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LEGISLAÇÃO TRABALHISTA W B A 02 55 _v 3. 0 2 Anderson Wanderley Casorla Pereira da Cunha Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Renato Traldi Dias Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) _________________________________________________________________________________________ Cunha, Anderson Wanderley Casorla Pereira da. C972L Legislação Trabalhista/ Anderson Wanderley Casorla Pereira da Cunha, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 45 p. ISBN 978-65-5903-030-9 1. Direito do trabalho 2. Férias remuneradas 3. Contrato de trabalho I. Título. CDD 340 ____________________________________________________________________________________________ Raquel Torres – CRB 6/2786 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Introdução ao Direito do trabalho ___________________________________ 05 Jornada de Trabalho ________________________________________________ 24 Rescisão do Contrato de Trabalho __________________________________ 41 Direito Coletivo do Trabalho ________________________________________ 58 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 5 Introdução ao Direito do trabalho Autoria: Anderson Wanderley Casorla Pereira da Cunha Leitura crítica: Renato Traldi Dias Objetivos • Conhecer a origem do Direito do Trabalho no mundo e no Brasil. • Entender os Princípios do Direito do Trabalho e sua aplicação diária nas relações de trabalho. • Compreender a importância do Contrato de Trabalho e as espécies de trabalho. • Identificar os dispositivos de proteção aos descontos no salário. 6 1. Surgimento do Direito do Trabalho no Brasil e no Mundo 1.1 Desenvolvimento no Mundo O surgimento do Direito do Trabalho se traduz em uma história de muito sofrimento e difíceis conquistas, até chegarmos ao ponto de suas primeiras normatizações no mundo e no Brasil. A história notoriamente nos conta sobre a escravidão, primeira forma do uso da mão de obra humana aos moldes da barbárie (SILVA, 2019). Desde o antigo Egito, homens, mulheres e crianças serviam seus senhores coercitivamente. Na Roma antiga, a mão de obra escrava era comum e frequente. Apenas na idade média, com o sistema feudal, é que se viu uma forma diversa de prestação de serviço com a servidão. Era uma espécie de trabalho mútuo, em que um cedia o uso da terra para o outro produzir. Assistimos aqui a um dos períodos mais trevosos da história do trabalho no mundo em decorrência da massiva e agressiva forma de exploração da mão de obra humana. Após essa fase, surgiram as corporações de ofício (associações de artesãos, formada por mestres, companheiros e aprendizes), demonstrando que havia a possibilidade de desenvolvimento de mão de obra remunerada para a produção de recursos. No entanto, as corporações de ofício eram entidades muito fechadas e controlavam severamente a produção de bens para comercialização, resumindo-se em um círculo bem restrito de trabalhadores. Finalmente, com o advento da Revolução Francesa (1789-1799), foi abolido o controle das corporações de ofício, permitindo que todos produzissem e comercializassem seus produtos e bens de consumo 7 livremente. Com podemos perceber, quase 1800 anos d.C., somados aos anos anteriores, é que finalmente o homem pode, por meio do seu trabalho livre, prover algum recurso. Nota-se, contudo, que até esse momento, praticamente não havia nenhuma norma regulatória do trabalho. Pequenas fábricas começaram a surgir, consequentemente, após a Revolução Francesa. Seus empregados cumpriam uma jornada de trabalho chamada de “sol a sol”, pois trabalhavam até o Sol se pôr. Era dessa forma apenas porque sem sol a iluminação não era suficiente para fabricar os bens com a qualidade necessária, e não devido à existência de algum controle de horário. Tanto que, com a chegada da iluminação artificial, as jornadas de trabalho chegaram a até 18 horas por dia (BRASIL, 2019). Com o advento da tecnologia a vapor e depois com a energia elétrica, a humanidade foi alçada à era da Revolução Industrial, quando passou a produzir em larga escala. Novos postos de trabalho surgiram, mas pode-se imaginar as condições de trabalho degradantes sofridas por esses trabalhadores, já que não havia controle estatal sobre a atividade laboral. Eram tão gravosas as condições de trabalho na época que a Igreja Católica, entendendo que a situação dos trabalhadores se apresentava como um problema social, passou a lançar encíclicas papais em defesa dos trabalhadores no mundo (XIII, 1891). Causando assombro e comoção social, os governos perceberam que necessitavam mudar a política não intervencionista para uma ação direcionada no que se referia à proteção dos trabalhadores, iniciando, timidamente, com algumas normas jurídicas que impuseram limites às desmedidas ações do empresariado detentor da mão de obra. O tema fervilhava em todo o mundo. Finalmente, em 1917, conquistava- se, na Revolução Mexicana, a primeira Constituição que trazia em seu 8 bojo dispositivos de proteção ao trabalhador, como jornada de trabalho de 8 horas, proibição do trabalho de menos de 12 anos, salário mínimo, entre muitos outros. Em seguida, houve a Constituição de Weimar de 1919, que seguia o mesmo exemplo. No mesmo ano, nos termos do Tratado de Versalhes, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que passou a produzir recomendações e convenções sobre normas para regulamentar o trabalho. Em 1927, aconteceu na Itália a criação da Carta del Lavoro, que estabelecia um modelo político que ligava governo, trabalhador e patronato, trazendo regras para as relações do trabalho, influenciando Portugal, Espanha e Brasil. 1.2 Desenvolvimento no Brasil Na época do Brasil Império, já havia esboços normativos que pretendiam proteger o trabalho (BRASIL, [20-?]). Porém, foram parcos e insignificantes, visando mais regulamentar o comércio no país do que proteger os trabalhadores. No entanto, após a Carta del Lavoro na Itália e a criação de normas trabalhistas em outros países, o Brasil sofreu forte influência dessa nova visão social que se mostrava eficiente para a geração de recursos financeiros para a população, para o emergente empresariado e, especialmente, para o governo. Com Getúlio Vargas, iniciou-se um período de forte normatização dos direitos dos trabalhadores, com a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, em 1930. Na sequência, foram editados decretos sobre profissões e trabalho da mulher, em 1932, e sobre a instituição de um salário mínimo a todos os trabalhadores, em 1936. Foitambém promulgada a Constituição da República em 1934, que trouxe importantes normas de proteção ao trabalhador que se mantêm até os dias atuais, e a nova Constituição de 1937, que ampliou ainda mais o rol 9 de dispositivos normativos do trabalho. Em complemento, foi criada a Justiça do Trabalho em 1939. Diversos dispositivos legais afinavam as relações de trabalho, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento econômico e social. No entanto, a legislação era esparsa e dispersa no ordenamento jurídico pátrio, dificultando seu conhecimento por todos, característica peculiar do direito brasileiro. Foi necessária, então, uma sistematização dessas normas para viabilizar seu uso e conhecimento, oportunidade em que nasceu a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943 (BRASIL, 1943), que constitui a base da regulamentação do direito do trabalho até os dias de hoje (com devidas alterações). Chama-se consolidação porque não foi um dispositivo que criou novos direitos, apenas reuniu os que já existiam. Desde então, diversas normas e novas constituições vêm traçando um caminho de evolução da legislação do trabalho no Brasil, sempre em prol da ampliação dos direitos e proteção do trabalhador. A exemplo da nossa Constituição da República de 1988, que traz em seu bojo dispositivos regulamentadores do Direito do Trabalho elencados como direito social e direitos e garantias fundamentais. Porém, em 13 de julho de 2017, foi aprovada a Lei n. 13.467 (BRASIL, 2017), também conhecida como Reforma Trabalhista. Essa norma gerou muita polêmica, pois sua tônica foi a flexibilização dos direitos do trabalhador, minimizando a imperatividade da norma trabalhista em diversos aspectos, com a alegação de tentar estimular o crescimento do emprego no país à custa da relativização de vários dos direitos dos trabalhadores. Em meados de 2020, já era notório que tal crescimento 10 nunca ocorreria, embora os trabalhadores tenham perdido em vários aspectos. O Direito é uma Ciência Social Aplicada. Logo, conforme mudam a sociedade e seus interesses, mudam também as leis e os demais dispositivos normativos. Vamos aguardar que as próximas mudanças sejam novamente em favor dos trabalhadores, que, em nosso país, ainda é o elo mais fraco dessa corrente social. 2. Princípios do Direito do Trabalho Princípios são elementos basilares, norteadores de toda a matéria de direito, e não é diferente no Direito do Trabalho. Sempre que o legislador for criar uma norma jurídica, ou sempre que surgir uma dúvida em um momento de ausência da lei, os princípios são invocados, lançando luz ao caminho a seguir. Diversos são os princípios do direito do trabalho. Alguns, no entanto, se destacam, como veremos a seguir. O Princípio da Proteção estabelece uma potencialização do retraído poder do empregado diante de seu empregador, dando a ele a lei e a justiça do trabalho para protegerem seus direitos e coagir o empregador, quando necessário, à obediência dos preceitos trabalhistas. Nota-se que o empregador possui o poderio econômico, o conhecimento técnico, as posições de trabalho etc., deixando o empregado em posição inferior. Para que o desequilíbrio na relação de trabalho seja compensado, lança-se mão desse princípio, o qual se divide em três partes: a. Da condição mais benéfica ao trabalhador: funda-se em prevalecer aquela norma regulamentar preexistente na empresa ou a disposição estipulada em contrato que mais beneficie o 11 empregado, conforme sustenta a Súmula 51 (BRASIL, 2005) do Tribunal Superior do Trabalho (TST). b. Da norma mais favorável ao trabalhador: estabelece a prevalência da norma jurídica que seja mais vantajosa ao empregado, quando houver normas contrastantes, mesmo que exista diferença hierárquica entre elas. c. In dubio pro operário: ordena que seja aplicada em favor do empregado a norma legal que seja mais favorável a ele, quando houver dúvida de qual aplicar. É importante compreender que o princípio da proteção não está ligado a um protecionismo infundado e tendencioso, mas sim a garantir isonomia diante da hipossuficiência do empregado nas relações de trabalho. O Princípio da Irrenunciabilidade dos Direitos Trabalhistas determina que o empregado não poderá renunciar a seus direitos, como salário, férias, décimo terceiro ou qualquer outro em nome de uma contribuição para a empresa, por exemplo. Encontramos esse preceito no art. 9º da CLT (BRASIL, 1943), que determina a nulidade de qualquer ato que impeça o fiel cumprimento das leis trabalhistas. O objetivo aqui é impedir que o empregado seja prejudicado com falsos motivos, ou por ter sido induzido ao erro pelo empregador. Vale notar, contudo, que existem certas exceções a essa regra, mas elas devem sempre ser aplicadas de forma a não resultar em prejuízo ao empregado. O Princípio da Continuidade da Relação de Emprego instrui sobre uma ideia básica nas relações de trabalho, que é o fato de a legislação trabalhista entender que, quando um empregado é contratado, seu vínculo com a empresa é permanente e perdurará, em tese, até a sua aposentadoria. Por essa razão, quando o contrato de trabalho é rompido pelo empregador, ele é obrigado a indenizar o empregado por ter gerado esse rompimento, concedendo o aviso-prévio e depositando 12 a multa do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Da mesma forma, quando o rompimento se dá pelo empregado, também há o dever de indenização ao empregador, com o cumprimento do aviso-prévio ou seu desconto nas verbas rescisórias do empregado. É evidente que essa norma não se aplica a contratos por prazo determinado. A Súmula 212 do TST (BRASIL, 2003a), uma importante jurisprudência sobre o tema, determina que a relação de emprego seja presumidamente contínua em favor do empregado, sendo de responsabilidade do empregador provar se a relação de emprego foi rompida. Vale salientar aqui que, no que tange as nossas relações sociais, os fatos deverão ser provados com documentação por escrito, nunca apenas por palavra. O Princípio da Primazia da Realidade é de grande importância para o verdadeiro cumprimento das leis trabalhistas, pois determina que o que tem maior valor probatório são os fatos, e não os documentos. A verdade do que realmente permeou a relação trabalhista deve ser buscada sempre para que a justiça seja feita. Sabemos que, por vezes, documentos podem trazer uma realidade fictícia, criada; assim, a busca por outros indícios pode demonstrar que, embora o registro escrito diga uma coisa, os fatos demonstram outra, guiando então a decisão judicial pelo rumo da veracidade e do cumprimento da lei. Há diversos outros princípios do direito aplicados nas legislações do trabalho, como o pacta sunt servanda, que indica a obrigatoriedade do cumprimento dos contratos e das obrigações assumidas sob a penas da lei; ou o da boa-fé, que estabelece que as obrigações devem ser assumidas com sinceridade e compromisso de cumprimento. No entanto, estes e vários outros são princípios aplicados em diversos ramos do direito, não pertencentes apenas ao ramo do trabalho. 13 3 Contrato de Trabalho 3.1 Introdução Os contratos não são exclusivos das relações de trabalho, mas possuem extrema relevância e necessidade neste tema. Tanto que a própria CLT, em seu art. 442, estabeleceu seu conceito ao instruir que o “contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego” (BRASIL, 1943). Vê-se com clareza inequívoca que o contrato de trabalho é um acordo entre as partes dessa relação, empregado e empregador. Assim, para que seja um acordo, deve haver um elemento exigido pelo direito: a vontade entre as partes de firmarem esse acordo. Quer dizer que ambos devem contratar livremente, demonstrando sua concordância e ciência aos termos desse contrato ao assiná-lo, vinculando os contratantes à obrigação do cumprimento de suas cláusulas. O referido artigoainda cita que o acordo pode ser tácito ou expresso. Acordo tácito é aquele em que se inicia uma relação de trabalho sem que exista uma combinação prévia. Em outras palavras, um começa a trabalhar para outro que, sabendo, não se opõe. É, decerto, uma figura estranha para aqueles que vivem em regiões urbanas. Porém, quem vive em regiões rurais certamente já deve ter assistido a esse fenômeno jurídico, especialmente em períodos de colheita. Já o contrato expresso é aquele cujos termos são previamente combinados, podendo ser verbal ou escrito. É importante destacar que um contrato sempre deve ser escrito, mas o legislador não poderia deixar de proteger expressamente todas as formas de contratação, independentemente de como ocorreram, pois não é o contrato que configura a relação de trabalho, e sim a prestação pessoal de serviço pelo trabalhador a um empregador. 14 O contrato pode ainda ser por prazo indeterminado ou determinado, a depender dos prazos e das situações descritos pela legislação do trabalho. Quando o prazo não for especificado, os contratos presumem- se de prazo indeterminado, considerando quem quando o empregado entra em uma empresa, não se sabe até quando ficará. Seguindo o princípio da continuidade de relação de emprego, entende-se que essa relação irá perdurar continuamente. Há, porém, a possibilidade de o contrato ser por prazo determinado. Tal situação se mostra possível em condições bastante restritas pela legislação nacional, já que, ao findar o prazo, não haveria demissão, apenas encerramento natural de um contrato, impossibilitando o trabalhador de ter direito ao aviso-prévio e à multa do FGTS. A contratação por prazo determinado se dá por um período de até dois anos, podendo haver uma única prorrogação dentro do mesmo período, mas sem exceder os dois anos. As previsões do art. 443, §§1º e 2º (BRASIL, 1943), estabelecem que só é possível contratar um empregado por prazo determinado quando a natureza da atividade ou sua condição de transitoriedade justificarem a predeterminação, ou seja, quando a atividade empresarial for de caráter transitório. A exceção cotidiana é o contrato de experiência, modalidade de contrato por prazo determinado. Nesse caso, o prazo é de até 90 dias, prorrogáveis uma única vez, dentro dos mesmos 90 dias. Findo o período, o trabalhador retorna naturalmente a suas atividades no 91º dia, e seu contrato de trabalho se transforma automaticamente em prazo indeterminado. 3.2 Características O contrato de trabalho é “bilateral, consensual, oneroso, comutativo e de trato sucessivo” (MARTINS, 2020, p. 78). 15 • Bilateral: é feito entre duas partes, empregado e empregador. • Consensual: é necessário o acordo de vontade entre as partes na elaboração do contrato, que se manifestam livremente, comprometendo-se com as suas cláusulas. • Oneroso: o trabalho é remunerado. • Comutativo (e sinalagmático): estabelece obrigações recíprocas previamente acordadas entre as partes na assinatura do contrato de trabalho, vinculando cada uma ao cumprimento de suas obrigações. • De trato sucessivo: o contrato de trabalho define uma obrigação contínua entre as partes: ao empregado de prestar o serviço e ao empregador de remunerá-lo. Encaixa-se aqui o princípio da continuidade da relação de emprego, como mencionado. 3.3 Espécies de Trabalho São diversas as espécies de trabalho, segundo as classificações das legislações trabalhistas. Destacamos algumas em nosso estudo. Trabalho doméstico Considera-se trabalho doméstico, regido pela Lei Complementar n. 150, de 1º de junho de 2015, “aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas” (BRASIL, 2015). Como se vê, essa atividade não é regida pela CLT; porém, não deixou de ser tutelada pela legislação do trabalho constitucional e infraconstitucional. Aqui estão os empregados de limpeza e de cozinha, segurança, babá, acompanhante, cuidador de animais, jardineiro etc., sendo importante frisar que todos prestam seus serviços no ambiente domiciliar. 16 É empregado doméstico quem presta seus serviços por mais de dois dias por semana, nos termos do art. 1º dessa lei. Porém, não se confunde quando o mesmo artigo ensina que a finalidade é não lucrativa. A não lucratividade é referente à consequência do trabalho doméstico, e não ao próprio trabalho, já que a família não é uma empresa que gera lucro com o auxílio da prestação de serviço dos seus empregados. Logo, o trabalho doméstico é remunerado e protegido pela legislação vigente. Trabalho avulso O trabalho avulso, Lei n. 12.023, de 27 de agosto de 2009 (BRASIL, 2009), também não é celetista, mas não é menos protegido pelas normas do trabalho. Avulso é aquele que presta serviço de movimentação de mercadorias (carga e descarga), em região urbana ou rural, a diversos tomadores de serviço, e são necessariamente ligados a um Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO), que controla as atividades dessa prestação de serviço, indicando trabalhadores para os postos de trabalho requisitados, recebendo os valores e distribuindo os recebimentos. Ele não possui vínculo empregatício com o OGMO ou com nenhuma outra entidade, muito menos com o tomador do serviço. Da mesma forma, o OGMO apenas administra a atividade, sem possuir fins lucrativos. Trabalho temporário O trabalho temporário é, nos termos do art. 2º do Decreto n. 10.060, de 14 de outubro de 2019: Aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços ou cliente, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços. (BRASIL, 2019) 17 Há aqui necessariamente a presença de uma empresa fornecedora de mão de obra temporária que contrata o empregado, remunerando-o, para que ele preste seus serviços em outra empresa, tomadora de serviço, que dirigirá sua mão de obra, disponibilizada em situações de demanda específicas descritas no artigo transcrito, por um período máximo de 180 dias, prorrogável uma única vez por 90 dias, sob justificativa. Ele terá seu vínculo empregatício com a empresa que o contratou, e não com a empresa que tomará seu serviço temporariamente. A empresa tomadora se responsabiliza pelo empregado, devendo prestar a ele todas as condições de trabalho dispostas a seus próprios funcionários. Trabalho terceirizado Embora se confundam, o trabalho terceirizado tem natureza diversa do temporário. Na voz do art. 4º-A da Lei n. 6.019, de 3 de janeiro de 1974, “considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal” (BRASIL, 1974). Quer dizer que, quando uma empresa terceiriza alguma(s) das atividades desenvolvidas por ela a uma empresa de terceirização, entrega a execução dessa atividade a essa outra empresa, que irá desenvolver os esforços necessários, inclusive com fornecimento de mão de obra, para que seja cumprido o serviço contratado. Como exemplo, temos o serviço de limpeza da própria empresa contratante, que é feito por pessoal terceirizado, além do serviço de vigilância, de portaria etc. Os empregados terceirizados estão sob controle e vigilância da empresa terceirizada, não havendo nenhum controle da contratante sobre a atividade, além de fiscalizar se o contrato firmado está sendo cumprido. Víamos normalmente trabalhadores terceirizados serem contratados para as chamadas atividades-meio, que são as atividades que não fazem parte da finalidade da empresa, como um profissional de limpeza em um banco, cujo negócio é financeiro. No entanto, após 18 a ADPF 324 (BRASIL, 2018), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a terceirização poderia ser também utilizada nas atividades-fim da empresa. Ou seja, é possível contratar funcionários terceirizadospara desenvolverem quaisquer atividades na empresa, incluindo as ligadas à finalidade da empresa, como um engenheiro civil em uma empresa de construção. Tal decisão pode mudar o panorama do formato de contratações no Brasil, enquanto perdurar essa jurisprudência. Trabalho intermitente O trabalho intermitente é uma inovação na legislação nacional, introduzido na CLT no art. 482-A em 2017 (BRASIL, 1943), por meio da Reforma Trabalhista. É uma espécie de trabalho em que o empregado presta seus serviços de forma não contínua, com alternância de dias, sendo, na verdade, chamado apenas quando há serviço a ser prestado. Em outras palavras, não há um cronograma ou uma agenda de trabalho, e, assim, o empregado é chamado exclusivamente quando o empregador necessitar de sua mão de obra, que pode ser por horas, dias, semanas ou meses, recebendo proporcionalmente ao tempo trabalhado. Essa estranha forma de trabalho se dá por um contrato de trabalho perfeitamente adequado à legislação trabalhista, contendo todos os direitos que um trabalhador possui. A diferença está apenas no formato intermitente, refletindo apenas na forma dos cálculos de pagamento. O contrato é firmado quando o empregado começa a prestar seus serviços ao empregador e continuará vigente até quando um ou outro desejar rompê-lo. O empregado pode trabalhar para diversos empregadores, podendo rejeitar o serviço chamado desde que com antecedência de três dias. Caso empregado ou empregador deem causa ao não acontecimento do serviço previamente combinado, aquele que deu causa deverá indenizar o outro com o montante de 50% do valor combinado para aquele serviço. 19 Teletrabalho O teletrabalho, modalidade também inserida na legislação do trabalho pela reforma trabalhista em 2017, no art. 75-A e seguintes da CLT (BRASIL, 1943), é o serviço preponderantemente prestado fora das dependências da empresa contratante e com o uso de recursos de comunicação e tecnologia da informação, não constituindo por isso trabalho externo. É necessário constar no contrato de trabalho o formato de teletrabalho. Já existia na prática em diversas atividades, mas, com sua consignação pela CLT, diversas outras atividades também passaram pouco a pouco a usar esse recurso legal. Pudemos assistir em tempos da pandemia da Covid-19 como esse formato se alastrou pelo país, por força da situação. Não descaracterizarão teletrabalho as situações em que o empregador exija que sejam cumpridas nas dependências da empresa. 4. Descontos Salariais e as Normas de Proteção Há um entendimento solidificado na legislação trabalhista pátria sobre a proibição de serem feitos descontos nos salários dos empregados. No entanto, claro, há exceções. O art. 462 da CLT (BRASIL, 1943) determina a vedação ao desconto nos salários dos empregados. No entanto, enumera também as situações em que é permitido o desconto, como aquelas fruto de convenção coletiva, de adiantamento de salários e determinadas pela lei. Os descontos legais são bem conhecidos por todos que já receberam um comprovante de pagamento de salários ou que já tiveram empregados. Entre eles, podemos citar os descontos de contribuição obrigatória do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), ambos determinados por lei federal, descontados 20 diretamente na folha de pagamento do empregado, sem a anuência do trabalhador. Descontos de pagamento de pensão alimentícia ou falta injustificada, por exemplo, também são considerados descontos legais, já que a lei prevê sua possibilidade. Outros descontos são possíveis, porém dentro de um estrito regramento. O §1º do art. 462 da CLT (BRASIL, 1943) explica que, caso o empregado cause danos ao empregador, será então permitido o desconto pela reparação do dano, desde que combinado anteriormente (com autorização escrita) ou caso o empregado tenha agido com dolo. O dolo é uma figura jurídica que determina a intenção de fazer. Ou seja, não foi um dano causado acidentalmente, mas o fato se deu com a intenção do empregado de causá-lo. Tal fato nos causa espanto, mas é mais comum do que parece. Não sendo por dolo, o empregador só poderá descontar o referido valor do empregado se este autorizá-lo para tanto. Caso contrário, o desconto arbitrário será totalmente revertido na Justiça do Trabalho, uma situação meramente documental. Apresenta-se o contracheque indicando os valores descontados, e, não havendo o documento de autorização, o juiz determinará pela devolução dos valores. O tema sempre foi tão controverso que o TST já se manifestou sobre o assunto na Súmula 342 (BRASIL, 2003b), orientando que os descontos feitos no salário do empregado, previamente autorizados e por escrito – como adesão a planos de assistência odontológica ou médico-hospitalar, previdência privada, participação de associações culturais ou recreativas de seus trabalhadores, entre outros –, em benefício próprio ou dos dependentes, não serão considerados uma afronta ao que determina o mencionado art. 462 da CLT (BRASIL, 1943). A exceção acontece se ficar comprovada a existência de coação ao empregado para aceitar o desconto, ou alguma outra situação que macule a legalidade do 21 desconto ou induza-o maliciosamente a alterar a vontade de não autorizar. Como amparo absoluto ao tema, além dos dispositivos normativos, contamos ainda com o princípio da irredutibilidade salarial, trazido à baila jurídica pela Constituição da República de 1988, em seu art. 7º, inciso VI (BRASIL, 1988), que determina que o salário é irredutível (com exceção dos termos firmados por acordo ou convenção coletiva), ou seja, não pode ser diminuído. Claro que esse princípio constitucional é um poderoso mecanismo de proteção aos trabalhadores. Por outro lado, causa uma situação comum no convívio laboral: o empregado que, promovido e recebendo um salário maior, caso não se adeque ao novo cargo, precisará ser demitido, já que não poderá voltar ao cargo anterior e receber o salário menor novamente. O problema aqui não é voltar ao cargo anterior, fato que não possui nenhum impeditivo legal. A questão é que ele não pode ter seu salário reduzido, conforme possuía no cargo anterior. Assim, caso o empregador opte por não demitir o empregado, retornando-o ao cargo anterior, só poderá fazê-lo mantendo o seu novo salário, o que geraria a possibilidade de problemas com outros funcionários que ocupam o mesmo cargo, pois poderiam querer receber também esse outro salário. Esse problema poderia ser resolvido com um programa de treinamento para o funcionário que passa a ocupar um cargo superior; porém, treinamentos são uma prática pouco usada pelos empregadores brasileiros. A proteção contra descontos nos salários tem base no mesmo artigo descrito anteriormente, em seu inciso X, quando determina que deve haver a proteção do salário, e que sua retenção intencional constitui grave ilegalidade. 22 Referências Bibliográficas BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Câmara dos Deputados. Império do Brasil–Terceiro Período–D. Pedro II (23.07.1840–15.11.1889). 20[-?]. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/a- camara/conheca/historia/presidentes/imperio2.html. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Decreto n. 10.060, de 14 de outubro de 2019. Regulamenta a Lei n. 6.019, de 3 de janeiro de 1974, que dispõe sobre o trabalho temporário. Brasília: Presidência da República, [2019]. Disponível em: https://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/d10060.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Brasília: Presidência da República, [1943]. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acessoem: 20 out. 2020. BRASIL. Lei complementar n. 150, de 1º de junho de 2015. Dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico [...]. Brasília, DF: Presidência da República, [2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp150.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei n. 6.019, de 3 de janeiro de 1974. Dispõe sobre o Trabalho Temporário nas Empresas Urbanas, e dá outras Providências. Brasília, DF: Presidência da República, [1974]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6019. htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei n. 12.023, de 27 de agosto de 2009. Dispõe sobre as atividades de movimentação de mercadorias em geral e sobre o trabalho avulso. Brasília, DF: Presidência da República, [2009]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12023.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) [...]. Brasília, DF: Presidência da República, [2017]. 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Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 51. Brasília, DF: TST, [2005]. Disponível em: http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_ Ind_51_100.html#SUM-51. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 212. Brasília, DF: TST, [2003a]. Disponível em: http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_ Ind_201_250.html#SUM-212. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 342. Brasília, DF: TST, [2003b]. Disponível em: http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_ Ind_301_350.html#SUM-342. Acesso em: 20 out. 2020. LIBRERIA EDITRICE VATICANA. Carta Encíclica «Rerum Novarum» do Sumo Pontífice Papa Leão XIII a Todos os Nossos Veneráveis Irmãos. 1891. Disponível em: http://www.vatican.va/content/leo-xiii/pt/encyclicals/documents/hf_l-xiii_ enc_15051891_rerum-novarum.html. Acesso em: 20 out. 2020. MARTINS, Sérgio Pinto. Manual de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. SILVA, Rubiana Padilha da. A formação e a evolução histórica do Direito do Trabalho no Brasil e no Mundo. 2019. Disponível em: https://conteudojuridico. com.br/consulta/Artigos/53078/a-formacao-e-a-evolucao-historica-do-direito-do- trabalho-no-brasil-e-no-mundo. 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Jornada de Trabalho 1.1 Conceito Um importante elemento a se observar na contratação de um empregado é a jornada de trabalho que ele irá exercer. A expressão jornada vem do italiano giornata, que significa dia (MARTINS, 2020, p. 221). Jornada de trabalho então seria o tempo por dia que o empregado fica à disposição do empregador para cumprir suas funções laborais, não sendo considerados os intervalos, como almoço ou descanso, já que nesses momentos estaria cumprindo um intervalo na sua jornada de trabalho, sem desenvolver suas funções. A jornada diária é de oito horas de efetivo trabalho que, nos termos da Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, inciso XIII (BRASIL, 1988), regulamentado pelo art. 58 da CLT (BRASIL, 1943), é o que se considera como a jornada de trabalho normal ou padrão. 1.2 A jornada de trabalho A jornada de trabalho diária, então, será de, no máximo, oito horas diárias e 44 horas semanais. Não se deve esquecer de que o horário de refeição não é contabilizado para esse fim. Nota-se que a Constituição (BRASIL, 1988) estabelece não só o limite diário, mas também o semanal, limitando o trabalho a 44 horas semanais como exposto. Porém, se for considerada uma jornada de oito horas diárias, desenvolvida de segunda à sexta-feira, teremos a soma de 40 horas, e não 44 horas. A razão disso é que temos que contar o sábado como um dia normal de trabalho, sendo contabilizadas nesse dia mais quatro horas de trabalho. No entanto, nem todas as empresas desenvolvem atividades aos finais de semana. Como então a podem exigir o cumprimento das 44 horas semanais 26 se não desenvolvem suas atividades aos sábados ou domingos? Pois bem, o mesmo artigo da Constituição resolve essa questão. É permitida a compensação das horas ou a redução da jornada mediante acordo ou convenção coletiva. Logo, as quatro horas que inicialmente deveriam ser cumpridas no sábado, poderão ser diluídas durante a semana de trabalho por meio do sistema de compensação de horas, incluindo horas suplementares de trabalho na jornada diária para que se complete a jornada semanal, sem que sejam consideradas horas extraordinárias. A legislação do trabalho limita o excedente das oito horas em no máximo duas horas de acréscimo diário, proibindo jornada que supere essa quantidade de tempo, conforme instrução do art. 59 da CLT (BRASIL, 1943). É importante lembrar que esse limite se refere ao máximo,e não ao mínimo. 1.3 Modalidades de jornada de trabalho Fora a jornada padrão, existem diversas outras jornadas de trabalho, tratadas por lei ou convenção coletiva. Como exemplo, os bancários cumprem jornada de trabalho de seis horas diárias e 30 horas semanais (BRASIL, 1943, art. 224). Aqueles que prestam serviços de telefonia, telegrafia, radiotelegrafia e radiotelefonia possuem jornada de seis horas diárias e 36 horas semanais (BRASIL, 1943, art. 227), assim como os empregados em minas de subsolo (BRASIL, 1943, art. 293). Os cabineiros de elevador têm jornada de trabalho de seis horas por dia, nos termos do art. 1º da Lei n. 3.270, de 1957 (BRASIL, 1957). Operadores cinematográficos trabalham também por seis horas diárias, conforme o art. 234 da CLT (BRASIL, 1943). A jornada de trabalho do assistente social é de 30 horas semanais, conforme instrução do art. 5-A da Lei n. 8.662, de 1993 (BRASIL, 1993). Os bombeiros civis têm jornada de 12 horas de trabalho seguidas por 36 horas de descanso, em um total de 36 horas semanais, prescrita pelo art. 5º da Lei n. 11.901, de 2009 (BRASIL, 2009). Há 27 ainda um número de variedades de jornadas de trabalho conforme a profissão, provenientes das normas trabalhistas. No entanto, outras modalidades podem ser aplicadas a trabalhadores de diversas profissões. A jornada de trabalho de revezamento de seis horas diárias e 36 horas semanais está prevista no art. 7º, inciso XIV, da Constituição (BRASIL, 1988) e em diversos artigos da CLT (BRASIL, 1943) (alguns, já previamente mencionados) e é usada em atividades em que há turnos ininterruptos de revezamento de pessoal, com exceção das situações previstas em negociações coletivas de trabalho. O regime de tempo parcial é outra modalidade de jornada de trabalho prevista na CLT, no art. 58-A (BRASIL, 1943). O artigo estabelece que se considera regime de tempo parcial aquele em que a jornada não ultrapassa 30 horas semanais, sem a possibilidade de serem feitas horas extraordinárias, ou ainda que não ultrapasse 26 horas semanais ou menos (BRASIL, 1943, §4º), com a possibilidade de serem feitas até seis horas suplementares na semana. Nesse caso, o salário será pago proporcionalmente ao que um trabalhador de 44 horas semanais receberia na mesma função (BRASIL, 1943, art. 58-A, §1º). No art. 59-A da CLT (BRASIL, 1943), encontramos ainda um outro regime de trabalho, a escala 12 por 36, em que o empregado trabalha por 12 horas e goza de um descanso de 36 horas ininterruptas. Embora a legislação preveja diversas modalidades de jornada de trabalho, é possível que ainda novas formas sejam criadas e ajustadas perfeitamente às necessidades de cada categoria de trabalhadores, mediante o instrumento de acordos ou convenções coletivas de trabalho – sempre se atendo, contudo, aos limites constitucionais e legais pertinentes. 28 1.4 Trabalhadores excluídos do controle de jornada de trabalho O controle de jornada de trabalho dos empregados é obrigatório em empresas com mais de 20 trabalhadores, conforme o art. 74, §2º, da CLT, e nele se deve fazer a “anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico” (BRASIL, 1943). Há, porém, empregados que são dispensados desse controle, segundo o art. 62 da CLT (BRASIL, 1943), por não se adequarem ao registro de ponto pela natureza das atividades: gerentes, diretores e chefes de departamento ou filial que efetivamente exerçam cargos de gestão; os empregados externos (vendedores externos, motoristas de transporte de cargas etc.), incompatíveis com a fixação de horário, com a devida anotação na carteira de trabalho; e os empregados do teletrabalho. A questão aqui está mais relacionada ao recebimento de horas extras, excluindo esses trabalhadores desse direito, já que não há como controlar seu horário. Será? O tema gera muita controvérsia quando se trata dos empregados do teletrabalho (home office). É evidente que seu controle é possível por meio dos recursos telemáticos hoje disponíveis, viabilizando inclusive o próprio teletrabalho. Se procurarmos pela expressão “controle de jornada para home office”, veremos que existem diversos softwares de controle de horário a distância, inclusive com geolocalização, sendo comercializados já há bastante tempo. No entanto, é evidente que essas medidas podem porventura serem consideradas excessivas, difíceis de aplicar corretamente e até potencialmente invasivas em relação à privacidade do empregado. Outra controvérsia está na instrução do art. 6º da CLT (BRASIL, 1943), que ensina que não se distingue entre o trabalho realizado no empregador, no domicílio do empregado ou a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego e 29 que os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparem aos meios pessoais e diretos. É determinante nesse dispositivo normativo que os meios telemáticos de controle são suficientes para os fins trabalhistas. O tema ainda é motivo de debates nos tribunais brasileiros, carecendo de uma jurisprudência que pacifique a questão. Porém, depreende- se que para o teletrabalho poderá sim haver direito a horas extras, se estabelecido um sistema de controle de jornada do empregado com o uso da tecnologia existente. 2. Prorrogação e Compensação de Horas A CLT e a Constituição da República de 1988 (CF/88) estão repletas de situações que preveem a possibilidade de prorrogação de horas e sua compensação. Esse tema foi, inclusive, tocado pela Reforma Trabalhista em 2017, por ser tão polêmico e cotidiano. 2.1 Prorrogação de horas O acréscimo de horas suplementares à jornada diária de trabalho tem autorização prevista no art. 59 da CLT (BRASIL, 1943), com a denominação “horas extras”. As expressões horas extras, suplementares ou extraordinárias são sinônimas, constituindo acréscimo de horas ao tempo diário em que o empregado fica à disposição do empregador para cumprir suas atividades laborais. Esse tempo possui um limite diário estabelecido pelo próprio artigo, que determina não ser permitido acréscimo superior a duas horas diárias, perfazendo um total de no máximo de dez horas de serviços prestados por dia. O artigo ainda trata de um detalhe importante, que é a possibilidade da definição entre empregado e empregador sobre o cumprimento de horas extras, não determinadas apenas por acordo ou convenção 30 coletiva, mas também por acordo individual de trabalho. Entende-se por acordo individual de trabalho a simples combinação entre empregado e empregador disposta em documento apartado, ou no próprio contrato de trabalho, normalmente intitulado como “acordo de prorrogação de horas”. Tal acordo, aceito pelo empregado em documento assinado, autoriza o empregador a poder exigir que o empregado cumpra horas extras sempre que lhe for solicitado. As horas extras devem ser pagas ao empregado com acréscimo de, no mínimo, 50% da hora normal de trabalho do empregado, com previsão descrita no §1º do art. 59 da CLT (BRASIL, 1943) e no inciso XVI do art. 7º da CF/88 (BRASIL, 1988). Para calcular o valor da hora do empregado, basta dividir o salário mensal básico pelo denominador 220, conforme orientação normativa. O valor encontrado será o valor de cada hora trabalhada pelo empregado que possui a jornada normal de 44 horas semanais. A exemplo, se um empregado ganha R$ 1800,00 de salário- base e dividir pelo denominador 220, terá R$ 8,18, valor de cada hora trabalhada pelo empregado (R$ 1.800/ 220 = R$ 8,18). Para determinar a hora extra, é só calcular o valor da hora do empregado mais 50%. No caso apresentado, temos que R$ 8,18 + 50% = R$ 12,27. Caso não exista acordo individual ou acordo ou convenção coletiva autorizando o cumprimento de hora extra, como determina o art. 59 da CLT (BRASIL, 1943), o empregador não poderá exigi-la do empregado. 2.2 Compensação de horas Pode-se definir a compensação de horas como sendo a supressão de horasde trabalho em um certo dia com a devida alocação destas em outro dia. Sua previsão está disposta na CLT em diversos artigos, especialmente no art. 59, §2º (BRASIL, 1943). O dispositivo normativo é extenso e prevê diversas instruções sobre o tema. 31 A compensação feita por acréscimo de horas de trabalho afasta o dever de remunerar o empregado pelas horas extras efetuadas, desde que não excedam a soma das jornadas semanais previstas, pelo período de um ano, nem ultrapassem o limite máximo de dez horas de trabalho por dia. Isso deve estar previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho, sendo possível ser por acordo individual (tácito ou escrito), desde que compensadas no mesmo mês, conforme o § 6º (BRASIL, 1943). Caso ocorra a rescisão do contrato de trabalho, as horas não compensadas deverão ser pagas na forma de horas extras tendo como referência o salário da época da rescisão, segundo o § 3º (BRASIL, 1943). 2.3 Banco de horas O banco de horas é uma consequência dos temas de prorrogação e compensação de horas. É, na verdade, um registro de controle das horas excedentes feitas pelo empregado para sua posterior compensação. Está previsto nos §§ 2º e 5º do art. 59 da CLT (BRASIL, 1943). A norma prevê a permissibilidade de seu uso e ensina que pode ser instituído por acordo individual, desde que sua compensação não exceda o período de seis meses. As empresas deverão determinar o seu formato em conjunto com o empregado, respeitados os critérios da lei. É importante lembrar que o empregado só poderá compensar as horas com autorização prévia do empregador, não podendo simplesmente ausentar-se do ambiente de trabalho, por horas ou dias, em decorrência da existência de banco de horas a seu favor. Caso o empregado se atrase ou falte do trabalho injustificadamente, o empregador poderá fazer os descontos previstos em lei, mesmo com a existência de banco de horas, a não ser que exista disposição em 32 contrário no acordo individual ou instrumento coletivo que instituiu o referido banco. 3. Intervalos interjornada e intrajornada O empregado tem direito a períodos de descanso que podem ocorrer dentro da sua jornada de trabalho (intrajornada), ou entre o fim de uma jornada de trabalho e o início da próxima (interjornada). Como intrajornada, o art. 71 da CLT (BRASIL, 1943) e seus parágrafos determinam que aqueles trabalhadores que prestam seus serviços por mais de seis horas consecutivas têm direito a um intervalo de no mínimo uma hora e de no máximo duas horas para refeição/descanso (com exceção do BRASIL, 1943, art. 611-A, III, que permite a possibilidade de intervalo de refeição de no mínimo 30 minutos, por acordo ou convenção coletiva). Já para os que trabalham de quatro ou até no máximo seis horas por dia, o intervalo intrajornada mínimo é de 15 minutos, conforme o §1º do ar. 71 (BRASIL, 1943). Caso os intervalos não sejam respeitados ou concedidos pelo empregador, ele deverá indenizar o empregado pelo tempo suprimido do intervalo, em valor igual ao que seria calculada a hora extra (BRASIL, 1943, art. 71, §4º). É importante ressaltar que os intervalos não serão contabilizados como horário de trabalho. Há, claro, exceções, como os empregados que trabalham em frigorífico, tendo um descanso de 20 minutos a cada uma hora e 40 minutos de trabalho consecutivo, tempo que será contabilizado como trabalho, nos termos do artigo 253 da CLT (BRASIL, 1943). É de se esperar que casos específicos como este sejam fartos no campo normativo do trabalho. 33 O intervalo interjornada está relacionado ao tempo existente entre o final de uma jornada de trabalho e o início da outra. O art. 66 da CLT (BRASIL, 1943) determina que entre duas jornadas de trabalho deverá existir um intervalo de no mínimo 11 horas consecutivas de descanso para o empregado. Sua supressão gera ao trabalhador o direito a uma indenização do tempo suprimido ao valor correspondente à hora extra (supramencionado). 4. Descanso Semanal Remunerado (DSR) O trabalhador tem direito a um dia de descanso por semana de 24 horas consecutivas, respeitado ainda o intervalo de interjornada de 11 horas. Esse descanso deve ser remunerado pelo empregador com o valor correspondente a um dia de trabalho (BRASIL, 1943, art. 67). Para os mensalistas e quinzenalistas, o descanso semanal remunerado não deverá ser somado ao salário, pois já está contabilizado nele. Para esses trabalhadores, o salário cobre todos os dias trabalhados do mês ou quinzena, incluindo os descansos semanais e feriados (BRASIL, 1949, art. 7º, §2º). Diferentemente do que ocorre com os comissionistas ou os que trabalham por produtividade, para os quais deverá ser calculada a produtividade da média semanal do empregado referente a um dia de trabalho e incluída em seu pagamento. O art. 67 da CLT (BRASIL, 1943) determina que, com exceção de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, o descanso deverá recair aos domingos, preferentemente (BRASIL, 1949, art. 1º). É interessante ressaltar que os trabalhadores que não desenvolvem suas atividades aos sábados e domingos podem ter a sensação de que seu descanso semanal remunerado corresponde aos dois dias, e não apenas aos domingos. É um engano, já que o sábado é dia de trabalho, podendo 34 ser suprimido apenas em situações de dispensa do empregado por mera liberalidade do empregador, por haver a compensação das horas de trabalho do sábado diluídas durante a semana, ou por determinação de acordo ou convenção coletiva de trabalho. Logo, o descanso semanal remunerado é de apenas um único dia por semana para todos os trabalhadores. Para os que trabalham aos domingos, nos casos de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, já mencionado, o descanso semanal remunerado poderá ser fixado em qualquer dia da semana, mediante escala de revezamento sujeita à fiscalização, cujos efeitos trabalhistas serão os mesmos, desde que previamente autorizado pelos órgãos do trabalho. É importante lembrar que, após três domingos trabalhados, deve haver um ao qual recaia o DSR, nos termos do art. 6º da Lei n. 10.101, de 19 de dezembro de 2000 (BRASIL, 2000). Sua supressão gerará ao trabalhador o direito à remuneração em dobro em um domingo a cada três consecutivos trabalhados. É a interpretação pacífica da referida lei pelo Tribunal Superior do Trabalho (BRASIL, 2019). Se o empregador não conceder ao empregado o descanso na semana, requisitando-o ao trabalho, deverá igualmente remunerá-lo em dobro, salvo se o descanso for concedido em outro dia adjacente. Por outro lado, o empregado poderá perder o direito à remuneração do descanso semanal caso não cumpra integralmente sua jornada de trabalho semanal, mediante faltas e atrasos injustificados. Nota-se que a perda é apenas relativa à remuneração referente à semana, não ao próprio descanso. É o que instrui o art. 6º da Lei n. 605/49 (BRASIL, 1949). Evidentemente, o tema é controverso, sendo motivo de busca frequente aos tribunais. A boa prática seria a empresa adotar uma postura sobre o tema e manter sua coerência em todos os casos. 35 Entende-se por faltas injustificadas aquelas que não possuem justificativas segundo a lei, como as descritas no art. 473 da CLT (BRASIL, 1943). 5. Férias As férias são um período de descanso remunerado mais longo, sendo um direito do emprego após o período de um ano de trabalho, garantido pelo inciso XVII, art. 7º da CF/88 (BRASIL, 1988) e regulamentado pelo art. 129 e seguintes da CLT (BRASIL, 1943), computado como tempo de trabalho para todos os fins (BRASIL, 1943, art. 130, §2º). 5.1 Requisitos para a concessão de férias Para adquirir o direito às férias, é necessário trabalhar pelo período de 12 meses para o empregador, chamado de período aquisitivo (BRASIL, 1943, art. 130). Já tendo adquirido o direito às férias, o empregado inicia um novo período chamado de período concessivo (BRASIL, 1943, art. 134), que durará igualmente um ano,durante o qual a empresa concederá as férias ao empregado de acordo com o seu interesse (BRASIL, 1943, art. 136), iniciando-se automaticamente, no início do período concessivo, um novo período aquisitivo para novas férias, ciclo contínuo enquanto durar a relação de trabalho. Caso as férias não sejam concedidas pelo empregador dentro do período concessivo, o empregado fará jus ao recebimento dos valores das férias em dobro (sem perder o direito ao gozo), como determina o art. 137 da CLT (BRASIL, 1943). Aqui se vê que o empregado não pode decidir quando sairá de férias, já que a empresa é quem deverá determinar quando elas poderão ser gozadas, conforme a sua necessidade de serviço e arranjo de pessoal. Ele poderá apresentar suas pretensões de datas, que serão avaliadas, 36 marcadas e informadas com antecedência de 30 dias por escrito por seu empregador (BRASIL, 1943, art. 135). O período normal de férias é de 30 dias corridos, não podendo ser iniciado dois dias antes de feriados ou do repouso semanal remunerado do trabalhador (BRASIL, 1943, art. 134, §3º). É proibido ao empregador descontar nas férias os dias que o empregado faltou durante o ano (BRASIL, 1943, art. 130, §1º). No entanto, o art. 130 da CLT e seus incisos (BRASIL, 1943) apresentam quais serão os períodos de férias de que o empregado poderá gozar, com base em suas faltas injustificadas durante o correspondente período aquisitivo. Assim, o período é de 30 dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de cinco vezes; de 24 dias corridos, quando houver tido de 6 a 14 faltas; de 18 dias corridos, quando houver tido de 15 a 23 faltas; e de 12 dias corridos, quando houver tido de 24 a 32 faltas. É importante destacar que não serão consideradas faltas, para efeitos da lista anterior, os casos descritos pelo art. 131 da CLT (BRASIL, 1943), independentemente dos critérios do empregador. 5.2 Fracionamento das férias Autorizado pelo empregador, o empregado poderá ter suas férias fracionadas por até três períodos, dentro do respectivo período concessivo. É a determinação do §1º do art. 134 da CLT (BRASIL, 1943). Para tanto, deverá haver, ao menos em uma das frações, um período não inferior a 14 dias; e, nos outros dois períodos, nenhum inferior a cinco dias. 5.3 Remuneração de férias O empregado receberá seu salário referente ao período de férias antecipadamente, devendo ser pago até dois dias antes de seu início 37 (BRASIL, 1943, art. 145). Somado ao pagamento das férias, o empregado também fará jus a um acréscimo de um terço do seu salário, chamado terço constitucional (BRASIL, 1988, art. 7º, XVII). Caso possua adicionais em sua remuneração, deverão ser somados aos seu salário de férias, assim como a média mensal de horas extras habituais ou a média mensal de comissões feitas no ano (BRASIL, 1943, art. 142, §6º). É permitido ao empregado converter um terço do período das suas férias em abono pecuniário, convertidos em pagamento, com base no salário de férias a que terá direito (BRASIL, 1943, art. 143). 5.4 Das férias coletivas As férias poderão ainda ser coletivas, marcadas pelo empregador para toda a empresa, para seus estabelecimentos ou setores (BRASIL, 1943, art. 139). As férias coletivas podem ser gozadas em até dois períodos do ano, devendo-se atentar à regra de que cada período não pode ser marcado com tempo inferior a dez dias (BRASIL, 1943, art. 139, §1º). Para sua validade, o empregador deverá informar ao Ministério do Trabalho e ao sindicato da categoria dos trabalhadores e fixar para os funcionários um comunicado das férias coletivas com os respectivos períodos, tudo com antecedência mínima de 15 dias (BRASIL, 1943, art. 139, §§2º e 3º). Caso algum trabalhador, recentemente contratado, ainda esteja dentro do período aquisitivo, ele fará jus às férias coletivas proporcionais ao seu tempo de contratação, iniciando-se posteriormente um novo período aquisitivo (BRASIL, 1943, art. 140). 6. Remuneração e salário Cotidianamente, usam-se as expressões remuneração e salário como se fossem sinônimas; porém, o art. 457 da CLT (BRASIL, 1943) estabelece 38 que há diferença entre as duas, quando instrui que remuneração é o salário devido ao empregado mais as gorjetas. Em outras palavras, remuneração é o pagamento feito aos que recebem também gorjetas (a exemplo dos garçons), e o salário é o valor devido ao empregado e diretamente pago pelo seu empregador. A gorjeta é o valor pago por terceiros, e não pelo empregador (BRASIL, 1943, art. 457, §3º). Sendo entregue diretamente pelo cliente ou recolhida na conta de serviços pelo empregador e posteriormente redistribuída aos empregados, o valor da gorjeta não provém dos recursos financeiros do empregador, mas de outros. Logo, não pode ser considerada salário, já que a lei determina que salário é o valor pago diretamente pelo empregador como contraprestação aos serviços prestados pelo empregado – razão de haver uma denominação específica. Em seu §1º, o artigo ainda diz que “integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador” (BRASIL, 1943). Então, salário é o valor fixo do empregado e os demais valores são denominados comumente como verbas salariais, pôr o comporem. Salário, então, pode ser entendido como o complexo de valores pagos ao trabalhador em decorrência da sua prestação pessoal de serviço diretamente pelo empregador (decorrente de seus recursos financeiros), enquanto remuneração é o salário pago mais as gorjetas. Esses valores devem ser pagos mensalmente, salvo no caso de porcentagens, comissões ou gratificações (BRASIL, 1943, art. 459, CLT), e no máximo até o quinto dia útil de cada mês (§1º). Os pagamentos devem ser feitos em dinheiro. Porém admite-se, quando couber, uma parte do pagamento sendo feito em forma de utilidades, chamado de salário in natura, regulamentado pelo art. 458 da CLT (BRASIL, 1943), como alimentação, habitação etc. 39 Não podem ser considerados salário in natura, conforme estabelece o mesmo artigo, vestuário, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho para a prestação do serviço; a educação em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros; o transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno; a assistência médica; o seguro de vida e acidentes pessoais; a previdência privada; e o vale-cultura (BRASIL, 1943). Finalmente, importa perceber que salário-utilidade é aquele pago pela prestação do serviço do empregado, e nunca para a prestação do serviço (como uniformes obrigatórios, ferramentas de trabalho etc.). 7. Gratificação natalina ou 13º salário A gratificação natalina (13º salário) foi instituída pela Lei n. 4.090, de 13 de julho de 1962 (BRASIL, 1962), e corresponde ao valor de um salário corrente do empregado, com os devidos acréscimos definidos por lei. Deverá ser paga a sua primeira parcela de janeiro a novembro do corrente ano, e a segunda parcela até o dia 20 de dezembro, obrigatoriamente. A cada mês (com mais de 15 dias trabalhados), o empregado recebe o direito a remuneração do 13º salário em 1/12 do seu salário, pagos conforme citado anteriormente. Serão acrescidos os adicionais, como insalubridade, periculosidade etc., e os valores variáveis, como horas extras habituais, comissões etc. Os valores variáveis incidentes no cálculo serão somados pela média mensal dos recebimentos no ano, compondo também o valor da gratificação. Poderá ser proporcional, caso o empregado não tenha trabalhado os 12 meses no ano ou tenha seu contrato de trabalho encerrado. Poderá, também, ter a primeira parcela paga junto com as férias, se solicitado ao empregador no mês de janeiro de cada ano. 40 Referências Bibliográficas BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Rio de Janeiro: Presidência da República, [1943]. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei n. 605, de 5 de janeiro de 1949. Dispõe sobre o repouso semanal remunerado e o pagamento de salário nos dias feriados civis e religiosos. Rio de Janeiro: Presidência da República, [1949]. Disponível em: https://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/l0605.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei n. 3.270, de 30 de setembro de 1957. Fixa em seis (6) o número de horas de trabalho diário dos cabineiros de elevador e dá outras providências. Rio de Janeiro: Presidência da República, [1957]. Disponível em: https://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/1950-1969/l3270.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei n. 4.090, de 13 de julho de 1962. Institui a Gratificação de Natal para os Trabalhadores. Brasília, DF: Presidência da República, [1962]. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4090.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei n. 8.662, de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, [1993]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8662.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei n. 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, [2000]. Disponível em: https://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/l10101.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei n. 11.901, de 12 de janeiro de 2009. Dispõe sobre a profissão de Bombeiro Civil e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, [2009]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11901. htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Jornada de trabalho. Regime de escala. Não concessão do repouso semanal remunerado no domingo por pelo menos uma vez ao mês. Domingo trabalhado. Pagamento em dobro. Relator Min. Mauricio Godinho Delgado. 2019. Disponível em: encurtador.com.br/fvJ26. Acesso em: 20 out. 2020. MARTINS, Sérgio Pinto. Manual de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l0605.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l0605.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l3270.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l3270.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4090.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4090.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8662.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10101.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10101.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11901.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11901.htm http://encurtador.com.br/fvJ26 41 Rescisão do Contrato de Trabalho Autoria: Anderson Wanderley Casorla Pereira da Cunha Leitura crítica: Renato Traldi Dias Objetivos • Compreender os institutos jurídicos do encerramento da relação de trabalho. • Analisar a diferença entre rescisão, resilição e resolução do contrato de trabalho. • Conhecer as verbas relacionadas ao encerramento da relação de trabalho, com e sem justa causa. • Diferenciar os tipos de avisos-prévios. 42 1. Contrato de Trabalho O encerramento do contrato de trabalho é uma ocorrência comum nas relações de emprego. Partindo do empregado ou do empregador, a rescisão contratual pode surgir por diversas motivações. Com vista ao princípio da continuidade da relação de emprego, o rompimento da relação de trabalho – direito de ambas as partes – gera consequências inevitáveis aos envolvidos, especialmente àquele que lhe deu causa. 1.1 Relação Contratual Ao contrário do que pode parecer, a relação contratual consiste em muito mais do que um mero documento escrito assinado pelas partes. Um contrato estabelece uma relação jurídica entre os contratantes, que expõem seu animus, ou seja, sua vontade, em estabelecer aquela combinação, que independe de seu registro gráfico. A legislação do trabalho reconhece que o contrato de trabalho, além de escrito, pode ser apenas verbal, sem uso de documentos escritos, ou ainda tácito, subtendendo-se um acordo entre as partes que não foi externalizado, nos termos do art. 442 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (BRASIL, 1943). Tal disposição legislativa demonstra que o que vale aqui é o que ambos desejam diante da relação laboral, e não a existência de um documento que a regule. Isso é possível porque a relação de trabalho é parametrizada pela legislação trabalhista, deixando pouco espaço para exigências exageradas entre os contratantes. Mesmo se houver exageros dispostos em contrato, as disposições normativas poderão anular sua incidência, trazendo-as às margens estabelecidas pelo legislador. 43 1.2 Rescisão, resilição e resolução do contrato de trabalho A expressão rescisão do contrato de trabalho é amplamente utilizada pelos operadores das lides trabalhistas. No entanto, as terminologias possuem significados diferentes, adequados à situação fática jurídica que lhe deram origem. As expressões “rescisão”, “resolução” e “resilição” são resgatadas do Direito Civil, especificamente do ramo do direito dos contratos e das obrigações, que tratam mais profundamente do tema do encerramento contratual. Vale lembrar que o contrato de trabalho, embora regulamentado pela legislação trabalhista, é ainda um contrato propriamente dito, cuja teoria jurídica obedece aos padrões gerais da legislação nacional, aplicados em qualquer situação. • Rescisão: pode ser entendida como a finalização de um contrato de trabalho motivada por uma falha de natureza grave, cometida por uma ou ambas as partes. • Resolução: é término da relação trabalhista por existir uma nulidade jurídica na relação de trabalho, levando ao necessário fim. • Resilição: é o fim da relação trabalhista por vontade de uma das partes, sem necessidade de um motivo. Não há, porém, na legislação nem na doutrina1 unanimidade sobre o tema (MARTINS, 2020, p. 162), já que o próprio legislador trabalhista por vezes utiliza a expressão rescisão em situações diferentes das que lhes são próprias. 1 Conjunto de ideias e ensinamentos dos estudiosos do Direito. 44 Para a análise do fim do contrato de trabalho, as expressões “encerramento”, “cessação” ou “término” parecem suficientes, já que não deixam margem para confusão. 2. Razões para o encerramento do contrato de trabalho A legislação trabalhista prevê diversas situações em que pode ocorrer o término do contrato de trabalho, sendo por vontade bilateral ou unilateral. Por bilateralidade entende-se a vontade ou a atitude de ambas as partes em pôr término à relação de trabalho, como por meio de acordo, culpa recíproca etc. Já por unilateralidade entende-se a vontade ou a atitude de apenas uma das partes em pôr fim à relação trabalhista, como pela demissão com ou sem justa causa, pelo pedido de demissão, pela rescisão indireta etc. É importante saber que a lei determina que o rompimento da relação de trabalho deve ser comprovado pelo empregador, em qualquer hipótese, entendimento pacífico nos tribunais brasileiros. 2.1 Cessação do contrato de trabalho por vontade do empregado 2.1.1 Pedido de demissão É facultado a ambas as partes encerrarem a relação de trabalho levando a termo o contrato. O encerramento dessa relação pode ser feito por mera vontade de uma ou de outra parte. 45 O pedido de demissão por vontade do empregadoé o mais comum que se vê. Basta sua comunicação formal ao empregador, com antecedência de 30 dias, para que se finalize essa relação. Não se pode esquecer também que sempre que uma das partes – empregado ou empregador – termina a relação de trabalho por prazo indeterminado, a lei determina uma indenização à outra parte pelo ferimento do princípio da continuidade da relação de emprego. Assim, no caso do pedido de demissão, a indenização prestada por parte do empregado é o cumprimento do aviso-prévio pelo período de 30 dias. Essa indenização não é uma penalização financeira ao empregado; ao contrário, ele receberá seu salário normalmente pelo serviço prestado durante o período do aviso-prévio. A finalidade aqui é minimizar a surpresa do empregador com a sua saída, permitindo que ele tome as providências para sua substituição durante esse período. Se o empregado não quiser cumprir o aviso-prévio, aí sim haverá uma penalização financeira, que é o desconto do valor referente a um mês de salário do empregado, que deverá ser feito nas suas verbas rescisórias. 2.1.2 Rescisão indireta A rescisão indireta é um instituto jurídico trabalhista bastante peculiar. Nele, o empregado poderá encerrar seu contrato de trabalho recebendo todos os direitos trabalhistas como se fosse demitido. A alegação se funda em ato violador da relação de trabalho por parte do empregador contra o empregado. No entanto, é importante ter cuidado, pois só irão ensejar rescisão indireta aqueles atos cometidos pelo empregador listados no art. 483 da CLT (BRASIL, 1943). Ali estão descritas hipoteticamente as atitudes que conduzem o empregador a sofrer a penalização na rescisão indireta em 46 favor do empregado, a qual se limita ao pagamento de todas as verbas rescisórias. Vejamos: Art. 483–O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; c) correr perigo manifesto de mal considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. (BRASIL, 1943) Um dos itens que mais gera pedidos de rescisão indireta é a alínea “d”, pois a ideia de descumprimento do contrato de trabalho pode se manifestar por meio de uma grande variedade de atos do empregador. O famoso desvio de função, por exemplo, em que o empregador solicita ao empregado que faça tarefas alheias às previstas no seu contrato de trabalho, é uma dessas situações. Outro fator de muita incidência cabível nessa determinação ocorre quando o empregador solicita ao empregado que cumpra as suas funções, definitiva ou aleatoriamente, em endereço diverso daquele previsto no contrato de trabalho, sem a devida previsão contratual prévia. 47 É fácil perceber que o empregador desatento poderá violar algum desses elementos protegidos durante a vigência do contrato de trabalho, pela variedade de situações previstas na norma. Quando for o caso, o empregado deverá impetrar uma ação trabalhista de rescisão indireta contra seu empregador, considerando que este provavelmente não irá admitir a falta cometida, remunerando devidamente o encerramento do contrato de trabalho pelo empregado. 2.2 Cessação do contrato de trabalho por vontade do empregador 2.2.1 Demissão sem justa causa ou arbitrária A demissão sem justa causa ou arbitrária é o instituto jurídico equivalente ao pedido de demissão, só que por parte do empregador. A expressão pode assustar o leitor; no entanto, “arbitrária” significa que não há motivo jurídico nenhum para o encerramento da relação de trabalho, apenas a disposição de vontade do empregador em findá-lo. Essa expressão foi trazida ao mundo jurídico-trabalhista pela CLT, em seu art. 165 (BRASIL, 1943). Como a cessação do contrato de trabalho é imotivada (sem motivo jurídico), fere o princípio da continuidade da relação de emprego, pegando de surpresa o empregado e gerando, assim, a necessária indenização rescisória. A porção das verbas rescisórias referente a essa indenização é constituída da concessão do aviso-prévio, cumprido ou indenizado, e de uma multa de 40% sobre o valor do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) do empregado recolhido por esse empregador, depositado em sua conta vinculada. 48 2.2.2 Rescisão por justa causa O encerramento do contrato de trabalho motivado pela justa causa é, na lide trabalhista, a maior penalidade que o empregado pode sofrer em sua relação de trabalho. Similar à rescisão indireta, a justa causa se materializa na presença de uma falta grave cometida pelo empregado. Não é, portanto, qualquer ato do empregado que descontente seu empregador capaz de gerar a justa causa. Irão ensejar justa causa nesse cenário apenas aqueles atos elencados no taxativo2 rol no art. 482 da CLT. Vejamos: Art. 482–Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; 2 Ou seja, que não comporta outras hipóteses além das listadas, segundo o entendimento dominante. 49 j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l) prática constante de jogos de azar. m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. (BRASIL, 1943) Caracterizada a penalidade, é rescindido o contrato de trabalho, recebendo o empregado apenas alguns daqueles direitos trabalhistas previstos em situação de rescisão. Fica evidente que a justa causa deve ser evitada, considerando o prejuízo financeiro que o empregado sofrerá. O empregador possui outros dispositivos punitivos capazes de repreender o empregado eficazmente, sem a necessidade de recorrer a esse instituto, como advertência verbal ou por escrito, pelos erros cometidos. Pode ainda suspendê-lo do trabalho pelo período que julgar necessário, suficiente para penalizá-lo quanto ao ocorrido, desde que não ultrapasse 30 dias – caso em que se subentenderia demissão por justa causa, nos termos do art. 474 da CLT (BRASIL, 1943). Na prática, o mais comum são suspensões de um a cinco dias de trabalho, dependendo da gravidade do ato, já que a suspensão não será remunerada, gerando perda financeira ao empregado. Lamentavelmente, a legislação não regula o número de dias passíveis de suspensão do empregado, gerando por vezes excessos por parte do empregador. Aplicadas quaisquer penalidades ao empregado, incluindo a advertência verbal, não será mais possível rescindir o contrato de 50 trabalho por justa causa, já que não pode haver uma segunda punição pelo mesmo fato. Há a crença de que três advertências por escrito contra o empregado
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