a manutenção da qualidade. 23 Para atingir a qualidade em saúde costumam ser necessárias algumas ferramentas de gestão que irão auxiliar a instituição de saúde a conquistar esse objetivo. A qualidade dos serviços, produtos e o controle da gestão em instituições de saúde é um fator fundamental para uma administração hospitalar eficiente que busca atender as necessidades das pessoas. Isso é uma necessidade e a adoção de um sistema de gestão é uma decisão estratégica das organizações. Deve existir uma atenção especial a esse aspecto, pois ele envolve questões legais, econômicas e a necessidade de garantir níveis satisfatórios de segurança na prestação de serviços de saúde. Além disso, a execução de sistemas de gestão de qualidade nos hospitais também é importante para seu desenvolvimento, além de que o uso de suas técnicas facilita a utilização dos recursos. O controle da qualidade deve se concentrar nos processos vitais e em dados úteis para melhorar a qualidade nos serviços de saúde. Os especialistas sugerem que a busca pela qualidade não é uma questão de inspeção, padrões, limiares, nem mesmo uma série de decisões para aceitar ou rejeitar algum colaborador. Pelo contrário, ela é uma busca contínua de pequenas oportunidades que visam reduzir a complexidade desnecessária, o desperdício e o trabalho em vão. Isso permitirá, a partir de alguns métodos: a) Melhoria da qualidade; b) Ascensão à níveis de eficiência; c) Satisfação do paciente; d) Segurança; e) Efetividade clínica; f) Lucratividade (CMTECNOLOGIA, 2018). 24 Tipos de avaliação Um desafio constante para gestores da área é compreender como se efetiva a qualidade e como ela é avaliada na área. Ao constatar que os serviços de saúde só se realizam a partir de uma boa revisão de processos, planejamento, acompanhamento de performance e melhorias constantes, o posicionamento das instituições de saúde passou a ter mais importância. Por outro lado, o gestor deve entender o conceito de qualidade que dirige os processos assistenciais. Figura 5 – Acreditação Hospitalar A acreditação e a certificação ISO são os procedimentos mais comuns de avaliação do nível de qualidade da assistência das instituições de saúde. Porém, tendo em vista as várias transformações tecnológicas em que as organizações foram submetidas, o gestor também deve incentivar o compartilhamento de informações. Acreditação hospitalar 25 A acreditação é um método avaliativo da gestão, ou seja, é uma forma de mensurar e atestar a qualidade da organização e atribuir credibilidade. O objetivo é a melhoria da qualidade assistencial, dos processos internos do hospital e da segurança do paciente.No Brasil, o processo, instrumentos e padrões de qualidade para acreditação são estabelecidos pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). Atualmente existem três tipos de níveis de acreditação para as instituições de Saúde: a) Acreditado: para instituições que atendem aos critérios de segurança do paciente em todas as áreas de atividade, incluindo aspectos estruturais e assistenciais. Válido por dois anos. b) Acreditado Pleno: para instituições que, além de atender aos critérios de segurança, apresentam gestão integrada, com processos ocorrendo de maneira fluida e plena comunicação entre as atividades. Válido por dois anos. c) Acreditado com Excelência: o princípio desse nível é a “excelência em gestão”. Uma organização ou programa de Saúde acreditado com excelência atende aos níveis 1 e 2, além dos requisitos específicos de nível 3. A instituição já deve demonstrar uma cultura organizacional de melhoria contínua, com maturidade institucional. Válido por três anos. Na apresentação do Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar, Negri (BRASIL, 2002, p. 11) ressalta que a missão essencial das instituições hospitalares é atender a seus pacientes da forma mais adequada. Por isso, todo hospital deve preocupar-se com a melhoria permanente da qualidade de sua gestão e assistência, buscando uma integração harmônica das áreas médica, tecnológica, administrativa, econômica, assistencial e, se for o caso, de docência e pesquisa. Uma vez que o incremento de eficiência e eficácia nos processos de gestão é necessário para assegurar uma assistência melhor e mais humanizada à saúde dos seres humanos que procuram os hospitais, necessitados de cuidados e apoio, o Programa de Acreditação Hospitalar é parte importante desse esforço para melhorar a qualidade da assistência prestada pelos hospitais brasileiros. 26 Dentre as vantagens em se usar a metodologia da Acreditação tem-se o gerenciamento das unidades que compõem uma instituição de saúde, o que, por conseguinte, se traduz em qualidade da assistência ao paciente. A acreditação hospitalar é uma estratégia para implementar a qualidade nos serviços de saúde. Anote aí! A organização hospitalar é considerada um sistema complexo, onde as estruturas e os processos são de tal forma interligados, que o funcionamento de um componente interfere em todo o conjunto e no resultado final, sendo assim, neste processo, não se avalia um setor ou departamento isoladamente. O Processo de Acreditação é um método de consenso, racionalização e ordenação das Organizações Prestadoras de Serviços Hospitalares e, principalmente de educação permanente dos seus profissionais. As não conformidades encontradas durante o processo de avaliação podem ser classificadas em não conformidade maior e não conformidade menor. a) A não conformidade maior consiste na ausência ou na incapacidade total da Organização Prestadora de Serviços de Saúde em atender ao requisito do padrão ou à norma como um todo, pode ser gerada também por um grande número de não conformidades “menores”, constatadas durante a avaliação em um único item do padrão ou distribuídas de tal forma que afetem a coerência e funcionamento do sistema, bem como por uma situação que possa, baseada em evidências objetivas disponíveis, gerar dúvidas significativas quanto à qualidade que está sendo fornecida. b) A não conformidade menor consiste na falta de cumprimento de requisitos do sistema da qualidade que o julgamento e/ou experiência da equipe de avaliadores indiquem que provavelmente não implicará em uma “quebra” do sistema de qualidade, ou a uma adequação ou não implantação de parte de um requisito da norma de referência, que é evidenciada pela equipe auditora (BRASIL, 2002). 27 Outras normas de acreditação seriam: Accreditation Canada: orienta e monitora os padrões de alta performance, qualidade e segurança. Focada em três alicerces: governança clínica, medicina baseada em evidência e menos sobrecarga em colaboradores. Foca no entendimento dos processos e eliminação do fluxo de padronização que não gere valor agregado. O resultado é a construção de processos internos de excelência, que reduzam a burocracia e racionalizem o tempo de trabalho. Acreditação Nacional Integrada para Organizações de Saúde (Niaho): possui normatizações no âmbito da segurança assistencial, patrimonial e gestão do corpo clínico, centralizada na obtenção de resultados assistenciais eficazes e eficientes. Entre os seus diferenciais está a abordagem focada em gestão de riscos, ênfase na segurança predial ligada à proteção à vida e à saúde do paciente, planejamento de alta, avaliação rígida do corpo clínico, entre outros. Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS): organização mundial sem fins lucrativos, centralizada na missão de otimizar a prestação de assistência à saúde por meio da tecnologia da informação (TI). Sua acreditação define requisitos mínimos que um hospital deve atender relacionados à maturidade de implementação do prontuário eletrônico. Joint Commission International: é uma organização não governamental norte-americana, nascida em 1994, que atua em mais de 90 países. Seus critérios passam por respeito aos direitos dos pacientes e familiares, alcance de indicadores internacionais de segurança, gerenciamento de fármacos, acesso ao tratamento e continuidade, capacitação dos recursos humanos, além do gerenciamento das informações hospitalares (prontuário) (MVINFORMÁTICA, 2018). Certificação - Normas ISO ISO 9000: é a mais importante rede mundial de institutos de padronização, reunindo entidades de 148 países e representada, no Brasil, pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Possui como principal referência a ISO 9000, um 28 conjunto composto pelas normas ISO 9000, 9001, 9004 e 9011, ligadas às orientações básicas para a implantação dos sistemas de gestão de qualidade, diretrizes para auditorias, controle de riscos, entre outros. OHSAS 18001: define os requisitos mínimos para práticas de excelência em Saúde e segurança ocupacional. Entre os benefícios estão a redução de acidente e doenças de trabalho, maior engajamento dos colaboradores nos processos internos, estímulo às melhorias nas condições de trabalho, redução dos custos com inatividade, melhora no atendimento, além de demonstração de conformidade perante clientes e fornecedores. Enfim, as certificações e acreditações se complementam e são essenciais para que um hospital alcance a excelência na prestação de serviços de Saúde, fortalecendo seu respeito perante os olhos de clientes, fornecedores e colaboradores. 29 Referências BACKES, M. T. S.; et al. Noções de natureza e derivações para a saúde: uma incursão na literatura. Physis, 2010, vol.20, n.3 pp.729-751. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 73312010000300003&lng=en&nrm=iso BONATO, V. L. Programas de qualidade em hospitais do município de São Paulo. São Paulo: Senac, 2003. Disponível em: http://www1.sp.senac.br/hotsites/arquivos_materias/sigas2005/res_17.pdf BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar / Secretaria de Assistência à Saúde. – 3. ed. rev. E atual. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002. CALDEIRA, H. O papel da auditoria em serviços de saúde (2019). 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