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Educação e o meio ambiente Vilson sérgio de CArVAlHo 1ª edição Brasília/dF - 2018 Autores Vilson sérgio de CArVAlHo Produção equipe Técnica de Avaliação, revisão linguística e editoração Sumario Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa ..................................................................................................... 4 Introdução ............................................................................................................................................................................. 6 Unidade I – A Dimensão Socioambiental da Educação ......................................................................................... 7 Aula 1 Introdução: a relação entre educação e meio ambiente ................................................................................ 8 Aula 2 Afinal, o que é Educação Ambiental? ...................................................................................................................13 Unidade II – Educação Ambiental de Ontem e de Hoje ......................................................................................25 Aula 3 A Trajetória da EA: Das Grandes Conferências à Política Nacional (Lei nº 9.795/99) .........................26 Aula 4 Diferentes esferas, um mesmo objetivo .............................................................................................................41 Unidade III – Promoção da Sustentabilidade e Enfrentamento da Crise Ambiental ................................56 Aula 5 Educação ambiental, desenvolvimento e promoção da sustentabilidade .............................................57 Aula 6 Crise Ética e Crise Ecológica ...................................................................................................................................74 Referências ..........................................................................................................................................................................84 4 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de estudos e Pesquisa. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. 5 ORGANIzAçãO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESqUISA Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. é importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução o propósito desta disciplina é apresentar a educação Ambiental como uma dimensão intrínseca da educação, enfatizando sua importância em face da crise socioambiental em que a humanidade se encontra mergulhada. em um primeiro momento, o estudo das aulas que compõem este caderno permitirá aos alunos conhecer melhor um pouco de sua história, seus níveis de atuação, tendências, algumas de suas ferramentas de trabalho e, principalmente, seu potencial transformador através da formação de uma consciência ecológica. em um segundo momento, destaca-se a importância na educação Ambiental como um elemento estratégico para a promoção de um desenvolvimento sustentável, isto é, um desenvolvimento sensível à causa ambiental. o caderno termina fazendo uma importante reflexão sobre a relação entre a crise ecológica em que nos encontramos e a grave crise de valores que a promoveu, revelando que, no fundo, somos todos educadores ambientais. esperamos que você aproveite bastante seu conteúdo e assuma esse papel. Objetivos este caderno de estudos tem como objetivos ajudar você a: » entender melhor a crise socioambiental planetária que o mundo atravessa em pleno século XXi; » conhecer a educação Ambiental e sua importância a partir do estudo de suas dimensões: formal, não formal e informal; » esclarecer como a educação Ambiental pode facilitar o estímulo e a promoção de um desenvolvimento ecologicamente equilibrado, podendo ser utilizada de forma ativa e preventiva; » aprender como a crise ambiental está amparada em uma séria crise ética cuja solução implica a adoção de novos valores sensíveis à preservação do meio ambiente. 7 A Dimensão Socioambiental da Educação UNIDADE I 8 Apresentação Aqui iremos apresentar uma noção geral do que abordaremos na disciplina como um todo, enfocando, de forma sucinta, a relação entre educação e Meio Ambiente, fundamento do que entendemos por educação Ambiental, e ajudando a pensar mais a fundo a riqueza de um tema que está diretamente associado à sobrevivência humana. Objetivos esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: » obter uma compreensão mais ampla, crítica e consciente do que é o meio ambiente em suas diferentes dimensões: naturais, sociais, culturais, econômicas, etc. » compreender o ser humano como parte integrante da natureza; » reconhecer a dimensão socioambiental da educação e seu papel estratégico no sentido de conferir-lhe sentido e garantir que ela contribua na formação do aluno cidadão; » despertar para o papel e a importância da educação Ambiental e os valores a ela associados de cidadania, solidariedade, responsabilidade e ética ambiental. 1 AUlA INTRODUçãO: A RELAçãO ENTRE EDUCAçãO E mEIO AmbIENTE 9 INTRODUçãO: A RELAçãO ENTRE EDUCAçãO E mEIO AmbIENTE • AUlA 1 Introdução A relação entre educação e meio ambiente gostaria de dar-lhe as boas-vindas ao estudo deste caderno. esperamos que você aproveite bastante os temas aqui discutidos não deixando de conhecer melhor os significados e as definições associadas ao que chamamos de edUCAÇÃo AMBienTAl. Por meio de diferentes formas e estratégias, a educação Ambiental quer promover ampla conscientização ecológica que leve o homem a repensar sua postura diante da vida; fomentando, assim, um amplo processo de responsabilização individual e coletiva da sociedade em face do meio ambiente do qual faz parte. Assim sendo, queremos convidar você a seguir pelas trilhas da educação Ambiental e aprender maissobre o que ela é, para que efetivamente serve, seus limites e potenciais, para, a partir daí, termos condições de responder com mais segurança à proposta que ela faz a cada um de nós. Disponível em: <http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/03/04/educacao-ambiental-pode-virar-disciplina- obrigatoria-nas-escolas>. Acesso em: 21 ago. 2017. Para entendermos com clareza o que é educação Ambiental, é preciso, inicialmente, reconhecer a existência de uma profunda relação entre Educação e Meio Ambiente. não há a menor chance de se planejar, promover e realizar um processo educativo de qualidade, isto é, sério e eficiente, para a formação do cidadão, se o meio ambiente não for considerado. se não valorizamos o ambiente do qual emerge o educando – entendendo esse conceito dessa forma ampla, o que implica considerar não apenas suas dimensões físico-químicas, mas, também, as sócio-histórica e político-cultural – estaremos cometendo um grave erro pedagógico, na medida em que não será possível usar em aula elementos da realidade do aluno, de seu contexto, e, portanto, de seu relacionamento cotidiano, o que pode prejudicar severamente seu aprendizado. do mesmo modo, se desconsiderarmos o ambiente para onde o educando irÁ leVAr os conhecimentos aprendidos, ou seja, onde terá a possibilidade de aplicá-los ou utilizá-los para compreender melhor a sua realidade, tal educação será no mínimo inútil para não dizer alienada 10 AUlA 1 • INTRODUçãO: A RELAçãO ENTRE EDUCAçãO E mEIO AmbIENTE e desmotivante. Com isso, queremos chamar atenção a duas premissas, quando se trata de pensar a educação Ambiental: a. A verdade de que, desacompanhada da dimensão ambiental, a “educação perde parte de sua essência e pouco pode contribuir para a continuidade da vida humana” (CArVAlHo, 2002, p. 36), em outras palavras, ela perde seu sentido e corre o risco de tornar-se inútil; b. o reconhecimento de que essa perda de sentido se dá na medida em que toda educação é também ambiental. o reconhecimento das premissas anteriores não significa que estejamos aqui ingenuamente ignorando a existência de um tipo de prática pedagógica tradicional e tecnicista, que não seria sequer cidadã, que diria ambiental; o que infelizmente é inegável se examinarmos o contexto brasileiro. o próprio sistema educacional como um todo, na sociedade capitalista, é permeado determinantemente por interesses que confirmam a manutenção de um cristalizado sistema de classes obstáculo difícil de tranpor rumo a uma educação verdadeiramente libertadora. Com efeito, reconhecer a existência desse perverso sistema utilitarista, dito “educacional”, não anula a verdade de que a educação – enquanto um fator essencial à plena realização pessoal, assim como ao progresso e ao desenvolvimento da sociedade (HoCHleiTner, 1996) – traz, necessariamente, em seu âmago, uma dimensão ambiental, manifesta por intermédio de suas múltiplas expressões (naturais, biológicas, mentais, sociais, históricas, culturais, políticas, econômicas). Pensar o processo educativo apenas em um âmbito pessoal e interpessoal corresponderia à suposição de que a educação se processa em uma ilha isolada, não recebendo impactos socioculturais nem tendo qualquer contribuição à formação de uma sociedade mais justa. Como expõe o nosso grande mestre Paulo Freire (1997): [...] não há educação fora das sociedades humanas assim como não há homens isolados (...) o homem é um ser de raízes espaço-temporais. A instrumentação da educação (...) depende da harmonia que se consiga entre a vocação ontológica deste “ser situado e temporalizado e as condições especiais desta temporalidade e desta situacionalidade (Freire, 1997, p. 61). se considerarmos a finalidade da educação dentro dos princípios da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), veremos que, de acordo com seu artigo 2º, a educação teria por finalidade “o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A pergunta então a se fazer seria: é possível a concretização desses objetivos, desconsiderando a dimensão ambiental? Para refletir Antes de prosseguir, reflita sobre as duas premissas acima: Qual a sua opinião a respeito? Você concorda que, desacompanhada da dimensão ambiental, a educação perde parte de sua essência? Julga que toda educação é Ambiental? registre suas opiniões a respeito, de maneira que, ao final do estudo deste caderno, você possa comparar como sua opinião foi reforçada ou alterada em função de seu aprendizado. 11 INTRODUçãO: A RELAçãO ENTRE EDUCAçãO E mEIO AmbIENTE • AUlA 1 Marcos reigota (1991), um dos grandes estudiosos sobre o tema, afirmou, categoricamente, em um de seus artigos, que “o momento atual exige que não falemos mais em Educação Ambiental, mas simplesmente em educação”, como direito inalienável do homem, visando à não só a utilização racional dos recursos naturais, mas, também, à participação nas decisões que lhe dizem respeito, estabelecendo uma nova relação com a natureza, desenvolvendo uma nova razão que não seja sinônimo de autodestruição (reigoTA, 1991 apud rUTWosKi, 1993, p. 55). Apesar de nossa avançada constituição, no que concerne às questões ambientais (vide art. 225), só recentemente essas questões foram introduzidas de modo oficial no sistema escolar. em termos legais, somente em 1999 a educação Ambiental foi transformada em lei (lei nº 9.795/99), devendo, assim, ser mais difundida e reconhecida oficialmente como um componente urgente da educação. Todavia, ainda existem resistências aos pontos aqui abordados, e muitos docentes insistem em desconsiderar tais verdades. Alguns promovem educação ambiental sem ter consciência disso, ao relacionar o conteúdo de aula com a temática socioambiental, mas muitos insistem em sua prática pedagógica fragmentada, porém confortável, à medida que o reconhecimento da dimensão ambiental na prática educativa exige do professor maior qualificação para lecionar os conteúdos de sua área de trabalho de forma interdisciplinar, a partir de uma visão mais holística. Para entender o valor da temática ambiental, é importante compreender o valor de cada vida que integra esse grande ecossistema vital que denominamos Gaia. Saiba mais Gaia - gaia ou ge é a denominação da terra na mitologia grega, na qual ela é personificada como elemento gerador das raças divinas: urano (céu), as montanhas e Ponto (mar), Cronos, oceano, etc. Mais tarde, a ideia de gaia como geradora de deuses foi sendo substituída pela ideia de fertilidade da terra. Hoje, ao nos referirmos ao termo, referenciamos a Teoria de lovelock, segundo a qual o planeta terra é visto como um grande ser vivo, como um grande superorganismo autorregulador. Veja outros dados na obra de: CArVAlHo, V. Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitário. rio de Janeiro: WAK, 2002. Falar de uma educação Ambiental, independente da estratégia a ser utilizada ou do âmbito em que ela será desenvolvida, significa, acima de qualquer coisa, falar de uma educação para a vida em plenitude. das vidas presentes em um MiCroeCosssiTeMA celular até as vidas que garantem a sustentabilidade de um macroecossistema, como uma grande floresta. Saiba mais Ecossistema é a principal unidade de estudo da ecologia. A palavra tem origem nas palavras gregas oikos (eco = casa) + sistema (onde se vive). Pode ser entendida como um sistema composto tanto pelos seres vivos (meio biótico) quanto pelo lugar onde vivem (meio abiótico) além das relações destes entre si. o meio biótico envolve seres vivos autótofros, isto é, capazes de produzir seu próprio alimento como as plantas, e os heterótrofos, que não conseguem sintetizar seu próprio alimento como os animais. o meio abiótico, por sua vez, compreende elementos como o clima, a luz solar, os minerais. o conjuntode interações do meio biótico com o abiótico geram um ciclo de energia presente tanto em um microssistema como uma poça d´água (microssistema) como o próprio planeta como um todo (macrossistema). 12 AUlA 1 • INTRODUçãO: A RELAçãO ENTRE EDUCAçãO E mEIO AmbIENTE Para tratar dessas questões, é necessário enfocarmos uma série de temas que extrapolam as discussões sobre natureza e Meio AMBienTe em seus aspectos físicos e bioquímicos. em outras palavras, se quisermos compreender e defender a vida por meio da educação Ambiental, faz-se necessário discutirmos diversos temas de relevância social, como a valorização do patrimônio histórico, a preservação cultural, a promoção da saúde, a luta pela qualidade de vida, pelo acesso à escolaridade gratuita, pelo fim do desemprego, da violência, da exclusão social, da miséria e de muitos outros males sociais que têm impactos ambientais por vezes irreversíveis. A partir de tudo que vimos nesta aula, não é difícil entender porque afirmamos que a educação Ambiental é interdisciplinar por natureza e que trabalhar com ela é confiar no poder transformador e revolucionário da educação, que, se por um lado não pode mudar o mundo, pode, por outro, mudar a cabeça dos que nele vivem, conduzindo o ser humano a problematizar a realidade à sua volta e o seu papel nela como membro integrante. Sintetizando A legislação nacional define meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”, art. 3º, inc. i, da lei nº 6.938/1981 (lei da Política nacional do meio ambiente). Contudo, entender o que é meio ambiente implica tratar de algo que foi produzido histórica e culturalmente por meio de lutas e exploração. em outras palavras, a natureza reflete a devastação de nossos sistemas econômicos e sociais e, principalmente, de nossa crise de valores. Resumo nesta aula: » vimos aqui, resumidamente, como são profundas e complexas as relações entre educação e meio ambiente; » aprendemos a compreender a educação ambiental como uma dimensão da educação; » analisamos o que é educação ambiental a partir do exame de suas características e sua importância no momento atual; » entendemos a urgência da educação ambiental como uma forma de fazer frente à grave crise ambiental que o homem vem atravessando. 13 Apresentação Vimos, na aula anterior, como são amplas e complexas as relações entre educação e Meio Ambiente, e porque toda educação pode ser entendida como Ambiental, já que aquela não pode prescindir de sua dimensão ambiental, se quiser ser verdadeiramente útil e efetiva, atendendo aos requisitos da ldB. nesta aula, estudaremos de uma maneira mais aprofundada a definição, as dimensões, os fundamentos e a história da educação Ambiental. Vamos lá? Objetivos esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: » entender com clareza o conceito e o papel da eA frente à crise ambiental vigente, resultado, particularmente, de uma postura antropocêntrica, e o decorrente sentimento de dominação da natureza por parte do homem; » refletir sobre qual dos âmbitos da eA apresentados você melhor se identifica e conhecer, para uma atuação mais comprometida com a área, os valores que ela defende; » adotar em seu cotidiano posturas e práticas sustentáveis condizentes com a proposta da eA de levar o homem a se enxergar como parte integrante da natureza. 2 AUlA AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl? 14 AUlA 2 • AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl Que tal irmos direto ao ponto desta aula respondendo à pergunta: o que é educação Ambiental? A educação Ambiental pode ser entendida como um: ProCesso CrÍTiCo TrAnsForMAdor CAPAZ de ProMoVer UM QUesTionAMenTo MAis ProFUndo soBre A reAlidAde AMBienTAl nA QUAl o HoMeM se inTegrA, leVAndo-o A AssUMir UMA noVA MenTAlidAde eColÓgiCA, PAUTAdA no resPeiTo MÚTUo Ao Meio AMBienTe e Aos QUe dele FAZeM PArTe. o primeiro elemento-chave dessa definição é o de processo. A ideia de processo implica a realização de algo que demanda certo tempo e envolve uma série de variáveis, muitas delas difíceis de serem controladas. Muitas vezes, o trabalho dos educadores ambientais é o de iniciar esse processo lento e gradual, sem certeza absoluta de seus resultados. é como lançar sementes à terra. não sabemos se irão germinar e crescer. Podemos controlar alguns fatores como preparar a terra, adubando-a ou regando-a. Todavia, não conseguiremos controlar todas as variáveis envolvidas em suas fases de crescimento ou as mudanças climáticas que certamente irão afetá-la, acelerando ou retardando seu crescimento. o segundo diz respeito ao termo CrÍTiCo. A palavra se opõe ao termo “ingênuo”. Ao aprendemos mais sobre alguma coisa qualquer, passamos de uma consciência ingênua – leiga ou parcialmente leiga – para uma consciência crítica – conhecedora do objeto estudado. no caso da educação Ambiental, é fundamental que aprendamos mais sobre o meio ambiente e suas características. é necessário conhecer os ciclos fundamentais da natureza, os grandes biomas do planeta, os animais em risco de extinção, o perigo dos agrotóxicos, dos transgênicos, a degradação promovida pelo homem em seu habitat; enfim, uma série de informações que possam viabilizar um posicionamento crítico (consciente) em face de determinada situação. Atenção Para melhor entender essa definição, o ideal é irmos passo a passo a partir da compreensão dos elementos-chave que a compõem e que merecem ser problematizados com vistas ao entendimento da educação Ambiental e de seus desdobramentos. Saiba mais “Processo” é um Termo que se refere ao modo de proceder, operar ou ensinar. relaciona-se à técnica ou ao procedimento. no caso da educação Ambiental, ou em qualquer outro tipo de ação educativa, o autor chama atenção para as dificuldades de se obter resultados a curto prazo e aponta a própria deflagração de um processo como uma vitória do educador. 15 AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl • AUlA 2 Saiba mais Bioma: Já vimos a definição de ecossistema. o Bioma é um conjunto de ecossistemas que funcionam de forma estável e guardam entre si certa homogeneidade, considerando elementos como região (espaço geográfico), clima, vegetação, solo, altitude, etc. A palavra vem de (Bios = Vida) e (oma = grupo ou massa). em geral, no mundo, foram identificados 11 tipos de bioma: florestas tropicais, desertos, savanas, entre outros. Contudo, podem também existir sistemas mistos que combinem mais de um bioma. o Brasil possui seis biomas: Amazônia (maior bioma brasileiro), Caatinga, Cerrado, Pampa, Mata Atlântica e Pantanal (uma das maiores extensões úmidas do planeta). Para saber mais, consulte o site do ministério do meio ambiente (www.mma.gov.br). são ingênuos os posicionamentos da conservação ou proteção do ambiente natural desligados de outros questionamentos inter-relacionados direta ou indiretamente às temáticas ambientais, como as questões de foro político, cultural e econômico. Para o educador ambiental que deseja lutar por determinada causa, é fundamental conhecer o problema ambiental pelo qual se deseja enfrentar, buscando, antes de tudo, conhecer suas causas e consequências e, igualmente, pesquisando ampla e profundamente todos as informações pertinentes a ele (extensão do problema). o terceiro refere-se à ideia de TrAnsForMAÇÃo, possibilitada através do aprendizado. o conhecimento nos torna não apenas conscientes – o que, por si só, já representa uma mudança de ótica, de postura, de atuação frente a uma realidade sobre a qual nada ou pouco se sabia – mas, também, torna-nos mais responsáveis sobre o objeto conhecido. se eu não sabia que meu comportamento prejudicava algo ou alguém e, ainda assim, cometia-o, eu tenhouma parcela de culpa totalmente diferente da que eu teria se fosse consciente do mal que eu cometo em relação às suas consequências. A consciência muitas vezes nos faz cúmplices e, no caso da realidade socioambiental, pretende demonstrar o quanto todos nós somos um pouco responsáveis pelo processo de degradação ambiental que enfrentamos. do mesmo modo, é essa consciência ecológica que nos desperta não apenas para a culpa, mas para a certeza de que a possibilidade de transformação dessa triste realidade não pode advir de outro modo se não pela participação ativa de cada um de nós. o quarto termo a destacar leva-nos a entender que não apenas estamos inseridos no meio ambiente: “inTegrA”. se eu integro algo, faço parte desse algo, ou melhor, sou também esse algo. se alguém faz mal a esse algo, é também a mim que o faz. se eu faço mal a esse algo, é a mim mesmo que estou fazendo. A compreensão de que todos nós, homens e mulheres, adultos e crianças, pobres Atenção A esse suicídio que o autor se refere, chamamos de “ecocídio”. é uma espécie de suicídio indireto, uma vez que o homem não se mata, mas mata o ambiente do qual faz parte, o que acaba a longo prazo promovendo sua própria morte. 16 AUlA 2 • AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl ou ricos, compomos juntos o meio ambiente com seus ricos e complexos ecossistemas é uma das lições mais valiosas da educação Ambiental. Por intermédio da sua mensagem, entendemos que, ao destruir o planeta, não estamos destruindo apenas o nosso lar, o único que conhecemos com características específicas próprias a nossa sobrevivência, mas a nós mesmos, em uma espécie de suicídio lamentável. A ideia de integrar algo nos remete igualmente ao pensamento de que não estamos sós. de que somos tão somente mais uma espécie viva que, junto com centenas de outras, tem vivido nesse planeta vencendo desafios e buscando sobreviver. de que tudo o que acontece a um único ser vivo nessa grande teia, que é esse grande ecossistema vital, o qual ajudamos a compor, afeta-nos profundamente, ainda que de maneira tardia. Não existe um ser vivo, animal ou vegetal, que não esteja de algum modo interligado a outros de uma forma equilibrada. essa é uma das leis mais importantes do cosmos. outro termo a destacar é o vocábulo resPeiTo, cuja reflexão mais apurada leva-nos a nos aprofundar no conceito de ética. A «ética do cuidado» que leonardo Boff (1999) tanto ressalta em suas obras. respeitar algo é procurar entendê-lo e aceitá-lo como ele é, ainda que com ele não concordemos. infelizmente não respeitamos a lógica da natureza, comumente ignoramos as necessidades de outros seres vivos além de nós e desrespeitamos seus ciclos e sua existência em nome de valores econômicos e antropocêntricos. Por fim, destacamos o vocábulo adjetivado “nova mentalidade”. ora, se estamos falando de algo novo, então isso significa algum tipo de mudança, se não uma inovação, pelo menos uma renovação a partir de ideias e ideais antigos que não servem mais para entender o meio ambiente. essa nova mentalidade é que nos faz enxergar, a partir de tudo que foi dito anteriormente, a nós mesmos (e isso envolve a forma como lidamos conosco, com as nossas atitudes, posturas, escolhas, etc.) e ao meio do qual fazemos parte. é essa nova mentalidade que nos faz ver a vida a partir de uma lógica diferenciada, pautada em valores sustentáveis, e isso se traduz em nosso cotidiano na hora de usar a água, nos alimentar, fazer compras, dirigir, descartar nossos resíduos e tantas outras atividades. Passamos a ser mais responsáveis ambientalmente com nossos comportamentos, e isso não é uma mudança pequena ou simples, pois está alicerçada em uma visão crítica e política (no sentido amplo da palavra) sobre a forma de como temos vivido e como temos deixado os demais seres vivos viverem. essa é a mudança que a educação Ambiental verdadeiramente almeja. não se trata apenas de aprender, mas de ter a sabedoria de colocar em prática. sem essa mentalidade nova, que ocorre de dentro para fora, isso é muito difícil. Saiba mais Antropocêntrico: Termo referente a ideia do ser humanocomo centro ou a medida de todas as coisas. 17 AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl • AUlA 2 é claro que sempre teremos as leis, elas são fundamentais à vida na coletividade e à garantia de direitos fundamentais. Contudo, a verdadeira mudança não acontece pelo medo de que sejamos denunciados ou pegos “com a mão na massa”, pelas multas que teríamos de pagar ou por outras sanções quaisquer previstas em lei, e sim por uma convicção interior de que não está certo continuarmos vivendo como antes, ignorando e desrespeitando aquilo que somos, nós somos a natureza. é isso que chamamos aqui de “nova mentalidade ecológica”. A crise socioambiental com a qual o homem se depara em pleno século XXi é, antes de tudo, um reflexo de uma grave crise de ética. A ausência de uma postura ética técnico-científica que pudesse ordenar as ações do homem sobre a natureza, baseada no respeito mútuo entre esses dois elementos, ajuda-nos a compreender melhor como a civilização moderna pode alcançar um estágio prejudicial à própria continuidade da vida no planeta. não é por acaso que a origem da palavra ética, advinda da raiz grega ethos (costume), é a mesma, refere-se ao local onde o homem vive, mora ou passa grande parte de seu tempo. Vale destacar que o objetivo da educação Ambiental não se resume a disseminar informações sobre o meio ambiente, mas a promover uma nova postura diante da vida, UMA PosTUrA éTiCA do ViVer, que se dedica não apenas a situações referentes ao esgotamento e à deterioração dos recursos naturais por meio da poluição ou da extinção de espécies. é uma nova postura diante das injustiças sociais, do empobrecimento sociocultural e da desigual distribuição de renda, promotora de desigualdades (CArVAlHo, 2003). Assim como qualquer processo educativo tem como fim a aprendizagem no seu sentido mais amplo, ou seja, a percepção e adaptação mental de impressões, informações e experiências no sentido de ampliar, aprofundar e transformar conhecimentos, conceitos, atitudes e comportamentos tanto individuais quanto grupais (doHMen, 1981)), a educação Ambiental, da mesma maneira, também assume como meta principal determinada aprendizagem individual. entendida enquanto uma necessidade permanente, a aprendizagem pretendida pela educação Ambiental visa a que o indivíduo reconheça e compreenda melhor o meio ambiente do qual faz parte, buscando novas formas de relacionamento com ele, pautadas nos princípios de respeito e integração ambiental. A educação ambiental e seus âmbitos Ao afirmarmos que alguém está realizando algum trabalho de educação Ambiental, faz-se necessário compreender que tipo de atividade está sendo implementada e identificar em que âmbito a educação está sendo promovida, pois isso nos ajudará a entender melhor o alcance Sugestão de estudo Para ver outras definições de educação Ambiental, não deixe de conferir o site: <http:// www.apoema.com.br/definicoes.htm>. 18 AUlA 2 • AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl do trabalho efetivado em termos de seus limites e potencialidades. Atualmente, existem três âmbitos de atuação da educação Ambiental: formal, não formal e informal. Vejamos cada um deles e sua importância para o estudo da educação Ambiental. ÂmbITO FORmAL (ou institucional) Disponível em: <http://www.diariodonoroeste.com.br/noticia/cotidiano/estadual/53576-educacao-ambiental-sera- incluida-no-curriculo-das-escolas-do-parana-em-2014>. Acesso em: 10 dez. 2015. nesse âmbito, existe um currículo estruturado com uma intenção particular bem definida, com mecanismos avaliativos, sequências temporais, dentro de um processo geralmente conduzido na instituição escolar, abrangendo quatro níveis de ensino: 1º e 2º graus, a graduaçãoe a pós- graduação (BrÜgger, 1994, p. 32). no caso da educação Ambiental, o trabalho nesse âmbito é o mais frequente, e se efetiva juntamente com professores e alunos, dentro de uma postura interdisciplinar que valoriza a participação do alunado no processo de aprendizagem e cuja orientação de seu foco pedagógico é voltada aos problemas objetivos de sua realidade (oliVeirA, 1993, p. 18). de acordo com a UnesCo, a educação Ambiental pode ser entendida nesse âmbito: [...] desde a simples introdução de conceitos ambientais nas disciplinas tradicionais, até a integração total em torno de um projeto de ação passando pela convergência de disciplinas que possuem certas afinidades teóricas e metodológicas (UnesCo apud BeZerrA; CosTA, 1992, p. 39). Quando se tem a pretensão de desenvolver no ser humano, desde seus primeiros anos de vida, uma atitude de respeito e integração ambiental, não há dúvidas de que a promoção da educação Ambiental em todos os níveis de ensino deve ser um imperativo. isso talvez explique porque a maior parte dos projetos e/ou programas de educação Ambiental no estado do rio de Janeiro tem trabalhado nesse âmbito de atuação, enxergando docentes e discentes como agentes multiplicadores de opinião e revendo a própria unidade escolar como uma grande agência de formação e desenvolvimento social. Procura-se atuar não apenas sobre os conhecimentos explícitos da escola, mas, também, os valores e as ideologias que perpassam a instituição e são transmitidos através da dinâmica de suas relações, do currículo ativo e das metodologias empregadas (gArCiA, 1993, p. 35). 19 AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl • AUlA 2 recentemente, esse âmbito vem se dividindo em: Educação ambiental formal presencial Educação ambiental formal não presencial no segundo caso, inserem-se as propostas de educação Ambiental a distância, em que o educando tem a oportunidade de realizar uma série de cursos e se manter informado sobre as últimas produções na área por meio de Cds, livros, sites, softwares. essa é uma proposta ainda bastante discutida em função da metodologia utilizada e da conscientização ambiental que pode vir a produzir. o ideal é que ela seja efetivada por uma equipe experiente que valorize os encontros presenciais com os educandos como parte integrante do funcionamento, de modo a suprir o distanciamento entre professor e aluno, bem como do aluno com a natureza em geral. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/educacao/formacao-formadores-educacao-ambiental-via-modalidade-. htm>. Acesso em: 10 dez. 2015. Sugestão de estudo Para um aprofundamento no estudo sobre educação Ambiental não presencial, recomenda-se a leitura da obra CArVAlHo, V. Interfaces entre Educação Ambiental e Educação a Distância. rio de Janeiro: WAK, 2015. esse livro traz uma série de artigos sobre educação a distância e uma pesquisa na área realizada no âmbito de um curso de Pedagogia de uma universidade particular do rio de Janeiro. Saiba mais Ecopedagogia: no âmbito da Educação Ambiental Formal, Moacir Gadotti, conhecido educador, prefere o uso do termo Ecopedagogia. Uma proposta de Educação Ambiental formal voltada a uma substituição da racionalidade da dominação por uma racionalidade da comunicação, por meio de uma reorientação curricular. Para saber mais, consulte a obra de gadotti (1996) destacada na bibliografia deste caderno. 20 AUlA 2 • AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl Um ÂmbITO NãO FORmAL Disponível em: <http://ama-amigosdaterra.org/educacao-ambiental>. Acesso em: 10 dez. 2015. esse âmbito, por sua vez, tem como foco a comunidade e suas unidades vitais, como igrejas, escolas, clubes, centros comunitários, associações, etc. nesse âmbito de trabalho, os enfoques que privilegiam uma precisão cronológica e um ritmo avaliativo determinante são descartados e os fatores a eles inerentes, relevados a segundo plano em relação ao tempo de reação da comunidade dentro de um processo mais amplo. Fora do espaço curricular, existe uma série de atividades desenvolvidas em termos de educação Ambiental não formal, como a promoção de campanhas, palestras, encontros, congressos, reuniões e aplicação de programas mais sistematizados de trabalho com comunidades (MACiel et al., 1994). Por exigirem mais tempo, considerando a comunidade como um todo, em um trabalho conjunto com as muitas unidades vitais que a compõem (comércio local, associações diversas, clubes, escolas e outras), os projetos de educação Ambiental nesse âmbito infelizmente são ainda bastante reduzidos. Um ÂmbITO INFORmAL Disponível em: <http://www.caritas.pt/setubal/index.php?option=com_content&view=article&id=2636:inclusao-de- utentes-nas-actividades-da-bandeira-azul&catid=99:noticias& itemid=31>. Acesso em: 10 dez. 2015. 21 AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl • AUlA 2 Atividades de educação Ambiental nesse âmbito geralmente são efetivadas através de meios informais de comunicação, tais quais jornais, panfletos, cartas, cartazes, filmes, programas de rádio e TV, podendo se concretizar em qualquer lugar. Apesar dos inegáveis resultados, o problema do trabalho educativo nesse âmbito refere-se ao fator avaliativo, de difícil mensuração em termos do impacto real obtido. em programas realmente efetivos de educação Ambiental, esse âmbito de trabalho é aliado a um dos dois anteriormente apresentados. ou seja, ele funciona como um reforçador coadjuvante das estratégias formais e não formais de educação Ambiental. os motivos são óbvios: não se faz educação Ambiental distribuindo folhetos ou passando vídeos, essas atividades fazem parte de algumas etapas com finalidades e estratégias específicas dentro de uma pedagogia educativa mais ampla. nesse sentido, vale sublinhar que a proposta que a eA traz é a formação de uma consciência crítica, pautada na participação e na responsabilidade social, e não apenas de educar para a ecologia ou fornecer aos educandos um conjunto de informações ambientais. Apesar de serem essencialmente diferentes encerrando diretrizes variadas e formas de concretização distintas, esses âmbitos não devem, em absoluto, ser entendidos como manifestações estratégicas isoladas de uma modalidade educativa, mas, sim, como partes de um mesmo modelo de pensamento e ação na luta por uma melhor qualidade de vida. é extremamente comum em um programa de educação Ambiental o emprego simultâneo de estratégias que privilegiam um ou outro âmbito de atuação, de acordo com determinado momento da realização do trabalho, não existindo restrições quanto ao espaço pedagógico a ser utilizado. independente do âmbito em que determinado projeto ou programa de educação Ambiental esteja inserido, o importante é que este tenha possibilidade de cumprir seu compromisso social, ou seja, o de “informar, conscientizar, convocar, questionar, denunciar, sensibilizar e contribuir para a mudança de base do ser humano”, uma passagem da razão à solidariedade baseada em uma nova ética socioambiental (grÜn, 1994). é por esse compromisso que o valor da educação Ambiental pode ser considerado tanto do ponto de vista preventivo, atuando antes que o problema ambiental venha a ocorrer (estando este na eminência de acontecer ou não), quanto do ponto de vista defensivo, agindo durante e depois de o problema ecológico já ter se manifestado, buscando maneiras de saná-lo ou, no mínimo, atenuá-lo. Sugestão de estudo Para conhecer as diferentes possibilidades metodológicas aplicadas aos âmbitos da educação Ambiental, é recomendável a leitura da obra de Pedrini, A.; sAiTo, C. (orgs.). Paradigmas Metodológicos da Educação Ambiental. Petrópolis: Vozes, 2015. 22 AUlA 2 • AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl E o que diz a lei? embora não seja aqui nosso objetivo fazer uma análise legal mais aprofundada da educação Ambiental, vale a pena se pretendemos compreendermelhor os diferentes âmbitos acima citados e a sua efetivação no contexto brasileiro. é importante dar uma boa conferida em alguns artigos da lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, a começar pelo primeiro deles: Art. 1o – entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. o caráter dado a essa educação está explicitado no Art. 2o: Art. 2º: A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. Para garantir ampla presença, a lei atribui incumbências ao Poder Público, às instituições educativas, à mídia, aos órgãos do sistema nacional de Meio Ambiente (sisnAMA), às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas e à sociedade como um todo. Saiba mais SISNAMA O que é o SISNAMA? é um conjunto articulado de órgãos, entidades, regras e práticas responsáveis pela proteção e pela melhoria da qualidade ambiental, estruturando-se por meio dos seguintes níveis político-administrativos: » Órgão superior – Conselho de governo, que reúne a Casa Civil da Presidência da república e todos os ministros. Tem a função de assessorar o presidente da república na formulação da política nacional e das diretrizes nacionais para o meio ambiente e os recursos naturais. » Órgão consultivo e deliberativo – Conselho nacional do Meio Ambiente (ConAMA). reúne os diferentes setores da sociedade e tem caráter normatizador dos instrumentos da política ambiental. » Órgão central – Ministério do Meio Ambiente. Tem a função de planejar, coordenar, supervisionar e controlar as ações relativas à política do meio ambiente. » Órgão executor – instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos naturais renováveis (iBAMA). está encarregado de executar e fazer executar as políticas e diretrizes governamentais definidas para o meio ambiente. » Órgãos seccionais – de caráter executivo, essa instância do sisnAMA é composta por órgãos e entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e projetos, assim como pelo controle e fiscalização de atividades degradadoras do meio ambiente. são, em geral, as secretarias estaduais de Meio Ambiente. 23 AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl • AUlA 2 » Órgãos locais – Trata-se da instância composta por órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades em suas respectivas jurisdições. são, quando elas existem, as secretarias Municipais de Meio Ambiente. A mesma lei estabelece (art. 4o, inc. i a Viii) como princípios básicos da educação Ambiental: » o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; » a concepção de meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; » o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; » a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; » a garantia de continuidade e permanência do processo educativo, a permanente avaliação crítica do processo educativo; » a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; » o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural. A observância a esses princípios permite ao legislador concluir aquilo que está explícito no artigo 5º, quando este esclarece os objetivos de educação Ambiental. em outras palavras, esse artigo se presta a responder à pergunta: para que serve a educação Ambiental? ArTigo 5º i - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; iV- o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; Vi - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; Vii - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. 24 AUlA 2 • AfinAl, O quE é EDucAçãO AmbiEntAl A escola, enquanto uma instituição produtora de conhecimentos e formadora de opiniões, assume papel preponderante na concretização dos objetivos legais acima expressos. o ideal é que o processo de conscientização ecológica comece cedo em um trabalho de base com as crianças que já vão crescendo e se desenvolvendo pautadas em ideais de sustentabilidade e respeito ao ambiente do qual são parte integrante. Contudo, infelizmente, como já denunciaram vários autores, como Henrique leff (1999), frequentemente os valores para um ambiente saudável têm sido reduzidos na escola à conservação da natureza física, enquanto os princípios têm sido internalizados no ensino formal como uma listagem de problemas socioambientais causados pela ação humana. A forma sugerida por leff para superar visões restritas é olhar para a eA como algo que requer a construção de novos objetos interdisciplinares de estudo através da problematização dos paradigmas dominantes, da formação dos docentes e da incorporação do saber ambiental emergente em novos programas curriculares (leFF, 1999). no entanto, desenvolver um novo olhar que possibilite o entendimento da questão ambiental de forma não linear, crítica e multidimensional tem sido um difícil desafio constante para todos os que atuam na área. Afinal, ninguém disse que tarefa seria fácil. Resumo nesta aula: » Tivemos a chance de analisar de perto o que é educação Ambiental através do estudo de seus diferentes âmbitos de Análise; » Analisamos como a lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, define a educação Ambiental, seus princípios e objetivos, define responsabilidades em seus diferentes âmbitos e a garante como um direito da população; » refletimos sobre o papel da escola como facilitadora dos processos de conscientização ecológica, muito embora ainda persista nela uma visão reducionista da questão ambiental; » Vimos o quanto a eA precisa superar compreensões restritas não apenas sobre ela, mas também sobre a própria natureza e o meio ambiente. 25 A Educação Ambiental de Ontem e de Hoje UNIDADE II 26 Apresentação na unidade anterior, tivemos a chance de refletir mais sobre o que é educação Ambiental a partir da consideração de seus elementos e, principalmente, da análise de diferentes autores que atuam na área. nesta aula, estudaremos melhor sua trajetória histórica, ou seja, o caminho que a educação Ambiental seguiu desde o seu surgimento. Focaremos, de uma forma mais consistente, o período relativo à década de 60 até seus desafios atuais em pleno século XXi. Objetivos esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: » compreender um pouco da evolução da educação até atingir seu clímax através da Política nacional de educação Ambiental; » entender que os eventos que marcaram a educação Ambiental contribuíram não apenas para uma melhor definição dela, como também para seu aperfeiçoamento e conquistas;» reconhecer os principais avanços da educação Ambiental no campo da legislação; » ter a clareza de que a história da educação Ambiental continua por meio de nossas atitudes e posturas, a partir do que realizamos na área em um processo de construção permanente. 3 AUlA A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) 27 A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) • AUlA 3 Analisando a Trajetória da Educação Ambiental Disponível em: <http://www.autossustentavel.com/2014/06/tempo-vou-te-fazer-um-pedido.html>. Acesso em: 10 dez. 2015. o surgimento da educação ambiental se dá a partir do final da década de 60, sob a influência da contracultura e dos movimentos sociais que reivindicam melhor qualidade de vida e questionam o padrão de desenvolvimento da sociedade ocidental. nesse momento, a educação Ambiental desponta como alternativa, mas, sobretudo, como uma importante estratégia na busca de saídas possíveis para a procura de novos rumos que possam dar conta de nossa trajetória comum, que deverá passar a ser sustentada, agora, desde a tomada de consciência de que o planeta vive uma crise sem precedentes em sua história. As grandes conferências As décadas de 70 e 80 no cenário oficial, a educação Ambiental é lançada em 1972, na Conferência das nações Unidas para o Ambiente Humano, em estocolmo, suécia. Assim, essa atividade passa a ser uma importante ferramenta na construção de um futuro necessariamente sustentável e comum a todos. A partir desse pressuposto, o mundo observa a importância premente de tratar a educação Ambiental como uma espécie de alvo de uma série de importantes encontros de autoridades internacionais. Ainda na conferência de estocolmo, em 1968, a recomendação 96, resultante do documento final da conferência, afirmava que o desenvolvimento da educação Ambiental é o elemento crítico para o combate à crise ambiental do mundo, sendo de grande importância estratégica dentro dos esforços de busca de melhoria de qualidade de vida (diAs, 1992). Saiba mais Conferência da Biosfera (1968): Antes da Conferência de estocolmo em 1972, já havia ocorrido a Conferência da Biosfera em Paris no ano de 1968. essa conferência marcou a primeira vez que os povos e governos do mundo se reuniram para discutir a Biosfera como preocupação internacional. nessa conferência, já se percebia certa ênfase na aplicação e nos desenvolvimentos de Programas em educação Ambiental. 28 AUlA 3 • A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) A partir desse momento, decidiu-se que se faria um grande encontro internacional para se tratar da implementação da educação Ambiental no mundo, o que ocorreu em Belgrado na ex– iugoslávia, em 1975. na conferência de Belgrado, como ficou conhecido esse primeiro marco, foram formulados princípios e orientações para o ProgrAMA MUndiAl de edUCAÇÃo AMBienTAl, documento esse conhecido como CArTA de BelgrAdo, que marca um passo importante e traz uma proposta ética alternativa para a crise global. Saiba mais Que tal conhecer melhor a famosa CArTA de BelgrAdo 1975? Veja por meio de tópicos como a educação Ambiental foi pensada neste famoso documento: Objetivos da educação ambiental Consciência: adquirir maior sensibilidade e consciência do meio ambiente em geral e dos problemas decorrentes; Conhecimento: adquirir uma compreensão básica do meio ambiente, em sua totalidade, dos problemas conexos, e da presença e função da humanidade nele, o que justifica uma responsabilidade crítica; Atitudes: adquirir valores sociais, um profundo interesse pelo meio ambiente, e a vontade de participar ativamente em sua proteção e melhoramento; Aptidões: adquirir aptidões necessárias para resolver os problemas ambientais; Capacidade de Avaliação: avaliar as medidas e os programas de educação Ambiental em função dos fatores ecológicos, políticos, econômicos, sociais, estéticos e educacionais; Participação: desenvolver seu sentimento de responsabilidade e tomar consciência da urgente necessidade de prestar atenção aos problemas do meio ambiente, para assegurar que se adotem medidas adequadas. Disponível em: < http://www.meioambiente.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=71 >. Acesso em: 21 ago. 2017. Três anos depois de estocolmo, foi criado o ProgrAMA inTernACionAl de edUCAÇÃo AMBienTAl (PieA), em conjunto com a UnesCo, que atua promovendo cursos, programas de capacitação e formação, eventos, além de produzir informativos e publicações sobre o assunto no mundo. o PieA é também o responsável pela importante publicação Environmental Education Series, que relata experiências de todo o mundo, e do boletim periódico Contacto, distribuído em várias línguas para todos os continentes. A partir daí, seguindo recomendações da UnesCo e do PnUMA, foi organizada a Conferência de Tbilisi (atual geórgia, na antiga União das repúblicas socialistas soviéticas – Urss) em 1977, conhecida como a “Primeira Conferência intergovernamental sobre educação Ambiental”, onde foram traçados os principais fundamentos, recomendações, objetivos e estratégias de ação. Constitui-se um dos principais documentos produzidos, no qual estão as principais orientações pedagógicas e sugestões estratégicas para o desenvolvimento da educação Ambiental, sendo até hoje considerado um importante instrumento, indispensável à consulta. 29 A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) • AUlA 3 na Conferência de Tbilisi, a educação Ambiental foi definida como uma dimensão da educação com uma orientação específica. Vejamos sua definição: [...] uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares, e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade (diAs, 1992 p. 31). durante a década de 70, vários acordos foram ratificados pelos governos de diversos países, mostrando uma mobilização em quase todo o mundo com a questão ambiental, sobretudo com a educação Ambiental, considerada primordial e de relevante interesse nacional em vários países, que a incluíram em seus planos e estratégias nacionais. no Brasil, o quadro, no entanto, era bastante diferente. refletindo a posição dos países ditos “em desenvolvimento”, a preocupação com a questão ambiental se fazia sentir como um freio para o franco processo de desenvolvimento almejado pela política militarista de então. logo, a política brasileira desde cedo mostrou-se avessa às tendências preservacionistas mundiais, que eram percebidas de forma antagônica, como verdadeiras inimigas do desenvolvimento. Após quase duas décadas de atraso, depois de difíceis negociações e pressões internacionais, o governo brasileiro começa os primeiros movimentos de aceitação das novas tendências mundiais, e apenas durante a década de 80 o país começa a promover uma série de medidas a fim de regulamentar a Política nacional de Meio Ambiente. Mediante a lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, aprovou-se a criação do sistema nacional de Meio Ambiente (sisnAMA), do Conselho nacional de Meio Ambiente (ConAMA) e do Cadastro Técnico Federal de Atividades e instrumentos de defesa Ambiental. o ConAMA define a educação Ambiental como “um processo de formação e informação, orientado para o desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais, e de atividades que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental” (MoTA JÚnior, 2009). na lei nº 6.938/1981, a educação Ambiental aparece no art. 2º, inc. X, onde se lê: “educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá- la para a participação ativana defesa do meio ambiente”. em 1986, é realizado o i seminário sobre Universidade e Meio Ambiente, na Universidade de Brasília (UnB), onde surgem importantes resoluções e sugestões, sendo considerado como um dos primeiros e principais documentos gerados por experiências brasileiras. o ano de 1988 é marcado pela Assembleia nacional Constituinte, a primeira após o extenso período de regime militar autoritário. os constituintes começam a se preocupar com as questões de meio ambiente e criam uma comissão parlamentar para debater a questão com a participação popular. é 30 AUlA 3 • A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) promulgada, então, a Constituição da república Federativa do Brasil, contendo um capítulo para tratar a questão ambiental, no qual se pode ler, no capítulo Vi, art. 225, inc. Vi: “Promover a Educação Ambiental em todos os níveis e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. no ano seguinte, é criado o instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos naturais renováveis (iBAMA), por meio da junção de outros órgãos públicos. o iBAMA cria então a divisão de educação Ambiental (died), que passa a ser responsável pelos núcleos de educação Ambiental (neAs) nos estados, cuja função é elaborar projetos, divulgar e desenvolver atividades sobre o assunto. Os anos 90 – o início da participação do empresariado: A onU declara 1990 o Ano inTernACionAl do Meio AMBienTe, e o Brasil se prepara para sediar o mais importante evento governamental já ocorrido no país, a rio-92, ou Conferência das nações Unidas para o Meio Ambiente e desenvolvimento (CnUMAd), oficialmente denominada “Conferência de Cúpula da Terra”. ocorrida no rio de Janeiro, em junho de 1992, a reunião contou com representantes de 182 países, e 103 chefes de estado estiveram presentes, aprovando cinco acordos oficiais internacionais: a declaração do rio sobre Meio Ambiente e desenvolvimento ou Carta do rio; a Agenda 21; a declaração das Florestas; a Convenção-Quadro sobre Mudanças climáticas e a Convenção sobre Biodiversidade. Paralelamente ao evento oficial que ocorria afastadamente, em local de acesso restrito, no rio Centro, estava acontecendo um megaevento popular, de proporções ainda maiores. o Fórum global, como ficou conhecido, reuniu cerca de 10.000 organizações não governamentais (ongs), que se aglomeraram debaixo de imensas tendas para discutirem os problemas que atingiam o mundo de então. Foi o primeiro encontro popular a reunir representantes de todas as partes do mundo com vistas a discutir seus problemas. durante 15 dias, o rio de Janeiro presenciou a deliberação de importantes tratados aprovados pelas ongs em discussões abertas ao público. entre os Tratados, destaca-se o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global resultante dos trabalhos da Jornada internacional de educação Ambiental, um dos documentos mais importantes produzidos para a área, no qual podem ser encontrados princípios, plano de ação, sistema de coordenação, monitoramento e avaliação, grupos a serem envolvidos e recursos. A elaboração do Tratado foi um esforço coletivo conseguido em função da coordenação de Moema Viezzer e omar ovalles, que lançaram, em 1995, o Manual Latino Para refletir Você percebeu quantas definições existem para educação Ambiental e como elas foram se aperfeiçoando ao longo de cada conferência? Com qual definição você se identificou mais? 31 A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) • AUlA 3 Americano de Educação Ambiental, um valioso livro contendo sugestões metodológicas de ação. segundo Pedrini (1998, p. 24), esse Tratado, “enriquece os já existentes e difere deles pelo fato de ter sido produzido pelo homem comum, e ser fruto de calorosas discussões entre educadores”. em 1993, o iBAMA divulga uma cartilha básica sobre a educação Ambiental em que aparece a seguinte definição oficial: A educação Ambiental é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência de seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros (PreFeiTUrA do rio de JAneiro, 2017, p. 1). durante o ano de 1994, o rio de Janeiro sedia o i encontro Brasileiro de Ciências Ambientais, no qual são apresentados vários trabalhos na área ambiental, inclusive em educação Ambiental. esse encontro constitui-se um marco inicial, fundando um foro de debates acadêmicos, sendo seus anais uma rica fonte de pesquisa e informação. Ainda em 94, o iBAMA cria o Programa nacional de educação Ambiental (PneA), lançando em 95 as “diretrizes de educação Ambiental” (deA), que prevê a criação do Programa de estudos e Pesquisas em educação Ambiental (PePeA). esse programa ainda não foi cumprido, assim como o PneA e o deA, que faltam ser implementados plenamente. os anos de 1995 e 1996 assistem à mobilização das ongs brasileiras de uma forma mais eficaz e madura. As ongs se organizam, elaboram seus estatutos e começam a funcionar através de projetos. Vários desses projetos têm um caráter preparatório para a implementação e o desenvolvimento das Agenda 21 locais. A realização da eCo–Aplicada 95, iV encontro latino-Americano de educadores Ambientais, também no rio, dá indicações dos movimentos e articulações das ongs e do Poder Público para tornar realidade o projeto Agenda 21. nesse ano, fortalecem-se as redes de educação Ambiental, sendo são Paulo o ponto de maior profusão delas. Assim, por esforços coletivos, algumas cidades brasileiras, por meio de suas prefeituras e dos movimentos sociais, já começavam, a passos largos, a implementar, em 1997, o programa da Agenda 21 local, em suas regiões. e durante a rio+5, em março de 97, Conferência que visava a debater os avanços realizados nos cinco anos após a rio-92, algumas experiências já puderam ser mostradas. no rio de Janeiro, destacam-se as atuações das ongs defensores da Terra, grUde (grupo de defesa ecológica), iser (instituto de estudos da religião), roda Viva, entre outras. sugestão de estudo Um dos documentos mais conhecidos na área de educação Ambiental é o “Tratado de educação Ambiental para sociedades sustentáveis e responsabilidade global”, desenvolvido no Fórum Paralelo durante a rio-92. Para maiores informações, acesse o site <http://portal.mec.gov. br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/tratado.pdf> data de Acesso: 21/08/2017. 32 AUlA 3 • A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) em 97, também se celebrou a aprovação da nova lei de diretrizes e Bases da educação (ldB), de autoria do antropólogo, educador e senador darcy ribeiro, falecido no mesmo ano. A nova ldB, ou lei darcy ribeiro, como ficou conhecida, coloca a educação Ambiental no currículo básico escolar como disciplina pedagógica complementar aos 20% adicionais de carga horária adicionados por lei para o ensino básico. Para alguns educadores, a lei darcy ribeiro é considerada um retrocesso por colocar a educação Ambiental como uma disciplina a mais, não correspondendo às premissas sugeridas de interdisciplinaridade e participação voluntária. no entanto, a realidade do país evidencia a necessidade de uma organização mais formal para que a educação Ambiental se torne viável e exequível; além do mais, a lei permite a flexibilidade desse ponto para as situações em que é possível a interdisciplinaridade; por outro lado, alguns educadores consideram a educação Ambiental a nova forma da educação em si, em razão de suas características. o ano de 1998 foi marcado pela grande produção de importantes publicações na área, incluindo trabalhos inéditos contandoa trajetória da educação Ambiental no Brasil e as reflexões sobre algumas experiências práticas já desenvolvidas, como o importante trabalho organizado por Pedrini (1998), que reúne textos de diversos autores da área. A pesquisa nacional “o que o brasileiro pensa do meio ambiente, do desenvolvimento e da sustentabilidade” trouxe as análises quantitativas e qualitativas de entrevistas realizadas com lideranças atuantes da área ambiental, tais como empresários, políticos, membros de movimentos sociais, cientistas, entre outros. o ano de 1999 é marcado pela consolidação das redes e de encontros regionais, além de uma intensa produção de coletâneas de artigos publicados em livros. Conferências e encontros científicos também marcam esse ano que viu ser sancionada a lei de educação ambiental, instituindo-a como disciplina obrigatória em todos os níveis de ensino e também como uma saudável polêmica ainda hoje discutida sem um consenso por muitos educadores ambientais. A recente lei de educação ambiental, que teve a participação da sociedade civil em sua elaboração, trouxe consequências no estado do rio de Janeiro bastante interessantes no que diz respeito à consolidação dos setores militantes na educação ambiental regional. grupos ambientalistas militantes passaram a ter mais coesão e interação entre si, buscando, via internet, uma articulação maior dos esforços. Uma importante rede foi montada, chamada eAlatina, em que diariamente cerca de 70 pessoas estão conectadas em rede, trocando informações sobre a área de interesse. Além dessa rede, podem ser encontrados hoje mais de centenas sites sobre educação ambiental na internet, a maioria mantida por ongs, embora também haja universidades, órgãos públicos e empresas especializadas em oferecer o serviço de implementação de programas de educação ambiental. 33 A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) • AUlA 3 O início de um novo milênio no ano de 2000, a então criada Coordenação geral de educação Ambiental (CoeA), do Ministério da educação, promove uma importante teleconferência sobre os Parâmetros Curriculares em Ação sobre o Meio Ambiente (PAMA), na qual participam mais de 1.500 escolas em todo o território nacional. em 2001, a CoeA promove o seminário nacional de educação Ambiental, reunindo secretarias de educação Municipais e estaduais e instituições em todo o país, investindo na disseminação dos PCns que utilizam a problemática ambiental como tema transversal. em 2002, ocorre, em Joanesburgo, na África do sul, a iii Conferência internacional sobre Meio Ambiente e desenvolvimento, conhecida como a RIO+10. esse encontro foi o que obteve o maior quórum entre fóruns de debates promovidos pela onU, contou com a presença de 226 chefes de estado. Muitos consideraram o encontro um fracasso por frustrar as intenções dos ambientalistas, no que diz respeito à consignação de importantes tratados, como a Convenção do Clima e da Biodiversidade, por parte das nações mais ricas. Além disso, a educação Ambiental foi discutida minimamente em um grupo de trabalho liderado pela comitiva brasileira, as nossas 100 melhores experiências foram apresentadas e o Brasil despontou como liderança e referência em questões ambientais no ponto de vista jurídico e em educação Ambiental. Uma contradição que nos faz indagar se estamos fazendo, mais uma vez, a conhecida “política para inglês ver”. dando um salto no tempo, aconteceu, em 2012, a rio+20, A Conferência das nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável (CnUds) de 13 a 22 de junho na cidade do rio de Janeiro. A rio+20 foi assim conhecida porque marcou os vinte anos de realização da Conferência das nações Unidas sobre Meio Ambiente e desenvolvimento (rio-92) e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. A conferência teve três objetivos principais: a) a promoção da economia verde; b) a tomada de ações no contexto do desenvolvimento sustentável; e c) a adoção de maneiras visando ao fim da pobreza. durante a ii Jornada internacional de educação Ambiental, foi elaborado o Plano de Ação do Tratado Saiba mais na rio+10, apesar das vitórias no que se refere a questões relativas ao saneamento, chegou-se a um consenso para que fosse reduzido pela metade até 2015 o número de pessoas sem acesso a saneamento básico e para o estabelecimento de um acordo sobre patentes no âmbito da oMC, no qual países pobres não poderiam ser impedidos de ter acesso a medicamentos essenciais. no entanto, o que se viu foi muito mais o cinismo das diplomacias, que pouco contribuíram para o avanço na conferência e que fizeram com que muitos acordos acabassem ficando um tanto vagos e com validade questionável. Para refletir de todos os eventos citados, quais seriam aqueles que você destacaria como os mais importantes para a consolidação da educação Ambiental? Procure justificar sua escolha. 34 AUlA 3 • A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) de educação Ambiental para sociedades sustentáveis e responsabilidade global, que inclui a formação de uma rede Planetária de educação Ambiental. Contudo, os resultados da Conferência não foram o esperado. os impasses, principalmente entre os interesses dos países desenvolvidos e dos em desenvolvimento, acabaram frustrando os objetivos da Conferência. o documento final apresenta várias intenções e adia para os próximos anos a definição de medidas práticas para garantir a proteção do meio ambiente. não foram poucos os analistas que disseram que a crise econômica mundial, principalmente nos estados Unidos e na europa, prejudicou as negociações e as tomadas de decisão práticas. lembre-se de que os próximos capítulos dessa história – e quem sabe até os mais importantes – podem ainda não estar escritos. ou melhor, poderão ser escritos por você, seu grupo, seu trabalho, enfim, por todos aqueles que desejam se comprometer com a construção de um mundo melhor. Vejamos, agora, um pouco de legislação Ambiental: Introdução à Legislação Ambiental existem várias leis brasileiras que representam avanços importantes na luta pela construção de uma nova relação entre homem e meio ambiente pautada em princípios de sustentabilidade. Vejamos aqui algumas das principais e mais importantes quando o assunto é educação Ambiental. Sugestão de leitura no site <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm>, você irá encontrar a lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, referente à Política nacional do Meio Ambiente na íntegra. não deixe de ler. 1. Uma das primeiras leis que cita a educação ambiental é a lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que institui a PolÍTiCA nACionAl do Meio AMBienTe. essa lei aponta para a necessidade de que a educação Ambiental seja oferecida “a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para uma participação ativa na defesa do meio ambiente”. 2. o decreto nº 88.351/1983 regulamentou essa lei conferindo sua competência ao poder público. Provocações o livro “educação Ambiental: Princípios e Práticas”, de genebaldo Freire dias, é uma das principais referências sobre a história da educação Ambiental. Boa parte do histórico aqui relatado está baseado na obra do autor. seu livro reúne a íntegra de importantes documentos internacionais e nacionais, permitindo a acessibilidade da informação sobre o assunto para um maior número de pessoas. Assim vale a pena lê-lo. 35 A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) • AUlA 3 3. em 1985, foi criada a lei nº 7.347/85, que regulamentou a ação civil pública por danos causados ao meio ambiente e aos bens e direitos de valor artístico, paisagístico, estético e histórico. A partir dela, qualquercidadão que testemunhasse um crime ambiental poderia mover uma ação contra o agente, denunciando, assim, o ocorrido. 4. A ConsTiTUiÇÃo FederAl do BrAsil, promulgada no ano de 1988, uma das mais avançadas do mundo do ponto de vista ambiental, estabelece, em seu artigo 225, que: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BrAsil, 1988). Cabendo ao Poder Público “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. 5. A lei de direTriZes e BAses dA edUCAÇÃo, lei nº 9.394, de 20 de deZeMBro de 1996, reafirma os princípios definidos na Constituição com relação à educação Ambiental: A educação Ambiental será considerada na concepção dos conteúdos curriculares de todos os níveis de ensino, sem constituir disciplina específica, implicando desenvolvimento de hábitos e atitudes sadias de conservação ambiental e respeito à natureza, a partir do cotidiano da vida, da escola e da sociedade (BrAsil, 1996). no âmbito da educação Ambiental Formal, o ano de 1997, no qual foram divulgados os novos PArÂMeTros CUrriCUlAres nACionAis (PCns), representa um marco importante para a educação Ambiental. os PCns foram desenvolvidos pelo MeC com o objetivo de fornecer orientação para os professores. A proposta é que eles sejam utilizados como “instrumento de apoio às discussões pedagógicas na escola, na elaboração de projetos educativos, no planejamento de aulas e na reflexão sobre a prática educativa e na análise do material didático”. os PCns enfatizam a interdisciplinaridade e o desenvolvimento da cidadania entre os educandos; a partir do estabelecimento de alguns temas especiais, têm de ser discutidos pelo conjunto das disciplinas da escola, não devendo se constituir em disciplinas específicas. são os chamados temas transversais. o grande avanço da educação Ambiental no plano formal foi o reconhecimento, juntamente com os demais temas transversais definidos pelos PCns – ética, saúde, orientação sexual e pluralidade cultural –, do meio ambiente como um deles. Tal reconhecimento deixava claro que o meio ambiente não podia mais ser compreendido a partir de uma visão reducionista, apenas como uma área ligada à Biologia, às Ciências ou à geografia, mas, sim, uma temática interdisciplinar que atravessa todos os campos de conhecimento merecendo ser amplamente estudada e analisada pelas diferentes áreas, sem exceção. Tal posição reitera posicionamentos assumidos pelo movimento 36 AUlA 3 • A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) ambientalista de que a educação Ambiental não pode ser entendida e aplicada a partir de uma visão disciplinar, ratificando a necessidade de que essa supere a típica fragmentação do conhecimento e considere sua aplicabilidade a partir das esferas local e global. o Volume 9 dos PCns, o qual se refere mais especificamente às questões de ordem ambiental, esclarece que “as questões ambientais não se referem apenas à proteção da vida no planeta, mas também à melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida nas comunidades” (PCns, vol. 9, p. 23). os PCns definem a educação Ambiental como uma proposta revolucionária que, se bem empregada, “pode levar a mudanças de comportamento pessoal de atitudes e de valores de cidadania que podem ter fortes consequências sociais” (PCns, vol. 9, p. 27). Apenas para se ter uma ideia da importância que os PCns deram à educação Ambiental, veja como esta foi pensada no que diz respeito aos seus objetivos no ensino Fundamental, oferecendo aos alunos: › conhecimento e compreensão integrada de noções básicas de meio ambiente; › adoção de posturas sustentáveis em casa e na escola compatíveis com essa compreensão; › observação e análises críticas de fatos e situações ambientais pertinentes ao tema; › percepções de fenômenos de causa e efeito na natureza importantes para a compreensão do meio ambiente e de seus diferentes ecossistemas; › domínio de procedimentos de conservação e manejo de recursos naturais; › percepção e valorização da diversidade natural e sociocultural; › identificação pessoal como parte integrante do meio ambiente. 6. em fevereiro de 1989, o governo criou o insTiTUTo BrAsileiro do Meio AMBienTe e dos reCUrsos renoVÁVeis (iBAMA), resultante da união de vários órgãos (SEMA, SUDEPE, IBDF e SUDHEVEA). esse órgão ficou encarregado de formular, coordenar e executar a política ambiental. Com a junção de órgãos, pela primeira vez associou-se no país proteção ambiental e conservacionismo de recursos naturais; notando o avanço do ambientalismo nos países do norte e a popularidade conquistada em relação às questões ambientais, o então governo Collor (1990) percebeu que a ênfase nas questões ambientais deveria ser uma de suas principais bandeiras na busca de uma parceria mais sólida com os países do norte e na manutenção de uma opinião pública favorável. ex.: a nomeação do engenheiro agrônomo lutzemberger para o cargo de secretário do Meio Ambiente. A eco-92 trouxe consigo a possibilidade de impor uma projeção internacional do governo Collor, fazendo com que o país mostrasse na 37 A TRAjETóRIA DA EA: DAS GRANDES CONFERêNCIAS à POLíTICA NACIONAL (LEI Nº 9.795/1999) • AUlA 3 conferência uma face ambiental nunca antes vista em nenhuma anterior, posicionando- se como um dos países líderes na elaboração da Convenção da Biodiversidade, sendo bastante favorável à Convenção sobre Mudança Climática e assumindo posições a favor das estratégias de desenvolvimento sustentável apresentadas na Agenda 21, que, como veremos em capítulo posterior, deve ser entendida como um plano de ação mundial dos países rumo ao desenvolvimento sustentável. é um documento de mais de 600 páginas dividido em 40 capítulos. Quanto às convenções citadas, podemos entendê-las, resumidamente, da seguinte forma: › ConVenÇÃo dAs MUdAnÇAs CliMÁTiCAs: estabelece a necessidade de realização de mais estudos sobre os efeitos das descargas de gases na atmosfera e propõe a cooperação entre países para que sejam socializadas tecnologias limpas de produção reduzindo sensivelmente a emissão de gases na atmosfera responsáveis pela promoção do efeito estufa. › ConVenÇÃo dA BiodiVersidAde: garante a soberania dos estados na exploração dos seus recursos biológicos e estabelece a necessidade de criação de incentivos financeiros para que os estados detentores da biodiversidade tenham como cuidar de sua conservação. o documento traz, em linhas gerais, como conservar a diversidade biológica em cada país de maneira sustentável. destaca-se o Protocolo de Biossegurança, que permite que países deixem de importar produtos que contenham organismos geneticamente modificados. 7. em dezembro de 1994, o governo Brasileiro criou o ProgrAMA nACionAl de edUCAÇÃo AMBienTAl (ProneA). o programa previu três componentes: Capacitação de gestores e educadores, desenvolvimento de Ações educativas e desenvolvimento de instrumentos e Metodologias, estabelecendo-se sete linhas de ação como parte da proposta de uma ação nacional, a ser desenvolvida diretamente, ou através dos estados, que seriam incentivados a iniciar seus processos de elaboração de Programas estaduais de educação Ambiental. As diretrizes são: › transversalidade; › fortalecimento do SISNAMA; › fortalecimento dos sistemas de ensino; › sustentabilidade; › descentralização espacial e institucional; › participação e controle social. A execução das propostas do ProneA foi dividida entre a Coordenação de educação Ambiental do MeC, cuja ação volta-se mais ao sistema de ensino, em todos os níveis, 38 AUlA 3