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06 AS PRINCIPAIS ABORDAGENS EM PSICOTERAPIA

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AS PRINCIPAIS ABORDAGENS EM PSICOTERAPIA
DANSEINANALISE / ANALISE BIOENERGETICA / PSICODRAMA / ABORDAGEM SISTEMICA
Daseinsanalyse e Psicoterapia no Brasil: uma Revisão Integrativa
A Daseinsanalyse enquanto prática psicoterapêutica tem suas origens na apropriação pioneira realizada por Ludwig Binswanger do pensamento de Martin Heidegger, especialmente as noções expressas na obra “Ser e Tempo” (1927/2012). 
A proposta de Binswanger era encarar a clínica, a patologia e a realidade existencial do paciente a partir de uma perspectiva fenomenológica, destacando-se do pensamento científico hegemônico de então (Boss & Condrau, 1976/1997; Holanda, 2014)
No entanto, partir de uma série de críticas realizadas pelo próprio Heidegger em torno da compreensão errônea de determinados pontos de sua filosofia, Binswanger afastou-se do pensamento heideggeriano
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Composto por duas palavras
dasein 
usado como o substantivo designador do ente humano
analyse 
Em Heidegger tem uma conotação diferente do processo cartesiano de fragmentação de um objeto para a realização do estudo individualizado de suas partes e, posteriormente, a apreensão do todo
e como um processo de libertar-se das algemas ou o tecer e destecer de uma trama
Em “Ser e Tempo” (1927/2012) Heidegger utilizou o termo daseinsanalyse, restrito inicialmente ao âmbito da ontologia;
o termo foi usado com o intuito de designar a explicitação filosófica dos existenciais
as características ontológicas constituintes do existir humano
Compreensão de homem
a daseinsanalyse pode ser considerada um desdobramento da psicanálise, 
mesmo modificando os pontos fundamentais da prática psicanalítica, tal como a associação livre e a interpretação dos sonhos. 
A compreensão de homem também é extremamente diferente, uma vez que a metapsicologia freudiana é abandonada em prol de uma compreensão baseada na ontologia heideggeriana, cujos existenciais ocupam lugar de destaque.
Compreensão de homem
Os existenciais são possíveis modos de ser, e não categorias ou atributos; os existenciais possuem relevante papel na prática clínica daseinsanalítica e são: 
a temporalidade, 
a espacialidade, 
o ser-com-o-outro, 
a afinação, 
a compreensão, 
o cuidado, 
ser-mortal (Cardinalli, 2012).
Medard Boss (1963)
pontua como atitude fundamental do psicoterapeuta a 
“descrição e investigação de todos os modos de comportamento humano imediatamente observáveis e de suas afinações subjacentes igualmente perceptíveis”
Evidenciando o trabalho com o conteúdo manifestado no encontro terapêutico a partir do próprio conteúdo, sem uma lente teórica por trás desse olhar clínico, 
instaura-se uma genuína relação de abertura do psicoterapeuta ao paciente e seu modo de ser
a atitude de aceitação em torno de toda manifestação do paciente, uma vez que a “compreensão daseinsanalítica de homem impregna o analista com um respeito profundo por tudo por ele encontrado”
A entrada da daseinsanalyse no contexto brasileiro ocorreu na década de 70 a partir dos contatos entre Solon Spanoudis e Medard Boss. A fundação da Associação Brasileira de Análise e Terapia Existencial - Daseinsanalyse (ABATED) em 1973 foi fundamental para o desenvolvimento da daseinsanalyse no Brasil, pois servia como referência em daseinsanalyse, além de congregar e formar novos terapeutas nessa perspectiva, publicar a “Revista Daseinsanalyse” e propor discussões entre o pensamento heideggeriano e suas interlocuções com outras disciplinas. Atualmente tal instituição é denominada Associação Brasileira de Daseinsanalyse (ABD), tendo mantido os objetivos iniciais (Associação Brasileira de Daseinsanalyse, 2015; Evangelista, 2013). O estudo de Correia, Correia, Cooper e Berdondini (2014), reconhece a ABD como a única instituição pertecente exclusivamente à perspectiva daseinsanalítica na Latino-América. 
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Influências teóricas
Heidegger é enfatizado a partir da obra Ser e Tempo
David Cytrynowicz (1978/1997) destaca que esse existencial se refere à condição básica do existir humano enquanto poder-ser. 
Sipahi e Vianna (2002) afirmam que “o ser humano encontra-se sempre, de um modo mais aberto ou mais restrito, em afinação com o que lhe vem ao encontro” 
homem não é constituído de antemão, mas sim se constitui se construindo, existindo e caminhando em direção ao futuro
, o homem existe lançado em um mundo e deve cuidar de sua existência, atentando para as possibilidades em seu horizonte
Pompéia (2000) também fundamenta a daseinsanalyse em bases heideggerianas quando afirma que a psicoterapia acontece via poiesis, ou seja, via um trazer à luz aquilo que se apresenta
Maria Cytrynowicz (1997) afirma que a daseinsanalyse possui uma base fenomenológica, 
Pompéia (2000) cita outro pensador existencialista, Sartre, para abordar a questão da liberdade, especialmente o incômodo motivado por ela e que é sentido pelo paciente na condução de sua existência. 
É importante salientar a diferença entre uma influência teórica central na daseinsanalyse, Heidegger, e outros autores usados na compreensão de diversos aspectos da existência e experiência humana.
Objetivos da psicoterapia
“a psicoterapia deve apontar para a liberdade do homem” (David Cytrynowicz - 1978/1997)
concebendo a liberdade como “o horizonte mais próprio do percurso da psicoterapia” (Freitas – 2011)
“favorecer a liberdade existencial dos pacientes” (Boss)
Sipahi e Vianna (2002) também colocam a liberdade como o ponto orientador da psicoterapia, concebendo liberdade a partir de uma articulação com a abertura.
Spanoudis (1976/1997): “Conseguir a autenticidade esclarecida da própria existência humana, eis o que a se tenta no encontro psicoterápico” (p. 53)
Maria Cytrynowicz (1997) afirma que “são justamente procura e disponibilidade para a acompanhar a destinação e significação da terapia” (p. 33-34).
Logo depois a autora sustenta a existência de diversos modos de manifestação dessa restrição: “(...) vivências de falta, como a insegurança, a desconfiança, o temor e a inferioridade, até as de excesso e avidez, como as da pessoa ansiosa que quer tudo e rapidamente, ou daquela que sempre desafia e que em tudo percebe uma ocasião para competir e se pôr à prova” (p. 36).
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Maria Cytrynowicz (1997) pontua também que a condição básica da terapia é a aproximação entre o terapeuta e paciente, gerando um espaço de intimidade e maior proximidade consigo mesmo, ou seja, o paciente deve acercar-se de “seus anseios, as suas dúvidas, os seus temores, certezas e incertezas” (p. 37)
Tal aproximação empreendida pelo paciente ocorre graças ao compartilhamento entre terapeuta e paciente (Freitas, 2011).
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Saffi (2002) afirma que “a função da psicoterapia não é retirar a pedra que atrapalha o caminho, mas sim, fornecer subsídios para o que o cliente possa transpô-la ou desviar-se dela” (p. 104).
“o foco do trabalho psicoterápico é favorecer a aproximação e a compreensão do paciente da sua própria experiência” (Cardinalli , 2005, p. 59).
A autora afirma que o ponto de partida da terapia é a maneira como o paciente é naquela situação; 
seja imaturo, seja dependente, o inicio da terapia se dá a partir do modo de ser do paciente;
 assim, o primeiro objetivo terapêutico é elaborar um contexto onde o paciente se aceite e admita tal como é, apropriando-se de seus sofrimentos e limitações
Postura do psicoterapeuta
“auxiliar o paciente a desvelar suas próprias possibilidades e fortalecê-lo com o resguardo que lhe dê a suficiente segurança, confiança e coragem para assumir o risco e as incertezas inerentes à sua condição de ser-aberto”
O terapeuta, age como um jardineiro, determinando as condições adequadas para o desabrochar da riqueza humana, ou seja, o desvelamento do poder-ser do paciente
Porém cabe ao paciente a tarefa de cuidar da sua própria existência, realizar as escolhas de forma responsável, sendo o terapeuta incumbido de lembrar o paciente de que ele é guardião do próprio destino
Pompéia (1978/1997) pontua que o terapeuta deve abordara vivência pessoal do paciente, ou seja, sua experiência, uma vez que o psicoterapeuta se presta a “compreender o problema que se apresentava de fato”
Pompéia (1978/1997) pontua que o terapeuta deve abordar a vivência pessoal do paciente, ou seja, sua experiência, uma vez que o psicoterapeuta se presta a “compreender o problema que se apresentava de fato”
Maria Cytrynowicz (1997) aponta que o terapeuta deve acompanhar com disponibilidade a procura empreendida pelo paciente na busca de uma saída para as restrições enfrentadas na sua vida. 
ser capaz de experienciar um mundo comum com ele, um mundo constituído por uma totalidade referências do futuro longínquo ou mesmo do passado remoto, todos presentificados na fala do paciente. 
o terapeuta deve aceitar o paciente e as suas diferenças e particularidades manifestadas em seu mundo de referências
oferecer um ambiente acolhedor, manejar o silêncio e a espera, saber lidar com o recolhimento, o terapeuta deve, segundo a autora, não esquecer as gargalhadas, que favorecem a intimidade.
Cardinalli
e“clarear e tornar compreensível para o paciente ‘como ele se relaciona com tudo o que encontra, como se comunica com o próximo, como está afinado (disposto) em relação a tudo que vivencia’”
Pompéia (2002) destaca que “a referência para o psicoterapeuta é o sentido da vida, é o significado” (p. 55)
Bioenergética
A análise bioenergética despontou da psicanálise, oferecendo uma perspectiva radicalmente diferente
Wilhelm Reich foi além da descrição da mente, introduzindo importantes formulações sobre aspectos específicos do funcionamento somático no campo terapêutico. 
incorporou à terapia, a ideia de funcionamento unificado da pessoa, ou seja, da mente e do corpo como uma unidade que abrange os domínios da experiência e do comportamento
Alexander Lowen
Alexander Lowen (Nova Iorque, 23 de dezembro de 1910 — New Canaan (Connecticut), 28 de outubro de 2008) foi um psicanalista estadunidense de orientação freudiana. Foi um dos estudantes de Wilhelm Reich nos anos 1940 e início dos anos 1950 em Nova York. Desenvolveu a psicoterapia mente-corporal conhecida como análise bioenergética com seu então colega John Pierrakos. Foi o fundador e primeiro diretor-executivo do International Institute for Bioenergetic Analysis (Instituto Internacional de Análise Bioenergética), localizado na cidade de Nova Iorque.
a. Em meados da década de 50, foi fundado o International Institute for Bioenergetic Analyses (IIBA) que contribuiu para compartilhar os trabalhos de Lowen e a formação de pessoas com interesse na obra do autor. Seu principal meio de difusão internacional da produção técnica e científica é o The Clinical Journal of the International Institute for Bioenergetics Analysis que é publicado desde 1985, encontrando-se em seu vigésimo oitavo volume
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aprofundou a descrição da pessoa como um self corporal (body-self), expandindo a descrição da unidade mente-corpo e incluindo nesta totalidade, sua forma e mobilidade. 
Segundo Helfaer (2015), Lowen entendeu como tarefa terapêutica central “enxergar a pessoa”, e isto significa, literalmente, olhar para ela, olhar para o seu corpo.
A bioenergética se expandiu fortemente pelo mundo e, em 1981, as psicólogas Myrian de Campos e Odila Weigand fundaram a Sociedade Brasileira de Análise Bioenergética (Sobab), a primeira do país filiada ao IIBA. Lowen esteve no Brasil e em outros países da América Latina em 1989, o que colaborou para difundir ainda mais seu trabalho em nosso continente. 
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Para Lowen (1985), a bioenergética é uma maneira de entender a personalidade em termos do corpo e de seus processos energéticos que estão relacionados ao seu estado de vitalidade. 
A produção de energia por meio da respiração e do metabolismo e descarga de energia por meio dos movimentos. 
Isto quer dizer que, a quantidade de energia que uma pessoa tem e como a usa, determinam o modo como responde às situações da vida.
Lowen aprimorou cada vez mais a técnica através dos 55 anos de trabalho com a bioenergética, a partir do entendimento acerca do trabalho corporal, da compreensão das relações intra e interpessoais entre o cliente e os processos mentais envolvidos, evidenciando a unidade funcional corpomente (LOWEN, 2007).
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Tomando como ponto de partida o funcionalismo sistêmico de Wilhelm Reich, Lowen considerou a existência de uma energia única e biológica, uma bioenergia que está na base de toda e qualquer manifestação de vida.
Assim, o fenômeno da existência advém de uma mesma origem energética que se manifesta igualmente no corpo e na mente. Consequentemente, é possível compreender muito da história pessoal e do sofrimento presente em cada indivíduo, através da qualidade da respiração, pelo tom e ritmo da voz, pela postura corporal e tônus muscular.
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A bioenergética, fundamentalmente, é uma teoria da prática clínica, com inovações na compreensão da personalidade do sujeito em termos corporais e energéticos, sem abrir mão de um entendimento analítico psicodinâmico (LOWEN, 2015; 2017).
Atento à linguagem do corpo, Lowen elaborou uma tipologia complexa de caráter, envolvendo aspectos corporais, disposições existências e atitudes comportamentais que orientam a compreensão do psicoterapeuta na condução clínica diante de processos de sofrimento. Adicionalmente à abordagem exclusivamente psicoterapêutica, Lowen propôs uma diversidade de exercícios com recomendações específicas e que servem de recursos para promover a saúde e tratar diversas questões ligadas às tipologias de caráter, às tensões corporais crônicas e as limitações expressivas e emocionais (LOWEN, 1977).
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A psicoterapia analítica-relacional-corporal profunda, a bioenergética está comprometida com a promoção da saúde integral e o analista bioenergético emprega sua escuta e seu olhar para a compreensão da linguagem verbal e corporal das pessoas por ele atendidas, afastando-se de interpretações e julgamentos parciais, seja na prática clínica ou social. 
Fundamentos básicos da bioenergética
A análise bioenergética está centrada na observação, investigação e compreensão da história de vida do indivíduo, de sua postura corporal e no padrão de comportamento do organismo, considerando a unidade mente-corpo. 
Seu objetivo primordial é que a pessoa consiga reorganizar seus pensamentos, sentimentos e emoções relacionados à sua história de vida e que são expressos como queixas, traumas, bloqueios emocionais, tensões musculares crônicas e outras manifestações sintomáticas, para que seus movimentos, no sentido amplo (do corpo para a vida e vice-versa), se tornem mais conscientes e espontâneos.
Isto se faz através da respiração, do grounding e pela liberação do fluxo natural da energia no organismo que movimenta e integra o corpo e o psiquismo. 
O Grounding é uma palavra em inglês, que traduzindo significa aterrar, enraizar. É uma prática que nos permite ter um contato direto e transformador com a Mãe Terra.
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Princípio da Unidade Funcional
Os estudos de Reich e Lowen levaram à conclusão de que existe uma identidade funcional do caráter psíquico com a estrutura corporal ou atitude muscular, constituindo a personalidade, de modo que os processos energéticos mediam a relação entre o corpo e a mente do ser humano (VOLPI; VOLPI, 2003). Desta forma, a interação dinâmica do corpo com nossos pensamentos, sentimentos e emoções, implica dizer que qualquer alteração na maneira de pensar, sentir e agir no indivíduo. Encontra-se condicionada a uma mudança no funcionamento de seu corpo, de modo que um repercute sobre o outro constantemente. Tendo como princípio fundamental que mente e corpo são uma unidade, o conceito de energia e o resgate da autorregulação do organismo tornamse centrais para que ocorra a integração dos aspectos físicos, psíquicos, emocionais e sociais do ser humano.
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Energia
A energia está envolvida em todos os processos da vida humana – nos movimentos, sentimentos e pensamentos – e se manifesta numa unidaderepresentada pela carga e descarga ou, em outros termos, pelo ritmo natural do organismo de se abrir e se fechar (REICH, 1998)
De forma similar, o conceito de energia tratado por Lowen equivale a uma força que percorre o ser vivo, advinda da combinação entre diversos elementos, tais como: respiração, alimentação, sentimentos, movimento corporal, contato com a realidade e as interações que o indivíduo estabelece com o meio em que vive (OLIVEIRA JÚNIOR HUR, 2015). Basta observar que a vida se mantém em dependência de um constante influxo energético e de uma descarga equivalente deste. A modo de exemplo, o nível de descarga energética insuficiente pode estar relacionado à ansiedade decorrente das
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Autorregulação
A autorregulação, como capacidade do organismo de regular seu próprio funcionamento, na compreensão de Reich e Lowen, envolve, portanto, uma tendência inata ao desenvolvimento e equilíbrio. Neste caso, por exemplo, nas doenças psicossomáticas e na neurose, os sintomas são uma forma de obter satisfação, quando em meio a um conflito psíquico, traduzindo uma determinada dinâmica de lidar com o complexo jogo de forças da energia vital em nosso organismo, expressando como a energia se distribui quando não consegue fluir livremente e há prejuízos à autorregulação. Esta perspectiva é consonante com a definição de saúde utilizada por Lowen, a qual está atrelada aos conceitos de graciosidade e espiritualidade do organismo. Isto implica que a autorregulação é concebida, principalmente, como confiança na racionalidade da natureza e confiança na sexualidade como fonte de vitalidade, harmonia e amor (ALMEIDA, 2013). 
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Caráter
A estrutura de caráter de um indivíduo é uma realidade tanto física quanto psicológica que abrange as resistências, as dificuldades afetivas, cognitivas e emocionais, as atitudes e comportamentos, os quais estão associados às disfunções metabólicas e às tensões musculares crônicas. Com efeito, as áreas corporais mais frias e pálidas estão tensas demais e, portanto, sem movimento natural e sem expressão. O sangue circula pouco ou de forma lenta, sinalizando a existência de bloqueios afetivos e de que algo foi dissociado, não havendo integração harmoniosa entre os pensamentos e sentimentos
Quanto aos anéis de encouraçamento, Reich (2009) identificou sete principais anéis musculares. Na região da cabeça e pescoço se localizam os anéis ocular, oral e cervical. Na região do tronco e dos membros, se encontram outros grupos de anéis: torácico, diafragmático, abdominal e pélvico. Entre as principais emoções e processos envolvidos na organização e no modo de funcionamento destas regiões estão: medo, raiva, tristeza, narcisismo e as emoções relacionadas às experiências mais primitivas da vida, que são angústia e raiva vingativa. Neste sentido, o caráter representa a integração entre psicologia e biologia, pois retrata o resultado de um acordo do ego para suportar o conflito diante de exigências opostas que envolvem o corpo, a mente e seu ambiente (REICH, 2009)
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Respiração
“A respiração saudável é uma ação do corpo todo; todos os músculos do corpo estão envolvidos em algum grau” (LOWEN; LOWEN, 1977, p. 36). Os exercícios respiratórios que, através da inspiração e expiração, mobilizam a caixa torácica – sede das emoções, são fundamentais para o processo de liberação das tensões musculares crônicas que sustentam e caracterizam os diversos tipos de estratégias emocionais defensivas. Dar movimento a essa área – frequentemente paralisada pelo choque de experiências emocionais traumáticas e/ou repressivas recorrentes no cotidiano –, favorece a abertura para descongelar a afetividade, para a revitalização do corpo e para a reconexão com o sopro primordial de nossa voz interior e criatividade
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Grounding (enraizamento)
Segundo Lowen (1985), o grounding é um conceito nuclear da análise bioenergética e significa enraizamento, ter os pés no chão, estar em contato com a realidade, no aqui e agora. Para compreender este conceito, é necessário dedicar atenção especial à respiração e como a postura corporal se revela na verticalidade do corpo. A pessoa estabelece o contato com a terra através de suas pernas e os pés, e também se conecta com as realidades básicas de sua existência. 
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Modalidades de trabalho na bioenergético
Psicoterapia corporal
Exercícios de bioenergética
Grupos de bioenergética
Análise bioenergética em desastres e emergências
Intervenção psicodramática em ato: Ampliando as possibilidades
Psiquiatria do século XX: função dos universais: Tempo, espaço, realidade e cosmos
O objetivo do psicodrama foi, desde o começo, construir um conjunto terapêutico que usasse a vida como modelo, a fim de integrar
nele	todas começando
as		modalidades	de com	os	universais		–
viver, tempo,
espaço, realidade e cosmos
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Psicoterapia e Psicopatologia do Tempo
	o homem vive no tempo – passado, presente e futuro. Pode sofrer de uma patologia relativa a cada um desses tempos. O problema é saber como integrar as três dimensões em operações terapêuticas significativas.
Consequentemente, as três dimensões do tempo-passado, presente e futuro- são trazidas juntas para o psicodrama, tal como na vida, através do enfoque de uma terapia funcional.
Psicopatologia e psicoterapia do espaço
	O psicodrama foi pioneiro na ideia de uma psicoterapia do espaço, centrando – se na dramatização e, compreensivelmente, tentando integrar todas as dimensões da vida nele próprio.
Ex. o cliente adolescente . O mesmo procurou Moreno porque estava com medo de ir para casa , devido os pais terem brigado e o pais fez a mãe rolar escada abaixo . O adolescente ficou furioso e bateu no pai , ficou com medo pegou as malas e fugiu. Foi aplicada a técnica do futuro.
AS RAÍZES DO PSICODRAMA
	Psicodrama e Psicanálise- Moreno se opunha a psicanálise porque segundo ele a psicanálise substituia o mistério da existência por um esquema de transações irreais, e prometia a auto realização ao paciente. Quando segundo moreno na realidade privava – o de encontrar sua essência na vida . Por isso ele propunha substituir a psicanálise pelo psicodrama.
Psicodrama e Teatro – segundo moreno o psicodrama não tem origem teatral, a influencia teatral chegou mais tarde , sua influencia foi mais negativa do que positiva. “ Ela me ensinou o que não fazer”.
O psicodrama entrou em cena em 1911
Teatro – são pessoas reais escondidas atrás das mascaras.
Psicodrama – risadas, agressão, tristeza, etc, são tanto ou mais reais do que na própria vida.
Psicodrama e vida Humana
O Psicodrama era feito na vida concreta, nas ruas, parques e nos lares.	Como não tinha palco o aspecto teatral era mais explicito.	Os paciente e as historias eram reais. Não havia egos auxiliares nem separação entre os que estavam na plateia e palco. Não havia palco.
A partir de 1921 teve lugar ao novo desenvolvimento: elimina totalmente os espectadores – no psicodrama cada pessoa é um ator em potencial.
Desenhou uma nova arquitetura de teatro .
Elaborou métodos psicodramáticos.
Quando se faz necessário e os participantes se locomovem do seu quadro natural para o palco do psicodrama, o que se perde em realidade é ganho pela interpolação de numerosas técnicas.
Para esse encontro, o espaço e o tempo não são obstáculos. Pode acontecer com qualquer um , onde quer que seja em qualquer época.
Regras, Técnicas e Métodos, Auxiliares Psicodramáticos
Sujeito – Paciente, cliente, protagonista encena seus conflitos, em vez de falar deles. Pode se usar um veiculo especial , ou seja o palco psicodramático.
O processo requer, um diretor (ou terapeuta chefe) pelo menos um ego auxiliar treinado. O método pode ser realizado individual ou em grupo.
Aqui e agora, presente ou no futuro.
O sujeito deve encenar “sua verdade” como a sente e a percebe, de maneira inteiramente subjetiva , sem se importar com o quão distorcida ela possa parecer ao espectador.O processo não pode prosseguir , a menos que aceitemos o paciente com toda a sua subjetividade.
Nunca deixar o protagonista com a impressão de que ele é o único no grupo a ter esse tipo de problema.
Solilóquio – É um monologo do protagonista ex: “ por que eu não deixo cortar o meu cabelo mais curto outra vez? Cabelo comprido dá tanto trabalho! Por outro lado, ele me cai muito melhor deste jeito, eu não fico parecida com ninguém.”
Solilóquio terapêutico – É a retratação de diálogos e ações paralelas, de pensamentos
Auto – apresentação – o protagonista apresenta – se mesmo, à sua mãe, seu pai, seu irmão, etc. Ele desempenha todos esses papéis.
, de forma inteiramente subjetiva, tal como os experimenta e percebe.
Auto – realização – o protagonista representa, com a ajuda de alguns egos auxiliares, os planos de sua vida, por mais remotos que estes possam estar relativamente à situação atual. Por exemplo: ele hoje é contador, mas durante muito tempo frequentou aulas de canto na esperança de fazer parte de um conjunto de peças de comédia musical durante o verão, planejando eventualmente tornar este o trabalho de sua vida.
Psicodrama alucinatório – o paciente encena as alucinações e delírios que está tendo atualmente. O paciente representa as vozes que ouve, os sons que emanam da cadeira onde se senta, as visões que tem , quando, do lado de fora da janela, as árvores se transformam em monstros que o perseguem.os egos auxiliares são chamados a encenar os vários fenômenos expressos pelo paciente, para envolvê –lo na interação com eles, de tal modo que os coloque no teste de realidade.
Duplo – o paciente representa a si mesmo, e um ego auxiliar é solicitado a representá –lo.
Duplo múltiplo - o protagonista está no palco com vários duplos, cada um representando uma parte do paciente: um fazendo o papel dele agora; outro, como ele era há cinco anos; um outro, como ele era quando, aos três anos de idade, ouviu pela primeira vez que sua mãe morrera; outro, como ele será daqui a vinte anos. As múltiplas representações do paciente estão presentes simultaneamente e atuam em sequência, uma continuando onde a outra parou.
Espelho – Quando o paciente for incapaz de representar a si mesmo em palavras ou ações, um ego auxiliar é colocado no local da ação do espaço psicodramático. O paciente ou os pacientes permanecem sentados entre as pessoas do grupo. O ego auxiliar redramatiza o paciente, copiando seu comportamento, procurando expressar seus sentimentos em palavras e movimentos, mostrando ao paciente ou aos pacientes, como num espelho, a maneira como os outros os percebem. O espelho pode ser exagerado para estimular o paciente a se manifestar e a transformá – lo de espectador passivo em participante ativo.
Inversão de papéis -	um paciente, numa situação interpessoal , por exemplo coloca – se no lugar da mãe, e está fica no lugar do filho. Pode ser a mãe real ou o ego auxiliar.
Projeção de futuro – o paciente retrata na dramatização a maneira como vislumbra seu futuro. Escolhe um ponto num dado tempo – ou é ajudado pelo diretor a fazê –lo , bem como o lugar e as pessoas caso existam, que espera terem se envolvido com ele à época.
Apresentação	de
sonho	–	o	paciente
dramatiza o sonho em vez de contá – lo . Ele se põe na posição em que normalmente se deita para dormir.
Refazendo o sonho - Esta é a contribuição incomparável do psicodrama para a terapia dos sonhos. Com a dramatização pode –se ultrapassar e ir além dos sonho real, incluindo material latente e atual. Mas ele faz mais do que isso: reensina o sonhador, em vez de interpretá –lo. A interpretação está na própria dramatização.
Comunidade Terapêutica – esta é uma comunidade em que se colocam disputas e conflitos entre indivíduos e pessoas sob a égide da terapia, em vez do comando da lei. A população, em sua totalidade, pacientes e equipe, torna –se responsável pelo bem – estar de cada pessoa, participa do processo terapêutico e compartilha da mesma posição.
TÉCNICAS AUXILIARES
Hipnodrama - a hipnose, no psicodrama, é induzida no palco. O sujeito hipnotizado é livre para atuar, para se movimentar de um lado para o outro, tendo egos auxiliares que ajudam a retratar seu drama. O hipnodrama é uma mescla de hipnoterapia com psicodrama.
Choque psicodramático – pede- se ao paciente que se lance de volta à sua experiência alucinatória enquanto ela ainda for vivida . Ela não deve descrevê – la , mas sim atuar. Deve colocar o corpo na posição que tinha na época, em igual espaço, na hora, diurna ou noturna, em que o fato ocorreu. Deve procurar um membro da equipe para recriar o episódio alucinatório. Pág. 391
Improvisação personalidade	-
o	sujeito	é	trazido
para	avaliação	da
ao
teatro de psicodrama ou a uma situação de vida sem preparo prévio. O diretor, com a cooperação dos egos auxiliares , estruturou a situação previamente. Solicita ao sujeito que se aqueça para a situação como de fato ele faria se esta estivesse em curso na realidade. Pág 391-392
60
Psicodrama didático e role playing – utilizado como um método de ensino, egos auxiliares, enfermeiras, assistentes sociais, psicólogos e psiquiatras assumem o papel de um paciente numa ocorrência diária. Ex: o paciente que se recusa a se submeter ás regras vigentes num hospital ou clínica. Os estudantes aprendem a assumir ambos os papéis , o do paciente e o seu próprio papel profissional.
Psicodrama familiar e terapia familiar – marido e mulher, mãe e filho são tratados em conjunto e não isoladamente, muitas vezes face a face, e não separadamente, pois em separado podem não apresentar nenhuma perturbação mental tangível.
Muitas das ideias de Moreno alcançaram tal nível de universalidade que se tornaram amplamente aceitas, como se o tivesse sido sempre, fato que pode ser de interesse dos membros da ASGP e dos leitores deste texto.
Existe uma tendência geral na psicoterapia em se afastar da visão negativa da vida e caminhar em direção a uma posição positiva,
 OLHAR PARA A ABORDAGEM SISTÊMICA NA PSICOLOGIA
A abordagem sistêmica na psicologia tem suas raízes na terapia familiar. Desenvolvida com inspiração na teoria geral de sistemas, na teoria cibernética, entre outras, esta abordagem sistêmica tem recebido críticas do construcionismo social pós-moderno, por sua visão estruturalista e mecanicista. A literatura científica oferece novos paradigmas epistemológicos, com inspiração nos sistemas dinâmicos, os quais possibilitam um novo olhar para a abordagem sistêmica na psicologia. Assim, sugere-se a adoção de uma integração da perspectiva de auto-organização paralelamente à auto-regulação.
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Alguns conceitos da teoria de sistemas influenciam a abordagem sistêmica na psicologia:
Controle por Retroalimentação (feedback):
Caixa-preta
Equifinalidade
Totalidade e não-somatividade
Além da teoria geral dos sistemas, compõem o arcabouço da abordagem sistêmica na psicologia:
Teoria da pragmática da comunicação humana (Watzlawick et al., 1967):
Teoria cibernética (Wiener, 1948):
Teoria da informação (Shannon, 1948):
Teoria dos jogos (Von Neumann e Morgenstern, 1945):

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