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CASO 03 
ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV 
ALUNA: CAMILLE OLIVEIRA SILVA GAMA 
 
EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA 
DE SALVADOR – BA 
 
Sociedade Hospital Saúde Positiva, pessoa jurídica de sociedade de economia mista, 
qualificação..., com sede no endereço ..., por seu advogado que esta subscreve regularmente 
constituído por procuração, com escritório profissional à Rua/Av..., na cidade de..., endereço 
eletrônico..., vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO OBRIGACIONAL 
TRIBUTÁRIA c/c COM PEDIDO DE TUTELA JURISDICIONAL 
Em face do município do MUNICÍPIO DE SALVADOR – CAPITAL DO ESTADO DA 
BAHIA, pessoa jurídica de direito público, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a 
expor. 
1. Dos Fatos 
A requerente, Sociedade Hospital Saúde Positiva, com 99,9% do capital pertencente à União, 
recebeu notificação para pagamento de IPTU relativo ao imóvel de sua titularidade e utilizado 
nas atividades essenciais da instituição. O município de Salvador, autor da cobrança, entende 
ser devido o imposto. 
Contudo, eles são eivados de nulidade desde sua formação (porque os atos que os originaram 
são inexistentes), considerando que tal cobrança de IPTU é manifestamente INDEVIDO. A 
Autora está sendo imposta a uma indiscutível EXECUÇÃO INDEVIDA, porque, como será 
visto em momento oportuno, a exigência deste diferencial de alíquota importa em violação 
direta à Constituição Federal. 
Portanto, a única e mais acertada saída para o caso dos autos é a procedência dos pedidos iniciais, 
concretizando em favor da Autora os princípios constitucionais tributários que estão sendo violados 
pelo município de Salvador. 
2. Do Direito 
2.1. DA NECESSIDADE DE TUTELA JURISDICIONAL 
O artigo 273, inciso I do Código de Processo Civil prevê que o Magistrado:“Art. 273. O juiz 
poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela 
pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da 
verossimilhança da alegação e: I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil 
reparação”. 
O instituto acima foi inserto na Lei pelo Legislador infraconstitucional com o intuito de 
absoluta cautela e prevenção quanto a eventuais abusos de direitos e situações que exijam 
provimento jurisdicional de urgência, a fim de evitar que o jurisdicionado seja lesionado. 
Ora Excelência, a presente Sociedade é de prestação de serviços de saúde, com quase a 
totalidade de seu capital advindo da União, ou seja, correspondendo à própria atuação do 
Estado. O objetivo da requerente com seus serviços não é de produzir lucro e sim de 
proporcionar acesso à saúde. O dinheiro investido serve para manutenção do Hospital, 
pagamento dos funcionários, médicos, enfermeiros, e todos que trabalham e mantém o 
funcionamento do local, além de compra de materiais que servirão para tratamento dos 
pacientes que utilizam do serviço deste Hospital, além de muitos outros gastos que um serviço 
de saúde precisa investir para se manter funcionando devidamente, cumprindo o seu objetivo 
de garantir à prestação dos serviços de saúde. 
O dinheiro cobrado pelo tributo do IPTU irá acarretar em prejuízo o Hospital, que terá que 
utilizar de seu caixa para pagar um imposto indevido, dinheiro este que poderia estar sendo 
investido na saúde dos pacientes. 
2.2. DA INCONSTITUCIONALIDADE DO PAGAMENTO DO TRIBUTO 
A Constituição Federal proíbe, conforme o disposto no Art. 150 é vedado aos Municípios 
exigir tributo sem que seja estabelecido previamente por lei: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
No presente artigo é perceptível o princípio da legalidade tributária, referida no art. 5º, II, da 
CF, que se limita a prescrever que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei. Tal sequer precisaria estar expresso no texto constitucional, 
porquanto resulta do próprio princípio do Estado de Direito. 
Como se vê, a legalidade tributária exige que os tributos sejam instituídos não apenas com base em lei 
ou por autorização legal, mas pela própria lei. Só à lei é permitido dispor sobre os aspectos da norma 
tributária impositiva: material, espacial e temporal, pessoal e quantitativo. A legalidade tributária 
implica, pois, reserva absoluta de lei, também designada de legalidade estrita. 
Assim, percebe-se a inconstitucionalidade na cobrança do IPTU perante à Sociedade 
requerente. 
2.3. DA EXTENSÃO DA IMUNIDADE RECÍPROCA A SOCIEDADE DE 
ECONOMIA MISTA 
A súmula 76 do STF afirma que as sociedades de economia mista não estão protegidas pela 
imunidade fiscal do art. 31, V, a, da Constituição Federal. Porém, em jurisprudência do 
mesmo Tribunal, existe a hipótese da imunidade à sociedades de economia mista. 
(...). 2. A Corte já firmou o entendimento de que é possível a extensão da 
imunidade tributária recíproca às sociedades de economia mista prestadoras de 
serviço público, observados os seguintes parâmetros: a) a imunidade tributária 
recíproca se aplica apenas à propriedade, bens e serviços utilizados na 
satisfação dos objetivos institucionais imanentes do ente federado; b) 
atividades de exploração econômica, destinadas primordialmente a aumentar o 
patrimônio do Estado ou de particulares, devem ser submetidas à tributação, 
por apresentarem-se como manifestações de riqueza e deixarem a salvo a 
autonomia política; e c) a desoneração não deve ter como efeito colateral 
relevante a quebra dos princípios da livre concorrência e do livre exercício de 
atividade profissional ou econômica lícita. Precedentes: RE nº 253.472/SP, 
Tribunal Pleno, Relator para o acórdão o Ministro Joaquim Barbosa, DJe de 
1º/2/11 (...). 3. A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN) é 
sociedade de economia mista prestadora de serviço público de abastecimento 
de água e tratamento de esgoto. Não obstante, a análise do estatuto social, da 
composição e do controle acionário da companhia revelam o não 
preenchimento dos parâmetros traçados por esta Corte para a extensão da 
imunidade tributária recíproca no RE nº 253.472/SP (Tribunal Pleno, Relator 
para o acórdão o Ministro Joaquim Barbosa, DJe de 1º/2/11). 
[ACO 1.460 AgR, rel. min. Dias Toffoli, P, j. 7-10-2015, DJE 249 de 11-12-
2015.] 
Como trazido à baila, e conforme documentos acostados, a devida Sociedade possui 99,9% do 
Capital da União, assim, só se possui 0,1% de capital em prol de sócios com fundo lucrativo. 
A Sociedade por ser de caráter de saúde, um Hospital, não é de exploração econômica 
destinada a aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares, mas sim de garantir acesso à 
saúde a sociedade que irá usufruir dos serviços proporcionados por este hospital, através de 
incentivo e auxilio da União. 
O Ministro Joaquim Barbosa, em mesma decisão proferiu que: 
(...) A saúde é direito fundamental de todos e dever do Estado (arts. 6º e 196 
da Constituição Federal). Dever que é cumprido por meio de ações e serviços 
que, em face de sua prestação pelo Estado mesmo, se definem como de 
natureza pública (art. 197 da Lei das leis). 2. A prestação de ações e serviços de 
saúde por sociedades de economia mista corresponde à própria atuação do 
Estado, desde que a empresa estatal não tenha por finalidade a obtenção de 
lucro. 3. As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de 
saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade 
tributária prevista na alínea “a” do inciso VI do art. 150 da Constituição 
Federal. 3. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com repercussão 
geral. 
[RE 580.264, rel. min. Joaquim Barbosa, red p/ o ac. min. Ayres Britto, P, j. 
16-12-2010, DJE de 6-10-2011,Tema 115.]. 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=618164http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=618164
http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?idDocumento=9999230
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628371
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=11229&numeroProcesso=580264&classeProcesso=RE&numeroTema=115
Assim, sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo 
CAPITAL SOCIAL MAJORITARIAMENTE ESTATAL, como se observa no presente caso, 
gozam da imunidade tributária prevista no art. 150 da CF/88. 
Assim, deve-se excluir a presente ação de execução fiscal pela sua inconstitucionalidade e 
todos fundamentos já pronunciados. 
3. Dos Pedidos 
A) requer suspensão da exigibilidade e do pagamento das parcelas de IPTU originado pelo 
município de Salvador, até o trânsito em julgado do processo; 
B) a total improcedência da presente execução fiscal; 
C) requer a juntada de balanços financeiros, certidões de débito e protestos; 
D) a citação do MUNICÍPIO DE SALVADOR para contestar a ação, sob as penas da Lei; 
E) a citação da UNIÃO, para comprovar, se caso necessário, o montante de capital estatal 
investido na Sociedade Hospital Saúde Positivo, comprovando o quanto alegado pelo 
requerente; 
F) requer a condenação do Município de Salvador em honorários advocatícios, nos termos do 
art. 85, §1º do CPC; 
 
Dá-se à causa o importe de R$ ... 
 
Nestes termos, 
Pede e espera deferimento. 
Local..., Data... 
Advogado... 
OAB...

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