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Problemas de saúde autolimitados

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR EM SAÚDE
CAMPUS ANÍSIO TEIXEIRA
Componente curricular: IMSA99 Semiologia
Docente: Profª. Jéssica Moreno
Discentes: Camila Oliveira Nogueira 
	
PROBLEMAS DE SAÚDE AUTOLIMITADOS
Os problemas de saúde autolimitados, também conhecidos por transtornos menores, são enfermidades agudas, de baixa gravidade e de breve período de tempo. Podem ser tratados de forma eficaz e segura com medicamentos e outros produtos com finalidade terapêutica, cuja dispensação não exija prescrição médica. Os farmacêuticos devem orientar o paciente e acompanhar os resultados da terapia prescrita ou do encaminhamento, para certificar-se da adesão às intervenções realizadas e resolução do problema de saúde.
Exemplos de problemas autolimitados são: aftas bucais, candidíase, constipação intestinal, dermatite, diarreia, hemorroidas, pediculose e gripe.
1. Considerando que, uma paciente jovem, 28 anos, sexo feminino, refere não apresentar doenças crônicas, iniciou um quadro de: tosse, espirro e coriza.
- Descreva o passo a passo do exame físico para esta paciente;
Resposta: Será realizado um exame físico do sistema respiratório, constituído de inspeção, palpação, percussão e ausculta. É importante olhar o formato do tórax: caso seja pectus excavatum pode levar a falta de ar, fadigou e problemas circulatórios. Observar, também, presença de lesões, cicatrizes, ferimentos e expansibilidade do tórax. Deve ser obsevada a simetria do nariz, presença de deformidaades, presença de inflamações, desvio de septo e oclusão (para isso, pode ser tampado as narinas individulmente). Posteriormente, averiguar a presença de amigdalite de origem bacteriana ou viral. Apesar dos sintomas não serem exatamente de pneumotórax e derrame pleural, pode ser feita a palpação da traqueia para avaliar posição, mobilidade, a linha média e desvio. Outra inspeção muito importante são dos dedos: a presença de braquetamento digital é um indicativo de doenças pulmonares. Já a palpação do tórax permite avalior o frêmito vocal: quando aumentado, pode indicar presença de líquidos e condensação; quando diminuído pode ser indicativo de pneumotórax e derrame pleural. Caminhando para a finalização do exame físico pode ser feita a ausculta e percussão do tórax. A percussão permite avaliar se o som está normal, timpânico (com grande quantidade de ar) ou submaciço (presença de líquido). Por fim, a ausculta também irá avaliar o sons ouvidos que podem ser normais (brônquico, murmúrio vesicular ou broncovesicular) ou anormais (ruídos adventícios). 
- Quais perguntas poderão ser norteadoras para uma conduta clínica?
· Há quanto o tempo, com que frequência e qual duração dos sintomas?: Se for superior a 10 dias, precisa de tratamento farmacológico.
· Quais as características dos sinais/sintomas?: Averiguar a presença de espirros acompanhados de rinorreia aquosa, lacrimejamento e coceira nasal persistente.
· Qual a intensidade do sintoma?: Verificar se o paciente está sendo impedido ou tendo dificuldade de realizar suas atividades diárias.
· Em qual ambiente/situação ocorre?: Analisar se a poluição externa ou outra situação (inalação de alguma susbtância, por exemplo) piora o quadro.
· Existe fatores que pioram ou aliviam seus sintomas?: O tabaco, por exemplo, é um agravante, assim como a presença de corpo estranho nas vias aéreas.
· Além dos sintomas relatados, existem outros?: Avaliar a presença e característica da secreção, dores de cabeça, dor “no peito”, dor na garganta, dor no ouvido, dor na face, febre alta, halitose, entre outros.
· Tem alguma condição de saúde que pode piorar o quadro?: Averificar presença de asma, DPOC, entre outros.
· Faz uso de outros medicamentos? Quais?: Verificar uso crônico de descongestionantes nasais ou outros medicamentos que podem agravar o quadro.
- Identifique prováveis diagnósticos a partir do exame realizado;
Resposta: Considerando os sintomas, a hipótese diagnóstica é de gripe, já que dentre seus sintomas estão a coriza, tosse e espirro.
2. Existem diversas formas de cefaleia e para o tratamento específico, é necessário identificar a localização da dor. Defina em que região da cabeça é mais comum de se apresentar e quais as características diferenciais entre elas?:
1- Enxaqueca: Também chamada de migrânea, a enxaqueca se carateriza por crises repetidas de dor de cabeça com frequência variável. Seu mecanismo fisiopatogênico é uma dilatação das artérias cranianas, por isso, medidas que diminuem o aporte sanguíneo para o segmento cefálico são efetivas. Ela pode ser dividida em enxaqueca com aura ou sem aura. A enxaqueca sem aura tem localização unilateral, sua intensidade é de moderada a forte, caráter pulsátil e piora com atividades físicas rotineiras. Já a enxaqueca com aura é caracteriada por sintomas ou sinais neurológicos focais transitórios. 
2- Dor tensional: É caracterizada como uma dor de qualidade não pulsátil, em aperto ou pressão, geralmente bilateral, de intensidade leve a moderada e que não piora com atividade física. Alguns pacientes relatam uma sensação de aperto na cabeça. Envolve vários fatores, mas o estresse é apontado por algumas referências como o principal fator desencadeante. 
3- Cefaleia por sinusite: A sinusite provoca dor devido a obstrução os canais que conectam os seios nasais ao nariz, impedindo a circulação normal do ar e do muco. Isso pode causar pressão e dor na cabeça, especialmente nas áreas adjacentes aos seios inflamados. Essa dor é frequentemente agravada ao inclinar a cabeça ou ao se inclinar para a frente, o que aumenta a pressão nos seios da face. Geralmente afeta testa, as maçãs do rosto e área ao redor dos olhos, enquanto que as outras dores de cabeça podem afetar a parte de trás da cabeça e do pescoço. Pode ser acompanhada por dor facial, congestão nasal e coriza.
4- Cefaleia comum: É uma dor em qualquer parte da cabeça, inclusive no couro cabeludo, pescoço, face e interior da cabeça, não causada por outros problemas. É uma condição muito comum, em todas as faixas etárias. 
3. Nem todos os pacientes com sintomas respiratórios poderão ser tratados em farmácias comunitárias. Apresente sinais e sintomas que, caso presentes, deverão ser encaminhados para o profissional médico.
Resposta: Casos em que os espirros e congestão nasal durem mais que 10 dias; tosse que dure mais de 3 semanas; espirros que sejam acompanhados de rinorreia aquosa, lacrimejamento e prurido nasal persistente; tosse noturna recorrente ou tosse seca que piora ao deitar; quando os sintomas estão intensos ao ponto de impedir a realização das atividades diárias; tabagistas que estejam tossindo por mais de 14 dias; presença de corpo estranho nas vias aéreas; tosse com secreção excessiva (aspecto purulento, fétido e/ou com sangue e com coloração amarelada, esverdeada ou marrom) e/ou persistente por mais de 14 dias; presença de dispneia; sensação de aperto no peito; sibilância; dor de garganta moderada a grave; febre acima de 38ºC por mais de 24 horas; artralgia; dor de ouvido; otorreia; redução da audição e/ou tontura; dor facial grave ou moderada que pioram com a movimentação da cabeça; halitose; dor de cabeça por mais de 15 dias; casos em que os pacientes sejam crianças menores de 2 anos, gestantes ou lactantes e idosos frágeis; pacientes que tenham asma, DPOC, insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, taquipneia ou dor torácica; pacientes com histórico de uso contínuo de medicamentos que possam causar tosse, descongestionantes nasais, entre outros. 
4. Embora seja muito comum e amplamente diagnosticada em todo o mundo, a definição de diarreia nem sempre é conhecida, o que pode modificar condutas e prognósticos.
De que forma é feito o diagnóstico da diarréia? E quais os sinais de alerta para esse problema?
Resposta: A diarreia pode estar presente em várias doenças, mas sua definição é o aumento do volume, da frequência e da fluidez das evacuações, sendo mais importante considerar a alteração do ritmo evacuatório habitual quanto à consistência e o número deevacuações. A diarréia é considerada aguda quando perdura por até quatorze dias. Se o quadro perpetuar por um período maior a síndrome clínica passa a ser considerada persistente. O diagnóstico é diferenciado a partir do 14° dia, pois estudos observaram que a taxa de mortalidade em crianças sobe significantemente quando a duração da manifestação clínica é maior do que duas semanas. A diarréia passa a ser crônica quando o quadro persiste por mais de quatro semanas, sendo que essa distinção é apenas conceitual.
O diagnóstico baseia-se na anamnese do paciente, onde ocorre a confirmação da alteração dos hábitos intestinais e são relatados alguns dos sinais e sintomas, entre eles cólica, flatulência, dor abdominal, náuseas, vômito, febre, inchaço e distensão; e no exame físico pelo qual se pode evidenciar indícios de desidratação e abalo do estado geral, como fraqueza e palidez. Vale ressaltar que para determinar o agente causador da diarreia é necessário a cultura e o exame parasitológico.
Devem ser encaminhados ao médico pacientes com diarréia crônica ou persistente; paciente menores de 3 anos, pois a desidratação pode ser extremamente prejudicial nessa faixa etária; pacientes com febre ou que apresentam diarréia por mais de dois dias sem melhora do quadro; pacientes que relatam vômitos, náuseas ou dor abdominal; pacientes que relatam a presença de muco, sangue nas fezes ou diarréia fluída, gestantes e amamentando e os que apresentam sinais de desidratação severa.
	O paciente deve ser orientado a tomar muito líquido rico em eletrólitos, como a água de coco, para evitar desidratação e desequilíbrio hidroeletrólitico. 
REFERÊNCIAS
CFF – Conselho Federal de Farmácia. Algoritmos de prática clínica: grupo de trabalho de educação permanente. Brasília, 2021. 84 p. ISBN 978-65-87599-07-6. Disponível em: https://www.cff.org.br/userfiles/algoritmosdepraticaclinica.pdf
DE LIMA, S. H. P. et al. Cuidados farmacêuticos no manejo de problemas de saúde autolimitados: gripe. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 8, n. 7, p. 50516–50524, Jul. 2022. DOI:10.34117/bjdv8n7-120. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/50127/pdf. Acesso em 10 jun. 2023.
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina. Eventos agudos na atenção básica: cefaleia. Florianópolis, 2013. 31 p. Disponível em: https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/806/1/PDF%20%20Livro%20do%20Curso.pdf
YAZBEK, Priscila Baptistella. Atenção Farmacêutica: o processo de indicação farmacêutica para Medicamentos Isentos de Prescrição. 2012. 135 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia-Bioquímica) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Araraquara.