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Resumo do Módulo - Depressão DEPRESSÃO e TRANSTORNO POR USO DE SUBSTÂNCIAS DELIRIUM RESUMO Depressão é um transtorno mental bastante prevalente, sendo que o risco médio de ter depressão ao longo da vida é de 12%. Fatores de risco: sexo feminino, adultos jovens, história familiar de depressão, neuroticismo (traço de personalidade caracterizado por baixa tolerância ao estresse e instabilidade emocional), baixa autoestima, início precoce de transtornos ansiosos, antecedente pessoal de depressão, abuso de substâncias, história de trauma psicológico, divórcio, baixo suporte social e baixo nível de escolaridade. Critérios diagnósticos (DSM 5): pelo menos 2 semanas nas quais 5 dos seguintes sintomas estiveram presentes na maior parte do tempo, sendo que, necessariamente, um deles é humor deprimido ou anedonia (diminuição ou incapacidade de sentir prazer): humor deprimido, anedonia, alterações de peso e/ou apetite, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou falta de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, diminuição da capacidade de pensar/raciocinar/concentrar-se, pensamentos de morte ou ideação suicida. Os sintomas causam prejuízo significativo e não são melhores explicados por efeitos de substâncias, por alguma condição médica ou por outros transtornos mentais, como esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo, transtorno bipolar e outros transtornos psicóticos. Na avaliação inicial, deve-se estabelecer boa aliança terapêutica com o paciente, obter dados de anamnese com paciente e com familiares, realizar exames psíquico, físico e neurológico. Obter dados sobre episódios depressivos no passado, bem como história de sintomas psicóticos, mania ou hipomania. Avaliar risco de suicídio e homicídio, além de grau de comprometimento social e ocupacional. O diagnóstico é clínico e não são necessários exames complementares. No entanto, em geral, são solicitados exames a fim de excluir causas orgânicas e de se ter um painel bioquímico basal. Os exames solicitados na avaliação inicial são hemograma completo, TSH, T4L, creatinina, ureia, transaminases, coagulograma, glicemia de jejum, colesterol total e frações, triglicerídios, ácido fólico, vitamina B12, vitamina D: eletrocardiograma em indivíduos com mais de 45 anos e que utilizarão antidepressivos tricíclicos: sorologias, toxicológico e exames de neuroimagem são solicitados a depender da suspeita clínica. Avaliar a gravidade do episódio depressivo: o Leve: poucos sintomas, em geral de baixa intensidade, causando sofrimento, mas manejável, ou seja, com pouco prejuízo social e ocupacional. o Moderado: comprometimento da capacidade para o trabalho ou estudos, os sintomas são intensos, mas não incapacitantes o Grave: incapacidade funcional (trabalho ou estudos), muitos sintomas, presença de sintomas psicóticos (como alucinações e delírios) ou de ideação suicida. Realizar psicoeducação sobre a doença, informar quais tratamentos estão disponíveis e quais seus benefícios, riscos e possíveis efeitos colaterais. Via de regra, dá-se preferência a Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS), como sertralina e fluoxetina - em geral, são a primeira escolha. Orientar paciente que o efeito normalmente inicia-se ao redor de 2 semanas e, nos primeiros dias, pode ocorrer piora dos sintomas ansiosos. Caso, após 2 semanas, não houver resposta, aumentar a dose. Caso paciente não tolere os efeitos colaterais e estes não diminuírem, considerar trocar de antidepressivo. A dose do antidepressivo deve ser aumentada até a máxima permitida ou a máxima que o paciente tolerar. A escolha do antidepressivo pode também depender das comorbidades, da idade do paciente e de interações medicamentosas. Depressão refratária: ausência de resposta a dois antidepressivos em monoterapia por dose e tempo adequados. Em geral, esses casos devem ser encaminhados ao especialista. Após remissão dos sintomas, ou seja, 2 meses nos quais o paciente está assintomático, deverá ser mantido o antidepressivo na dose que foi necessária para remissão dos sintomas por 6 a 9 meses (fase de continuação). Considerar profilaxia para paciente com dois ou mais episódios depressivos; para pacientes que apresentaram sintomatologia grave, como psicose e tentativa de suicídio, e idosos. Esta consiste em, após o término da fase de continuação, manter terapêutica antidepressiva por 2 anos ou mais. Após fase de continuação, para casos nos quais não está indicada profilaxia, descontinuar gradativamente o antidepressivo durante, pelo menos, 4 semanas. Indicar hospitalização quando houver falta de suporte social, quando o paciente estiver gravemente doente ou apresentar risco para si ou para os outros (ex.: sintomas psicóticos, ideação suicida e ideação homicida). Nesses casos, pode ser necessária internação involuntária. Formas de terapêutica não medicamentosa incluem psicoterapias, eletroconvulsoterapia e estimulação magnética transcraniana. TRANSTORNO POR USO DE SUBSTÂNCIAS RESUMO Os sintomas dos transtornos relacionados ao uso de álcool, tabaco e outras substâncias são caracterizados por perda do controle, prejuízo social, uso apesar dos riscos e pelo desenvolvimento de tolerância e abstinência. A abstinência consiste em sintomas físicos e psíquicos que sucedem à cessação do uso crônico de uma droga de abuso. A tolerância consiste na necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância para adquirir a intoxicação ou efeito desejado, ou acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma quantidade da substância. As intoxicações alcoólica e de outras substâncias (ex.: cocaína/crack e maconha) são situações comuns em pronto-atendimentos e podem ser distinguidas principalmente pela história clínica. Na intoxicação por álcool, os sintomas dependem da alcoolemia. No início, ocorrem euforia e relaxamento. À medida que aumenta a concentração de álcool no sangue, ocorrem desinibição, perda da coordenação motora, ataxia e até coma. Na intoxicação por cocaína, ocorrem euforia, inquietação, maior fluência verbal, aumento da autoconfiança e energia. Podem ocorrer ataques de pânico e sintomas psicóticos. Na intoxicação por maconha, ocorrem relaxamento, euforia, aumento da congestão da conjuntiva, boca seca, lentificação do pensamento, alterações da sensopercepção e aumento do apetite, podendo ocorrer ataques de pânico e psicose. Na intoxicação por opioide, ocorrem euforia/disforia, pupilas em miose, rubor na face, prurido, constipação e analgesia. Nas intoxicações graves, pode ocorrer depressão respiratória. A Síndrome de Abstinência Alcoólica (SAA) consiste no aparecimento de sintomas característicos (podem ocorrer tremores, taquicardia, aumento da pressão arterial e diaforese) algumas horas após a redução ou a interrupção do uso de álcool. A abstinência alcoólica pode evoluir com complicações, como convulsão tônico- clônica generalizada (primeiras 48 horas) e delirium tremens (primeiras 72 horas), que consiste em um quadro de Síndrome de Abstinência Alcoólica (SAA) com confusão mental, flutuação de nível de consciência e psicose. A abstinência de opioides se caracteriza por ansiedade, fissura, inquietude, alteração do humor (disforia), tremores, lacrimejamento, rinorreia, piloereção, diarreia, hipertensão e taquicardia. Os exames laboratoriais têm utilidade limitada no diagnóstico dos transtornos relacionados ao uso de substância. Os exames toxicológicos podem ajudar na detecção do uso recente de substâncias. O diagnóstico diferencial da síndrome de abstinência alcoólica (SAA) é bastante amplo. Devido a isso, é necessária uma avaliação clínica completa com realização de exames complementares, de acordo com os achados clínicos. Em casos de delírio na abstinência alcoólica, outras causas de delírios devem ser aventadas, não apenas delirium tremens. O uso de neuroimagem (ressonância magnética) é útil para o diagnóstico de síndrome de Wernicke-Korsakoff. O diagnóstico diferencial da intoxicação por cocaína deve excluir quadros clínicos que apresentam intensa liberação adrenérgica, quadros psiquiátricos (ansiedade, transtorno bipolar e esquizofrenia), intoxicação (outros estimulantes, por exemplo) e abstinência de outras substâncias (abstinência alcoólica e de opioides). O tratamento das intoxicações alcoólicas na maior parte das vezes é suporte clínico. O tratamento da síndrome de abstinência alcoólica (SAA) consiste no suporte clínico, e na administração de benzodiazepínicos e de tiamina parenteral, para prevenção de síndrome de Wernicke-Korsakoff. O benzodiazepínico de escolha para tratamento da SAA é o diazepam, exceto, para os hepatopatas, em que a escolha é o lorazepam. Os pacientes que apresentam sintomas leves de SAA, que conseguem tomar medicação por boca, não apresentam comorbidades clínicas ou psiquiátricas importantes e têm bom suporte social podem ser tratados ambulatorialmente com benzodiazepínicos por via oral. O paciente que apresenta sintomas graves de SAA, com comorbidades graves e sem suporte social deve ser tratado em regime hospitalar. O uso de diazepam endovenoso pode ser necessário em alguns casos de SAA e deve ser feito com retaguarda para parada respiratória. A síndrome de Wernicke-Korsakoff ocorre em pacientes com deficiência de tiamina (que é bastante comum em alcoolistas) e se caracteriza classicamente pela tríade oftalmoplegia, ataxia e confusão mental. Deve ser tratada com reposição de tiamina via parenteral. A síndrome de abstinência por opioide pode ser tratada por opioides de meia-vida longa, como a metadona e a buprenorfina. A clonidina pode ser utilizada para controle dos sintomas autonômicos. Os quadros de intoxicação por substâncias que induzem sintomas psiquiátricos devem ser tratados sindromicamente. De forma geral, antipsicóticos são usados para sintomas como delírios, alucinações e paranoia, e benzodiazepínicos para sintomas ansiosos. A intervenção breve é um modo para tratar pacientes com transtorno por uso de álcool leve. É útil também para sensibilizar pacientes com quadros mais graves a procurarem tratamento especializado. O tratamento farmacológico dos transtornos por uso de álcool pode ser realizado com naltrexona, dissulfiram e topiramato. Deve ser reservado para pacientes com quadros moderados e graves. O aconselhamento para tratamento ao tabaco envolve ajudar o paciente a parar de fumar, usando estratégias comportamentais e farmacológicas. A Terapia de Reposição de Nicotina (adesivo, goma e pastilha) e o uso de psicofármacos (vareniclina, bupropiona e nortriptilina) podem ser usados para o tratamento farmacológico do tabagismo. Não existem fármacos aprovados para o tratamento de transtorno por uso de cocaína e maconha. OBS. O paciente que apresenta síndrome de abstinência alcoólica (SAA) pode evoluir com quadro de delirium por abstinência alcoólica complicada, mais conhecido como delirium tremens, que ocorre mais tardiamente na evolução do quadro. Porém, o paciente com SAA também pode evoluir com delirium por outras causas, como encefalopatia de Wernicke, hematoma subdural (muito comum em etilistas), infecções, distúrbios hidroeletrolíticos, desidratação, etc. A fissura ou “craving”, que consiste no desejo intenso de consumir uma substância, é um dos critérios para o diagnóstico de transtorno por uso de substância, de acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – quinta edição). Ela ocorre frequentemente nas abstinências de substâncias. O diazepam é um benzodiazepínico utilizado para tratamento da síndrome de abstinência alcoólica (SAA) e não no transtorno por uso de álcool (abuso e dependência). A vareniclina e os antidepressivos bupropiona e nortriptilina são opções para o tratamento farmacológico do tabagismo, assim como a terapia de reposição de nicotina (TRN). Já para os transtornos por uso de cannabis e cocaína, não há tratamentos farmacológicos aprovados. Durante o quadro de abstinência alcoólica é sim recomendada a reposição de vitamina B1 (tiamina). DELIRIUM RESUMO Delirium é uma síndrome caracterizada por desatenção, confusão mental, oscilação de nível de consciência e desorientação no tempo e no espaço; pode cursar com diversos outros fenômenos, sobretudo de humor (desinibição comportamental, apatia e oscilações afetivas) e psicóticos (delírios e alucinações). Alguns fatores de risco importantes são: idosos, pacientes com agressões prévias ao sistema nervoso central, demência e pós-operatório de grandes cirurgias. Delirium se trata de síndrome de início agudo / subagudo e reversível, enquanto que demências, em geral, têm início insidioso e são irreversíveis; psicoses primárias, como esquizofrenia ou transtornos de humor como depressão - transtorno bipolar, não cursam com confusão mental e oscilações de nível de consciência. É sempre imperativo identificar causas orgânicas do delirium (ex.: infecções, insuficiência renal, insuficiência hepática, distúrbios hidro eletrolíticos ou distúrbios ácido-base, pós-operatório e trauma), que, além de uma investigação básica padrão, é delineada caso a caso. Classifica-se delirium em função da presença de agitação psicomotora / agressividade, psicose (hiperativo) ou de lentificação, sonolência, apatia (hipoativo) ou de ambos os grupos de fenômenos (misto). Manejo não farmacológico deve ser feito a todo paciente com risco de delirium ou já com delirium instalado, como, por exemplo, uso apropriado de órteses (auditivas e visuais) e dentaduras; auxílio na orientação em espaço e tempo; respeito ao ciclo circadiano; minimização do uso de contenção física; auxílio na mobilidade e contato com familiares. O cerne do tratamento do delirium é a correção da causa de base, orgânica. O manejo farmacológico é preferencialmente realizado com drogas antipsicóticas (ex.: haloperidol e risperidona) e deve ser usado em pacientes que oferecem risco a si, à equipe ou à implementação de aspectos importantes dos cuidados hospitalares. Evitam-se benzodiazepínicos ou drogas anticolinérgicas. Os benzodiazepínicos devem ser usados em situações específicas, como abstinência alcoólica e dos próprios benzodiazepínicos. Delirium tremens é causado por grave abstinência alcoólica, sendo tratado eminentemente com benzodiazepínicos e/ou barbitúricos, enquanto que delirium anticolinérgico é causado por drogas anticolinérgicas (ex.: difenidramina, prometazina, paroxetina, antidepressivos tricíclicos, ciclobenzaprina e biperideno) sendo tratado com a suspensão delas e, eventualmente, com droga anticolinesterásica (ex.: rivastigmina). Ocorrendo um sinal de disfunção de um órgão, é um marcador de gravidade. O delirium é fator de risco para declínio cognitivo nos meses a anos após sua incidência. Ele tem causa orgânica sempre. O delirium hipoativo tem pior prognóstico que delirium hiperativo. Delirium é um sinal de gravidade, o melhor curso de ação em dúvidas diagnósticas é assumir sua presença. O diagnóstico é clínico. A investigação de causa orgânica é essencial, mas não confirma o diagnóstico. Esses exames têm indicações específicas. O delirium não é raro em adultos e seu diagnóstico não é de exclusão. O TRATAMENTO DE DELIRIUM INCLUI IDENTIFICAR FATORES PREDISPONENTES E DESENCADEANTES PARA QUE O MESMO TENHA OCORRIDO.O tratamento de delirium é complexo e tais fatores ajudam a delinear estratégias individualizadas. EVIDÊNCIAS não sustentam que medicações quaisquer reduzem tempo de internação. O uso de medicações para controle de comportamento é a melhor indicação de tratamento farmacológico com delirium no caso da falta de medidas não farmacológicas. Em geral, medicações para controle comportamental não são necessárias pós alta hospitalar. Assinale a alternativa correta sobre Delirium. Trata- se de um marcador de gravidade em pacientes internados em hospitais clínicos. Resposta Ocorrendo um sinal de disfunção de um órgão, é um marcador de gravidade. O delirium é fator de risco para declínio cognitivo nos meses a anos após sua incidência. Ele tem causa orgânica sempre. O delirium hipoativo tem pior prognóstico que delirium hiperativo Assinale a alternativa correta sobre delirium. Diante de dúvida diagnóstica entre delirium e outras entidades clínicas, como depressão, recomenda-se que o diagnóstico de delirium seja preferido RESPOSTA Considerando que delirium é um sinal de gravidade, o melhor curso de ação em dúvidas diagnósticas é assumir sua presença. O diagnóstico é clínico. A investigação de causa orgânica é essencial, mas não confirma o diagnóstico. Esses exames têm indicações específicas. O delirium não é raro em adultos e seu diagnóstico não é de exclusão. Assinale a alternativa correta. O tratamento de delirium inclui identificar fatores predisponentes e desencadeantes para que o mesmo tenha ocorrido RESPOSTA. O tratamento de delirium é complexo e tais fatores ajudam a delinear estratégias individualizadas. Evidências não sustentam que medicações quaisquer reduzem tempo de internação. O uso de medicações para controle de comportamento é a melhor indicação de tratamento farmacológico em delirium no caso de falha de medidas não farmacológicas. Em geral, medicações para controle comportamental não são necessárias após alta hospitalar.
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