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Autores: Profa. Christiane Mázur Doi Profa. Fabíola Mariana Aguiar Ribeiro Colaboradores: Prof. Pedro Américo Frugoli Prof. José Carlos Morilla Equações Diferenciais EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Professoras conteudistas: Christiane Mázur Doi / Fabíola Mariana Aguiar Ribeiro Christiane Mázur Doi Possui doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP (2005), mestrado em Ciências – Tecnologia Nuclear pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares e pela Universidade de São Paulo – USP (1998), aperfeiçoamento em Tópicos de Estatística pelo Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo – USP (2012), graduação em Engenharia Química pelo Centro Universitário da FEI (1992) e licenciatura em Matemática pelo Centro Universitário Claretiano (2012). Realizou pesquisas na área de Engenharia Nuclear (com ênfase em Conversão, Enriquecimento e Fabricação de Combustível Nuclear) e na área de Engenharia de Materiais, principalmente em Soldagem Branda (com ênfase em Meio Ambiente). Tem experiência na produção de materiais didáticos e instrucionais. Atua, desde 1993, no magistério superior e é professora titular da Universidade Paulista (UNIP). Fabíola Mariana Aguiar Ribeiro Possui doutorado em Astronomia pela Universidade de São Paulo – USP (2006) e bacharelado em Física, com habilitação em Astronomia, pela Universidade de São Paulo – USP (2001). Fez pós-doutorado em Astronomia na Universidade de São Paulo de 2006 a 2008. Tem experiência na área de Astronomia e realizou pesquisas nos seguintes temas: variáveis cataclísmicas, discos de acreção, flickering e tomografia Doppler, incluindo a simulação de discos de acreção com vento e flickering. É professora titular da Universidade Paulista (UNIP). © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) D657t Doi, Christiane Mázur. Equações diferenciais. / Christiane Mázur Doi, Fabíola Mariana Aguiar Ribeiro. – São Paulo: Editora Sol, 2017. 200 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2-077/17, ISSN 1517-9230. 1. Equações diferenciais. 2. Equações diferenciais exatas. 3. Oscilador harmônico simples. I. Ribeiro, Fabíola Mariana Aguiar. II. Título. CDU 51 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Marcilia Brito Ricardo Duarte EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Sumário Equações Diferenciais APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ...............................................................................................................................9 1.1 Definição .....................................................................................................................................................9 1.2 Classificação ........................................................................................................................................... 10 1.3 Exemplos de classificação de equações diferenciais .............................................................. 11 1.4 Solução de equações diferenciais .................................................................................................. 12 2 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE VARIÁVEIS SEPARÁVEIS .................................................................... 18 2.1 Definição .................................................................................................................................................. 18 2.2 Exemplos de equações diferenciais de variáveis separáveis ............................................... 19 2.3 Solução de equações diferenciais de variáveis separáveis .................................................. 19 3 APLICAÇÕES DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE VARIÁVEIS SEPARÁVEIS .................................. 28 3.1 Dinâmica de uma partícula .............................................................................................................. 28 3.2 Reta tangente ........................................................................................................................................ 30 3.3 Populações .............................................................................................................................................. 33 3.4 Decaimento radioativo ....................................................................................................................... 35 4 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS EXATAS ........................................................................................................... 38 4.1 Definição .................................................................................................................................................. 38 4.2 Solução de equações diferenciais exatas ................................................................................... 41 4.3 Fator integrante .................................................................................................................................... 41 Unidade II 5 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM ......................................................... 86 5.1 Definição .................................................................................................................................................. 86 5.2 Solução de equações diferenciais lineares de primeira ordem .......................................... 88 6 APLICAÇÕES DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM ......................100 6.1 Lei de resfriamento de Newton ....................................................................................................100 6.2 Circuito RC sem fonte ......................................................................................................................103 6.3 Circuito RL sem fonte .......................................................................................................................107 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade III 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM .......................................................130 7.1 Definição ................................................................................................................................................130 7.2 Solução de equações diferenciais linearesde segunda ordem homogêneas ............132 7.3 Solução de equações diferenciais lineares de segunda ordem não homogêneas ............... 143 8 APLICAÇÕES DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM .....................153 8.1 Oscilador harmônico simples ........................................................................................................153 8.2 Oscilador harmônico amortecido ................................................................................................153 8.3 Circuito LC em série ...........................................................................................................................159 8.4 Pêndulo simples ..................................................................................................................................162 8.5 Osciladores forçados e amortecidos ...........................................................................................166 7 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 APRESENTAÇÃO Este livro-texto apresenta uma introdução às equações diferenciais. Elas estão presentes na construção de modelos matemáticos que envolvem taxas de variação de quantidades diversas. Logo, as equações diferenciais não são uma exclusividade das Ciências Exatas. Usamos equações diferenciais para modelar o decaimento radioativo de um átomo, para modelar o crescimento de uma população de bactérias e para modelar o comportamento de um oscilador amortecido, por exemplo. O estudo de equações diferenciais teve início com a noção de infinitesimal, já conhecida na primeira metade do século XVII, mas de forma fragmentada. Newton e Leibniz estabeleceram métodos e processos algorítmicos e desenvolveram o cálculo diferencial, de forma que o estudo de infinitesimais se tornou independente da Geometria. Newton estabeleceu os princípios da Mecânica em seu livro Principia, notando a necessidade de uma ferramenta matemática específica que envolvia o estudo de infinitesimais: dessa maneira, surgiu o cálculo infinitesimal. Os trabalhos de Newton sobre cálculo infinitesimal foram publicados apenas no século XVIII e tiveram pouco alcance no meio acadêmico. Leibniz obteve, de forma independente, resultados similares aos de Newton. Esses resultados foram publicados em uma série de artigos anteriores às publicações de Newton, com maior alcance no meio acadêmico. Foi Leibniz quem criou a notação dx para o diferencial e o símbolo de integral para representar soma, de modo que a soma dos diferenciais resultava em um todo, ou seja, ∫dx = x. Os irmãos Bernoulli, Jacques e Jean, foram colaboradores de Leibniz e contribuíram para a evolução e a consolidação da teoria do cálculo diferencial, bem como dos seus métodos e das suas aplicações. A necessidade crescente do uso da Matemática como ferramenta para a Física levou ao desenvolvimento da teoria das equações diferenciais, campo em que a contribuição de Jacques Bernoulli foi fundamental. Jacques Bernoulli trabalhou na solução da equação diferencial ( ) ( )y ' P x Q x .y+ = , conhecida, hoje, como equação de Bernoulli. O estudo de equações diferenciais parciais surgiu com o trabalho de D´Alembert sobre a vibração de uma corda, que levou à equação diferencial 2 2 2 2 2 u u k t x ∂ ∂= ∂ ∂ . Ainda no século XVIII, Lagrange propôs um método para resolver equações diferenciais lineares não homogêneas. INTRODUÇÃO A primeira parte é dividida em: equações diferenciais, equações diferenciais de variáveis separáveis, aplicações de equações diferenciais de variáveis separáveis e equações diferenciais exatas. Primeiro, apresentamos uma introdução às equações diferenciais: definimos o que é uma equação diferencial e, em seguida, detalhamos a classificação das equações diferenciais e estudamos como determinar se uma equação é solução ou não de dada equação diferencial. 8 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Depois, tratamos das equações diferenciais de variáveis separáveis: indicamos, inicialmente, como identificar se uma equação diferencial é desse tipo e, na sequência, apresentamos seu método de resolução. São discutidos vários exemplos envolvendo equações diferenciais parciais. Apresentamos, também, aplicações de equações diferenciais de variáveis separáveis, discutimos a dinâmica de uma partícula sujeita à aplicação de uma força, mostramos a definição da reta tangente em um ponto de uma função dada, realizamos o estudo de populações e analisamos o decaimento radioativo. Estudamos equações diferenciais exatas. Definimos o critério para classificar dada equação diferencial como uma equação diferencial exata e apresentamos o método para obter a solução dessa classe de equações diferenciais. Vários exemplos de classificação e de resolução de equações diferenciais exatas são discutidos. Em seguida, abordamos as equações diferenciais lineares de primeira ordem e discutimos aplicações desse tipo de equação. Tratamos das equações diferencias lineares de primeira ordem, homogêneas e não homogêneas, apresentamos o critério para classificar equações desse tipo, estudamos o método para sua resolução e discutimos diversos exemplos. Apresentamos aplicações de equações diferenciais lineares de primeira ordem, como a lei de resfriamento de Newton e os circuitos RL e RC sem fonte de energia. Por fim, discutimos equações diferenciais lineares de segunda ordem e suas aplicações. Definimos o que é uma equação diferencial linear de segunda ordem e apresentamos o método para determinar a solução dessas equações, tanto para equações diferenciais homogêneas quanto para equações diferenciais não homogêneas. Diversos exemplos são discutidos. Apresentamos, ainda, aplicações de equações diferenciais lineares de segunda ordem, como o oscilador harmônico simples, sem e com amortecimento, e o oscilador forçado. Estudamos, também, os casos do pêndulo simples e de circuito LC em série, sem fonte de energia. 9 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Unidade I 1 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 1.1 Definição Uma equação diferencial é uma equação que contém a derivada de uma função desconhecida. As equações a seguir são exemplos de equações diferenciais. ( ) 2 2 2 2 2 2 y ' 4 d p(x) 4p x 1 dx f(x,y) f(x,y) 0 x y x 3x 0 = − = ∂ ∂+ = ∂ ∂ + = . Observação As derivadas podem ser expressas de diferentes formas. Considere f(x) uma função diferenciável para qualquer valor de x ∈ IR. A derivada de f(x) em relação a x pode ser expressa como f’(x) ou df(x) dx , por exemplo. Em Física, é frequente derivarmos grandezas em relação ao tempo. Vamos analisar o caso da posição de um corpo em função do tempo t, dada por x(t). Para a derivada da posição em função do tempo, usamos a notação x, em que o ponto indica a derivada temporal. Considere g(x,y) uma função de duas variáveis, diferenciável em IR2. As derivadas parciais de g em relação a x e y podem ser escritas, respectivamente, como g x ∂ ∂ e g y ∂ ∂ ou xg e yg , por exemplo. As equações diferenciais surgem quando criamos modelos matemáticos para problemas físicos que envolvem a taxa de variação de dada quantidade. As equações diferenciais não são uma exclusividade das Ciências Exatas, pois também surgem quando estudamos modelos populacionais em Ciências Sociais e modelos de cultura de bactérias em Ciências Biológicas. 10 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I 1.2 Classificação As equações diferenciais podem ser classificadas em ordinárias (EDO) ou parciais (EDP). As equações diferenciais ordinárias envolvem funções de apenas uma variável, enquanto as equações diferenciais parciais envolvem funções de mais de uma variável e, portanto, derivadas parciais. A equação a seguir é um exemplo de uma equação diferencial ordinária.df(x) 5x dx = A equação a seguir é um exemplo de uma equação diferencial parcial. f(x,y) 5xy x ∂ = ∂ As equações diferenciais também podem ser classificadas quanto à sua ordem. As equações diferenciais de primeira ordem envolvem apenas a primeira derivada de uma função; já as equações diferenciais de segunda ordem envolvem segundas derivadas (e primeiras derivadas também, conforme o caso) de uma função. Seguindo o mesmo raciocínio, podemos ter equações diferenciais de terceira, quarta ou quinta ordens. A ordem da equação diferencial é sempre a maior ordem de derivação da equação. A equação diferencial a seguir é um exemplo de equação diferencial de primeira ordem. ( )f ' x 4x 2= + A equação diferencial a seguir é um exemplo de equação diferencial de segunda ordem. ( )f '' x 4x 2= + Podemos também classificar as equações diferenciais em homogêneas e não homogêneas. As equações diferenciais homogêneas não têm termos que não dependem da função ou da variável, enquanto as não homogêneas têm esse termo. A equação diferencial a seguir é um exemplo de equação diferencial homogênea. x 3x 0+ = A equação diferencial a seguir é um exemplo de equação diferencial não homogênea. x 3x 5+ = A equação diferencial a seguir é outro exemplo de equação diferencial não homogênea. 11 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 2x 3x e+ = 1.3 Exemplos de classificação de equações diferenciais No exemplo a seguir, discutiremos a classificação de algumas equações diferenciais. Exemplo 1 Classifique as equações diferenciais a seguir. x 3x 0+ = y' 4= ( ) 2 2 d p(x) 4p x 1 dx − = 2 2 2 2 f(x,y) f(x,y) 0 x y ∂ ∂+ = ∂ ∂ Resolução A equação diferencial x 3x 0+ = só depende da função x e da sua derivada. Trata-se, portanto, de uma equação diferencial ordinária. Como temos apenas derivada de primeira ordem, a equação diferencial é de primeira ordem. Como não temos termo independente da função ou de sua derivada, a equação diferencial é homogênea. Em resumo, x 3x 0+ = é uma equação diferencial ordinária, de primeira ordem e homogênea. A equação diferencial y’ = 4 só depende da derivada da função y e é, portanto, uma equação diferencial ordinária. Como temos apenas uma derivada de primeira ordem, a equação diferencial é de primeira ordem. Como temos termo independente (o termo 4) na equação, essa equação é não homogênea. A equação diferencial y’ = 4 é, portanto, uma equação diferencial ordinária, de primeira ordem e não homogênea. A equação diferencial ( ) 2 2 d p(x) 4p x 1 dx − = só depende da função p(x) e de sua derivada, sendo, portanto, uma equação diferencial ordinária. Como temos derivada de segunda ordem, a equação diferencial é de segunda ordem. Como temos termo independente (o termo 1), a equação diferencial é não homogênea. A equação diferencial ( ) 2 2 d p(x) 4p x 1 dx − = é, portanto, uma equação diferencial ordinária, de segunda ordem e não homogênea. 12 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I A equação diferencial 2 2 2 2 f(x,y) f(x,y) 0 x y ∂ ∂+ = ∂ ∂ apresenta uma função de duas variáveis e derivadas parciais, sendo, portanto, uma equação diferencial parcial. Como temos derivadas de segunda ordem, a equação diferencial é de segunda ordem. Como não temos termo independente, a equação diferencial é homogênea. Logo, a equação diferencial 2 2 2 2 f(x,y) f(x,y) 0 x y ∂ ∂+ = ∂ ∂ é uma equação diferencial parcial, de segunda ordem e homogênea. 1.4 Solução de equações diferenciais Para mostrar se dada equação é solução de uma equação diferencial, é necessário mostrar que a equação satisfaz a equação diferencial. Para tanto, basta substituí-la na equação, juntamente com suas derivadas. Como exemplo, considere a equação diferencial y’ – 4y = 0: a função f(x) é solução da equação diferencial apenas se f’(x) – 4f(x) = 0. Observação É importante lembrar as seguintes propriedades de derivadas. Considerando f(x) e g(x) funções contínuas e diferenciáveis em IR e c uma constante, temos o que segue. Derivada da soma de funções: ( ) ( )( ) ( )f x g x ' f ' x g'(x)+ = + Derivada de produto de função por constante: ( )( )c.f x ' c.f '(x)= Derivada do produto de funções: ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( )f x .g x ' f ' x .g x f x .g'(x)= + Derivada do quociente de funções: ( ) ( ) ( ) 2 ' f ' x .g x f x .g'(x)f(x) g(x) g (x) − = Regra da cadeia: ( ) ( ) u g(x)f(g(x)) g x .' f '(u)' == 13 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Exemplo 2 Mostre que y = 5t + 2 é solução da equação diferencial dy 5 0 dt − = . Resolução A equação diferencial envolve a primeira derivada da função y(t). Logo, precisamos calcular essa derivada. ( )dy d 5t 2 dt dt = + ( ) ( )d 5t d 2dy dt dt dt = + ( )d tdy 5 0 dt dt = + dy 5.1 0 dt = + dy 5 dt = Substituindo o resultado obtido na equação diferencial, temos que dy 5 5 5 0 dt − = − = Assim, y = 5t + 2 é solução da equação diferencial dy 5 0 dt − = . Note que y = 5t + 3 ou y = 5t também são soluções da equação diferencial. Então, a solução da equação diferencial, de forma mais geral, é o conjunto de equações y = 5t + c, em que c é uma constante. Exemplo 3 Mostre que ( ) 3xy x 4e= é solução da equação diferencial dy 3y dx = . Resolução Calculando primeiro a derivada de y em relação a x, temos que 14 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I ( )3xdy d 4edx dx= ( )3xdy d4 edx dx= 3xdy 4.3.e dx = 3xdy 12.e dx = Substituindo a função y e sua derivada na equação diferencial, temos que dy 3y dx = ( )3x 3x12.e 3 4.e= 3x 3x12.e 12.e= Logo, ( ) 3xy x 4e= é solução da equação diferencial dy 3y dx = . Exemplo 4 Mostre que ( ) 3x t 5t t 4= + − é solução da equação x 30t 0− = . Resolução A equação diferencial em estudo é de segunda ordem. Logo, devemos calcular a segunda derivada de x(t). ( ) ( )3x t 5t t 4 '= + − ( ) 2x t 5.3t 1 0= + + ( ) 2x t 15t= ( )2x 1 t '5= x 15.2.t= x 30t= 15 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Substituindo o resultado obtido na equação diferencial, temos que 30t 0 30t 30t x 0 0 0 − = − = = A equação ( ) 3x t 5t t 4= + − é, portanto, solução da equação 3 0x 0t− = . Exemplo 5 A equação diferencial do movimento de um oscilador harmônico composto de um sistema massa-mola é dada pela equação 2 0y y+ ω = , na qual ω é uma constante que depende da constante elástica da mola e da massa do corpo do oscilador. Mostre que a função ( )y t Acos( t )= ω + ϕ é solução para essa equação diferencial. Resolução Primeiramente, derivamos a suposta solução até a segunda derivada, pois temos uma equação diferencial de segunda ordem. y A. .sen( t )= − ω ω + ϕ 2A cos(y t )= − ω ω + ϕ Substituindo o resultado obtido na equação diferencial, temos que 2 0y y+ ω = 2 2A cos( t ) Acos( t ) 0− ω ω + ϕ + ω ω + ϕ = 0 0= Logo, ( )y t Acos( t )= ω + ϕ é solução para a equação diferencial do oscilador. Exemplo 6 A segunda lei de Newton, F = ma, na qual F é a força resultante que atua em um corpo de massa m e a é sua aceleração, pode ser escrita sob a forma de uma equação diferencial, F mx= , na qual x a posição do corpo. Mostre que a equação horária x(t) = 0,3.t3 + 5t2 não é solução para o movimento de um corpo de massa m = 10 kg sob influência de força F = 18t, dada em Newtons, sendo que t representa o tempo em segundos. 16 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Resolução O primeiro passo é derivarmos a equação horária. Como a equação diferencial é de segunda ordem, precisamos calcular a segunda derivada da equação horária. 2 2x 0,3.3t 5t 0,9t 5t=+ = + 0,9.2t 5.1 1,8tx 5= + = + Substituindo o resultado obtido na equação diferencial, para F = 18t (N) e m = 10 kg, temos que F mx= ( )18t 10. 1,8t 5= + 18t 18t 50= + 1 50= Como chegamos a uma expressão matemática falsa, a equação horária x(t) = 0,3.t3 + 5t2 não é solução para o movimento. Exemplo 7 Mostre que a função f(x,y) = 3xy é solução da equação diferencial f f x y 0 x y ∂ ∂− = ∂ ∂ . Resolução A equação diferencial em estudo é uma equação diferencial parcial, tanto em x quanto em y, de primeira ordem. Então, devemos calcular as derivadas parciais de f(x,y) em relação às duas variáveis. Em relação à variável x, temos que ( )f 3xy x x ∂ ∂= ∂ ∂ ( )f 3y x x x ∂ ∂= ∂ ∂ f 3y x ∂ = ∂ 17 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Em relação à variável y, temos que ( )f 3xy y y ∂ ∂= ∂ ∂ ( )f 3x y y y ∂ ∂= ∂ ∂ f 3x y ∂ = ∂ Substituindo os resultados na equação diferencial, temos que f f x y 0 x y ∂ ∂− = ∂ ∂ x.y y.x 0− = 0 0= Portanto, a função f(x,y) = 3xy é solução da equação diferencial f f x y 0 x y ∂ ∂− = ∂ ∂ . Exemplo 8 Determine o valor da constante A que faz com que a equação y(x) = A.cos(2x) seja solução da equação diferencial 2 2 d y 3y dx = . Resolução Como temos uma equação diferencial de segunda ordem, devemos calcular a segunda derivada de y(x). [ ]dy d A.cos(2x) dx dx = ( )dy dA. cos 2x dx dx = dy 2A.sen(2x) dx = − 18 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I 2 2 d y d dy dx dxdx = ( ) 2 2 d y d 2A.sen 2x dxdx = − ( ) 2 2 d y d 2A sen 2x dxdx = − 2 2 d y 4A.cos(2x) dx = − Substituindo o resultado na equação diferencial, temos que 2 2 d y 3y dx = ( )4A.cos 2x 3.A.cos(2x)− = 4A 3A− = O único valor que satisfaz a equação apresentada é A = 0. 2 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE VARIÁVEIS SEPARÁVEIS 2.1 Definição Uma equação diferencial de variáveis separáveis pode ser escrita na forma a seguir. ( )dy g x .h(y) dx = Na expressão, g(x) é uma função que depende apenas de x, e h(y) é uma função que depende apenas de y. Lembrete Uma equação diferencial de variáveis separáveis também pode ser classificada como uma equação diferencial homogênea. 19 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 2.2 Exemplos de equações diferenciais de variáveis separáveis Exemplo 1 A equação diferencial ( ) 2dy sen x .y dx = é uma equação diferencial de variáveis separáveis, pois pode ser escrita na forma ( )dy g x .h(y) dx = . Exemplo 2 A equação diferencial ( ) 2dy sen xy .y dx = não é uma equação diferencial de variáveis separáveis, pois não pode ser escrita na forma ( )dy g x .h(y) dx = . Note que, nesse caso, o seno tem como argumento o produto de x e y. Exemplo 3 A equação diferencial ( ) 2dy sen x y dx = + não é uma equação diferencial de variáveis separáveis, pois não pode ser escrita na forma ( )dy g x .h(y) dx = . Para isso, necessitaríamos de um produto das duas funções no lado direito da equação, mas temos uma soma. Exemplo 4 A equação diferencial 2dy y dx= é uma equação diferencial de variáveis separáveis, pois pode ser escrita na forma ( )dy g x .h(y) dx = . Ou seja, 2dy y dx= 2dy 1.y dx = Note que, nesse caso, g(x) = 1 e h(y) = y². 2.3 Solução de equações diferenciais de variáveis separáveis O método de determinação da solução geral para uma equação diferencial de variáveis separáveis consiste em, literalmente, separarmos as variáveis, deixando, de um lado da igualdade, os termos dependentes apenas de x e, do outro lado da igualdade, os termos dependentes apenas de y, incluindo os diferenciais. ( )dy g x dx h(y) = 20 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Em seguida, integramos ambos os lados da equação diferencial. ( )dy g x dx h(y) =∫ ∫ Sendo H(y) uma primitiva de 1 h(y) e G(x) uma primitiva de g(x), a solução da equação diferencial é dada por H(y) = G(x) + k Na expressão, k é uma constante que vem do fato de estarmos tratando com integrais indefinidas. Logo, a solução não é única, mas uma família de primitivas. O valor de k pode ser determinado se for dada uma informação do valor da função em algum ponto: esse valor é chamado de condição de contorno. Em Física, é comum ser dada a condição inicial da função, ou seja, o valor da função para o instante t = 0. Observação Como a resolução de equações diferenciais parciais implica a resolução de integrais, é interessante relembrarmos algumas propriedades de integração. Considerando f(x) e g(x) funções e c uma constante, temos o que segue. ( ) ( ) f x g(x)dx f(x)dx g(x)dx c.f x dx c. f(x)dx + = + = ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ Há, ainda, a integração por partes. Para u e v funções, temos que udv uv vdu= −∫ ∫ Exemplo 5 Resolva a equação 2 dy x dx = . Resolução Primeiramente, precisamos separar as variáveis. Logo, 2 2 dy x dx dy x dx = = 21 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Integramos a equação em ambos os lados. Ou seja, 2dy x dx=∫ ∫ 3 1 2 x y c c 3 + = + Na expressão, 1c e 2c são constantes. Fazendo 1 2c c k− + = e isolando y, chegamos à solução da equação diferencial. 3x y k 3 = + Note que a solução não é única, mas uma família de soluções para diferentes valores de k. Os gráficos dessas funções são mostrados, na figura a seguir, para alguns valores da constante k. -1.5 1.5-1.0 1.0-0.5 0.5 2 1 -1 -2 x y x x x 3 3 3 3 3 1 3 1 − + Figura 1 – Gráficos das soluções da equação diferencial 2 dy x dx = Exemplo 6 Resolva dx 3xt dt = . Resolução Separando as variáveis, temos que dx 3t dt x = 22 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Note que é indiferente em qual lado da equação deixamos a constante multiplicativa. Integrando a equação em ambos os lados, temos que dx 3t dt x =∫ ∫ Ou, de forma equivalente, 1 dx 3 t dt x =∫ ∫ ( ) 2 1 2 t ln x c 3 c 2 + = + Fazendo 1 2c c k− + = e isolando x, chegamos à solução da equação diferencial. ( ) 23t ln x k 2 = + Aqui, precisamos calcular a exponencial em ambos os lados da equação para obtermos x em função de t. ( ) 23t kln x 2e e + = 23t k 2x e e= Fazendo ke C= , temos que 23t 2x(t) C.e= A solução da equação diferencial é, portanto, 23t 2 x(t) C.e= , com C constante. Os gráficos dessas funções são dados para alguns valores de C, na figura a seguir. 23 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS x y -1.0 -0.5 0.5 1.0 35 30 25 20 15 10 5 Figura 2 – Gráficos das soluções da equação diferencial dx 3xt dt = Observação Considere a, m e n números inteiros. São propriedades da função exponencial: 1a a= m n m na .a a += ( )nm m.na a= m n mna a= No exemplo anterior, usamos a segunda propriedade, com a = e. Exemplo 7 Resolva 2 dv 1 dt v v = + . 24 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Resolução Primeiramente, separamos as variáveis. Logo, ( ) 2 2 dv 1 dt v v v v dv dt = + + = Integramos ambos os lados da equação. Ou seja, ( )2 2 3 2 3 2 v v dv dt v dv vdv dt v v t k 3 2 2v 3v 6t 6k + = + = + = + + = + ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ Fazendo 6k = K, a solução da equação diferencial é v(t), que satisfaz a equação 3 22v 3v 6t K+ = + . As soluções da equação diferencial, para alguns valores de K, estão representadas a seguir. v v t v v t v v t 2 2 2 2 3 6 2 2 3 6 2 2 3 6 ( ) ( ) ( ) + = + + = − + = 0.0 -0.5 -1.0 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 v t Figura 3 – Soluções da equação diferencial 2 dv 1 dt v v = + 25 EN G - Re vi são: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Exemplo 8 Resolva y dy e dx −= . Resolução Primeiramente, separamos as variáveis. Logo, y y y dy e dx dy dx e e dy dx − − = = = Integrando ambos os lados da equação, temos que y y e dy dx e x k = = + ∫ ∫ Calculando o logaritmo neperiano em ambos os lados da equação, chegamos à solução da equação diferencial. Ou seja, ( ) ( ) ( ) yln e ln x k y ln x k = + = + A equação y = ln(x + k) é, portanto, solução da equação diferencial y dy e dx −= , com k constante. Os gráficos dessa função são dados na figura a seguir. -1.0 -1 -0.5 0.5 1.0 log( ) log( ) log( ) x x x + + 1 3 1 -2 -3 -4 y x Figura 4 – Gráficos das soluções da equação diferencial y dy e dx −= 26 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Observação Considere a, m e n números inteiros. São propriedades dos logaritmos: alog 1 0= ( )a a alog m.n log m log n= + a a a m log log m log n n = − ( )na alog m n.log m= Note que, se fizermos a = e, temos as propriedades para o logaritmo neperiano. Na última passagem do exemplo anterior, não pudemos simplificar mais a equação, pois não foi possível aplicar nenhuma propriedade de logaritmo. A segunda propriedade não pode ser aplicada nessa equação. Exemplo 9 Resolva 2 dy 2xy dx = com y(0) = 4. Resolução Primeiramente, separamos as variáveis. Logo, 2dy 2xy dx = 2 dy 2x dx y = 2y dy 2x dx− = 27 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Integrando ambos os lados da equação, temos que 2y dy 2 x dx− =∫ ∫ 3 2y x 2 k 3 2 − = + − 2 3 1 3x k y = − + 3 2 1 y 3x k = − + 3 2 1 y 3x k = − + Para determinarmos o valor da constante k, devemos usar o fato de que temos y(x = 0) = 4. Substituindo essa condição na equação, ficamos com 3 2 1 4 3.0 k = − + 3 1 4 k = 31 4 k = 3 1 k 4 = 3k 4−= Logo, a solução da equação diferencial é 3 2 3 1 y 3x 4− = − + . 28 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I 3 APLICAÇÕES DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE VARIÁVEIS SEPARÁVEIS 3.1 Dinâmica de uma partícula Uma das aplicações de equações diferenciais em Física é a solução de problemas de Dinâmica. O movimento resultante da aplicação da força F sobre um corpo de massa m é dado pela segunda lei de Newton, F = ma, na qual a é a aceleração da partícula. Escrevendo a aceleração como a segunda derivada da posição x em relação ao tempo t, temos a forma diferencial da segunda lei de Newton. Ou seja, 2 2 d x F m dt = Essa equação é uma equação diferencial de segunda ordem. Se escrevermos a velocidade v como a primeira derivada da aceleração, temos uma equação diferencial de primeira ordem. Ou seja, dv F m dt = Aqui, podemos trabalhar com força constante ou com força dependente do tempo. Em ambos os casos, estamos tratando de uma equação diferencial de variáveis separáveis. dv F(t) m dt = ( )F t dt m dv= A solução dessa equação diferencial é obtida integrando-se ambos os lados, como detalhado anteriormente. Logo, ( )F t dt m dv=∫ ∫ Exemplo 1 Considere uma partícula de massa m = 1 kg deslocando-se sob influência de uma força dependente do tempo da forma F = 1 + 3t, com a força F em Newton e o tempo t em segundos. Escreva a equação diferencial que rege a velocidade da partícula. Resolva a equação diferencial sabendo que a velocidade inicial da partícula é nula. 29 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Resolução Da segunda lei de Newton, temos que dv F ma m dt = = Substituindo a expressão da força e a massa da partícula na equação, ficamos com dv 1 3t 1 dt + = dv 1 3t dt = + Essa é a equação diferencial que rege a velocidade da partícula em movimento sob a ação da força F dada. Para resolvermos a equação diferencial, sabendo que ela é uma equação diferencial de variáveis separáveis, precisamos, inicialmente, separar as variáveis e, em seguida, integrar ambos os lados da equação. Ou seja, ( )dv 1 3t dt= + ( )dv 1 3t dt= +∫ ∫ 2t v t 3 k 2 = + + Na expressão, k é uma constante a ser determinada pela condição inicial de que a partícula tem velocidade inicial nula, ou seja, v(t = 0) = 0. Substituindo essa condição na equação, ficamos com 20 0 0 3 k 2 = + + k 0= Logo, a solução da equação diferencial é 2 3 v(t) t t 2 = + . O gráfico dessa função é dado na figura a seguir. 30 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I v t -1.0 -0.5 0.5 0.5 1.5 1.0 Figura 5 – Gráfico da velocidade de uma partícula de massa m = 1 kg se deslocando sob influência de uma força dependente do tempo da forma F = 1 + 3t, em função do tempo 3.2 Reta tangente Seja f(x) uma função contínua e derivável em todo seu domínio. A reta tangente a essa função em um ponto P do seu domínio é a reta que tem coeficiente angular igual à derivada da função no ponto. Ou seja, df(x) y .x b dx = + Note que o coeficiente linear b da reta está indeterminado. Para determinarmos esse coeficiente, consideramos que tanto a função quanto a reta tangente passam pelo ponto P, ou seja, no ponto P temos f(x)=y. Exemplo 2 Determine a função y = f(x) cuja ordenada da reta tangente no ponto de abscissa x é igual a x.y e que apresenta f(1) = 1. Resolução O problema resume-se a resolvermos a equação diferencial dy xy dx = com a condição y(x = 1) = 1. O primeiro passo para resolvermos a equação diferencial, que é de variáveis separáveis, é separarmos as variáveis. Em seguida, integramos ambos os lados da equação. Logo, dy xy dx = 1 dy x dx y = 31 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 1 dy x dx y =∫ ∫ 2x lny k 2 = + 2x k 2y e + = 2x 2y C.e= Aplicando a condição y(x = 1) = 1, determinamos o valor da constante C. Ou seja, 2x 2y C.e= 1 21 C.e= 1 2C e − = 1 C e = Logo, a solução para o problema é 2x 21y(x) .e e = . O gráfico dessa função está na figura a seguir. y x -2 -1 1 2 5 15 10 20 Figura 6 – Gráfico da função y = f(x) cuja ordenada da reta tangente no ponto de abscissa x é igual a x.y, e com f(1) = 1 32 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Exemplo 3 Determine a função y = f(x) cuja reta tangente faz 45º com o eixo das ordenadas e que apresenta f(0) = 2. Resolução A reta que faz 45º com o eixo das ordenadas é uma reta que divide o plano xy ao meio. Logo, nesse caso, x = y. Para resolvermos esse problema, basta resolvermos a equação diferencial dy y dx = com a condição y = (x = 0) = 2. Como a equação diferencial é uma equação diferencial de variáveis separáveis, vamos separar as variáveis e, em seguida, integrar cada lado da equação. Ou seja, x k x 1 dy dx y 1 dy dx y lny x k y e C.e+ = = = + = = ∫ ∫ Aplicando a condição y(x = 0) = 2, temos que x 0 y C.e 2 2 C.e C = = = Logo, a solução para o problema é a função xy(x) 2.e= . O gráfico dessa função está representado na figura a seguir. y x -2-3 -1 1 32 10 30 20 40 Figura 7 – Gráfico da função y = f(x) cuja reta tangente faz 45º com o eixo das ordenadas e com f(0) = 2 33 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 3.3 Populações O modelo mais simples de crescimento populacional de uma população P em função do tempo t assume que a taxa de variação da população é proporcional à população, ou seja, dP aP dt = Na expressão, a depende do modelo adotado e é uma composição das taxas de natalidade, de mortalidade e de migração. No modelo de Malthus (ou malthusiano), a é assumida constante.O modelo logístico assume taxas de natalidade e migração constantes e taxa de mortalidade proporcional à população, ou seja, a = b - cP, com b e c constantes. Existem diversos outros modelos para populações. O modelo de Verhulst-Pearl assume que a constante de proporcionalidade da taxa de crescimento da população em relação à população apresenta dependência linear com a população, ou seja, ( )dP a bp p dt = − Na expressão, a e b são constantes. O modelo de populações de Volterra, similar ao modelo de Verhulst-Pearl, é dado por ( )dP p p dt = − ∈+λ Na expressão, ∈ é o coeficiente de mortalidade e λ é o coeficiente de nascimentos. Nesse último modelo, o número de nascimentos é proporcional ao quadrado da população e o número de mortes é proporcional à população. Exemplo 4 A taxa de variação de dada população P de bactérias é linear em função do tempo, em horas. Sabendo que a população inicial era de 1000 bactérias, determine a população para t = 3 horas. 34 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Resolução A frase “a taxa de variação de uma dada população P de bactérias é linear em função do tempo” pode ser traduzida na expressão a seguir. dP t dt = Temos, então, uma equação diferencial de variáveis separáveis. Resolvendo essa equação, ficamos com dP t dt= dP t dt=∫ ∫ 2t P k 2 = + Substituindo a condição inicial P(3)=1000, determinamos a constante k. Ou seja, 20 1000 k 2 = + k 1000= Logo, a expressão para a população de bactérias em função do tempo é dada por 2t P 1000 2 = + Na expressão, o tempo t é dado em horas. Para t = 3 horas, a população de bactérias é ( ) 23 P t 3 1000 2 = = + ( )P t 3 1004,5= = Temos, então, 1004,5 bactérias após 3 horas, valor que pode ser aproximado para 1005 bactérias. 35 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 3.4 Decaimento radioativo Outro fenômeno que pode ser modelado por uma equação diferencial de variáveis separáveis é o decaimento radioativo. Considere N o número de átomos de certo material radioativo, que varia em função do tempo. A equação diferencial que dá a evolução da quantidade de átomos no material é dN kN dt − = Na expressão, k é a constante de decaimento radioativo. O sinal negativo na equação diferencial indica que temos diminuição da quantidade de material em função do tempo. A solução dessa equação diferencial é obtida separando as variáveis. Logo, dN k dt N − = Em seguida, integramos ambos os lados da equação diferencial do instante inicial até o instante final. t t t0 t0 dN k dt N − =∫ ∫ t t t0 t0 dN k dt N − =∫ ∫ ( ) ( )0 0ln N ln(N ) k t t − = − − Calculando-se a exponencial de base e em ambos os lados da equação, chegamos à solução da equação diferencial. Ou seja, ( )k t t0 0N N e − −= Na expressão, N0 é a quantidade inicial de átomos no material no instante t0. Considerando o instante inicial t0 igual a zero, ficamos com ( )k t t0 0N N e − −= Como o expoente deve ser adimensional, a constante de decaimento tem como unidade o inverso da unidade de tempo. 36 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Uma quantidade útil quando tratamos de decaimento radioativo é a meia-vida (t1/2 ), definida como o tempo necessário para que a quantidade de material caia pela metade. Considerando uma quantidade Q de átomos radioativos, a meia-vida é obtida por k(t t )0 QQ.e 2 − − = 0 ln(2) t t k − = 1/2 ln(2) t k = No decaimento radioativo, o número de átomos do material diminui com o tempo, mas esses átomos não desaparecem – eles se transformam em outros, que também podem decair em novos átomos ou não. Isso é esquematizado em um diagrama chamado série radioativa. Na figura a seguir, temos a série radioativa do rádio 226. O rádio 226 decai em radônio 222, que, por sua vez, decai em polônio 218. O polônio 218 decai em astato 218 e em chumbo 214, que decaem em chumbo 210, um elemento estável e, portanto, o elemento final da série do rádio 226. Ra Rn Po Pb (estável) At Pb 226 88 86 84 82214 222 218 85 82 210 218 Figura 8 – Série radioativa do elemento radioativo rádio 226 Saiba mais Para mais informações sobre decaimento radioativo, consulte: EISBERG, R.; RESNICK, R. Física Quântica. 9. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1994. Exemplo 5 Considere o elemento radioativo 237U, de meia-vida 6,75 dias. Determine a fração de 237U que resta após um intervalo de 30 dias. 37 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Resolução Devemos determinar a constante de decaimento a partir da meia-vida do elemento. Ou seja, 1/2 ln(2) t k = ln(2) 6,75 k = ( )k ln 2 .6,75= k 4,671 / h= A equação diferencial desse problema é, portanto, dN 4,67.N dt − = Separando as variáveis, obtemos dN 4,67 dt N − = Em seguida, integramos ambos os lados da equação diferencial, do instante inicial 0 até o instante final 30 dias, e da quantidade inicial até a quantidade final de átomos. Logo, N 30 N 00 dN 4,67 dt N − =∫ ∫ N 30 N t00 dN 4,67 dt N − =∫ ∫ ( ) ( )0ln N ln(N ) 4,67 30 0 − = − − ( ) 0ln N ln(N ) 140,36 − = − 38 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Calculando-se a exponencial de base e em ambos os lados da equação, chegamos à solução da equação diferencial. Ou seja, 140,36 0 N e N −= 61 0 N 1,1.10 N −= Vemos que, após 30 dias, resta uma fração de 1,1.10-61 átomos de 237U em relação à amostra original. 4 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS EXATAS 4.1 Definição Sejam P(x,y) e Q(x,y) funções contínuas de duas variáveis. A equação diferencial P(x,y)dx + Q(x,y)dy = 0 é uma equação diferencial exata se existir uma função f(x,y) com as características a seguir. ( ) ( )f(x,y) f(x,y)P x,y e Q x,y x y ∂ ∂= = ∂ ∂ Na expressão, as funções y = y(x) ou x = x(y) são obtidas fazendo f(x,y) = c, com c constante. Para que uma equação diferencial seja exata, devemos ter P(x,y) Q(x,y) y x ∂ ∂= ∂ ∂ Lembrete As equações diferenciais exatas também são equações diferenciais homogêneas. Exemplo 1 Verifique se a equação diferencial x dx + y dy = 0 é exata. 39 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Resolução Nesse caso, temos P(x,y) = x e Q(x,y) = y. Para que a equação diferencial seja exata, devemos ter P(x,y) Q(x,y) y x ∂ ∂= ∂ ∂ Calculando as derivadas parciais, ficamos com P(x,y) x 0 y y ∂ ∂= = ∂ ∂ Q(x,y) y 0 x x ∂ ∂= = ∂ ∂ Logo, a equação diferencial é exata. Note que essa equação diferencial também é uma equação diferencial de variáveis separáveis. Exemplo 2 Verifique se a equação diferencial y dx + x dy = 0 é exata. Resolução Nesse caso, temos P(x,y) = y e Q(x,y) = x. Para que a equação diferencial seja exata, devemos ter P(x,y) Q(x,y) y x ∂ ∂= ∂ ∂ Calculando as derivadas parciais, ficamos com P(x,y) y 1 y y ∂ ∂= = ∂ ∂ Q(x,y) x 1 x x ∂ ∂= = ∂ ∂ Logo, a equação diferencial é exata. Note que essa equação diferencial também é uma equação diferencial de variáveis separáveis. 40 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Exemplo 3 Verifique se a equação diferencial (x – y)dx + x dy = 0 é exata. Resolução Nesse, caso, temos P(x,y) = x – y e Q(x,y) = x. Para que a equação diferencial seja exata, devemos ter P(x,y) Q(x,y) y x ∂ ∂= ∂ ∂ Calculando as derivadas parciais, ficamos com ( )x yP(x,y) 1 y y ∂ −∂ = = − ∂ ∂ Q(x,y) x 1 x x ∂ ∂= = ∂ ∂ Logo, a equação diferencial não é exata. Note que essa equação diferencial não é uma equação diferencial de variáveis separáveis. Exemplo 4 Verifique se a equação diferencial (2xy)dx + (x² + 1)dy = 0 é exata. Resolução Nesse caso, temos P(x,y) = 2xy e Q(x,y)= x². Para que a equação diferencial seja exata, devemos ter P(x,y) Q(x,y) y x ∂ ∂= ∂ ∂ Calculando as derivadas parciais, ficamos com P(x,y) 2xy 2x y y ∂ ∂= = ∂ ∂ ( )2x 1Q(x,y) 2x x x ∂ +∂ = = ∂ ∂ Logo, a equação diferencial é exata. Note que essa equação diferencial é uma equação diferencial de variáveis separáveis. 41 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 4.2 Solução de equações diferenciais exatas Sejam P(x,y) e Q(x,y) funções contínuas de duas variáveis. A equação diferencial P(x,y)dx + Q(x,y)dy = 0 é uma equação diferencial exata se existir uma função f(x,y) com as características a seguir. ( ) ( )f(x,y) f(x,y)P x,y e Q x,y x y ∂ ∂= = ∂ ∂ Na expressão, as funções y = y(x) ou x = x(y) são obtidas fazendo f(x,y) = c, com c constante. A solução dessa equação diferencial é dada por y(x) ou x(y) obtidas dessa forma. 4.3 Fator integrante Seja a equação diferencial não exata dada por P(x,y)dx + Q(x,y)dy = 0 Ou seja, P(x,y) Q(x,y) y x ∂ ∂≠ ∂ ∂ Dizemos que a função u(x,y) é um fator integrante para a equação diferencial se a equação diferencial a seguir for exata. u(x,y).P(x,y)dx + u(x,y) Q(x,y)dy = 0 O fator integrante u(x) pode ser determinado por ( ) ( )h x dxu x e−∫= Na expressão, temos que ( ) Q(x,y) P(x,y) x yh x Q(x,y) ∂ ∂− ∂ ∂= O fator integrante u(y) pode ser determinado por ( ) ( )f y dyu y e−∫= 42 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Na expressão, temos que ( ) Q(x,y) P(x,y) x yf y P(x,y) ∂ ∂− ∂ ∂= Exemplo 5 Resolva a equação diferencial x dx + y dy = 0. Resolução Nessa equação, temos P(x,y) = x e Q(x,y) = y. Para que a equação diferencial seja exata, devemos ter ( ) ( ) ( ) ( )f x,y f x,yP x,y e Q x,y x y ∂ ∂ = = ∂ ∂ Ou seja, f(x,y) f(x,y) x e y x y ∂ ∂= = ∂ ∂ Resolvendo essas equações, temos que ( ) 2f(x,y) x x f x,y x dx c(y) x 2 ∂ = ↔ = = + ∂ ∫ ( ) 2f(x,y) y y f x,y y dy c(x) y 2 ∂ = ↔ = = + ∂ ∫ A solução da equação diferencial é dada por f(x,y) = c. Logo, 2 2x y c 2 2 + = Multiplicando ambos os lados da equação por 2 e fazendo 2c = k, ficamos com 2 2x y k+ = A expressão anterior é solução para a equação diferencial dada, com k constante. Na figura a seguir, temos as soluções da equação diferencial para alguns valores de k. 43 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS -2 -1 0 1 2 x x2 + y2 = 1 x2 + y2 = 2 x2 + y2 = 3 2 1 0y -1 -2 Figura 9 – Soluções para a equação diferencial x dx + y dy = 0 A equação 2 2x y k+ = é a equação de uma circunferência centrada na origem e de raio k , com k > 0. A equação ( ) ( )2 2x a y b k− + − = é também a equação de uma circunferência de raio k , com k > 0, mas centrada no ponto (a,b). A equação 2 2x y 1 c d + = é a equação de uma elipse centrada na origem, na qual c e d são seus semieixos. A equação 2 2x a y b 1 c d − − + = é a equação de uma elipse centrada no ponto (a,b), na qual c e d são seus semieixos. Saiba mais Para mais informações sobre equações de cônicas, acesse: VENTURI, J. J. Cônicas e quádricas. 5. ed. Curitiba: [s.n.], 2003. Disponível em: <http://www.geometriaanalitica.com.br/livros/cq.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2017. 44 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Exemplo 6 Resolva a equação diferencial y dx + x dy = 0. Resolução Nessa equação, temos P(x,y) = y e Q(x,y) = x. Para que a equação diferencial seja exata, devemos ter ( ) ( ) ( ) ( )f x,y f x,yP x,y e Q x,y x y ∂ ∂ = = ∂ ∂ Ou seja, f(x,y) f(x,y) y e x x y ∂ ∂= = ∂ ∂ Resolvendo essas equações, temos que ( ) ( ) f(x,y) y f x,y y dx xy c(y) x f(x,y) x f x,y x dy xy c(x) y ∂ = ↔ = = + ∂ ∂ = ↔ = = + ∂ ∫ ∫ A solução da equação diferencial é dada por f (x,y) = c. Logo, a solução da equação diferencial é xy c c y x = = Na expressão, c é uma constante e x ≠ 0. Na figura a seguir, temos os gráficos dessas funções para alguns valores de c. x y 2 4 -2 -4 -2 2 4 -4 1 2 3 x x x Figura 10 – Soluções para a equação diferencial y dx + x dy = 0 45 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Exemplo 7 Resolva a equação diferencial (2xy)dx + (x² + 1)dy = 0. Resolução Neste caso, temos P(x,y) = 2xy e Q(x,y) = x². Para que a equação diferencial seja exata, devemos ter ( ) ( ) ( ) ( )f x,y f x,yP x,y e Q x,y x y ∂ ∂ = = ∂ ∂ Ou seja, 2f(x,y) f(x,y)2xy e x x y ∂ ∂= = ∂ ∂ Resolvendo essas equações, temos que ( ) ( ) 2 2 2 2 f(x,y) 2xy f x,y 2xy dx x y c(y) x f(x,y) x f x,y x dy x y c(x) y ∂ = ↔ = = + ∂ ∂ = ↔ = = + ∂ ∫ ∫ A solução da equação diferencial é dada por f(x,y) = c. Logo, a solução da equação diferencial é 2 2 x y c c y x = = Na expressão, c é uma constante e x ≠ 0. Na figura a seguir, temos os gráficos dessas funções para alguns valores de c. y -4 -2 2 4 x 1 2 3 2 2 2 x x x 5 4 3 2 1 Figura 11 – Soluções para a equação diferencial (2xy)dx + (x² + 1)dy = 0 46 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Exemplo 8 Determine uma função y = f(x) que passe pelo ponto (1,2) e cuja reta tangente em um ponto (x,y) tenha coeficiente angular 3x y . Resolução O coeficiente angular da reta tangente no ponto (x,y) de y=f(x) é igual a dy dx . Logo, devemos resolver a equação diferencial dy 3x dx y = com a condição y(1) = 2. Podemos reescrever essa equação diferencial como 3x dx - y dy = 0 Note que essa equação diferencial é uma equação de variáveis separáveis, mas também é uma equação diferencial exata, pois, nesse caso, P(x,y) = 3x e Q(x,y) = -1. Assim, ( )P 3x 0 y y ∂ ∂= = ∂ ∂ ( )Q y 0 x x ∂ ∂= − = ∂ ∂ P Q y x ∂ ∂= ∂ ∂ Portanto, a equação diferencial é exata. A solução dessa equação é a função f(x,y) tal que f P(x,y) x ∂ = ∂ e f Q(x,y) y ∂ = ∂ Então, 2f x 3x f 3x dx 3 c(y) x 2 ∂ = ↔ = = + ∂ ∫ 2f y y f y dx c(x) y 2 ∂ = − ↔ = − = − + ∂ ∫ 47 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Combinando as duas soluções, temos que ( ) 2 2x y f x,y 3 c 2 2 = − + Queremos que a função passe pelo ponto (1,2). Logo, devemos ter ( ) 2 21 2 f 1,2 3 2 2 = − ( ) 3 4f 1,2 2 2 = − ( ) 1f 1,2 2 = − Logo, 2 2x y 1 3 2 2 2 − = − , ou 2 23x y 1− = − , é uma equação com as condições pedidas, conforme a figura a seguir. y x 1.5 1.0 0.5 -0.5 -1.5 -1.5 -1.0 -0.5 0.5 1.51.0 -1.0 Figura 12 – Soluções para a função y(x) que passe pelo ponto (1,2) e cuja reta tangente em um ponto (x,y) tenha coeficiente angular 3x y Hipérbole é uma cônica, ou seja, uma função obtida pela intersecção entre um plano e um cone. As hipérboles são dadas por equações do tipo 2 2Ax Bxy Cy Dx Ey F 0+ + + + + = 48 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Na expressão, B² > 4AC. As hipérboles podem ter eixo de simetria axial tanto na direção x (hipérbole “de lado”) quanto na direção y (hipérbole “de pé”). Na figura a seguir, temos esses dois casos. x y -2 -1 -1 -2 1 2 1 2 x y -2 -1 -1 -2 2 1 2 1 A B Figura 13 – Gráficos das hipérboles dadas pelas funções x2 - y2 = 1 (à esquerda) e -x2 + y2 = 1 (à direita) Parábolas, círculos e elipses também são cônicas. Saiba mais Para mais informações sobre equações de cônicas, consulte: BOULOS, P.; CAMARGO, I. Geometria Analítica: um tratamento vetorial. 3. ed. São Paulo: Makron, 2005. Exemplo 9 Determine uma função y = f(x) que passe pelo ponto (1,0) e cuja reta tangente em um ponto (x,y) tenha coeficiente angular 1 cos(y) . 49 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gram aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Resolução O coeficiente angular da reta tangente no ponto (x,y) é igual a dy dx . Logo, devemos resolver a equação diferencial dy 1 dx cos(y) = com a condição y(1) = 0. Podemos reescrever essa equação diferencial como 1dx – cos(y) dy = 0 Essa equação diferencial é exata, pois, nesse caso, P(x,y) = cos(y) e Q(x,y) = 1 e ( )P 1 0 y y ∂ ∂= = ∂ ∂ Q cos(y) 0 x x ∂ ∂= = ∂ ∂ P Q y x ∂ ∂= ∂ ∂ A solução da equação diferencial é f(x,y), obtida pela resolução das equações a seguir. f P x ∂ = ∂ e f Q y ∂ = ∂ ( )f cos y x ∂ = ∂ f 1 y ∂ = ∂ Resolvendo a segunda equação, temos que f 1 f y c(x) y ∂ = ↔ = + ∂ Derivando essa solução em relação a x, temos que ( )f y c(x) c '(x) x x ∂ ∂= + = ∂ ∂ Sabemos que ( )f cos y x ∂ = ∂ . Logo, ( ) ( ) ( ) ( )c ' x cos y c x x.cos y k= ↔ = + 50 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Uma solução da equação diferencial é, portanto, f(x,y) = x.cos(y) + y. A função deve passar pelo ponto (1,0). Logo, ( ) ( )f 1,0 1.cos 0 0= + ( )f 1,0 1= A função y = f(x) que passa pelo ponto (1,0) e cuja reta tangente em um ponto (x,y) tem coeficiente angular 1 cos(y) é ( )x.cos y y 1+ = . A solução desse problema é mostrada na figura a seguir. x y -4 -2 -1 1 2 3 2 4 Figura 14 – Solução para o problema da função y = f(x) que passa pelo ponto (1,0) e cuja reta tangente em um ponto (x,y) tem coeficiente angular 1 cos(y) Exemplo 10 Resolva a equação diferencial dy x 2y dx 2 2x += − com y(1) 3= . Resolução Reescrevendo a equação diferencial, temos que ( ) ( )2 2x dy x 2y dx− = + ( ) ( )x 2y dx 2 2x dy 0+ − − = ( ) ( )x 2y dx 2 2x dy 0+ + − + = Temos que P(x,y) = x + 2y e Q(x,y) = -2 + 2x. Para que a equação diferencial seja exata, devemos ter P Q y x ∂ ∂= ∂ ∂ . Logo, 51 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ( )P x 2y 2 y y ∂ ∂= + = ∂ ∂ ( )Q 2 2x 2 x x ∂ ∂= − + = ∂ ∂ Então, a equação diferencial é exata. A solução dessa equação diferencial é f(x,y) tal que 2 f f P e Q x y f x x 2y f x 2y dx 2xy c(y) x 2 f 2 2x y ∂ ∂= = ∂ ∂ ∂ = + ↔ = + = + + ∂ ∂ = − + ∂ ∫ Derivando a função f obtida na primeira equação em relação a y, ficamos com 2f x 2xy c(y) y y 2 f 2x c '(y) y ∂ ∂= + + ∂ ∂ ∂ = + ∂ Sabemos que f 2 2x y ∂ = − + ∂ . Logo, ( ) ( ) 2 2x 2x c '(y) c ' y 2 c y 2y k − + = + = − = − + Uma solução da equação diferencial é, portanto, ( ) 2x f x,y 2xy 2y 2 = + − . Temos a condição y(1) = 3, ou seja, a função deve passar pelo ponto (1,3). Logo, ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 x f x,y 2xy 2y 2 1 f 1,3 2.1.3 2.3 2 1 f 1,3 6 6 2 1 f 1,3 2 = + − = + − = + − = 52 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Então, a solução da equação diferencial dy x 2y dx 2 2x += − com y(1) = 3 é a função 2x 1 2xy 2y 2 2 + − = , conforme mostrado na figura a seguir. y x -4 -2 2 2 1 -1 -2 -3 4 6 Figura 15 – Gráficos da solução da equação diferencial dy x 2y dx 2 2x += − com y(1) = 3 Exemplo 11 Resolva a equação diferencial ( ) ( )24x y dx x 3 dy 0+ + + = com y(1) = 2. Resolução Na equação diferencial, temos P(x,y) = (4x² + y) e Q(x,y) = (x + 3). Para que a equação diferencial seja classificada como exata, precisamos ter P Q y x ∂ ∂= ∂ ∂ . Logo, ( )2P 4x y 1y y ∂ ∂= + = ∂ ∂ ( )Q x 3 1 x x ∂ ∂= + = ∂ ∂ Então, a equação diferencial é exata. A solução dessa equação diferencial é f(x,y) tal que f P x ∂ = ∂ e f Q y ∂ = ∂ 2f 4x y x ∂ = + ∂ f x 3 f x 3 dy xy 3y c(x) y ∂ = + ↔ = + = + + ∂ ∫ 53 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Derivando essa última equação em relação a x, ficamos com ( )f xy 3y c(x) x c '(x) x x ∂ ∂= + + = + ∂ ∂ Comparando com a equação anterior, temos que 24x y x c '(x)+ = + ( ) 2c ' x 4x y x= + − Ou seja, ( ) 3 2x x c x 4 xy k 3 2 = + − + Na expressão, k é uma constante. Uma solução para a equação diferencial é, portanto, 3 2x x 4 xy xy 3y 0 3 2 + − + + = 3 2x x 4 2xy 3y 0 3 2 + − + = O gráfico dessa função está na figura a seguir. y x -2-3 -1 1 32 10 30 20 40 Figura 16 – Gráfico da solução da equação (4x² + y) dx + (x + 3) dy = 0 com y(1) = 2 Exemplo 12 Determine o fator integrante da equação diferencial 3xy dx + 2x dy = 0 54 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Resolução A equação diferencial não é exata, pois, nesse caso, P(x,y) = 3xy e Q(x,y) = 2x e ( )P 3xy 3x y y ∂ ∂= = ∂ ∂ ( )Q 2x 2 x x ∂ ∂= = ∂ ∂ P Q y x ∂ ∂≠ ∂ ∂ O fator integrante é dado por ( ) ( )h x dxu x e−∫= com ( ) Q P x yh x Q ∂ ∂− ∂ ∂= ( ) 2 3xh x 2x −= ( ) 1 3h x x 2 = − Logo, ( ) ( )h x dxu x e−∫= = ( ) ( ) 3ln x x 2u x e − − = ( ) ( ) 3 x 2 ln x 1 u x .e e = ( ) 3 x 2e u x x = Assim, determinamos o fator integrante da equação diferencial dada. Exemplo 13 Resolva a equação diferencial dx + 5x dy = 0 usando o método do fator integrante. 55 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Resolução A equação diferencial não é exata, pois, nesse caso, P(x,y) = 1, Q(x,y) = 5x e ( )P 1 0 y y ∂ ∂= = ∂ ∂ ( )Q 5x 5 x x ∂ ∂= = ∂ ∂ P Q y x ∂ ∂≠ ∂ ∂ O fator integrante é dado por ( ) ( )h x dxu x e−∫= com ( ) Q P x yh x Q ∂ ∂− ∂ ∂= ( ) 5h x 5x = ( ) 1h x x = Logo, ( ) ( )h x dxu x e−∫= ( ) ( )( )ln xu x e−= ( ) ln(x) 1 u x e = ( ) 1u x x = Aplicando o fator integrante na equação diferencial, temos que ( ) ( ) ( ) ( )u x .P x,y dx u x .Q x,y dy 0+ = 1 1 dx .5x dy 0 x x + = 1 dx 5 dy 0 x + = 56 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Essa equação diferencial é exata, pois P 1 0 y y x ∂ ∂ = = ∂ ∂ ( )Q 5 0 x x ∂ ∂= = ∂ ∂ P Q y x ∂ ∂= ∂ ∂ Resolvendo essa equação diferencial, devemos obter f(x,y) tal que f P x ∂ = ∂ e f Q y ∂ = ∂ f 1 x x ∂ = ∂ f 5 f 5 dy 5y c(x) y ∂ = ↔ = = + ∂ ∫ Derivando essa última equação em relação a x, ficamos com ( )f 5x c(x) 5 c '(x) x x ∂ ∂= + = + ∂ ∂ Comparando esse resultado e a equação anterior, temos que 1 5 c '(x) x = + ( ) 1c' x 5 x = − Ou seja, ( ) ( )c x ln x 5x k= + + Na expressão, k é uma constante. Uma solução para a equação diferencial é, portanto, 57 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 5y c(x) 0+ = ( )5y ln x 5x 0+ + = ( )ln x 5x 5y 0+ + = ( )ln x 5x y 5 − − = ( )ln x y 1 5 − = − Logo, a solução da equação diferencial dx + 5x dy = 0 é ( )ln x y 1 5 − = − . Exercícios Questão 1. Classifique a equação diferencial y’’ + 3y + 2 = 0. A) Equação diferencial ordinária, de segunda ordem e homogênea. B) Equação diferencial ordinária, de segunda ordem e não homogênea. C) Equação diferencial parcial, de segunda ordem e homogênea. D) Equação diferencial parcial, de primeira ordem, não homogênea. E) Equação diferencial ordinária, de primeira ordem, homogênea. Alternativa correta: B. Resolução do exercício A equação diferencial envolve segunda derivada: trata-se, portanto, de uma equação diferencial de segunda ordem. As derivadas são da variável y em relação a outra variável, x, por exemplo, pois dy y ' dx = . Logo, estamos tratando de derivadas ordinárias. O termo independente é 2. Logo, a equação diferencial é não homogênea. A equação diferencial proposta é, portanto, uma equação diferencial ordinária, de segunda ordem e não homogênea. 58 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Questão 2. Classifique a equação diferencial y’’ + 3y = 0.A) Equação diferencial ordinária, de segunda ordem e homogênea. B) Equação diferencial ordinária, de segunda ordem e não homogênea. C) Equação diferencial parcial, de segunda ordem e homogênea. D) Equação diferencial parcial, de primeira ordem, não homogênea. E) Equação diferencial ordinária, de primeira ordem, homogênea. Alternativa correta: A. Resolução do exercício A equação diferencial envolve uma segunda derivada, sendo, portanto, uma equação diferencial de segunda ordem. As derivadas são da variável y em relação a outra variável, x, por exemplo, pois dy y ' dx = . Logo, estamos tratando de derivadas ordinárias. Não temos termo independente. Logo, o termo independente é nulo e a equação diferencial é homogênea. A equação diferencial proposta é, portanto, uma equação diferencial ordinária, de segunda ordem e homogênea. Questão 3. Classifique a equação diferencial p 2 0+ = . A) Equação diferencial ordinária, de segunda ordem e homogênea. B) Equação diferencial ordinária, de segunda ordem e não homogênea. C) Equação diferencial parcial, de segunda ordem e homogênea. D) Equação diferencial parcial, de primeira ordem, não homogênea. E) Equação diferencial ordinária, de primeira ordem, não homogênea. Alternativa correta: E. Resolução do exercício A equação diferencial envolve uma primeira derivada, sendo, portanto, uma equação diferencial de primeira ordem. As derivadas são da variável y em relação a outra variável, x, por exemplo, pois dy y ' dx = . 59 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Logo, estamos tratando de derivadas ordinárias. O termo independente é 2. Logo, a equação diferencial é não homogênea. A equação diferencial proposta é, portanto, uma equação diferencial ordinária, de primeira ordem e não homogênea. Questão 4. Classifique a equação diferencial fx + 3y + 2 = 0. A) Equação diferencial ordinária, de segunda ordem e homogênea. B) Equação diferencial ordinária, de segunda ordem e não homogênea. C) Equação diferencial parcial, de segunda ordem e homogênea. D) Equação diferencial parcial, de primeira ordem, não homogênea. E) Equação diferencial ordinária, de primeira ordem, homogênea. Alternativa correta: D. Resolução do exercício A equação diferencial envolve a derivada fx, que é outra forma de notação para a derivada parcial f x ∂ ∂ . Além disso, temos a variável y, o que indica o caso de uma equação diferencial parcial. A derivada é de primeira ordem. Logo, a equação diferencial é de primeira ordem. O termo independente (nesse caso, -2) é não nulo. Logo, a equação diferencial é não homogênea. A equação diferencial dada é, portanto, uma equação diferencial parcial, de primeira ordem e não homogênea. Questão 5. Qual das funções a seguir é solução da equação diferencial dy 5y dx = − ? I. ( ) 5xy x 5e−= − II. ( ) 5xy x e 5−= + III. ( ) xy x 5e= − Assinale a alternativa correta: A) I, apenas. B) II, apenas. 60 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I C) III, apenas. D) I e II, apenas. E) II e III, apenas. Alternativa correta: E. Resolução do exercício Para que a função seja solução, a equação deve continuar válida ao efetuarmos a substituição dessa função e das suas derivadas. Logo, vamos testar se as funções dadas são soluções. I. ( ) 5xy x 5e−= − ( ) 5xdy 5. 5 e dx −= − − 5xdy 25e dx −= dy 5y dx = − 5x 5x25e 5e− −= − Como 5x 5x25e 5e− −≠ − , y(x) não é solução da equação diferencial. II. ( ) 5xy x e 5−= + 5x 5xdy 5.e 0 5e dx − −= − + = − dy 5y dx = − 5x 5x5e 5e− −− = − Como 5x 5x5e 5e− −− = − , y(x) é solução da equação diferencial. 61 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS III. ( ) xy x 5e= − xdy 5.e dx = − dy 5y dx = − x x5.e 5e− = − Como x x5.e 5e− = − , y(x) é solução da equação diferencial. Questão 6. Qual valor da constante k faz com que a equação y = k.t² seja solução da equação diferencial y 18= ? A) 2. B) 3. C) 36. D) 18. E) 9. Alternativa correta: E. Resolução do exercício Para que y = k.t² seja solução da equação diferencial y 18= , é necessário que a função e suas derivadas satisfaçam a equação diferencial. Calculando a segunda derivada de y, temos que 2y k.t= y k.2t= y 2k= 62 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Devemos ter, portanto, y 18 2k 18 18 k 2 k 9 = = = = Questão 7. Considere as seguintes equações diferenciais. I. y '(x) 4xy= II. dT T.cos(x) dx = III. xdy (x y)e dx= + São equações diferenciais de variáveis separáveis, apenas: A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) II e III. Alternativa correta: D. Resolução do exercício As equações diferenciais parciais são aquelas que podem ser escritas na forma f(x).dx = f(y)dy. Com base nisso e analisando cada uma das afirmativas, temos o que segue. I. y '(x) 4xy= dy 4xy dx = dy dx 4 y x = 63 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Logo, a equação diferencial é uma equação diferencial de variáveis separáveis. II. dT T.cos(x) dx = ( )dT T.cos x dx = ( )dT cos x dx T = Logo, a equação diferencial é uma equação diferencial de variáveis separáveis. III. xdy (x y)e dx= + xdy (x y)e dx= + xdy e dx (x y) = + Logo, a equação diferencial não é uma equação diferencial de variáveis separáveis. Questão 8. Considere as seguintes equações diferenciais. I. dy 4xy cos(x) dx = − II. uxdu e dx = III. dp 2 dx = São equações diferenciais de variáveis separáveis, apenas: A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) II e III. Alternativa correta: C. 64 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Resolução do exercício As equações diferenciais parciais são aquelas que podem ser escritas na forma f(x).dx = f(y)dy. Analisando cada uma das afirmativas, temos o que segue. I. dy 4xy cos(x) dx = − dy 4xy cos(x) dx = − dy 4xy dx cos(x)dx= − Logo, a equação diferencial não é uma equação diferencial de variáveis separáveis. II. ux du e dx = uxdu e dx = uxdu e dx= Logo, a equação diferencial não é uma equação diferencial de variáveis separáveis. III. dp 2 dx = dp 2 dx = dp 2dx= Logo, a equação diferencial é uma equação diferencial de variáveis separáveis. Questão 9. Determine a solução da equação diferencial dy xy dx = . A) 2t 2y ke= B) 2ty ke= C) 2t 2y ke − = 65 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS D) 2ty ke−= E) 2y kt= Alternativa correta: A. Resolução do exercício Separando as variáveis da equação diferencial, temos que dy xy dx = dy x dx y = Integrando ambos os lados da equação, ficamos com 1 dy x dx y =∫ ∫ ( ) 2x ln y c 2 = + Na expressão, c é uma constante. Calculando a exponencial de base e em ambos os lados da equação, temos que 2x cln(y) 2e e + = 2x k2y e .e= Fazendo ke C= , obtemos 2x 2y C.e= A solução da equação diferencial dada é, portanto, 2x 2y C.e= . 66 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Questão 10. Determine a solução da equação diferencial dy y dx x = . A) y = ky B) y = kx C) y = kxy D) x y k y = E) y y k x = Alternativa correta: B. Resolução do exercício Separando as variáveis da equação diferencial, temos que dy y dx x = dy dx y x = Integrando ambos os lados da equação, ficamos com 1 1 dy dx y x =∫ ∫ ( )ln y ln(x) c= + Na expressão, c é uma constante. Calculando a exponencial de base e em ambos os lados da equação, temos que ( )ln x cln(y)e e += ln(x) cy e .e= cy x.e= 67 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io -1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Fazendo ce k= , obtemos y = k.x. A solução da equação diferencial dada é, portanto, y = k.x. Questão 11. Determine a solução da equação diferencial 2 dy y dx = A) y y k= + B) 1 y y k = + C) 1 y x k = + D) 1 y y k −= + E) 1 y x k −= + Alternativa correta: E. Resolução do exercício Separando as variáveis da equação diferencial, temos que 2dy y dx = 2 dy dx y = Integrando ambos os lados da equação, ficamos com 2y dy dx− =∫ ∫ 1 x c y − = + 68 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Na expressão, c é uma constante. Reescrevendo essa equação, temos que 1 y x c −= + A solução da equação diferencial dada é, portanto, 1 y x c −= + . Questão 12. Determine a solução da equação diferencial 2 dy y cos(x) dx = . A) ( )3y 2.sen x k= + B) ( )3y 3.sen x k= + C) ( )y 2.sen x k= + D) ( )3y sen x k= + E) ( )y 3.sen x k= + Alternativa correta: B. Resolução do exercício Separando as variáveis da equação diferencial, ficamos com ( ) 2 2 dy y cos(x) dx dy cos x dx y = = Integrando ambos os lados da equação, temos que ( )2 3 y dy cos x dx y sen(x) c 3 = = + ∫ ∫ Na expressão, c é uma constante. Reescrevendo essa equação com 3c = k, temos que ( ) ( ) 3 3 y 3.sen x k y 3.sen x k = + = + 69 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS A solução da equação diferencial dada é, portanto, ( )3y 3.sen x k= + . Questão 13. Determine a solução da equação diferencial y dy e dx = para y(0) = 1. A) 1 y ln x e = − B) 1 y ln x e = − + C) 1 y ln x e = − − D) 1 y ln x e = + E) 1 y ln x e = − − + Alternativa correta: C. Resolução do exercício Separando as variáveis da equação diferencial, ficamos com ydy e dx = ye dy dx− = Integrando ambos os lados da equação, temos que ye dy dx− =∫ ∫ ye x c−− = + ye x c− = − − Na expressão, c é uma constante. Calculando o logaritmo de base e em ambos os lados da equação, temos que 70 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I yln(e ) ln( x c)− = − − y.ln(e) ln( x c)− = − − ( )y ln x c− = − − ( )y ln x c= − − − Usando a condição dada, y(0) = 1, ficamos com ( ) ( ) y(0) ln 0 c 1 ln c 1 = − − − = − = − Calculando a exponencial de base e em ambos os lados da equação, temos que ln( c) 1e e 1 c e 1 c e − −= − = = − A solução da equação diferencial dada é, portanto, 1 y ln x e = − − + ou, ainda, 1 y ln x e = − − . Questão 14. Determine a equação da velocidade em função do tempo t (dado em segundos) de um corpo de massa m = 1 kg que se movimenta sob a ação da força 2F t t= + (dada em Newtons). Considere que o corpo parta do repouso. A) 3 2t t v 3 2 = + B) 3 2t t v 3 2 = − C) 3 2t t v 3 2 = − + D) 3 2t t v 2 3 2 = + + E) 3 2t t v 2 3 2 = − + Alternativa correta: A. 71 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Resolução do exercício Da segunda lei de Newton, concluímos que dv F m dt = Para um corpo de massa m = 1 kg sujeito à força 2F t t= + , temos que 2 dvt t 1. dt + = Separando as variáveis, ficamos com ( )2t t dt dv+ = Integrando ambos os lados da equação, assumindo instante inicial e velocidade inicial nulos, chegamos à equação da velocidade. Ou seja, ( )t v20 0t t dt dv+ =∫ ∫ 3 2t t v 3 2 + = Questão 15. Determine o coeficiente angular da reta tangente à função y(x) = x.cos(x) no ponto x = p. A) +1 B) -1 C) 0 D) p E) -p Alternativa correta: B. 72 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Resolução do exercício Nesse caso, f(x) = x.cos(x). O coeficiente angular da reta tangente em um ponto é dado pela derivada da função no ponto. Ou seja, ( )df d x.cos(x) dx dx = Aplicando a regra do produto, ficamos com ( ) [ ]df x '.cos x x. cos(x) ' dx = + ( ) [ ]df 1.cos x x. sen(x) dx = + − ( )df cos x x.sen(x) dx = − Para o ponto x = p, temos que ( ) ( ) x df cos x.sen dx =π = π − π x df 1 dx =π = − Questão 16. Dada população decresce a uma taxa igual ao triplo da população P. Qual é a equação diferencial que descreve o crescimento dessa população em função do tempo? A) dP 3 dt = B) dP 3 dt = − C) dP 3P dt = D) dP 3P dt = − E) dP 3t dt = Alternativa correta: D. 73 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Resolução do exercício A população P apresenta decrescimento: logo, a taxa de variação da população em função do tempo deve ser negativa. Isso restringe a alternativa correta às alternativas b) e d). A taxa de variação da população é igual ao triplo da população. Logo, dP 3P dt = − Questão 17. Um átomo radioativo tem constante de decaimento igual a 4 ms. Determine a equação que dá a quantidade de átomos desse elemento radioativo em função do tempo. A) t 4 0N N .e= B) t 4 0N N .e − = C) t0N N .4e= − D) 4t0N N .e= E) 4t0N N .e −= Alternativa correta: E. Resolução do exercício Para dado elemento radioativo, a quantidade de átomos N em função do tempo t é dada pela equação diferencial dN k dt N − = Nesse exemplo, k = 4 ms. Logo, dN 4 dt N − = Integrando ambos os lados da equação diferencial do instante inicial 0 até o instante final t, em ms, ficamos com 74 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I N t N 00 dN 4 dt N − =∫ ∫ N t N 00 dN 4 dt N − =∫ ∫ ( ) ( )0ln N ln(N ) 4 t 0 − = − − ( ) 0ln N ln(N ) 4t − = − Calculando-se a exponencial de base e em ambos os lados da equação, chegamos à solução da equação diferencial. Ou seja, 4t 0 N e N −= 4t 0N N .e −= Questão 18. Considere as seguintes equações diferenciais. I. ( )24xy dx 2x 1 dy 0+ + = II. ( ) ( )2x 3y dx x 3y dy 0+ + + = III. dx + 5x dy = 0 São equações diferenciais exatas, apenas: A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) II e III. Alternativa correta: A. 75 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Resolução do exercício Para que a equação diferencial seja exata, devemos ter P Q y x ∂ ∂= ∂ ∂ . Com base nisso e analisando cada uma das equações dadas, temos o que segue. I. ( )24xy dx 2x 1 dy 0+ + = Nesse caso, P(x,y) = 4xy, 2Q(x,y) 2x 1= + e ( )P 4xy 4x y y ∂ ∂= = ∂ ∂ ( )2Q 2x 1 4xx x ∂ ∂= + = ∂ ∂ Como P Q y x ∂ ∂= ∂ ∂ , a equação diferencial é exata. II. (2x + 3y) dx+(x + 3y)dy = 0 Nesse caso, P(x,y) = 2x + 3y, Q(x,y) = x + 3y e ( )P 2x 3y 3 y y ∂ ∂= + = ∂ ∂ ( )Q x 3y 1 x x ∂ ∂= + = ∂ ∂ Como P Q y x ∂ ∂≠ ∂ ∂ , a equação diferencial não é exata. III. dx + 5x dy = 0 Nesse caso, P(x,y) = 1, Q(x,y) = 5x e ( )P 1 0 y y ∂ ∂= = ∂ ∂ ( )Q 5x 5 x x ∂ ∂= = ∂ ∂ Como P Q y x ∂ ∂≠ ∂ ∂ , a equação diferencial não é exata. 76 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 Unidade I Questão 19. Considere as seguintes equações diferenciais. I. dy xy dx x y = + II. dy x y dx x y −= + III. dy 3 dx cos(y) = São equações diferenciais exatas, apenas A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) II e III. Alternativa correta: E. Resolução do exercício Para que a equação diferencial seja exata, devemos ter P Q y x ∂ ∂= ∂ ∂ . Com base nisso e analisando cada uma das equações dadas, temos o que segue. I. dy xy dx x y = + Reescrevendo a equação, ficamos com (x + y)dy = xy dx xy dx + (x + y)dy = 0 Nesse caso, P(x,y) = xy, Q(x,y) = x + y e ( )P xy x y y ∂ ∂= = ∂ ∂ ( )Q x y 1 x x ∂ ∂= + = ∂ ∂ 77 EN G - Re vi sã o: M ar cí lia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 2/ 05 /2 01 7 EQUAÇÕES
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