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Prévia do material em texto

Educação e o meio ambiente
Vilson sérgio de CArVAlHo
1ª edição
Brasília/dF - 2018
Autores
Vilson sérgio de CArVAlHo
Produção
equipe Técnica de Avaliação, revisão linguística e 
editoração
Sumario
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa ..................................................................................................... 4
Introdução ............................................................................................................................................................................. 6
Unidade I – A Dimensão Socioambiental da Educação ......................................................................................... 7
Aula 1 
Introdução: a relação entre educação e meio ambiente ................................................................................ 8
Aula 2
Afinal, o que é Educação Ambiental? ...................................................................................................................13
Unidade II – Educação Ambiental de Ontem e de Hoje ......................................................................................25
Aula 3
A Trajetória da EA: Das Grandes Conferências à Política Nacional (Lei nº 9.795/99) .........................26
Aula 4
Diferentes esferas, um mesmo objetivo .............................................................................................................41
Unidade III – Promoção da Sustentabilidade e Enfrentamento da Crise Ambiental ................................56
Aula 5
Educação ambiental, desenvolvimento e promoção da sustentabilidade .............................................57
Aula 6
Crise Ética e Crise Ecológica ...................................................................................................................................74
Referências ..........................................................................................................................................................................84
4
Organização do Caderno de 
Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, 
de forma didática, objetiva e coerente. eles serão abordados por meio de textos básicos, com 
questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. 
Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras 
e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
estudos e Pesquisa.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Cuidado
importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
indicado para ressaltar trechos importantes do texto.
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, 
a fonte primária sobre um determinado assunto.
5
ORGANIzAçãO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESqUISA
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa 
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. 
é importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus 
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas 
conclusões.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Saiba mais
informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Sugestão de estudo complementar
sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Posicionamento do autor
importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
6
Introdução
o propósito desta disciplina é apresentar a educação Ambiental como uma dimensão intrínseca da 
educação, enfatizando sua importância em face da crise socioambiental em que a humanidade se 
encontra mergulhada. em um primeiro momento, o estudo das aulas que compõem este caderno 
permitirá aos alunos conhecer melhor um pouco de sua história, seus níveis de atuação, tendências, 
algumas de suas ferramentas de trabalho e, principalmente, seu potencial transformador através 
da formação de uma consciência ecológica. em um segundo momento, destaca-se a importância 
na educação Ambiental como um elemento estratégico para a promoção de um desenvolvimento 
sustentável, isto é, um desenvolvimento sensível à causa ambiental. o caderno termina fazendo 
uma importante reflexão sobre a relação entre a crise ecológica em que nos encontramos e a grave 
crise de valores que a promoveu, revelando que, no fundo, somos todos educadores ambientais. 
esperamos que você aproveite bastante seu conteúdo e assuma esse papel.
Objetivos
este caderno de estudos tem como objetivos ajudar você a:
 » entender melhor a crise socioambiental planetária que o mundo atravessa em pleno 
século XXi;
 » conhecer a educação Ambiental e sua importância a partir do estudo de suas dimensões: 
formal, não formal e informal;
 » esclarecer como a educação Ambiental pode facilitar o estímulo e a promoção de um 
desenvolvimento ecologicamente equilibrado, podendo ser utilizada de forma ativa e 
preventiva;
 » aprender como a crise ambiental está amparada em uma séria crise ética cuja solução 
implica a adoção de novos valores sensíveis à preservação do meio ambiente.
7
A Dimensão Socioambiental da 
Educação
UNIDADE I
8
Apresentação
Aqui iremos apresentar uma noção geral do que abordaremos na disciplina como um todo, 
enfocando, de forma sucinta, a relação entre educação e Meio Ambiente, fundamento do que 
entendemos por educação Ambiental, e ajudando a pensar mais a fundo a riqueza de um tema 
que está diretamente associado à sobrevivência humana.
Objetivos
esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
 » obter uma compreensão mais ampla, crítica e consciente do que é o meio ambiente em 
suas diferentes dimensões: naturais, sociais, culturais, econômicas, etc.
 » compreender o ser humano como parte integrante da natureza;
 » reconhecer a dimensão socioambiental da educação e seu papel estratégico no sentido 
de conferir-lhe sentido e garantir que ela contribua na formação do aluno cidadão;
 » despertar para o papel e a importância da educação Ambiental e os valores a ela associados 
de cidadania, solidariedade, responsabilidade e ética ambiental.
1
AUlA
INTRODUçãO: A RELAçãO ENTRE 
EDUCAçãO E mEIO AmbIENTE
9
INTRODUçãO: A RELAçãO ENTRE EDUCAçãO E mEIO AmbIENTE • AUlA 1
Introdução
A relação entre educação e meio ambiente
gostaria de dar-lhe as boas-vindas ao estudo deste caderno. esperamos que você aproveite bastante 
os temas aqui discutidos não deixando de conhecer melhor os significados e as definições associadas 
ao que chamamos de edUCAÇÃo AMBienTAl. Por meio de diferentes formas e estratégias, a 
educação Ambiental quer promover ampla conscientização ecológica que leve o homem a repensar 
sua postura diante da vida; fomentando, assim, um amplo processo de responsabilização individual 
e coletiva da sociedade em face do meio ambiente do qual faz parte. 
Assim sendo, queremos convidar você a seguir pelas trilhas da educação Ambiental e aprender 
maissobre o que ela é, para que efetivamente serve, seus limites e potenciais, para, a partir daí, 
termos condições de responder com mais segurança à proposta que ela faz a cada um de nós.
Disponível em: <http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/03/04/educacao-ambiental-pode-virar-disciplina-
obrigatoria-nas-escolas>. Acesso em: 21 ago. 2017.
Para entendermos com clareza o que é educação Ambiental, é preciso, inicialmente, reconhecer 
a existência de uma profunda relação entre Educação e Meio Ambiente. não há a menor chance 
de se planejar, promover e realizar um processo educativo de qualidade, isto é, sério e eficiente, 
para a formação do cidadão, se o meio ambiente não for considerado. se não valorizamos o 
ambiente do qual emerge o educando – entendendo esse conceito dessa forma ampla, o que 
implica considerar não apenas suas dimensões físico-químicas, mas, também, as sócio-histórica 
e político-cultural – estaremos cometendo um grave erro pedagógico, na medida em que não 
será possível usar em aula elementos da realidade do aluno, de seu contexto, e, portanto, de seu 
relacionamento cotidiano, o que pode prejudicar severamente seu aprendizado. 
do mesmo modo, se desconsiderarmos o ambiente para onde o educando irÁ leVAr os 
conhecimentos aprendidos, ou seja, onde terá a possibilidade de aplicá-los ou utilizá-los para 
compreender melhor a sua realidade, tal educação será no mínimo inútil para não dizer alienada 
10
AUlA 1 • INTRODUçãO: A RELAçãO ENTRE EDUCAçãO E mEIO AmbIENTE
e desmotivante. Com isso, queremos chamar atenção a duas premissas, quando se trata de pensar 
a educação Ambiental:
a. A verdade de que, desacompanhada da dimensão ambiental, a “educação perde 
parte de sua essência e pouco pode contribuir para a continuidade da vida humana” 
(CArVAlHo, 2002, p. 36), em outras palavras, ela perde seu sentido e corre o risco de 
tornar-se inútil;
b. o reconhecimento de que essa perda de sentido se dá na medida em que toda educação 
é também ambiental.
o reconhecimento das premissas anteriores não significa 
que estejamos aqui ingenuamente ignorando a existência 
de um tipo de prática pedagógica tradicional e tecnicista, 
que não seria sequer cidadã, que diria ambiental; o que 
infelizmente é inegável se examinarmos o contexto 
brasileiro. o próprio sistema educacional como um todo, na 
sociedade capitalista, é permeado determinantemente por 
interesses que confirmam a manutenção de um cristalizado 
sistema de classes obstáculo difícil de tranpor rumo a uma 
educação verdadeiramente libertadora.
Com efeito, reconhecer a existência desse perverso sistema 
utilitarista, dito “educacional”, não anula a verdade de que 
a educação – enquanto um fator essencial à plena realização pessoal, assim como ao progresso 
e ao desenvolvimento da sociedade (HoCHleiTner, 1996) – traz, necessariamente, em seu 
âmago, uma dimensão ambiental, manifesta por intermédio de suas múltiplas expressões 
(naturais, biológicas, mentais, sociais, históricas, culturais, políticas, econômicas). Pensar o 
processo educativo apenas em um âmbito pessoal e interpessoal corresponderia à suposição de 
que a educação se processa em uma ilha isolada, não recebendo impactos socioculturais nem 
tendo qualquer contribuição à formação de uma sociedade mais justa. 
Como expõe o nosso grande mestre Paulo Freire (1997):
[...] não há educação fora das sociedades humanas assim como não há homens 
isolados (...) o homem é um ser de raízes espaço-temporais. A instrumentação da 
educação (...) depende da harmonia que se consiga entre a vocação ontológica 
deste “ser situado e temporalizado e as condições especiais desta temporalidade 
e desta situacionalidade (Freire, 1997, p. 61).
se considerarmos a finalidade da educação dentro dos princípios da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), veremos que, de acordo com seu artigo 2º, a educação teria 
por finalidade “o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania 
e sua qualificação para o trabalho”. A pergunta então a se fazer seria: é possível a concretização 
desses objetivos, desconsiderando a dimensão ambiental? 
Para refletir
Antes de prosseguir, reflita sobre as 
duas premissas acima: Qual a sua 
opinião a respeito? Você concorda que, 
desacompanhada da dimensão ambiental, 
a educação perde parte de sua essência? 
Julga que toda educação é Ambiental? 
registre suas opiniões a respeito, de 
maneira que, ao final do estudo deste 
caderno, você possa comparar como 
sua opinião foi reforçada ou alterada em 
função de seu aprendizado.
11
INTRODUçãO: A RELAçãO ENTRE EDUCAçãO E mEIO AmbIENTE • AUlA 1
Marcos reigota (1991), um dos grandes estudiosos sobre o tema, afirmou, categoricamente, em 
um de seus artigos, que “o momento atual exige que não falemos mais em Educação Ambiental, 
mas simplesmente em educação”, como direito inalienável do homem, visando à não só a utilização 
racional dos recursos naturais, mas, também, à participação nas decisões que lhe dizem respeito, 
estabelecendo uma nova relação com a natureza, desenvolvendo uma nova razão que não seja 
sinônimo de autodestruição (reigoTA, 1991 apud rUTWosKi, 1993, p. 55).
Apesar de nossa avançada constituição, no que concerne às questões ambientais (vide art. 225), só 
recentemente essas questões foram introduzidas de modo oficial no sistema escolar. em termos 
legais, somente em 1999 a educação Ambiental foi transformada em lei (lei nº 9.795/99), devendo, 
assim, ser mais difundida e reconhecida oficialmente como um componente urgente da educação. 
Todavia, ainda existem resistências aos pontos aqui abordados, e muitos docentes insistem em 
desconsiderar tais verdades. Alguns promovem educação ambiental sem ter consciência disso, 
ao relacionar o conteúdo de aula com a temática socioambiental, mas muitos insistem em 
sua prática pedagógica fragmentada, porém confortável, à medida que o reconhecimento da 
dimensão ambiental na prática educativa exige do professor maior qualificação para lecionar os 
conteúdos de sua área de trabalho de forma interdisciplinar, a partir de uma visão mais holística.
Para entender o valor da temática ambiental, é importante compreender o valor de cada vida 
que integra esse grande ecossistema vital que denominamos Gaia.
Saiba mais
Gaia - gaia ou ge é a denominação da terra na mitologia grega, na qual ela é personificada como elemento gerador das raças 
divinas: urano (céu), as montanhas e Ponto (mar), Cronos, oceano, etc. Mais tarde, a ideia de gaia como geradora de deuses 
foi sendo substituída pela ideia de fertilidade da terra. Hoje, ao nos referirmos ao termo, referenciamos a Teoria de lovelock, 
segundo a qual o planeta terra é visto como um grande ser vivo, como um grande superorganismo autorregulador. Veja 
outros dados na obra de: CArVAlHo, V. Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitário. rio de Janeiro: WAK, 2002.
Falar de uma educação Ambiental, independente da estratégia a ser utilizada ou do âmbito 
em que ela será desenvolvida, significa, acima de qualquer coisa, falar de uma educação para 
a vida em plenitude. das vidas presentes em um MiCroeCosssiTeMA celular até as vidas que 
garantem a sustentabilidade de um macroecossistema, como uma grande floresta. 
Saiba mais
Ecossistema é a principal unidade de estudo da ecologia. A palavra tem origem nas palavras gregas oikos (eco = casa) + 
sistema (onde se vive). Pode ser entendida como um sistema composto tanto pelos seres vivos (meio biótico) quanto pelo 
lugar onde vivem (meio abiótico) além das relações destes entre si. o meio biótico envolve seres vivos autótofros, isto é, 
capazes de produzir seu próprio alimento como as plantas, e os heterótrofos, que não conseguem sintetizar seu próprio 
alimento como os animais. o meio abiótico, por sua vez, compreende elementos como o clima, a luz solar, os minerais. o 
conjuntode interações do meio biótico com o abiótico geram um ciclo de energia presente tanto em um microssistema 
como uma poça d´água (microssistema) como o próprio planeta como um todo (macrossistema).
12
AUlA 1 • INTRODUçãO: A RELAçãO ENTRE EDUCAçãO E mEIO AmbIENTE
Para tratar dessas questões, é necessário enfocarmos uma série de temas que extrapolam as 
discussões sobre natureza e Meio AMBienTe em seus aspectos físicos e bioquímicos. em outras 
palavras, se quisermos compreender e defender a vida por meio da educação Ambiental, faz-se 
necessário discutirmos diversos temas de relevância social, como a valorização do patrimônio 
histórico, a preservação cultural, a promoção da saúde, a luta pela qualidade de vida, pelo acesso 
à escolaridade gratuita, pelo fim do desemprego, da violência, da exclusão social, da miséria e 
de muitos outros males sociais que têm impactos ambientais por vezes irreversíveis.
A partir de tudo que vimos nesta aula, não é difícil entender porque afirmamos que a educação 
Ambiental é interdisciplinar por natureza e que trabalhar com ela é confiar no poder transformador 
e revolucionário da educação, que, se por um lado não pode mudar o mundo, pode, por outro, 
mudar a cabeça dos que nele vivem, conduzindo o ser humano a problematizar a realidade à 
sua volta e o seu papel nela como membro integrante.
Sintetizando
A legislação nacional define meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, 
química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”, art. 3º, inc. i, da lei nº 6.938/1981 (lei da 
Política nacional do meio ambiente).
Contudo, entender o que é meio ambiente implica tratar de algo que foi produzido histórica e culturalmente por meio 
de lutas e exploração. em outras palavras, a natureza reflete a devastação de nossos sistemas econômicos e sociais e, 
principalmente, de nossa crise de valores.
Resumo
nesta aula:
 » vimos aqui, resumidamente, como são profundas e complexas as relações entre educação 
e meio ambiente;
 » aprendemos a compreender a educação ambiental como uma dimensão da educação;
 » analisamos o que é educação ambiental a partir do exame de suas características e sua 
importância no momento atual;
 » entendemos a urgência da educação ambiental como uma forma de fazer frente à grave 
crise ambiental que o homem vem atravessando.
13
Apresentação
Vimos, na aula anterior, como são amplas e complexas as relações entre educação e Meio 
Ambiente, e porque toda educação pode ser entendida como Ambiental, já que aquela não pode 
prescindir de sua dimensão ambiental, se quiser ser verdadeiramente útil e efetiva, atendendo 
aos requisitos da ldB. nesta aula, estudaremos de uma maneira mais aprofundada a definição, 
as dimensões, os fundamentos e a história da educação Ambiental. Vamos lá?
Objetivos
esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
 » entender com clareza o conceito e o papel da eA frente à crise ambiental vigente, 
resultado, particularmente, de uma postura antropocêntrica, e o decorrente sentimento 
de dominação da natureza por parte do homem;
 » refletir sobre qual dos âmbitos da eA apresentados você melhor se identifica e conhecer, 
para uma atuação mais comprometida com a área, os valores que ela defende;
 » adotar em seu cotidiano posturas e práticas sustentáveis condizentes com a proposta 
da eA de levar o homem a se enxergar como parte integrante da natureza.
2
AUlA
AfinAl, O quE é EDucAçãO 
AmbiEntAl?
14
AUlA 2 • AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl
Que tal irmos direto ao ponto desta aula respondendo à pergunta: o que é educação Ambiental?
A educação Ambiental pode ser entendida como um:
ProCesso CrÍTiCo TrAnsForMAdor CAPAZ de ProMoVer UM QUesTionAMenTo MAis ProFUndo 
soBre A reAlidAde AMBienTAl nA QUAl o HoMeM se inTegrA, leVAndo-o A AssUMir UMA noVA 
MenTAlidAde eColÓgiCA, PAUTAdA no resPeiTo MÚTUo Ao Meio AMBienTe e Aos QUe dele 
FAZeM PArTe.
o primeiro elemento-chave dessa definição é o de 
processo. A ideia de processo implica a realização de 
algo que demanda certo tempo e envolve uma série de 
variáveis, muitas delas difíceis de serem controladas. 
Muitas vezes, o trabalho dos educadores ambientais é o de 
iniciar esse processo lento e gradual, sem certeza absoluta 
de seus resultados. é como lançar sementes à terra. não 
sabemos se irão germinar e crescer. Podemos controlar 
alguns fatores como preparar a terra, adubando-a ou regando-a. Todavia, não conseguiremos 
controlar todas as variáveis envolvidas em suas fases de crescimento ou as mudanças climáticas 
que certamente irão afetá-la, acelerando ou retardando seu crescimento.
o segundo diz respeito ao termo CrÍTiCo. A palavra 
se opõe ao termo “ingênuo”. Ao aprendemos mais 
sobre alguma coisa qualquer, passamos de uma 
consciência ingênua – leiga ou parcialmente leiga 
– para uma consciência crítica – conhecedora do 
objeto estudado. no caso da educação Ambiental, 
é fundamental que aprendamos mais sobre o meio 
ambiente e suas características. é necessário conhecer 
os ciclos fundamentais da natureza, os grandes biomas 
do planeta, os animais em risco de extinção, o perigo dos 
agrotóxicos, dos transgênicos, a degradação promovida pelo homem em seu habitat; enfim, 
uma série de informações que possam viabilizar um posicionamento crítico (consciente) em 
face de determinada situação.
Atenção
Para melhor entender essa definição, o ideal é 
irmos passo a passo a partir da compreensão 
dos elementos-chave que a compõem e que 
merecem ser problematizados com vistas ao 
entendimento da educação Ambiental e de 
seus desdobramentos. 
Saiba mais
“Processo”
é um Termo que se refere ao modo de 
proceder, operar ou ensinar. relaciona-se 
à técnica ou ao procedimento. no caso da 
educação Ambiental, ou em qualquer outro 
tipo de ação educativa, o autor chama atenção 
para as dificuldades de se obter resultados a 
curto prazo e aponta a própria deflagração de 
um processo como uma vitória do educador.
15
AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl • AUlA 2
Saiba mais
Bioma:
Já vimos a definição de ecossistema. o Bioma é um conjunto de ecossistemas que funcionam de forma estável e guardam 
entre si certa homogeneidade, considerando elementos como região (espaço geográfico), clima, vegetação, solo, altitude, etc. 
A palavra vem de (Bios = Vida) e (oma = grupo ou massa). 
em geral, no mundo, foram identificados 11 tipos de bioma: florestas tropicais, desertos, savanas, entre outros. Contudo, 
podem também existir sistemas mistos que combinem mais de um bioma.
o Brasil possui seis biomas: Amazônia (maior bioma brasileiro), Caatinga, Cerrado, Pampa, Mata Atlântica e Pantanal (uma 
das maiores extensões úmidas do planeta). 
Para saber mais, consulte o site do ministério do meio ambiente (www.mma.gov.br).
são ingênuos os posicionamentos da conservação ou proteção do ambiente natural desligados de 
outros questionamentos inter-relacionados direta ou indiretamente às temáticas ambientais, como 
as questões de foro político, cultural e econômico. Para o educador ambiental que deseja lutar por 
determinada causa, é fundamental conhecer o problema ambiental pelo qual se deseja enfrentar, 
buscando, antes de tudo, conhecer suas causas e consequências e, igualmente, pesquisando 
ampla e profundamente todos as informações pertinentes a ele (extensão do problema).
o terceiro refere-se à ideia de TrAnsForMAÇÃo, possibilitada através do aprendizado. o 
conhecimento nos torna não apenas conscientes – o que, por si só, já representa uma mudança 
de ótica, de postura, de atuação frente a uma realidade sobre a qual nada ou pouco se sabia – 
mas, também, torna-nos mais responsáveis sobre o objeto conhecido. 
se eu não sabia que meu comportamento prejudicava algo ou alguém e, ainda assim, cometia-o, 
eu tenhouma parcela de culpa totalmente diferente da que eu teria se fosse consciente do mal 
que eu cometo em relação às suas consequências. 
A consciência muitas vezes nos faz cúmplices e, no caso da realidade socioambiental, pretende 
demonstrar o quanto todos nós somos um pouco responsáveis pelo processo de degradação 
ambiental que enfrentamos. do mesmo modo, é essa consciência ecológica que nos desperta 
não apenas para a culpa, mas para a certeza de que a possibilidade de transformação dessa 
triste realidade não pode advir de outro modo se não pela participação ativa de cada um de nós.
o quarto termo a destacar leva-nos a entender que não 
apenas estamos inseridos no meio ambiente: “inTegrA”. 
se eu integro algo, faço parte desse algo, ou melhor, 
sou também esse algo. se alguém faz mal a esse algo, é 
também a mim que o faz. se eu faço mal a esse algo, é a 
mim mesmo que estou fazendo. A compreensão de que 
todos nós, homens e mulheres, adultos e crianças, pobres 
Atenção
A esse suicídio que o autor se refere, 
chamamos de “ecocídio”. é uma espécie de 
suicídio indireto, uma vez que o homem não 
se mata, mas mata o ambiente do qual faz 
parte, o que acaba a longo prazo promovendo 
sua própria morte.
16
AUlA 2 • AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl
ou ricos, compomos juntos o meio ambiente com seus ricos e complexos ecossistemas é uma 
das lições mais valiosas da educação Ambiental. Por intermédio da sua mensagem, entendemos 
que, ao destruir o planeta, não estamos destruindo apenas o nosso lar, o único que conhecemos 
com características específicas próprias a nossa sobrevivência, mas a nós mesmos, em uma 
espécie de suicídio lamentável. 
A ideia de integrar algo nos remete igualmente ao pensamento de que não estamos sós. de que 
somos tão somente mais uma espécie viva que, junto com centenas de outras, tem vivido nesse 
planeta vencendo desafios e buscando sobreviver. de que tudo o que acontece a um único ser 
vivo nessa grande teia, que é esse grande ecossistema vital, o qual ajudamos a compor, afeta-nos 
profundamente, ainda que de maneira tardia. Não existe um ser vivo, animal ou vegetal, que 
não esteja de algum modo interligado a outros de uma forma equilibrada. essa é uma das leis 
mais importantes do cosmos.
outro termo a destacar é o vocábulo resPeiTo, cuja reflexão mais apurada leva-nos a nos 
aprofundar no conceito de ética. A «ética do cuidado» que leonardo Boff (1999) tanto ressalta 
em suas obras. respeitar algo é procurar entendê-lo e aceitá-lo como ele é, ainda que com ele 
não concordemos. infelizmente não respeitamos a lógica da natureza, comumente ignoramos 
as necessidades de outros seres vivos além de nós e desrespeitamos seus ciclos e sua existência 
em nome de valores econômicos e antropocêntricos. 
Por fim, destacamos o vocábulo adjetivado “nova 
mentalidade”. ora, se estamos falando de algo novo, 
então isso significa algum tipo de mudança, se não 
uma inovação, pelo menos uma renovação a partir 
de ideias e ideais antigos que não servem mais para 
entender o meio ambiente. essa nova mentalidade é 
que nos faz enxergar, a partir de tudo que foi dito anteriormente, a nós mesmos (e isso envolve 
a forma como lidamos conosco, com as nossas atitudes, posturas, escolhas, etc.) e ao meio do 
qual fazemos parte. 
é essa nova mentalidade que nos faz ver a vida a partir de uma lógica diferenciada, pautada em 
valores sustentáveis, e isso se traduz em nosso cotidiano na hora de usar a água, nos alimentar, 
fazer compras, dirigir, descartar nossos resíduos e tantas outras atividades. Passamos a ser mais 
responsáveis ambientalmente com nossos comportamentos, e isso não é uma mudança pequena 
ou simples, pois está alicerçada em uma visão crítica e política (no sentido amplo da palavra) 
sobre a forma de como temos vivido e como temos deixado os demais seres vivos viverem. essa é 
a mudança que a educação Ambiental verdadeiramente almeja. não se trata apenas de aprender, 
mas de ter a sabedoria de colocar em prática. sem essa mentalidade nova, que ocorre de dentro 
para fora, isso é muito difícil. 
Saiba mais
Antropocêntrico: Termo referente a ideia do ser 
humanocomo centro ou a medida de todas as 
coisas.
17
AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl • AUlA 2
é claro que sempre teremos as leis, elas são 
fundamentais à vida na coletividade e à garantia 
de direitos fundamentais. Contudo, a verdadeira 
mudança não acontece pelo medo de que sejamos 
denunciados ou pegos “com a mão na massa”, pelas 
multas que teríamos de pagar ou por outras sanções 
quaisquer previstas em lei, e sim por uma convicção interior de que não está certo continuarmos 
vivendo como antes, ignorando e desrespeitando aquilo que somos, nós somos a natureza. é 
isso que chamamos aqui de “nova mentalidade ecológica”.
A crise socioambiental com a qual o homem se depara em pleno século XXi é, antes de tudo, 
um reflexo de uma grave crise de ética. A ausência de uma postura ética técnico-científica que 
pudesse ordenar as ações do homem sobre a natureza, baseada no respeito mútuo entre esses 
dois elementos, ajuda-nos a compreender melhor como a civilização moderna pode alcançar 
um estágio prejudicial à própria continuidade da vida no planeta. não é por acaso que a origem 
da palavra ética, advinda da raiz grega ethos (costume), é a mesma, refere-se ao local onde o 
homem vive, mora ou passa grande parte de seu tempo. 
Vale destacar que o objetivo da educação Ambiental não se resume a disseminar informações 
sobre o meio ambiente, mas a promover uma nova postura diante da vida, UMA PosTUrA éTiCA 
do ViVer, que se dedica não apenas a situações referentes ao esgotamento e à deterioração dos 
recursos naturais por meio da poluição ou da extinção de espécies. é uma nova postura diante 
das injustiças sociais, do empobrecimento sociocultural e da desigual distribuição de renda, 
promotora de desigualdades (CArVAlHo, 2003).
Assim como qualquer processo educativo tem como fim a aprendizagem no seu sentido mais amplo, 
ou seja, a percepção e adaptação mental de impressões, informações e experiências no sentido 
de ampliar, aprofundar e transformar conhecimentos, conceitos, atitudes e comportamentos 
tanto individuais quanto grupais (doHMen, 1981)), a educação Ambiental, da mesma maneira, 
também assume como meta principal determinada aprendizagem individual. entendida enquanto 
uma necessidade permanente, a aprendizagem pretendida pela educação Ambiental visa a que o 
indivíduo reconheça e compreenda melhor o meio ambiente do qual faz parte, buscando novas 
formas de relacionamento com ele, pautadas nos princípios de respeito e integração ambiental. 
A educação ambiental e seus âmbitos
Ao afirmarmos que alguém está realizando algum trabalho de educação Ambiental, faz-se 
necessário compreender que tipo de atividade está sendo implementada e identificar em que 
âmbito a educação está sendo promovida, pois isso nos ajudará a entender melhor o alcance 
Sugestão de estudo
Para ver outras definições de educação 
Ambiental, não deixe de conferir o site: <http://
www.apoema.com.br/definicoes.htm>.
18
AUlA 2 • AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl
do trabalho efetivado em termos de seus limites e potencialidades. Atualmente, existem três 
âmbitos de atuação da educação Ambiental: formal, não formal e informal. Vejamos cada um 
deles e sua importância para o estudo da educação Ambiental.
ÂmbITO FORmAL (ou institucional)
Disponível em: <http://www.diariodonoroeste.com.br/noticia/cotidiano/estadual/53576-educacao-ambiental-sera-
incluida-no-curriculo-das-escolas-do-parana-em-2014>. Acesso em: 10 dez. 2015.
nesse âmbito, existe um currículo estruturado com uma intenção particular bem definida, com 
mecanismos avaliativos, sequências temporais, dentro de um processo geralmente conduzido 
na instituição escolar, abrangendo quatro níveis de ensino: 1º e 2º graus, a graduaçãoe a pós-
graduação (BrÜgger, 1994, p. 32). no caso da educação Ambiental, o trabalho nesse âmbito 
é o mais frequente, e se efetiva juntamente com professores e alunos, dentro de uma postura 
interdisciplinar que valoriza a participação do alunado no processo de aprendizagem e cuja 
orientação de seu foco pedagógico é voltada aos problemas objetivos de sua realidade (oliVeirA, 
1993, p. 18). de acordo com a UnesCo, a educação Ambiental pode ser entendida nesse âmbito:
[...] desde a simples introdução de conceitos ambientais nas disciplinas 
tradicionais, até a integração total em torno de um projeto de ação passando 
pela convergência de disciplinas que possuem certas afinidades teóricas e 
metodológicas (UnesCo apud BeZerrA; CosTA, 1992, p. 39).
Quando se tem a pretensão de desenvolver no ser humano, desde seus primeiros anos de vida, 
uma atitude de respeito e integração ambiental, não há dúvidas de que a promoção da educação 
Ambiental em todos os níveis de ensino deve ser um imperativo. isso talvez explique porque a 
maior parte dos projetos e/ou programas de educação Ambiental no estado do rio de Janeiro 
tem trabalhado nesse âmbito de atuação, enxergando docentes e discentes como agentes 
multiplicadores de opinião e revendo a própria unidade escolar como uma grande agência 
de formação e desenvolvimento social. Procura-se atuar não apenas sobre os conhecimentos 
explícitos da escola, mas, também, os valores e as ideologias que perpassam a instituição e 
são transmitidos através da dinâmica de suas relações, do currículo ativo e das metodologias 
empregadas (gArCiA, 1993, p. 35).
19
AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl • AUlA 2
recentemente, esse âmbito vem se dividindo em:
Educação ambiental formal presencial
Educação ambiental formal não presencial
no segundo caso, inserem-se as propostas de educação Ambiental a distância, em que o educando 
tem a oportunidade de realizar uma série de cursos e se manter informado sobre as últimas 
produções na área por meio de Cds, livros, sites, softwares. essa é uma proposta ainda bastante 
discutida em função da metodologia utilizada e da conscientização ambiental que pode vir a 
produzir. o ideal é que ela seja efetivada por uma equipe experiente que valorize os encontros 
presenciais com os educandos como parte integrante do funcionamento, de modo a suprir o 
distanciamento entre professor e aluno, bem como do aluno com a natureza em geral.
Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/educacao/formacao-formadores-educacao-ambiental-via-modalidade-.
htm>. Acesso em: 10 dez. 2015.
Sugestão de estudo
Para um aprofundamento no estudo sobre educação Ambiental não presencial, recomenda-se a leitura da obra CArVAlHo, 
V. Interfaces entre Educação Ambiental e Educação a Distância. rio de Janeiro: WAK, 2015. esse livro traz uma série 
de artigos sobre educação a distância e uma pesquisa na área realizada no âmbito de um curso de Pedagogia de uma 
universidade particular do rio de Janeiro.
Saiba mais
Ecopedagogia: no âmbito da Educação Ambiental Formal, Moacir Gadotti, conhecido educador, prefere o uso do termo 
Ecopedagogia. Uma proposta de Educação Ambiental formal voltada a uma substituição da racionalidade da dominação por 
uma racionalidade da comunicação, por meio de uma reorientação curricular. Para saber mais, consulte a obra de gadotti 
(1996) destacada na bibliografia deste caderno.
20
AUlA 2 • AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl
Um ÂmbITO NãO FORmAL
Disponível em: <http://ama-amigosdaterra.org/educacao-ambiental>. Acesso em: 10 dez. 2015.
esse âmbito, por sua vez, tem como foco a comunidade e suas unidades vitais, como igrejas, 
escolas, clubes, centros comunitários, associações, etc. nesse âmbito de trabalho, os enfoques que 
privilegiam uma precisão cronológica e um ritmo avaliativo determinante são descartados e os 
fatores a eles inerentes, relevados a segundo plano em relação ao tempo de reação da comunidade 
dentro de um processo mais amplo. Fora do espaço curricular, existe uma série de atividades 
desenvolvidas em termos de educação Ambiental não formal, como a promoção de campanhas, 
palestras, encontros, congressos, reuniões e aplicação de programas mais sistematizados de 
trabalho com comunidades (MACiel et al., 1994). 
Por exigirem mais tempo, considerando a comunidade como um todo, em um trabalho conjunto 
com as muitas unidades vitais que a compõem (comércio local, associações diversas, clubes, 
escolas e outras), os projetos de educação Ambiental nesse âmbito infelizmente são ainda 
bastante reduzidos.
Um ÂmbITO INFORmAL
Disponível em: <http://www.caritas.pt/setubal/index.php?option=com_content&view=article&id=2636:inclusao-de-
utentes-nas-actividades-da-bandeira-azul&catid=99:noticias& itemid=31>. Acesso em: 10 dez. 2015.
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AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl • AUlA 2
Atividades de educação Ambiental nesse âmbito geralmente são efetivadas através de meios 
informais de comunicação, tais quais jornais, panfletos, cartas, cartazes, filmes, programas de 
rádio e TV, podendo se concretizar em qualquer lugar. Apesar dos inegáveis resultados, o problema 
do trabalho educativo nesse âmbito refere-se ao fator avaliativo, de difícil mensuração em termos 
do impacto real obtido. em programas realmente efetivos de educação Ambiental, esse âmbito 
de trabalho é aliado a um dos dois anteriormente apresentados. ou seja, ele funciona como um 
reforçador coadjuvante das estratégias formais e não formais de educação Ambiental. 
os motivos são óbvios: não se faz educação Ambiental distribuindo folhetos ou passando vídeos, 
essas atividades fazem parte de algumas etapas com finalidades e estratégias específicas dentro 
de uma pedagogia educativa mais ampla. nesse sentido, vale sublinhar que a proposta que a eA 
traz é a formação de uma consciência crítica, pautada na participação e na responsabilidade 
social, e não apenas de educar para a ecologia ou fornecer aos educandos um conjunto de 
informações ambientais. 
Apesar de serem essencialmente diferentes encerrando diretrizes variadas e formas de concretização 
distintas, esses âmbitos não devem, em absoluto, ser entendidos como manifestações estratégicas 
isoladas de uma modalidade educativa, mas, sim, como partes de um mesmo modelo de 
pensamento e ação na luta por uma melhor qualidade de vida. é extremamente comum em um 
programa de educação Ambiental o emprego simultâneo de estratégias que privilegiam um ou 
outro âmbito de atuação, de acordo com determinado momento da realização do trabalho, não 
existindo restrições quanto ao espaço pedagógico a ser utilizado. 
independente do âmbito em que determinado 
projeto ou programa de educação Ambiental 
esteja inserido, o importante é que este tenha 
possibilidade de cumprir seu compromisso social, 
ou seja, o de “informar, conscientizar, convocar, 
questionar, denunciar, sensibilizar e contribuir 
para a mudança de base do ser humano”, uma 
passagem da razão à solidariedade baseada em 
uma nova ética socioambiental (grÜn, 1994). é por esse compromisso que o valor da educação 
Ambiental pode ser considerado tanto do ponto de vista preventivo, atuando antes que o problema 
ambiental venha a ocorrer (estando este na eminência de acontecer ou não), quanto do ponto de 
vista defensivo, agindo durante e depois de o problema ecológico já ter se manifestado, buscando 
maneiras de saná-lo ou, no mínimo, atenuá-lo.
Sugestão de estudo
Para conhecer as diferentes possibilidades 
metodológicas aplicadas aos âmbitos da educação 
Ambiental, é recomendável a leitura da obra 
de Pedrini, A.; sAiTo, C. (orgs.). Paradigmas 
Metodológicos da Educação Ambiental. Petrópolis: 
Vozes, 2015.
22
AUlA 2 • AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl
E o que diz a lei?
embora não seja aqui nosso objetivo fazer uma análise legal mais aprofundada da educação 
Ambiental, vale a pena se pretendemos compreendermelhor os diferentes âmbitos acima citados 
e a sua efetivação no contexto brasileiro. é importante dar uma boa conferida em alguns artigos 
da lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, a começar pelo primeiro deles:
Art. 1o – entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o 
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, 
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de 
uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
o caráter dado a essa educação está explicitado no Art. 2o:
Art. 2º: A educação ambiental é um componente essencial e permanente da 
educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os 
níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal.
Para garantir ampla presença, a lei atribui incumbências ao Poder Público, às instituições 
educativas, à mídia, aos órgãos do sistema nacional de Meio Ambiente (sisnAMA), às empresas, 
entidades de classe, instituições públicas e privadas e à sociedade como um todo.
Saiba mais
SISNAMA
O que é o SISNAMA? 
é um conjunto articulado de órgãos, entidades, regras e práticas responsáveis pela proteção e pela melhoria da qualidade 
ambiental, estruturando-se por meio dos seguintes níveis político-administrativos: 
 » Órgão superior – Conselho de governo, que reúne a Casa Civil da Presidência da república e todos os ministros. Tem a 
função de assessorar o presidente da república na formulação da política nacional e das diretrizes nacionais para o meio 
ambiente e os recursos naturais.
 » Órgão consultivo e deliberativo – Conselho nacional do Meio Ambiente (ConAMA). reúne os diferentes setores da 
sociedade e tem caráter normatizador dos instrumentos da política ambiental. 
 » Órgão central – Ministério do Meio Ambiente. Tem a função de planejar, coordenar, supervisionar e controlar as ações 
relativas à política do meio ambiente. 
 » Órgão executor – instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos naturais renováveis (iBAMA). está encarregado de 
executar e fazer executar as políticas e diretrizes governamentais definidas para o meio ambiente. 
 » Órgãos seccionais – de caráter executivo, essa instância do sisnAMA é composta por órgãos e entidades estaduais 
responsáveis pela execução de programas e projetos, assim como pelo controle e fiscalização de atividades degradadoras 
do meio ambiente. são, em geral, as secretarias estaduais de Meio Ambiente. 
23
AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl • AUlA 2
 » Órgãos locais – Trata-se da instância composta por órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e 
fiscalização dessas atividades em suas respectivas jurisdições. são, quando elas existem, as secretarias Municipais de Meio 
Ambiente.
A mesma lei estabelece (art. 4o, inc. i a Viii) como princípios básicos da educação Ambiental:
 » o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; 
 » a concepção de meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência 
entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; 
 » o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e 
transdisciplinaridade; 
 » a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; 
 » a garantia de continuidade e permanência do processo educativo, a permanente avaliação 
crítica do processo educativo;
 » a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; 
 » o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural. 
A observância a esses princípios permite ao legislador concluir aquilo que está explícito no artigo 
5º, quando este esclarece os objetivos de educação Ambiental. em outras palavras, esse artigo 
se presta a responder à pergunta: para que serve a educação Ambiental?
ArTigo 5º
i - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas 
múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, 
legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
iV- o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, 
na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da 
qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e 
macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente 
equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, 
democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
Vi - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
Vii - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade 
como fundamentos para o futuro da humanidade.
24
AUlA 2 • AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl
A escola, enquanto uma instituição produtora de conhecimentos e formadora de opiniões, 
assume papel preponderante na concretização dos objetivos legais acima expressos. o ideal é que 
o processo de conscientização ecológica comece cedo em um trabalho de base com as crianças 
que já vão crescendo e se desenvolvendo pautadas em ideais de sustentabilidade e respeito ao 
ambiente do qual são parte integrante.
Contudo, infelizmente, como já denunciaram vários autores, como Henrique leff (1999), 
frequentemente os valores para um ambiente saudável têm sido reduzidos na escola à conservação 
da natureza física, enquanto os princípios têm sido internalizados no ensino formal como uma 
listagem de problemas socioambientais causados pela ação humana. A forma sugerida por 
leff para superar visões restritas é olhar para a eA como algo que requer a construção de novos 
objetos interdisciplinares de estudo através da problematização dos paradigmas dominantes, da 
formação dos docentes e da incorporação do saber ambiental emergente em novos programas 
curriculares (leFF, 1999).
no entanto, desenvolver um novo olhar que possibilite o entendimento da questão ambiental 
de forma não linear, crítica e multidimensional tem sido um difícil desafio constante para todos 
os que atuam na área. Afinal, ninguém disse que tarefa seria fácil.
Resumo
nesta aula:
 » Tivemos a chance de analisar de perto o que é educação Ambiental através do estudo 
de seus diferentes âmbitos de Análise;
 » Analisamos como a lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, define a educação Ambiental, 
seus princípios e objetivos, define responsabilidades em seus diferentes âmbitos e a 
garante como um direito da população;
 » refletimos sobre o papel da escola como facilitadora dos processos de conscientização 
ecológica, muito embora ainda persista nela uma visão reducionista da questão ambiental;
 » Vimos o quanto a eA precisa superar compreensões restritas não apenas sobre ela, mas 
também sobre a própria natureza e o meio ambiente.
25
A Educação Ambiental 
de Ontem e de Hoje
UNIDADE II
26
Apresentação
na unidade anterior, tivemos a chance de refletir mais sobre o que é educação Ambiental a 
partir da consideração de seus elementos e, principalmente, da análise de diferentes autores que 
atuam na área. nesta aula, estudaremos melhor sua trajetória histórica, ou seja, o caminho que a 
educação Ambiental seguiu desde o seu surgimento. Focaremos, de uma forma mais consistente, 
o período relativo à década de 60 até seus desafios atuais em pleno século XXi.
Objetivos
esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
 » compreender um pouco da evolução da educação até atingir seu clímax através da 
Política nacional de educação Ambiental;
 » entender que os eventos que marcaram a educação Ambiental contribuíram não apenas 
para uma melhor definição dela, como também para seu aperfeiçoamento e conquistas;» reconhecer os principais avanços da educação Ambiental no campo da legislação;
 » ter a clareza de que a história da educação Ambiental continua por meio de nossas 
atitudes e posturas, a partir do que realizamos na área em um processo de construção 
permanente.
3
AUlA
A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES 
CONFERêNCIAS à POLíTICA 
NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999)
27
A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) • AUlA 3
Analisando a Trajetória da Educação Ambiental
Disponível em: <http://www.autossustentavel.com/2014/06/tempo-vou-te-fazer-um-pedido.html>. 
Acesso em: 10 dez. 2015.
o surgimento da educação ambiental se dá a partir do final da década de 60, sob a influência da 
contracultura e dos movimentos sociais que reivindicam melhor qualidade de vida e questionam 
o padrão de desenvolvimento da sociedade ocidental. nesse momento, a educação Ambiental 
desponta como alternativa, mas, sobretudo, como uma importante estratégia na busca de saídas 
possíveis para a procura de novos rumos que possam dar conta de nossa trajetória comum, que 
deverá passar a ser sustentada, agora, desde a tomada de consciência de que o planeta vive uma 
crise sem precedentes em sua história. 
As grandes conferências
As décadas de 70 e 80
no cenário oficial, a educação Ambiental 
é lançada em 1972, na Conferência das 
nações Unidas para o Ambiente Humano, 
em estocolmo, suécia. Assim, essa atividade 
passa a ser uma importante ferramenta na 
construção de um futuro necessariamente 
sustentável e comum a todos. A partir desse 
pressuposto, o mundo observa a importância 
premente de tratar a educação Ambiental 
como uma espécie de alvo de uma série de 
importantes encontros de autoridades internacionais. Ainda na conferência de estocolmo, 
em 1968, a recomendação 96, resultante do documento final da conferência, afirmava que o 
desenvolvimento da educação Ambiental é o elemento crítico para o combate à crise ambiental 
do mundo, sendo de grande importância estratégica dentro dos esforços de busca de melhoria 
de qualidade de vida (diAs, 1992).
Saiba mais
Conferência da Biosfera (1968):
Antes da Conferência de estocolmo em 1972, já havia 
ocorrido a Conferência da Biosfera em Paris no ano de 
1968. essa conferência marcou a primeira vez que os povos 
e governos do mundo se reuniram para discutir a Biosfera 
como preocupação internacional. nessa conferência, já se 
percebia certa ênfase na aplicação e nos desenvolvimentos 
de Programas em educação Ambiental.
28
AUlA 3 • A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999)
A partir desse momento, decidiu-se que se faria um grande encontro internacional para se 
tratar da implementação da educação Ambiental no mundo, o que ocorreu em Belgrado na ex–
iugoslávia, em 1975. na conferência de Belgrado, como ficou conhecido esse primeiro marco, 
foram formulados princípios e orientações para o ProgrAMA MUndiAl de edUCAÇÃo 
AMBienTAl, documento esse conhecido como CArTA de BelgrAdo, que marca um passo 
importante e traz uma proposta ética alternativa para a crise global.
Saiba mais
Que tal conhecer melhor a famosa CArTA de BelgrAdo 1975? Veja por meio de tópicos como a educação Ambiental foi 
pensada neste famoso documento:
Objetivos da educação ambiental
Consciência: adquirir maior sensibilidade e consciência do meio ambiente em geral e dos problemas decorrentes;
Conhecimento: adquirir uma compreensão básica do meio ambiente, em sua totalidade, dos problemas conexos, e da 
presença e função da humanidade nele, o que justifica uma responsabilidade crítica;
Atitudes: adquirir valores sociais, um profundo interesse pelo meio ambiente, e a vontade de participar ativamente em sua 
proteção e melhoramento;
Aptidões: adquirir aptidões necessárias para resolver os problemas ambientais;
Capacidade de Avaliação: avaliar as medidas e os programas de educação Ambiental em função dos fatores ecológicos, 
políticos, econômicos, sociais, estéticos e educacionais;
Participação: desenvolver seu sentimento de responsabilidade e tomar consciência da urgente necessidade de prestar 
atenção aos problemas do meio ambiente, para assegurar que se adotem medidas adequadas.
Disponível em: < http://www.meioambiente.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=71 >. Acesso em: 21 ago. 2017. 
Três anos depois de estocolmo, foi criado o ProgrAMA inTernACionAl de edUCAÇÃo 
AMBienTAl (PieA), em conjunto com a UnesCo, que atua promovendo cursos, programas de 
capacitação e formação, eventos, além de produzir informativos e publicações sobre o assunto no 
mundo. o PieA é também o responsável pela importante publicação Environmental Education 
Series, que relata experiências de todo o mundo, e do boletim periódico Contacto, distribuído 
em várias línguas para todos os continentes.
A partir daí, seguindo recomendações da UnesCo e do PnUMA, foi organizada a Conferência 
de Tbilisi (atual geórgia, na antiga União das repúblicas socialistas soviéticas – Urss) em 1977, 
conhecida como a “Primeira Conferência intergovernamental sobre educação Ambiental”, onde 
foram traçados os principais fundamentos, recomendações, objetivos e estratégias de ação. 
Constitui-se um dos principais documentos produzidos, no qual estão as principais orientações 
pedagógicas e sugestões estratégicas para o desenvolvimento da educação Ambiental, sendo até 
hoje considerado um importante instrumento, indispensável à consulta.
29
A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) • AUlA 3
na Conferência de Tbilisi, a educação Ambiental foi definida como uma dimensão da educação 
com uma orientação específica. Vejamos sua definição:
[...] uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para 
a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques 
interdisciplinares, e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo 
e da coletividade (diAs, 1992 p. 31).
durante a década de 70, vários acordos foram ratificados pelos governos de diversos países, 
mostrando uma mobilização em quase todo o mundo com a questão ambiental, sobretudo 
com a educação Ambiental, considerada primordial e de relevante interesse nacional em vários 
países, que a incluíram em seus planos e estratégias nacionais. 
no Brasil, o quadro, no entanto, era bastante diferente. refletindo a posição dos países ditos “em 
desenvolvimento”, a preocupação com a questão ambiental se fazia sentir como um freio para o 
franco processo de desenvolvimento almejado pela política militarista de então. logo, a política 
brasileira desde cedo mostrou-se avessa às tendências preservacionistas mundiais, que eram 
percebidas de forma antagônica, como verdadeiras inimigas do desenvolvimento. 
Após quase duas décadas de atraso, depois de difíceis negociações e pressões internacionais, 
o governo brasileiro começa os primeiros movimentos de aceitação das novas tendências 
mundiais, e apenas durante a década de 80 o país começa a promover uma série de medidas 
a fim de regulamentar a Política nacional de Meio Ambiente. Mediante a lei no 6.938, de 31 de 
agosto de 1981, aprovou-se a criação do sistema nacional de Meio Ambiente (sisnAMA), do 
Conselho nacional de Meio Ambiente (ConAMA) e do Cadastro Técnico Federal de Atividades 
e instrumentos de defesa Ambiental.
o ConAMA define a educação Ambiental como “um processo de formação e informação, orientado 
para o desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais, e de atividades que 
levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental” (MoTA JÚnior, 
2009).
na lei nº 6.938/1981, a educação Ambiental aparece no art. 2º, inc. X, onde se lê: “educação 
ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-
la para a participação ativana defesa do meio ambiente”.
em 1986, é realizado o i seminário sobre Universidade e Meio Ambiente, na Universidade de 
Brasília (UnB), onde surgem importantes resoluções e sugestões, sendo considerado como um 
dos primeiros e principais documentos gerados por experiências brasileiras. o ano de 1988 é 
marcado pela Assembleia nacional Constituinte, a primeira após o extenso período de regime 
militar autoritário. os constituintes começam a se preocupar com as questões de meio ambiente 
e criam uma comissão parlamentar para debater a questão com a participação popular. é 
30
AUlA 3 • A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999)
promulgada, então, a Constituição da república Federativa do Brasil, contendo um capítulo 
para tratar a questão ambiental, no qual se pode ler, no capítulo Vi, art. 225, inc. Vi: “Promover 
a Educação Ambiental em todos os níveis e a conscientização pública para a preservação do meio 
ambiente”. 
no ano seguinte, é criado o instituto 
Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos 
naturais renováveis (iBAMA), por meio da 
junção de outros órgãos públicos. o iBAMA 
cria então a divisão de educação Ambiental 
(died), que passa a ser responsável pelos 
núcleos de educação Ambiental (neAs) nos estados, cuja função é elaborar projetos, divulgar e 
desenvolver atividades sobre o assunto. 
Os anos 90 – o início da participação do empresariado:
A onU declara 1990 o Ano inTernACionAl do Meio AMBienTe, e o Brasil se prepara para 
sediar o mais importante evento governamental já ocorrido no país, a rio-92, ou Conferência das 
nações Unidas para o Meio Ambiente e desenvolvimento (CnUMAd), oficialmente denominada 
“Conferência de Cúpula da Terra”. 
ocorrida no rio de Janeiro, em junho de 1992, a reunião contou com representantes de 182 países, 
e 103 chefes de estado estiveram presentes, aprovando cinco acordos oficiais internacionais: 
a declaração do rio sobre Meio Ambiente e desenvolvimento ou Carta do rio; a Agenda 21; a 
declaração das Florestas; a Convenção-Quadro sobre Mudanças climáticas e a Convenção sobre 
Biodiversidade.
Paralelamente ao evento oficial que ocorria afastadamente, em local de acesso restrito, no rio 
Centro, estava acontecendo um megaevento popular, de proporções ainda maiores. o Fórum 
global, como ficou conhecido, reuniu cerca de 10.000 organizações não governamentais (ongs), 
que se aglomeraram debaixo de imensas tendas para discutirem os problemas que atingiam o 
mundo de então. Foi o primeiro encontro popular a reunir representantes de todas as partes 
do mundo com vistas a discutir seus problemas. durante 15 dias, o rio de Janeiro presenciou a 
deliberação de importantes tratados aprovados pelas ongs em discussões abertas ao público. 
entre os Tratados, destaca-se o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e 
Responsabilidade Global resultante dos trabalhos da Jornada internacional de educação Ambiental, 
um dos documentos mais importantes produzidos para a área, no qual podem ser encontrados 
princípios, plano de ação, sistema de coordenação, monitoramento e avaliação, grupos a serem 
envolvidos e recursos. A elaboração do Tratado foi um esforço coletivo conseguido em função 
da coordenação de Moema Viezzer e omar ovalles, que lançaram, em 1995, o Manual Latino 
Para refletir
Você percebeu quantas definições existem para educação 
Ambiental e como elas foram se aperfeiçoando ao longo de cada 
conferência? Com qual definição você se identificou mais?
31
A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) • AUlA 3
Americano de Educação Ambiental, um valioso livro contendo sugestões metodológicas de ação. 
segundo Pedrini (1998, p. 24), esse Tratado, “enriquece os já existentes e difere deles pelo fato de 
ter sido produzido pelo homem comum, e ser fruto de calorosas discussões entre educadores”.
em 1993, o iBAMA divulga uma cartilha básica sobre a educação Ambiental em que aparece a 
seguinte definição oficial:
A educação Ambiental é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam 
consciência de seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências 
e determinação que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas 
ambientais presentes e futuros (PreFeiTUrA do rio de JAneiro, 2017, p. 1).
durante o ano de 1994, o rio de Janeiro sedia o i encontro Brasileiro de Ciências Ambientais, no 
qual são apresentados vários trabalhos na área ambiental, inclusive em educação Ambiental. 
esse encontro constitui-se um marco inicial, fundando um foro de debates acadêmicos, sendo 
seus anais uma rica fonte de pesquisa e informação. 
Ainda em 94, o iBAMA cria o Programa 
nacional de educação Ambiental (PneA), 
lançando em 95 as “diretrizes de educação 
Ambiental” (deA), que prevê a criação do 
Programa de estudos e Pesquisas em educação 
Ambiental (PePeA). esse programa ainda não 
foi cumprido, assim como o PneA e o deA, 
que faltam ser implementados plenamente. 
os anos de 1995 e 1996 assistem à mobilização das ongs brasileiras de uma forma mais eficaz 
e madura. As ongs se organizam, elaboram seus estatutos e começam a funcionar através 
de projetos. Vários desses projetos têm um caráter preparatório para a implementação e o 
desenvolvimento das Agenda 21 locais.
A realização da eCo–Aplicada 95, iV encontro latino-Americano de educadores Ambientais, 
também no rio, dá indicações dos movimentos e articulações das ongs e do Poder Público para 
tornar realidade o projeto Agenda 21. nesse ano, fortalecem-se as redes de educação Ambiental, 
sendo são Paulo o ponto de maior profusão delas.
Assim, por esforços coletivos, algumas cidades brasileiras, por meio de suas prefeituras e dos 
movimentos sociais, já começavam, a passos largos, a implementar, em 1997, o programa da 
Agenda 21 local, em suas regiões. e durante a rio+5, em março de 97, Conferência que visava a 
debater os avanços realizados nos cinco anos após a rio-92, algumas experiências já puderam ser 
mostradas. no rio de Janeiro, destacam-se as atuações das ongs defensores da Terra, grUde 
(grupo de defesa ecológica), iser (instituto de estudos da religião), roda Viva, entre outras.
sugestão de estudo
Um dos documentos mais conhecidos na área de educação 
Ambiental é o “Tratado de educação Ambiental para 
sociedades sustentáveis e responsabilidade global”, 
desenvolvido no Fórum Paralelo durante a rio-92. Para 
maiores informações, acesse o site <http://portal.mec.gov.
br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/tratado.pdf> 
data de Acesso: 21/08/2017.
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AUlA 3 • A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999)
em 97, também se celebrou a aprovação da nova lei de diretrizes e Bases da educação (ldB), 
de autoria do antropólogo, educador e senador darcy ribeiro, falecido no mesmo ano. A nova 
ldB, ou lei darcy ribeiro, como ficou conhecida, coloca a educação Ambiental no currículo 
básico escolar como disciplina pedagógica complementar aos 20% adicionais de carga horária 
adicionados por lei para o ensino básico. Para alguns educadores, a lei darcy ribeiro é considerada 
um retrocesso por colocar a educação Ambiental como uma disciplina a mais, não correspondendo 
às premissas sugeridas de interdisciplinaridade e participação voluntária. 
no entanto, a realidade do país evidencia a necessidade de uma organização mais formal para 
que a educação Ambiental se torne viável e exequível; além do mais, a lei permite a flexibilidade 
desse ponto para as situações em que é possível a interdisciplinaridade; por outro lado, alguns 
educadores consideram a educação Ambiental a nova forma da educação em si, em razão de 
suas características. 
o ano de 1998 foi marcado pela grande produção de importantes publicações na área, incluindo 
trabalhos inéditos contandoa trajetória da educação Ambiental no Brasil e as reflexões sobre 
algumas experiências práticas já desenvolvidas, como o importante trabalho organizado por 
Pedrini (1998), que reúne textos de diversos autores da área. A pesquisa nacional “o que o 
brasileiro pensa do meio ambiente, do desenvolvimento e da sustentabilidade” trouxe as análises 
quantitativas e qualitativas de entrevistas realizadas com lideranças atuantes da área ambiental, 
tais como empresários, políticos, membros de movimentos sociais, cientistas, entre outros. 
o ano de 1999 é marcado pela consolidação das redes e de encontros regionais, além de uma 
intensa produção de coletâneas de artigos publicados em livros. Conferências e encontros 
científicos também marcam esse ano que viu ser sancionada a lei de educação ambiental, 
instituindo-a como disciplina obrigatória em todos os níveis de ensino e também como uma 
saudável polêmica ainda hoje discutida sem um consenso por muitos educadores ambientais.
A recente lei de educação ambiental, que teve a participação da sociedade civil em sua elaboração, 
trouxe consequências no estado do rio de Janeiro bastante interessantes no que diz respeito 
à consolidação dos setores militantes na educação ambiental regional. grupos ambientalistas 
militantes passaram a ter mais coesão e interação entre si, buscando, via internet, uma articulação 
maior dos esforços. Uma importante rede foi montada, chamada eAlatina, em que diariamente 
cerca de 70 pessoas estão conectadas em rede, trocando informações sobre a área de interesse.
Além dessa rede, podem ser encontrados hoje mais de centenas sites sobre educação ambiental 
na internet, a maioria mantida por ongs, embora também haja universidades, órgãos públicos 
e empresas especializadas em oferecer o serviço de implementação de programas de educação 
ambiental.
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A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) • AUlA 3
O início de um novo milênio
no ano de 2000, a então criada Coordenação geral de educação Ambiental (CoeA), do Ministério 
da educação, promove uma importante teleconferência sobre os Parâmetros Curriculares em Ação 
sobre o Meio Ambiente (PAMA), na qual participam mais de 1.500 escolas em todo o território 
nacional. em 2001, a CoeA promove o seminário nacional de educação Ambiental, reunindo 
secretarias de educação Municipais e estaduais e instituições em todo o país, investindo na 
disseminação dos PCns que utilizam a problemática ambiental como tema transversal.
em 2002, ocorre, em Joanesburgo, na África 
do sul, a iii Conferência internacional 
sobre Meio Ambiente e desenvolvimento, 
conhecida como a RIO+10. esse encontro foi 
o que obteve o maior quórum entre fóruns de 
debates promovidos pela onU, contou com 
a presença de 226 chefes de estado. Muitos 
consideraram o encontro um fracasso por 
frustrar as intenções dos ambientalistas, no 
que diz respeito à consignação de importantes 
tratados, como a Convenção do Clima e da 
Biodiversidade, por parte das nações mais 
ricas. Além disso, a educação Ambiental foi 
discutida minimamente em um grupo de 
trabalho liderado pela comitiva brasileira, 
as nossas 100 melhores experiências foram 
apresentadas e o Brasil despontou como 
liderança e referência em questões ambientais 
no ponto de vista jurídico e em educação 
Ambiental. Uma contradição que nos faz indagar se estamos fazendo, mais uma vez, a conhecida 
“política para inglês ver”.
dando um salto no tempo, aconteceu, em 2012, a rio+20, A Conferência das nações Unidas 
sobre desenvolvimento sustentável (CnUds) de 13 a 22 de junho na cidade do rio de Janeiro. 
A rio+20 foi assim conhecida porque marcou os vinte anos de realização da Conferência das 
nações Unidas sobre Meio Ambiente e desenvolvimento (rio-92) e contribuiu para definir 
a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. A conferência teve três 
objetivos principais: a) a promoção da economia verde; b) a tomada de ações no contexto do 
desenvolvimento sustentável; e c) a adoção de maneiras visando ao fim da pobreza. durante 
a ii Jornada internacional de educação Ambiental, foi elaborado o Plano de Ação do Tratado 
Saiba mais
na rio+10, apesar das vitórias no que se refere a questões 
relativas ao saneamento, chegou-se a um consenso 
para que fosse reduzido pela metade até 2015 o número 
de pessoas sem acesso a saneamento básico e para 
o estabelecimento de um acordo sobre patentes no 
âmbito da oMC, no qual países pobres não poderiam 
ser impedidos de ter acesso a medicamentos essenciais. 
no entanto, o que se viu foi muito mais o cinismo das 
diplomacias, que pouco contribuíram para o avanço 
na conferência e que fizeram com que muitos acordos 
acabassem ficando um tanto vagos e com validade 
questionável.
Para refletir
de todos os eventos citados, quais seriam aqueles que você 
destacaria como os mais importantes para a consolidação 
da educação Ambiental? Procure justificar sua escolha.
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AUlA 3 • A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999)
de educação Ambiental para sociedades sustentáveis e responsabilidade global, que inclui a 
formação de uma rede Planetária de educação Ambiental.  
Contudo, os resultados da Conferência não foram o esperado. os impasses, principalmente 
entre os interesses dos países desenvolvidos e dos em desenvolvimento, acabaram frustrando os 
objetivos da Conferência. o documento final apresenta várias intenções e adia para os próximos 
anos a definição de medidas práticas para garantir a proteção do meio ambiente. não foram 
poucos os analistas que disseram que a crise econômica mundial, principalmente nos estados 
Unidos e na europa, prejudicou as negociações e as tomadas de decisão práticas.
lembre-se de que os próximos capítulos dessa 
história – e quem sabe até os mais importantes 
– podem ainda não estar escritos. ou melhor, 
poderão ser escritos por você, seu grupo, seu 
trabalho, enfim, por todos aqueles que desejam 
se comprometer com a construção de um mundo 
melhor.
Vejamos, agora, um pouco de legislação 
Ambiental:
Introdução à Legislação Ambiental
existem várias leis brasileiras que representam avanços importantes na luta pela construção de 
uma nova relação entre homem e meio ambiente pautada em princípios de sustentabilidade. 
Vejamos aqui algumas das principais e mais importantes quando o assunto é educação Ambiental.
Sugestão de leitura
no site <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm>, você irá encontrar a lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, 
referente à Política nacional do Meio Ambiente na íntegra. não deixe de ler.
1. Uma das primeiras leis que cita a educação ambiental é a lei nº 6.938, de 31 de agosto 
de 1981, que institui a PolÍTiCA nACionAl do Meio AMBienTe. essa lei aponta para 
a necessidade de que a educação Ambiental seja oferecida “a todos os níveis de ensino, 
inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para uma participação 
ativa na defesa do meio ambiente”.
2. o decreto nº 88.351/1983 regulamentou essa lei conferindo sua competência ao poder 
público.
Provocações
o livro “educação Ambiental: Princípios e Práticas”, de 
genebaldo Freire dias, é uma das principais referências 
sobre a história da educação Ambiental. Boa parte do 
histórico aqui relatado está baseado na obra do autor. 
seu livro reúne a íntegra de importantes documentos 
internacionais e nacionais, permitindo a acessibilidade 
da informação sobre o assunto para um maior número 
de pessoas. Assim vale a pena lê-lo.
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A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) • AUlA 3
3. em 1985, foi criada a lei nº 7.347/85, que regulamentou a ação civil pública por danos 
causados ao meio ambiente e aos bens e direitos de valor artístico, paisagístico, estético 
e histórico. A partir dela, qualquercidadão que testemunhasse um crime ambiental 
poderia mover uma ação contra o agente, denunciando, assim, o ocorrido.
4. A ConsTiTUiÇÃo FederAl do BrAsil, promulgada no ano de 1988, uma das mais 
avançadas do mundo do ponto de vista ambiental, estabelece, em seu artigo 225, que:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações (BrAsil, 1988).
Cabendo ao Poder Público “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino 
e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.
5. A lei de direTriZes e BAses dA edUCAÇÃo, lei nº 9.394, de 20 de deZeMBro de 
1996, reafirma os princípios definidos na Constituição com relação à educação Ambiental: 
A educação Ambiental será considerada na concepção dos conteúdos curriculares 
de todos os níveis de ensino, sem constituir disciplina específica, implicando 
desenvolvimento de hábitos e atitudes sadias de conservação ambiental e respeito 
à natureza, a partir do cotidiano da vida, da escola e da sociedade (BrAsil, 1996).
no âmbito da educação Ambiental Formal, o ano de 1997, no qual foram divulgados 
os novos PArÂMeTros CUrriCUlAres nACionAis (PCns), representa um marco 
importante para a educação Ambiental. os PCns foram desenvolvidos pelo MeC com o 
objetivo de fornecer orientação para os professores. A proposta é que eles sejam utilizados 
como “instrumento de apoio às discussões pedagógicas na escola, na elaboração de projetos 
educativos, no planejamento de aulas e na reflexão sobre a prática educativa e na análise 
do material didático”. os PCns enfatizam a interdisciplinaridade e o desenvolvimento 
da cidadania entre os educandos; a partir do estabelecimento de alguns temas especiais, 
têm de ser discutidos pelo conjunto das disciplinas da escola, não devendo se constituir 
em disciplinas específicas. são os chamados temas transversais. 
o grande avanço da educação Ambiental no plano formal foi o reconhecimento, 
juntamente com os demais temas transversais definidos pelos PCns – ética, saúde, 
orientação sexual e pluralidade cultural –, do meio ambiente como um deles. Tal 
reconhecimento deixava claro que o meio ambiente não podia mais ser compreendido 
a partir de uma visão reducionista, apenas como uma área ligada à Biologia, às Ciências 
ou à geografia, mas, sim, uma temática interdisciplinar que atravessa todos os campos 
de conhecimento merecendo ser amplamente estudada e analisada pelas diferentes 
áreas, sem exceção. Tal posição reitera posicionamentos assumidos pelo movimento 
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AUlA 3 • A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999)
ambientalista de que a educação Ambiental não pode ser entendida e aplicada a partir de 
uma visão disciplinar, ratificando a necessidade de que essa supere a típica fragmentação 
do conhecimento e considere sua aplicabilidade a partir das esferas local e global.
o Volume 9 dos PCns, o qual se refere mais especificamente às questões de ordem 
ambiental, esclarece que “as questões ambientais não se referem apenas à proteção da 
vida no planeta, mas também à melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida nas 
comunidades” (PCns, vol. 9, p. 23). 
os PCns definem a educação Ambiental como uma proposta revolucionária que, se 
bem empregada, “pode levar a mudanças de comportamento pessoal de atitudes e de 
valores de cidadania que podem ter fortes consequências sociais” (PCns, vol. 9, p. 27).
Apenas para se ter uma ideia da importância que os PCns deram à educação Ambiental, 
veja como esta foi pensada no que diz respeito aos seus objetivos no ensino Fundamental, 
oferecendo aos alunos:
 › conhecimento e compreensão integrada de noções básicas de meio ambiente;
 › adoção de posturas sustentáveis em casa e na escola compatíveis com essa compreensão;
 › observação e análises críticas de fatos e situações ambientais pertinentes ao tema;
 › percepções de fenômenos de causa e efeito na natureza importantes para a compreensão 
do meio ambiente e de seus diferentes ecossistemas;
 › domínio de procedimentos de conservação e manejo de recursos naturais;
 › percepção e valorização da diversidade natural e sociocultural;
 › identificação pessoal como parte integrante do meio ambiente.
6. em fevereiro de 1989, o governo criou o insTiTUTo BrAsileiro do Meio AMBienTe 
e dos reCUrsos renoVÁVeis (iBAMA), resultante da união de vários órgãos (SEMA, 
SUDEPE, IBDF e SUDHEVEA). esse órgão ficou encarregado de formular, coordenar e 
executar a política ambiental. Com a junção de órgãos, pela primeira vez associou-se 
no país proteção ambiental e conservacionismo de recursos naturais;
notando o avanço do ambientalismo nos países do norte e a popularidade conquistada 
em relação às questões ambientais, o então governo Collor (1990) percebeu que a 
ênfase nas questões ambientais deveria ser uma de suas principais bandeiras na busca 
de uma parceria mais sólida com os países do norte e na manutenção de uma opinião 
pública favorável. ex.: a nomeação do engenheiro agrônomo lutzemberger para o cargo 
de secretário do Meio Ambiente. A eco-92 trouxe consigo a possibilidade de impor 
uma projeção internacional do governo Collor, fazendo com que o país mostrasse na 
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A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) • AUlA 3
conferência uma face ambiental nunca antes vista em nenhuma anterior, posicionando-
se como um dos países líderes na elaboração da Convenção da Biodiversidade, sendo 
bastante favorável à Convenção sobre Mudança Climática e assumindo posições a favor 
das estratégias de desenvolvimento sustentável apresentadas na Agenda 21, que, como 
veremos em capítulo posterior, deve ser entendida como um plano de ação mundial 
dos países rumo ao desenvolvimento sustentável. é um documento de mais de 600 
páginas dividido em 40 capítulos. Quanto às convenções citadas, podemos entendê-las, 
resumidamente, da seguinte forma:
 › ConVenÇÃo dAs MUdAnÇAs CliMÁTiCAs: estabelece a necessidade de realização 
de mais estudos sobre os efeitos das descargas de gases na atmosfera e propõe a 
cooperação entre países para que sejam socializadas tecnologias limpas de produção 
reduzindo sensivelmente a emissão de gases na atmosfera responsáveis pela promoção 
do efeito estufa.
 › ConVenÇÃo dA BiodiVersidAde: garante a soberania dos estados na exploração 
dos seus recursos biológicos e estabelece a necessidade de criação de incentivos 
financeiros para que os estados detentores da biodiversidade tenham como cuidar de 
sua conservação. o documento traz, em linhas gerais, como conservar a diversidade 
biológica em cada país de maneira sustentável. destaca-se o Protocolo de Biossegurança, 
que permite que países deixem de importar produtos que contenham organismos 
geneticamente modificados.
7. em dezembro de 1994, o governo Brasileiro criou o ProgrAMA nACionAl de 
edUCAÇÃo AMBienTAl (ProneA). o programa previu três componentes: Capacitação 
de gestores e educadores, desenvolvimento de Ações educativas e desenvolvimento 
de instrumentos e Metodologias, estabelecendo-se sete linhas de ação como parte da 
proposta de uma ação nacional, a ser desenvolvida diretamente, ou através dos estados, 
que seriam incentivados a iniciar seus processos de elaboração de Programas estaduais 
de educação Ambiental. As diretrizes são:
 › transversalidade;
 › fortalecimento do SISNAMA;
 › fortalecimento dos sistemas de ensino;
 › sustentabilidade;
 › descentralização espacial e institucional;
 › participação e controle social.
A execução das propostas do ProneA foi dividida entre a Coordenação de educação 
Ambiental do MeC, cuja ação volta-se mais ao sistema de ensino, em todos os níveis, 
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