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HAM IV - EXAME GENITÁLIA CRIANÇA E ADOLESCENTE, CONSENTIMENTO DO EXAME GENITAL E MARCOS NA PUBERDADE

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1 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Exame genitália criança e adolescente 
 O ginecologista da infância e da adolescência necessita ter 
formação e experiência suficientes para atender as crianças e 
adolescentes com uma visão integral, priorizando não somente a 
medicina curativa, mas também a prevenção, a orientação e a 
educação (JÚNIOR et al., 2021). 
ATENÇÃO: Uma consulta ginecológica malconduzida na infância pode 
gerar um processo de inadequação importante para as futuras 
consultas ginecológicas dessa criança (JÚNIOR et al., 2021). 
CONSULTA GINECOLÓGICA 
↠ O especialista deve estar capacitado para criar uma 
condição favorável ao exame ginecológico, junto à 
paciente e a seus acompanhantes, enfatizando a 
importância deste e tranquilizando-os quanto ao 
procedimento que será realizado (JÚNIOR et al., 2021). 
↠ Deve tentar obter a colaboração dos responsáveis no 
sentido de compreenderem a necessidade do 
acompanhamento ginecológico desde a mais tenra idade. 
Dessa forma, na segunda infância a menina estará 
familiarizada com a rotina do exame e esclarecida sobre 
as modificações de seu corpo como parte natural do 
processo de amadurecimento, desenvolvendo também 
maior responsabilidade pela sua saúde (JÚNIOR et al., 2021). 
↠ O ambiente ideal para o atendimento ginecopediátrico 
necessita ser tranquilo, confortável, agradável, ter 
privacidade e ser adequado à faixa etária. Conversar 
diretamente com a criança no momento de sua chegada, 
recebê-la pelo nome e não se dirigir somente aos adultos 
responsáveis pode estimular a empatia e melhorar a 
relação do profissional com a pequena paciente. A 
anamnese minuciosa será realizada na presença da mãe 
e/ou responsável. No entanto, o questionamento deverá 
ser dirigido à criança e complementado pelas informações 
do acompanhante, principalmente sobre o motivo do 
comparecimento ao consultório (JÚNIOR et al., 2021). 
 Na anamnese da primeira infância muitas vezes a 
comunicação não é verbal e os gestos se revestem de grande valia, 
pois transmitem segurança, confiança e afeto. O esclarecimento sobre 
as etapas do exame a ser realizado é primordial para diminuir a 
ansiedade. Esse conhecimento, transmitido pelo médico, leva a criança 
e a pequena jovem a sentirem-se valorizadas como pessoas, com 
opiniões e expressões próprias (JÚNIOR et al., 2021). 
↠ O exame físico deve ser inicialmente geral e depois 
ginecológico, completo, meticuloso, delicado e 
sistematizado. Meninas nas fases pré-puberal e puberal 
geralmente apresentam maior resistência e se sentem 
mais constrangidas para a realização do exame físico e 
ginecológico. Se possível, deve-se propor que o exame 
clínico seja realizado em uma próxima consulta, caso não 
se trate de uma urgência na qual o exame seja 
imprescindível; pode-se propor também realizar somente 
o exame físico, para ganhar a confiança da pequena 
paciente, e deixar o ginecológico para uma próxima 
oportunidade (JÚNIOR et al., 2021). 
PECULIARIDADES DO EXAME GINECOLÓGICO NAS DIFERENTES 
FAIXAS ETÁRIAS DA CRIANÇA 
RECÉM-NASCIDA OU NEONATA 
↠ Huffman reforça a necessidade de realizar o primeiro 
exame ginecológico ainda na sala de parto pelo 
neonatologista e, eventualmente, pelo ginecologista. A 
observação minuciosa permite detectar precocemente 
não só as malformações como também hérnias gonadais, 
genitália ambígua e tumores (JÚNIOR et al., 2021). 
• Exame clínico geral: nesse momento podem ser 
detectadas anomalias vinculadas ao desenvolvimento 
genital, como nanismo pituitário, transtornos 
tireoidianos congênitos, hiperplasia de suprarrenal, 
entre outros. O diagnóstico precoce de uma afecção 
como a disgenesia gonadal é de suma importância, 
pois existem alterações que podem afetar de modo 
irreversível o futuro da menina 
• Palpação abdominal e da região inguinal: pesquisam-
se principalmente massas tumorais e hérnias na 
região inguinal. Tanto nas neonatas como na primeira 
e segunda infâncias, os tumores são intra-abdominais 
e não intrapélvicos, pela especial configuração da 
cavidade pélvica nessas idades e à localização alta das 
gônadas. A palpação de uma tumoração na região 
hipogástrica obriga o profissional a investigar e comprovar 
a permeabilidade da vagina, descartando a possibilidade de 
um mucocolpo que simule um tumor. A constatação de 
massa pequena e firme na região inguinal deve 
levantar a suspeita de gônada feminina ou masculina 
no interior do saco herniário; nesses casos a 
investigação de distúrbios da diferenciação sexual é 
obrigatória. 
• Exames das mamas: a mais frequente causa de 
consulta é a presença de intumescimento dos brotos 
mamários. À expressão da glândula, pode estar 
presente uma secreção constituída por uma mistura 
de colostro e leite, denominada comumente “leite de 
bruxa”. Nenhuma manobra, como massagens ou 
extração manual, deve ser realizada. Esse efeito 
desaparece entre 15-20 dias, mas o botão mamário 
pode persistir até 2 anos de idade sem ser patológico. 
Deve-se observar o número de glândulas e papilas 
mamárias. A anomalia congênita mais frequente nessa 
faixa etária é a politelia. 
2 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
• Exame ginecológico: A neonata não oferece 
resistência ao exame; é uma cliente passiva e fácil de 
ser avaliada. Deve-se colocar a paciente em decúbito 
dorsal sobre a mesa ginecológica, ou no colo da mãe, 
e manter suas pernas em abdução (posição de rã), 
com os joelhos flexionados, bem separados, e a 
perna apoiada na cama. O aspecto da genitália 
externa apresentará variações que dependem do 
estado nutricional da pequena menina e do tempo de 
gestação. À inspeção da vulva, afastar as 
malformações congênitas como duplicação vulvar, 
prolapsos vaginais, prolapsos uterinos, agenesia vulvar 
e cisto do seio urogenital. Os prolapsos uterinos são 
raros, mas podem estar associados com 
meningocele. Diante de uma dessas patologias, 
sempre suspeitar de malformações dos genitais 
internos ou do trato urinário, bem como de espinha 
bífida. 
 
Principais características da genitália da recém-nascida 
• Grandes lábios: em dois terços dos casos, 
encobrem parcial ou totalmente as ninfas. 
Geralmente são volumosos, congestos e 
hipercrômicos e diminuem gradativamente, 
adquirindo seu aspecto definitivo na segunda 
infância. Na criança pós-matura ou pequena para 
a idade gestacional, a vulva é semelhante à das 
mulheres na senilidade (vulva senil neonatal). Nas 
apresentações pélvicas, é comum edema e/ou 
infusão hemorrágica dos grandes lábios, que 
desaparece nas primeiras 72 horas e não exige 
tratamento. Os edemas volumosos de grandes 
lábios são raros; quando ocorrem, podem 
determinar uma compressão periuretral e, 
consequentemente, disúria ou anúria. 
• Pequenos lábios: geralmente se encontram 
espessos no primeiro mês e se tornam mais 
finos na infância. Nas prematuras, os pequenos 
lábios são comparativamente mais 
desenvolvidos que os grandes lábios e pode-se 
observar aumento do clitóris. É frequente 
observar acúmulo de vérnix entre os grandes e 
os pequenos lábios. O vérnix permanece durante 
muitos dias: é um elemento de formação tardia no período 
gestacional. 
• Clitóris: na recém-nascida, é relativamente 
grande quando comparado às outras estruturas 
vulvares; em média tem entre 0,5-2 cm de 
comprimento por 0,3-0,9 cm de largura. Nos casos 
de hipertrofia de clitóris, deve-se realizar o diagnóstico 
diferencial entre hiperplasia de suprarrenal, uso de 
hormônios virilizantes pela mãe no primeiro trimestre da 
gravidez e tumor materno, como o arrenoblastoma. 
• Hímen: oclui aparentemente o introito vaginal. É 
relativamente espesso e proeminente; 
geralmente tem 0,4 cm de diâmetro e pode ser 
de difícil visualização pelo ingurgitamento e 
edema consequente ao alto teor hormonal a 
que a criança está submetida durante esse 
período. Na presença de dois orifícios himenais,deve-se 
descartar a existência de uma vagina dupla. A imperfuração 
himenal é excepcionalmente detectada nessa fase da vida; 
quando diagnosticada, a hipótese de agenesia vaginal tem 
de ser afastada. Pode-se observar pólipos himenais, sem 
importância patológica; geralmente involuem após os 
hormônios maternos serem eliminados. 
 
O hímen pode ser: (SILVA) 
✓ Anular: circular ocupando todo o contorno no intróito 
vaginal (é o mais frequentemente visto). 
✓ Rim posterior: ocupa apenas a porção posterior do intróito. 
✓ Redundante: apresenta mucosa excedente que pode 
dificultar a visualização do intróito vaginal. 
✓ Cribiforme: com microperfuração em toda a sua superfície, 
não impedindo mas dificultando a saída do fluxo menstrual. 
✓ Septado: pérvio, porém com uma trave de tecido 
geralmente longitudinal. 
✓ Imperfurado: Intróito vaginal obstruído por uma membrana 
himenal contínua, impedindo completamente a passagem 
do fluxo menstrual. 
Genitália externa feminina de criança. 
3 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
 
• Meato uretral: é uma estrutura de difícil 
visualização. Pode estar encoberto por vérnix ou 
ser confundido com as dobras himenais. 
• Vagina: tem 4-4,5 cm de profundidade e sua 
mucosa é róseo-pálida, hiperplásica e apresenta 
conteúdo mucoide aumentado. As paredes têm 
pregas longitudinais na parte inferior e circulares 
na superior; os fundos de saco ainda não estão 
formados. Diante de uma genitália ambígua, é 
necessária a exploração da vagina; sua 
permeabilidade pode ser comprovada 
introduzindo-se uma sonda de nelaton n. 8 ou 
uma vela de Hegar n. 4 através do orifício 
himenal. A presença de mecônio na vagina pode 
sugerir uma fístula retovaginal 
 
• Exame retoabdominal: raramente utilizado; há 
condições de obter informações sobre os 
órgãos genitais internos por meio da 
ultrassonografia pélvica e/ou transperineal. 
Indicado nos casos de anomalias dos órgãos 
genitais externos ou suspeita de tumor. 
 Na neonata, o útero mede aproximadamente 3,5-4 cm; logo 
diminui para 2,5 cm de comprimento e para apenas 0,5 cm de largura, 
mantendo-se assim até a segunda infância. Os ovários raramente são 
palpáveis; medem 0,5-1,5 cm de comprimento por 0,3-0,4 cm de 
largura (JÚNIOR et al., 2021). 
• Exame especular e colpovirgoscopia: há 
indicação nos casos de perda sanguínea por via 
vaginal. O instrumento utilizado deve ser o mais 
suave possível e o exame, realizado sob narcose. 
Utiliza-se: otoscópio infantil ou colpovirgoscópio 
de Bicalho ou histeroscópio. 
“CRISE GENITAL” DA RECÉM-NASCIDA 
Definida como o conjunto de elementos semiológicos que engloba 
edema vulvar, leucorreia, ingurgitamento mamário e/ou hemorragia 
genital. A hemorragia genital ocorre em 5-10% dos casos; aparece 
entre o 2º e o 5º dia após o nascimento e tem a duração de 2-3 dias. 
O fluxo geralmente é de pequena intensidade, mas às vezes adquire 
as características de uma hemorragia moderada (JÚNIOR et al., 2021). 
A causa desse sangramento é a descamação das células hipertrofiadas 
e hiperplásicas da endocérvice, que ocorre devido à diminuição dos 
hormônios placentários circulantes. O endométrio tem baixa 
sensibilidade aos hormônios nessa fase; é discutida sua participação na 
“hemorragia” (JÚNIOR et al., 2021). 
A crise genital é fisiológica, não existe tratamento e a regressão é 
espontânea. Caso dure mais de 6 dias, deve-se investigar, uma vez 
que pode ser o primeiro sinal de um tumor cervical ou vaginal (JÚNIOR 
et al., 2021). 
 Durante esta inspeção pode-se encontrar a genitália bastante 
ingurgitada, com pequenos e grande lábios proeminentes, é a 
chamada “Crise genital”. Isso ocorre em resposta aos esteróides 
sexuais maternos que chegam até o feto ainda no intra-útero, em 
questão de poucos dias estas características de intumescimento 
desaparecem. Assim como a vulva, as mamas podem exibir sinais de 
ação hormonal, podendo ser identificado broto mamário uni ou 
bilateral, mas que também tende a desaparecer em alguns dias 
(SILVA). 
INFÂNCIA 
↠ Segundo Sanfilippo, parece adequado que todos os 
provedores de assistência pediátrica primária incluam um 
exame genital, educacional, detalhado, a cada exame físico 
anual. Nessa faixa etária, primeira e segunda infâncias, é 
imprescindível explicar à criança como o exame será 
realizado; a atitude médica é de grande importância nesse 
momento. É preciso escutar sempre a criança e acreditar 
no que ela diz sentir; ter muito cuidado para não permitir 
que o adulto “fale pela paciente”. O diálogo com a mãe 
ou acompanhante será estabelecido posteriormente 
(JÚNIOR et al., 2021). 
 As queixas mais frequentes nesse período são: 
corrimento vaginal, hiperemia e prurido vulvar, suspeita de violência 
sexual, dor abdominal, perda sanguínea por via vaginal, crescimento 
prematuro das mamas e/ou dos pelos pubianos, massas abdominais, 
coalescência de pequenos lábios, disúria e anomalias dos genitais 
(JÚNIOR et al., 2021). 
↠ Durante a anamnese, deve-se avaliar as condições do 
parto, doenças recentes (respiratória, intestinal) e o uso 
de antibióticos. Essas informações poderão ajudar a 
determinar a etiologia dos processos inflamatórios 
vulvovaginais. Jamais efetuar um exame à força, o que 
pode gerar forte rejeição a uma segunda consulta e 
acarretar consequências futuras no relacionamento sexual 
(JÚNIOR et al., 2021). 
Formas himenais. A: Hímen anular; B: Hímen septado; C: Hímen 
cribiforme. 
4 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 Para as meninas entre 7-10 anos, a boa conduta é 
solicitar sua colaboração durante o procedimento; elas se sentirão úteis 
e se distrairão. É muito raro o profissional não conseguir vencer a 
resistência da minicliente e realizar, na primeira consulta, tanto o exame 
da genitália como a coleta do conteúdo vaginal, quando necessário 
(JÚNIOR et al., 2021). 
• Exame físico geral: geralmente, na primeira infância, 
até os 3-4 anos, a menina é levada pelo profissional 
ao exame sem resistência. Em qualquer idade, deve-
se sempre deixar a pequena paciente com uma bata 
e lençol, e examinar seu corpo por partes. Certas 
anomalias observadas no período neonatal tendem a 
se manifestar com maior nitidez durante o 
desenvolvimento da menina, particularmente os 
estigmas das disgenesias gonadais. 
• Exame das mamas: sua realização na criança é muito 
simples, pois ela ainda não recebeu o estímulo 
hormonal. Pode-se constatar: anomalias congênitas, 
desenvolvimento prematuro das mamas (telarca 
precoce), nódulos, crescimento unilateral e/ou 
bilateral assimétrico. Deve-se estabelecer a 
correlação cronológica, obedecendo aos 5 estágios 
de Tanner. Se possível, medir as mamas para um 
futuro acompanhamento. As mensurações são 
realizadas a partir da linha axilar anterior até a papila 
e desta até o sulco mamário inferior. 
• Exame abdominal: deve-se palpar com suavidade 
procurando os pontos dolorosos. A palpação de 
tumores intraperitoneais, particularmente dos ovários, 
fica relativamente facilitada, pois eles não conseguem 
alojar-se na cavidade pélvica nessa faixa etária e são 
deslocados para o interior da cavidade abdominal. 
Verificar a presença de hérnias inguinais. 
• Exame ginecológico: Huffman recomenda não 
ter pressa para iniciar o exame. Uma forma de 
temor expressada particularmente pela família 
relaciona-se com o risco de ocorrer lesão da 
membrana himenal. O ginecologista deve 
adiantar-se em relação a essa preocupação; 
sempre mostrar ao responsável pela criança o 
orifício himenal por onde será realizada, se 
necessário, a coleta do conteúdo vaginal. Colocar 
a minipaciente em posição ginecológica: 
decúbito dorsal com as pernas separadas e 
flexionadas. Para a inspeção da vulva, segura-se 
parte dos grandes lábios com o polegar e o 
indicador, tracionando-os para a frente e 
ligeiramente para fora. A separação dos grandes 
lábios pode serrealizada pela própria paciente, 
caso ela não permita ser tocada. Com a queda 
dos estrógenos maternos circulantes, que 
ocorre entre o 10º e o 30º dia pós-natal, a vulva 
adquire características próprias, que se mantêm 
até os 7-8 anos, quando começam a aparecer 
os primeiros sinais de maturação sexual. Durante 
essa época, denominada “repouso genital”, as 
estruturas vulvares sofrem poucas alterações; a 
pele e a mucosa são delgadas e toda a área 
vulvar é mais seca, pois nessa idade não existe 
conteúdo vaginal fisiológico. Caso haja sinais de 
amadurecimento sexual, como turgência de 
grandes e pequenos lábios, presença de pelos 
pubianos e introito vaginal de coloração mais 
avermelhada e úmida, pode-se suspeitar de 
fonte estrogênica endógena (puberdade 
precoce, tumor de suprarrenal) ou exógena 
(iatrogênica, uso de cremes com estrogênio ou 
androgênio, ingestão de anabólicos). 
Principais características da genitália na infância 
• Grandes lábios: são finos, possuem escasso 
tecido adiposo subcutâneo e sua espessura 
depende do estado nutricional da menina. 
• Pequenos lábios: são delgados e não protegem 
o vestíbulo das infecções externas. 
• Clitóris: apresenta-se bem menor do que ao 
nascimento, e sua glande começa a ser 
visualizada. Pequenas hipertrofias podem ter 
causa idiopática. 
• Meato uretral: visível, encontra-se mais afastado 
do orifício himenal do que na neonata. 
• Hímen: membrana de espessura variável, com 
um orifício geralmente central e circular, de 0,5 
cm de diâmetro. Entre 7-9 anos, mede cerca de 
0,7 cm, e, na pré-menarca, 1 cm. O modo como 
ele se apresenta deve ser descrito no 
prontuário. 
• Vagina: a mucosa do introito vaginal é rósea, o 
epitélio é delgado e permite a visualização da 
vascularização. É importante essa observação, 
pois um examinador pouco experiente pode 
interpretá-la como vulvite. Do nascimento até 7-
8 anos de idade, a vagina aumenta 1 cm no 
comprimento, chegando a 5 cm; pode ter 8 cm 
aos 10 anos, e, com o começo da atividade 
ovariana, no momento da menarca, chega a 
medir 11,5 cm, à custa do fundo de saco 
posterior, que é o primeiro a se desenvolver. A 
vagina é o primeiro órgão que responde ao 
estímulo hormonal; após 8-9 anos, torna-se 
elástica e o conteúdo vaginal aparece pelo início 
da ação estrogênica. 
5 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
• Exame retoabdominal: se necessário, realizar 
sob narcose e com o consentimento da 
paciente; pode ser substituído pela ecografia 
pélvica e/ou transperineal. É útil no diagnóstico 
diferencial entre imperfuração himenal e 
agenesia parcial ou total da vagina, assim como 
para detectar um corpo estranho endovaginal. 
 O útero mede cerca de 3 cm de comprimento, sendo dois 
terços de colo. A relação colo-corpo uterino é de 2:1 na infância, 
passando para 1:1 até os 10 anos; aos 13 anos, é de 1:2 (JÚNIOR et al., 
2021). 
• Exame especular e colpovirgoscopia: só realizar 
nos casos de perdas sanguíneas por via vaginal 
a esclarecer, corpo estranho, traumatismos e 
suspeita de tumor. 
 Nessa faixa etária, após os exames físico e ginecológico, 
o médico deve discutir a sintomatologia e os achados do exame com 
a criança e o responsável que a acompanha (JÚNIOR et al., 2021). 
ADOLESCÊNCIA 
↠ Um dos maiores objetivos a serem alcançados pelo 
profissional é conseguir que a adolescente se sinta 
responsável pela própria saúde, de forma integral. A 
atitude médica variará de acordo com as múltiplas 
circunstâncias, pois a fase da adolescência abrange 
mudanças bem notórias entre a primeira etapa (10-14 
anos) – a puberal – e a posterior – a adolescência tardia 
(15-19 anos) (JÚNIOR et al., 2021). 
↠ Geralmente na etapa puberal as meninas 
comparecem à consulta acompanhadas pela mãe ou um 
responsável. Já as “adolescentes tardias” menos 
frequentemente se apresentam acompanhadas (JÚNIOR 
et al., 2021). 
↠ Quando as mães estão presentes, o diálogo se torna 
mais difícil. Na medida do possível, deve-se afastar a 
acompanhante da sala; haverá um grande enriquecimento 
no relacionamento médico-paciente. Mas a presença ou 
não da mãe durante a consulta e o exame ginecológico 
ficarão a critério da paciente (JÚNIOR et al., 2021). 
 Durante o atendimento, orientar sobre a fisiologia do 
aparelho genital e a higiene corporal. Na consulta de adolescentes 
tardias, também orientar sobre condutas sexuais e a utilização de 
métodos contraceptivos (JÚNIOR et al., 2021). 
• Exame físico geral: avaliar dados antropométricos, 
estado geral, presença de hirsutismo e as fases de 
desenvolvimento das mamas e dos pelos pubianos 
(critérios de Tanner). 
• Exame das mamas: observar o desenvolvimento das 
mamas, número de glândulas mamárias e papilas e 
eventuais deformidades. A palpação tem a finalidade 
de pesquisar eventuais nódulos, e a assimetria 
mamária, se presente, será avaliada medindo-se as 
mamas. 
• Exame abdominal: as técnicas para o exame 
abdominal não diferem das utilizadas no período da 
infância; procurar áreas dolorosas, hérnias ou massas 
tumorais. 
• Exame ginecológico: colocar as pacientes em 
decúbito dorsal, na mesa ginecológica, com as pernas 
flexionadas e apoiadas. Pode-se utilizar foco luminoso 
com espelho, que permitirá à paciente acompanhar 
as etapas do exame, ouvindo as explicações do 
profissional. 
Principais características da genitália na adolescência 
• Grandes lábios: como o restante do aparelho 
genital externo, os grandes lábios estão sujeitos 
às variações endócrinas do ovário. A 
turgescência, a cor e a umidade dessas 
estruturas constituem um índice de 
funcionamento desse órgão. 
• Pequenos lábios: pequenos ou hipertróficos ou 
assimétricos, sem significado clínico. 
• Clitóris: segundo Huffman, a glande da menina 
entre 11-15 anos de idade não passa de 3 × 3 
mm, e nas jovens entre 15-19 anos mede 5 × 5 
mm. Na presença de hipertrofia do clitóris deve-
se pensar em uma fonte androgênica. Os 
tumores virilizantes ovarianos são raros na 
puberdade, sendo a suprarrenal a causa mais 
frequente da estimulação virilizante. Uma glande 
de 10 mm já é considerada uma virilização 
importante. 
• Hímen: observar a integridade e a coloração. Os 
himens imperfurados requerem uma 
himenotomia simples antes da menarca e os 
tipos puntiformes, cribiforme e septado ou 
bifenestrado, antes do contato sexual. Muitas 
vezes, é no momento do exame da genitália 
que a adolescente admite ao médico que tem 
vida sexual. Caso o hímen esteja roto mas a 
cliente não o refira, o exame deve ser realizado 
como se ela fosse virgem. Ao médico não cabe 
o papel de “mostrar quem é que está certo” ou 
que “não está enganado”. Essa observação deve 
ser colocada no prontuário. 
• Vagina: sua permeabilidade pode ser 
comprovada por um estilete de ponta romba ou 
6 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
sonda Nelaton n. 4 ou 6, ou por um 
histerômetro. Posteriormente, procede-se à 
coleta do conteúdo vaginal para citologia, exame 
a fresco e bacterioscopia pelo Gram. A vagina é 
rosada e úmida na puberdade; chega a 11,5 cm 
de comprimento, e nessa época se forma o 
fundo de saco posterior. Após a adolescência, 
aparecem os fundos de saco anterior e laterais.2 
• Exame especular: na pós-menarca, a escolha do 
instrumental vai depender da integridade ou não 
do hímen. Quando está íntegro e o exame 
especular é necessário, pode-se utilizar o 
colpovirgoscópio de Bicalho; se a paciente já 
tem atividade sexual, o espéculo indicado é o de 
Collins pequeno ou o de Huffman, que mede 11 
cm de comprimento, e valvas de 1 cm de largura. 
Observar as características do colo, a presença 
de ectrópio, cistos de Naboth e proceder à 
coleta para o exame citológico de Papanicolau. 
• Toque retal ou vaginal/abdominal: avaliar as 
condições dos órgãos genitais internos, suas 
características e eventuais patologias. O toque 
retal, se necessário, só deve ser realizadocom 
o consentimento da paciente, e praticamente é 
substituído pela ecografia pélvica e/ou 
transperineal ou transvaginal. O útero, após os 6-
7 anos, começa seu crescimento à custa do 
miométrio. Aos 10 anos, corpo e colo 
apresentam os mesmos diâmetros, 
reconhecidos ao toque como cordão mediano, 
longitudinal, sem angulação. Após a menarca, 
útero, tubas e ovários ocupam a cavidade 
pélvica. 
 Depois dos exames físico e ginecológico, quando a paciente 
retorna à sala de entrevista, o médico deve discutir a sintomatologia e 
os achados do exame, com detalhes. Se a mãe a acompanha, deve 
ser perguntado à paciente se ela permite ou não que os assuntos 
sejam discutidos na sua presença. É extremamente importante para 
a paciente que as informações confidenciais não sejam divulgadas à 
mãe (JÚNIOR et al., 2021). 
 Ao abordar a criança com idade superior a dois anos, 
além do consentimento do responsável, que a trás à consulta, deve 
haver também o consentimento da criança. O uso da força para a 
realização do exame físico não deve ser empregado, pois nesta idade 
a criança já guarda na memória o episódio ocorrido e cada consulta 
será um trauma (SILVA). 
Marcos na puberdade 
↠ O desenvolvimento dos caracteres sexuais 
secundários deverá se iniciar a partir dos 8 anos de idade. 
Estão incluídos neste desenvolvimento: as mamas, os 
pêlos pubianos e axilares, distribuição de gorduras com 
deposição em quadris e coxas e o estirão de crescimento 
(SILVA). 
 Segundo Speroff, o desenvolvimento puberal segue uma ordem 
cronológica determinada, que pode apresentar variações ainda assim 
consideradas normais. A telarca, ou desenvolvimento das mamas 
costuma ser o primeiro evento, seguido da adrenarca (início da 
esteroidogênese adrenal, predominantemente de androgênios) que é 
concomitante à pubarca, que é o desenvolvimento dos pêlos pubianos 
(e axilares). O estirão de crescimento tem início simultâneo a este 
processo, desde o início da produção de estrogênios, mas o pico da 
velocidade de crescimento vai ocorrer cerca de 2 a 3 anos após a 
telarca, chegando a 10cm/ano (SILVA). 
 
CRITÉRIOS DE TANNER 
A sequência de eventos que caracterizam a maturação sexual tende 
a ser mais precoce no sexo feminino e se completa em um período 
de 2 a 5 anos. Nas meninas, esse processo tem início com o 
aparecimento do broto mamário, entre os 8 e os 13 anos de idade 
(PORTO, 2021). 
No sexo masculino, o primeiro indício de maturação sexual é o 
aumento dos testículos, que se dá em média aos 10,9 anos, podendo 
ocorrer entre os 9 e os 14 anos de idade. Esse evento é seguido pelo 
aparecimento de pelos pubianos, em média aos 11,9 anos, e pelo 
aumento do tamanho do pênis (PORTO, 2021). 
A sequência desses eventos foi estudada por Tanner e Marshall, que 
os classificaram em cinco etapas (estágios de Tanner) (PORTO, 2021). 
 O desenvolvimento de mamas e pêlos ocorre segundo já 
padronizado nas pranchas de Tanner-Marshall, sendo classificado de M1 
a M5 para mamas e de P1 a P5 para pelos (SILVA). 
✓ M1= ausência completa de desenvolvimento mamário. 
✓ M2= broto mamário (tecido glandular limitado à área retro-
areolar da mama). 
✓ M3= tecido glandular que extravasa os limites da aréola, de 
volumes variáveis. Os contornos mamários superior e 
inferior são arredondados. 
✓ M4= caracterizado pela presença de “degrau” entre o 
tecido mamário e a aréola, como se esta última estivesse 
sobreposta à mama. 
✓ M5= Mama adulta, já sem o aspecto de sobreposição 
areolar presente no M4, sendo o contorno superior da 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
mama mais retificado e a aréola mais pigmentada. O volume 
é variável, e em casos de mamas pequenas pode se 
confundir com M3, sendo diferenciada desta principalmente 
pelo formato. 
 
✓ P1= ausência completa de pêlos pubianos 
✓ P2= pêlos mais escuros e grossos, lisos ou encaracolados 
em região de fenda vulvar. 
✓ P3= pêlos se estendem até o monte púbico, sem assumir 
ainda formato triangular de distribuição de pêlos. 
✓ P4= pêlos assumem distribuição triangular. 
✓ P5= pêlos se estendem em direção às raízes das coxas, 
sem entretanto extravasar destas regiões. 
 
SEXO FEMININO 
 
 
SEXO MASCULINO 
 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
 Aproveitar o momento após o exame físico e 
esclarecer sobre o uso de preservativo (masculino e feminino) e dos 
contraceptivos para a prevenção de gravidez e infecções 
sexualmente transmissíveis (IST)/aids, enfatizando a dupla proteção 
(uso do preservativo associado a outro método contraceptivo). Para 
adolescentes que já iniciaram atividades sexuais, ou apresentaram 
algum problema geniturinário, ressaltar a higiene, o autocuidado e a 
prevenção de IST e gravidez (AZEVEDO et. al., 2019). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
JÚNIOR, Dioclécio C.; BURNS, Dennis Alexander R.; LOPEZ, 
Fábio A. Tratado de pediatria. v.2. Editora Manole, 2021. 
SILVA, A. C. J. S. R. Semiologia em ginecologia na criança 
e na adolescente. 
AZEVEDO et. al. Consulta do adolescente: abordagem 
clínica, orientações éticas e legais como instrumentos ao 
pediatra. Sociedade Brasileira de Pediatria, n. 10, 2019. 
PORTO, C. C. Semiologia médica, 8ª edição – Rio de 
Janeiro; Guanabara Koogan, 2021. 
 
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