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AULA Legislação extravagante econômica

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15/09/2023, 21:21 Legislação extravagante econômica
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02563/index.html# 1/64
Legislação extravagante econômica
Prof. Bernardo Braga
Descrição
Os delitos econômicos como forma de proteção estatal das relações
econômicas por meio da criação de normas penais incriminadoras.
Propósito
Contextualizar os delitos praticados contra a ordem tributária,
econômica, relações de consumo e o Sistema Financeiro Nacional, bem
como os crimes de lavagem de dinheiro, pertinência à organização
criminosa e terrorismo, estabelecendo suas principais características e
hipóteses de incidência.
Preparação
É necessário ter em mãos para consulta a Constituição Federal, bem
como a legislação penal extravagante, nomeadamente as seguintes: Lei
n.º 8.137/90, Lei n.º 12.850/13, Lei n.º 9.613/98, Código Tributário
Nacional, Código Penal, Código de Defesa do Consumidor.
Objetivos
Módulo 1
Crimes contra a ordem tributária,
econômica e relações de consumo
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Identificar as principais características e formas de incidência dos
crimes contra a ordem tributária, econômica e relações de consumo.
Módulo 2
Crimes de lavagem de capitais e
colarinho branco
Reconhecer os principais elementos dos crimes de lavagem de
capitais e colarinho branco.
Módulo 3
Organização criminosa
Analisar os elementos e forma de incidência do crime de organização
criminosa.
Módulo 4
Terrorismo
Avaliar as principais características do crime de terrorismo.
O Direito Penal Econômico visa a proteção qualificada da atividade
econômica, desenvolvida na economia de livre mercado, por meio
de normas incriminadoras que vedem a prática de condutas
praticadas em face de tal bem jurídico.
A doutrina especializada aponta como características principais do
Direito Penal Econômico:
Caráter altamente incriminador, ao criminalizar condutas que
configuravam meras infrações administrativas;
Utilização de conceitos amplos, indeterminados e muitas
vezes vagos para a constituição do tipo penal, uma vez que
influenciados por institutos do direito econômico;
Introdução
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02563/index.html# 3/64
1 - Crimes contra a ordem tributária, econômica e
relações de consumo
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de identificar as principais
características e formas de incidência dos crimes contra a ordem tributária,
econômica e relações de consumo.
Crimes contra a ordem
tributária
Os crimes contra a ordem tributária, também intitulados de delitos
tributários, podem ser encontrados tanto no Código Penal, nas
modalidades apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, C.P.),
sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A, C.P.) e
descaminho (art. 334, C.P.), quanto na Lei n. 8.137/90, que prevê em
seus primeiros artigos, 1º a 3º, hipóteses de condutas que atingem
diretamente o referido bem jurídico coletivo.
Desta forma, no ponto seguinte, serão analisados os principais delitos
de sonegação fiscal previstos em nosso ordenamento jurídico,
estabelecidos nos arts. 1º e 2º da Lei 8.137/90.
Emprego desmedido de normas penais heterogêneas para a
criação de crimes econômicos, já que tal técnica permite uma
maior maleabilidade na delimitação das condutas proibidas.
Passamos, então, nos pontos seguintes, a analisar os principais
crimes pertencentes à categoria do Direito Penal Econômico.
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Crimes contra a ordem
tributária
No vídeo a seguir, o especialista Bernardo Braga, doutor em Direito
Processual, discorre sobre os crimes contra a ordem tributária, trazendo
suas principais características. Vamos assistir!
Dos crimes tributários previstos
no art. 1º da lei 8.137/90
Bem jurídico
Tutela-se a ordem tributária, ou seja, o Erário público.
Sujeitos ativo e passivo
Quanto ao sujeito ativo, o crime é especial próprio, uma vez que apenas
o sujeito passivo da obrigação tributária poderá praticá-lo, na forma do
art. 121, parágrafo único, do Código Tributário Nacional.
Atenção!
Caso o contribuinte seja pessoa jurídica, em razão da impossibilidade
constitucional de atribuição de responsabilidade penal a pessoas
jurídicas em crimes que não sejam ambientais, o sujeito ativo do delito
será o administrador responsável direto pelo recolhimento do tributo
Nossa doutrina aponta como sujeitos passivos do crime tributário a
própria sociedade e, secundariamente, o Estado, que deixa de dispor de
recursos necessários para a realização das políticas públicas.

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Tipo objetivo
O caput do art. 1º da Lei 8.137/90 prevê que constitui crime contra a
ordem tributária a supressão ou redução de tributo, contribuição social
ou qualquer acessório mediante as condutas previstas nos seus incisos.
Enquanto a supressão revela-se como o não pagamento integral do
tributo devido, a redução configura o seu pagamento a menor.
Deve-se ressaltar que, segundo nossa jurisprudência dominante, tributo
é gênero, cujas espécies são os impostos, as taxas, as contribuições de
melhoria, os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais,
sendo certo, todavia, que o crime de supressão de contribuições
previdenciárias é regrado, como visto, pelo Código Penal.
Os incisos I a IV são considerados crimes materiais e proíbem as
condutas de:
I. omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades
fazendárias;
II. fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou
omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro
exigido pela lei fiscal;
III. falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou
qualquer outro documento relativo à operação tributável;
IV. elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba
ou deva saber falso ou inexato.
São hipóteses em que há efetiva falsidade e intenção de enganar o
Fisco, razão pela qual eventuais delitos de falsum já se encontram
absorvidos por essas modalidades delitivas.
A Súmula Vinculante n. 24, do Supremo Tribunal Federal, estabelece a
necessidade de prévio esgotamento da instância administrativa para a
instauração de persecução penal nas hipóteses dos incisos I a IV,
configurando, portanto, a constituição definitiva do crédito tributário
verdadeira condição objetiva de punibilidade. Em razão de tal regra, a
prescrição de tais delitos apenas começa a correr com o adimplemento
da citada condição.
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Ademais, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça
vêm admitindo a incidência do princípio da insignificância nas hipóteses
de sonegação de tributo federal quando o crédito tributário não superar
o valor de R$ 20 mil, com base nas portarias 75/12 e 130/12 do
Ministério da Fazenda.
Mas, independentemente do valor do tributo sonegado, caso haja o seu
pagamento integral, o art. 9º, parágrafo 2º, da Lei 10.684/03 determina
que seja declarada extinta a punibilidade.
Além disso, caso solicitado o parcelamento do valor devido ao Fisco
antes do recebimento da denúncia, na forma do art. 83, parágrafos 2º e
3º, da Lei 9.430/96, a persecução penal deverá ser imediatamente
suspensa, sustando-se, também, o prazo prescricional.
O inciso V do art. 1º estabelece como criminosa a conduta de “negar ou
deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento
equivalente, relativa à venda de mercadoria ou prestação de serviço,
efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação”,
aproximando-se, inclusive, de uma conduta contrária às relações de
consumo.Trata-se de norma penal em branco, que exige a análise da legislação
tributária pertinente para a verificação da forma adequada de
fornecimento de notas fiscais.
Por fim, o parágrafo único do art. 1º estabelece conduta omissiva
equiparada referente a uma forma especial do crime de desobediência
previsto no art. 330, CP. Pune-se a conduta de deixar de atender
“exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser
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convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da
matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência”.
Tipo subjetivo
O elemento subjetivo é o dolo, exigindo-se a consciência e a vontade de
realizar o delito. Parte da doutrina aponta a existência de um especial
fim de agir, manifestado na intenção de fraudar o Fisco.
Consumação
Os incisos I a IV revelam hipóteses de crimes materiais, restando
consumados apenas com a efetiva supressão ou redução do tributo.
Nossa doutrina majoritária estabelece que o inciso V configura crime
formal que se consumará com a simples prática da conduta proibida.
Por fim, o parágrafo único é crime a prazo que restará consumado com
o encerramento do prazo para o adimplemento da obrigação
estabelecida pela autoridade fiscal.
Causas de aumento ou diminuição de
pena
As penas previstas para o crime do art. 4º serão aumentadas de 1/3 à
metade desde que a conduta:

Ocasione grave dano à coletividade.

Seja praticada por servidor público no exercício de suas funções.

Seja praticada em relação à prestação de serviços ou ao comércio de
bens essenciais à vida ou à saúde.
Por sua vez, caso o crime seja praticado em associação criminosa ou
coautoria, “o coautor ou partícipe que através de confissão espontânea
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revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua
pena reduzida de um a dois terços.”
Parte da doutrina aponta tratar-se de espécie de colaboração premiada
em que não se exige o acordo prévio com o acusador.
Ação penal
Pública incondicionada.
Dos crimes tributários previstos
no art. 2º da lei 8.137/90
Bem jurídico
Tutela-se a ordem tributária, ou seja, o Erário público.
Sujeitos ativo e passivo
Quanto ao sujeito ativo, o crime é especial próprio, uma vez que apenas
o sujeito passivo da obrigação tributária poderá praticá-lo, na forma do
art. 121, parágrafo único, do Código Tributário Nacional.
Atenção!
Note-se que, caso o contribuinte seja pessoa jurídica, em razão da
impossibilidade constitucional de atribuição de responsabilidade penal a
pessoas jurídicas em crimes que não sejam ambientais, o sujeito ativo
do delito será o administrador responsável direto pelo recolhimento do
tributo.
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Nossa doutrina aponta como sujeitos passivos do crime tributário a
própria sociedade e, secundariamente, o Estado, que deixa de dispor de
recursos necessários para a realização das políticas públicas.
Tipo objetivo
O caput do art. 2º da Lei 8.137/90 prevê que igualmente constitui crime
contra a ordem tributária a prática das condutas previstas
especificamente em seus incisos. Vejamos:
 Inciso I
Proíbe o ato de “fazer declaração falsa ou omitir
declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou
empregar outra fraude, para eximir-se, total ou
parcialmente, de pagamento de tributo”, sendo
punidas as modalidades comissiva e omissiva.
Trata-se de verdadeira modalidade tentada dos
delitos previstos nos incisos I e II do art. 1º, uma
vez que aqui não se revela necessária a efetiva
supressão ou redução do tributo.
 Inciso II
Aplica-se ao sujeito passivo da obrigação tributária,
incluindo-se aqui o responsável legal tributário
previsto no art. 121, inciso II, do Código Tributário
Nacional. A hipótese comum de incidência de tal
modalidade delitiva revela-se em casos envolvendo
tributos com responsabilidade por substituição
tributária, como o ICMS-ST, em que o responsável
tributário desconta antecipadamente o valor devido
pelo contribuinte de fato e deixa de repassá-lo ao
Fisco.
O Pleno do Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do RHC 163.334, afirmou a
constitucionalidade do referido dispositivo, ainda
que se trate de ICMS próprio, afastando a tese de
que se trataria de punição por mero
inadimplemento tributário.
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O conceito de “programa de processamento de dados” encontra-se
disciplinado no art. 1º da Lei 9.609/98.
Tipo subjetivo
O elemento subjetivo é o dolo, exigindo-se a consciência e a vontade de
realizar o delito. Parte da doutrina aponta a existência de um especial
 Inciso III
Assim como o inciso IV, pune condutas ilícitas
ligadas à concessão de incentivos fiscais.
Proíbe o ato de “exigir, pagar ou receber, para si ou
para o contribuinte beneficiário, qualquer
percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida
de imposto ou de contribuição como incentivo
fiscal”, albergando prescrições especiais dos
crimes de concussão (art. 316. C.P.) e corrupção
passiva (art. 317, C.P.).
 Inciso IV
Veda o desvio de finalidade na aplicação dos
valores advindos do incentivo fiscal ao criminalizar
as condutas omissiva e comissiva de “deixar de
aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído,
incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas
por órgão ou entidade de desenvolvimento”.
 Inciso V
Tipifica a conduta de “caixa 2 tributário”, impedindo
a existência de contabilidade paralela fiscal, ao
criminalizar o ato de “utilizar ou divulgar programa
de processamento de dados que permita ao sujeito
passivo da obrigação tributária possuir informação
contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à
Fazenda Pública”.
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fim de agir, manifestado na intenção de fraudar o Fisco.
Consumação
Os incisos previstos no art. 2º são crimes formais, restando, portanto,
consumados com a simples prática das condutas neles previstas,
independentemente da efetiva supressão ou redução de tributos.
Causas de aumento ou diminuição de
pena
As penas previstas para o crime do art. 4º serão aumentadas de 1/3 à
metade desde que a conduta:

Ocasione grave dano à coletividade.

Seja praticada por servidor público no exercício de suas funções.

Seja praticada em relação à prestação de serviços ou ao comércio de
bens essenciais à vida ou à saúde.
Por sua vez, caso o crime seja praticado em associação criminosa ou
coautoria, “o coautor ou partícipe que através de confissão espontânea
revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua
pena reduzida de um a dois terços.”
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Parte da doutrina aponta tratar-se de espécie de colaboração premiada
em que não se exige o acordo prévio com o acusador.
Ação penal
Pública incondicionada.
Crimes contra a ordem
econômica
Dentre os chamados crimes contra a ordem econômica, temos como
principais figuras delitivas o art. 4º da Lei 8.137/90, que, em suma, veda
o acordo ilícito entre concorrentes, e o art. 1º, incisos I e II, da Lei
8.176/91, que visa proibir condutas envolvendo derivados de petróleo.
Passa-se, então, à análise de tais tipos penais.
Dos crimes contra a
concorrência – art. 4º da lei
8.137/90
Bem jurídico
Tutela-se a livre concorrência como fundamento da ordem econômica.
Ressalte-se que nossa Constituição Federal, em seu art. 173, parágrafo
4º, determina que a lei deverá reprimir o abuso do poder econômico.Sujeitos ativo e passivo
Vejamos:
Sujeito ativo
O crime é especial próprio, uma vez que quem poderá praticar o
delito é o empresário, entendido como aquele que exerce
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profissionalmente atividade econômica de produção ou
circulação de bens ou serviços.
Sujeito passivo
Figuram como sujeitos passivos tanto a coletividade quanto os
empresários concorrentes prejudicados.
Tipo objetivo
As formas delitivas previstas originalmente no art. 4º da Lei 8.137/90
foram alteradas pela Lei n. 12.529/11, que estruturou o Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência.
O novo inciso I estabelece que constitui crime contra a ordem
econômica “abusar do poder econômico, dominando o mercado ou
eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante qualquer
forma de ajuste ou acordo de empresas”.
O núcleo do tipo é abusar do poder econômico, que restará configurado
quando seu detentor o utiliza com a finalidade de prejudicar
consumidores e eventuais concorrentes, atingindo, desta forma, a
competitividade em determinada área da economia.
Exemplo
Podemos citar a prática do dumping, em que se emprega valores
menores que os de mercado com o fim de eliminar a concorrência em
determinada localidade. Embora, no passado, tal conduta já tenha sido
expressamente tipificada, existe a possibilidade, atualmente, de sua
inserção no mencionado inciso I.
O inciso II, por sua vez, visa criminalizar a formação de cartel. Trata-se
de crime de conduta vinculada em que a conduta típica de cartel estará
configurada sempre que o ajuste entre os competidores visar:

À fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas.

Ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de
empresas.
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
Ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou
de fornecedores.
Quanto às modalidades:
A primeira modalidade trata-se da manipulação ardilosa da “Lei da
Oferta e da Procura”;
Na segunda hipótese divide-se o mercado para que determinadas
empresas dominem regiões específicas;
Na terceira e última modalidade impede-se que concorrentes
tenham acesso a mercadorias ou formas de distribuição de
produtos.
Tipo subjetivo
O elemento subjetivo é o dolo, exigindo-se a consciência e a vontade de
realizar o delito. Parte da doutrina aponta a existência de um especial
fim de agir, manifestado na intenção de dominar o mercado, eliminando
a concorrência.
Consumação
O inciso I trata-se de delito de resultado, exigindo-se para a sua
configuração o efetivo domínio do mercado. Há quem entenda que as
hipóteses do inciso II configuraram delitos de mera conduta, verificando-
se independentemente da obtenção da finalidade dos acordos espúrios.
É admissível a tentativa em ambos os incisos.
Causas de aumento ou diminuição de
pena
As penas previstas para o crime do art. 4º serão aumentadas de 1/3 à
metade desde que a conduta:

Ocasione grave dano à coletividade.

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Seja praticada por servidor público no exercício de suas funções.

Seja praticada em relação à prestação de serviços ou ao comércio de
bens essenciais à vida ou à saúde.
Por sua vez, caso o crime seja praticado em associação criminosa ou
coautoria, “o coautor ou partícipe que através de confissão espontânea
revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua
pena reduzida de um a dois terços.”
Parte da doutrina aponta tratar-se de espécie de colaboração premiada
em que não se exige o acordo prévio com o acusador.
Ação penal
Pública incondicionada.
Dos crimes de adulteração de
combustíveis – art. 1º, incisos I
e II, da lei 8.176/90
Bem jurídico
Política econômica relativa à normalidade do abastecimento de
combustíveis e derivados.
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Sujeitos ativo e passivo
Vejamos:
Sujeito ativo
O crime é comum, uma vez que qualquer pessoa pode praticá-lo.
Parte da doutrina aponta que a modalidade do inciso I
configuraria crime especial próprio, na medida em que o agente
seria o diretor, gerente ou proprietário do estabelecimento
industrial ou comercial.
Sujeito passivo
Os sujeitos passivos são a coletividade e, secundariamente, a
pessoa que sofreu o prejuízo.
Tipo objetivo
O inciso I estabelece que constitui crime contra a ordem econômica
“adquirir, distribuir e revender derivados de petróleo, gás natural e suas
frações recuperáveis, álcool etílico, hidratado carburante e demais
combustíveis líquidos carburantes, em desacordo com as normas
estabelecidas na forma da lei”.
Os núcleos do tipo são, portanto:
a) adquirir – obter, ainda que gratuitamente;
b) distribuir, que seria a atividade de comercializar por atacado,
conforme o art. 6º, inciso XX, da Lei 9.478/97;
C) revender, que seria a atividade de venda a varejo de
combustíveis ou derivados por postos e revendedores, conforme o
art. 6º, inciso XXI, da Lei 9.478/97.
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Os objetos materiais do delito previsto no inciso I são os derivados de
petróleo, gás natural e suas frações recuperáveis, álcool etílico,
hidratado carburante e demais combustíveis líquidos carburantes.
Atenção!
Para a doutrina, é qualquer substância que, por meio da combustão,
produz energia.
A utilização da expressão “em desacordo com as normas estabelecidas
na forma da lei” demonstra tratar-se de norma penal em branco,
devendo o intérprete buscar as regras relativas a tais fontes energéticas
para verificar suas formas de aquisição, distribuição e revenda, como,
por exemplo, as Leis 9.478/97 e 9.847/99.
Uma das fraudes comuns que incidem na referida conduta delitiva é o
fato de o agente adquirir álcool anidro, cuja tributação é mais baixa, e
adulterá-lo com acréscimo de água para simular álcool hidratado.
Já o inciso II prevê que igualmente será considerado crime contra a
ordem econômica “usar gás liquefeito de petróleo em motores de
qualquer espécie, saunas, caldeiras e aquecimentos de piscinas, ou para
fins automotivos, em desacordo com as normas estabelecidas na forma
da lei”.
Saiba mais
Gás liquefeito, segundo a doutrina especializada, é o gás comprimido
obtido como subproduto na refinação do petróleo ou na fabricação de
gasolina natural, também chamado de “gás engarrafado”. Novamente
aqui o legislador se utilizou da técnica da norma penal em branco.
Tipo subjetivo
O elemento subjetivo é o dolo, exigindo-se a consciência e a vontade de
realizar o delito.
Consumação
Tanto o delito previsto no inciso I quanto o do inciso II se consumarão
com a prática da conduta vedada. Há divergência acerca da
possibilidade de tentativa, sendo certo que parte da doutrina a admite
na hipótese do inciso II.
Ação penal
Pública incondicionada.
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Crimes contra as relações de
consumo
A lei 8.137/90, além de trazer, como visto, disposições referentes a
crimes contra as ordens tributária e econômica, também prevê, em seu
art. 7º, diversas condutas delitivas que visam tutelar contra as relações
de consumo, complementando o ordenamento penal do consumidor
previsto no próprio CDC.
Dos crimes contra as relações
de consumo – art. 7º da lei
8.137/90
Bem jurídico
A norma penal incriminadora tutela as relações de consumo, protegendo
os direitos do consumidor previstos no art. 6º do Código de Defesa do
Consumidor (Lei 8.078/90).
Sujeitos ativo e passivo
Vejamos:
Sujeito ativo
Os crimessão especiais próprios, sendo praticado pelos fornecedores
de mercadoria ou serviços.
Sujeito passivo
Figuram como sujeitos passivos tanto o Estado quanto os
consumidores eventualmente desfavorecidos.
Tipo objetivo
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O caput do art. 7º da Lei 8.137/90 prevê que constitui crime contra as
relações de consumo a prática das condutas previstas especificamente
em seus incisos.
O inciso I criminaliza a conduta de “favorecer ou preferir, sem justa
causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao
consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores”. Trata-se de
modalidade especial frente ao art. 2º, II, da Lei 1.521/51, afastando-se
sua aplicação quando se tratar de relações de consumo.
A locução “sem justa causa” é um elemento normativo do tipo, que
depende da interpretação do operador do direito, podendo se imaginar
uma hipótese descriminalizante quando o vendedor, por exemplo,
estabelece eventual atendimento presencial a idosos e gestantes.
O inciso II veda o ato de “vender ou expor à venda mercadoria cuja
embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em
desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à
respectiva classificação oficial”. Revela-se hipótese de norma penal em
branco que deverá ser complementada pelas normas consumeristas,
inclusive de origem administrativa.
Atenção!
Se o destinatário da mercadoria não for consumidor propriamente dito,
mas sim um revendedor, por exemplo, nossa doutrina aponta que não
haverá incidência da norma.
O inciso III proíbe a conduta de “misturar gêneros e mercadorias de
espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros;
misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los
ou expô-los à venda por preço estabelecido para os de mais alto custo”.
Tal dispositivo configura hipótese especial de fraude no comércio,
afastando a regra geral do art. 175, II, C.P. sempre que verificada a
relação de consumo. Parte da nossa doutrina defende que o segmento
final do dispositivo só tem incidência quando existe tabelamento oficial
do preço da mercadoria pelo Estado.
O inciso IV criminaliza a o ato de fraudar preços nas seguintes
hipóteses:
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Como são modalidades de alteração fraudulenta de preços, comumente
conhecidas como “maquiagem de produtos”, tem se exigido, para a sua
configuração, a existência de resultado lesivo ao patrimônio do
consumidor.
O inciso V, conhecido como crime de usura nas relações de consumo,
prevê como típica a conduta de “elevar o valor cobrado nas vendas a
prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de
taxa de juros ilegais”. A norma encerra caso de tipo misto alternativo,
especial com relação ao art. 4º, alínea “a”, da Lei n. 1.521/51.
Saiba mais
 Alteração, sem modificação essencial ou de
qualidade, de elementos tais como denominação,
sinal externo, marca, embalagem, especificação
técnica, descrição, volume, peso, pintura ou
acabamento de bem ou serviço.
 Divisão em partes de bem ou serviço,
habitualmente oferecido à venda em conjunto.
 Junção de bens ou serviços, comumente oferecidos
à venda em separado.
 Aviso de inclusão de insumo não empregado na
produção do bem ou na prestação dos serviços.
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Para a configuração do elemento normativo “juros ilegais”, é necessário,
segundo nossa jurisprudência dominante, a evidência da usura,
analisada sempre diante do caso concreto.
O inciso VI, por sua vez, veda o ato de “sonegar insumos ou bens,
recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições
publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação”.
Vejamos:
A primeira parte do dispositivo visa evitar a negativa da venda ao
consumidor que foi publicamente atingido pela oferta, seja por
meios de comunicação, folheto ou indicação na própria loja;
Quanto à parte final, busca-se impedir que o autor do delito acabe
interferindo na cotação do produto, gerando especulação de
preços.
O inciso VII prevê a conduta de propaganda enganosa, proibindo o ato
de “induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou
afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou
serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou
divulgação publicitária”.
Nossa doutrina majoritária afirma tratar-se do exaurimento dos crimes
previsto nos arts. 66 e 67 do C.D.C., na medida em que, para a sua
configuração, deve haver efetivo prejuízo ao consumidor, afastando-se,
neste caso, a incidência dos dispositivos do código consumerista.
Ressalte-se que a afirmação “falsa ou enganosa” tem que ser
efetivamente apta a causar engano, sob pena de atipicidade da conduta.
O inciso VIII, bem como a última parte do inciso VI, visa evitar a
manipulação indevida de preços de produtos. Para tal, veda a conduta
de “destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o
fim de provocar alta de preço, em proveito próprio ou de terceiros”.
Atenção!
Não há a necessidade da efetiva geração da alta do preço, mas sim
apenas a intenção de atingi-la mediante a destruição, inutilização ou
dano à matéria-prima ou mercadoria.
Por fim, o inciso IX, revela, talvez, a hipótese de maior incidência prática
dos crimes contra a relação ao tipificar a conduta de “vender, ter em
depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar
matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo”.
Trata-se de norma penal em branco que, segundo nossa jurisprudência,
deve ser complementada pelo art. 18, parágrafo 6º, C.D.C, que
estabelece serem impróprios ao uso e consumo:
I. Os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
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II. Os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados,
falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde,
perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas
regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III. Os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao
fim a que se destinam.
Tal prescrição legal revela um tipo misto alternativo, uma vez que,
independentemente de o agente vender, expor à venda e, também,
entregar a mesma mercadoria imprópria, responderá uma única vez pelo
delito.
Nossa doutrina afirma que não será típica a conduta se a substância já
se encontrar em local para descarte, em local inacessível ao
consumidor, ou mesmo se este já estiver avisado de que não se trata de
produto para venda.
Tipo subjetivo
O elemento subjetivo geral de todas as condutas previstas nos incisos
do art. 7º é o dolo, exigindo-se a consciência e a vontade de realizar o
delito. O inciso III exige como especial fim de agir o objetivo de vender
ou expor à venda os produtos irregulares.
O inciso VI, em sua 2ª parte, por sua vez, prevê como dolo específico a
intenção de especulação na retenção, enquanto o inciso VIII exige a
intenção de beneficiar a si mesmo ou a terceiros. Em razão de expressa
previsão do parágrafo único do dispositivo, as modalidades previstas
nos incisos II, III e IX podem ser punidas por mera culpa, reduzindo-se a
pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte.
Consumação
As condutas previstas no art. 7º se consumarão, em regra, quando da
prática do núcleo do tipo, independentemente da existência de resultado
lesivo ao consumidor, salvo na modalidade do inciso VII, em que se
exige o efetivo prejuízo. Admite-se a tentativa quando, na prática, os
crimes verificarem-se plurissubsistentes.
Causas de aumento ou diminuição depena
As penas previstas para o crime do art. 4º serão aumentadas de 1/3 à
metade desde que a conduta:

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Ocasione grave dano à coletividade.

Seja praticada por servidor público no exercício de suas funções.

Seja praticada em relação à prestação de serviços ou ao comércio de
bens essenciais à vida ou à saúde.
Por sua vez, caso o crime seja praticado em associação criminosa ou
coautoria, “o coautor ou partícipe que através de confissão espontânea
revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua
pena reduzida de um a dois terços.”
Parte da doutrina aponta tratar-se de espécie de colaboração premiada
em que não se exige o acordo prévio com o acusador.
Ação penal
Pública incondicionada.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(IDECAN – PC/CE – Inspetor de Polícia Civil – 2021) Joelma foi
encaminhada à Delegacia Policial pela suposta prática do delito
descrito no artigo 7º, IX, da Lei 8.137/90, tendo em vista que, em
seu estabelecimento comercial, havia um único produto exposto
que estava fora da validade prevista pelo fabricante.
De acordo com o previsto no referido artigo, é vedado “vender, ter
em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma,
entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao
consumo”.
A investigação não realizou qualquer exame pericial no produto,
apenas se baseando na validade exposta pelo fabricante para
indiciar Joelma. Posteriormente, o Ministério Público denunciou
Joelma exatamente pela conduta descrita acima.
Em relação aos fatos narrados, é correto afirmar que
A
a denúncia foi corretamente embasada no inquérito
policial, que materializou a prova de que o produto
estava fora da validade e, por óbvio, impróprio para
consumo.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
O crime contra as relações de consumo previsto no art. 7º, inciso IX,
da Lei 8.137/90 é crime material, cuja comprovação depende de
realização de exame pericial.
Questão 2
(IDECAN – PC/CE – Inspetor de Polícia Civil – 2021) Mauro foi
denunciado pela prática do delito de supressão de tributos,
tipificado no artigo 1º, I, da Lei 8.137/90. Acontece que, desde que
foi autuado pela autoridade fazendária, Mauro recorreu da decisão,
discordando do agente que o autuou.
O processo administrativo ainda se encontra em andamento, não
tendo a autoridade fazendária, até o momento, decidido de forma
definitiva o lançamento do crédito tributário.
Atento ao que foi narrado, bem como ao entendimento dos
Tribunais Superiores, assinale a alternativa correta:
B
se ocorreu a prova inequívoca de que o produto
estava fora da validade, não há necessidade de
realização de exame pericial de acordo com o CPP,
pelo princípio da celeridade.
C
a denúncia carece de justa causa, pois o crime
mencionado deixa vestígios materiais, sendo
indispensável, portanto, a realização de perícia para
sua comprovação.
D
o Código de Processo Penal estabelece que o
exame de corpo de delito é dispensável quando
ocorra a prova inequívoca da materialidade.
E
a Lei 8.137/90 determina que, no caso específico do
enunciado, o exame pericial, excepcionalmente,
pode não ser realizado, comprovando-se a
materialidade pela data de validade.
A
O crédito tributário não é elemento do tipo penal
descrito no artigo 1º, inciso I, da Lei 8.137/90, razão
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Parabéns! A alternativa C está correta.
De acordo com a Súmula Vinculante 24 do Supremo Tribunal
Federal, “não se tipifica crime material contra a ordem tributária,
previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do
lançamento definitivo do tributo”.
pela qual não faz sentido aguardar o resultado do
lançamento definitivo.
B
Os crimes descritos no artigo 1º, incisos I a IV, da
Lei 8.137/90 são delitos formais, razão pela qual
não há qualquer ligação com o lançamento do
crédito definitivo pela autoridade tributária.
C
Não se tipifica crime material contra a ordem
tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei
8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.
D
O Poder Judiciário não pode ficar vinculado a uma
decisão da esfera administrativa, já que o correto é
que o juiz fique adstrito às provas constantes dos
autos, na busca da verdade processual (“o que não
está nos autos não está no meu mundo”).
E
Pelo princípio da independência das instâncias, é
possível que a existência do fato alegadamente
delituoso e a identificação da respectiva autoria se
definam na esfera penal sem vinculação com a
instância administrativa.
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2 - Crimes de lavagem de capitais e colarinho branco
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de reconhecer os principais
elementos dos crimes de lavagem de capitais e colarinho branco.
Lavagem de capitais
No vídeo a seguir, o especialista Bernardo Braga, doutor em Direito
Processual, discorre sobre o crime de lavagem de capitais, trazendo
suas principais características. Vamos assistir!
Crime de lavagem de capitais –
art 1º da lei n. 9613/98
A chamada “lavagem de dinheiro” revela-se como um processo por meio
do qual eventuais bens de origem criminosa são integrados no sistema
econômico legal com a aparência de que teriam sido obtidos
licitamente.
Nossa doutrina majoritária aponta que tal “processo” seria composto,
em regra, por três fases:

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Tal conduta é tipificada em nosso ordenamento no art. 1º da Lei
9.613/98, diploma legal este que também prevê diversas regras
processuais que visam auxiliar no combate eficaz à lavagem de capitais
Por se tratar de um procedimento criminoso complexo que, em muitas
hipóteses, transbordará as fronteiras nacionais, para que sejam
possibilitadas a prevenção e a repressão adequadas, tanto a
cooperação internacional entre os países quanto a cooperação privada
de determinadas atividades empresariais previstas no art. 9º e
seguintes da lei mostram-se necessárias.
Bem jurídico
Há grande divergência quanto ao bem jurídico tutelado pelo delito de
lavagem de capitais. Basicamente, existem quatro correntes sobre o
tema:
1
Para a primeira, o delito de lavagem de dinheiro visaria tutelar o
mesmo bem jurídico da infração penal antecedente cujo fruto
 A ocultação, fase inicial na qual o objetivo seria
distanciar o valor de sua origem, como, por
exemplo, com a alteração quantitativa dos valores,
movimentando-os em quantias menores, ou mesmo
o depósito em conta de chamados “laranjas”.
 O mascaramento ou dissimulação, fase
intermediária em que o processo de ocultação se
torna mais complexo, com a realização, por
exemplo, de transações financeiras ou comerciais
mais elaboradas.
 A integração, fase final em que os valores já se
encontram introduzidos na economia formal com
aparência de lícitos.
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ilícito teria sido transformado, ou seja, caso se trate, por exemplo,
de lavagem de valores advindos do delito de tráfico de
entorpecentes, o objeto jurídico seria a saúde pública.
2
Para a segunda corrente, o crime do art. 1º da Lei 9.613/98
tutelaria a ordem econômica, na medida em que a inserção de
valores de origem ilícita por um determinadoagente econômico
em sua atividade empresarial geraria um desequilíbrio natural
entre os concorrentes.
3
Para a terceira corrente, majoritariamente aceita, o delito de
lavagem de capitais protege a administração da Justiça, uma vez
que a ocultação dos valores oriundos de crimes anteriores
dificulta a própria atividade de persecução penal.
4
Para a quarta corrente, o crime seria pluriofensivo, assim, tanto a
administração da justiça quanto a ordem econômica seriam
tuteladas pela referida norma penal incriminadora.
Sujeitos ativo e passivo
Vejamos:
 Sujeito ativo
Quanto ao sujeito ativo, o crime é comum, podendo
ser praticado por qualquer pessoa. Em nosso
ordenamento jurídico, admite-se até mesmo que o
agente da infração penal antecedente, cujos valores
foram lavados, seja o autor do delito de lavagem,
possibilitando-se, assim, a intitulada “autolavagem”.
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Tipo objetivo
O caput art. 1º veda a conduta de “[o]cultar ou dissimular a natureza,
origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens,
direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração
penal”. O dispositivo prevê, portanto, os núcleos do tipo “ocultar” e
“dissimular” que, como visto, configuram a primeira e a segunda fase do
processo de lavagem.
Trata-se de tipo misto alternativo, ou seja, independentemente da prática
das duas condutas, o agente será responsabilizado somente uma vez
pelo delito. Note-se que a terceira fase, de integração da economia, não
é prevista expressamente no tipo penal, se tratando de mero
exaurimento do crime.
O uso não encoberto do fruto da infração penal antecedente não
configura o delito de lavagem de capitais, como, quando, por exemplo,
com o dinheiro fruto de corrupção passiva, o funcionário público compra
um imóvel e registra em seu próprio nome.
Os objetos materiais do crime são os bens, direitos
ou valores provenientes direta ou indiretamente de
qualquer infração penal antecedente, seja crime ou
mesmo contravenção penal.
Comentário
 Sujeitos passivo
O sujeito passivo do delito, em regra, é o Estado,
titular dos bens jurídicos administração da Justiça
e ordem econômica.
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Antes da alteração introduzida pela Lei 12.683/12, o dispositivo previa
um rol taxativo de crimes que poderiam configurar infração antecedente
do delito de lavagem.
A redação atual, todavia, não estabelece mais qualquer requisito,
bastando apenas que a infração penal antecedente seja um injusto
penal, ou seja, ato típico e ilícito. O parágrafo 1º do art. 2º da Lei
estabelece, inclusive, que para o oferecimento da denúncia bastam
indícios de sua existência.
Ainda sobre a infração penal antecedente, caso nela incida o princípio
da insignificância, a consequência será também a declaração da
atipicidade do delito de lavagem de capitais.
Os parágrafos 1º e 2º estabelecem como condutas equiparadas à
lavagem de dinheiro os atos de quem:
converte os bens ilícitos em ativos lícitos;
“os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia,
guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere”;
“importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos
verdadeiros”;
“utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou
valores que sabe serem provenientes de qualquer dos crimes
antecedentes referidos neste artigo”;
“utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou
valores provenientes de infração penal”;
“participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento
de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de
crimes previstos nesta Lei”.
Sobre os aspectos processuais penais da Lei, o art. 4º estabelece que o
“juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24
(vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal,
poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do
investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas,
que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta
Lei ou das infrações penais antecedentes.”
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Admite-se, ainda, o bloqueio de bens para fins reparatórios, na forma do
parágrafo 4º, bem como possível alienação antecipada, conforme o
parágrafo 1º do art. 4º e o art. 4º-A.
Tipo subjetivo
O elemento subjetivo é o dolo, exigindo-se a consciência e a vontade de
realizar o delito. Assim, como regra, o agente deve ter efetivo
conhecimento da origem ilícita dos bens ocultados. Embora parte da
doutrina não admita a prática do delito de lavagem de capitais por dolo
indireto eventual, nossa jurisprudência vem aceitando tal possibilidade.
Exige-se, ainda, majoritariamente, o especial fim de agir implícito de
inserir os valores no sistema econômico com aparência de licitude, sob
pena de se equiparar equivocadamente a conduta de lavagem ao crime
de favorecimento real.
Consumação
O delito se consumará com a alteração naturalística do objeto do delito
antecedente, sendo certo que parte da doutrina tem apontado que se
trata de crime permanente, cujas execução e consumação se
prolongariam no tempo enquanto os valores ilícitos permanecessem
ocultos.
Causas de aumento e de diminuição de
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pena
O parágrafo 4º do art. 1º prescreve uma causa de aumento de pena ao
determinar que:
[a] pena será aumentada de um a
dois terços, se os crimes definidos
nesta Lei forem cometidos de forma
reiterada ou por intermédio de
organização criminosa.
(BRASIL, 1998)
Ressalte-se que o conceito de organização criminosa em nosso
ordenamento jurídico está previsto no art. 1º, parágrafo 1º, da Lei
12.850/13.
Já o parágrafo 5º do mesmo dispositivo estabelece que “[a] pena poderá
ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou
semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a
qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou
partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando
esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à
identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos
bens, direitos ou valores objeto do crime”.
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Parte da doutrina aponta tratar-se de espécie de colaboração premiada
em que não se exige o acordo prévio com o acusador.
Ação penal
Pública incondicionada.
Dos crimes contra o colarinho
branco – Lei n. 7.492/86
A expressão “crimes contra o colarinho branco” foi cunhada para
denominar os chamados delitos financeiros qualificados por hipóteses
delitivas em que os sujeitos ativos são membros das mais altas
camadas sociais econômicas.
Em nosso ordenamento jurídico, os crimes financeiros estão previstos
na Lei 7.492/86, que prevê em seu art. 26 a competência exclusiva da
Justiça Federal para processar e julgar tais delitos. Assim, suas
principais figuras delitivas serão analisadas a seguir.
Gestão fraudulenta ou temerária
de instituição financeira – art.
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4º
Bem jurídico
Tutela-se a higidez das instituições financeiras que compõem o Sistema
Financeiro Nacional.
O art. 1º da lei estabelece que se considera instituição financeira, para
efeito daquela lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado que
tenha como atividade principal ouacessória, cumulativamente ou não, a
captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de
terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão,
distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores
mobiliários.
Além disso, o parágrafo único do referido dispositivo estende o conceito
de instituição financeira para incluir:

A pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio,
capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros.

A pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste
artigo, ainda que de forma eventual.
Sujeitos ativo e passivo
Vejamos:
Sujeito ativo
Quanto ao sujeito ativo, o crime é especial próprio, uma vez que
quem poderá praticar o delito são as pessoas descritas no art.
25, caput e parágrafo 1º, da Lei, quais sejam: o controlador, os
administradores de instituição financeira, assim considerados os
diretores e gerentes, bem como o interventor, liquidante e o
administrador judicial.
Sujeito passivo
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Nossa doutrina aponta como sujeitos passivo do delito o Estado
e o próprio mercado financeiro, que será atingido quando se põe
em risco a saúde financeira da instituição.
Tipo objetivo
O art. 4º prevê duas hipóteses delitivas:
Para parte de nossa doutrina, tratar-se-ia de crime habitual próprio, em
que a reiteração da conduta é necessária para a própria configuração do
tipo penal. Entretanto, nossa jurisprudência tem entendido tratar-se de
crime habitual impróprio, ou seja, ainda que o núcleo do tipo exija a
reiteração da conduta, a prática de um único ato de gestão, com
intenção de reiterá-lo, já seria suficiente para configurar os crimes
previstos no art. 4º.
Para a configuração de gestão fraudulenta, previsto no caput, há de se
comprovar a existência de alguma forma de fraude, ardil, malícia por
parte do administrador na gestão da instituição, ou seja, a utilização de
mecanismos para encobrir os atos ilícitos praticados com fim de obter
vantagem para si ou para terceiro.
Exemplo
A realização de simulação de operações financeiras com o fim de
enganar o mercado.
Já o delito de gestão temerária, estabelecido no parágrafo único do art.
4º, visa proibir a prática de atos de gestão que ultrapassem os limites de
prudência, aumentando o risco juridicamente tolerado na administração
 A gestão fraudulenta de instituição financeira,
trazida em seu caput, cuja pena é de reclusão de 3 a
12 anos, e multa.
 A gestão temerária de instituição financeira,
prevista no parágrafo único, cuja pena é de 2 a 8
anos, e multa. Ambas as figuras, portanto, visam
punir os atos de gestão do administrador da
instituição financeira praticados irregularmente.
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das instituições financeiras, como, por exemplo, a prática de operações
especulativas de elevado risco, a realização de empréstimos elevados
sem o fornecimento de garantias suficientes, ou seja, principalmente
hipóteses em que são violadas normas regulamentares do BACEN sobre
os limites da atuação financeira.
Parte da doutrina sustenta a inconstitucionalidade do dispositivo ante a
violação do princípio da taxatividade, por se tratar de tipo penal
excessivamente aberto. Cabe ressaltar que se trata de delito de perigo
abstrato, em que não há a necessidade da configuração de efetivo
prejuízo dos clientes da instituição para a sua incidência.
Tipo subjetivo
O elemento subjetivo é o dolo, exigindo-se a consciência e a vontade de
realizar o delito. Há de se ressaltar que, na modalidade do parágrafo
único de gestão temerária, não se pode confundir a temerariedade
exigida pela lei com eventual culpa implícita, já que nossa doutrina
majoritária aponta tratar-se igualmente de modalidade dolosa, punida,
no máximo, por dolo indireto eventual.
Consumação
Ambas as modalidades delitivas se consumam com a efetiva realização
da gestão, não sendo permitida a tentativa em razão da habitualidade
necessária aos delitos.
Causa de diminuição de pena
O parágrafo 2º do art. 25 estabelece que, caso o crime seja praticado
em associação criminosa ou coautoria, o coautor ou partícipe que, por
meio de confissão espontânea, revelar à autoridade policial ou judicial
toda a trama delituosa, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
Parte da doutrina aponta tratar-se de espécie de colaboração premiada
em que não se exige o acordo prévio com o acusador.
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Ação penal
Pública incondicionada.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
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Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Carlos está sendo investigado por crime de lavagem de dinheiro
tipificado na Lei 9.613/98 e resolve procurar um advogado
especialista na matéria para lhe esclarecer como os Tribunais
Superiores vêm se posicionando acerca da complexidade do tema.
O advogado fez várias ponderações e esclarecimentos a Carlos.
Nesse cenário, assinale a afirmativa correta.
A
O reconhecimento da extinção da punibilidade pela
prescrição da infração penal antecedente implica
atipicidade do delito de lavagem (art. 1º da Lei
9.613/1998).
B
A incidência simultânea do reconhecimento da
continuidade delitiva (art. 70 do CP) e da majorante
prevista no §4º do art. 1º da Lei 9.613/1998, nos
crimes de lavagem de dinheiro, não acarreta bis in
idem.
C
Não é possível o deferimento de medida
assecuratória em desfavor de pessoa jurídica que se
beneficia de produtos decorrentes do crime de
lavagem.
D
A tipificação do crime de lavagem de dinheiro
depende da existência de uma infração penal
antecedente; entretanto é possível a autolavagem,
isto é, a imputação simultânea, ao mesmo réu, da
infração antecedente e do crime de lavagem.
E
Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens,
direitos e valores, é proibida a exasperação da pena-
base pela valoração negativa das consequências do
crime em decorrência da movimentação de
expressiva quantia de recursos que extrapole o
elemento natural do tipo.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
Nossa doutrina vem admitindo a punição da autolavagem no Direito
Penal brasileiro.
Questão 2
(IBFC – TRF-2 – Juiz Federal Substituto da 2ª Região – 2018) Para
fins de aplicação das normas penais contidas na Lei n. 7.492, de 16
de junho de 1986, denominada Lei dos Crimes de Colarinho Branco,
considera-se instituição financeira:
A
Apenas a pessoa jurídica de direito privado que
desempenhe atividade financeira bancária, de
captação, intermediação ou aplicação de recursos
financeiros seus ou de terceiros, em moeda nacional
ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição,
negociação, intermediação, ou administração de
valores mobiliários.
B
Apenas a pessoa jurídica de direito público que
desempenhe atividade financeira bancária de
captação, intermediação ou aplicação de recursos
financeiros de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição,
negociação, intermediação, ou administração de
valores mobiliários.
C
A pessoa jurídica de direito público ou privado que
tenha como atividade principal ou acessória,
cumulativamente ou não, a captação, intermediação
ou aplicação de recursos financeiros de terceiros,
em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia,
emissão, distribuição, negociação, intermediação,
ou administração de valores mobiliários.
D
A pessoa jurídica de direito privado que tenha como
atividade principal, e a pessoa jurídicade direito
púbico que tenha como atividade acessória,
cumulativamente ou não, a captação, intermediação
ou aplicação de recursos financeiros em geral, em
moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia,
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Tal hipótese decorre do art. 1º da Lei 7.492/86, que prevê que se
considera instituição financeira a pessoa jurídica de direito público
ou privado que tenha como atividade principal ou acessória,
cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação
de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação,
intermediação ou administração de valores mobiliários.
3 - Organização criminosa
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de analisar os elementos e forma
de incidência do crime de organização criminosa.
emissão, distribuição, negociação, intermediação,
ou administração de valores mobiliários.
E
A pessoa jurídica de direito público ou privado que
tenha como atividade principal ou acessória,
cumulativamente ou não, a captação, intermediação
ou aplicação de recursos financeiros seus ou de
terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a
custódia, emissão, distribuição, negociação,
intermediação, ou administração de valores
mobiliários.

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Organizações criminosas
No vídeo a seguir, o especialista Bernardo Braga, doutor em Direito
Processual, discorre sobre os crimes praticados por organizações
criminosas. Vamos assistir!
Crime de pertinência à
organização criminosa – art 2º
da lei n. 12.850/13
A primeira lei penal brasileira que buscou regrar os crimes praticados
por organizações criminosas (“ORCRIMs”) foi a antiga Lei 9.034/95, que,
embora trouxesse vários dispositivos que dispunham sobre técnicas
investigativas a serem empregadas na persecução penal de tais delitos,
deixou de tipificar a modalidade delitiva de participação em ORCRIM e
sequer chegou a fornecer um conceito de organização criminosa.
Embora a Convenção de Palermo de 2000, tratado de direito
internacional introduzido em nosso ordenamento jurídico com o Decreto
Legislativo 5.015/04, trouxesse, no seu bojo, uma conceituação dos
requisitos necessários para se considerar determinado grupo criminoso
uma organização, apenas com a Lei n. 12.850/13 que se passou a
prever, em sentido estrito, o crime de pertinência à organização
criminosa.
A lei 12.850/13 também se revelou importantíssima ao prever e
disciplinar diversos meios de obtenção de prova cuja utilização será
admitida sempre que se tratar de investigação envolvendo organização
criminosa.
Seu art. 3º prevê que poderão ser utilizadas as seguintes técnicas
investigativas:
 Colaboração premiada.
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 Captação ambiental de sinais eletromagnéticos,
ópticos ou acústicos.
 Ação controlada.
 Acesso a registros de ligações telefônicas e
telemáticas, a dados cadastrais constantes de
bancos de dados públicos ou privados e a
informações eleitorais ou comerciais.
 Interceptação de comunicações telefônicas e
telemáticas, nos termos da legislação específica.
 Afastamento dos sigilos financeiro, bancário e
fiscal, nos termos da legislação específica.
 Infiltração, por policiais, em atividade de
investigação, na forma do art. 11.
 Cooperação entre instituições e órgãos federais,
distritais, estaduais e municipais na busca de
provas e informações de interesse da investigação
ou da instrução criminal.
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O procedimento, portanto, para a celebração do importantíssimo
instituto da colaboração premiada está previsto, de forma
pormenorizada, nos arts. 3º-A a 7º da lei. Ressalte-se, ainda, que o
parágrafo 2º do art. 1º do referido diploma legal estabelece que suas
disposições também poderão ser aplicadas:

“I - às infrações penais
previstas em tratado ou
convenção internacional
quando, iniciada a
execução no País, o
resultado tenha ou
devesse ter ocorrido no
estrangeiro, ou
reciprocamente”.

“II - às organizações
terroristas, entendidas
como aquelas voltadas
para a prática dos atos
de terrorismo
legalmente definidos”.
Ademais, outra mudança legal relevante da referida lei foi a alteração da
antiga redação do art. 288 do Código Penal, transformando-se o crime
de quadrilha ou bando em delito de associação criminosa, cuja nova
redação veda a conduta de “[a]ssociarem-se 3 (três) ou mais pessoas,
para o fim específico de cometer crimes”.
Foto da série La Casa de Papel, da Netflix.
Ainda que a Lei 12.850/13 tenha inovado ao prever, em seus arts. 2º,
parágrafo 1º, e 18 a 21, novos delitos que visam tutelar a própria
investigação que envolva ORCRIM – o primeiro em modalidade
equiparada à do caput do art. 2º -, fato é que o crime mais importante
introduzido com a nova lei foi o de pertinência à organização criminosa,
previsto em seu art. 2º, caput, e cujas principais características serão
analisadas a seguir.

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Bem jurídico
Nossa doutrina aponta que há uma multiplicidade de bens jurídicos
tutelados pelo delito, dentre os quais se incluem: a paz pública, a
administração da Justiça e o próprio Estado Democrático de Direito.
Sujeitos ativo e passivo
Vejamos:
Sujeito ativo
Quanto ao sujeito ativo, o crime é comum, podendo ser praticado
por qualquer pessoa, sendo certo que se trata de crime
plurissubjetivo, uma vez que, para a sua configuração, exige-se a
presença de ao menos quatro agentes.
Sujeito passivo
Os sujeitos passivos do delito são a coletividade e o Estado.
Tipo objetivo
O caput art. 2º veda a conduta de “[p]romover, constituir, financiar ou
integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização
criminosa”, aplicando-lhe a pena de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos,
e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações
penais praticadas.
Os núcleos do tipo, portanto, são:
I. Promover – sinônimo de divulgar, anunciar, fomentar;
II. Constituir – que significa criar, montar;
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III. Financiar hipótese de fomento econômico;
IV. Integrar – sinônimo de participar como membro, talvez a hipótese
mais comum da prática delitiva. Trata-se de tipo misto alternativo.
O conceito do elemento do tipo “organização criminosa” se encontra
previsto no parágrafo 1º do art. 1º, que estabelece, em suma, quatro
requisitos:
Atenção!
Caso falte algum desses requisitos, há possibilidade de a conduta ser
eventualmente inserida no art. 288, C.P. Ressalte-se, ainda, que, caso a
associação seja para a prática do delito de tráfico de entorpecentes, ela
se insere no art. 35 da Lei 11.343/06, norma esta especial e que
apresenta requisitos próprios.
 A associação de quatro ou mais pessoas - exige-se,
portanto, tanto um animus associativo, o que afasta
o mero vínculo ocasional, quanto a presença de ao
menos quatro agentes, incluindo-se, no número
mínimo, eventuais inimputáveis e não identificados.
 Estrutura organizada – com membros realizando
atividades diversas em níveis de hierarquia
diferentes, a diferenciando da associação criminosa
do art. 288, C.P.
 O fim de obtenção de vantagem de qualquer
natureza – não se exigindo que seja vantagem
econômica, como, por exemplo, a intenção de
manutenção de poder político.
 Por meio da prática de infrações penais com penas
máximas superiores a quatro anos ou que sejamde
caráter transnacional.
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Tipo subjetivo
O elemento subjetivo é o dolo, exigindo-se a consciência e a vontade de
realizar o delito. Exige-se como especial fim de agir da organização
criminosa a obtenção, direta ou indiretamente, de vantagem de qualquer
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.
Consumação
O delito se consumará com a prática das condutas previstas no tipo
penal, sendo certo que nossa doutrina aponta tratar-se de delito
permanente na modalidade “integrar”. Note-se, ainda, que não se exige a
efetiva prática de delitos pela organização criminosa, mas sim a mera
união estável e permanente com tal finalidade.
Agravante
O art. 2º, em seu parágrafo 3º, prevê que a pena será agravada para
quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização
criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
Causas de aumento de pena
O art. 2º, em seus parágrafos, prevê seis hipóteses de majorantes.
O parágrafo 2º estabelece que a pena será aumentada pela metade se,
na atuação da organização criminosa, houver emprego de arma de fogo.
Deve-se ressaltar que tal causa de aumento de pena será aplicada a
todos os membros da ORCRIM que tenham ciência de que um ou mais
de seus consortes utilizam armas de fogo.
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Já o parágrafo 4º prevê outras cinco circunstâncias que aumentam a
pena de 1/6 a 2/3, quais sejam:

Se houver participação de criança (menor de 12 anos) ou adolescente
(até 18 anos), afastando-se aqui a incidência do art. 244-B da Lei
8.069/90.

Se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização
criminosa dessa condição para a prática de infração penal.

Se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em
parte, ao exterior.

Se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações
criminosas.

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Se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da
organização.
Ação penal
Pública incondicionada.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(IDECAN – PC/CE – Escrivão de Polícia Civil – 2021) Em 2013, foi
editada a Lei 12.850, que estabeleceu a definição de organizações
criminosas, crimes, procedimentos relativos à investigação criminal,
meios de prova etc., revogando a antiga lei que tratava do tema –
9.034/95.
De acordo com o disposto na lei em vigor, assinale a alternativa que
contenha o correto conceito de organização criminosa.
A
Considera-se organização criminosa a associação
de 3 (três) ou mais pessoas estruturalmente
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter,
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro)
anos, ou que sejam de caráter transnacional.
B
Considera-se organização criminosa a associação
de 5 (cinco) ou mais pessoas estruturalmente
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter,
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro)
anos, ou que sejam de caráter transnacional.
C
Considera-se organização criminosa a associação
de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter,
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 3 (três)
anos, ou que sejam de caráter transnacional.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
Tal hipótese é prevista expressamente no parágrafo 1º do art. 1º da
Lei 12.850/13.
Questão 2
(VUNESP – Prefeitura de Presidente Prudente/SP – Procurador
Municipal – 2016) Sobre a Lei n° 12.850/2013, é correto dizer que
D
Considera-se organização criminosa a associação
de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter,
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro)
anos, ou que sejam de caráter transnacional.
E
Considera-se organização criminosa a associação
de 3 (três) ou mais pessoas estruturalmente
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter,
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 3 (três)
anos, ou que sejam de caráter transnacional.
A
define organização criminosa como a associação
de 4 (quatro) ou mais pessoas, com estrutura
ordenada e divisão de tarefas, formada com o
objetivo de obter vantagem auferida com a prática
de infrações penais.
B
prevê aumento de pena de 1/6 (um sexto) a 1/2
(metade), se há concurso de funcionário público,
valendo-se a organização criminosa dessa condição
para a prática de crime.
C
estabelece a possibilidade de perdão judicial,
diminuição da pena privativa de liberdade ou a
substituição desta por restritiva de direito, daquele
que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com
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Parabéns! A alternativa E está correta.
Tal previsão encontra-se expressa no art. 24 da Lei 12.850/13.
4 - Terrorismo
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de avaliar as principais
características do crime de terrorismo.
Introdução
Nossa Constituição Federal de 1988 dispõe, no inciso XLIII de seu art.
5º, que o crime de terrorismo, diante de sua intensa gravidade, é
inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, estabelecendo-se ainda a
possibilidade de responsabilização penal não apenas dos mandantes e
a investigação e processo penal, vedada a
colaboração premiada após a sentença.
D
estendeu a possibilidade de infiltração de agentes
de polícia, em tarefas de investigação, para crimes
de menor potencial ofensivo.
E
alterou a denominação do crime de quadrilha ou
bando, previsto no artigo 288 do Código Penal, que
passa a ser crime de associação criminosa, definido
como a associação de três ou mais pessoas para o
fim específico de cometer crimes.
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executores da citada infração penal, mas também daqueles que se
omitirem diante da chance de evitá-los.
Entretanto, foi apenas com a Lei 13.260, de 16 de março de 2016,
também chamada de Lei Antiterrorismo, que se regulamentou o
dispositivo constitucional supracitado.
Com efeito, o diploma legal passou a disciplinar os delitos que envolvem
atos de terrorismo, reformulando seu conceito e alterando, também,
dispositivos constantes nas leis especiais que versam sobre prisão
temporária (Lei 7.960/89) e organizações criminosas (Lei 12.850/2013).
Ademais, a nova Lei 13.260/16 também regulamentou disposições
investigatórias e processuais sobre o tema. Ressalte-se que, por atingir
interesses da União, o crime de terrorismo será processado e julgado
pela Justiça Federal.
Passa-se, então,à análise dos atos criminosos considerados como
terrorismo pelo nosso ordenamento jurídico penal.
Crimes de terrorismo
No vídeo a seguir, o especialista Bernardo Braga, doutor em Direito
Processual, fala sobre os crimes de terrorismo e suas principais
características. Vamos assistir!

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Crimes de terrorismo previstos
na lei n. 13.260/16
Bem jurídico
Nossa doutrina aponta que há uma multiplicidade de bens jurídicos
tutelados pelo delito, dentre os quais se incluem:
A paz pública
A incolumidade pública
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A igualdade
O pluralismo da sociedade
Sujeitos ativo e passivo
Vejamos:
Quanto ao sujeito ativo, o crime é comum, podendo ser praticado
por qualquer pessoa. O agente pode atuar de forma solitária ou
coletiva, sendo certo que, se estiver vinculado a uma
organização terrorista, responderá também pela prática do delito
previsto no art. 3º da lei.
Os sujeitos passivos do delito são a coletividade, o Estado, e
eventuais pessoas atingidas diretamente pelos atos terroristas
praticados.
Sujeito ativo 
Sujeito passivo 
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Tipo objetivo
Logo no caput do art. 2º, o terrorismo é conceituado como a prática, por
um ou mais indivíduos, das condutas taxativamente descritas no
parágrafo 1º, com a finalidade de provocar terror social ou generalizado,
expondo pessoa, patrimônio, a paz ou incolumidade pública a perigo.
Nossa doutrina aponta que há uma multiplicidade de bens jurídicos
tutelados pelo delito, dentre os quais se incluem:
Conforme expressamente estabelece o parágrafo 1º do art. 2º, são atos
de terrorismo:
 “Usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar
ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos,
venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares
ou outros meios capazes de causar danos ou
promover destruição em massa”;
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Atenção!
Caso seja praticado mediante ameaça ou violência, as penas referentes
a tais modalidades delitivas serão somadas à sanção penal final.
A própria lei ressalva, no parágrafo 2º do art. 2º, que não será aplicada
caso as condutas acima listadas se derem no âmbito de “manifestações
políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de
categoria profissional” que se destinem a objetivos de cunho sociais ou
reivindicatórios, contestando, criticando, protestando ou apoiando, a fim
de defender direitos e/ou garantias constitucionais.
Com isso, pode-se dizer que há uma tentativa do legislador de evitar que
a Lei Antiterrorismo seja utilizada como um instrumento autoritário de
repressão a manifestações populares democráticas, protegendo-se,
assim, a liberdade expressão.
 “Sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com
violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de
mecanismos cibernéticos, do controle total ou
parcial, ainda que de modo temporário, de meio de
comunicação ou de transporte, de portos,
aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias,
hospitais, casas de saúde, escolas, estádios
esportivos, instalações públicas ou locais onde
funcionem serviços públicos essenciais,
instalações de geração ou transmissão de energia,
instalações militares, instalações de exploração,
refino e processamento de petróleo e gás e
instituições bancárias e sua rede de atendimento”;
 “Atentar contra a vida ou a integridade física de
pessoa”.
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No art. 3º, a lei tipifica, de forma acertada, como criminosa a conduta de
“promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por
pessoa interposta, a organização terrorista”, punível com uma pena de 5
a 8 anos.
Comentário
Pode-se dizer que o tipo penal é ampliado para além daqueles que
efetivamente engajam nas práticas tidas como terroristas, expandindo-
se, inclusive, para os agentes que, de alguma forma, prestam auxílio e
promoção às organizações envolvidas com tal prática, ainda que não
pratiquem efetivamente as condutas terroristas.
O art. 6º do dispositivo legal também pune, com reclusão de 15 a 30
anos, a conduta de “receber, prover, oferecer, guardar, manter em
depósito, solicitar, investir, de qualquer modo, direita ou indiretamente”
recursos para a prática dos crimes previstos na lei.
Conforme o parágrafo único, também incorre na mesma pena quem de
qualquer modo contribuir para a obtenção de ativo, bem ou recurso
financeiro com a finalidade de financiar grupos terroristas. Assim, a lei
busca punir, acertadamente, qualquer forma de participação e auxílio,
financeiro ou material, àqueles agentes que estariam destinados à
prática terrorista.
O terrorismo é considerado crime hediondo,
aplicando-se, assim, a ele as disposições da Lei
8.072/90, quando couberem.
Tipo subjetivo
O elemento subjetivo, em regra, é o dolo direto, exigindo-se a
consciência e a vontade de realizar o delito. Entretanto, também se
admite a punição sob a modalidade de dolo indireto eventual quando o
agente assumiu, com a prática de atos terroristas, o risco de expor a
perigo pessoa, patrimônio, a paz ou a incolumidade pública.
Causa de aumento de pena
O art. 7º prevê uma causa de aumento de pena se a prática dos crimes
previstos na lei causar lesão corporal grave (aumento de 1/3) ou morte
(aumento de 1/2), salvo quando tais condições já forem elementares do
próprio tipo penal, a fim de se evitar, nesta hipótese, o bis in idem.
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Consumação
O delito se consumará, em regra, com a prática das condutas tidas
como atos terroristas previstas nos tipos penais, sendo certo que a
maioria delas não exigem o adimplemento de qualquer dano por
configurarem delitos de perigo abstrato. Ressalte-se, ainda, que a lei se
preocupou, no art. 5º, em criminalizar os atos preparatórios de
terrorismo, aplicando-se a pena correspondente a do delito consumado,
diminuída de um quarto até a metade.
Conforme o parágrafo 1º do citado artigo, incorre nas mesmas penas o
agente que “recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que
viajem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade” ou
“fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua
residência ou nacionalidade”, com a ressalva do parágrafo 2º de que,
quando a conduta não envolver treinamento ou viagem para país
distinto daquele da residência ou nacionalidade do agente, a pena será
correspondente a do delito consumado, diminuída de metade a dois
terços, fração de diminuição maior do que aquela prevista no caput.
Ação penal
Pública incondicionada.
15/09/2023, 21:21 Legislação extravagante econômica
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02563/index.html# 60/64
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(VUNESP – PC/SP – Delegado de Polícia – 2018) Nos termos da
Lei no 13.260/2016 (Lei Antiterrorismo), assinale a alternativa
correta:
A
Os crimes previstos na referida Lei são praticados
contra o interesse da União, cabendo à Polícia
Federal a investigação criminal, em sede de
inquérito policial.
B
Aquele que for flagrado constituindo uma
organização terrorista não cometerá um crime,
estando sujeito à responsabilização por realizar atos
preparatórios do terrorismo.
C
O terrorismo consistirá sempre na prática por mais
de um indivíduo de atos criminosos por razões de
xenofobia, discriminação ou preconceito de raça,
cor, etnia e religião, quando cometidos

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