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1 JEAN LUQUE | UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO Anemias Carenciais 1. Anemia ferropriva Metabolismo do ferro • O ferro pode ser obtido de dois lugares, dos alimentos, sendo o tipo presente na carne o ferro do tipo heme, liberado pela pepsina; • Temos também o ferro inorgânico, que deve ser reduzido pelo PH ácido do estômago, e geralmente encontramos nas saladas. o Se formos analisar o tanto de ferro que conseguimos absorver pela carne é muito maior do que conseguimos absorver pela sala por exemplo, que é do tipo inorgânico. Depois que a pessoa recebe o ferro na dieta, esse ferro, irei conseguir absorver no intestino, nas regiões de duodeno e jejuno proximal. Mas a grande parte do ferro que ingerimos é excretado pelas fezes, visto que a grande parte do ferro que absorvemos é utilizado pela hemoglobina. • Outro ponto é que a absorção de ferro possui interferência de várias substâncias: o Vitamina c, ácidos orgânicos, proteínas carne; § Facilita a absorção. o Atrapalha a absorção: § Fitatos; § Oxalatos; § Antiácidos; § Cálcio; § Drogas. O nosso estoque de ferro é chamado de FERRITINA. • Principal reserva de ferro no organismo; • Está presente em todo nosso organismo, ou seja, todos nossos órgãos irão ter um pouco de ferritina; o Medula óssea; o Fígado; o Baço. O ferro quando absorvemos é estocado antes de ser utilizado, na forma de ferritina. Ferro – ferroportína – plasma. O que determina se o ferro irá para o plasma ou não é a hepcidína, pois, quando aumenta hepcídina, irei inibir a ferroportína e o ferro não irá para o plasma. O que determina o nível de Hepcídina é o estoque de ferro. • O ferro quando entra no organismo se liga a transferrina, e ela irá transportar o ferro para diversas partes do organismo, primeiramente para ser armazenado na forma de ferritina e depois ser utilizado para diversas funções. O baço é um grande armazenador de ferro na forma de ferritina. Ou seja, em uma situação que o paciente precisa de ferro, o baço pode ser um recurso, o que acontece é :que o baço irá liberar a ferritina, e essa ferritina tem ferro. Ferro – transferrina – ferro armazenado na forma de ferritina. Etiologia: • É o tipo de anemia mais comum no mundo; • É associada principalmente a baixa renda; o A parte nutricional é também uma causa, e geralmente essa causa é de países de muita baixa renda. Temos dois diagnósticos diferenciais, visto que o hemograma é muito parecido, que é a TALASSEMIA e a ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA. A. Ingesta menor que a demanda: a. Crianças e adolescente; b. Mulheres em fases menstruais; i. Visto que tem perda sanguínea todo mês; c. Gestantes; d. Dieta pobre em ferro. B. Deficiência na absorçao: a. Enteropatia por glúten; b. Cirurgia bariátricas; c. Inflamações, dependendo do acometimento. C. Sangramento: a. Crônico (a maior causa); i. Trato gastrointestinal; ii. Uterino. 2 JEAN LUQUE | UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO O quadro clínico: • A anemia ferropriva, quando começamos a desenvolvê-la, é porque o nosso estoque de ferro começa a diminuir. Como consequência disso iremos ter uma anemia microcítica e hipocrômica, e isso é um grande achado laboratorial. Os sinais e sintomas específicos põem ser: • Astenia, fadiga, irritabilidade e dispneia aos esforços, junto com palidez. • Coiloníquia, isso é, unha em forma de colher; o Quando o paciente já tem um estoque de ferro muito baixo; • Queilite, chamado de boqueira; • Síndrome PICA: ingestão de gelo, giz e tijolo, ou seja, comer substâncias que não possuem valor nutritivo adequado, sendo o mais comum a pagofagia, isso é, comer gelo. O diagnóstico: • Clínica e laboratório acompanham a progressão da doença, ou seja, é uma doença bem matemática, quanto mais baixo o estoque de ferro maiores os sinais e sintomas do paciente, bem como os achados clínicos e laboratoriais. O hemograma: • Microcitose; • Hipocromia; • Hemácia em alvo; • Hemácias em forma de lápis; • RDW pode estar aumentado, isso é, as hemácias estão em formatos diferente; • Ht baixo; • VCM baixo, o que caracteriza a microcitose. Exames que iremos pedir: • A ferritina é o tipo de exame que irá fechar o diagnóstico de ferro, visto que a baixa de ferritina indica que o próprio estoque está baixo, ou seja, a primeira coisa que irá alterar para o paciente é a ferritina. O paciente até pode ter o ferro normal, mas o estoque já estará baixo; o O problema é que a ferritina é uma proteína de fase aguda, ou seja, qualquer situação de inflamação pode estar aumentada, isso significa que em situações inflamatórias a ferritina não é um bom indicador de anemia ferropriva. • O ferro sérico baixo também é outro indicador; • Saturação de transferrina baixa; o O tanto de ferro que tem dentro dessa transferrina, ou seja, a saturação estará baixa em uma situação de anemia. • Capacidade total de ligação de ferro/TIBIC alta. O exame padrão ouro para o diagnóstico desse tipo de anemia é o mielograma. Mas vale destacar que o exame padrão ouro só é muitas vezes utilizado quando o médico tem uma dúvida muito grande no diagnóstico. Esse exame mostra o nível de ferro nos macrófagos da medula óssea. O tratamento: • Anemia sempre deve ser investigada; • Nunca deve ser tratada somente com dieta. O principal tratamento é a reposição de ferro por via oral. Sulfato ferroso por comprimido. • Historicamente, a dose recomendada é de 100-200mg de Fe elementar ao dia. Quando vamos prescrever o sulfato ferroso devemos pensar em como a condição do organismo pode prejudicar a absorção, por isso é importante: • Estomago vazio; • Substância ácida junto para aumenta a absorção; o Ex: suco de laranja/limão com comprimido. O tratamento pode ser também de ferro parenteral. Os efeitos colaterais: • Náuseas; • Dor abdominal; • Constipação/diarreia; • Gosto amargo na boca; • Fezes escurecidas. Falha no tratamento: • Dose inadequada; • Baixa adesão; • Problema na absorção; • Persistência da causa da anemia. 2. Anemia de doença crônica: • Hepcidina: o É um hormônio sintetizado no fígado; o Papel central na regulação do fígado; o A produção é estimulada por: § Ferro; § Citocinas inflamatórias; • Produção inibida por hipóxia; 3 JEAN LUQUE | UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO o Hipóxia, precisa transportar mais o2, mais hemoglobina, para produzir hemoglobina mais ferro, e por isso preciso absorver mais ferro. Hepcidina aumenta, diminui ferroportina, diminui absorção de ferro. A hepcidina impede a liberação de ferro e de seus depósitos; Situações que tenho aumento muito grande de hepcidina consegue impedir que utilize o ferro na forma de ferritina, ou seja, não consigo utilizar o meu estoque. Consegue em níveis muito elevados impedir a formação de eritrócitos e que o baço libere ferro para o organismo. Em síntese, aumento de hepcidina impede que o metabolismo do ferro aconteça de forma eficiente. O paciente inflamado: • Tem aumento de hepcidina; • Associada com citocinas inflamatórias; • Reduz a vida média dos eritrócitos; • Reduz a produção renal de eritropoetina; • Diminui resposta ao estímulo da eritropoetina. O paciente com doença crônica, em síntese, será um paciente inflamado, com aumento de hepcidina, e esse aumento de hepcidina leva a anemia de doença crônica. • Ou seja, para ter anemia de doença crônica, precisa ter a doença crônica. As principais doenças crônicas envolvidas nesses processos: O quadro clínico: • Sintomas leves; • Mais sintomas relacionados com a doença de base; • Anemia de instalação lenta; Associada a outras causas: diagnóstico difícil; • Deficiência nutricional; • Sangramentos crônicos. Em relaçao ao perfil dos nutrientes: • Ferro sérico baixo; • Baixa saturação de transferrina; • Aumento de ferritina; • Pcr/VSH podem estar elevados; Costuma ser uma anemia normocíticae normocrômica; Reticulócitos diminuídos, caracterizando uma anemia hipoproliferativa. O diagnóstico: • Ferro sérico baixo; • Capacidade total de ligação do ferro / TIBC baixa; • Saturação transferrina normal ou levemente diminuída; • Ferritina normal ou elevado. SOBRE O TRATAMENTO: • Tratamento da doença de base; • Não responde a reposição de ferro; • Eritropoetina pode ser utilizada em alguns casos. 3. Anemia megaloblástica: causada pela deficiência de b12 e folato: • Vitamina B12: o Chamada de cobalamina; o Sua origem é animal; § Carne; § Peixe; § Lactínios. Após a ingestão de proteína, o paciente faz a digestão e libera a vitamina B12. No entanto, a vitamina B12 precisa se ligar no fator intrínseco para ser absorvida pelo íleo. Se ela não for ligada ao fator intrínseco ela será destruída. Na situação de se ligar ao fator, a b12 é absorvida pelo íleo e o fator intrínseco é destruído sozinho. Jean Luque 4 JEAN LUQUE | UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO A vitamina, ao ser absorvida, se liga a proteínas chamada de transcobalaminas, e então é transportada para o plasma, para a medula. • Transcobalaminas: o Transportam vitamina b12 no plasma; o Medula óssea + outros tecidos; o Principal estoque: fígado. • Deficiência de b12, essas reações não acontecem. Com acúmulo de hemocisteína e COA; o Essas reações são importantes para produção de DNA. O ácido fólico: O folato é oriundo de vegetais fígados, fígado e frutos. Ele é armazenado nos alimentos na forma de poliglutamato, e é absorvido no duodeno e no jejuno. O que precisamos saber é que o paciente com deficiência de vitamina B12 pode piorar a deficiência de ácido fólico, já que a vitamina B12 é importante para tornar o ácido fólico ativo. • A importância do folato no organismo: o Conversão de aminoácidos importantes na formação de DNA. Etiologia de deficiência de B12: • ANEMIA PERNICIOSA é a principal causa da deficiência de vitamina B12; o Mulheres; o 70 anos; o Associada a doenças autoimune; o H.pylori pode estar associada. A anemia perniciosa cursa com uma doença autoimune que apresenta anticorpos contra as células parietais. 50% dos pacientes apresentam anticorpos inibidores da ligação do fator intrínseco a B12. • Esse paciente tem uma agressão autoimune da mucosa gástrica; o Podemos encontrar infiltrado linfoplasmocitário e metaplasia intestinal, isso faz com que esses pacientes tenham risco aumentado para câncer de estômago. Outra causa de deficiência de vitamina B12 é quem nao come nada de origem animal. Os veganos. Por isso as pessoas devem fazer reposição de vitamina B12. Outras causas mais raras: ausência ou anormalidade congênitas de fatores intrínsecos. A principal causa de deficiência de folato: • Dieta com baixa ingesta é a principal causa; o Aumento de consumo corporal também faz com que ocorra a deficiência de folato: § Maior necessidade de DNA: • GRAVIDEZ, LACTAÇÃO E PREMATURIDADE. Qualquer doença que cause maior TURN-OVER, isso é, renovação celular, como doenças onco-hematológicas malignas, anemias hemolíticas, doença inflamatória crônica. Algumas drogas atrapalham o metabolismo do ácido fólico também: • Anticonvulsivantes; • Sulfassalazina; • Metotrexato. O alcoolismo também é uma causa de deficiência de folato. O quadro clínico desse paciente: • É uma anemia de instalação lenta, principalmente a por deficiência de B12; Os sintomas progridem conforme o avanço da doença: • Icterícia; • Glossite (língua careca); • Perda ponderal. No caso de causa b12, o paciente pode ter: • Neuropatia progressiva, geralmente simétrica de MMII, o que cursa com formigamento dos pés e dificuldade para deambular, e a anemia varia de grave até ausente. Nesse tipo de paciente sempre terá macrocitose, e a maioria dessas neuropatias podem ser revertidas com vitamina B12. A deficiência de folato na gestante pode causar: • Anencefalia; • Espinha bífida; • Encefalocele. O diagnóstico: NA B12 • Anemia macrocítica; o ALTA DE VCM; • Reticulócitos baixos; • Pode haver leucopenia e plaquetopenia. Nessa anemia, se fizemos um mielograma, ele estará hipercelular, mesmo assim antes de serem liberados são destruídos, por isso reticulócitos baixos. • Dosagem de DHL aumentada; • Bilirrubina indireta aumentada; • Dosagem de B12 e/ou folato baixo, Dosagem de ácido metilmalônico na deficiência de B12 estará aumentado. O médico, em suspeita de B12, deve investigar causa dietética. FOLATO, DIAGNÓSTICO: • Deficiência de folato; • Dieta é a principal causa; • Teste de má absorção intestinal; • Pesquisa de anticorpos. O tratamento: • Reposição das vitaminas; • Devemos fazer a reposição de ácido fólico e B12, visto que repor apenas folato em paciente que pode ter deficiência de B12 pode piorar a queda de B12. GERALMENTE, b12 de via oral apenas em casos muito leves, na maioria dos casos é IM ou Parenteral. Não há esquema específico. Reposição de folato é geralmente via oral, parenteral é muito pouco utilizado. 5 JEAN LUQUE | UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
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