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PRÁTICAS E TENDÊNCIAS DE GESTÃO DE PESSOAS COM FOCO NA INCLUSÃO Autoria: Luciano Trentin Indaial - 2022 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Copyright © UNIASSELVI 2022 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Xxxxxx Xxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx XXX p.; il. ISBN XXXXXXXXXXXXX 1.Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxx CDD XXXX.XXX Impresso por: Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Jairo Martins Marcio Kisner Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Gestão da Diversidade .................................................................. 7 CAPÍTULO 2 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS .......................................... 49 CAPÍTULO 3 Diversidade e Inovação ............................................................. 103 APRESENTAÇÃO Caros(a) acadêmicos(a), seja bem-vindo à disciplina de Práticas e Tendên- cias de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão. O livro que agora está dispo- nível para você, servirá de subsídio para que possa dar início ao seu processo de aprendizagem na temática de práticas e tendências de gestão de pessoas com foco na inclusão, temática esta que vem conquistando cada vez mais notoriedade nas organizações através da promoção de ambientes de trabalho saudáveis, bem como incentivando a troca de experiências entre perfis profissionais dispares. O comportamento humano e as diferenças culturais ganham cada vez mais relevância nas discussões sobre o reconhecimento, o respeito e a igualdade entre as pessoas, tanto na administração pública como nas organizações. Nas organi- zações a gestão da diversidade tem sido considerada uma decifração à diversifi- cação progressiva da força de trabalho, às necessidades de competitividade e a aplicação de ações afirmativas. Cabe destacar que a temática diversidade é bastante holista, contemplando desde definições exclusivas às questões de raça, etnia e gênero, incluindo tam- bém as mais abrangentes que consideram como diversidade qualquer dissimilitu- de individual entre as pessoas. Para melhor entendimento de todo esse processo de aquisição de conheci- mento, vamos inicialmente abordar na primeira seção, de forma mais abrangente, a diversidade. Vamos iniciar nossa aprendizagem, compreendendo os conceitos ge- rais sobre a gestão da diversidade nas organizações, com o propósito de assimilar que a gestão de pessoas diversas exige estratégias mais elaboradas por parte das organizações a fim de obter um ambiente organizacional mais harmônico. Logo depois, no segundo módulo, abordaremos os Pilares e Conceitos, com- preendendo as ações de diversidade que promovam maior visibilidade e inclusão, além de entender as características distintas e específicas de cada tema e os principais direitos e leis sobre a diversidade. Na terceira e última seção, falaremos da Diversidade e Inovação, assimilan- do os princípios que envolvem a relação entre a diversidade de recursos humanos e a inovação, que a diversidade é cada vez mais importante para as organizações e como as organizações podem incentivar a diversidade por intermédio das práti- cas de gestão de pessoas. Enfim, o conhecimento disponível em suas mãos por intermédio deste livro, servirá como alicerce para iniciar seu aprendizado no extenso campo de conhe- cimento das práticas e tendências de gestão de pessoas com foco na inclusão, campo de conhecimento este que são dignos de notoriedade quando se aborda a diversidade das pessoas como forma de promover a vantagem competitiva para as organizações. Bom estudo! CAPÍTULO 1 Gestão da Diversidade A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender a diversidade como vantagem competitiva. � Conhecer os preceitos que norteiam a diversidade. � Identificar a importância do potencial das diferenças nas organizações. 8 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão 9 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Com o aprofundamento internacional da integração econômica, social, cultu- ral e política, por intermédio da expansão das fronteiras de negócios, ampliando e diversificando a base de clientes das organizações, pode-se considerar que a produtividade, competitividade e compromisso social são premissas básicas para o crescimento sustentável dos negócios. Esse processo de expansão econômica, política e cultural a nível mundial rompeu limites entre diferenças culturais, religiosas e físicas, assim como a es- tratégia de democratização da sociedade, do resgate aos direitos civis, promoção de igualdade de oportunidades a todas as pessoas e combate a todos os tipos de discriminação, em especial no mercado de trabalho. Associado a esse movimento global da economia moderna, devemos consi- derar como relevante dois fatores para o estudo da diversidade nas organizações: o primeiro é relativo a políticas públicas e emprego de artifícios legais que garan- tam a inclusão de minorias e a promoção da diversidade da força de trabalho nas organizações; o segundo fator relaciona-se à crescente presença de grupos dis- semelhantes na sociedade, ampliando a diversidade existente no mercado con- sumidor das organizações e na oferta de mão de obra (SAJI, 2005). Em decorrência desses fatores, a relevância da gestão da diversidade nas organizações pode ser assimilada, a princípio, por intermédio da conjuntura em que as organizações estão estabelecidas, direcionando assim a adoção de novos modelos de gestão, bem como serem responsáveis social e ambientalmente. De acordo com Fleury (2000), a diversidade pode ser definida como uma combinação de pessoas com identidades dispares interatuando no mesmo sis- tema social cujos grupos de maioria e de minoria convivem. Thomas Jr. (1990) refere à diversidade como as dimensões distintas de raça e gênero, somadas a um infinito número de fatores como idade, estabilidade, estilo de vida, orientação sexual e capacidade física, para citar apenas algumas características. Nessa concepção, a gestão da diversidade deve promover a aceitação e a compreensão de diferenças entre as pessoas, com a expectativa de que os resul- tados sejam melhores relações pessoais, maior apreço e respeito pelos outros, maior aceitação das diferenças e minimização de manifestação ostensivas e ou- tros preconceitos (THOMAS JR., 1990). Esperamos que o presente livro não seja o fim de um ciclo de aprendizagem, mas que possa continuar sendo um instrumento de compreensão, revisão e aper- 10 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão feiçoamento, na medida em que amplie o desenvolvimento de competências e futuras práticas de gestão de pessoas com foco na diversidade. 2 GESTÃO DA DIVERSIDADE Provavelmente, devido a uma valorização exagerada de tecnicismo, as or- ganizações adotam uma visão de homogeneidade no seu dia a dia, gerindo as pessoas como se suas diferenças pudessem desaparecer sob a formalidade das posições hierárquicas. Em certo sentido, as organizações atribuem que as pesso- as separam suas características e interesses pessoais dos profissionais, subme- tendo aqueles a estes no ambiente organizacional (ARANHA; ZAMBALDI;FRAN- CISCO, 2006; SARAIVA; IRIGARAY, 2009). Os limites desta concepção tecnicista, preponderantemente, foram eviden- ciados desde que as organizações perceberam que as pessoas não expressam desmembramentos entre quem são e os papéis e requisitos de suas posições hierárquicas nas organizações (ARANHA; ZAMBALDI; FRANCISCO, 2006; SA- RAIVA; IRIGARAY, 2009). À vista disso, a ampliação da diversidade nas organizações origina a neces- sidade de tomada de decisões quanto a maneira de lidar com ela: ou se tratam todos as pessoas como se fossem análogos (esforçando-se ocasionalmente a for- çá-los a tornarem-se todos idênticos), ou então, trata-se a diversidade como uma ocasião favorável que, a nível estratégico e operacional, pode ser colocada em prática (CORREIA, 2016). Segundo Thomas Jr. (1992), a escolha por pessoas iguais pode colocar em risco a pujança organizacional, entretanto compreender a diversidade como uma oportunidade favorável pode redundar em uma ampla vantagem competitiva. A rigor, na atualidade, as organizações buscam superar seus limites, dissemi- nando discursos que buscam estabelecer uma nova realidade sobre a diversida- de, sob a ótica de otimizar a transferência de conhecimentos sobre experiências, valores, atitudes e a compreensão de novos pontos de vista, estimulando a criati- vidade, a flexibilidade, a inovação e a mudança (AKTOUF, 2004). Nesse sentido, a gestão da diversidade, forma instrumental de converter a inquietude social em resultados, constitui-se em um processo ativo e consciente de gestão direcionado para o desenvolvimento futuro de uma organização (BRDULAK, 2009). Dar valor e capitalizar a diversidade nos ambientes laborais tornou-se uma te- mática essencial para a gestão das organizações. Assim, faz-se necessário pre- parar todas as pessoas da organização (alta administração, gestores e demais 11 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 colaboradores), assegurando que todos valorizarem as diferenças multiculturais e sejam tratados com dignidade (MAZUR, 2010) e, sem hesitação, que a diversidade possa ser compreendida como geradora de vantagem competitiva (COX, 1993). Ely e Thomas (2001) expõem a necessidade de as organizações ampliarem a diversidade da força de trabalho para melhorar a eficiências das equipes labo- rais, entretanto, faz-se necessário uma gestão efetiva da diversidade, pois a não ser que as organizações empreendam a gestão da diversidade, irão encontrar-se numa condição de desvantagem competitiva (COX; LOBEL; MCLEOD, 1991). FIQUE POR DENTRO DO CONHECIMENTO!!! A expressão “gestão da diversidade” pressupõe que, para as empresas é necessário – ou ao menos desejável – administrar as diferenças, utilizando técnicas adequadas para garantir que a diversi- dade da força de trabalho seja direcionada para ganhos na organiza- ção (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019). Segundo Thomas e Ely (1996, p.17), a “gestão da diversidade cultural implica em adotar um enfoque holístico para criar um am- biente organizacional que possibilite a todos o pleno desenvolvimen- to de seu potencial na realização dos objetivos da empresa”. Cabe destacar que a partir da década de 1990, a gestão da di- versidade passou a ganhar notoriedade, por intermédio de uma publi- cação de grande relevância do autor R. Roosevelt Thomas, intitulado “From Affirmative Action to Affirmative Diversity” na renomada revista Harvard Business Review. Desde então, a bibliografia da gestão da diversidade apresenta duas abordagens distintas (Quadro 1), que re- velam opiniões antagônicas em relação a essência dessa prática nas organizações (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019). QUADRO 1 – ABORDAGENS SOBRE A GESTÃO DA DIVERSIDADE Abordagem Descrição Gestão da diversi- dade com base na dissolução das diferenças Um conjunto de políticas organizacionais que não consideram as diferenças individuais associadas à identidade social, como etnia, gênero, idade, etc, pois acredita-se que todos os integrantes da organização possuem oportuni- dades iguais. Ou seja, os elementos que constituem a identidade pessoal do indivíduo não devem ser levados em conta; o que importa é se ele é compe- tente e eficiente no que diz respeito ao seu escopo de trabalho. 12 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão Gestão da diversi- dade com base na valorização das diferenças Reforça as diferenças individuais – como etnia, gênero, religião, etc. – por entender que elas constituem elementos competitivos para as organizações. Essa abordagem também reconhece a existência de desigualdade no aces- so as oportunidades dentro da organização e, por isso, ocupa-se de criá-las, implementando políticas organizacionais que permitam as minorias uma igualdade de condições em sua atuação. FONTE: Camilo, Fortim e Aguerre (2019, p. 34-35) A gestão da diversidade evidencia o desenvolvimento de competências espe- cíficas, concebendo políticas e desenhando práticas que buscam obter o melhor de cada pessoa (D’NETTO; SOHAL, 1999). Nessa perspectiva, Alves e Galeão- -Silva (2004) e Hesselbein, Goldsmith e Beckhard (1997), compreendem a gestão da diversidade, de uma maneira ampla, como sendo um conjunto de critérios que a organização institui em suas políticas de gestão para que as competências de uma pessoa, ou equipes, sejam usufruídos e apropriadamente geridos para aper- feiçoar o próprio desempenho organizacional, favorecendo a vantagem competi- tiva, e da mesma forma para assegurar condições de equidade de oportunidades as pessoas que compõem o quadro laboral da organização. Para Cox (1993) e Cox e Blake (1991) a gestão da diversidade tem potencial de vantagem competitiva por intermédio da melhoria da resolução de problemas e tomada de decisão. As equipes diversas, segundo os autores, têm uma base mais rica e ampliada de vivências e de como interpelar problemas dispares em diferen- tes perspectivas que conduz a elevados estágios de análise crítica em processos decisórios. A diversidade pode ser interpretada e debatida tanto pelo viés de ações afir- mativas, quanto pelo intermédio da gestão da diversidade. Ações afirmativas são aquelas oriundas em maior parte do poder público, ainda eu possa ser provenien- te do setor privado, e tem como objetivo compensar grupos historicamente pre- judicados no acesso a serviços, mercado de trabalho e oportunidades. De outra forma, a gestão da diversidade abrange um conjunto de políticas e práticas reali- zadas pelas organizações (ALVES; GALEÃO-SILVA, 2004). No Quadro 2 apresenta-se um comparativo da diversidade sobre o viés de ações afirmativas e outro pelo intermédio da gestão da diversidade. 13 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 QUADRO 2 – COMPARAÇÃO ENTRE AÇÃO AFIRMATIVA E GESTÃO DA DIVERSIDADE Variáveis Ação Afirmativa Gestão da Diversidade Grupos atingidos Minorias, grupos discrimi- nados: negros, mulheres e deficientes físicos. Todas as diferentes identidades presentes nas empresas: etnias, religiões, gênero, orientação sexual, etc. Efeitos nas organizações Pressões coercitivas exter- nas provocam mudanças nos processos de recrutamento, seleção e treinamento; impo- sição de cotas por exemplo. Diversidade passa a ser uma vantagem compe- titiva: atração de profissionais talentosos; sensi- bilização para novas culturas / novos mercados; potencial aumento da criatividade e da inovação nas organizações; aumento da capacidade de re- solução de problemas; aumento da flexibilidade do sistema administrativo. FONTE: Alves e Galeão-Silva (2004, p. 24) A implementação de práticas organizacionais para a gestão da diversidade pode contribuir com a geração de vantagem competitiva, desde que a organiza- ção institua práticas socialmente mais justas que somente as políticas de ações afirmativas, uma vez que estas práticas dispor-se-iam à melhoria e igualdade para todos as pessoas da organização e não exclusivamente para o grupodas mino- rias (HESSELBEIN; GOLDSMITH; BECKHARD, 1997). Afinal, o que devemos entender por vantagem competitiva? A noção de vantagem competitiva ou a possibilidade de uma organização se destacar e superar o mercado, pode ser identificada já no modelo teórico de competição monopolística de Chamberlin (1949). Inicialmente, o termo vantagem competitivo aparece de forma eventual e Ansoff (1965) se refere a ele como a uma “posição concorrencial” vantajosa obtida pelo ajuste de produtos a mercados. No final da década de 1970, inspirada pelo avanço da indústria japonesa, a preocupação com a competição ganha importância num ambiente dominado pelo planejamento estratégico e o termo vantagem competitiva aparece em várias pu- blicações, ainda com uma acepção de posição concorrencial sem uma definição precisa (ALLEN, 1978; LEE, 1979; MORRISON; OHMAE, 1978). A década de 1980 marca uma mudança de foco da área de estratégia, sain- do do planejamento e do portfólio para uma maior ênfase na competição, e, nes- se contexto, a terminologia vantagem competitiva torna-se mais frequente (GHE- MAWAT; RIVKIN, 2006). A publicação do livro de Michael Porter (1985), Vantagem Competitiva, con- sagra o emprego do termo entre consultores e acadêmicos. De maneira geral, a 14 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão vantagem competitiva assume uma posição central no pensamento estratégico como principal objetivo de pesquisa (REED; DEFILLIPPI,1990). O Quadro 3 iden- tifica algumas definições do termo vantagem competitiva. QUADRO 3 – ALGUMAS DEFINIÇÕES DE VANTAGEM COMPETITIVA Autor Definição Ansoff (1965, p. 93) “Procura identificar propriedades específicas e combinações individuais de produtos e mercados que dão à empresa uma forte posição concorrencial”. Hofer e Schendel (1978, p. 25) “Posições únicas que uma organização desenvolve vis-à-vis de seus competidores por meio de seu padrão de implantação de recursos e / ou escopo de decisões”. South (1981, p.17) “É aquela que oferece a oportunidade de rentabilidade sustentada em relação aos concorrentes, em vez de uma circunstância na qual os lucros são capturados por empresas com posições semelhantes lutando por volume e market-share”. (Porter, 1985, p.3). “Surge, fundamentalmente, do valor que uma empresa é capaz de criar para seus compradores, valor este que excede o custo da empresa em criá-lo. Valor é o que os compradores estão dispostos a pagar, e valor superior provém da oferta de preços inferiores aos dos concorrentes para benefícios equivalentes ou o fornecimento de benefícios únicos que mais do que compensam um preço superior. Existem dois tipos básicos de vantagem competitiva: liderança de custos e diferenciação”. Peteraf e Barney (2003, p. 314) “Uma empresa tem uma vantagem competitiva se for capaz de criar mais valor eco- nômico do que o concorrente marginal (breakeven) em seu mercado de produto. O valor econômico criado por uma empresa no decurso da prestação de um bem ou um serviço é a diferença entre os benefícios percebidos pelos compradores ao adquirirem o bem e o custo econômico para a empresa”. Hanson et al. (2013, p. 5) “Uma vantagem competitiva sustentável ou sustentada ocorre quando uma empresa implementa uma estratégia de criação de valor da qual outras empresas são incapa- zes de duplicar os benefícios ou os mesmos são custosos de imitar”. FONTE: Adaptado de Brito e Brito (2012) A gestão da diversidade, de acordo com Mor Barak (2016), apresenta três componentes chave: 1) A gestão da diversidade é voluntária. A legislação da igualdade de direitos é forçada através de sanções (monetárias ou encarceramento) e as políticas de ações afirmativas são forçadas através de incentivos (contratos governa- mentais), mas a gestão da diversidade é iniciada pelas próprias organiza- ções de modo inteiramente voluntário, não sendo forçada ou coagida. 2) As organizações que implementam a gestão da diversidade frequente- mente utilizam uma ampla e aberta definição da diversidade. Uma das razões para tal é o fato de promoverem programas de diversidade inclu- 15 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 sivos no sentido de reduzirem o potencial de objeções dos membros de grupos maioritários. 3) A gestão da diversidade destina-se ao fornecimento de benefícios tangí- veis para a organização. É vista como uma estratégia de negócio que se destina a explorar todo o potencial das pessoas na organização de forma a dar ao negócio uma vantagem competitiva. A lógica da gestão da diver- sidade permite todos os membros da organização trazer para o local de trabalho a sua perspectiva única, beneficiando a organização como um todo. Os benefícios esperados incluem resultados como um amplo re- curso de clientes diversos (pois colaboradores diversos comunicam me- lhor com clientes diversos), melhores produtos (porque a diversidade de opiniões leva a criatividade) e melhores vendas (porque colaboradores diversos entendem melhor as necessidades de clientes diversos). O BENCHMARKING PARA ENTENDER A IMPORTÂNCIA DA DIVERSIDADE NAS EMPRESAS (INCLUSIVE EM TEMPOS DE PANDEMIA) Para estimular que mais organizações construam espaços e cul- turas mais empáticas, diversas e inclusivas, a Blend Edu – startup que desenvolve experiências educacionais para promover a empa- tia, diversidade e inclusão nas organizações – realizou um estudo de benchmarking chamado “Panorama das Estratégias de Diversida- de no Brasil e os Impactos da Covid-19”. Ao longo desse texto, vamos trazer um resumo e destacar al- guns insights gerados pela pesquisa, mas ela também pode ser baixada na íntegra através do site: https://conteudo.blend-edu.com/ relatorio-benchmarking-diversidade-2020?material_baixado_hid- den=benchmarking_2020. Cerca de 45 grandes empresas brasileiras participaram (or- ganizações como Natura, Tim, Carrefour, Ambev, P&G, Prudential, L’Oreal, Ipiranga, Movile, Vale, etc.), compartilhando suas práticas voluntariamente, como uma forma de apostar inteligência coletiva, mostrando que possuem um mindset em linha com o tempo que vive- mos hoje, cada vez mais aberto, transparente e colaborativo. No estudo, foi possível obter um bom panorama de como as es- tratégias de diversidade estão estruturadas (Figura 1). Descobrimos 16 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão que mais de 64% possuem uma área específica e dedicada para a gestão de diversidade ou orçamento dedicado à essa área. Nor- malmente, este tema é parte do escopo das áreas de Recursos Hu- manos, mas também é liderado pelas áreas de sustentabilidade ou marketing, por exemplo. FIGURA 1 – PANORAMA DE COMO AS ESTRATÉGIAS DE DIVERSIDADE ESTÃO ESTRUTURADAS FONTE: Blend Edu (2021, s.p.) De acordo com o estudo, as 4 dimensões mais trabalhadas den- tro dos programas de diversidade são “Gênero” (93%); “Pessoas com Deficiência” (85%); “Raça/etnia” (80%) e “LGBTI” (68%) e é unânime entre as organizações a percepção de que ações educacionais são fundamentais para o engajamento e comprometimento das pessoas com a estratégia de diversidade. Além disso, 58% das empresas afirmam que a alta liderança compreende a relevância das ações de diversidade. Por outro lado, apenas 47% concordam que esta liderança de fato apoia as ações do programa (Figura 2). FIGURA 2 – A LIDERANÇA COMO PEÇA-CHAVE FONTE: Blend Edu (2021, s.p.) 17 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 É visível o desafio de sensibilização e criação de consciência coletiva. Apesar de já termos 68% empresas que monitoram indica- dores, poucas (25%) afirmaram publicar esses relatórios interna ou externamente. Desta forma, fica difícil que mais pessoas se sintam responsáveis pelo programa, uma vez que não possuem visibilidade dos avanços e GAPs (lacunas). Fonte: Adaptado de Blend Edu (2021, s.p.) – Publicado originalmente na coluna da Thalita Gelenske, CEOda Blend Edu, no blog da Revista HSM. Pless e Maak (2004) mencionam que o potencial criativo e inovador intrínse- co à força de trabalho diversa (no que se refere à origem étnica, nacionalidade, antecedentes culturais, religião, género, idade, educação, estilo de vida, estilo de trabalho, forma de pensar etc.) tem potencial de serem utilizados como conexões entre os limites culturais, podendo tornar-se uma vantagem competitiva. Martinez (2013) compreende que o entendimento sobre a diversidade nas organizações deve ser representado por um caminho escolhido teoricamente para ser trilhado (Figura 3), recorrendo-se como antecedentes a identidade e a visão sobre a pessoa que influencia a identificação humana e, como sucessores, a pre- sença desse fenômeno nas organizações e a atuação da gestão de pessoas nes- se processo. FIGURA 3 – O ENTENDIMENTO SOBRE A DIVERSIDADE NAS ORGANIZAÇÕES FONTE: Adaptado de Martinez (2013, p. 21) As organizações perceberam que a gestão da diversidade não é somente algo certo a ser realizado, mas também é bom para os negócios. Nesse sentido, Cox (1993) e Branco (2020) sugerem que a gestão da diversidade em uma orga- nização pode trazer vantagens competitivas, tais como: 18 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão a) Atração e retenção dos melhores talentos. b) Desenvolvimento dos esforços de marketing visando atender segmentos de mercado, promover a criatividade e a inovação. c) Facilitar a resolução de problemas. d) Desenvolver a flexibilidade organizacional. As organizações que manifestam preferência em instituir a gestão da diversi- dade na cultura organizacional, segundo Cox Jr. (2008), podem contar com dife- rentes benefícios provenientes desse engajamento. O autor expõe seis maneiras pelas quais a gestão da diversidade tem o potencial de criar uma vantagem com- petitiva para as organizações (Quadro 4). QUADRO 4 – GERINDO A DIVERSIDADE E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL Argumento Descrição Custo Dada a realidade da diversidade nos grupos de trabalho, a incapacidade de en- frentar os desafios especiais que ela apresenta pode levar a estruturas de custos mais elevadas para as organizações, contribuindo para uma maior rotatividade de colaboradores, maior conflito interpessoal e mais desentendimentos. Aquisição de Recursos À medida que as fontes de trabalho se tornam cada vez mais diversificadas, as organizações que são capazes de contratar, reter e efetivamente utilizar trabalha- dores de todas as origens socioculturais podem obter uma vantagem em ativos humanos sobre organizações que cumprem com menos eficácia suas metas de diversidade. Marketing Ao explorar os insights e a compreensão de pessoas de diferentes culturas, gê- neros, grupos étnicos, etc., as organizações podem obter vantagens na criação e venda de produtos e serviços para um mercado culturalmente diversificado. Criatividade A diversidade humana nos grupos de trabalho cria um fluxo mais rico de ideias e, portanto, tem o potencial de aumentar a criatividade e a inovação; isso, por sua vez, pode melhorar o desempenho financeiro da organização. Solução de Problemas Perspectivas diversificadas criam um potencial para uma melhor resolução de problemas em forças de trabalho que são culturalmente diversas. Essas vantagens devem ser observáveis no reconhecimento e definição de problemas, bem como na geração de soluções. Valores As organizações buscam atuar em um conjunto diversificado de medidas, incluindo a integridade dos valores fundamentais estabelecidos, como o tratamento justo e respeitoso de todos os membros e ou a promoção de oportunidades iguais de emprego na sociedade em geral. As organizações devem ser proativas no geren- ciamento da diversidade para honrar esses valores. FONTE: Adaptado de Cox Jr. (2008, p. 1-13) Em síntese, os esforços para superintender a diversidade focam-se na forma de abordar e gerir a força de trabalho diversa para dar à organização a vantagem 19 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 competitiva. Todos os esforços podem ser considerados como uma constante: na igualdade de oportunidade de trabalho, a legislação significa que é contra a lei discriminar; os programas de ações afirmativas significam que as organizações necessitam tomar passos positivos para assegurar oportunidades iguais; e a ges- tão da diversidade é proativa e orientada para promover a diversidade de uma força de trabalho formada por pessoas dissemelhantes (MOR BARAK, 2016). Livro: Gestão de Pessoas – Práticas de Gestão da Diversidade nas Organizações Autor(s): Juliana Camilo, Ivelise Fortim e Pedro Aguerre Editora: Senac São Paulo (1ª edição, 2019) Sinopse: Compor um quadro de pessoal heterogêneo deve ser um objetivo a ser alcançado nas organizações não só por conta de sua responsabilidade social, mas também porque ter colaboradores com diferentes características e pontos de vista pode auxiliar a em- presa a compor suas estratégias e suas formas de atuação para atin- gir ganhos e metas mais rapidamente, além de manter uma boa ima- gem diante dos consumidores e da própria equipe. No entanto, como implantar práticas que sejam efetivamente inclusivas e não restritas ao mero cumprimento de uma exigência legal? Como gerenciar os conflitos que podem surgir em virtude dessas diferenças no ambiente organizacional? Gestão de pessoas: práticas de gestão da diversida- de nas organizações é um lançamento do Senac São Paulo voltado para estudantes, profissionais de RH, gestores e demais interessa- dos em refletir sobre a realidade das empresas e propor maneiras de lidar com a diversidade de gênero, etnia, cultura, orientação sexual, idade, religião, entre tantos outros aspectos, de forma consciente e bem fundamentada nesses contextos. 2.1 INTRODUÇÃO À DIVERSIDADE A diversidade é constatada, em sua essência, em qualquer ambiente onde se destacam particularidades diferenciadas de um arquétipo considerado normal num parâmetro estatístico, isto é, a característica que se apresenta com maior regularidade (MARTINEZ, 2013). 20 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão A temática da diversidade teve seu início na década de 1960 na sociedade norte-americana e tiveram desdobramentos no mundo todo. Naquela ocasião, um conjunto de movimentos socais, reunidos por conflitos étnicos, originou a criação de leis que procuravam reparar desvantagens originadas historicamente e prover paridade de oportunidades para determinados extratos sociais (MENDES, 2004). A chamada “Primavera de 1960” levou diversas pessoas às ruas das cidades americanas, sob a liderança de Martin Luther King, onde milhares de pessoa ne- gras se pronunciavam contra o racismo que os segregava durante anos no país. No ano de 1963, Betty Friedan – uma das mais importantes ativistas feministas dos Estados Unidos no século XX – publicou o livro A Mística Feminina, denunciando a desigualdade de gênero e promovendo a causa feminina. No campo de gênero (LGBTQIA+), a Rebelião Stonewall – membros da comunidade gay, que sofriam prisões e batidas policiais frequentemente, que resistiram à ordem de prisão dada pela polícia de Nova York, gerando conflito aberto – levou a uma série de manifes- tações contra a opressão que esses grupos sofriam. Todas essas reivindicações, da mesma forma, ganharam poder ao irem de encontro com as manifestações contra a guerra do Vietnã e com o movimento da contracultura – visava opor e questionar os valores da cultura estabelecida (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019). À vista disso, os grupos sociais foram eficientes em pressionar os governan- tes naquela época, de modo que a diversidade enquanto conceito surge pela pri- meira vez com o Civil Rights Act (Ato dos Direitos Civis), nos Estados Unidos da América, no ano de 1964. Este documento veio declarar oficialmente ilegal, as organizações discriminarem as pessoas no ato da contratação ou na gestãocom base na raça, cor, religião, sexo ou nacionalidade (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019; KAPOOR, 2011). Considerando o interesse acadêmico, destaca-se Mendes (2005), o qual ex- põem que a partir do ano de 1973 a temática diversidade passou a destacar-se nas principais revistas acadêmicas sobre gestão organizacional com pesquisa de Hill e Fox (1973) publicada no Academy of Management Journal, retratando o convívio dos supervisores da marinha americana com os subordinados brancos, negros e porto-riquenhos, para a averiguação de potencias comportamentos pre- conceituosos resultantes de discriminação racial por parte dos líderes para com os membros da equipe. No final dos anos 1980, uma parcela dessa tendência passou a se manifes- tar entre as organizações norte-americanas. Os programas que foram instituídos pretendiam unificar o objetivo de justiça social com o de extrair vantagem da di- versidade da força de trabalho. Ford, Johnson & Johnson e Xerox foram algumas organizações pioneiras nestas iniciativas (MENDES, 2004). Fleury (2000) men- ciona que por volta da década de 80, pesquisas demonstraram uma tendência de mudança na força de trabalho, com a ampliação de mulheres brancas, seguido por homens e mulheres negras nos quadros laborais. 21 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 O termo “diversidade” ganhou forte expressão a partir da publicação, em 1987, pelo Hudson Institute, do influente relatório Workforce 2000 and workers in the 21st century, de Johnston e Packer (FRANÇA; LOURENÇO, 2010). Este relatório veio demonstrar que a força de trabalho era heterogénea, sendo consti- tuída por indivíduos que se diferenciavam em relação ao género, idade, etnia etc. (KAPOOR,2011). Afinal, o que devemos entender por “diversidade”? Nkomo e Cox Jr. (1999) declaram que para se ter melhor compreensão na linguagem e no significado do vocábulo diversidade, existe a necessidade de con- ceber melhor esse conceito, pois o termo apresenta-se incompleto: diversidade em quê? A definição de diversidade normalmente reconhecida refere-se às diferenças entre as pessoas sobre qualquer atributo que possa levar à percepção de que um difere de outro. Os diferentes atributos podem se referir a características demo- gráficas e informacionais/funcionais, traços de personalidade, valores pessoais, bem como outros tipos de diversidade como a religião, crenças, orientação sexual ou habilidades mentais e de saúde física (ROBERGE; DICK, 2010). A diversidade tem a sua etimologia no latim “diversitas”, procurando dizer variedade ou diferença. É a representação, em um determinado sistema social, da multiplicidade de diferenças e similaridades que existem entre os indivíduos ou os grupos que os representam. É a qualidade do diverso (dimensão positiva), por oposição à cultura de grupo, à homogeneização de culturas ou à monocultura (dimensão negativa) (MONIZ, 2019). Para você compreender com maior facilidade o(s) conceito(s) sobre diversi- dade, confira no Quadro 5 algumas definições da diversidade: QUADRO 5 – ALGUMAS DEFINIÇÕES DA DIVERSIDADE Autor Definição Cox Jr. (1993, p. 5-6) Diversidade é “a representação, em um sistema social, de pessoas com afiliações a grupos claramente diferentes em termos de significado cultural. A questão da diversidade em um contexto de sistema social é caracterizada por um grupo majoritário e por grupos minoritários, isto é, aqueles grupos com menor quantidade de membros representados no sistema social”. Thomas Jr. (1996, p. 5) A diversidade é como “a mistura de itens caracterizados por diferenças e similaridades”. McGrath, Berdahl e Arrow (1995, p. 23) A “diversidade (e seu oposto, homogeneidade) refere-se às diferenças (ou similaridades) entre membros de alguma particular coletividade”. 22 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão Nkomo e Cox Jr. (1999, p. 334-335) A diversidade “inclui todos, não é algo que seja definido por raça ou gênero. Estende-se à idade, história pessoal e corporativa, formação educacional, função e personalidade. Inclui estilo de vida, preferência sexual, origem geográfica, tempo de serviço na organização, status de privilégio ou de não privilégio e administração ou não administração”. Fleury (2000, p. 20) A diversidade é como “um mix de pessoas com identidades diferentes interagindo no mesmo sistema social”. Alves e Galeão-Silva (2004, p. 22) A diversidade é como “uma variedade de atributos de indivíduos e grupos”. Chartered Institute of Personal and Develop- ment (2006, p.2) Diversidade é “valorizar todos individualmente, quer seja empregado, cliente ou outra parte interessada”. Kreitz (2008, p. 102) Diversidade é “qualquer diferença significativa que distingue um indiví- duo de outro, sendo essas diferenças visíveis ou ocultas”. Kirton e Greene (2015, p. 129) A diversidade é como uma “abordagem que busca reconhecer, valorizar e utilizar as diferenças entre indivíduos, mais que eliminar ou negá-las”. FONTE: O autor (2021) O movimento da diversidade cultural vem em grande parte das previsões apontadas no relatório Workforce 2000 que previa uma transformação radical na composição da força de trabalho estadunidense, mostrando um acréscimo demo- gráfico superior de mulheres, hispânicos, asiáticos e outras “minorias”, em rela- ção ao maistream, grupo dominante constituído por homens típicos (casados, de meia-idade e heterossexuais) (FRANÇA; LOURENÇO, 2010). Para Legge (2004), a migração econômica do setor manufatureiro para o de serviços, requereu um novo perfil profissional. A informatização produtiva e a re- dução da mão de obra (essencialmente a braçal) resultaram na formação de um novo cenário em que a força de trabalho se deslocou da seguinte maneira: a) Tornou-se mais instruída, uma vez que os chamados trabalhadores do conhecimento passaram a fazer parte da organização, que por sua vez, capacitou e habilitou essas pessoas. b) Tornou-se mais feminina, uma vez que as mães poderiam se utilizar da flexibilidade de horário para cuidar dos filhos, devido às características do setor de serviços. c) Tornou-se mais velha, por conta das tendências demográficas, contra- riando o padrão de trabalhador homem, jovem e braçal. No Brasil, tais programas voltados à diversidade surgiram no final da década de 1990 por meio de organizações como o JP Morgan, o BankBoston e a Du Pont, que importaram ações praticadas em suas sedes. A criação do Instituto Ethos e a 23 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 consequente disseminação do movimento de responsabilidade social empresarial marcou o início de uma série de iniciativas voltadas para a valorização da diver- sidade em organizações nacionais, tais como a Natura, a Intermédica e a Serasa (MENDES, 2004). Nas décadas posteriores, as organizações brasileiras, considerando o seu compromisso com o desenvolvimento social e a promoção da cidadania, passa- ram a incluir em sua pauta de discussões estratégicas, reflexões sobre a diversi- dade da força de trabalho e o seu impacto na organização (SAJI, 2005). Para a implementação estratégias orientadas para a diversidade, destaca-se Chavez e Weisinger (2008), os quais propõem que a organização estabeleça, di- recione e acompanhe objetivos voltados pra o desenvolvimento da diversidade, fornecendo uma oportunidade realista para que seja possível emergir uma cultura organizacional que promova a diversidade, e que sustente uma estratégia na con- tribuição de insights a partir de experiências pessoais. A fim de desenvolver a diversidade de forma mais ampla e obter um núme- ro maior de características diversas das pessoas. Kapoor (2011) menciona que as organizações devem estabelecer uma diversidade considerada moderna, aon- de não abarque somente diferenças referentes a gênero ou raça, mas também estilos de pensamento, abordagens de resolução de problemas, experiências, competências, hábitos detrabalho, estilos de gestão, entre outras características mais. Mazur (2010) expõe a existência de uma multiplicidade de características diversas que podem e devem ser reconhecidas e geridas pelas organizações. De forma mais abrangente, pode-se identificar, a princípio, duas categorias de características diferenciadoras de diversidade (THOMAS JR., 1992; HARRI- SON et al., 2002; RICHARD et al., 2002; ROBERGE; DICK, 2010): a) Primeira categoria: As mais fáceis de identificar e na sua maioria visíveis (como idade, gênero e raça). b) Segunda categoria: Outras, que não são tão fáceis de reconhecer, abai- xo da superfície, tais como, o nível educacional, o estilo de vida, as am- bições e objetivos, valores pessoais e sistema de crenças, orientação sexual, formas de pensamento, personalidades, atitudes e crenças. Na percepção de Jackson e Ruderman (1995), as categorias que constituem a diversidade estão ordenadas sob três domínios: Diversidade demográfica (ba- seada em gênero, etnia, idade), diversidade psicológica (baseada em valores, crenças e conhecimento) e diversidade organizacional (baseada em tempo de casa, ocupação, nível hierárquico). 24 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão McGrath, Berdahl e Arrow (1995) partem do entendimento de que um grupo pode ser formado relativamente de maneira homogênea (sem muitas diferenças, onde a diversidade é bem pouco observada ou nula) ou heterogênea (com eleva- da diferença, onde a diversidade é marcante). Os autores apresentam a divisão de cinco categorias de atributos formadores da diversidade: a) Atributos demográficos (idade, raça, etnia, gênero, orientação sexual, al- gumas características físicas, religião e educação). b) Conhecimentos, habilidades e capacidades relativos à tarefa. c) Valores, crenças e atitudes. d) Personalidade e estilos cognitivos e comportamentais. e) Status no grupo de trabalho da organização (nível hierárquico, especiali- dade ocupacional, departamento funcional e tempo de casa). Recorrendo a uma analogia de um iceberg, Rijamampianina e Carmichael (2005) distribuem a diversidade em três categorias, sendo elas: primária, consi- derada a mais visível, correspondendo a ponta visível do iceberg (ex.: o gênero, a idade, a etnia, as incapacidades e a raça) compondo as características básica de discriminação e sobre as quais existe legislação no mundo; categoria secundária, representando a parte do iceberg que fica sob a superfície (ex.: a religião, a cul- tura, a orientação sexual e a política, entre outras características que não são tão óbvias à primeira vista); e a categoria terciária, que representa as características centrais da identidade individual, mais profunda, bem abaixo da superfície. No Quadro 6 é demonstrado as três categorias da diversidade mencionadas por Rijamampianina e Carmichael (2005). QUADRO 6 – CATEGORIAS DA DIVERSIDADE Categoria primária Categoria secundária Categoria terciária Raça Etnia Gênero Idade Religião Cultura Orientação sexual Estilo de pensamento Crenças Suposições Percepções Atitudes Incapacidade Origem geográfica Status familiar Estilo de vida Status econômico Orientação política Experiência de trabalho Educação Língua Nacionalidade Sentimentos Valores Normas de grupos FONTE: Rijamampianina e Carmichael (2005, p. 109-110). 25 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 Analisando as características e as particularidades inerentes a diversidade, Fleury (2000) e Alves e Galeão-Silva (2004) apresentam dois pontos relevantes que necessitam de ampla compreensão: a “ação afirmativa”, cujas práticas objeti- vam a regulamentação de leis para criação de condições aos grupos desfavoreci- dos e de igualdade de oportunidades de trabalho e emprego; a “gestão da diver- sidade” que pode ser entendida como as práticas gerenciais de uma organização em substituição às políticas de ações afirmativas. Alves e Galeão-Silva (2004, p. 23) explicam a ação afirmativa como “um con- junto de políticas específicas para membros de grupos sociais atingidos por formas de exclusão social que lhes negam um tratamento igualitário no acesso às diversas oportunidades”. Os objetivos das políticas de ação afirmativa tendem a um caráter reparatório, visto que agem como medidas para assegurar condições de similitude aos grupos ou indivíduos discriminados e historicamente desfavorecidos. Fleury (2000) esclarece que a gestão da diversidade foi uma reação das or- ganizações frente à diversificação crescente da força de trabalho e às necessida- des de competitividade. A gestão da diversidade nas organizações é essencial, porque propicia a todas as pessoas um desenvolvimento pleno de suas compe- tências (THOMAS JR., 1996). Ely e Thomas (2001) mencionam que as práticas de gestão da diversidade estariam voltadas para as oportunidades de melhorias para todas as pessoas, en- quanto as políticas de ação afirmativa estariam voltadas somente para as minorias. VOCÊ SABIA? Embora a Constituição Federal de 1988 reconhecesse a neces- sidade de ações afirmativas em relação a determinadas minorias, os direitos dessas pessoas comumente ficam restritos ao papel e não en- contram condições materiais de serem exercidos em sua plenitude. A despeito de algumas iniciativas legislativas nas décadas de 1980 e 1990, foi a partir dos anos 2000 que pôde ser observada uma postura mais ativa por parte do poder público na adoção das ações afirmativas; e somente em 2003 o Brasil passar a ter uma Secretaria da Igualdade Racial e Direitos Humanos, com caráter de ministério, que institucionalizou de forma burocrática a gestão da diversidade com vistas à promoção de igualde entre as minorias de cor, etnia, gênero e orientação sexual. 26 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão O termo “ação afirmativa” é utilizado globalmente, sobretudo no mundo jurídico, para tratar de práticas que corrijam desigualdades existentes na sociedade, fruto de discriminação que grupos enfrentam ao longo da história. Não se utiliza em qualquer situação ou para pes- soas individualmente, mas para pessoas desses segmentos historica- mente discriminados, com foco em temas relevantes para a sociedade. Ações afirmativas são meio e não fim. São uma ferramenta e não o projeto todo ou a finalidade de um programa de diversidade e inclusão. Elas identificam as pessoas que estão em situação de exclusão e buscam trazê-las para lugares que não ocupam ou onde estão pouco representadas. Ações afirmativas aceleram resultados e colocam no campo da gestão o que “naturalmente” não irá se resol- ver a não ser em décadas ou até séculos. Em comparação com outros países, no Brasil, foi necessário mais tempo para que de fato a questão da diversidade fosse colo- cada como pauta relevante no debate público; e mesmo os campos progressistas tiveram dificuldades em reconhecer a necessidade de ações afirmativas como instrumentos corretivos de uma desigualda- de estrutural. Embora tardia, essa adoção implicou o reconhecimento de con- flitos sociais latentes causados pela desigualdade no Brasil, e isso pode ser considerado um avanço no sentindo de minimizar os male- fícios causados pela discriminação. A adoção dessas ações afirmati- vas caracteriza, portanto, a concepção da gestão da diversidade com base na valorização das diferenças. Ainda assim, a efetividade da gestão da diversidade, tanto na esfera pública quanto na esfera privada, está condicionada ao real exercício de ações que visem eliminar a natureza estrutural da dis- criminação. Isso implica uma agenda de políticas públicas que visem primeiramente proporcionar as condições igualitárias para que todas as pessoas, independentemente das suas diferenças, tenham aces- so às mesmas oportunidades. Entende-se que as ações afirmativas correspondem ao primeiro passo dessa jornada, mas é preciso ir além delas. Fonte: Camilo, Fortim e Aguerre (2019, p. 35-36) 27 Gestãoda DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 Livro: Como ser um líder inclusivo Autor(s): Liliane Rocha Editora: Scortecci Editora (1ª edição, 2017) Sinopse: Para todos aqueles que estão em posição de lideran- ça nos mais variados contextos e instituições o livro “Como ser um líder inclusivo” é acima de tudo uma síntese da experiência prática da Liliane Rocha, que ao longo de 13 anos atuando com Sustentabili- dade e Diversidade em grandes empresas no Brasil e América Latina ganhou bagagem suficiente para contribuir com o debate do tema junto as empresas brasileiras e até internacionais. A partir de abor- dagem prática, o livro traz histórias que estão inseridas no mundo empresarial, além de dados, estatísticas, aspectos de direitos huma- nos e vantagem competitiva para quem busca conhecimento nesta emergente discussão. 2.2 DIVERSIDADE NAS ORGANIZAÇÕES Com a dinâmica populacional da força de trabalho em constante mudança, políticas sociais e legais contribuem para melhorar o processo de contratação e as oportunidades de trabalho, parcialmente devido à considerável atividade orga- nizacional que responde a tais desenvolvimentos e concebe uma força de traba- lho mais díspar (RICHARD et al., 2002). À vista disso, com o crescimento da imigração, com a expansão econômi- ca, política e cultural das organizações a nível mundial e o processo de enve- lhecimento da força de trabalho, manifesta-se a necessidade de compreender os efeitos da diversidade nos grupos e nos resultados organizacionais (WILLIAMS; O’REILLY, 1998). Para Williams e O’Reilly (1998), a diversidade quando é utilizada devidamen- te pode beneficiar as organizações (ex.: recursos disponíveis, como perspectivas, estilos, conhecimentos e visões, que as pessoas detêm para resolução de proble- mas mais complexos) e em última instância melhorar o desempenho, entretanto, Mazur (2010) menciona que a diversidade pode ser prejudicial para o funciona- 28 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão mento dos grupos em determinadas organizações (ex.: equipes multiculturais po- dem deter múltiplas perspectivas em qualquer situação e aumentar o potencial de inconsistência decisória, o que pode levar a perdas de produtividade). Em síntese, a diversidade da força de trabalho, instaura na organização quer problemas quer benefícios que acabam exercendo influência na prática organiza- cional. Milliken e Martins (1996, p. 403) mencionam que a “diversidade parece ser uma espada de dois gumes, aumenta a oportunidade para a criatividade tal como a probabilidade de os membros do grupo ficarem insatisfeitos e falharem na iden- tificação como grupo”. Nesse sentindo, cada organização deve gerenciar a diversidade da força de trabalho de acordo com uma perspectiva, um padrão, um conjunto de ideias que define um caminho percorrido e escolhido, constituindo assim um conjunto de costumes e realizações (SORANZ, 2019). Para que a força de trabalho diversa gere frutos para as organizações; segundo Thomas e Ely (1996), faz-se neces- sário compreender a diversidade por intermédio do paradigma da aprendizagem e efetividade. Segundo os autores, existem dois antigos paradigmas (Paradigma da discriminação e da justiça; Paradigma do acesso e da legitimidade) que foram considerados como os melhores caminhos para a diversidade nas organizações e um novo paradigma (Paradigma da aprendizagem e efetividade) considerado o ideal para a diversidade na força de trabalho. No Quadro 7 são apresentadas as três perspectivas paradigmáticas utilizadas por Thomas e Ely (1996) no processo de gestão da diversidade nas organizações: QUADRO 7 – PERSPECTIVAS PARADIGMÁTICAS Perspectiva Descrição Paradigma da discriminação e da justiça Esse paradigma ressalta a questão da igualdade atrelada à justiça, que é a base dos programas de ações afirmativas e legislações vigentes globalmente e dos programas governamentais internacionais EEO – Equal Employment Opportunity – que focam na contratação das consideradas minorias. O objetivo desse paradigma, portanto, é inserir demograficamente e promover um tratamen- to justo e igualitário. No entanto, a organização fica “cega” quanto às diferenças. Paradigma do acesso e da legitimidade Nesse paradigma as organizações tiram vantagens de sua força de trabalho diversa para atingir segmentos diversos de mercado, ou legitimidade de seus produtos e serviços. Esse paradigma tem como característica aceitar e celebrar as diferenças e está ligado com a estrutura diversa de consumidores e baseada nas motivações de inserção em novos mercados. Paradigma da aprendizagem e efetividade A organização deve crescer para atingir benefícios máximos em todos os as- pectos do trabalho. As corporações que adotam esse terceiro paradigma têm incorporado os talentos de seus colaboradores para melhorar e aumentar o 29 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 desempenho da organização, combinando os dois primeiros paradigmas e criando um ambiente mútuo de diversidade onde aqueles considerados mino- rias sentem-se valorizados e apreciados. No entanto, para que esse paradigma seja adotado, a liderança deve tomar algumas ações, como ser aberta à deba- tes e conflitos construtivos, fazer com que os colaboradores se sintam valoriza- dos gerando maior comprometimento e empoderamento, criar uma expectativa de alto padrão de desempenho, reconhecer oportunidade e desafios de diferen- tes perspectivas, estimular o desenvolvimento pessoal, ter uma estrutura não burocrática e relativamente igualitária e ter uma missão claramente divulgada. FONTE: Thomas e Ely (1996, p. 79) O que é Paradigma, afinal? Paradigma é um modelo ou padrão a seguir! Etimologicamente, este termo tem origem no grego “paradeig- ma” que significa modelo ou padrão, correspondendo a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser seguido em determinada situação. São as normas orientadoras de um grupo que estabelecem limites e que determinam como um indivíduo deve agir dentro desses limites. Na filosofia, um paradigma está relacionado com a epistemolo- gia, sendo que para Platão, um paradigma remete para um modelo relacionado com o mundo exemplar das ideias, do qual faz parte o mundo sensível. O norte-americano Thomas Samuel Kuhn (1922-1996), físico e fi- lósofo da ciência, no seu livro “A Estrutura das Revoluções Científicas” designou como paradigma as “realizações científicas que geram mode- los que, por período mais ou menos longo e de modo mais ou menos explícito, orientam o desenvolvimento posterior das pesquisas exclusi- vamente na busca da solução para os problemas por elas suscitados”. Fonte: Significados (2015, s.p.) e Serva, Dias e Alperstedt (2010, p. 276-287). Para melhor compreensão das perspectivas utilizadas por Thomas e Ely (1996), Dass e Parker (1999) acrescentaram a abordagem de resistência, de for- 30 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão ma simplificada, sugerindo, então, quatro abordagens de diversidade, em que cada uma pode ser vista como um recurso estratégico (Quadro 8). As organizações que fazem uso da abordagem de resistência não concebem a diversidade como uma temática relevante, ou então, a organização sente-se ameaçada pela diversidade. Estas organizações resguardam a preservação da homogeneidade e da monocultura; a gestão e o conhecimento em diversidade não existem (DASS; PARKER, 1999). QUADRO 8 – ABORDAGENS DE DIVERSIDADE Abordagem de Diversidade Base Definição Interna Entendimento Objetivo Grau de aprendiza- gem da diversidade (nível organizacional) Resistência Diversidade não é uma questão Eles não são “nós” Preservação da homogeneidade Defesa do “status quo” Exclusão do conheci- mento em Diversidade. Discrimina- ção e Justiça Diferenças cau- sam problemas Proteger os grupos Assimilação Não- discri- minação das minorias Não há uso do conhe- cimento em diversidade;homoge- neização do conhecimento. Acesso e Legitimidade aoMercado Diferenças criam possibili- dades Todas as dife- renças Diferenciação Acesso ao pessoal e aos consu- midores Integração do conhe- cimento em diversidade; conheci- mento heterogêneo. Aprendiza- gem e Efetividade Diferenças e comunalidades oferecem possi- bilidades e implicam custos As diferenças e as comu- nalidades são importantes Aculturação e pluralismo Longo prazo de aprendiza- do individual e organiza- cional Integração total do uso do conhecimento da diversidade; estabele- cimento multifacetado; ampla base de conhe- cimento. FONTE: Adaptado de Dass e Parker (1999, p. 70) Yang e Konrad (2011), diferentemente dos paradigmas e das abordagens, focam em novos debates sobre a gestão da diversidade nas organizações, por intermédio de processos, conforme apresentado na Figura 4 e no Quadro 9. 31 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 FIGURA 4 – O PROCESSO DE GESTÃO DA DIVERSIDADE FONTE: Adaptado de Yang e Konrad (2011, p. 20) No Quadro 9 são apresentadas a descrição dos três processos utilizadas por Yang e Konrad (2011) na gestão da diversidade nas organizações: QUADRO 9 – DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS DE GESTÃO DA DIVERSIDADE Processo Descrição Primeiro O primeiro processo de gestão da diversidade são estímulos. Os estímulos provem, primeiramente dos programas de ações afirmativas e cumprimento da legislação, que gerarão um aumento da demografia de mulheres e outras dimensões de diversidade dentro das organizações, as forças do mercado para serem competitivos em diversos ramos e em lidar com stakeholders diversos e ver a diversidade como valor para a estratégia da organização. Farão com que as organizações tenham que gerenciar a diversidade inevitavelmente (BASSETT‐JONES, 2005). Segundo O segundo processo de gestão da diversidade é a implementação, que vem do efeito agregado dos subsistemas da gestão de pessoas, incluindo recrutamento, premiação, resultados, avaliação, desenvolvimento do colaborador, gestão de comportamentos individuais para se ter vantagem competitiva através da liderança e do trabalho em equipe (BASSETT‐JONES, 2005). A questão é não somente aceitar as diferenças indi- viduais, mas criar uma atmosfera de inclusão e fazer com que a diversidade gere valor. Terceiro O terceiro e último processo da gestão da diversidade é o resultado. Os gestores deve- rão fazer uma gestão ativa da diversidade (SHEN et al., 2009), porque ao gerenciar a diversidade resultará dessa gestão não somente a legitimidade da organização peran- te ao mercado (consumidores e concorrentes), mas também a efetividade, vantagem competitiva e resultados. FONTE: Adaptado de Yang e Konrad (2011, p. 20-21) 32 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão Independentemente da maneira como a diversidade da força de trabalho é interpretada nas organizações; Alves e Galeão-Silva (2004) evidenciam que as organizações devem gerenciar a diversidade por intermédio de estratégias e práticas organizacionais, visando à formação de equipes compostas por pesso- as com experiências e competências distintas, com o objetivo de melhorar sua vantagem e diferenciação mercadológica. Coutinho (2006) expõe que a gestão da diversidade deve ser parte integrante das estratégias e essencialmente ser parte da cultura organizacional. Slater, Weigand e Zwirlein (2008) propõem que a diversidade pode trazer no- vas vozes e perspectivas para a estratégia da organização, auxiliando os gestores a compreenderem e endereçar novas necessidades para clientes demograficamente diversos estimulando um aumento de criatividade e de decisões alternativas. Shen et al. (2009) recomendam um modelo conceitual, o qual sugerem que a organiza- ção se mantenha comprometida com a diversidade em três níveis distintos: 1) Nível estratégico, que a alta gerência deverá estar compro- metida com a filosofia e a cultura a fim de implementarem po- líticas de diversidade. 2) Nível tático, para incorporar os programas de ações afirma- tivas e políticas de igualdade, simultaneamente. 3) Nível operacional, prestando atenção na educação dos cola- boradores, rede de relacionamento, comunicação e flexibilida- de na empregabilidade. A gestão da diversidade da força de trabalho, quando bem gerida, pode exer- cer influência favorável no desempenho das organizações (MENDES, 2004). Para Dessler (2003, p. 49), “gerenciar a diversidade significa maximizar as vantagens potenciais da diversidade e ao mesmo tempo minimizar suas barreiras potenciais – como discriminações e preconceitos” nas organizações. No Quadro 10 são descritos efeitos positivos da gestão da diversidade nas organizações de acordo com Mendes (2004). QUADRO 10 – DESCRIÇÃO DOS EFEITOS POSITIVOS DA GESTÃO DA DIVERSIDADE Efeitos Descrição 1º Efeito A diversidade aumenta a criatividade, a inovação e a capacidade de solucionar proble- mas. As organizações mais inovadoras usam equipes de trabalho heterogêneas como “usinas de ideias” e indicam que a visão de pessoas provenientes de minorias pode estimular o surgimento de soluções diferentes e não ortodoxas. 2º Efeito A diversidade ajuda a ampliar mercados. Assim como a força de trabalho, os mercados consumidores estão se tornando cada vez mais heterogêneos, impondo às organiza- ções a necessidade de desenvolver competências que as tornem aptas a negociar e a entender e atender as necessidades de consumo de diferentes extratos sociais e culturais. Uma força de trabalho mais diversa ajuda a desenvolver tais competências. 33 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 3º Efeito A diversidade aumenta a flexibilidade organizacional. Esse benefício baseia-se na pre- missa de que membros de minorias têm maior habilidade para lidar com ambientes em transformação. Consequentemente, sua presença propicia às organizações maior capacidade para lidar com mudanças ambientais. 4º Efeito A diversidade fortalece a imagem da organização. Ao promover políticas e práticas vol- tadas para a diversidade, e assim atender a anseios sociais explícitos ou implícitos, a organização indiretamente estimula uma percepção positiva de sua atuação e fortalece sua imagem junto à comunidade, ao governo, aos clientes e aos próprios colaboradores. 5º Efeito A diversidade atrai mão de obra. Pessoas pertencentes a minorias dão preferência a oportunidades de emprego em organizações que adotam boas práticas de gerencia- mento da diversidade. Como consequência, estas organizações têm uma vantagem relativa em termos de atração e retenção de recursos humanos. FONTE: Adaptado de Mendes (2004, p. 81) Sicherolli, Medeiros e Valadão Jr. (2011) destacam que a gestão da diversi- dade nas organizações deve ser compreendida como uma ferramenta gerencial e administrativa que, se bem utilizada, pode trazer benefícios para a organização e as pessoas que nela laboram. A gestão da diversidade deve convergir seus es- forços para assegurar uma integração favorável entre o(s) talento(s) do(s) colabo- rador(s) e os objetivos organizacionais, a fim de conquistar as estratégias merca- dológicas planejadas pela organização. Por outro lado, para os colaboradores, a gestão efetiva da diversidade permite que cada um expresse a sua personalidade e seja respeitado dentro do ambiente organizacional, permitindo que o colabora- dor constate e alinhe seus princípios com os princípios da organização, alcançan- do, então, um crescimento profissional e pessoal conjuntamente. A gestão da diversidade nas organizações de acordo com Martinez (2013) pode originar ganhos como a flexibilidade organizacional, a retenção de talentos, a melhoria do clima organizacional e a melhora da qualidade na comunicação. Entretanto, o autor menciona que a gestão da diversidade gerida de forma inade- quada pode resultar em queda no desempenho organizacional, saída de compe- tências e conflitosem ambiente de trabalho. Com a intenção de melhor compreender a presença da diversidade nas or- ganizações, Martinez (2013) elaborou uma síntese dos impactos organizacionais pelo gerenciamento efetivo ou não da diversidade, apresentados no Quadro 11. QUADRO 11 – IMPACTOS ORGANIZACIONAIS PELA PRESENÇA DA DIVERSIDADE Autor Impactos Positivos Golem- biewski (1995, p. 11) Facilita a contratação de competências raras. Redução de custos sobre o turnover e o absenteísmo. Desenvolvimento de uma imagem positiva junto a clientes, fornecedores, stakehol- ders etc. 34 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão Redução de conflitos dentro do grupo e transformação de energia para gerar inova- ções ou desenvolver performances. Diminuição ou eliminação de barreiras de comunicação, com melhorias na solução de problemas. Aumento da capacidade de confrontar as diferenças, possibilitando aumento da fle- xibilidade e responsabilidade. Percepção de um senso de justiça e equidade pelos profissionais; O pensar como cliente, a revisão de culturas, valores, etc. Cox Jr. (2001, p. 4) Contribuições na solução de problemas, por meio de prismas diferenciados dos ha- bituais. Aumento da criatividade e inovação, pela permissividade e estimulo a divergências de entendimento e conhecimento de realidades por vezes deferentes daquelas dos pro- fissionais encarregados em promover novos processos e produtos nas organizações. Aumento da flexibilidade na organização, ou alterações nas políticas organizacio- nais revistas após a implantação da gestão da diversidade. Aumento da qualidade no recrutamento e retenção de talentos, criando vantagem competitiva pela variedade de backgrounds. Melhoria nas estratégias de marketing, principalmente em mercados globalizados como os atuais, onde os padrões culturais interferem, atraindo ou afastado, possibi- lidades de negócios ao redor do mundo. Mendes (2004) Aumento da criatividade, inovação e capacidade de solução de problemas. Aumento da flexibilidade organizacional. Diversificação e aumento de fontes de recursos humanos. Ampliação de mercado. Limongi- -França, (2004, p. 96-97) Troca de conhecimentos e valores. Reflexão, identificação e a intensificação das relações interpessoais na busca de novos valores pessoais. Amadurecimento das relações de trabalho e aprendizado na assimilação das dife- renças. Enriquecimento do clima organizacional pela intenção e pela inclusão das pessoas, afetando e refletindo em aprendizados sociais. Autor Impactos Negativos Cox Jr. (2001) Obstáculos para alta performance, devido a ruídos na comunicação, aumento de conflitos e baixo comprometimento. Mendes (2004) Rotatividade e absenteísmo aparecem como resultados negativos pela diversidade na força de trabalho, explicado como provavelmente ocorrendo por baixa identifica- ção do trabalhador com a organização. Limongi- -França (2004, p. 96-97) Segregação, a indiferença e o medo do desconhecido são os resultantes negativos da diversidade. O confronto pode gerar situações muitas vezes problemáticas e desgastantes no ambiente de trabalho. FONTE: Adaptado de Martinez (2013, p. 43-44) Considerando os impactos positivos e negativos com os quais se depara a organização, Pereira e Hanashiro (2007) afirmam que as organizações po- 35 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 dem gerir a diversidade presente em seus ambientes, originando-se de duas perspectivas: a) Gestão da diversidade com foco na dissolução das diferen- ças, originando-se do pressuposto de que todos na organi- zação têm as mesmas condições e oportunidades, indepen- dentemente de suas características e histórico de vida. Essa perspectiva origina-se da consideração do mérito e da compe- tência pessoal, desconsiderando as diferenças. b) Gestão da diversidade com foco na valorização das diferen- ças, originando-se da premissa de que as pessoas pertencem e representam determinados grupos sociais, trazendo automa- ticamente, comportamentos e valores oriundos desse grupo. Essa perspectiva origina-se pelas diferenças de identidade so- cial e características dos grupos sociais, como raça, gênero, entre outros. Para uma melhor compreensão da gestão da diversidade nas organizações, Cox, Lobel e McLeod (1991) demonstram que a gestão da diversidade envolve o planejamento e a implementação de políticas e principalmente práticas efetivas que possam potencializar efeitos positivos e minimizar as suas desvantagens. Considerando a implementação de práticas de gestão da diversidade, Easley (2001), partindo das premissas do desenvolvimento, valorização e gerenciamento da diversidade, propõe um mapa composto por oito etapas, visando a implemen- tação de políticas e práticas para gerir a diversidade presente na organização: a) Desenvolver uma visão de diversidade. b) Mudar os pressupostos sobre diversidade. c) Analisar a cultura e clima organizacional. d) Desenvolver estratégias de mudança da cultura e do clima. e) Engajar em aprendizado estratégico durante o processo de mudança. f) Estabelecer sistemas para capturar e elevar a aprendizagem de diversidade. g) Desenvolver sistemas de RH para sustentar a valorização e gestão da diversidade. h) Monitorar o ambiente global e de diversidade e o progresso da organização. A implementação de práticas de gestão da diversidade, quando bem organi- zadas, tem a capacidade de desenvolver as pessoas para engajar-se de maneiras distintas de pensar e agir de modo edificante (MACCALI et al., 2015). A gestão da diversidade de uma força de trabalho diversificada, busca desenvolver competências organizacionais por intermédio do reconhecimento das características e conhecimen- tos que as pessoas podem oferecer à organização (BATEMAN; SNELL, 1998). Hanashiro e Godoy (2004) expressam que a gestão da diversidade requer um estágio de maturidade por parte da organização, em relação ao tratamento 36 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão dos aspectos que envolvem a diversidade. Nesse sentindo, Carstens e De Kock (2016) criaram onze diferentes níveis de competências necessárias para a organi- zação gerir melhor a diversidade estabelecida. As onze competências necessárias para melhor gerir a diversidade nas orga- nizações estão dispostas no Quadro 12. QUADRO 12 – DEFINIÇÕES DE COMPETÊNCIAS DE GERENCIAMENTO DE DIVERSIDADE Nº Competência Descrição 1 Liderando a diversidade Demonstrar liderança em diversidade no mercado e na sociedade, manifes- tando apoio à diversidade e investindo em iniciativas que estabelecem maior igualdade de oportunidade de emprego e corrigem a desigualdade social. 2 Capitalizando a diversidade Utiliza a diversidade da força de trabalho capitalizando sobre a variedade de conhecimentos, habilidades, competências e perspectivas dos colabo- radores para criar vantagem competitiva. 3 Transformação sustentável da força de trabalho Equilibra as necessidades de transformação da força de trabalho com as realidades operacionais dos negócios para garantir a transformação sus- tentável da força de trabalho e o desempenho financeiro final. 4 Práticas justas Promove práticas justas de emprego para aumentar a equidade no em- prego, a igualdade de oportunidades e o tratamento justo. A organização identifica e remove barreiras às práticas justas de emprego e implementa diretrizes de melhores práticas para aumentar a igualdade de oportunida- des e prevenir a discriminação injusta. 5 Sistematizando a gestão da diversidade Planeja e organiza como o gerenciamento da diversidade pode ser inte- grado ao sistema organizacional, transformando as funções de Recursos Humanos, estabelecendo políticas adicionais e implementando sistemas e procedimentos para integrar o gerenciamento da diversidade ao funciona- mento formal da organização. 6 Medição da diversidade Mede, avalia e monitora o progresso e o desempenho do gerenciamento da diversidade por meio demétricas e outros instrumentos de medição ou monitoramento para garantir o progresso contínuo dos objetivos de geren- ciamento da diversidade. 7 Gerenciamento de mudanças de diversidade Gerencia a diversidade por meio de um processo de gerenciamento de mudanças e intervenções de desenvolvimento organizacional, que incluem comunicação e feedback constantes sobre a importância e o progresso do gerenciamento da diversidade e a condução do processo através de cam- peões de mudanças. 8 Credibilidade da gestão da diversidade Mostra autenticidade e transparência no gerenciamento da diversidade por meio de ações congruentes, para que a confiança seja construída entre as partes interessadas. 9 Desenvolvimento afirmativo Apoia o desenvolvimento agressivo acelerado de habilidades funcionais de indivíduos de grupos protegidos / designados, identificando, recrutan- do, nutrindo e desenvolvendo proativamente indivíduos promissores. 37 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 10 Habilidades de diversidade Capacita colaboradores e gerentes a demonstrar comportamento interpes- soal eficaz em uma força de trabalho diversificada, incluindo competência em conhecimentos, habilidades e outras características relacionadas à diversidade. 11 Promovendo a inclusão Promove ativamente a conscientização, o respeito e a valorização das diferenças (de qualquer tipo) dentro da organização por meio de ações simbólicas que revelam que a diversidade é celebrada. FONTE: Adaptado de Carstens e De Kock (2016, p.4) Mas, afinal, o que é competência organizacional? As competências combinam conhecimentos e habilidades; representam tan- to a base dos conhecimentos tácitos (conhecimento adquirido ao longo das expe- riências e vivências) quanto o conjunto de habilidades, necessários para a realiza- ção de ações produtivas (PRAHALAD; HAMEL, 1990). As competências compreendem a soma dos conhecimentos presentes nas habilidades individuais e nas unidades organizacionais. As competências dife- renciam a organização das demais e geram vantagem competitiva. Para que um recurso ou uma competência tornem-se uma fonte de vantagem competitiva sus- tentável, é preciso que sejam valiosos, raros e impliquem dificuldade ou alto custo para serem copiados. Além disso, não devem existir, para a competência, substi- tutos diretos ou fáceis de obter (BARNEY, 1991). Zarifian (1999) distingue diversos conteúdos em relação às competências or- ganizacionais que acabam por configurar diferentes áreas de desenvolvimento de competências: • Competências sobre processos: os conhecimentos sobre o processo de trabalho. • Competências técnicas: conhecimentos específicos sobre o trabalho que deve ser realizado. • Competências sobre a organização: saber organizar os fluxos de trabalho. • Competências de serviço: aliar a competência técnica à pergunta “qual o impacto que este produto ou serviço terá sobre o consumidor? • Competências sociais: saber ser, incluindo atitudes que sustentam o comportamento das pessoas. Mills et al. (2002), procurando sistematizar conceitos sobre competências or- ganizacionais, propõem um quadro-síntese para definir os vários níveis de com- petências organizacionais (Quadro 13). 38 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão QUADRO 13 – NÍVEIS DE COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS Competência Definição Competências essenciais Competências e atividades mais elevadas, no nível corporativo, que são chave para a sobrevivência da empresa e centrais para sua estratégia. Competências distintivas Competências e atividades que os clientes reconhecem como diferenciadoras de seus concorrentes e que provêm vantagens competitivas. Competências organizacionais ou das unidades de negócios Competências e atividades-chave, esperadas de cada unidade de negócios da organização. Competências de suporte Atividade que é valiosa para apoiar um leque de competências. Capacidades dinâmicas Capacidade de uma organização de adaptar suas competências pelo tempo. É diretamente relacionada aos recursos importantes para a mudança. FONTE: Adaptado de Mills et al. (2002, p.13) Livro: Gestão da diversidade e da interculturalidade nas orga- nizações Autor(s): Patricia Itala Ferreira Editora: InterSaberes (1ª edição, 2021) Sinopse: Com suas múltiplas características, perspectivas e vivências, os sujeitos configuram as esferas da sociedade. Essa di- versidade humana, contudo, pode tanto promover soluções criativas e maior produtividade quanto resultar em ambientes conflituosos e permeados por estereótipos e preconceitos. Para lidar com essas problemáticas no âmbito organizacional e criar um espaço pacífico e eficiente, surgiu a gestão da diversidade (GP), sobre a qual trata- remos nesta obra, discutindo tipos de diversidade, conceitos e legis- lações específicas, indicadores e pesquisas relevantes, bem como exemplos concretos de práticas de GP. Desconstrua paradigmas co- nosco e compreenda a importância da aceitação, da valorização e da inclusão dos diferentes. 39 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 1 Ely e Thomas (2001) expõem a necessidade de as organizações ampliarem a diversidade da força de trabalho para melhorar a efi- ciências das equipes laborais, entretanto, faz-se necessário uma gestão efetiva da diversidade, pois a não ser que as organizações empreendam a gestão da diversidade, irão encontrar-se numa condição de desvantagem competitiva (COX; LOBEL; MCLEOD, 1991). O que a expressão “gestão da diversidade” pressupõe? 2 Destaca-se que a partir da década de 1990, a gestão da diversi- dade passou a ganhar notoriedade, por intermédio de uma publi- cação de grande relevância do autor R. Roosevelt Thomas, inti- tulado “From Affirmative Action to Affirmative Diversity” (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019). Qual o nome da renomada revista que publicou o artigo do autor R. Roosevelt Thomas? 3 Desde a publicação de grande relevância sobre a gestão da di- versidade do autor R. Roosevelt Thomas, intitulado “From Affir- mative Action to Affirmative Diversity” na renomada Harvard Bu- siness Review, a bibliografia da gestão da diversidade apresenta duas abordagens distintas, que revelam opiniões antagônicas em relação a essência dessa prática nas organizações (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019). Quais são as duas abordagens an- tagônicas em relação a essência prática da gestão da diversidade nas organizações? 4 A noção de vantagem competitiva, ou a possibilidade de uma em- presa se destacar e superar o mercado, pode ser identificada já no modelo teórico de competição monopolística de Chamberlin (1949). Inicialmente, o termo aparece de forma eventual. Ansoff (1965, p.93) se refere a ele como a uma “posição concorrencial” vantajosa obtida pelo ajuste de produtos a mercados. Qual a definição do termo “van- tagem competitiva” estabelecida por Ansoff (1965)? 5 Martinez (2013) compreende que o entendimento sobre a diver- sidade nas organizações deve ser representado por um caminho escolhido teoricamente para ser trilhado, recorrendo-se como an- tecedentes a identidade e a visão sobre a pessoa que influencia a identificação humana e, como sucessores, a presença desse fenômeno nas organizações e a atuação da gestão de pessoas nesse processo. Quais são as etapas escolhidas por Martinez 40 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão (2013) para representar o caminho da diversidade a ser trilhado nas organizações? 6 As organizações que manifestam preferência em instituir a gestão da diversidade na cultura organizacional, segundo Cox Jr. (2008), podem contar com diferentes benefícios provenientes desse en- gajamento. Quais são as seis maneiras pelas quais a gestão da diversidade tem o potencial de criar uma vantagem competitiva para as organizações, de acordo com Cox Jr. (2008)? 7 Mendes (2005) evidencia que a temática diversidade passou a destacar-senas principais revistas acadêmicas sobre gestão or- ganizacional com a pesquisa de Hill e Fox (1973) publicada no Academy of Management Journal, retratando o convívio dos su- pervisores da marinha americana com os subordinados brancos, negros e porto-riquenhos, para a averiguação de potencias com- portamentos preconceituosos resultantes de discriminação racial por parte dos líderes para com os membros da equipe. A partir de qual ano a temática diversidade passou a destacar-se nas princi- pais revistas acadêmicas sobre gestão organizacional? 8 Para que a força de trabalho diversa gere frutos para as organiza- ções, segundo Thomas e Ely (1996), faz-se necessário compre- ender a diversidade por intermédio de diferentes paradigmas. Cite no mínimo dois paradigmas descritos por Thomas e Ely (1996). ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Finalizamos, agora, nosso primeiro capítulo de estudo sobre a Gestão da Diversidade. Neste primeiro capítulo, compreendemos um pouco mais sobre a concepção do campo de conhecimento da diversidade e seu significado. Assim, apreendemos que dar valor e capitalizar a diversidade nos ambientes laborais tor- nou-se uma temática essencial para a gestão das organizações (MAZUR, 2010). Na sequência, pudemos observar que a expressão “gestão da diversidade” pressupõe que, para as empresas é necessário – ou ao menos desejável – admi- nistrar as diferenças, utilizando técnicas adequadas para garantir que a diversida- de da força de trabalho seja direcionada para ganhos na organização (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019). 41 Gestão da DiversidadeGestão da Diversidade Capítulo 1 Mencionamos que a diversidade é “a representação, em um sistema social, de pessoas com afiliações a grupos claramente diferentes em termos de significa- do cultural. A questão da diversidade em um contexto de sistema social é carac- terizada por um grupo majoritário e por grupos minoritários, isto é, aqueles grupos com menor quantidade de membros representados no sistema social” (COX JR., 1993, p. 5-6). Dissertamos que o desenvolvimento da diversidade de forma mais ampla e a obtenção de um número maior de características diversas das pessoas, contribui para que as organizações instituam uma diversidade considerada moderna, aon- de não abarque somente diferenças referentes a gênero ou raça, como também estilos de pensamento, abordagens de resolução de problemas, experiências, competências, hábitos de trabalho, estilos de gestão, entre outras características mais (KAPOOR, 2011). Aprendemos que a diversidade quando utilizada devidamente pode benefi- ciar as organizações (ex.: recursos disponíveis, como perspectivas, estilos, co- nhecimentos e visões, que as pessoas detêm para resolução de problemas mais complexos) e em última instância melhorar o desempenho (WILLIAMS; O’REILLY, 1998) e que em alguns momentos pode ser prejudicial para o funcionamento dos grupos em determinadas organizações (ex.: equipes multiculturais podem deter múltiplas perspectivas em qualquer situação e aumentar o potencial de inconsis- tência decisória, o que pode levar a perdas de produtividade). Enfim, compreendemos que a gestão da diversidade nas organizações pode originar ganhos como a flexibilidade organizacional, a retenção de talentos, a me- lhoria do clima organizacional e a melhora da qualidade na comunicação, entre- tanto sempre que a gestão da diversidade for gerida de forma inadequada, poderá resultar em queda no desempenho organizacional, saída de competências e con- flitos em ambiente de trabalho (MARTINEZ, 2013). A partir dos conceitos apreendidos, no próximo capítulo iremos estabelecer discussões sobre a gestão de recursos humanos e alguns de seus subsistemas. 42 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão REFERÊNCIAS AKTOUF, O. Pós-globalização, administração e racionalidade econômica. A Síndrome do Avestruz. São Paulo: Editora Atlas, 2004. ALLEN, M. G. Strategic planning with a competitive focus. The McKinsey Quarterly, v. 14, n. 3, p. 2-13, 1978. ALVES, M. A.; GALEÃO-SILVA, L. G. A crítica da gestão da diversidade nas organizações. 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Objectif compétence: Mythe,construction ou realité? Paris: Liaisons, 1999. CAPÍTULO 2 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender ações de diversidade que promovam maior visibilidade e inclusão. � Entender as características distintas e específicas de cada tema. � Conhecer os principais direitos e leis sobre a diversidade. 50 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão 51 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Ao longo dos anos, a sociedade em geral tem passado por grandes transfor- mações e a diversidade tem sido considerada um elemento chave na diferencia- ção entre as organizações. Experiências nacionais e internacionais comprovam que saber lidar com as diferenças é um fator essencial para promover a sustenta- bilidade e garantir êxito do negócio (SCHWARZ; HABER, 2009). Ainda que a diversidade possa contribuir com a geração de vantagem com- petitiva (COX, 1993; COX; BLAKE, 1991), a gestão da diversidade nas organiza- ções revela ainda tendências que enfatizam divergências entre a modernidade do discurso e o conservadorismo das práticas (IRIGARAY; SARAIVA, 2009). Diniz et al. (2013) mencionam que é latente a percepção da existência de um autêntico descompasso entre o discurso e a prática da gestão da diversidade. À vista disso, acredita-se que não basta somente entender o conceito de di- versidade (NKOMO; COX, 1999), mas também se faz necessário identificar as práticas que constituem a diversidade (CARRELL; MANN; SIGLER, 2006) e defi- nir as razões que justifiquem tais práticas (KIDDER et al., 2004). Isto posto, para que seja efetiva, a gestão da diversidade precisa de uma im- plementação planejada, o que significa que é necessário um alinhamento com e entre as ações afirmativas e todos os aspectos que envolvem as políticas e práti- cas de diversidade nas organizações. Uma organização verdadeiramente diversa, necessita de líderes alinhados sobre como planejar, concretizar e manter uma efetiva gestão da diversidade. A diversidade deve ampliar os horizontes, expor novas possibilidades e aper- feiçoar o repertório. As organizações que estão à frente com suas iniciativas de educação e inclusão da diversidade notaram aumento de eficiência gerado pela colaboração e sinergia da equipe; além de flexibilidade decorrente do convívio com diferentes pessoas (JACOBSEN et al., 2015). Esperamos que presente capítulo se torne um instrumento de compreensão, revisão e aperfeiçoamento para todos os(as) acadêmicos(as). À medida em que estes possam compreender melhor as ações de diversidade que promovam maior visibilidade e inclusão, entenda as características distintas e específicas de cada tema, além de conhecer os principais direitos e leis sobre a diversidade. 52 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão 2 PILARES E CONCEITOS As singularidades ou características de cada uma das pessoas de nosso pla- neta são as mais subjetivas possíveis e podem se referir a local de nascimen- to, língua materna, tamanho do cabelo, gosto musical, crença religiosa, esporte favorito, ideologia política, raça e etnia, gênero, orientação sexual, entre outros (ROCHA, 2018). No convívio entre culturas, a identificação de quem é o outro pode acontecer pela diversidade primária ou aparente – cor da pele, gênero, idade, habilidade física – e, por vezes, pela diversidade secundária ou não tão aparente, como os comportamentos e traços culturais que revelam hábitos, crenças, religião, orien- tação sexual, status social e financeiro, background educacional, entre outros (MARTINEZ, 2013). Quando debatemos a diversidade em âmbito específico de um país ou de uma organização, é preciso levar em conta o contexto histórico e cultural no qual determinada comunidade de pessoas está inserida. Deste modo, é possível ob- servar as principais semelhanças e diferenças existentes dentro de uma socie- dade e propor ações específicas para os grupos de diversidade contidos nela. É dessa forma que a diversidade deve ser analisada dentro de uma perspectiva organizacional (ROCHA, 2018). Promover a diversidade e a inclusão é um trabalho de desconstrução de crenças e comportamentos que não pode mais ser deixado de lado. As organiza- ções estão percebendo que, independentemente do seu produto e ou serviço ou mercado de atuação, servem à sociedade e, por conseguinte, para se tornarem mais estratégicas é necessário incluir cada vez mais toda a diversidade humana nela presente (GEPP, 2018). O que é diversidade nas organizações? É correto dizer que diversidade nas organizações é dispor de um número de pessoas com capacidade para participar do processo de divisão social do trabalho, essencialmente plural no que se refere a gênero, etnia, crenças, orientação sexual, entre outros. A organização deve constitui uma equipe diversa, fugindo de determinados padrões que, há muito, foram criados em razão de desigualdades estruturais. 53 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 Falar em diversidade humana significa ter representados todos os grupos da sociedade em um microcosmo. No caso, se a sua organiza- ção deseja ser vista como aberta à diversidade, isso significa abrir as suas portas para pessoas de qualquer origem e característica. É importante ter em mente que trabalhar esse multiculturalismo não é uma questão de priorizar determinados grupos de pessoas, mas considerar as habilidades de qualquer profissional acima de suas escolhas pessoais ou características. O que é inclusão nas organizações? Inclusão nas organizações tem a ver com a criação de políticas que contribuam para o desenvolvimento de todos os profissionais e para a criação de oportunidades de crescimento. A ideia é que pro- fissionais de grupos minoritários tenham as mesmas condições de subir na hierarquia da organização do que os demais, considerando suas individualidades. Do contrário, a organização pode até ter um quadro diverso, mas o manterá pouco inclusivo. Fonte: Guia de diversidade (2021, p.10) Atualmente, as instituições veem a questão da diversidade com outros olhos, tanto no ambiente profissionalquanto no âmbito pessoal. A promoção da diversi- dade no universo corporativo mostra padrões de colaboradores mais felizes no trabalho. Uma organização mais diversa conta com diferentes concepções, abre espaço para relações mais cordiais e cria um ambiente mais agradável e motiva- dor (HALF, 2021). Promover a diversidade passou as ser uma das prioridades nas organiza- ções, principalmente pelos benefícios que podem ser conquistados (ARMBRUST, 2021). Segundo Maccali et al. (2015), faz-se necessário que a organização insti- tua práticas que divulguem sua política de diversidade, ampliando assim o rol de benefícios. Organizações que favorecem e incentivam a diversidade e a inclusão, de acordo com Reis (2021), podem propiciar os seguintes benefícios: • Eleva os níveis de criatividade e inovação, devido as pessoas com origens, culturas e vivências distintas enxergam o mundo de formas dispares. • Institui uma comunicação mais eficaz decorrente da pluralidade de ideias e do estímulo à troca de ideias. 54 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão • Melhora o clima organizacional em consequência de uma cultura de in- clusão e de respeito ao outro. • Amplia a capacidade de resposta diante de desafios por contar com uma avaliação mais plural das situações. • Redução da rotatividade de colaboradores e retenção de talentos moti- vada pela cultura voltada à inclusão. • Atendimento mais humanizado em decorrência de uma dinâmica mais aberta e respeitosa dentro da organização. • Melhora da reputação da organização que passa ser mais bem vista pelo público ao apostar na diversidade. • Mais competitividade e lucratividade por conseguir reter talentos, manter um clima bom para a produtividade e ter boa imagem no mercado. Para Reis (2021), a importância de criar e promover ações de diversidade, contribui para dar a grupos minoritários oportunidades que lhe foram suprimidas ou não garantidas anteriormente. Ademais, uma organização diversa espelha a sociedade e, assim, se transforma em um ambiente mais agradável e propício às boas relações, aos bons desempenhos e melhores resultados. As ações de diversidade são diversificadas e, portanto, cada organização deve criar seu próprio conjunto de realizações de acordo com as características de sua cultura organizacional. Nesse sentindo é essencial identificar a maneira como cada organização gerencia institucionalmente e oficialmente com a temática da diversidade e inclusão (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019). No Quadro 1 apresenta-se alguns aspectos que a organização deve levar em consideração antes de estabelecer seus alicerces sobre a diversidade e a inclusão. QUADRO 1 – DIAGNÓSTICO DA ORGANIZAÇÃO Aspectos Descrição Comprometimento da alta direção com a diversidade Em muitos casos, as organizações afirmam assumir o compromisso com a diversidade, porém isso acaba se tornando apenas uma estratégia de marke- ting, sem que seja possível constatar resultados reais e claros dessa postura no ambiente de trabalho. Assim, é importante que a organização como um todo entenda e se aproprie do tema para que a linguagem do conjunto seja uníssona, e isso deve começar pelos cargos de liderança, geralmente mais elevados na hierarquia. Portanto, a princípio é importante verificar qual o nível de comprometimento dos líderes da organização com a diversidade. Presença da diver- sidade nas posições de gestão É importante verificar a quantidade de mulheres, negros, pessoas com de- ficiência, entre outros grupos minoritários, que ocupam cargos como os de coordenação, supervisão, gerência e diretoria, refletindo ou não a diversi- dade nesses âmbitos. 55 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 Presença da diversida- de no quadro de pes- soal da organização Deve-se também verificar se existe uma pluralidade no quadro de colabo- radores da organização com um todo. Problemas referentes à diversidade dentro da organização É necessário analisar quais são os elementos (atitudes, valores, políticas, etc.) que já existem na organização com relação à diversidade, os quais podem ser positivos ou negativos. Se existirem problemas (por exemplo, preconceito de algum tipo), deve-se elencar quais são eles e de que manei- ras se expressam na organização. FONTE: Adaptado de Camilo, Fortim e Aguerre (2019, p.43) Uma organização que deseja inserir a diversidade em seus quadros deve, imediatamente, apresentar um olhar atento ao tratamento que é dado aos cola- boradores e aos profissionais candidatos às oportunidades de trabalho. É nes- te momento que deve ser iniciado o processo de mudança, ou seja, a partir da compreensão dos objetivos da organização, é possível reestruturar sua missão, sua visão e seus valores para que eles incluam a diversidade (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019). Segundo o Instituto Ethos (2000), alguns exemplos de ações para incentivar a diversidade nas organizações incluem, de forma resumida, as seguintes práticas: 1) Obter informações sobre os colaboradores presentes na organização. 2) Recrutar pessoas com diferentes perspectivas, incentivando a diversidade desde o momento da contratação e integração de novos colaboradores. 3) Adotar a diversidade como referência para questões de desenvolvimento e remuneração. 4) Realizar ações e treinamento sobre diversidade como conjunto de cola- boradores. 5) Criar métricas de avaliação de desempenho que visem a diversidade. 6) Buscar uma consultoria externa, se necessário. 7) Criar canais de multiplicação para a prática diversa, interna e externamente. 8) Buscar parcerias para a promoção, manutenção e ampliação da diversidade. 9) Disseminar o assunto entre parceiros comerciais, entra a comunidade e o ambiente em torno da organização. 10) Estratégias de marketing, desde que sustentáveis, devem ser estudadas. A diversidade deve ser uma preocupação de todos na organização, a come- çar pelo processo seletivo adequado à captação de pessoas diversas, um am- biente favorável de aceitação desses grupos dispares, além de asseguras um tra- tamento igualitário a todos (HALF, 2021). Nesse sentido, compreende-se que as organizações devem iniciar, por intermédio de um planejamento estruturado, um 56 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão programa ou conjunto de ações com foco específico na diversidade e na inclusão. Um programa de diversidade e de inclusão é uma série de diretrizes que deverão ser seguidas não apenas pela área de gestão de pessoas, mas também por todas as pessoas (partes interessadas) que compõem o negócio (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019; HALF, 2021). De acordo com Wentling (2000) as iniciativas de diversidade e de inclusão são definidas como atividades específicas, programas, políticas e outros proces- sos formais ou esforços designados para promover e valorizar a mudança da cul- tura organizacional relacionada com a diversidade. A valorização da diversidade e a importância da inclusão é uma temática que sempre esteve presente nas pautas dos movimentos sociais nas últimas déca- das. Hoje em dia, várias outras esferas da sociedade, tal como as organizações, reconhecem a importância de se tornarem cada dia mais protagonistas de uma transformação social por meio de políticas e ações de diversidade (GEPP, 2018). As políticas e ações de diversidade são destinados a criar um ambiente orga- nizacional receptivo para os grupos que, no passado e no presente, não tiveram acesso a oportunidades igualitárias (MOR BARAK, 2016). Para Easley (2001), as políticas e práticas diversas e inclusivas, considerado as premissas do desenvolvimento, valorização e gestão da diversidade, devem ser concebidas e estruturadas por intermédio de oito estágios: 1) Desenvolver uma visão de diversidade. 2) Mudar os pressupostos sobre diversidade. 3) Analisar a cultura e clima organizacional. 4) Desenvolver estratégias de mudança da cultura e do clima. 5) Engajar em aprendizadoestratégico durante o processo de mudança. 6) Estabelecer sistemas para capturar e elevar a aprendizagem de diversidade. 7) Desenvolver sistemas de gestão de pessoas para sustentar a valoriza- ção e gestão da diversidade. 8) Monitorar o ambiente global e de diversidade e o progresso da organização. A fim de que a diversidade e a inclusão se tornem harmoniosa no âmbito das organizações, fazem-se necessárias algumas ações: a conscientização dos indivíduos envolvidos para a sensibilização das atitudes que afetam o comporta- mento dos colaboradores da organização; a socialização entre os colaboradores e organizações; capacitação para criar um mecanismo em que os colaboradores possam conservar suas características e simultaneamente evitar conflitos inter- pessoais e estresse desnecessário entre os grupos (MACCALI et al., 2015). 57 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 Anca e Aragón (2018) mencionam que a diversidade possui diferentes signifi- cados para as pessoas. De acordo com os autores, em sua pesquisa realizada na Europa, existem três tipos comuns de pilares de atuação voltados à diversidade: demográfica (gênero, orientação sexual raça, entre outros), experiencial (hobbies, afinidades e habilidades) e cognitiva (maneira de pensar sobre as coisas e abor- dagem de problemas). Da mesma maneira que em outros países, no Brasil existem seis principais pilares de diversidade, que foram elegidos com base nos processos históricos de formação e construção da sociedade em que vivemos. São grupos que, ao longo do tempo, foram privados de direitos básicos, minorizados, e por isso alvo de es- tudos, indicadores e estatísticas que nos permitem um olhar metodológico para essa temática. Os pilares de atuação são: Negros (Pretos e Pardos); Mulheres; LGBTQI+; Pessoas com Deficiência; Gerações e diversidade etária; e Religião (ROCHA, 2018). Além dos pilares de atuação, definidos por Rocha (2018) e Anca e Aragón (2018), outros podem surgir. Destaca-se que não existe obrigatoriedade de abran- ger determinados pilares de ação, pois cada organização deve estabelecer seu conjunto específico de temas que devem ser abordados conforme as característi- cas de sua cultura organizacional. Livro: Gestão da diversidade e da interculturalidade nas orga- nizações Autor: Patrícia Itala Ferreira Editora: InterSaberes (1ª edição, 2021) Sinopse: Com suas múltiplas características, perspectivas e vivências, os sujeitos configuram as esferas da sociedade. Essa di- versidade humana, contudo, pode tanto promover soluções criativas e maior produtividade quanto resultar em ambientes conflituosos e permeados por estereótipos e preconceitos. 2.1 TEMAS O conceito de diversidade baseia-se no modo como as pessoas se diferem entre si, tanto no aspecto pessoal como nos elementos conectados com a organi- 58 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão zação que a pessoa atua. Dessa forma, é um conceito multidimensional, possuin- do características visíveis ou não visíveis como: geração, capacidades físicas e mentais, orientação sexual, religião, étnico-racial, classe social, gênero, família, política, regional, profissional, entre outras (MACCALI et al., 2015). À vista disso, neste livro abordaremos a diversidade com foco nos temas gê- nero e orientação sexual, deficiências, gerações e etnias/raças. 2.1.1 Gênero e Sexualidade Entre as organizações interessadas em assumir a responsabilidade, para com os sistemas políticos, econômicos e sociais críticos à diversidade, notam-se problemas causados pela ausência de compreensão mais pormenorizada acerca dos temas gênero e sexualidade (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019). Nos estudos biológicos, o gênero é aquilo que identifica e diferencia os ho- mens e as mulheres, ou seja, o gênero masculino e feminino. Do ponto de vista das ciências sociais e da psicologia, seu significado pode ser atribuído às diferen- ças de comportamento, papéis e funções de homens e mulheres. Já o conceito orientação sexual é considerado como a atração afetiva/sexual e involuntária que uma pessoa manifesta em relação à outra (GUIA DE DIVERSIDADE, 2021). Nesse sentido, faz-se necessário abordar a distinção entre os conceitos de identidade de gênero e orientação sexual: • A identidade de gênero diz respeito à maneira particular como cada pes- soa se identifica dentro das possibilidades do espectro de gênero, sendo, portanto, uma característica sempre definida e autodeterminada. A identi- dade de gênero também se diferencia do papel de gênero, na medida em que diz respeito a uma síntese pessoal de elementos coletivos, enquanto os papéis de gênero são construções culturais e históricas a respeito das diferenças sexuais. Os papéis, sim, são advindos da cultura compartilha- da do indivíduo na sociedade em que se insere, e que, em muitas partes do Ocidentes, ainda se encontra no binário homem-mulher. • A orientação sexual trata da atração emocional, sexual e afetiva contínua que o indivíduo sente por outra pessoa. Das nomenclaturas existentes para nomear a orientação sexual, destaca-se a homossexualidade (pes- soas que se sentem atraídas por pessoas do mesmo gênero), a bisse- xualidade (pessoas que se sentem atraídas por ambos os gêneros) e a heterossexualidade (caracteriza-se pelo desejo e atração por pessoas do sexo oposto). 59 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 Na contemporaneidade, a identidade de gênero evoluiu de gênero feminino e masculino para uma autodenominação a fim de abranger as pessoas que não se identificam como homens ou mulheres (MOLEIRO et al., 2018). A expressão de gênero é a forma como cada pessoa se expressa no mundo (Roupas, linguajar, voz, estilo, comportamento), com características socialmente associadas ao uni- verso feminino ou masculino (AZEVEDO et al., 2021). VOCÊ SABIA? A revista Época publicou uma matéria sobre as 52 possíveis op- ções de identidade de gênero no Facebook. O site Hypeness divul- gou que em Nova Iorque, a Comissão dos Direitos Humanos decidiu oficializar 31 diferentes tipos de gênero (GASPAR, 2017). Ao criar uma conta no Facebook, o usuário informa dados como data de nascimento, idioma, cidade natal e um que para muitos pas- sa despercebido: “gênero”. Responder a isso era tão simples quanto para os escribas bíblicos: “feminino” ou “masculino”. Era. O Face- book anunciou para seu site em inglês mais 50 novas opções de gê- neros, além das duas já conhecidas (CARRERA, 2014). No Quadro 2 apresenta-se algumas identidades de gênero. QUADRO 2 – IDENTIDADE DE GÊNERO Gênero Descrição Agênero É aquele que tem identidade de gênero neutra, ou seja, pode denotar ausência de gênero ou a ausência da identidade de gênero. Cisgênero É o indivíduo que se apresenta ao mundo e se identifica com o seu gênero bioló- gico, ou seja, que se identifica com o "gênero de nascença”. Gênero fluido Há pessoas que se identificam com aspectos sociais de mais de um gênero em momentos diversos de suas vidas, ou seja, as pessoas de gênero fluido mudam seu gênero de tempos em tempos. Esse tempo varia de pessoa a pessoa e a causa também é característica de cada indivíduo. Intersexual Indivíduo que nasce com anatomia reprodutiva e sexual e ou um padrão de cro- mossomos ambíguos, que não podem ser classificados como sendo tipicamente masculinos ou femininos. Antigamente, o termo “hermafrodita” era utilizado para se referir a essas pessoas. Transgênero Esse é um termo "guarda-chuva", segundo a GLAAD, organização LGBT ame- ricana que monitora como os membros da comunidade são tratados pela mídia. Ou seja, ele abrange todas as pessoas que não se identificam com o gênero que lhes foi designado ao nascer. 60 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão Transexual Pessoa que nasce do sexo masculino ou feminino, mas que tem sua identidade de gênero oposta ao seu sexo biológico,assumindo papéis de gênero diferentes daquele proposto pela sociedade. Quando um indivíduo se reconhece como tran- sexual ele pode trocar seu nome, utilizar hormônios e até mesmo realizar uma cirurgia para adequação de gênero. Mulher trans É a pessoa que se identifica como sendo do gênero feminino embora tenha sido biologicamente designada como pertencente ao sexo/gênero masculino ao nascer. Homem trans É a pessoa que se identifica como sendo do gênero masculino embora tenha sido biologicamente designada como pertencente ao sexo/gênero feminino ao nascer. Travesti São pessoas que vivem papéis de gênero feminino, mas não se reconhecem como homens ou como mulheres, mas como membros de um terceiro gênero ou de um "não gênero". Crossdresser A palavra designa uma forma de expressão de gênero. É um indivíduo crossdres- ser aquele que se veste com roupas e acessórios associadas, socialmente, a um gênero diferente do seu. A prática não está relacionada à sua orientação sexual. Drag Queen ou Drag King Diferente do Crossdresser, este termo caracteriza uma expressão artística. Nor- malmente, ele é associado aos homens que usam roupas do gênero feminino para uma performance. Também existem drag kings, mulheres que se vestem com roupas socialmente associadas à expressão de gênero masculina. Não-binário Termo associado a pessoas cuja identidade ou expressão de gênero não se limita às categorias "masculino" ou "feminino". Algumas pessoas não-binárias podem sentir que seu gênero está "em algum lugar entre homem e mulher", segundo a GLAAD, ou até podem definir seu gênero de maneira totalmente diferente — e distante — desses dois polos. Não é, necessariamente, sinônimo de transgênero ou transexual. FONTE: Adaptado de Guia de Diversidade (2021) Os conceitos de sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual possuem significados diferentes, sendo que o primeiro se baseia na condição fí- sica que difere a fêmea e o macho, ou seja, o sexo biológico obedece a um pa- drão binário: homem e mulher, masculino e feminino. O segundo, identidade de gênero, é referente a uma construção de papéis sociais para mulheres e homens, não atrelados exclusivamente ao sexo, mas sim, aos comportamentos, atitudes e atributos entendidos como coerentes por cada sociedade tanto para homens quanto mulheres por meio da socialização. Enquanto o terceiro, orientação se- xual, concerna a maneira como um indivíduo se relaciona afetiva e sexualmente com outras pessoas (TOLEDO, 2017). 61 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 Sexo biológico: É o sexo definido pelo conjunto de informações cromossômicas, órgãos genitais e capacidades reprodutivas que distinguem o “macho” e a “fêmea”. Há também pessoas que podem apresentar características de ambos os sexos, popularmente conhe- cidas como “hermafroditas”, são chamadas de intersexuais. Identidade de gênero: É o comportamento social e cultural do indivíduo para com o mundo. É como o indivíduo se percebe, o en- tendimento que tem de si mesmo e como gostaria de ser reconheci- do. Independentemente do sexo biológico, um ser humano pode ter a identidade de gênero de mulher, de homem ou ainda outras identida- des de gênero, reforçando que esta é uma construção social, e não uma condição física ou biológica. Orientação sexual: É a atração afetiva/sexual e involuntária que uma pessoa manifesta em relação à outra. Por exemplo, desta- camos três tipos de orientação sexual: Heterossexual: indivíduo que sente atração afetiva e/ou sexual por pessoas do sexo/gênero opos- to; Homossexual: indivíduo que sente atração afetiva e/ou sexual por pessoas do mesmo sexo/gênero, como gays e lésbicas; e Bissexual: indivíduo que sente atração afetiva e/ou sexual por pessoas de am- bos os sexos/gêneros. Fonte: Guia de Diversidade (2021, p.14) Com as transformações sociais, reconhecer todas essas possibilidades e ainda outras que podem surgir, é perceber a diversidade sexual e respeitar a di- versidade humana, contribuindo, deste modo, com uma sociedade e ambientes laborais justos, diversos e igualitários e livres. Por ser um papel social, o gênero pode ser construído e desconstruído, ou seja, pode ser entendido como algo mu- tável e não limitado, ou seja, o gênero está vinculado a construções sociais, não a características naturais (GUIA DE DIVERSIDADE, 2021). Na Figura 1, vamos encontrar uma forma didática de entender a questão de sexo biológico, orientação sexual (afeto), Expressão de gênero (como eu me mos- tro) e a Identidade de gênero (quem sou eu no meu pensamento). 62 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão FIGURA 1 – BISCOITO DO GÊNERO FONTE: Reis (2018, p.32) Genderbread, nome original desta figura, faz um jogo de pala- vras que brinca com a sonoridade da expressão em inglês “ginger- bread” (biscoito de gengibre), espécie de guloseima caseira tradi- cional norte-americana, normalmente feita na forma de uma pessoa. Pela impossibilidade utilizar o termo com a tradução literal, no Brasil, na sua maioria das vezes o termo é utilizado com a nomenclatura “Biscoito do Gênero”. O que são comportamentos preconceituosos, Homofobia e Transfobia O que é preconceito? Estabelecer um conceito sobre algo antes mesmo de conhecer o assunto a fundo é uma defesa do ser humano contra experiências potencialmente arriscadas, sejam quais forem. Mas, ao contrário da impressão geral, preconceito e discriminação não são sinônimos. O preconceito tem a ver com ideias que temos sobre alguma coisa, 63 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 concebidas no nosso imaginário a partir do que aprendemos na es- cola, da forma de criação, formação cultural, entre outros fatores. Já discriminação é agir de acordo com esse conceito pré-concebido em sua mente. A discriminação é o preconceito em prática. Quando suas ideias viram atitude ou você usa uma característica, muitas vezes arbitrária, para definir a forma de tratamento que dá a alguém. Você é preconceituoso? Segundo especialistas, todo mundo tem preconceitos. O proble- ma é não os enxergar, deixar de superá-los e permitir que se tornem atitudes criminosas. Tornar-se consciente de seus próprios preconcei- tos previne que eles se tornem atitudes discriminatórias. Mas identifi- car um preconceito em si mesmo é um desafio. Por serem característi- cas socialmente indesejáveis, só notamos estes erros nos outros. Homofobia É uma série de atitudes e sentimentos negativos em relação a pessoas homossexuais, bissexuais e, em alguns casos, contra trans- gêneros e pessoas intersexuais. As definições para o termo refe- rem-se variavelmente a antipatia, desprezo, preconceito, aversão e medo irracional. A homofobia é observada como um comportamento crítico e hostil, assim como a discriminação e a violência com base na percepção de que todo tipo de orientação sexual não-heterosse- xual é negativo. Transfobia A transfobia é uma gama de atitudes, sentimentos ou ações ne- gativas, discriminatórias ou preconceituosas contra pessoas transgê- nero, ou pessoas percebidas como tal. A transfobia pode ser repulsa emocional, medo, violência, raiva ou desconforto sentidos ou expres- sos em relação a pessoas transgênero. Ela é frequentemente ex- pressa ao lado de visões homofóbicas e, portanto, é frequentemente considerada um aspecto da homofobia. A transfobia é um tipo de pre- conceito e discriminação semelhante ao racismo e sexismo, e várias formas de opressão podem se interseccionar com a transfobia. Fonte: Cartilha da diversidade (2020, p.16-17) No que se refere a equidade de gênero na sociedade, ao longo da história da humanidade tivemos exemplos de diversas mulheres que se engajaram na luta 64 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão pelos direitos e tratamento equitativo da questão de gênero na sociedade, seja pelo direito aos mesmos salários e condiçõesde trabalho, ou ainda, pelos direitos reprodutivos, direito à participação política, à luta contra os padrões estéticos e sua representação no discurso midiático, bem como o combate à violência contra a mulher (PALMEIRA; SODRÉ, 2020). Na percepção de Chanlat et al. (2013) esses movimentos comprovaram a existência de um contexto organizacional caracterizado pela divisão entre homens e mulheres no ambiente de trabalho e pela tímida representatividade feminina nos cargos de gestão. A ideologia do machismo, a ideia de superioridade dos homens, prejudica a ambos e ainda é uma barreira para o acesso das mulheres ao mercado de traba- lho. Esses fatores atrelados à desigualdade de oportunidades entre os gêneros, a dupla jornada das mulheres, entre outros fatores, compromete não só o desenvol- vimento do grupo feminino, mas toda a sociedade que, por sua vez, desperdiça as chances de crescer e se desenvolver com a plena integração social, econômica e política da mulher (PALMEIRA; SODRÉ, 2020). Para Dankwano (2018), a diversidade de gênero tem ganhado atenção no mundo corporativo, e algumas pautas já avançaram e resultaram em muitas con- quistas, mas que ainda estão longe de estarem resolvidas, principalmente, devido ao machismo que está presente no nosso dia a dia e que contribui direta e indire- tamente para o tratamento e a realidade desigual que verificamos entre homens e mulheres. VOCÊ SABIA? • Mesmo as mulheres representando 51,09% da população, so- mente 37,8% das posições de liderança no mercado de trabalho são ocupadas por elas (IBGE, 2016; ETHOS, 2016). • Nas 500 maiores empresas do país, apenas 11% do conselho ad- ministrativo são formados por mulheres (ETHOS, 2016). • A dupla jornada é um dos fatores que contribuem para esses da- dos: as mulheres dedicam 73% a mais de horas nos serviços do- mésticos e cuidados de pessoas que os homens. Enquanto elas dedicam 18,1 horas por semana, os homens dedicam 10,5 horas (IBGE, 2016). • O desemprego é mais forte entre as mulheres do que entre os homens (PNAD CONTÍNUA, 2017). 65 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 • Educação: Mulheres são maioria entre a população com nível su- perior completo e taxa de frequência escolar (IBGE, 2016). • Segundo o relatório Global Gender Gap 2016, do Fórum Econô- mico Mundial, se o ritmo de progresso for mantido, o Brasil levará 104 anos para equiparar homens e mulheres socioeconomica- mente (GLOBAL GENDER GAP, 2016). • Representação política: Na eleição de 2018, o número de deputa- das federais e estaduais subiu de 10,5% para 15%. No mundo, a representatividade média é de 23,6% dos assentos (TSE, 2018). Fonte: Instituto Natura (2019, on-line). 2.1.2 Deficiência Ao longo dos séculos a deficiência tem sido demonizada, reduzida às falhas do corpo e encarada como uma tragédia individual. Das culturas clássicas às so- ciedades modernas a diferença tem sido, não rara as vezes, transformada em fator de exclusão e de discriminação em benefício da hegemonia daquilo que é considerado normal em cada momento histórico (FONTES, 2016). Bondezan (2012) evidencia que na Antiguidade as pessoas com deficiências eram tidas como anomalias, relegadas a categoria sub-humana e, por isso, eram comumente abandonadas ou maltratadas, quando não mortas. Na época medie- val, muitas foram acolhidas em conventos e igrejas de forma caritativa, enquanto outras eram ridicularizadas e sofriam perseguição. Com o advento da mentalida- de científica na idade moderna, a deficiência passou a ser comparada com uma doença, tida como passível de tratamento. Aos poucos, as pessoas com deficiência passaram a ser vistas como ca- pazes de aprender e de desenvolver suas capacidades. Dessa forma, compre- ende-se que os desejos e as necessidades das Pessoas com Deficiência (PCD) devem ser valorizados, e as possibilidades de intervenções sociais devem ser pensadas para que o espaço (público e ou particular) seja território do acesso, da interação e da convivência de todos (ARANNHA, 2001). 66 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão VOCÊ SABIA? A expressão Pessoas com Deficiência (PCD) foi adotada oficial- mente pela Assembleia Geral das Nações Unidas a partir de uma convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de 13 de dezembro de 2006, a qual entrou em vigor em 3 de maio de 2008, subscrita e ratificada por vários países, dentre os quais o Brasil. No Brasil, referida expressão veio a substituir, a partir dos anos 1990, outros termos como “pessoa deficiente”, “pessoas portadoras de deficiência” e “portadores de deficiência” (presentes em várias passagens da Constituição Federa de 1988), e atualmente utilizada por vários setores representativos da sociedade e esferas governa- mentais, ainda que por vezes negligenciada. O conceito científico de deficiência hoje pode ser encontrado na própria Convenção da ONU: “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, in- telectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreias, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas” (Art. 1º). Fonte: Madruga (2021, p.15) A deficiência é inerente a pessoa que a possui, não carrega, não se porta, não se leva consigo, como se fosse algo sobressalente ou um objeto. Tampouco deficiência traz alguma sinonímia com doença e não é expressão antônima de efi- ciência (que tem o seu contrário em deficiência). Deficiência significa falha, falta, carência, isto é, a pessoa carece, tem limitadas determinadas faculdades físicas (ex.: paraplegia), mentais (ex.: paralisia cerebral), intelectuais (ex.: funcionamento intelectual inferior à média) e sensoriais (ex.: surdez) (MADRUGA, 2021). Para Maior e Meirelles (2010) a deficiência é um conceito em evolução, de caráter multidimensional, e o envolvimento da pessoa com deficiência na vida co- munitária depende de a sociedade assumir sua responsabilidade no processo de inclusão, visto que a deficiência é uma construção social. Esse novo conceito, de acordo com os autores, não se limita ao atributo biológico, pois se refere à inte- ração entre a pessoa e as barreiras ou os elementos facilitadores existentes nas 67 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 atitudes e na provisão de acessibilidade e de tecnologia assistiva como resultado das políticas públicas. Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos permanentes de natureza mental, intelectual, sensorial ou física, as quais podem impedir que interajam normalmente e participem plenamente da sociedade, principalmente em condições igualitárias (GUIA DE DIVERSIDADE, 2021). A deficiência deve ser compreendida não só como a constatação de uma falha, falta, ou carência do indivíduo, mas, sobretudo, diante do seu grau de di- ficuldade no relacionamento social, profissional e familiar, dos obstáculos que se apresentam para sua integração [inclusão] social (MADRUGA, 2021). Uma deficiência pode ser congênita (de nascença) ou adquirida (em qualquer etapa da vida) e as causas, diversas: falta de informações durante a gestação, do- enças degenerativas ou não, erros médicos, acidentes de trânsito ou domésticos, violência urbana, entre outras (SANOFI, 2021). Segundo o último censo demográfico brasileiro realizado pelo IBGE, em 2010, existem mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil, o equivalente a cerca de 24% da população (IBGE, 2010). Entretanto, no ano de 2018, o IBGE revisitou esse número, tomando como parâmetro as reco- mendações internacionais estipuladas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) para interpretação desses da- dos, de modo a construir indicadores comparativos aos demais países do mundo. Com essa mudança, a proporção de pessoas com deficiência que era de 23,9% passoua ser 6,7%. Ou seja: com certeza existe ainda uma imensa força de tra- balho de pessoas com deficiência disponível, e provavelmente ansiando, por uma oportunidade de inclusão (IBGE, 2018). FIQUE SABENDO!!! • Foi a partir da publicação da Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência realizada pela ONU, em 2006, que ocor- reram as principais mudanças significativas acerca das práticas e políticas da educação inclusiva (Diversa.org, 2018). • O Censo Escolar realizado pelo INEP em 2016 e divulgado em 2017 apontou que 57,8% das escolas brasileiras têm alunos com deficiência em classes de aulas comuns (Censo Escolar, 2017). 68 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão • Hoje, temos 9,3 milhões de PCD que se encaixam na Lei de Co- tas, para 827 mil vagas abertas (Brasil.gov, 2017). • Em 2015, foi aprovada a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) que tem como objetivo promover e garantir direitos fundamentais da pes- soa com deficiência de maneira igualitária, objetivando, no âmbito da educação, da empregabilidade, entre outros, a inclusão social e a sua cidadania (Diversa.org, 2018). Fonte: Instituto Natura (2019, on-line) Carvalho-Freitas e Marques (2006) mencionam mudanças históricas que im- pactaram na inserção de pessoas com deficiências nas organizações, no entanto de acordo com Suzano et al. (2014), faz-se necessário ainda que as organizações forta- leçam por intermédio de uma política de inclusão equilibrada e inserção de diferentes tipos de deficiência, possibilitando assim uma distribuição mais igualitária de PDC. A expressão “pessoa com deficiência” pode ser atribuída a pessoas porta- doras de qualquer tipo(s) de deficiência. A pessoa especial pode ser portadora de deficiência única ou de deficiência múltipla (associação de uma ou mais defi- ciências). As várias deficiências podem agrupar-se em cinco conjuntos distintos, sendo eles: deficiência visual (cegueira); deficiência física (função motora); defi- ciência auditiva (surdez); deficiência múltipla (comprometimento de mais de uma função); e deficiência intelectual (cognição) (SANTOS, 2021). No Quadro 3 pode-se observar os tipos de deficiência e algumas formas de contribuição para com as pessoas com deficiência. QUADRO 3 – TIPOS DE DEFICIÊNCIAS Tipo de deficiência Descrição Forma de contribuir Deficiência visual A deficiência visual pode ser dividida em cegueira e baixa visão: • Cegueira: perda da visão; • Baixa visão: alteração no sistema visual em relação à acuidade e ao campo visual. É considerada como baixa visão aquela que não pode ser corrigida pelo uso de lentes, auxílios ópticos, ambientais e técnicos. - Nunca ajude sem perguntar como fazê- -lo. Caso sua ajuda como guia seja aceita, coloque a mão da pessoa no seu cotovelo dobrado. Ela irá acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você vai andando. Num corredor estreito, por onde só é pos- sível passar uma pessoa, coloque o seu braço para trás, de modo que a pessoa cega possa continuar seguindo você; 69 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 - É sempre bom avisar, antecipadamente, sobre a existência de degraus, pisos es- corregadios, buracos e outros obstáculos durante o trajeto; - Ao explicar direções, seja o mais claro e específico possível; de preferência, in- dique as distâncias em metros (“uns vinte metros à nossa frente”, por exemplo); - Quando for afastar-se, avise sempre. Deficiência física Alteração completa ou parcial de um ou mais membros do corpo humano, acarretando comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paresias ou plegias, amputa- ção ou ausência do membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida. Pode ser de- finida pela perda total ou parcial da capacidade motora de um indivíduo. • Paresias referem-se a uma paralisia parcial ou incompleta da motricidade de uma ou mais partes do corpo. • Plegia é uma paralisia total de deter- minado membro. - É importante perceber que para uma pessoa sentada é incômodo ficar olhando para cima por muito tempo. Portanto, ao conversar por mais tempo que alguns mi- nutos com uma pessoa que usa cadeira de rodas, se for possível, lembre-se de sentar-se, para que você e ela fiquem com os olhos no mesmo nível; - A cadeira de rodas (assim como as ben- galas e muletas) é parte do espaço corpo- ral da pessoa, quase uma extensão do seu corpo. Apoiar-se na cadeira de rodas é tão desagradável como fazê-lo numa cadeira comum onde uma pessoa está sentada; - Mantenha as muletas ou bengalas sem- pre próximas à pessoa com deficiência; - Se achar que ela está em dificuldades, ofereça ajuda e, caso seja aceita, pergun- te como deve proceder; - Não se ofenda se a ajuda for recusada; - Esteja atento para a existência de bar- reiras arquitetônicas quando for escolher uma casa, restaurante, teatro ou qualquer outro local que queira visitar com uma pessoa com deficiência física. Deficiência auditiva A surdez é mais comum do que se pen- sa. No Brasil, três a cada 1000 crianças nascidas vivas possuem algum grau de deficiência auditiva. Em crianças pre- maturas, a probabilidade é de seis para cada 1000 nascimentos. As principais causas da deficiência auditiva relacionam-se com infec- ções congênitas (rubéola, sífilis, - Seja expressivo, pois as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de tom de voz; - Enquanto estiver conversando, mante- nha sempre contato visual. Se você des- viar o olhar, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou; - Mesmo que pessoa surda esteja acom- panhada de um intérprete, dirija-se a ela, e não ao intérprete; 70 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão toxoplasmose e citomegalovírus), do- enças da infância (meningite, caxum- ba, sarampo) e problemas na hora do parto (anoxia neonatal). - Se for necessário, comunique-se por meio de bilhetes. O importante é se comu- nicar; - Ao falar com uma pessoa surda, acene para ela ou toque levemente em seu bra- ço, para que ela volte sua atenção para você. Posicione-se de frente para ela, dei- xando a boca visível de forma a possibili- tar a leitura labial. Evite fazer gestos brus- cos ou segurar objetos em frente à boca; - Fale devagar e de frente para a pessoa. O volume da voz vai depender do grau de perda auditiva da pessoa. Inicie falando em tom normal e perceba se ela tem di- ficuldade ou pergunte se o tom está ade- quado. Não adianta gritar se a pessoa tem perda severa ou total. Deficiências múl- tiplas Caracteriza-se como a associação de duas ou mais deficiências. Não se deve pensar a deficiência múltipla como se fosse a somatória de duas deficiências isoladas. Uma criança surdo-cega não se desenvolve como uma criança surda ou como uma criança cega, ela terá peculiaridades próprias da surdo-cegueira. As dificuldades de interação e mobi- lidade limitam o acesso ao mundo, reduzin- do consideravelmente a possibilidade de experimentação do ambiente. - Permita-se tocar e ser tocado; - Usar roupas coloridas para facilitar o re- síduo visual; - Utilizar sempre o mesmo perfume, para facilitar a identificação pelo olfato; Deficiência inte- lectual É considerado um distúrbio do de- senvolvimento neurológico e que aparece precocemente na infância e prejudica o desenvolvimento de as- pectos pessoais, sociais, acadêmicos e profissionais. - Deve-se agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência intelectual; - Trate-a com respeito e consideração. Se for uma criança, trate-a como criança; Se for adolescente, trate-a como adoles- cente, e se for uma pessoa adulta, trate-a como tal; - Não a ignore. Cumprimente e despe- ça-se dela normalmente, como faria com qualquer pessoa; - Dê-lhe atenção, converse e verá como pode ser divertido. Seja natural, diga pala- vras amistosas; 71 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 - Não superprotejaa pessoa com deficiên- cia intelectual. Deixe que ela faça ou ten- te fazer sozinha tudo o que puder. Ajude apenas quando for realmente necessário; - Não subestime sua inteligência. As pessoas com deficiência intelectual levam mais tempo para aprender, mas podem adquirir muitas habilidades intelectuais e sociais. FONTE: Adaptado de Madruga (2021), Santos (2021) e Cartilha da diversidade (2020) O que é acessibilidade? Muitas pessoas pensam que a acessibilidade envolve apenas a questão física, de mobilidade: rampas, elevadores, portas mais largas, que são fundamentais, mas não é só isso. No ano de 2015, tivemos a publicação do Estatuto da Pessoa com Deficiência Lei nº 13.146, que traz uma definição do que é acessibilidade: Acessibilidade é: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espa- ços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou pri- vados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida (BRASIL, 2015). 2.1.3 Gerações A diversidade geracional é inevitável. Como consequência de carreiras mais longas, diferentes gerações vão trabalhar juntas no seu local de trabalho (SOUZA; RAMOS, 2017). A diversidade de gerações apresenta tanto oportunidades quan- to desafios para as organizações. No geral, as pessoas possuem características diversas, como, personalidades, crenças, valores e prioridades. Essas caracterís- ticas impactam, entre outros aspectos, na formação familiar, no grau de instrução, na idade e na afinidade que os indivíduos têm com a tecnologia, pois são cultiva- das ao longo dos anos (MCSHANE; VON GLINOW, 2014). 72 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão Cada geração difere uma da outra, por consequência direta da época em que nasceram, foram educados e iniciaram sua vivência profissional. Esse agrupa- mento de pessoas com características semelhantes, de acordo com um determi- nado espaço temporal, recebe o nome de coortes (LIMA et al., 2017). FIQUE POR DENTRO DO CONHECIMENTO! A Teoria da Coorte Geracional (INGLEHART, 1977; STRAUSS; HOWE, 1991) define uma geração como uma construção social na qual um grupo de indivíduos, nascidos no mesmo contexto histórico e sociocultural, é influenciado por um conjunto de oportunidades e experiências únicas (LYONS; KURON, 2014; PILCHER, 1994). De acordo com esta teoria, é expectável que indivíduos nasci- dos durante um determinado período de tempo (pertencentes a mes- ma geração) partilhem valores, atitudes e crenças (PILCHER, 1994). Pelo contrário, diferentes gerações terão sido marcadas por diferen- tes eventos e poderão ser diferentes entre si em termos de valores e preferências no trabalho. Com efeito, gerenciar pessoas advindas de gerações distintas é um desafio atroz para os administradores contemporâneos, pois as pessoas possuem carate- rísticas e propriedades singulares e por vezes diametralmente opostas, e quando se trata de gerações diferentes isso se acentua (MARTINS, 2021). A força de trabalho no momento atual é composta por 4 gerações e nos pró- ximos anos vai contar também com a geração Alpha. Cada geração tem seus as- pectos e comportamentos diferentes, bem como estilo de trabalho. Portanto, é es- sencial que a comunicação entre essas gerações seja desenvolvida corretamente no ambiente de trabalho (Figura 2) e que suas características sejam respeitadas. É importante extrair o melhor que cada uma delas tem a oferecer e que elas te- nham o suporte necessário para realizarem seus desafios no ambiente corporati- vo (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019). 73 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 FIGURA 2 – COMUNICAÇÃO ENTRE GERAÇÕES NO AMBIENTE LABORAL FONTE: Adaptado de Cartilha da diversidade (2020) As gerações são definidas pela faixa etária e experiências comuns em ter- mos sociais, culturais e econômicos. Por coexistirem diferentes gerações no meio corporativo, é imprescindível um ambiente de trabalho colaborativo com comparti- lhamento de atividades, ações, conhecimento e processos. Para tanto, é relevan- te a identificação de cada perfil das gerações, divergências e pontos em comum a fim de tornar as conexões mais eficazes (NASCIMENTO et al., 2016). Existem múltiplas definições e designações para as gerações, mas de uma forma geral, os autores têm adotado uma taxonomia de cinco gerações (STRAUSS; HOWE, 1991), embora as datas de início e término não sejam inteiramente con- sensuais: Baby Boomers (1946-1964); Geração X (1960-1980); Geração Y ou Mil- lennials (1980-2000); Geração Z (1990-2010); e Geração Alpha (a partir de 2010) (PARRY; URWIN, 2011; COSTANZA et al., 2012; LYONS; KURON, 2014). Para Katz (2017), habitualmente entende-se por geração um conjunto de po- pulação nascida num determinado período de tempo. No entanto, o ano de nasci- mento por si só não capta as diferenças de experiências e oportunidades e pers- pectivas de grupos étnicos ricos e pobres, maioria e minoritários, rurais e urbanos, e similares. As gerações costumavam ser divididas em períodos de 1920 anos, entre- tanto, não há um consenso formal sobre as datas que definem o início e o fim de cada geração. O avanço da tecnologia fez com que as mudanças se tornassem cada vez mais rápidas, sendo que atualmente a duração de cada geração é me- nor e cada geração absorve características de suas gerações anteriores (CAVA- ZOTTE; LEMOS; VIANNA, 2010). Atualmente, no mínimo quatro gerações convivem no ambiente de trabalho, transformando os relacionamentos entre colegas, os métodos de operação e exi- 74 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão gindo uma mudança na cultura das organizações. A diversidade de gerações nas organizações é a mais plural de toda a história, por esse motivo, não é fácil liderar equipes multigeracionais (CONCUR, 2021). Em geral, convivem juntos os baby boomers que ainda estão ativos, a gera- ção X, a geração Y e, recentemente, a geração Z, visto que muitos jovens já estão ingressando no mercado de trabalho. As diferenças envolvem novos valores, ma- neiras de ver a vida e vivenciar as experiências (CONCUR, 2021). A Figura 3 demostra as gerações (Baby Boomers Geração X, Geração Y e Geração Z) com suas respectivas idades, sua representatividade, com destaque para a participação e o crescimento da Geração Z no contexto social do Brasil. FIGURA 3 – REPRESENTATIVIDADE GERACIONAIS NO BRASIL FONTE: Martins (2021, p. 4) Para melhor compreensão das características das gerações: baby boomers, geração X, geração Y, geração Z e Alpha, faz-se necessário conhecer, de forma suscinta, a história de cada uma delas. Geração Baby Boomers Baby boomers dá nome à geração de pessoas nascidas entre os anos de 1945 e 1965 (ZEMKE, 2008). A expressão pode ser traduzida como “explosão dos bebês” o termo “explosão” é usado com o sentido de “crescimento desenfreado”, o qual causou um “boom” demográfico no planeta, depois da Segunda Guerra Mundial. Alguns países experimentaram um súbito aumento da natalidade (PAR- MENT, 2013). 75 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 Os baby boomers carregam hábitos herdados da geração anterior (Vetera- nos), como disciplina e respeito à hierarquia. Esta geração iniciou os movimen- tos com foco nos direitos iguais. Podemos citar as manifestações pela paz, movi- mentos feministas, igualdade racial (LANCASTER; STILLMAN, 2012; ROBBINS, 2013). Distinguindo-se das gerações precedentes e subsequentes devido à sua magnitude demográfica (KATZ, 2017), os baby boomers nasceram na era do em- prego para a vida, e por isso acreditavam que o sacrifício e o trabalho árduo eram o preço a pagar para atingir sucesso (MARKEY, 2016). No Brasil, os grandesFestivais da Canção, transmitidos pelas redes de TVs, eram a resistência que cantavam através da música para protestar contra as in- justiças sociais. As principais particularidades da Geração Baby boomers são: pós Segunda Guerra Mundial 1945-1965; estabilidade no trabalho, não se importavam de fa- zer a mesma função durante anos, são vistos como workaholics; trabalhavam em busca da prosperidade; e a casa própria era sinal de ser bem sucedido; marcados pela ascensão da TV (Cartilha da diversidade, 2020). Geração X A geração X, nasceu em estruturas familiares alternativas às tradicionais, com a inserção das mulheres no mercado de trabalho e aumento das taxas de divórcio. As crianças da geração X cresceram com menor supervisão de adultos, foi rotulada como latchkey generation (latchkey significa a chave da porta da rua da casa) – referência ao fato de que após a escola, essas crianças voltavam para uma casa vazia. Essa geração foi marcada pelo questionamento de costumes e valores, mas cresceram com ideais semelhantes aos do baby boomers: empregos estáveis e muito trabalho (KLIE, 2012). A geração X ou Xers, como são vulgarmente apelidados, são os filhos dos primeiros baby boomers. Estes cresceram durante períodos de recessão econô- mica e social, direcionando grande parte da população nascida neste intervalo de tempo a uma independência prematura (LISSITSA & KOL, 2016) Desenvolveram um forte senso de individualismo, sem perder a convivência em grupo. Possuem uma relação com o trabalho para o sustento de sua estabili- dade financeira, realização pessoal e de consumo. Acompanharam o começo da tecnologia e o aumento do uso dos computadores fez com que essa geração fos- se mais empreendedora do que seus pais e avós (LISSITSA; KOL, 2016). 76 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão As principais particularidades da Geração X são: menos otimistas, mais auto- confiantes; popularização dos divórcios; valorizam fortemente o trabalho, a carrei- ra, o status, a posição hierárquica; e não cuidam do equilíbrio entre vida pessoal e profissional (Cartilha da diversidade, 2020). Geração Y ou Millennials Geração Y ou Millenials é nome da geração de pessoas que nasceram entre os anos de 1980 e 1995. São aqueles que vieram ao mundo na época da virada do milênio. É uma geração que nasceu durante um período de expansão econô- mica, grande desenvolvimento das mídias e da internacionalização (ROBBINS, 2013; LISSITSA; KOL, 2016). Conheceram um mundo já consolidado na democracia, na liberdade políti- ca e na prosperidade econômica. Os jovens dessa geração são multitarefas, são movidos pelo imediatismo e acostumados a conseguir o que querem (NOVELLI; HOFFMANN; GRACIOSO, 2011). No trabalho, adoram desafios e flexibilidade. Podem realizar o trabalho em qualquer lugar a qualquer hora, e valorizam o trabalho em equipe melhor que as outras gerações. A prioridade é ter equilíbrio com a sua vida pessoal, seu vínculo é com sua satisfação pessoal (ERICKSON, 2011). São ansiosos, a velocidade que se conectam com o mundo refletem em suas relações profissionais, estão sempre conectados, descobrem coisas sozinhos e buscam meios informais de educação. O uso de dispositivos móveis fez com que essa geração compartilhe experiências, conselhos e conteúdos. Suas preocupa- ções são voltadas aos movimentos sociais, defendem os menos favorecidos e também lutam pela preservação do meio ambiente (LIPKIN; PERRYMORE, 2010). As principais particularidades da Geração Y são: nascidos ente 1980 e 1995; evolução tecnológica e avanço da globalização; prosperidade econômica – TV a cabo, jogos, computadores; estão sempre conectados; e conhecimento mais acessível e cresceram rodeados de facilidades e conquistas (Cartilha da diversi- dade, 2020). Geração Z Geração Z são chamados de Nativos Digitais. Nasceram entre os anos de 1995 e 2010. A geração Z tem maior facilidade de interagir com dispositivos ele- trônicos que as outras gerações. É a primeira geração 100% digital, é absorvida pela internet e é a mais nova geração que adentra o mercado de trabalho (MC- CRINDLE, 2011). 77 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 A geração Z possui outras nomenclaturas como Zs, Zees ou Zeds, pelo fato dessa denominação variar do termo “zapear” que é o ato de trocar de canal da te- levisão constantemente. Além disso, a mídia nomeia essa geração como a “Gera- ção On-line”, “Geração Conectada”, “Geração Digital”, “Geração Net” e “Geração Pontocom”, bem como internacionalmente é conhecida como “New Millennials”, “C Generation” e “iGeneration” (MCCRINDLE, 2011; MENDES, 2012). Podem ser filhos da geração X ou da geração Y. Essa diferença pode afetar a relação deles com a tecnologia. Os pais que são da geração X são mais cautelo- sos com o uso da tecnologia, enquanto os da geração Y são mais liberais (CAVA- ZOTTE; LEMOS; VIANNA, 2010). Os Zs são abertos a igualdade de gênero e questões sociais, são ativistas e abertos ao diálogo, usam a internet como ferramenta e fazem parte de diversos grupos. Na internet essa geração adotou uma comunicação de memes e emojis com grande capacidade de poder viral. Essa capacidade é usada com leveza e hu- mor, podem estar chamando carro por aplicativo e enviando mensagens nas redes sociais. São comunicadores da rede, porém são considerados como isolados e tem dificuldades de relacionamento interpessoal (SCHARF; ROSA; OLIVEIRA, 2012). Possuem muitas características da geração Y. A geração Z tende a ser mais colaborativa, prefere ambiente de trabalho onde existe condições de trabalho iguais. É uma geração que busca a verdade e transparência acima de tudo (SAN- TOS NETO; FRANCO, 2010). As principais particularidades da Geração Z são: nascidos ente 1995 e 2010; nativos digitais, não conheceram o mundo sem computador, celular, jogos e inter- net; cultura dos memes (Meme Thinkers); diversidade e preocupação ambiental; e consome produtos personalizados (Cartilha da diversidade, 2020). Geração Alpha A geração Alpha são as pessoas nascidas a partir de 2010, são filhos da ge- ração Y, portanto são mais estimulados a interagir com a máquina desde o nasci- mento. O mundo analógico é um passado distante e a tecnologia é uma extensão de suas vidas. Inteligência artificial e realidade virtual serão parte do cotidiano dela, e os Alpha confiarão mais nas novas tecnologias que as gerações anteriores (RANGEL, 2020). Os Alphas são criados em famílias diversas e os papéis parentais estão mais bem distribuídos. Cercadas pela diversidade em diferentes aspectos, a esponta- neidade das crianças da geração Alpha aliada a autonomia, enfraquece o apego por estereótipos e torna sua convivência com o diferente muito mais possível, 78 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão pacífica, tolerante e harmoniosa. As tarefas são compartilhadas, existe cuidado com equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, os pais continuam sendo figuras de autoridade, porém existe mais diálogo (JÚNIOR et al., 2016). Considerados a próxima força de trabalho, os Alphas vão entrar no merca- do nos próximos 6 anos, em posições que ainda não existem. Considerada uma geração mais inteligente devido a grande quantidade de informação e estímulos que recebem, são capazes de resolver problemas complexos rapidamente (OLI- VEIRA; CRUZ, 2016). As principais particularidades da Geração Alpha são: chegarão ao mercado de trabalho a partir de 2026; e usam o Youtube para adquirir conhecimento e en- tretenimento (CARTILHA DA DIVERSIDADE, 2020). Identificar e personalizar as características que compõe cada geração é es- sencial para entender as mudanças de comportamento, possibilita a percepção de como as experiências laborais e de formação durante o ciclo de vida de cada indivíduo influencia no processo de amadurecimento e em como a pessoa forma sua visão de mundo (DIMOCK, 2019). 2.1.4 Etnias/RaçasGrupos de indivíduos que têm características comuns entre si – como cul- tura, língua, comportamentos, tradições e costumes – são o que compõem as etnias. À medida em que a sociedade se torna cada vez mais global, diversos grupos étnicos se aproximam, podendo compartilhar um mesmo território e incor- porar em sua vida a cultura de diversos povos, tornando a realidade mais hetero- gênea (SANOFI, 2021). Os termos Etnia e Raça são amplamente utilizados em pesquisas, estudos, descrições entre outros inclusive utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para compreender informações de diferentes povos em uma específica localidade. Para melhor compreensão da temática, faz-se necessário iniciar o processo de aprendizagem pela definição do significado de Etnia e Raça. Historicamente, a palavra etnia significa “gentio”, proveniente do adjetivo gre- go ethnikos. O adjetivo se deriva do substantivo ethnos, que significa gente ou nação estrangeira. É um conceito polivalente, que constrói a identidade de um indivíduo resumida em: parentesco, religião, língua, território compartilhado e na- cionalidade, além da aparência física. Etnia é considerada a coletividade de indi- víduos que se diferencia por sua especificidade sociocultural, refletida principal- 79 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 mente na língua, religião, maneiras de agir e grupo étnico (SANTOS et al., 2010; OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2021). O termo raça tem uma variedade de definições geralmente utilizadas para descrever um grupo de pessoas que compartilham certas características morfo- lógicas. A maioria dos autores tem conhecimento de que raça é um termo não científico que somente pode ter significado biológico quando o ser se apresenta homogêneo, estritamente puro; como em algumas espécies de animais domés- ticos. Essas condições, no entanto, nunca são encontradas em seres humanos. Raça é considerada como a divisão tradicional e arbitrária dos grupos humanos, determinada pelo conjunto de características físicas hereditários (cor da pele, for- mato da cabeça, tipo de cabelo etc.). A cor, se refere à variedade de tons de pele, e a pigmentação da pele de um indivíduo é o resultado da genética (SANTOS et al., 2010; GRADÍN, 2016; OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2021). De acordo com Munanga (2004) enquanto a etnia é sociocultural, a raça é morfo-biológico, de modo que uma raça como negra, amarela, branca podem ter várias etnias, já que essa é composta por indivíduos que possuem história, língua, cultura e território comum. No entanto, o conceito de raça cientificamente não é aplicado, pois entre os 25 mil genes presentes no genoma humano, as caracterís- ticas físicas aparentes são irrisórias, um negro africano e um branco nórdico tem diferença de 0,005% em seus genes (SMEDLEY, 1998; SANTOS et al., 2010). FIQUE POR DENTRO DO CONHECIMENTO! Histórico do termo “RAÇA” A primeira classificação racial dos homens foi a “Nouvelle di- vision de la terre par les différents espèces ou races qui lhabitent” (Nova divisão da terra pelas diferentes espécies ou raças que a ha- bitam) de François Bernier, publicada em 1684. Em 1790, o primeiro censo americano classificou a população em homens brancos livres mulheres brancas livres e outras pessoas (nativos americanos e es- cravos). O censo de 1890 classificou a população utilizando termos como: branco, preto, chinês, japonês e índios. Carolus Linnaeus (1758), criador da taxonomia moderna e do termo Homo sapiens, reconheceu quatro variedades do homem: 1) Americano (Homo sapiens americanus: vermelho, mau tempera- mento, subjugável). 80 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão 2) Europeu (europeus: branco, sério, forte). 3) Asiático (Homo sapiens asiaticus: amarelo, melancólico, ganan- cioso). 4) Africano (Homo sapiens afer: preto, impassível, preguiçoso). Linnaeus reconheceu também uma quinta raça sem definição geográfica, a Monstruosa (Homo sapiens monstrosus), compreen- dida por uma diversidade de tipos reais (por exemplo, Patagônios da América do Sul, Flatheads canadenses) e outros imaginados que não poderiam ser incluídos nas quatro categorias “normais”. Segun- do a visão discriminatória de Linnaeus, a classificação atribuiu a cada raça características físicas e morais específicas. Em 1775, o sucessor de Linnaeus, Blumenbach, reconheceu “quatro variedades da humanidade”: 1) Europeu, Asiático do Leste, e parte de América do Norte. 2) Australiano. 3) Africano. 4) Restantes do novo mundo. A visão de Blumenbach continuou a evoluir e, em 1795, deu ori- gem a cinco variedades — Caucasiano, Mongol, Etíope, Americano e Malaio —, diferindo do agrupamento anterior, onde os esquimós passaram a ser classificados com os Asiáticos do Leste. Em 1916, Marvin Harris descreveu a teoria da hipodescendên- cia, útil na classificação de um indivíduo produto do cruzamento de duas raças diferentes. Nessa teoria, a criança fruto deste cruzamento pertenceria à raça biológica ou socialmente inferior: “o cruzamento entre um branco e um índio é um índio; o cruzamento entre um bran- co e um negro é um negro; o cruzamento entre um branco e um hin- du é um hindu; e o cruzamento entre alguém de raça europeia e um judeu é um judeu”. Em alguns países, uma regra de 1/8 ou 1/16 foi estabelecida a fim determinar a identidade racial apropriada de indi- víduos oriundos de mistura de raças. Sob essas regras, se o indiví- duo for, pelas linhas da descendência, 1/8 ou somente 1/16 de negro (preto uniforme), o indivíduo é também negro. Fonte: Adaptado de Bussey-Jones et al. (2005), Silva (2005) e Santos et al. (2010) 81 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 No Brasil, de acordo com o IBGE, o censo demográfico do ano 2.000 investi- gou a raça ou cor da população brasileira através da autoclassificação em: Bran- cos (47,51%); Pardos (43,42%); Negros (7,52%); Amarelos (1,1%); e indígenas (0.42%). • BRANCOS: O conceito de “branco” no Brasil não é igual a outros países, como os Estados Unidos, onde aos brancos são pessoas com ascen- dência exclusivamente europeia. No Brasil, os autodeclarados brancos, possuem antepassados africanos ou indígenas. • PARDOS: No sentido literal, a palavra pardo faz referência a brasileiros com variadas ascendências étnicas. Já o manual do IBGE define o sig- nificado atribuído ao termo “pardo” como sendo pessoas com uma mis- tura de cores de pele, seja essa miscigenação mulata (descendentes de brancos e negros), cabocla (descendentes de brancos e ameríndios), ca- fuza (descendentes de negros e indígenas) ou mestiça. • NEGROS: Afro-brasileiro ou brasileiro negro são os termos oficiais no Brasil para definir racialmente e de acordo com a cor da pele as pessoas que se autodeclaram pertencentes a este grupo. • AMARELO: Indivíduo nascido no Brasil, porém com ascendência asiáti- ca, em sua maioria japoneses, coreanos e chineses. • INDÍGENAS: Os povos indígenas do Brasil correspondem a diversos e diferentes grupos étnicos que habitam o país desde milênios antes do início da colonização portuguesa. No Brasil, a identificação da cor e raça de um indivíduo pode se dar de três formas: • Fenótipo: identificação baseada na aparência física do indivíduo. • Genótipo: identificação baseada na origem do indivíduo e sua constitui- ção genética. • Autodeclaração: a forma com o indivíduo se reconhece (IBGE, 2019, p. 2-12). Os ambientes organizacionais estão se tornando gradativamente mais hete- rogêneos, constituindo espaços de relacionamento entre pessoas de diferentes etnias, raças, sexos, religiões e orientações sexuais (ALVES; GALEÃO-SILVA, 2004), entretanto, minorias étnicas/raciais encontram ainda diversas barreiras re- lacionadas à carreira (MEJIA‐SMITH; GUSHUE, 2017). Lidar com as minorias étnicas/raciais e gerenciá-la ainda é um desafio para as organizações modernas. As ações efetivas encontram-se em estágiosincipien- tes, ainda que a presença da diversidade como prioridade na agenda de respon- sabilidade social seja cada vez mais perceptível (BAHIA; SCHOMMER, 2009). 82 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão A valorização das minorias étnicas/raciais requer que as pessoas abdiquem de preconceitos individuais e corporativos, privilegiando direitos coletivos e dei- xando de lado os valores individuais em prol dos direitos universais (SILVA, 2000). Thomas Jr. (1992) sugere que as organizações propiciem um ambiente de con- vivência entre os colaboradores de etnias e raças dispares, a fim de promover a aceitação das diferenças e evitar a discriminação. A discriminação racial tem impactos em todas as camadas das organizações no contexto do mercado de trabalho. As organizações, por sua vez, a fim de ala- vancarem a diversidade devem empreender ações com o objetivo de minimizar a discriminação e desigualdade (MYERS, 2003). LEO FIQUE POR DENTRO DO CONHECIMENTO! Racismo é uma forma sistemática de discriminação que tem a raça como fundamento e que se manifesta por meio de práticas conscientes ou inconscientes que culminam em desvantagem ou pri- vilégios para certos indivíduos, dependendo do grupo étnico-racial ao qual pertençam. Pode-se afirmar que o racismo é consequência do pensamento baseado no discurso de segregação de raças, em que há a difusão da ideia de superioridade de uma raça sobre a outra. Existem diferentes concepções de racismo (Quadro 4), mas todas convergem no sentido e na forma. QUADRO 4 – TIPOS DE RACISMO Tipo de racismo Descrição Institucional Racismo que transcende o âmbito da ação individual e os conflitos raciais, tornan- do-se parte das instituições: a desigualdade racial é parte da sociedade não apenas por causa de ações isoladas de indivíduos ou grupos, mas fundamentalmente por- que determinados grupos étnico-raciais têm hegemonia sobre as instituições e utili- zam seus mecanismos para impor seus próprios interesses políticos e econômicos. Estrutural O racismo entendido como processo político e histórico, bem como decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo como se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e familiares. Recreativo Racismo manifestado de maneira ofensiva, em piadas e brincadeiras depreciativas, como por exemplo associando características raciais a animais, a pessoas que vivem à margem da sociedade, entre outros. 83 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 Cultural O racismo cultural resulta na crença de que existe superioridade entre as culturas existentes, num sentido mais amplo de cultura, que engloba religião, costumes, línguas, dentre outras características. Um exemplo: no Brasil temos o cristianismo como a religião com mais adeptos, por conta da nossa colonização; dessa forma, a religião católica apostólica romana tende a ser vista como "superior" em relação às religiões de matrizes africanas. Já se pensarmos na Índia, a religião mais praticada é o hinduísmo e o cenário se dá de forma totalmente diferente do contexto brasilei- ro. Considerando ainda as questões das pessoas negras no Brasil, trata também da naturalização da ausência de negros em ambientes como escritórios, escolas, grupos sociais e outros espaços historicamente marcados pela predominância da figura do homem tido como tradicional (o homem branco heterossexual). FONTE: Sanofi (2021, p. 12) O reflexo dessas ações na inserção de minorias étnicas/raciais no contex- to socioeconômico é perceptível, todavia ainda persiste os maiores índices de pobreza e de mortalidade entre os negros, menores índices de escolaridade, de presença do mercado de trabalho, de acesso à educação e serviços de saúde e transportes de qualidade, na baixa (ou quase ausente) representatividade da po- pulação negra nos espaços de poder e privilégio (BATISTA et al., 2019). Para Charão (2021), aos poucos, pode-se observar que essa realidade vem sendo mudada, principalmente em decorrência de diversas iniciativas (públicas e privadas) criadas para o enfrentamento e superação do racismo institucional, tais como as políticas públicas de promoção da igualdade racial, ações afirmativas nas instituições de ensino e mercado de trabalho, assim como a preocupação com o estabelecimento de um sistema de financiamento sólido aos programas e ações específicas para a questão étnico-racial. FIQUE SABENDO!!! • No Brasil, 54% da população brasileira são negros (pretos + par- dos) (PNAD CONTÍNUA, 2017). • A população negra movimentou 1,6 trilhão de reais em 2017 (INST. LOCOMOTIVA, 2017). • Os negros representam apenas 17,8% entre o 1% mais rico. E 75% entre os 10% mais pobres (PNAD CONTÍNUA, 2015). 84 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão • Profissionais negros com ensino superior completo recebem 28,8% menos do que os brancos em igual condição (RAIS 2016). • Somente 34% dos funcionários das 500 maiores empresas são negros (Ethos, 2016). • Apenas 4,7% do quadro executivo das 500 maiores empresas é constituído por pessoas negras. As mulheres negras representam somente 0,4% (Ethos, 2016). • A remuneração da profissional negra é 59% menor em relação ao que recebe um homem branco (PNAD CONTÍNUA, 2017). • Estima-se que a renda entre os negros e brancos será equivalen- te somente em 2089 (OXFAM, 2017). • As mulheres brancas alcançam ensino superior completo em proporção duas vezes maior que as mulheres negras ou pardas (IBGE, 2018). Fonte: Instituto Natura (2019, on-line) SUGESTÃO DE LEITURA Livro: As Práticas Organizacionais de Diversidade e Inclusão: Cenário da América Latina Autor: Luanda Pires e Fernanda Perregil Editora: Arraes Editores (1ª edição, 2021) Sinopse: O tema de Diversidade e Inclusão tem sido ampla- mente debatido dentro das organizações, deixando cada vez mais clara sua importância como alavanca de performance e instrumento para diminuição da desigualdade social. 2.2 DIREITOS E LEGISLAÇÕES Os Direitos Humanos abarcam direitos básicos assegurados a todo e qual- quer ser humano, não importando a classe social, a raça, a nacionalidade, a re- ligião, a cultura, a profissão, o gênero, a orientação sexual ou qualquer outra va- riante possível que possa diferenciar os seres humanos (GUGEL, 2016). 85 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 No entanto, a garantia dos Direitos Humanos requer um movimento de trans- formação social e de promoção da igualdade e respeito à diversidade, pois A ética emancipatória dos direitos humanos demanda trans- formação social, a fim de que cada pessoa possa exercer, em sua plenitude, suas potencialidades, sem violência e discrimi- nação. É a ética que vê no outro um ser merecedor de igual consideração e profundo respeito, dotado do direito de desen- volver as potencialidades humanas, de forma livre, autônoma e plena. Enquanto um construído histórico, os direitos humanos não traduzem uma história linear, não compõem uma marcha triunfal, e tampouco uma causa perdida. Mas refletem, a todo tempo, a história de um combate, mediante processos que abrem e consolidam espaços de luta pela dignidade humana (PIOVESAN, 2008, p. 887). Para compreender a diversidade como um Direito Humano, devemos consi- derar que na contemporaneidade é preciso conceber uma nova perspectiva em relação à problemática dos direitos humanos. A relação entre as questões referentes à superação das desigualdades so- cioeconômicas, o reconhecimento dos diferentes grupos socioculturais e a sua valorização se faz cada vez mais estreita. Neste sentido, os direitos humanos, que outrora vistos como direitos exclusivamente individuais e fundamentalmente civis e políticos, se ampliam (LARA; LIMBERTI, 2015). Cada vez mais se consolida a importância dos direitos coletivos, sociais, eco- nômicos, culturais e ambientais. E, a partir dessa ótica, as questões relativasà di- versidade vêm adquirindo cada vez maior relevância e se tornando indispensável no debate sobre o tema (LARA; LIMBERTI, 2015). Inegavelmente, a afirmação dos direitos humanos como universais, indivisíveis e interdependentes foi um marco fundamental para consolidação desse conceito na contemporaneidade. No entanto, para sua efetivação, todas as políticas públicas e privadas devem considerá-los na construção de uma sociedade baseada na promo- ção da igualdade de oportunidades e da equidade, no respeito à diversidade e na consolidação de uma cultura democrática e inclusiva (GUGEL, 2016). COMO SURGIRAM OS DIREITOS HUMANOS? Podemos fazer uma primeira incursão na Revolução Americana, em que a carta Bill of Rights (ou Declaração dos Direitos dos Cida- dãos dos Estados Unidos) assegura certos direitos aos nascidos no 86 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão país. Entre eles, garante o direito à vida, à liberdade, à igualdade e à propriedade. Assim, o governo não poderia atacar um desses direitos de alguém sem o devido processo e julgamento dentro dos parâme- tros da lei. Na mesma época em que essa emenda americana foi oficial- mente aceita, estourou a Revolução Francesa, em 1789, e foi redi- gida a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. De cunho liberal e baseada nos ideais iluministas que pregavam a igualdade, a liberdade e a fraternidade, essa declaração tinha por objetivo as- segurar que nenhum homem deveria ter mais poder ou direitos que outro – o que representava o ideal republicano e democrata, que à época ameaçava o Antigo Regime, no qual apenas uma pessoa con- centrava poderes. Nesse primeiro momento, tanto a declaração americana quanto a francesa não asseguravam direitos amplos a todos os membros da raça humana, pois, no período, mulheres ainda não possuíam todos os seus direitos civis garantidos e ainda havia escravidão. Somente em 1948 foi publicada a carta oficial contendo a Decla- ração Universal dos Direitos Humanos, a qual asseguraria, para to- dos os seus direitos básicos. A história desse documento acompanha a história do início da Organização das Nações Unidas (ONU), que iniciou suas atividades em fevereiro de 1945. O que se queria naquele ano era evitar novas tragédias, como as ocorridas durante a Segunda Guerra Mundial — por exemplo, a chamada “solução final” do governo nazista contra o povo judeu ou os atos anteriores ao início oficial da guerra, como as prisões arbitrá- rias e o exílio de judeus, bem como a escravização de povos, outros genocídios etc. Com o fim da Segunda Guerra, o cenário resultante continha milhões de mortos, milhões em situação de miséria e fome, e milhares de civis que tiveram algum direito violado por ataques, ações ou crimes de guerra. Para elaborar estratégias que evitassem novas tragédias, repre- sentantes de 50 países reuniram-se para elaborar um organismo mun- dial que visava a garantir a paz e o respeito entre os povos. A primeira ação elaborada foi a formação de uma Comissão de Direitos Humanos da ONU, que ficaria responsável pela redação de um documento pres- critivo para listar todos os direitos fundamentais dos seres humanos. A declaração foi concluída em 18 de junho de 1948 e aprovada pela 87 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 Assembleia Geral da ONU em 10 de dezembro de 1948. FIGURA 4 – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS FONTE: BBC News (2020) A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) (Figura 4) é um documento marco na história dos direitos humanos. Elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, atra- vés da Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral, como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos. Hoje, 193 países são signatários da ONU. Isso significa que, en- tre outras coisas, eles devem garantir em seus territórios o respeito aos direitos básicos dos cidadãos. Não há uma maneira expressa e objetiva da organização fiscalizar e regular o cumprimento dos Direitos Humanos, mas as legislações da maioria dos países ocidentais de- mocráticos, bem como seus sistemas judiciários, recorrem aos artigos 88 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos para formu- larem seus textos legais e aplicarem as decisões e medidas jurídicas. Fonte: Porfírio (2021, on-line) No Brasil, nossa Constituição Federal, muito influenciada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 1° aponta quais são seus funda- mentos, dentre eles, a dignidade da pessoa humana. A pessoa humana é o funda- mento, a medida e o fim de todo Direito (MACEDO, 2020). A Constituição Federal de 1988, que resultou de muitas lutas sociais, e que representa um avanço na proteção dos direitos das pessoas. Mediante este avan- ço, destacamos o artigo 1º da Constituição Federal de 1988, o qual estabelece os princípios de soberania, de cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político (BRASIL, 1988). Portanto, um indivíduo, apenas por integrar o gênero humano, a despeito de todas as suas diferenças físicas, intelectuais, psicológicas, já é possuidor e mere- cedor de dignidade, atributo inerente a todos os cidadãos, decorrente da própria condição humana (MACEDO, 2020). O Artigo 3° da Constituição indica os objetivos voltados para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a garantia do desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (BRASIL, 1988). No Brasil, não é por falta de leis que o preconceito e outras formas de dis- criminação ainda resistem. A Constituição Federal considera o racismo crime ina- fiançável e imprescritível. A Lei 7.716/89, atualizada pela Lei 9.459/97, estabelece pena de um a três anos de reclusão e multa para quem induzir, incitar ou praticar os crimes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou proce- dência nacional (BRASIL, 1997). O Brasil é signatário, desde 1965, da Convenção nº 111 de 1958 da Organi- zação Internacional do Trabalho, assumindo o compromisso de formular e aplicar uma política nacional que tenha por fim promover a igualdade de oportunidades e de tratamento em matéria de emprego e profissão. Na definição da Convenção nº 111, discriminação compreende “toda distinção, exclusão ou preferência funda- da na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem 89 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 social que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou profissão” (GUGEL, 2016). O país também assinou outros acordos internacionais relativos à discrimina- ção, tais como: • A Convenção para Prevenção e a Repressão do crime de genocídio (1948). • A Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951). • A Convenção nº 100 da OIT sobre Igualdade de Remuneração de Mão- -de-Obra Feminina por um Trabalho de Igual Valor (1951). • O Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados (1966). • O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966). • O Protocolo Facultativo relativo ao Pacto Internacional sobre Direitos Ci- vis e Políticos (1966). • A Convenção da ONU sobre Eliminação de todas as Formas de Discrimi- nação Racial (1966). • O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966). • A Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de San José da CostaRica (1969). • A Convenção da ONU sobre Eliminação de todas as Formas de Discrimi- nação contra a Mulher (1979). • O Estatuto da Corte Interamericana de Direitos Humanos (1979). • A Convenção nº. 169 da OIT, sobre os Direitos dos Povos Indígenas e Tribais. • A Convenção Interamericana para prevenir e punir a Tortura (1985). • O Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em matéria de direitos econômicos, sociais e culturais (1988). • O Protocolo de San Salvador; Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a Mulher (1994). • A Declaração de Princípios Fundamentais e de Direitos no Trabalho da OIT (1998). • Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as formas de dis- criminação contra as pessoas portadoras de deficiência (1999). • Protocolo Facultativo à Convenção Internacional sobre Eliminação de to- das as formas de Discriminação contra a Mulher (1999). Apesar de todos os acordos internacionais relativos à discriminação estabe- lecidos, de acordo com Castro (2021), convivemos ainda com a fragilidade da efetivação dos direitos juridicamente firmados. Contudo, diferentes leis, diretrizes e políticas públicas vêm sendo instituídas ao longo dos anos com o intuito de ga- rantir igualdade de direitos e respeito às diferenças. 90 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão Conheça alguns marcos legais relevantes que regulam as diferentes temáti- cas que abarcam a diversidade em nosso país: • Lei nº 8.213/91, que estabelece a obrigatoriedade de as empresas com cem (100) ou mais empregados preencherem uma parcela de seus car- gos com pessoas com deficiências. A reserva legal de cargos é também conhecida como Lei de Cotas (Art. 93 da Lei nº 8.213/1991). • Lei nº 10.098/2000, estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobi- lidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação. • Decreto 5.167/2004, que estende o prazo previsto no art. 3º do Decreto nº 5.030/2004, que institui o Grupo de Trabalho Interministerial para ela- borar proposta de medida legislativa e outros instrumentos para coibir a violência doméstica contra a mulher. • Portaria nº 4.032/2005, que institui o Grupo de Trabalho para acompa- nhar a implementação do “Programa Brasil Sem Homofobia” no Ministé- rio da Educação. Além de outras finalidades, esse GT propõe “a formula- ção de ações que garantam o direito à educação da população GLTTB e que promovam o respeito à diversidade de orientação sexual e de identi- dade de gênero nos sistemas educacionais”. • .Lei 11.340/2006, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do Art. 226 da Constitui- ção Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. • Lei 11.340/2006, conhecida mais como Lei Maria da Penha, que cria me- canismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do Art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mu- lheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Vio- lência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Proces- so Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal. • Decreto 7.959/2013, que aprova o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres - PNPM, institui o Comitê de Articulação e Monitoramento e dá outras providências. • Lei 13.104/2015, que altera o Art. 121 do Decreto-Lei nº 2.848/1940 - Có- digo Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do 91 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 crime de homicídio, e o Art. 1º da Lei no 8.072/1990, para incluir o femini- cídio no rol dos crimes hediondos. • Lei 13.146/2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). • Decreto 8.727/2016, que dispõe sobre o uso do nome social e o reconhe- cimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. • Resolução nº 1 de 19 de janeiro de 2018, que define o uso do nome so- cial de travestis e transexuais nos registros escolares. Em síntese, destaca-se o do artigo 5º da Constituição da República Federa- tiva do Brasil: “Todos somos iguais perante a lei sem distinção de qualquer natu- reza, (...)”. Inspirada no artigo 1º da Declaração Universal de Direitos Humanos: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. (...)” que, por sua vez, foi igualmente inspirada na Declaração de Direitos do homem e do Cidadão, de 1789, a qual já trazia o preceito da igualdade ao tratar de direitos inerentes ao homem em seu artigo 1º: “Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum” (MACEDO, 2020). Livro: Direitos LGBT: a LGBTfobia estrutural e a diversidade se- xual e de gênero no direito brasileiro Autor: Caio Benevides Pedra Editora: Appris (1ª edição, 2020) Sinopse: A população LGBT enfrenta quadros graves de exclu- sões no Brasil, que se manifestam de várias formas e repercutem em todas as esferas. No Direito (assim como na sociedade), a LGB- Tfobia é tão naturalizada que assume caráter estrutural, contribuindo para a manutenção e o agravamento das violências e exclusões vi- venciadas por essas pessoas. 1 Promover a diversidade e a inclusão é um trabalho de descons- trução de crenças e comportamentos que não pode mais ser dei- xado de lado. As organizações estão percebendo que, indepen- dentemente do seu produto e ou serviço ou mercado de atuação, 92 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão servem à sociedade e, por conseguinte, para se tornarem mais estratégicas é necessário incluir cada vez mais toda a diversida- de humana nela presente (GEPP, 2018). O que significa a inclu- são nas organizações? 2 Os conceitos de sexo biológico, identidade de gênero e orien- tação sexual possuem significados diferentes (TOLEDO, 2017). Descreva o significado de sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual. 3 Cada geração difere uma da outra, por consequência direta da época em que nasceram, foram educados e iniciaram sua vi- vência profissional. Esse agrupamento de pessoas com carac- terísticas semelhantes, de acordo com um determinado espaço temporal, recebe o nome de coortes (LIMA et al., 2017). Qual o significado do termo “coortes”? ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Finalizamos, agora, nosso segundo capítulo de estudo sobre Práticas e Ten- dências de Gestão de Pessoas com foco na inclusão. Neste segundo capítulo, compreendemos um pouco mais sobre as ações de diversidade que promovam maior visibilidade e inclusão, as características distintas e específicas de cada tema e também alguns dos principais direitos e leis sobre a diversidade. Pudemos observar, de forma suscinta, que promover a diversidade e a in- clusão é um trabalho de desconstrução de crenças e comportamentos que não pode mais ser deixado de lado, e que as organizações estão percebendo que, independentemente do seu produto e ou serviço ou mercado de atuação, servem à sociedade e, por conseguinte, para se tornarem mais estratégicas é necessário incluir cada vez mais toda a diversidade humana nela presente (GEPP, 2018). Conheceu-se quediversidade se baseia no modo como as pessoas se di- ferem entre si, tanto no aspecto pessoal como nos elementos conectados com a organização que a pessoa atua. Que a é um conceito multidimensional, possuin- do características visíveis ou não visíveis como: geração, capacidades físicas e mentais, orientação sexual, religião, étnico-racial, classe social, gênero, família, política, regional, profissional, entre outras (MACCALI et al., 2015). 93 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOSGESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Capítulo 2 Estudamos que as gerações costumavam ser divididas em períodos de 20 anos, entretanto não há um consenso formal sobre as datas que definem o início e o fim de cada geração. O avanço da tecnologia fez com que as mudanças se tornassem cada vez mais rápidas, sendo que atualmente a duração de cada gera- ção é menor e cada geração absorve características de suas gerações anteriores (CAVAZOTTE; LEMOS; VIANNA, 2010). Enfim, identificamos que os direitos humanos abarcam direitos básicos asse- gurados a todo e qualquer ser humano, não importando a classe social, a raça, a nacionalidade, a religião, a cultura, a profissão, o gênero, a orientação sexual ou qualquer outra variante possível que possa diferenciar os seres humanos (GU- GEL, 2016). A partir dos conceitos apreendidos, iremos no próximo capítulo estabelecer discussões sobre a relação entre a diversidade de recursos humanos e a inovação. Bons estudos e até o próximo capítulo. REFERÊNCIAS ALVES, M. A.; GALEÃO-SILVA, L. G. A crítica da gestão da diversidade nas organizações. RAE-revista de administração de empresas, v. 44, n. 3, p. 20- 29, 2004. ANCA, C; ARAGÓN, S. The 3 Types of Diversity That Shape Our Identities. Harvard Business Review Digital Articles, Boston, Mass. p. 2-5, maio. 2018. ARAGUAIA, M. Orientação Sexual. 2021. Disponível em: https://brasilescola.uol. com.br/sexualidade/orientacao-sexual.htm. Acesso em: 18 nov. 2021. 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CAPÍTULO 3 Diversidade e Inovação A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender a relação entre a diversidade de recursos humanos e a inovação. � Entender que a diversidade é cada vez mais importante para as organizações. � Conhecer como a organização pode incentivar a diversidade por intermédio das práticas de gestão de pessoas. 104 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão 105 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Estabelecer relações entre a diversidade de recursos humanos e a inovação tem sido um esforço em desenvolvimento nas últimas décadas de forma global, tanto quanto em pesquisas acadêmicas e publicações gerenciais, confirmando a significância da temática (FREITAS, 2019). Apesar de, na atualidade, a diversidade ter sido utilizada de forma indevida em inúmeras campanhas de marketing, com o objetivo principal de ganho de ima- gem, deve-se considerar a diversidade dentro das organizações com um poten- cial maior, que é o estímulo à inovação. No momento em que se debate a temáti- ca inovação, encontramo-nos falando de criatividade e desenvolvimento de boas ideias e, para esse fim, faz-se necessário dispor de pessoas com visões dispares e histórias únicas. Deste modo, a diversidade converte-se em estratégias de ino- vação para as organizações (FERREIRA, 2020). De acordo com Amabile (1998, p. 13), os gestores devem promover o desen- volvimento de equipes heterogêneas, com origens e perspectivas diversas en- tre seus integrantes, pois “quando as equipes compreendem pessoas com várias fundações intelectuais e abordagens para trabalhar – isto é, diferentes conheci- mentos e estilos de pensamento criativo – as ideias geralmente se combinam e entram em combustão de maneiras interessantes e úteis”. Segundo Indra Nooyi, CEO de uma empresa transnacional estadunidense de alimentos, lanches e bebidas: Grandes ideias ainda vêm das pessoas e o desafio está em criar um ambiente certo para encorajar ideias inovadoras. A diversidade de pessoas dentro de uma corporação promove a inovação porque alcança diversidade de ideias. Há uma rela- ção entre a diversidade e a inovação que não é teórica – é real (WALKUP, 2003, p. 97). À vista disso, ter a diversidade como pauta estratégica interna e constante na organização traz resultados que vão além do ganho de imagem, tais como: vanta- gem competitiva, inovação, motivação, bem-estar e, por fim, ganhos monetários. Incluir a sociedade de uma forma mais completa nasua organização será sempre benéfico e enriquecedor. Bons estudos! 106 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão 2 DIVERSIDADE E INOVAÇÃO Debater abertamente a diversidade no ambiente corporativo ainda é um tabu em inúmeras organizações. Romper a inércia e o silêncio, e se posicionar como uma organização que compreende, protege e experiencia essas causas, incluído esse posicionamento em sua cultura e seus processos, ainda é um grande desa- fio (FREITAS, 2019). A diversidade de recursos humanos detém um efeito muito maior do que so- mente trazer diferentes repertórios e vivências para a organização, como se tem comumente abordado. Com equipes mais diversas, mais ideias de diferentes ba- ckgrounds podem manifestar-se, ajudando a criar estratégias que estão em si- nergia com o mundo contemporâneo, servindo de espelho da sociedade a qual a organização se encontra (ANDRADE; VITORINO, 2021). Dispor da diversidade como pauta estratégica e constante na organização não traz apenas ganho de imagem. Os resultados vão além disso e permitem maior inovação, motivação, bem-estar dos colaboradores e, por fim, vantagem competitiva e ganhos financeiros (ARAM, 2021). VOCÊ SABIA? Quando utilizamos o termo background na área profissional, quer dizer que determinada pessoa possuí habilidades e experiên- cias necessárias em uma determinada área. O termo pode ser utili- zado como sinônimo da experiência de um profissional na área em que atua ou qual é a formação acadêmica dele. Ou seja, qual é a sua vivência na sua área de atuação ou em qual curso você possui formação (JEON; BUETTNER; HUR, 2016). Além disso, a diversidade de recursos humanos traz consistência para as reflexões, posicionamentos e decisões nesse cenário de incertezas e mudanças contínuas em que vivemos na atualidade. Pode-se dizer, então, que isso potencia- liza a inovação, podendo se tornar uma das maiores forças de uma organização (ANDRADE; VITORINO, 2021). 107 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 A criatividade e a inovação são processos organizacionais contínuos e con- comitantes, que prosseguem durante todas as fases da introdução e uso de ideias novas. Inovar é, antes, aplicar o incomum, o novo; é uma espécie de solução criativa para problemas que vão sendo detectados. Não há fórmula prévia para inovar, porque a inovação faz parte de um processo que descobre suas próprias regras por intermédio da criatividade das pessoas (CARDOSO et al., 2007). A diversidade de pessoas nas organizações é frequentemente considerada positiva, pois pode criar um espaço de pesquisa mais amplo e tornar a organiza- ção mais aberta a novas ideias. Idealmente, a diversidade deve ampliar a base de conhecimento de uma organização e expandir a interação entre os diferentes tipos de competências e conhecimentos (OLIVEIRA, 2019). Na contemporaneidade, na qual o conhecimento e a inovação são questões preeminentes, muitos dos princípios básicos da experimentação, da criatividade e da mudança nas organizações, somente têm a ganhar com a inclusão de diferen- tes perspectivas de pessoas que experimentam realidades distintas. Proporcionar oportunidades para essas pessoas não limita, mas amplia a percepção de mundo, melhora os processos criativos, expande a forma de educar e a visão de mundo. Os ganhos com a diversidade e a inclusão e a equidade aumenta ainda mais esse potencial inovativo nas organizações (SAUERBRONN, 2014). Mas o que é exatamente é essa tal de inovação? As organizações necessitam melhor gerir os conhecimentos à disposição e conceber condições para que as pessoas liberem seu potencial criativo e propi- ciem as inovações indispensáveis às novas circunstâncias (MOTTA, 1989). A inovação ocorre fundamentalmente por intermédio de cinco pressupostos: a introdução ao mercado de um novo bem ou serviço; introdução de um novo método de produção; a criação de um novo mercado em determinado país; a conquista de uma nova fonte de suprimento de matérias-primas ou de produtos semimanufaturados, e; a implantação de uma nova estrutura em um mercado (SCHUMPETER, 1982). De acordo com Freeman e Soete (2012) a inovação é caracterizada pela racionalidade econômica, através de ganho financeiros obtidos por novos produtos, processos e ou procedimentos. A inovação é definida por Kim (1997) como a faculdade de criar conhecimen- to novo e útil com base em conhecimento anterior. Hurley e Hult (1998, p. 44) a definem como “a capacidade da organização para adotar ou implementar novas ideias, processos ou serviços com sucesso”. Wang e Ahmed (2007) a descrevem como a habilidade da organização em desenvolver novos produtos e mercados, por meio da orientação do alinhamento estratégico para comportamentos e pro- 108 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão cessos de inovação. Tidd, Besant e Pavitt (2008) a conceituam como o proces- so de transformar oportunidades em novas ideias, colocando-as amplamente em prática. Koulopoulos (2011, p. 12) compreendem como “um processo de mudança que contém um valor mensurável”. De acordo com Trott (2012), as ideias novas tornam-se o ponto de partida, porém não se tornam em si inovação. O autor refere-se à inovação como a “ges- tão de todas as atividades envolvidas no processo de geração de ideias, desen- volvimento de tecnologias, fabricação e marketing de um produto novo (ou aper- feiçoado) ou de um processo de fabricação ou equipamento” (TROTT, 2012, p. 15). Para Davila, Epstein e Shelton (2007) nem todas as inovações são instituídas da mesma forma, ou apresentam os mesmos riscos e geram os mesmos retornos. Os tipos de inovação condicionados ao grau de impacto da inovação ao produto e à tecnologia empregada em suas operações são apresentados no Quadro 1. QUADRO 1 – TIPOS DE INOVAÇÃO Tipo de inovação Descrição Incrementais Consistem em melhorias moderadas nos produtos. Radicais Consistem em mudanças profundas tanto na tecnologia empregada na produção quanto nos produtos apresentados ao mercado. Neste tipo de inovação existe um impacto profundo na estrutura de determinada indústria e no modelo de ne- gócio. A inovação radical produz uma ruptura no desenvolvimento tecnológico. Semiradicais Envolvem mudanças substanciais nos modelos de negócios ou na tecnologia de produção dos produtos. Porém, a mudança ocorre em apenas uma esfera, ou nos produtos ou na tecnologia empregada. Nesse tipo de inovação existe uma possibilidade maior de obtenção de vantagens competitivas que as inovações incrementais não conseguem. Ruptura tecno- lógica Consiste em inovações produzidas por meio de mudança na base tecnológica, mas sem mudanças no modelo de negócios. FONTE: Adaptado de Davila, Epstein e Shelton (2007) Casali, Silva e Carvalho (2010) destacam que este processo criativo não ocorre da pesquisa básica para a pesquisa aplicada e depois para o desenvolvi- mento e a implementação direta nas operações organizacionais. Este processo compreende mecanismos de feedback e relações interativas entre ciência, tecno- logia, aprendizado, produção, política e demanda. A inovação é um conceito multidimensional que inclui conhecimento, tecnolo- gia, pessoas, visão, liderança e estrutura organizacional. Para ter sucesso, todas as dimensões devem ser gerenciadas por estratégias adequadas (DERELI, 2015). 109 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 Segundo Souza (2019), a inovação não se resume apenas à tecnologia e suas ferramentas, mas o conhecimento por trás da inovação é o fator de desen- volvimento. Neste sentindo, quanto mais pessoas diversas, com diferentes expe- riências, fazendo parte de uma mesma equipe, é mais provável terem pensamen- tos distintos, alcançando resultados nunca antes considerado. O conhecimento tornou-se o trampolim para a criatividade e a inovação. Des- sa forma, faz-se necessário atentarmos para a diversidade de culturas,pois ela favorece a troca de conhecimento entre as pessoas dispares, contribuindo para um elevado índice de inovação propiciado pela heterogeneidade de ideias (BAR- RETT, 2000). De acordo com Zardo (2020), para inovar não é preciso ser grande, ter di- nheiro para investir ou fazer algo novo e que nunca foi feito antes. Organizações e profissionais com esse tipo de pensamento, necessitam rever seus conceitos ur- gentemente. Para inovar, é preciso estar criar acessibilidade e ter disponibilidade para encontrar, conviver e principalmente aprender com o diverso e, assim, gerar novas soluções para as possíveis adversidades. A diversidade nas organizações tanto pode, quanto deve ser tratada como diferencial a ser utilizado em prol da organização. Os autores defendem que a diversidade nas organizações pode gerar vantagem competitiva em seis diferen- tes dimensões: criatividade e inovação, flexibilidade organizacional, qualidade na resolução de problemas, sucesso de marketing, atração de recursos humanos e custos (Quadro 2) (COX; BLAKE, 1991). QUADRO 2 – GERINDO A DIVERSIDADE Dimensão Descrição Criatividade e inovação Menor ênfase na conformidade (semelhança) aumentam os níveis de criatividade e inovação. Flexibilidade organizacional As implicações de um sistema multicultural (diverso) geram maior fluidez e maior flexibilidade para reagir ao ambiente de mudanças. Resolução de problemas Heterogeneidade produz melhores decisões, e uma análise mais crítica das adversidades. Marketing Melhora de forma global e regional. Atração de recursos humanos Reputação favorável na contratação e na retenção de talentos. Custos Quem não faz a integração e inclusão pode ter um custo maior. FONTE: Adaptado de Cox e Blake (1991, p. 54) A organizações que dispõem de políticas efetivas destinadas a promover a diversidade, tendem a reforçar a sua imagem mercadológica, aumentar a satisfa- 110 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão ção dos colaboradores, e colher tais benefícios esperados, como maior produtivi- dade e aumento da capacidade de inovação (GÜLSOY; USTABAS, 2019). Rock e Grant (2016) acreditam que enriquecer a equipe de colaboradores com representantes de diferentes gêneros, raças e nacionalidades é essencial para aumentar o potencial intelectual conjunto das organizações. Criar um am- biente de trabalho mais diversificado, segundo os autores, ajudará a manter os preconceitos dos membros da equipe sob controle e os fará questionar suas su- posições, ainda que seja preciso garantir que a organização tenha práticas inclusi- vas para que todos sintam que podem ser ouvidos. Tudo isso pode tornar equipes mais inteligentes e consequentemente tornar a organização mais bem-sucedida, independentemente de quais sejam seus objetivos. Quais as vantagens de contar com a diversidade? 1. Traz inovação A inovação é, sem dúvida, o primeiro benefício que uma organi- zação pode obter a partir da diversidade. Com uma equipe formada por pessoas diferentes, o estímulo à criatividade aumenta o potencial de criação, possibilitando o desenvolvimento de novos produtos e serviços para atender um público mais heterogêneo. Em um estudo da revista Forbes realizado em 2011 com a par- ticipação de 321 grandes empresas, 85% concordaram que a diver- sidade é essencial para promover a inovação e a força de trabalho, viabilizando uma vantagem competitiva no mercado. 2. Aumenta a produtividade Uma boa forma de promover novas ideias e aumentar a produti- vidade é valorizar debates construtivos e interessantes. A diversidade gera novas ideias e opiniões, além de desenvolver nossa capacidade de ensinar e aprender. Para promover um debate construtivo, é preciso agir de acordo com os princípios éticos e lógicos de uma boa comunicação. A inten- ção é buscar o que há de positivo na ideia do companheiro de traba- lho e desenvolvê-la, alterando-a de acordo com as necessidades. E quanto mais debates positivos, maior a produtividade. 111 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 3. Melhora o desempenho financeiro O desempenho financeiro é outro fator que se desenvolve com a diversidade empresarial. De acordo com a empresa McKinsey, que realizou uma pesquisa com 366 organizações, as companhias que investem em diversidade têm mais propensão (de 15% a 35%) a ter um retorno financeiro acima da média nacional da indústria. Portanto, lideranças diversificadas apresentam uma melhor per- formance inovadora e, consequentemente, financeira. 4. Beneficia a imagem empresarial As organizações que investem na diversidade projetam uma imagem moderna, de responsabilidade social e igualdade de oportu- nidades, aspectos muito valorizados pelos consumidores. Outro ponto positivo que a boa imagem empresarial propicia é a capacidade de atração e retenção de talentos na hora do recruta- mento de colaboradores. Essa questão é capaz de expandir o leque de candidatos dispostos a fazer parte da equipe. A oferta de trabalho torna-se mais atraente para profissionais em busca de um propósito, que se entusiasmam para vestir a camisa da empresa e alinham seus objetivos pessoais aos da companhia. Fonte: Adaptado de Costa (2021, s.p.). A diversidade entre as pessoas é um insumo que, se explorado de manei- ra correta, leva a resultados surpreendentes de criação e de solução de proble- mas. Ambientes heterogêneos são mais propensos à inovação quando compara- dos com ambientes formado por pessoas homogêneas (CARDOSO et al., 2007). Equipes diversas são incentivadas nas organizações pela possibilidade de apre- sentarem mais criatividade, inovação e habilidade para resolução de problemas (RIETZSCHEL; ZACHER; STROEBE, 2016). 112 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão Livro: Inclusifique: Como a inclusão e a diversidade podem tra- zer mais inovação à sua empresa Autor: Stefanie K. Johnson Editora: Benvirá (1ª edição, 2020) Sinopse: Quase toda empresa hoje em dia prega aos gesto- res a importância de criar um ambiente diversificado e inclusivo. Mas como conseguir isso? Como garantir que todos possam demonstrar sua individualidade e, ao mesmo tempo, sentir que de fato perten- cem à empresa, fazendo parte de um time coeso? A resposta, se- gundo Stefanie Johnson, é: você deve inclusificar. Diferentemente de diversificar ou incluir, inclusificar implica um esforço contínuo para ajudar equipes diversificadas a se sentir engajadas, empoderadas, aceitas e valorizadas. Afinal, não adianta ter diversidade se as pes- soas se sentem excluídas. Aqui, ela mostra os erros mais comuns das empresas ao criar seus times e fornece estratégias práticas para ajudá-las. Contendo estudos de caso da Salesforce, GM, Starbucks, entre outras, Inclusifique é uma obra de extrema importância para os dias de hoje, possibilitando que cada vez mais perspectivas singula- res sejam ouvidas e confiram mais valor às empresas. “Este livro nos faz examinar a diversidade e a inclusão por meio de uma nova lente, tanto prática quanto esclarecedora. A obra fornece dados importan- tes para abastecer sua mente e compartilha histórias incríveis para tocar seu coração.” Verna Myers, VP de Estratégia de Inclusão da Netflix “Muitos líderes falam em construir ambientes de trabalho mais diversificados e inclusivos, mas poucos fazem um progresso efetivo. Stefanie Johnson está aqui para mudar isso. Seu livro está repleto de evidências minuciosas e ideias práticas para garantir que as pesso- as tanto se destaquem quanto se sintam parte de um grupo.” Adam Grant, autor dos best-sellers Originais e Dar e receber “Inclusifique é um guia prático e voltado para a ação que vai ajudar você a se tornar um líder melhor. Por meio de sua pesquisa acadêmica e de entrevis- tas com importantes CEOs, Stefanie Johnson reuniu dados e insights que têm o poder de mudar o mundo.” Marshall Goldsmith, um dos mais importantes coaches executivos. 113 Diversidadee InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 2.1 ORGANIZAÇÃO MAIS DIVERSA E INCLUSIVA As pessoas são consideradas de suma importância para a formação e o de- senvolvimento de uma organização, sem elas não haveria organização. Assim, as organizações necessitam desenvolver práticas organizacionais socialmente res- ponsáveis, que requerem a compreensão da realidade organizacional, incluindo o comportamento das pessoas e a interação destes com o ambiente, seja ele interno ou externo (MAXIMIANO, 2017). As organizações consideradas mais eficientes, devem antecipar-se e adap- tar-se as constantes mudanças mercadológicas, para manterem-se competitivas nesse novo contexto socialmente responsável. Deste modo, as organizações precisam dispor de líderes e demais colaboradores adaptados à nova realidade (MCSHANE; VON GLINOW 2014). Dentre as principais mudanças que compõem esse novo contexto com as quais as organizações se deparam, McShane e Von Glinow (2014) destacam três: a) Globalização: refere-se à integração econômica, social e cultural entre organizações e pessoas em todo o mundo, fundamentalmente pelos grandes avanços nas áreas de tecnologia da informação e sistemas de transportes b) Aumento da diversidade da força de trabalho: a globalização foi respon- sável pelo aumento considerável na complexidade do ambiente de traba- lho, por meio da diversidade que devido à agregação de conhecimentos diversos tornou-se de suma importância para as organizações. c) Novas relações de emprego: com o advento da globalização e o aumen- to da diversidade da força de trabalho, acrescido o desenvolvimento de novas tecnologias da informação, surgiu no ambiente de trabalho a ne- cessidade de um equilíbrio na relação profissional/social ou familiar e o trabalho virtual. Um dos desafios enfrentados pelas organizações contemporâneas, o aumen- to considerável da diversidade da força de trabalho, vem se destacando devida sua importância, principalmente na área social em virtude das tendências globais, como a crescente emancipação das mulheres, a migração global e a escassez de colaboradores adequados para determinadas funções (MORAN; ABRAMSON; MORAN, 2014). A diversidade nas organizações é um tema atual, porém imensamente com- plexo, devido a multiplicidade de identidades que compõem uma organização 114 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão ou um grupo de indivíduos (MEDEIROS et al., 2014). Baldwin, Bommer e Rubin (2015) mencionam que a multiplicidade de identidades dentro das organizações pode ser dividida em: Diversidade Superficial e Diversidade Profunda (Quadro 3). QUADRO 3 – MULTIPLICIDADE DE IDENTIDADES Diversidade Descrição Superficial Refere-se às diferenças evidentemente visíveis em geral por meio de uma apre- ciação rápida das características físicas, que inclui, entre outras, diferenças de gênero, idade, raça, nacionalidade ou etnia e capacidade física. Profunda Refere-se às diferenças que conseguimos visualizar através das ações das pessoas que refletem diferenças nas atitudes, convecções, habilidades, conheci- mento, personalidades e valores. FONTE: Adaptado de Baldwin, Bommer e Rubin (2015, p. 98) A diversidade da força de trabalho vem se notabilizando dentro das organi- zações e tornou-se um tema relevante para o contexto das organizações contem- porâneas. A sociedade está mais heterogênea, e isso não é um episódio isolado, mas sim um acontecimento global e inevitável. Agora os reflexos desses fenôme- nos manifestam-se dentro das organizações, uma vez que elas são formadas pe- las pessoas que fazem parte da sociedade de modo geral (PEREIRA; HANASHI- RO, 2010). Diante deste contexto, McShane e Von Glinow (2014) ressaltam que as or- ganizações se deparam com vários tipos de características individuais, conforme descrito no Quadro 4. QUADRO 4 – TIPOS DE CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS Característica Descrição Idade A idade tem se tornado um importante tipo de diversidade na relação com ao desempenho funcional; há consenso que o desempenho funcional tem cresci- mento inversamente proporcional à idade, dados demonstram que a mão de obra está envelhecendo, as regras para aposentadoria estão mudando. Entre- tanto, a diversidade na composição etária do quadro de colaboradores de uma organização, principalmente de idosos, poderá proporcionar soluções criativas na ocupação de funções específicas dentro da organização, além da forte re- percussão social. Gênero A diversidade de gênero vem sendo debatida há mais de um século e está associada às comparações, discriminação ou preconceito, desvalorização que ocorre entre homens e mulheres, tanto no âmbito organizacional quanto no ambiente social. Apesar do longo tempo de debate e de ações afirmativas, a 115 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 igualdade de gênero ainda não se concretizou e as mulheres, principalmente, continuam enfrentando a discriminação e desvalorização profissional. Contudo, a mulher cada vez mais está adquirindo espaço no mercado de trabalho. Etnia e Raça As organizações podem se deparar com conflitos internos, sendo os mais alar- mantes o preconceito contra negros, principalmente, e a discriminação quanto à região e país de origem. Assim, as organizações devem adotar políticas de não discriminação e combate à desigualdade racial, através de ações afirmativas que eliminem as diferenças sociais e valorizem as étnicas, raciais e culturais. Pessoas com Deficiência (PcD) Apesar das várias normas outorgarem direitos sociais e trabalhistas das pes- soas com deficiência, como igualdade e a não discriminação, a inclusão das PcD no mercado de trabalho ainda é uma necessidade de muitos, pois mais da metade, 53%, das pessoas com deficiência e idade ativa, 10 anos ou mais, não era economicamente ativa ou estava desempregada. As PcD encontram diversas barreiras nessa caminhada rumo ao mercado de trabalho, tais como exclusões, preconceito, baixa escolaridade e qualificação. Orientação Sexual Embora exista o debate sobre o tema 'orientação sexual', o grupo formado por Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros tem sido alvo de uma enorme falta de tolerância e aceitação por parte da sociedade, que se manifesta através da homofobia. No ambiente de trabalho o grupo LGBTQIA+ é o que mais sofre discriminação e preconceito devido à homofobia e a heteros- sexismo. E essas barreiras faz com que a maioria dos indivíduos pertencentes a esse grupo sejam obrigados a ocultarem sua identidade sexual com receio de serem prejudicadas, terem dificuldade no acesso aos seus direitos. FONTE: Adaptado de Siqueira e Fellows (2006), IBGE (2010) e Medeiros et al. (2014) Ao que tudo indica, gerir pessoas não é tarefa fácil, pois leva o desafio de ponderar sobre as diferentes singularidades do ser humano, com vistas ao alcan- ce dos objetivos organizacionais. Entretanto, quando se trata de exercer a gestão sob o contexto da diversidade, o desafio torna-se maior, porque através do geren- ciamento efetivo da diversidade humana, as organizações poderão alcançar bons resultados, agregando valor às pessoas, à organização e à sociedade (SANTOS; DIEH, 2013). Com dificuldades para tornar sua organização mais diversa e inclusiva? Esses exemplos podem ajudar. São eles: 1) Estabeleça um sentimento de pertencimento: a diversidade e a inclusão são críticas, mas há muito mais na equação. Tudo começa com cada indivíduo trazendo o seu melhor para frente - e isso requer ter um sen- timento de pertencimento. Ter uma conexão com uma organização ou grupo de pessoas que faz com que você sinta que pode ser você mesmo 116 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão não só resulta em maior engajamento e criatividade no local de trabalho. É também uma necessidade psicológica, mas essas mudanças levam tempo e nem sempre são lineares. 2) Lembre-se que liderança empáticaé fundamental: criar uma cultura de pertencimento deve ser um imperativo empresarial, que exige que toda a organização a adote. A diversidade e a inclusão são frequentemente tratadas como uma única iniciativa de propriedade exclusiva da área de gestão de pessoas, contudo, para que as mudanças reais aconteçam, cada líder individual precisa comprar o valor de pertencer - intelectual- mente e emocionalmente - para que eles possam criar um negócio que prospere e que contribua de forma positiva para a sociedade. 3) Somente a abordagem top-down não é suficiente: as abordagens des- cendentes conduzem à conformidade, e não ao compromisso. Desde lí- deres seniores até colaboradores da linha de frente, cada pessoas deve ver e entender seu papel na cultura da organização. Isso significa identi- ficar diferenças na experiência e nos valores dos colaboradores em toda a organização para que a mudança possa ser relevante e duradoura para cada pessoa. 4) Quotas não automatizam a inclusão: os objetivos de contratação podem aumentar os números de diversidade, mas isso não criará automaticamen- te uma cultura inclusiva. Muitas vezes, os líderes focam os esforços de di- versidade, inclusão e pertencimento desproporcionalmente no pipeline dos colaboradores, mas a experiência dos colaboradores continua muito além de uma carta de compromisso. Para reter e nutrir os melhores talentos, é fundamental ter um olhar honesto sobre a experiência dos colaboradores de ponta a ponta, com o objetivo de criar condições que promovam a inclu- são diariamente, projetando formas de medir o impacto. 5) A inclusão estará sempre em andamento, não é uma corrida de chegada: não é suficiente ensinar aos colaboradores o que significa ser inclusi- vo. Como qualquer forma de mudança comportamental, a inclusão exige que as pessoas identifiquem momentos-chave para construir novos hábi- tos ou “micro-comportamentos” (ações diárias que podem ser praticadas e medidas). E quando esses hábitos são postos em ação em um ambien- te que suporte conversas honestas e tensões saudáveis, a mudança real torna-se possível. 6) Maximize a alegria e a conexão, minimize o medo: as pessoas estão conectadas para reagir com medo e desconfiança quando suas crenças são desafiadas. Embora o medo possa ser um motivador poderoso, tam- bém encoraja as pessoas a reduzirem suas perspectivas, o efeito oposto desejado para criar um local de trabalho mais inclusivo. Encontrar formas de enquadrar os desafios através de uma lente de possibilidades - e ele- var o poder de experiências compartilhadas e contar histórias para fazê- -lo - cria um maior potencial para mudanças positivas. 117 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 7) Esqueça o “ajuste” e o foco em ajudar os indivíduos a prosperar: as nor- mas, as estruturas de poder e as desigualdades na sociedade podem ser facilmente incorporadas em uma organização, desta forma otimizando para contratar, treinar e premiar pessoas que “se encaixem” nelas. Criar uma cultura em que cada pessoa possa contribuir com seu pleno poten- cial requer investigar os sistemas e processos em sua organização para descobrir manchas doloridas e pontos cegos e, em seguida, encontrar maneiras de imaginá-los. 8) Considere sua marca: como em qualquer esforço de transformação, a marca e a cultura estão intimamente conectadas. Os produtos e serviços que você coloca no mundo refletem seus valores - e seus preconceitos. Na jornada para construir uma organização mais inclusiva, é importante considerar a relação entre o que está acontecendo dentro e fora da sua empresa (FLORENTINE, 2018, s.p.). Santos e Dieh (2013) ressaltam a necessidade de reconhecer, respeitar e valorizar as inúmeras diferenças entre as pessoas, assim como analisar o impacto que a diversidade pode causar nas organizações. É essencial, também, gerenciar essa diversidade procurando reduzir possíveis impactos negativos que podem surgir na organização a partir dessa heterogeneidade. Quando se trata de diversidade, existem vários pontos a serem observados e a temática pode ser abordado de múltiplos pontos de vista. A diversidade da força de trabalho pode influenciar a organização de maneiras dispares, podendo apre- sentar relutâncias positivas ou negativas (FLEURY, 2000). Alguns efeitos positivos incluem o fato de os colaboradores pertencentes a grupos dissemelhantes terem comumente maneiras diferentes de pensar e pode- rem assim analisar determinadas questões/desafios a partir de perspectivas con- trárias, pode constituir valor essencial e particular à organização (MARTIN, 2014). Esta diversidade de pontos de vista constitui uma vantagem competitiva, dado o seu potencial criativo, que dificilmente seria possível num grupo mais ho- mogéneo. Os colaboradores diversos entre si têm experiências diferentes, o que pode ser benéfico e proporcionar à organização uma base de conhecimento mais sólida e ampla (AL-JENAIBI, 2011). Outro efeito confirmativo da diversidade, neste caso cultural, é a propensão crescente dos integrantes da organização para suplantar uma série de obstáculos em função do choque de culturas, tais como costumes e leis locais do país es- trangeiro, ao passo que os negócios se expandem internacionalmente. Com uma mão de obra culturalmente diversa, pode-se utilizar informações e conhecimento de cada colaborador, a fim de mitigar e superar os inúmeros obstáculos (MARTIN, 118 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão 2014). Adler (2001) menciona que usualmente as organizações que não dispõem de mão de obra culturalmente diversificada têm de incorrer em despesas de in- formação dos seus colaboradores sobre os procedimentos culturais e de trabalho dos países estrangeiros. Por outro lado, podem existir outros efeitos considerados negativos da diver- sidade, como os conflitos entre os membros da organização, perda de produtivi- dade e dificuldade em alcançar a harmonia nas configurações de grupo. Quando colaboradores muito diversos são colocados num grupo para alcançar mutuamen- te um objetivo, irão existir diferentes opiniões e perspectivas que podem dificultar o desenvolvimento de unidade do grupo (BRIEF et al., 2005). Conflitos podem ou não estar relacionados com o trabalho, os colaboradores podem ter razões históricas ou culturais para entrar em conflito entre si. Independen- temente do motivo, o conflito interpessoal acaba por resultar na perda de produtivida- de e desenvolvimento de emoções negativas entre os colaboradores, o que pode ser prejudicial para todos na organização (RICHARD; MURTHI; ISMAIL, 2007). Para HUNT (2015) as pessoas com perspectivas de vida e experiências dis- cordantes desafiam umas às outras cada vez mais. A presença de diversidade cria divergências e conflitos, e eles são necessárias. Sem essas divergências e conflitos, você não conseguirá nenhuma investigação profunda ou avanços ne- cessários. As organizações devem se tornar mais diversas, considerado que a diversi- dade no ambiente de trabalho é favorável para o sucesso de uma organização. O progresso não pode ser negado, e pessoas diversas precisam estar em toda a pirâmide hierárquica da organização (HUNT, 2015). Livro: Como ser um líder inclusivo Autor: Liliane Rocha Editora: Scortecci Editora (1ª edição, 2017) Sinopse: Para todos aqueles que estão em posição de lideran- ça nos mais variados contextos e instituições o livro “Como ser um líder inclusivo” é acima de tudo uma síntese da experiência prática da Liliane Rocha, que ao longo de 13 anos atuando com Sustentabili- dade e Diversidade em grandes empresas no Brasil e América Latina ganhou bagagem suficiente para contribuir com o debate do tema junto as empresas brasileiras e até internacionais. A partir de abor- 119 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 dagem prática, o livro traz histórias que estão inseridas no mundo empresarial, além de dados, estatísticas,aspectos de direitos huma- nos e vantagem competitiva para quem busca conhecimento nesta emergente discussão. 2.2 GESTÃO DE PESSOAS: PRÁTICAS DE GESTÃO DA DIVERSIDADE A gestão de diversidade do material humano dentro das organizações é re- sultado do desenvolvimento dos mercados mundiais e da crescente mobilidade dessa mão-de-obra. Desse modo, a gestão da diversidade dentro de uma orga- nização depende do pensamento estratégico e das políticas e práticas voltadas para os colaboradores da organização (SHEN; CHANDA; MONGA, 2009). Pizolotto e Drews (2009) definem como estratégia a concepção da missão e dos objetivos da organização, assim como os planos de ação para o alcance de resultados. À vista disso, na condição do objetivo da organização estar volta- do para o gerenciamento da diversidade, faz-se necessário considerar formas de acolher as pessoas e as suas particularidades. Segundo Girardi (2010), as organizações buscam novas estratégias e formas de trabalho, demandando das pessoas uma nova postura, em que os processos de captação valorizam não só a qualificação, mas também as atitudes. Enquanto a gestão da diversidade é uma abordagem que se difunde em volta das pessoas, o papel da área de gestão de recursos humanos é o responsável pelas políticas, práticas e processos no que se refere a gestão de pessoas (MAYES et al., 2016). A gestão eficaz da diversidade dar-se-á por intermédio da implementação de estratégias de gestão de pessoas, com o desenvolvimento de atividades especí- ficas, programas, políticas e processos formais desenhados para promover uma mudança na cultura organizacional, tendo a diversidade como valor (ARREDON- DO, 1996; LITVIN, 1997; WENTLING; PALMA‐RIVAS, 1998). A cultura de diversidade deve ser evidenciada na missão e visão do negócio, retratada por meio da estratégia de gestão de pessoas ordenada por uma filosofia que expresse a abordagem conceitual das pessoas como recurso organizacional, por políticas que estabelecerão os parâmetros da gestão, e pelas práticas, for- malizadas por meio das normas e dos papeis explícitos dos colaboradores, pro- 120 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão movendo a adaptação da filosofia para o cotidiano (SCHULER; DOWLING; DE CIERI, 1993; SHEN; CHANDA; MONGA, 2009). Mediante essa conjuntura, a primeira estratégia a ser considerada pela área de gestão de recursos humanos é a estruturação das políticas e seu desdobra- mento em práticas a partir da adoção de uma abordagem que forneça premissas para a tomada de decisões no que diz respeito à implementação dos processos de gestão de pessoas sob a perspectiva da diversidade (LIMA; LUCAS, 2012). Afinal, o que é a gestão estratégica de pessoas? De acordo com a Associação Brasileira de Recursos Humanos – ABRH a gestão estratégica de pessoas “trata-se de uma nova abor- dagem de recursos humanos, que visa entender os colaboradores e alinhar seus interesses com os da organização”. Assim ela foi criada, com o intuito de suprir uma nova demanda de mercado, por conta das mudanças tecnológicas, socioeconômicas e geracionais (ABRH, 2021, s.p.). Para Fischer (2002, p.12) um modelo estratégico e adequado de gestão pessoas diz respeito à forma “pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar o comportamento humano no tra- balho”. No mesmo sentido, Dutra (2016, p. 17) explica que a gestão estratégica de pessoas é “um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo”. À vista disso, a organização deve estruturar-se, definir objetivo estraté- gicos, políticas e processos específicos para gestão de pessoas. O objetivo estratégico da gestão de pessoas concentra-se es- sencialmente nos vínculos entre o desempenho humano e os negó- cios da organização, e as políticas de gestão de pessoas voltadas para a promoção da valorização, bem-estar e realização profissional e pessoal (DEMO, 2012). De acordo com Hendry e Pettigrew (1990), a gestão estratégi- ca de pessoas possui uma estreita relação com as estratégias or- ganizacionais (Figura 1), tanto do ponto de vista externo (natureza socioeconômica, técnica, político-legal e competitiva) quanto interno 121 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 (relativos à cultura, à estrutura, à política/liderança, à tecnologia de tarefas e aos resultados organizacionais) à organização. FIGURA 1 – MODELO CONTEXTUAL DE GESTÃO DE PESSOAS FONTE: Adaptado de Hendry e Pettigrew (1990) Legenda: GP - Gestão de pessoas Na visão de Ulrich (1996), a gestão de pessoas deve exercer uma multiplicidade de papéis, do operacional ao estratégico, mesmo que eles se apresentem como paradoxais. Segundo Vizioli (2009), os papéis exercidos pela área de gestão de recursos humanos, desen- volvidos por Dave Ulrich, propõem uma transição entre as diferentes esferas organizacionais, envolvendo as quatro áreas: a) Parceiro estratégico: alinha a estratégia de gestão de recurso hu- manos à estratégia da organização. A contribuição é executar a estratégia. b) Agente de mudanças: garante que a organização tenha capaci- dade para se transformar. A contribuição é criar uma organização renovada. c) Especialista administrativo: redesenha processos de negócios, cortando custos e aumentando a eficiência. A contribuição é 122 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão construir uma infraestrutura eficiente. d) Defensor dos colaboradores: entende e tenta satisfazer as ne- cessidades do colaborador. Proporciona também recursos para que esse colaborador atenda às necessidades da organização. A contribuição é aumentar o comprometimento e a capacitação da equipe. Na Figura 2 apresentamos os papéis exercidos pela área de gestão de recursos humanos nas organizações. FIGURA 2 – PAPÉIS DE RECURSOS HUMANOS FONTE: Adaptado de Ulrich (1996) e Ávila e Stecca (2015) Para Bohlander e Snell (2014), a gestão de pessoas integrada ao modelo de gestão organizacional, deve ser compreendido como um modelo estratégico de gestão de pessoas, que contempla as di- retrizes organizacionais, permeando objetivos e metas. Os autores mencionam que a gestão de pessoas, estrategicamente, deve dire- cionar seus esforços à conquista e à retenção de talentos que se 123 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 comprometam com os ideais da organização, além de atentar-se à preparação desses talentos em função dos objetivos organizacionais vinculados aos objetivos individuais de maneira integrada. Lidar com o diferente requer mudança e aquiescência tanto nas pessoas quanto no contexto em que os indivíduos estão inseridos. Para que a inserção da diversidade possa ser efetivada e transcorra de forma harmoniosa, é necessário que haja interação e entendimento entre todos as partes interessadas e a orga- nização. Para isso, a organização precisa instituir práticas de gestão de pessoas, que divulguem sua política organizacional e, com isso, revelem seus valores cul- turais, procurando tornar as relações com as pessoas mais produtivas (MARTI- NEZ, 2008). A gestão de pessoas requer um trabalho sincrônico voltado à diversidade, seja na forma de estratégia, estrutura e administrativa. A área de gestão de re- cursos humanos é responsável pela elaboração e definição das práticas a serem realizadas antes, durante e após o processo de captação e contratação de novos colaboradores (ABREU; MARQUES, 2007). A necessidade de captar e reter pes- soas com visões dispares que, juntas, contribuem para uma análise holística e abrangente do que deve ser implementado para o crescimento de uma organiza- ção e das pessoas (LOMBARDI, 2019). As políticas de gestão de pessoas devem atuar como um referencial para possibilitar a execução dos objetivos da organização e, assim, servir como guia para as ações da área de gestãode recursos humanos (DEMO, 2011; SCHAURI- CH, 2014). Para Cox (1993) o planejamento e a execução das políticas de gestão de pessoas propõem-se a maximização de vantagens potenciais da diversidade e da minimização de suas desvantagens. Gerenciar as vantagens e desvantagens da diversidade, segundo Chiavenato (2020), requer a sensibilidade de acompanhar os processos de mudanças, não só pelas práticas da diversidade no ambiente laboral, mas também pelas práticas do mercado de trabalho. Schaurich (2014) retrata que as políticas de gestão de pessoas são des- dobradas em uma série de práticas diretamente relacionadas a elas. A autora destaca que as práticas de gestão de pessoas correspondem aos diversos pro- cedimentos, métodos e técnicas utilizadas para a implementação das decisões organizacionais. 124 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão As práticas de gestão de pessoas, segundo Robbins (2004, p.140), desti- nam-se a prover as organizações com profissionais capacitados e perpetuar o alto desempenho dos colaboradores por intermédio de um “planejamento estratégico de gestão de pessoas, recrutamento (ampliação) ou redução do quadro, seleção, orientação, treinamento, avaliação do desempenho, remuneração, e benefícios, segurança e saúde, e ao lidar com as questões contemporâneas de administra- ção de recursos humanos”, assim como a diversidade. No Quadro 5 são apresentadas as principais práticas de gestão de pessoas. QUADRO 5 – PRÁTICAS DE GESTÃO DE PESSOAS Tipo de prática Conceito da prática Conjunto de ações Adaptado de Fiuza (2008); Limon- gi-França (2008); Silva (2013). Ca pta çã o Criar estratégias de recrutamento e seleção de pro- fissionais dispostos a se envolver e se comprometer com as atividades desenvolvidas na organização (FREITAS, 2014). Recrutamento interno e externo; Seleção de pessoal; Programa de integração; Entrevista de desliga- mento. De se nv olv im en to Promover e ampliar a aquisição de competências, regras, conceitos ou atitudes que resultem em me- lhor sinergia entre as características das pessoas e as demandas dos papéis organizacionais exercidos (FREITAS, 2014; MILKOVICH; BOUDREAU, 1999). Treinamento; On the job trai- ning; Educação formal; Identifi- cação de competências; Plano de desenvolvimento individual (PDI); Plano de desenvolvimento coleti- vo (PDC). Re ten çã o Programas de recompensa financeira ou não, com o objetivo de retribuir, valorizar e estimular compor- tamentos e ações de pessoas que agregam valor à organização (HIPÓLITO, 2000). Remuneração fixa e variável; Pro- grama de participação nos resul- tados - PPR; Avaliação de desem- penho; Plano de benefícios. Co ntr ato de tra ba lho Gerenciar os processos de controle administrativo e jurídico, no que diz respeito às relações de trabalho entre empregados e empregadores (JÚNIOR; MO- RAIS; TEIXEIRA, 2013). Gerenciamento de procedimentos administrativos e legais; Pagado- ria; Negociações sindicais; Rela- ções trabalhistas. Am bie nte de tra ba lho Ambientes constituídos no comportamento das pes- soas e no engajamento com as práticas organiza- cionais estabelecidas, propícias ao desenvolvimento humano, bom relacionamento interpessoal e bem- -estar dentro e fora do ambiente de trabalho (MC- CLEAN; COLLINS, 2011; TRENTIN et al., 2016). Estímulo na tomada de decisão; Comunicação interna; Programa de Qualidade de vida no trabalho (QVT); Gestão de saúde e segu- rança ocupacional (GSSO). FONTE: Adaptado de Trentin (2021, p. 4-5) Dentro do ambiente organizacional e mais especificamente na área de gestão de recursos humanos e seus respectivos processos, tem-se constituído essa ne- 125 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 cessidade de atenção a grupos sociais dispares que não obtêm as mesmas opor- tunidades em relação aos demais grupos dominantes em matéria de inserção (cap- tação), ganho (remuneração), oportunidades de ascensão (carreira, posições de poder) e legitimidade (participação em decisões, relevância de opinião, gestão de- mocrática) (PUNCH; HYDE; POWER, 2007; SHERIDAN; WHITE; MOUNTY, 2010). À vista disso, Lunardi (2011) e Skliar (1998) mencionam que a primeira bar- reira a ser superada, inicia-se no processo de captação, visto que, em alguns casos, a minoria já começa a ser subjugada neste momento. Para Conceição, Ribeiro e Novaes (2015) o processo de captação deve ser elaborado para ser o mais diverso e inclusivo possível, adotando processo seletivo às cegas. Os auto- res mencionam ainda que se deve promover não apenas um processo de capta- ção voltado aos negros, mas também aos LGBTQIA+, PcD etc. Além de preparar o processo de captação da organização, a área de gestão de recursos humanos deve conhecer bem as diferentes facetas de cultura orga- nizacional e ajudar as lideranças de forma prática, descrevendo o que repele e o que acomoda a diversidade. São as lideranças replicam a cultura e as novas práticas, sendo importante criarem e implementarem juntos práticas voltadas para a promoção do sentimento de pertencimento dos colaboradores (JOHNSON; FE- LIX, 2020). As organizações devem se tornar mais diversas, considerado que a diversi- dade no ambiente de trabalho é favorável para todos os envolvidos com o negó- cio. As pessoas diversas precisam estar dispostas em toda a pirâmide hierárquica da organização, dos aprendizes aos seniores (HALF, 2021). Para Bogomoltz (2019), a promoção, aceitação e inclusão da diversidade nas organizações deve ser compartilhada entre colaboradores e líderes organi- zacionais, já que todos os níveis da organização são necessários para manter um ambiente de trabalho diverso. O autor menciona que as equipes mais diversas tendem a tomar melhores decisões em qualquer nível hierárquico da organização (Figura 3). 126 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão FIGURA 3 – EQUIPES MAIS DIVERSAS TOMAM MELHORES DECISÕES FONTE: Bogomoltz (2019, s.p.) Gerir equipes diversas depende essencialmente do papel que os líderes exercem sobre elas, pois são eles que devem ser justos ao designar as ativida- des, avaliar a remuneração ou realizar promoções; os líderes devem representar as minorias desde o processo de captação, a fim de gerir uma força de trabalho mais diversa e inclusiva (BOGOMOLTZ, 2019). De acordo com Pereira (2019) somente captar pessoas diversas não garante a efetividade do processo seletivo e da diversificação da organização. A área de gestão de recursos humanos deve considerar algumas etapas consideradas es- senciais para aplicação de programas que podem fomentar a diversidade de uma organização: a) Definir uma proposta clara de valores para ter uma cultura diversa e in- clusiva. Escolher os públicos-alvo (e não cotas) que balancearão com- plexidade com coesão. b) Estabelecer uma base de fatos para entender a situação atual, usar da- dos estatísticos, identificar formas de pensar e aprender com as práti- cas de outras organizações, buscar entender as raízes dos problemas e mentalidades subjacentes. c) Criar iniciativas com foco em diferencia-las com as necessidades de 127 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 cada grupo minoritário, pois podem ser insuficientes ou incompatíveis entre elas. Exemplo: reduzir a desigualdade de gênero, não afeta a desi- gualdade racial. d) Definição do modelo de governança, definir estratégias, propor projetos com alta visibilidade no começo do esforço e monitora-los constante e rigorosamente, para verificar reações e possíveis mudanças que podem ser necessárias. e) Construção da inclusão, empregar formas de diminuir barreiras de entra- da para pessoas diversas e dar a devida importância às mudanças que serão necessárias para abraçar a diversidade. As práticas de diversidade devem contribui para manter um ambiente labo- ral favorável as minorias, além de existir incentivos paraaumentar o número de mulheres, de pessoas não-brancas, com deficiência, lésbicas, gays, bissexuais e transexuais, assim como, devem também criar espaço para que pessoas desses grupos minoritários cheguem aos cargos de liderança e tornem-se especialistas no seu trabalho, criando um ambiente diverso e homogêneo que leve em conside- ração a relação entre diversidade e senioridade (ROMERO, 2019). Pensando em implementar diferentes práticas de diversida- de na sua organização? Antes de iniciar qualquer programa de diversidade na sua orga- nização, faz-se necessário primeiramente conhecer uma metodolo- gia de planejamento. Para iniciar o planejamento de qualquer plano ou conjunto de ações (práticas) na organização, uma metodologia muito difundida e que pode ser facilmente utilizada é aquela conhe- cida como 5Ws (what – why – who – where – when) e 2H (how – how Much) (FIA USP, 2020), e de acordo com Souza e Souza (2019), pode ser definida como uma ferramenta que expressa-se na concep- ção de um plano constituído para execução e controle de responsa- bilidades conferidas as atividades, o método para efetuação, a causa da ação, os custos e os prazos para conclusão. Portanto, essa ferramenta vai responder às seguintes perguntas: 1) What: o que deve ser feito? 2) Why: por que precisa ser realizado? 3) Who: quem deve fazer? 4) Where: onde será implementado? 128 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão 5) When: quando deverá ser feito? 6) How: como será conduzido? 7) How much: quanto custará esse projeto? Para facilitar a visualização desse planejamento, uma tabela pode ser desenvolvida elencando os pontos a serem levantados, conforme Figura 4 a seguir: FIGURA 4 – METODOLOGIA 5W2H 5W 2H What Why Who Where When How How much O que Por que Quem Onde Quando Como Quanto Objetivos e fases Desafios, benefícios e resultados esperados Responsá- veis, equipes, setores Local, área, de- partamento Crono- grama e prazos Atividades, processos, etapas Custos por etapa e custo total FONTE: O autor (2021) Para compreender e implementar as práticas de diversidade, é necessário primeiramente pensar na questão da diversidade e em quais devem ser os sub- sídios par implantação das práticas na organização (CAMILO; FORTIM; AGUER- RE, 2019). Inicialmente, faz-se necessário realizar um diagnóstico da organiza- ção, constituído para observar se a diversidade possui alguns elementos de suma importância e, a partir disso, definir quais precisam de maior atenção. No Quadro 6, apresentamos alguns pontos a serem levantados junto à orga- nização. QUADRO 6 – PONTOS A SEREM LEVANTADOS PELO DIAGNÓSTICO Pontos Descrição Comprometimento da direção com a diversidade É importante que a organização como um todo seja uníssona, e isso deve começar pelos cargos de liderança, geralmente os mais altos na hierarquia. Portanto, a princípio é importante verificar qual o nível de comprometimento dos líderes da organização com a diversidade. 129 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 Presença da diversi- dade nos cargos de gestão É importante verificar qual a quantidade de mulheres, negros, pessoas com deficiência, entre outros grupos minoritários, que ocupam cargos como os de coordenação, supervisão, gerência, diretoria, refletindo ou não a diver- sidade nesses âmbitos. Presença da diversi- dade no quadro de pessoal da organi- zação Deve-se verificar se existe uma pluralidade no quadro de colaboradores da organização como um todo. Problemáticas refe- rentes a diversidade dentro da organização É necessário analisar quais são os elementos (atitudes, valores, políticas, etc.) que já existem na organização com relação à diversidade, os quais podem ser positivos ou negativos. Se existirem problemas, preconceito por exemplo, deve-se elencar quais são eles e de que maneiras se expressam na organização. FONTE: Adaptado de Camilo, Fortim e Aguerre (2019) Para maior efetividade das práticas de diversidade nas organizações, muitas vezes é necessário superar inúmeras formas de resistências culturais e realizar uma profunda revisão dos valores e atitudes na organização (PEREIRA, 2019). Alguns tipos de resistências que normalmente se impõem estão relacionados à captação e à manutenção da diversidade nas diversas áreas da organização (CA- MILO; FORTIM; AGUERRE, 2019). Veja alguns tipos de colocações inadequadas • Mulheres não podem desenvolver tal função, pois poderão en- gravidas e atrapalhar o processo produtivo da organização. • Negros possuem baixa escolaridade, então provavelmente não de adequarão ao cargo. • Pessoas com deficiência não estão aptas a trabalhar nesta área e atividade. • Não é possível contratar essa pessoa pois ela é muito jovem e não tem experiência. • Aquela pessoa está com idade muita avançada para o cargo. • Funcionário dessa religião têm restrições ao trabalho, não pode- remos contar com eles. Fonte: Adaptado de Camilo, Fortim e Aguerre (2019) 130 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão Uma organização que deseja incluir a diversidade em seus quadros deve, imediatamente, apresentar um olhar atento ao tratamento que é dado a seus cola- boradores e aos candidatos às vagas (PEREIRA, 2019). De acordo com o Instituto Ethos (2000), alguns exemplos de práticas para incentivar a diversidade na organização incluem, de forma suscinta, as seguintes práticas: a) Obter informações sobre os colaboradores já presentes na organização. b) Captar pessoas com diferentes perspectivas, incentivando a diversidade desde o momento da contratação e integração do novo colaborador. c) Adotar a diversidade como referência para questões de desenvolvimento e remuneração. d) Realizar ações de treinamento sobre diversidade com os colaboradores. e) Criar métricas de avaliação de desempenho que visem a diversidade. f) Buscar consultoria externa, se necessário. g) Criar canais de multiplicação para a prática da diversidade, interna e ex- ternamente. h) Buscar parcerias para a promoção, manutenção e ampliação da diversi- dade. i) Disseminar o assunto entre as partes interessadas. j) Estratégias de marketing, desde que sustentáveis, devem ser estudadas. Em uma organização que tem a diversidade como parte de sua responsa- bilidade, os líderes devem ser instruídos a compreender e aceitar o trabalho de equipes plurais, buscando ser o mais inclusivo possível. A criação e a manutenção de práticas de diversidade passam por diferentes momentos, e, como ocorre com qualquer outro tipo de prática em uma organi- zação, precisa ser avaliado, pois é o momento de verificar se todas as práticas pensadas e executas foram realmente implementadas e qual foi o seu resultado (CAMILO; FORTIM; AGUERRE, 2019). Vamos conhecer algumas experiências organizacionais? Johnson & Johnson: a organização possui em seu conselho de administração negros, latinos e asiáticos, e faz investimentos maci- ços em educação para a diversidade, incluindo gerentes e níveis hie- rárquicos mais altos. 131 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 Sodexo: as campanhas voltadas à diversidade na organização são organizadas por cinco áreas-chave – gênero, diferentes gera- ções, orientação sexual, deficiência, cultura e origens. A organização tem se destacado principalmente nas políticas de igualdade de gêne- ro e tem metas de ampliar até 2025 o seu quadro de trabalhadoras, bem com o número de trabalhadores com deficiências. Procter & Gamble (P&G): a organização desenvolve programas de mentoria, nos quais os colaboradores mais experientes ajudam os mais jovens, e inúmeros outros incentivos à diversidade. Ernest & Young: a organização possui um número representa- tivo de mulheres em cargos de liderança e organiza comitês de di- versidade, os quais tratam de assuntos ligados a gênero, raça, PcD, etc. Um ponto a ser destacado é que a organização igualou a licençapaternidade à licença maternidade remunerada. Dell: destaca-se na organização do programa MenAdvocatuing Real Change, no qual as pessoas diversas são incentivadas a defen- der a diversidade. Segundo a empresa, 82% dos colaboradores que participaram do programa apresentam mudanças positivas em sua forma de pensar e em seu comportamento. Fonte: adaptado de Camilo, Fortim e Aguerre (2019) Compreender o significado da diversidade e fazer com que ela seja de fato contempladas nas organizações não é algo simples, mas se faz necessário na contemporaneidade. O primeiro passo, geralmente, é a conscientização da ne- cessidade de criar e implementar práticas de diversidade adaptadas à realidade da organização (PEREIRA, 2019). Para esse fim, torna-se necessário contar com elementos que facilitem o tra- balho de elaboração e implantação dessas práticas, por intermédio de planeja- mento que contemple: 1) Objetivos: o que a organização deseja alcançar com as práticas de diver- sidade no curto, médio e longo prazo, e de que maneira pode deixar isso claro para todos as partes interessadas. 2) Processos: quais são os pontos essenciais para o desenvolvimento das práticas. 132 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão 3) Cenários: como a organização se encontra atualmente em relação à di- versidade e como ela quer estar em um futuro determinada. 4) Prazos: em quanto tempo espera-se que os objetivos sejam cumpridos. Livro: A Diversidade: Aprendendo a Ser Humano Autor: Mario Sergio Cortella Editora: Littera (1ª edição, 2020) Sinopse: A beleza na diversidade, a complementaridade na di- ferença, a riqueza na pluralidade. Intolerância, polarização, hostilida- de, desprezo. Esses sintomas presentes em nosso cotidiano se ori- ginam, em grande medida, na falta de alteridade. Na atitude de olhar o outro não como outro, mas como estranho, como intruso e, muitas vezes, como inferior. É nessa ambiência que se instala o preconcei- to, ao qual todos precisamos estar atentos. Porque o preconceito reduz a nossa capacidade de conviver, de refletir, de fazer melhor, de inovar e de partilhar. Este livro, escrito originalmente com Janete Leão Ferraz e publicado em 2012 com o nome Escola e Preconceito: docência, discência e decência, agora foi modificado e renomeado, ganhando mais atualidade para o que precisamos fazer com urgên- cia: recusar o biocídio e seguir na busca de uma vida coletiva que reconheça concretamente a beleza na diversidade, a complementari- dade na diferença, a riqueza na pluralidade! Afinal, há muitos modos de ser humano e o fato de sermos um desses modos não significa que sejamos o único modo de ser! 1 As organizações necessitam melhor gerir os conhecimentos à disposição e conceber condições para que as pessoas liberem seu potencial criativo e propiciem as inovações indispensáveis às novas circunstâncias (MOTTA, 1989). Descreva quais são os cin- co pressupostos da inovação, definidos por Schumpeter (1982)? 2 Para Davila, Epstein e Shelton (2007) nem todas as inovações são instituídas da mesma forma, ou apresentam os mesmos ris- 133 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 cos e geram os mesmos retornos. Os tipos de inovação condicio- nados ao grau de impacto da inovação ao produto e à tecnologia empregada em suas operações. Identifique e descreva com suas palavras, de forma suscinta, quais são os tipos de inovação defi- nido por Davila, Epstein e Shelton (2007)? 3 A diversidade nas organizações tanto pode, quanto deve ser tra- tada como diferencial a ser utilizado em prol da organização. Os autores defendem que a diversidade nas organizações pode ge- rar vantagem competitiva em seis diferentes dimensões. Identifi- que as seis dimensões que geram vantagem competitiva de acor- do com Cox e Blake (1991). 4 A diversidade entre as pessoas é um insumo que, se explorado de maneira correta, leva a resultados surpreendentes de criação e de solução de problemas. Ambientes heterogêneos são mais propensos à inovação quando comparados com ambientes for- mado por pessoas homogêneas (CARDOSO et al., 2007). Identi- fique e descreva com suas palavras, de forma suscinta, quais são as vantagens de contar com a diversidade de acordo com Costa (2021)? 5 As organizações consideradas mais eficientes, devem anteci- par-se e adaptar-se as constantes mudanças mercadológicas, para manterem-se competitivas nesse novo contexto socialmen- te responsável. Deste modo, as organizações precisam dispor de líderes e demais colaboradores adaptados à nova realidade (MCSHANE; VON GLINOW 2014). Identifique e descreva com suas palavras, de forma suscinta, quais são as principais mudan- ças, descritas por McShane e Von Glinow (2014), que compõem esse novo contexto com as quais as organizações se deparam? 134 Práticas e Tendências de Gestão de Pessoas com Foco na Inclusão ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Finalizamos, agora, nosso último capítulo de estudo sobre as Práticas e Ten- dências de Gestão de Pessoas com foco na inclusão. Neste terceiro capítulo, compreendemos um pouco mais sobre a relação entre a diversidade de recur- sos humanos e a inovação, a importância da diversidade para as organizações e como a organização pode incentivar a diversidade por intermédio das práticas de gestão de pessoas. Pudemos observar que a diversidade de recursos humanos traz consistência para as reflexões, posicionamentos e decisões nesse cenário de incertezas e mu- danças contínuas em que vivemos na atualidade e que isso potencializa a inova- ção, podendo se tornar uma das maiores forças de uma organização (ANDRADE; VITORINO, 2021). Conheceu-se que as organizações necessitam melhor gerir os conhecimen- tos à disposição e conceber condições para que as pessoas liberem seu potencial criativo e propiciem as inovações indispensáveis às novas circunstâncias (MOT- TA, 1989). Estudamos que as pessoas são consideradas de suma importância para a formação e o desenvolvimento de uma organização, sem elas não haveria organi- zação. Assim, as organizações necessitam desenvolver práticas organizacionais socialmente responsáveis, que requerem a compreensão da realidade organiza- cional, incluindo o comportamento das pessoas e a interação destes com o am- biente, seja ele interno ou externo (MAXIMIANO, 2017). Enfim, identificamos que a gestão eficaz da diversidade acontece por inter- médio da implementação de estratégias de gestão de pessoas, com o desen- volvimento de atividades específicas, programas, políticas e processos formais desenhados para promover uma mudança na cultura organizacional, tendo a di- versidade como valor (ARREDONDO, 1996; WENTLING; PALMA‐RIVAS, 1998; LITVIN, 1997). Caros(a) acadêmicos(a), cabe salientar que todo o conhecimento aqui dispos- to apresentou conceitos, modelos e práticas gerais sobre a gestão de pessoas com foco na inclusão, porém, o principal fundamento deste capítulo e do livro com um todo, está apregoado na leitura, assimilação, compreensão e dedicação de cada um de vocês sobre as temáticas abordadas ao longo dessa trajetória de estudos. Para tanto, faz-se importante você ler os conteúdos descritos neste livro di- dático, e anotar suas dúvidas, pesquisar ainda mais, acessar os portais sugeridos 135 Diversidade e InovaçãoDiversidade e Inovação Capítulo 3 e realizar a leitura dos livros indicados, no intuito de aprimorar seu aprendizado sobre a temática. Com isso, você dará conta dos objetivos deste capítulo tanto do saber, quanto do fazer. Espero ter ajudado e elucidado o seu saber! Que bom que você faz parte disso! Parabéns! Continue estudando. REFERÊNCIAS ABREU, J. A.; MARQUES, V. 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