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GINECOLOGIA OBSTETRICIA_istmocele

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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 
Edição IV 
 
Autor Principal 
Guilherme Barroso Langoni de Freitas 
 
Autores colaboradores 
Alana Santa Rosa Santos 
Alice Freitas 
Ana Clara dos Santos Matos 
Ana Clara dos Santos Souza 
Ana Flávia Mendes Silva 
Anna Clara Lopes Costa 
Brenda Mirelly Jastrow 
Bruno Chiaretti Cossenzo Abdo 
Camila Guimarães Maciel de Castro 
Carolina Campos Rezende Libanio 
Carolina Loyola Prest Ferrugini 
Cleverson Gomes do Carmo Junior 
Daniela Borges Mielke 
Davi Fernando Gomes Pereira 
Deborah Ferreira Duget Arruda 
Djalma Gomes Neto 
Eduarda de Oliveira Teixeira 
Emerson Batista da Silva Santos 
Felipe Guimarães Martini 
Fernanda Chaib Fonseca Pereira 
Gabriel Junqueira Guimarães¹ 
Gabriela Neves de Souza 
Gabriela Silveira Anatólio Lima 
Gilberto Santos Cerqueira 
Giovanna Martins Oliveira Magalhães 
Giulia Messias Cadaval Pessoa 
Isabela Lamounier de Carvalho 
Isabella Souza Assunção 
Isadora Amabile Lopes Fabres 
Isadora Lima Teles Baeta Zebral 
Ítalo de Souza Porto 
Janine Martins Machado 
Jayme Murad Magalhães 
Júlia Abreu Dorneles 
Júlia Benevenuto Moreira 
Júlia Resende Ferreira Magri 
Kamila Jales Corteleti 
Lara Garcia Magalhães 
Laura Figueiró Euler Vaz de Melo Fernandes 
Laura Helena Boy Paiva 
Laura Moore Gaissler 
Laura Vasconcelos Rodrigues de Oliveira Tonello 
Letícia de Cássia Freire Franco 
Letícia Nogueira Falcão do Carmo 
Lucas Daniel Dos Anjos Guimaraes 
Maria Eduarda Piffer de Almeida 
Maria Eduarda Ribeiro de Figueiredo 
Maria Guimarães Petry 
Mariana Barino Melo 
Mariela Sthefany Silva 
Marina Henriques Amaral 
Natália Mourão de Pinho Tavares 
Nathalia Perondi Passarela 
Patrick Romanzini Pedreira 
Paula Salomão Libânio 
Pauline Christina Campos Martins Ferreira¹ 
Pedro Chamon Pacheco 
Rafael de Oliveira Marra 
Rodrigo Veloso Souto Rocha 
Sávio Laguardia Marra Filho 
Tainá Evangelista Diniz Morais 
Thaís Viana de Ávila Oliveira 
Victoria Cardoso Alves 
Vitória Figueiredo Garrido Cabanellas Nogueira
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2023 
2023 by Editora Pasteur 
Copyright © Editora Pasteur 
 
 
Editor Chefe: 
 
Dr Guilherme Barroso Langoni de Freitas 
 
Corpo Editorial: 
 
Dr. Alaercio Aparecido de Oliveira 
(Faculdade INSPIRAR, UNINTER, CEPROMEC e Força Aérea Brasileira) 
Dra. Aldenora Maria Ximenes Rodrigues 
MSc. Aline de Oliveira Brandão 
 (Universidade Federal de Minas Gerais -MG) 
Dra. Ariadine Reder Custodio de Souza 
(Universidade Estadual do Centro-Oeste – PR) 
MSc. Bárbara Mendes Paz 
(Universidade Estadual do Centro-Oeste -PR) 
Dr. Daniel Brustolin Ludwig 
(Universidade Estadual do Centro-Oeste -PR) 
Dr. Durinézio José de Almeida 
(Universidade Estadual de Maringá -PR) 
Dr. Everton Dias D’Andréa 
(University of Arizona/USA) 
Dr. Fábio Solon Tajra 
(Universidade Federal do Piauí -PI) 
Francisco Tiago dos Santos Silva Júnior 
(Universidade Federal do Piauí -PI) 
Dra. Gabriela Dantas Carvalho 
Dr. Geison Eduardo Cambri 
 
MSc. Guilherme Augusto G. Martins 
(Universidade Estadual do Centro-Oeste -PR) 
Dr Guilherme Barroso Langoni de Freitas 
(Universidade Federal do Piauí -PI) 
Dra. Hanan Khaled Sleiman 
(Faculdade Guairacá -PR) 
MSc. Juliane Cristina de Almeida Paganini 
(Universidade Estadual do Centro-Oeste -PR) 
Dra. Kátia da Conceição Machado 
(Universidade Federal do Piauí -PI) 
Dr. Lucas Villas Boas Hoelz 
(FIOCRUZ -RJ) 
MSc. Lyslian Joelma Alves Moreira 
(Faculdade Inspirar -PR) 
Dra. Márcia Astrês Fernandes 
(Universidade Federal do Piauí -PI) 
Dr. Otávio Luiz Gusso Maioli 
(Instituto Federal do Espírito Santo -ES) 
Dr. Paulo Alex Bezerra Sales 
MSc. Raul Sousa Andreza 
MSc. Renan Monteiro do Nascimento 
Dra. Teresa Leal 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Editora Pasteur, 2023)
F866 FREITAS, Guilherme Barroso Langoni de 
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA/ Freitas, G.B.L.-Irati: 
Pasteur, 2023. 
1 livro digital; 169 p.; ed. IV; il. 
 
Modo de acesso: Internet 
ISBN 978-65-6029-005-1 
https://doi.org/10.59290/978-65-6029-005-1 
1. Medicina 2. Ciencias da Saúde 3. Mulher 
I. Título. 
 
CDD 610 
CDU 612.6 
https://doi.org/
 
 
 
 
 
Desde a puberdade, menarca, desenvolvimento das mamas, gravidez até a 
menopausa, doenças significativas afetam as mulheres. uma equipe multidisciplinar poderá 
assistir da melhor forma esta mulher e ser apoio fundamental no trabalho do médico 
ginecologista. A partir da maturidade, quando os órgãos reprodutivos amadurecem, as 
mulheres são aconselhadas a fazer um exame de saúde anual ou pelo menos a cada 3 anos 
com um ginecologista, porém muitas delas não terão esse acesso com facilidade pelos 
serviços públicos de saúde ou ainda se depararão com profissionais sem a formação 
adequada. A consciência das funções corporais básicas e a manutenção de um bom bem-
estar físico e mental são aspectos vitais da gestão da saúde da mulher e no bom atendimento 
ginecológico e obstétrico. A detecção precoce de doenças e outros problemas de saúde pode 
ser importante para ajudar qualquer paciente a ter uma vida mais saudável, feliz e, em alguns 
casos, mais longa. Na verdade, a detecção precoce e bom manejo da paciente pode aumentar 
significativamente as chances de sobrevivência de certas doenças, incluindo muitas formas 
de câncer. É por isso que os especialistas recomendam a adesão a um cronograma regular 
de exames médicos e exames apropriados com base em seus dados demográficos e fatores 
de risco. O livro Ginecologia e Obstetrícia aborda capítulos sobre sexualidade, atendimento 
clínico, cuidados do aparelho genital feminino e intervenções cirúrgicas e medicamentosas 
para as principais complicações. O leitor encontrará capítulos pré-definidos, construídos por 
autores convidados e atualizados sobre os principais temas. A Editora Pasteur fica feliz em 
apresentar esse material de alta qualidade e importância. 
Guilherme Barroso L de Freitas 
Dr. Prof. Dpto. Bioquímica e Farmacologia, Universidade Federal do Piauí (UFPI) 
Diretor Científico do Grupo Pasteur 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 
CONSULTA GINECOLÓGICA ....................................................................................................... 1 
Capítulo 2 
SEXOLOGIA .................................................................................................................................. 10 
Capítulo 3 
GINECOLOGIA INFANTO-PUBERAL ........................................................................................ 18 
Capítulo 4 
GONORREIA .................................................................................................................................. 30 
Capítulo 5 
VAGINITE E VAGINOSE ............................................................................................................. 38 
Capítulo 6 
INFECÇÃO URINÁRIA NA GRAVIDEZ .................................................................................... 50 
Capítulo 7 
DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA ....................................................................................... 61 
Capítulo 8 
GINECOLOGIA ENDÓCRINA ..................................................................................................... 68 
Capítulo 9 
MIOMAS ......................................................................................................................................... 75 
Capítulo 10 
ENDOMETRIOSE .......................................................................................................................... 85 
Capítulo 11 
INFERTILIDADE ........................................................................................................................... 93 
Capítulo 12 
HISTERECTOMIA ....................................................................................................................... 103 
Capítulo 13 
CLIMATÉRIO ...............................................................................................................................111 
Capítulo 14 
PLANEJAMENTO FAMILIAR ................................................................................................... 123 
Capítulo 15 
MASTOLOGIA ............................................................................................................................. 137 
 
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Capítulo 16 
MASTITE GRANULOMATOSA IDIOPÁTICA ......................................................................... 145 
Capítulo 17 
ISTMOCELE ................................................................................................................................. 156 
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1 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras Chave: Saúde da Mulher, Ginecologia, Exame Ginecológico. 
Capítulo 1 
ANA FLÁVIA MENDES SILVA¹ 
ANNA CLARA LOPES COSTA¹ 
BRUNO CHIARETTI COSSENZO ABDO1 
CAROLINA CAMPOS REZENDE LIBANIO1 
1. Discente – Medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais. 
CONSULTA 
GINECOLÓGICA 
 
2 | P á g i n a 
INTRODUÇÃO 
A consulta ginecológica é fundamental na 
vida de todas as mulheres, já que ela promove o 
cuidado à saúde individualizada da mulher e a 
prevenção de diversas condições que afetam sua 
qualidade de vida. Essas consultas envolvem 
anamnese detalhada e exame físico ginecoló-
gico, que abrange inspeção e palpação de ma-
mas e genitálias, podendo incluir, também, co-
leta de exames como a colpocitologia. Além 
disso, durante o atendimento, o médico pode re-
comendar medidas de planejamento familiar 
como o uso de contraceptivos e medidas de pre-
venção de doenças sexualmente transmissíveis 
como a aplicação de vacinas e o uso de preser-
vativos. Já que, muitas vezes, a ida ao ginecolo-
gista representa o único contato das mulheres 
com o sistema de saúde, é um importante mo-
mento para sanar dúvidas, fazer encaminhamen-
tos necessários e solicitar os exames periódicos 
segundo as demandas individualizadas de cada 
paciente. É interessante ressaltar que essa é, in-
clusive, uma oportunidade para a detecção pre-
coce de câncer de colo de útero e de câncer de 
mama, o que favorece o prognóstico, aumenta a 
sobrevida e reduz os gastos em saúde pública. 
A consulta ginecológica 
A consulta ginecológica apresenta o roteiro 
semelhante a outras especialidades médicas, 
sendo composta pela anamnese, o exame físico, 
a solicitação de exames complementares, con-
duta e terapêutica. Entretanto, diferentemente 
das outras especialidades, durante uma consulta 
ginecológica, a paciente irá comunicar assuntos 
extremamente pessoais como sexualidade, higi-
ene, planejamento familiar, sintomas urogeni-
tais, sintomas mamários e por isso, cabe ao mé-
dico se atentar ao seu porte perante a paciente, 
sempre deixando-a confortável e segura para 
abrir suas queixas. (BEREK, 2014) 
Além disso, o exame físico também é um 
momento de bastante exposição da mulher e por 
isso é de extrema importância que o médico se 
atente a sua conduta para deixá-la o mais con-
fortável possível. Isso pode ser facilitado, expli-
cando para a paciente cada passo a ser realizado, 
pois gera uma maior confiança no profissional. 
Um atendimento completo, com anamnese e 
exame físico de qualidade é a base de todo 
acompanhamento ginecológico e por isso nunca 
deve ser feito com descuido. Uma conduta ade-
quada e pedidos de exames complementares ne-
cessários dependem exclusivamente de um bom 
atendimento clínico e cabe ao médico realizá-lo 
de forma adequada (PASSOS et al., 2017). 
Anamnese 
A anamnese é um dos principaispassos da 
consulta ginecológica pois é a partir dela que a 
maioria das hipóteses diagnósticas são traçadas. 
Dessa forma, é nesse momento que o médico 
deve se atentar para construir uma boa relação 
médico-paciente, de forma a criar um ambiente 
acolhedor e confortável para a paciente trazer 
suas queixas (PASSOS et al., 2017). 
Inicialmente são coletadas as informações 
de identificação como nome completo, idade, 
estado civil, profissão, naturalidade, procedên-
cia, cor autodeclarada e religião. Esses dados 
permitem, muitas vezes, evidenciar patologias, 
devido a sua prevalência em determinado grupo 
de mulheres (FEBRASGO, 2018). 
A queixa principal deve ser registrada com 
a linguagem da paciente e seu detalhamento é 
explorado na história da moléstia atual, onde 
deve-se questionar data de início da queixa, du-
ração, intensidade, fatores de melhora ou piora 
e sintomas associados. Nem sempre as pacientes 
vão ao consultório devido a queixas específicas, 
mas pode ocorrer de ser apenas consultas de ro-
tina para exames periódicos ou necessidade de 
orientações para planejamento familiar. 
 
3 | P á g i n a 
Em seguida começa a abordagem dos ante-
cedentes ginecológicos e obstétricos. Esses itens 
são de extrema importância para uma consulta 
ginecológica. Inicia-se perguntando à paciente 
sobre sua primeira menstruação (menarca) e as 
características de seus ciclos menstruais como 
regularidade, duração, volume do fluxo, sinto-
mas associados (cólicas), intervalo e se ocorrem 
atrasos. Em seguida, questionar sobre a data da 
última menstruação. Se a paciente já tiver pa-
rado de menstruar, é importante perguntar a data 
da menopausa, sintomas do climatério e se faz 
uso de terapia hormonal. Se possível, resgatar 
informações da telarca e pubarca. 
A abordagem da vida sexual feminina mui-
tas vezes não é fácil, mas para uma consulta gi-
necológica completa é necessário. A construção 
de uma boa relação médico paciente permite 
uma comunicação mais aberta sobre esses te-
mas, fazendo com que a paciente sinta liberdade 
para relatar aspectos íntimos e pessoais de sua 
vida. Então, registra-se a idade da primeira rela-
ção sexual (sexarca); número de parceiros sexu-
ais; se faz, ou já fez, uso de métodos contracep-
tivos; se já teve alguma infecção sexualmente 
transmissível; se apresenta alguma queixa rela-
cionada a disfunção sexual, como diminuição da 
libido e impossibilidade de relação. Sempre as-
segurar que as consultas abordam temas sigilo-
sos e que nenhuma abordagem deve ser feita 
com julgamentos e sim de maneira respeitosa. 
(FEBRASGO, 2018). 
Ao final desses questionamentos é impor-
tante registrar quando foram feitos os últimos 
exames complementares como a mamografia, 
ultrassom de mama, exame preventivo e ultras-
som transvaginal ou abdominal. Com esses da-
dos o médico consegue apurar a necessidade de 
refazer esses exames como forma de preven-
ção. 
Em seguida, perguntar sobre o número de 
gestações, quantidade de partos e as vias (nor-
mal ou cesáreo), se já sofreu abortamentos es-
pontâneos ou induzidos, se já teve traumas ge-
nitais ou complicações durante as gestações. 
Abordar também sobre o período do puerpério e 
lactação (duração e limitações). 
Como em outras consultas, de outras espe-
cialidades, na consulta ginecológica também é 
interrogado se a paciente apresenta comorbida-
des, faz uso de medicamentos diários, se já teve 
internações prévias, se já realizou cirurgias, se 
apresenta alergias, se já foi submetida a transfu-
sões de sangue e qual o status de vacinação. Es-
ses tópicos devem ser registrados na história pa-
tológica pregressa da paciente (PASSOS et al., 
2017). 
Assim como o histórico de patologias da pa-
ciente é relevante, o histórico de patologias da 
família também é importante, principalmente de 
doenças cardiovasculares, doenças endócrinas, 
obesidade, osteoporose, câncer de mama e de 
ovário. 
Além disso, o questionamento sobre as con-
dições de vida e hábitos da paciente contribui 
para uma anamnese completa. Dessa forma, per-
gunta-se sobre a estrutura da moradia, da famí-
lia, escolaridade, alimentação, trabalho, exercí-
cios físicos, etilismo, tabagismo e uso de outras 
drogas. 
Para finalizar o roteiro da anamnese é im-
portante assegurar se a paciente não deseja com-
pletar algo que ela tenha esquecido de abordar 
ou se ela apresenta alguma preocupação que 
possa ser solucionado ou averiguada durante a 
consulta ou exame físico (PASSOS et al., 2017). 
Exame físico 
Após a anamnese, inicia-se o exame físico 
geral. Sempre que possível, deve-se realizá-lo 
na presença de um profissional de enfermagem, 
mesmo que a médica seja do sexo feminino, 
 
4 | P á g i n a 
para que a paciente fique mais confortável e a 
segurança dela e do profissional seja garantida 
(BEREK, 2014). 
Na primeira parte do exame deve ser feita a 
ectoscopia. É imprescindível analisar a pele e as 
mucosas, procurando por sinais de palidez, cia-
nose, anemia e resistência insulínica, assim 
como a distribuição de pelos e gordura corporal. 
Além disso, devem ser aferidos os dados vitais 
da paciente, pressão arterial, frequência e aus-
culta cardíaca, frequência respiratória, tempera-
tura e oxigenação em ar ambiente. Medidas an-
tropométricas como a altura, o peso e o índice 
de massa corporal podem ajudar na avaliação de 
obesidade, fator de risco para diversas comorbi-
dades, incluindo câncer de endométrio. O 
exame da tireoide também pode ser realizado, 
mas atualmente não é obrigatório nas consultas 
ginecológicas. 
O exame físico específico da ginecologia é 
dividido em exame das mamas e exame pélvico. 
A primeira etapa do exame das mamas é a ins-
peção estática, realizada com o profissional de 
frente para a paciente, que são orientadas a per-
manecerem sentadas com os braços ao longo do 
corpo e sem qualquer vestimenta recobrindo os 
seios, conforme representado na Figura 1.1. Se-
rão analisados o volume (pequeno, médio, 
grande), o formato (arredondado ou pendular), 
os mamilos e as auréolas, atentando-se para a 
coloração, a presença de assimetrias, de abaula-
mentos e retrações, de lesões, de edema e de eri-
tema (LASMAR, 2017). 
Figura 1.1 Imagem da inspeção estática da mama 
Fonte: Passos et al., 2017. 
O segundo passo é a inspeção dinâmica das 
mamas, em que serão analisados os mesmos as-
pectos anteriores, mas enquanto a paciente se 
encontra sentada, com as mãos na cintura, con-
forme a Figura 1.2, de forma a contrair o mús-
culo peitoral e assim expor algum tipo de abau-
lamento, retração e assimetria (MINISTÉRIO 
DA SAÚDE, 2023). 
Figura 1.2 Imagem da inspeção dinâmica da mama 
Fonte: Passos et al., 2017. 
Os linfonodos podem ser acometidos em 
caso de metástase linfonodal no câncer de mama 
e, por isso, sempre devem ser avaliados. A or-
dem de avaliação é supraclavicular, cervical 
posterior e por último os axilares. 
 
 
5 | P á g i n a 
Em seguida, pede-se para a paciente deitar, 
com os braços apoiados na cabeça para ser rea-
lizada a palpação da mama, Figura 1.3. Nesse 
momento, devem ser realizados movimentos 
circulares, em todos os quadrantes da mama, 
com as duas mãos, de forma que o exame fique 
mais preciso. Nesse exame, é possível identifi-
car adensamento e nódulos, caso houver. Ao fim 
da palpação, pode-se realizar a expressão do 
mamilo para avaliar presença de derrame papi-
lar, caso a paciente apresente queixa de descarga 
mamilar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2023). 
Figura 1.3 Imagem da palpação da mama 
Fonte: Passos et al., 2017. 
O exame pélvico e especular é uma parte 
importante do exame ginecológico. Para sua re-
alização, é imprescindível que todos os materi-
ais necessários estejam devidamente separados 
e que o local seja adequado. Inicialmente, deve-
se solicitar a paciente que fique em posição gi-
necológica, também chamada deposição de li-
totomia, ou seja, em decúbito dorsal, com as ná-
degas junto à borda da mesa ginecológica, com 
coxas e joelhos fletidos descansando a fossa po-
plítea nos estribos. É de extrema importância 
que a paciente esteja coberta com avental de 
abertura posterior e um lençol para cobrir ab-
dome e membros inferiores, deixando as demais 
partes despidas para que haja ampla visualiza-
ção da genitália externa (CAMARGOS et al., 
2008). 
O examinador, com as mãos devidamente 
enluvadas, iniciará então o exame de inspeção 
estática da vulva e da região perineal, avaliando 
o monte pubiano, pequenos e grandes lábios, 
clitóris, vestíbulo, meato uretral, corpo perineal 
e ânus. Para melhor visualização da região ves-
tibular, é necessário que o examinador afaste os 
pequenos lábios através da apreensão destes 
com seu polegar e indicador. Nessa etapa do 
exame, diversas doenças podem ser evidencia-
das, por isso, é fundamental atentar-se para a 
presença de condilomas acuminados ou sifilíti-
cos, cancros, úlceras herpéticas, doenças epite-
liais ou processos alérgicos (CAMARGOS et 
al., 2008). 
Em seguida, é realizado o exame da genitá-
lia interna. A finalidade desse exame é a visua-
lização do colo uterino e das paredes vaginais. 
O exame especular é contraindicado em casos 
como estenose vulvar, atresia vaginal, integri-
dade do hímen (pacientes virgens) e vaginismo. 
Para iniciar então o exame, é necessário esco-
lher o tamanho apropriado do espéculo vaginal. 
Os espéculos podem ser de plástico ou metal e 
possuir diferentes tamanhos (número 1, 2 e 3), 
além de possuir vários modelos, como o Collins 
ou Graves, Figura 1.4. 
Figura 1.4 Imagem do espéculo de Collins 
Fonte: Passos et al., 2017. 
 
6 | P á g i n a 
Após a seleção do espéculo, o examinador 
deve então introduzi-lo com suas lâminas fecha-
das. Para expor a vagina, a mão não dominante 
deve, com os dedos indicador e médio, afastar 
os grandes lábios. A mão dominante do exami-
nador deve então apoiar o espéculo na fúrcula e 
no períneo, em uma angulação de aproximada-
mente 75º, Figura 1.5. É importante a introdu-
ção correta do espéculo para evitar traumatismo 
uretral. Após completar a introdução, as lâmi-
nas, que ainda permanecem fechadas, devem ser 
afastadas para evidenciar as paredes vaginais e 
o colo uterino (LASMAR, 2017). 
 
Figura 1.5 Imagem do espéculo de Collins 
 
Fonte: Passos et al., 2017. 
Com boa visualização do colo, o examina-
dor é capaz de avaliar diversos aspectos cervi-
cais, como a coloração das paredes vaginais, 
pregueamento, presença ou ausência de secre-
ções, como muco, leucorreia ou mesmo sangue. 
Na presença de secreções clinicamente suspei-
tas de infecção, pode ser feita a coleta desse ma-
terial para realização de exame microscópico a 
fresco, chamado teste amínico (KOH a 10%), 
para auxiliar na identificação de germes anaeró-
bios. 
Em seguida, é realizada a coleta colpocito-
lógica. Inicialmente deve-se utilizar a espátula 
de Ayre em movimento giratório (rotação de 
360º) na região ectocervical e a escova, prefe-
rencialmente do modelo Cytobrush, também em 
movimento giratório, na região endocervical. A 
coleta ectocervical precede a endocervical com 
a finalidade de evitar sangramentos provocados 
pela escova durante o exame da endocérvice, 
que possam, por consequência, acabar prejudi-
cando a coleta do material da ectocérvice. Após 
cada coleta, o examinador deve dividir a lâmina 
imaginariamente em duas metades e espalhar 
todo o material separadamente em cada uma 
dessas partes. Imediatamente após a transferên-
cia do material para a lâmina, deve-se imergir 
completamente em um frasco com álcool ou fi-
xada com um spray apropriado, para evitar o 
ressecamento do esfregaço. Por fim, identifica-
se atentamente a lâmina e o frasco (BOTELHO 
et al., 2018). 
Finalizada a coleta colpocitológica, é reco-
mendada a realização da limpeza do colo ute-
rino com ácido acético 2% ou 5% para remoção 
de secreções. Após feita a lavagem, realiza-se o 
teste de Schiller para identificar regiões da ecto-
cérvice com depleção de glicogênio celular. Na 
presença do Lugol, essas áreas não se coram de-
vido a intensa divisão celular na presença de al-
terações celulares neoplásicas. Essas áreas são 
denominadas iodo-negativo, teste de Schiller 
positivo, em que também é possível identificar 
a presença de lesões precursoras de câncer cer-
vical. Esse teste ainda é capaz de facilitar a iden-
tificação e a confirmação das colpites (áreas de 
iodo-claras). Antes da retirada do iodo com bis-
sulfito de sódio 5%, pode-se avaliar o colo do 
útero através do colposcópio, caso haja indica-
ção. Dessa forma, avalia-se detalhada e minuci-
osamente todas as áreas suspeitas. Um bom 
exame colposcópico apresenta diversas vanta-
gens, como melhor seleção de áreas a serem bi-
opsiadas e evitar falsos negativos (BOTELHO 
et al., 2018). 
Para finalizar o exame físico deve-se reali-
zar o toque vaginal bimanual. Para sua realiza-
ção é necessário calçar as luvas e lubrificar os 
dedos indicador e médio que serão introduzidos 
no canal vaginal. 
 
7 | P á g i n a 
Simultaneamente à inserção dos dedos indi-
cador e médio, o dedo anelar e o dedão são usa-
dos para afastar os pequenos lábios. Interna-
mente, toca-se na musculatura pélvica, na pa-
rede da vagina, no colo uterino e no fundo do 
saco vaginal. 
Com a outra mão comprime-se a parede ab-
dominal na região do hipogástrio, enquanto o 
colo uterino é elevado para cima com os dedos 
usados no toque. Com esse exame é avaliado o 
volume uterino, a posição, consistência e mobi-
lidade, além de dor. 
Exames complementares 
Os exames complementares devem ser sem-
pre precedidos por um bom exame clínico, com 
anamnese detalhada e exame físico minucioso 
(PORTO et al., 2019). 
Quando o exame clínico é realizado de ma-
neira adequada, os exames complementares são 
prescritos de maneira individualizada, aten-
dendo às demandas da paciente. Somente assim 
é possível cumprir com os preceitos de Preven-
ção Quaternária, que consiste em evitar a reali-
zação excessiva de exames, reduzindo a chance 
de iatrogenias. 
Além disso, tratando sobre a realidade do 
Brasil, é preciso fazer o manejo correto dos re-
cursos escassos do SUS, sempre baseando a 
conduta médica em evidências científicas. 
Muitos são os exames complementares dis-
poníveis na atenção à saúde da mulher. Neste 
capítulo, serão abordados os seguintes exames: 
colpocitologia, colposcopia e mamografia, bem 
como suas principais indicações segundo preco-
nizado pelo Ministério da Saúde. 
A Colpocitologia é o exame de escolha para 
o rastreamento do câncer de colo do útero e deve 
ser realizado de maneira periódica (ONU, 
2019). Ele é realizado durante o exame especu-
lar, sendo utilizada uma Espátula de Ayre para 
a análise da ectocérvice e uma Escova Cervical 
(citobrush) para a endocérvice. Após a coleta, o 
material deve ser fixado em uma lâmina e enca-
minhado para a análise citológica, em que o 
laudo será dado segundo as nomenclaturas cito-
patológicas, Tabela 1.1. 
O exame citopatológico é utilizado como 
método de rastreio do câncer do colo do útero, 
porque esse tipo de neoplasia origina-se de uma 
lesão precursora que, na maior parte dos casos, 
é curável (INCA, 2011). Apesar da possibili-
dade de regressão, as lesões NIC II e III têm 
maior chance de progressão para adenocarci-
noma e, por isso, devem ser tratadas (INCA, 
2011). 
 
Tabela 1.1 Nomenclaturas citopatológica e histopatoló-
gica utilizadas para o diagnóstico das lesões cervicais es-
camosas e suas equivalências. 
Richart 1967 INCA 2006 
- - 
- Alteração benigna 
- Indeterminado 
NIC I LO-SIL 
NIC II E III HI-SIL 
Carcinoma invasor Carcinoma invasor 
 Fonte: Adaptado de INCA, 2011. 
A colpocitologia deve ser iniciada em mu-
lheres a partir de 25 anos quejá iniciaram a vida 
sexual. O intervalo entre os exames deve ser de 
três anos, após dois exames negativos com in-
tervalo anual (INCA, 2011). O rastreio deve se-
guir até os 64 anos, podendo ser interrompidos 
após essa idade se a paciente possuir pelo menos 
dois exames negativos consecutivos nos últimos 
cinco anos (INCA, 2011). 
 
8 | P á g i n a 
Para que o exame seja válido, é preciso ava-
liar se a amostra está satisfatória que permita 
uma conclusão diagnóstica. Para isso, o resul-
tado da coleta deve indicar a presença de células 
representativas dos epitélios do colo do útero: 
 Células escamosas 
 Células glandulares 
 Células metaplásicas 
Caso o resultado apresente alterações da 
normalidade, a paciente deve ser orientada a se-
guir com a propedêutica segundo a lesão apre-
sentada. 
A colpocitologia deve ser repetida em 3 
anos em pacientes menores de 25 anos em caso 
de lesões do tipo ASC-US e LO-SIL. Já em pa-
cientes com lesão ASC-US entre 25 e 29 anos, 
o exame citológico deve ser realizado nova-
mente dentro de 12 meses. Pacientes acima de 
30 anos com ASC-US ou acima de 25 anos com 
LO-SIL devem realizar outra citologia dentro de 
6 meses. Todas as demais alterações - ASC-G, 
AOI, HI-SIL, carcinoma invasor e adenocarci-
noma - devem ser imediatamente encaminhadas 
para a realização de colposcopia e, então, bióp-
sia guiada. 
A Colposcopia é a análise do colo do útero 
a partir de um Colposcópio, instrumento dotado 
de lentes que possibilitam o aumento da estru-
tura a ser visualizada (PORTO et al., 2019). 
Esse exame é indicado, como citado anteri-
ormente, em alterações específicas da normali-
dade no exame colpocitológico. Além disso, é 
indicado quando o colo do útero apresenta as-
pecto suspeito, inspeção visual com ácido acé-
tico positiva ou teste de Schiller positivo. 
Sua utilização justifica-se pelo fato de o 
exame colposcópico permitir a detecção de le-
sões pré-cancerosas e malignas do colo do útero. 
Isso é possível devido ao aumento proporcio-
nado pelo colposcópio que possibilita a realiza-
ção de biópsia de maneira guiada e direcionada, 
fazendo com que a amostra enviada para o ana-
tomopatológico seja mais certeira (PORTO et 
al., 2019). Após a realização do exame colpos-
cópico, a paciente será direcionada ao nível de 
atenção à saúde adequado para, então, seguir 
com a terapêutica. 
A Mamografia é o exame de rastreio para o 
câncer de mama. É realizado um raio-X da 
mama em duas incidências mínimas: crânio-
caudal e médio-lateral oblíqua. Existem outras 
incidências que podem ser realizadas de ma-
neira individualizada. 
Segundo o INCA, esse exame deve ser rea-
lizado bianualmente em mulheres entre 50 e 69 
anos. No Brasil, o Ministério da Saúde não in-
dica, como rotina esse exame em pacientes com 
menos de 50 anos e em pacientes maiores de 69 
anos, sem fatores de risco associados. 
A propedêutica a ser seguida após a realiza-
ção da mamografia varia de acordo com o BI-
RADS, conforme demonstrado na Tabela 1.2. 
Tabela 1.2 Tabela de propedêutica segundo BI-RADS 
BI-RADS CONDUTA 
1 
Incidência adicional ou 
ultrassonografia 
2 
Seguimento conforme 
idade 
3 
Seguimento conforme 
idade 
4A Biópsia 
4B Biópsia 
5 
Altamente sugestivo de 
carcinoma 
6 
Carcinoma confirmado 
com biópsia 
Fonte: Adaptado de Hoffman et al, 2014.
 
9 | P á g i n a 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
BEREK, J. Tratado de Ginecologia. 15. ed. Rio de Ja-
neiro: Guanabara Koogan, 2014. 
BOTELHO, N.M. et al. Manual de habilidades profissio-
nais: atenção à saúde da mulher e gestante. 2. ed. Belém: 
EDUEPA, 2018. 
CAMARGOS, A.F. et al. Ginecologia Ambulatorial: ba-
seada em evidências científicas. 2.ed. Belo Horizonte: 
Coopmed, 2008. 
FEBRASGO. Tratado de Ginecologia. 1. ed. Rio de Ja-
neiro: Grupo GEN, 2018. p. 31-45. 
HOFFMAN, B. et al. Ginecologia de Williams. 2. ed. 
Porto Alegre: McGraw-Hill Artmed, 2014. 
INCA. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do cân-
cer do colo do útero. Rio de Janeiro: INCA, 2011. 
LASMAR, R.B. Tratado de ginecologia. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2017. 1 recurso online. ISBN 
978852773240. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Exame clínico das mamas. 
Disponível em: < https://linhas de cui-
dado.saude.gov.br/portal/câncer-de-mama/atenção-espe-
cializada/planejamento-terapeutico/exame-clinico-ma-
mas/>. Acesso em: 11 abr. 2023 
ONU. Organização das Nações Unidas. Programmes and 
projects. Cancer. Screening and early detection of cancer. 
Nova York: United Nations, 2019. 
PASSOS, E. et al. Rotinas em Ginecologia. 7. ed. Porto 
Alegre: Artmed, p. 45-50, 2017. 
PORTO, C.C. et al. Semiologia médica. 8. ed. Rio de Ja-
neiro: Guanabara Koogan, 2019.
 
10 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras Chave: Disfunção sexual; Dispareunia; Sexologia 
Capítulo 2 
DEBORAH FERREIRA DUGUET ARRUDA¹ 
FERNANDA CHAIB FONSECA PEREIRA¹ 
RAFAEL DE OLIVEIRA MARRA¹ 
SÁVIO LAGUARDIA MARRA FILHO¹ 
1. Discente - Medicina - Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (FASEH). 
SEXOLOGIA 
 
11 | P á g i n a 
INTRODUÇÃO 
No século passado, a sexologia era abordada 
com os recursos terapêuticos herdados da psica-
nálise. À medida que a medicina ginecológica 
foi evoluindo, abriu-se o leque de novas teorias 
e seus respectivos manejos, além do aperfeiçoa-
mento na condução das comorbidades sexuais 
até então descobertas. 
Acometimentos sexuais são corriqueiros e 
fazem parte do cotidiano da mulher em múlti-
plas faixas etárias, e manifestam-se de formas 
variadas como queda ou até mesmo supressão 
da libido, desconcerto ou falha em se chegar ao 
orgasmo e desconforto físico durante o ato se-
xual. Tal quadro costuma vir acompanhado de 
relatos que provocam grande sofrimento mental 
na mulher, atrapalhando seu convívio com a sua 
parceria sexual e também na sua qualidade de 
vida de uma forma generalizada. Quando o mé-
dico recebe essas queixas de sua paciente, pode-
se assim dizer que está diante de um quadro de 
disfunção sexual feminina. 
Com o aumento das informações disponí-
veis para o público de uma forma geral, tem-se 
nos dias atuais surgido um aumento na demanda 
de pacientes que buscam soluções e terapias 
para os seus acometimentos sexuais. 
A disfunção sexual feminina surge a partir 
de uma descompensação nos estágios da res-
posta sexual conectando-se com relevantes sis-
temas endócrinos, anatômicos, neural, vascular, 
psíquico, além também do fator social, acarre-
tando quase sempre em deficiências na quali-
dade de vida feminina. 
A maioria dos distúrbios sexuais dá-se de-
vido à falta de conhecimento, lendas, e crenças 
sobre a parte fisiológica e anatômica dos órgãos 
sexuais. 
O profissional que acolhe e trata pacientes 
com queixas de distúrbios na vida sexual neces-
sita estar preparado plenamente para lidar com 
tal situação, então recomenda-se que esse indi-
víduo tenha o devido conhecimento sobre o 
tema e seus recursos propedêuticos, como tam-
bém possíveis tratamentos, além de também 
compreender e aceitar a sexualidade de cada in-
divíduo; esse preparo tem por finalidade reduzir 
possíveis influências maléficas e iatrogênicas 
no enfermo. 
Tipos de disfunção sexual 
As formas de disfunções sexuais, segundo 
Ribeiro et al. (2013), são catalogadas em: 
Distúrbio do desejo Sexual Hipoativo 
(Desejo Sexual Inibido): Ocorre quando há di-
minuição ou ausência total de fantasias e de de-
sejo de ter atividade sexual. 
Aversão Sexual (Evitação Sexual. Fobia 
Sexual): Evitação ativa de ter sexo com parcei-
ros, com sentimentos de repulsa, ansiedade e 
medo. 
Transtorno de Excitação (Frigidez): É a 
incapacidade persistente ou recorrente de adqui-
rir ou manter a lubrificação vaginal e turgescên-
cia até o fim do ato sexual. A mulher tem pouca 
ou nenhuma sensação de excitação. Antiga-
mente, esse problemaera denominado de Frigi-
dez. 
Anorgasmia (Inibição do Orgasmo): 
Quando a mulher se sente incapaz de atingir or-
gasmo. Pode haver um atraso ou ausência recor-
rente ou persistente do orgasmo, mesmo após 
estímulo sexual adequado. 
Dispareunia: É a dor genital associada ao 
ato sexual. Para ser denominada dispareunia não 
deve ser causada por fatores orgânicos, como in-
fecções ou nódulos, por exemplo. 
Vaginismo: É a contração involuntária dos 
músculos próximos à vagina que impedem a pe-
netração pelo pênis, dedo, ou espéculo gineco-
lógico ou mesmo um tampão. A mulher não 
 
12 | P á g i n a 
consegue controlar o movimento de contração, 
apesar de até desejar o ato sexual. 
Disfunção Sexual Devido a uma Condição 
Médica: Caracteriza-se quando há um pro-
blema orgânico que gera problemas sexuais, 
como, por exemplo, a diminuição de desejo de-
vido a Diabetes Mellitus. 
Disfunção Sexual Induzida por Substân-
cias: Caracteriza-se quando há um problema se-
xual pelo uso de algumas substâncias. Por 
exemplo, diminuição do desejo sexual por uso 
de altas doses de sedativos hipnóticos, como o 
diazepam. 
Tratamento 
O profissional deve começar orientando so-
bre as questões anatômicas e fisiológicas da atu-
ação sexual. Durante o exame físico, o médico 
pode fazer o uso de espelho com o intuito de que 
a paciente possa acompanhar o exame e poder 
ser orientada sobre achados anatômicos normais 
e/ou alterados, tal prática tem como finalidade 
esclarecer de uma maneira melhor a explicação 
anatomofisiológica da ação sexual. Após a etapa 
do exame físico, é necessário explicar sobre o 
que é “normal” e esclarecer possíveis dúvidas 
que a mulher possa vir a ter relacionados com o 
ato sexual (FEBRASGO, 2019). 
O manejo dos sintomas sexuais deve ser 
abrangido de forma global visando a estabiliza-
ção dos sinais somáticos, psíquicos, local, além 
de abranger também a parceria sexual. Outro fa-
tor que não deve ser negligenciado envolve con-
dutas direcionadas unicamente para as queixas 
da atual paciente, criando-se assim um manejo 
único para cada caso (BARRETO et al., 2018). 
Um modelo que tem mostrado muita efici-
ência e praticidade no manejo da disfunção se-
xual feminina, tendo ganhado muita atenção na 
prática médica, é o modelo conhecido como 
PILSET (PLISSIT). Tal protocolo proporciona 
ao profissional da saúde executar uma aproxi-
mação amplificada capaz de abranger sintomas 
originados do sistema psíquico, biológico, e 
também de queixas que envolvam pouco ou ne-
nhum conhecimento referente a questões anatô-
micas e sexuais (LARA et al., 2008). 
Sendo assim, o modelo de PILSET é utili-
zado como um mnemônico sendo apresentado 
da seguinte forma, segundo Lara et al. (2008): 
permissão (P): o especialista “permite” ao paci-
ente praticar o ato sexual levando-se em conta a 
fisiologia da relação sexual. Abrangendo espe-
cialmente a elucidação, além de transpor as ob-
jeções que possam existir em relação ao ato se-
xual. Podendo ser exemplificado da seguinte 
forma: a “aprovação” do terapeuta para que a 
mulher com disfunção sexual faça uso de fanta-
sias sexuais e consuma conteúdo erótico para a 
estimulação sexual; informação limitada (IL): 
orientar questões fisiológicas resultantes du-
rante a prática sexual e também explicar a res-
peito da constituição anatômica do órgão genital 
feminino, explicando onde localizam-se os pon-
tos com maior sensibilização e satisfação da re-
gião vulvar e vaginal que compreendem o clíto-
ris, pequenos lábios e intróito vaginal, pois tais 
regiões possuem uma maior quantidade de pon-
tos vásculo-nervosos; sugestão específica (SE): 
orientar e propor alterações no comportamento 
sexual, tendo como modelo parâmetros basea-
dos na função orgânica que constitui o ato se-
xual e consequentemente chegando a um resul-
tado esperado, nortear alterações de conduta 
(atitude assertiva), podendo ser exemplificado 
da seguinte maneira: a mulher vive uma vida 
conflituosa com seu companheiro, mesmo assim 
preserva a relação, pois tem os seus motivos 
particulares para a causa. A aparência desfavo-
rável da convivência resulta em uma situação 
onde os malefícios superam os benefícios e com 
isso desfavorece a relação afetiva-emocional do 
 
13 | P á g i n a 
casal. A medida que a mulher com disfunção se-
xual pontua e eleva as questões benéficas que a 
intimidade com o parceiro gera como produto, a 
possibilidade de se promover um progresso fa-
vorável a sua vivência sexual é extremamente 
alta; terapia sexual (T) a terapia sexual é indi-
cada para todos os casos de extrema complexi-
dade como por exemplo anedonia, confrontos 
que como consequência acarretem em ataques 
verbais e físicos, abuso sexual, alterações no 
comportamento sexual, manejos que não se ob-
teve uma resolução positiva após explicações 
(LARA et al., 2008). 
Entende-se que as condutas habituais são tá-
ticas que devemos utilizar primariamente no 
manejo da disfunção sexual feminina, evidenci-
ando-se a instrução anatomofisiológica do ór-
gão genital, elucidando o produto que se obtém 
durante o ato sexual, a atribuição sexual da mu-
lher, a orientação sexual tanto para a mulher 
quanto para a sua parceria sexual, alterações de 
cunho mutável pelo auxílio médico, modifica-
ção do estilo de vida, etc. Essas condutas englo-
bam o modelo PILSET. (BARRETO et al., 
2018; SILVA et al., 2013). De forma comple-
mentar e generalizada o médico deve abordar 
questões relacionadas a saúde geral e bem como 
o manejo de comorbidades infecciosas do trato 
genital que venham a acarretar em quadros de 
dispareunia, além de intervir cirurgicamente em 
quadros de incontinência urinária, prolapsos de 
órgãos pélvicos, ou outras queixas que tenham 
sofrido alguma alteração anatômica e possam 
interferir na atividade sexual da mulher (LARA 
et al., 2008). Acrescenta-se também a necessi-
dade avaliar e substituir quando necessário dro-
gas que possam prejudicar a resposta sexual, 
também deve-se orientar sobre a prática e os be-
nefícios que os exercícios físicos para o fortale-
cimento dos músculos da região pélvica vão 
promover a vida sexual da mulher. (SOUZA et 
al., 2020). 
Terapia hormonal 
A terapia hormonal em mulheres que estão 
na fase pós menopausa tem se mostrado bas-
tante eficaz, já em mulheres que estão na fase do 
menacme, a terapia hormonal necessita de mais 
estudos que possam documentar e comprovar a 
sua real indicação e efetividade (STUDD, 2007). 
Mulheres que chegam no estágio da menopausa 
tem como consequência natural uma redução 
considerável nos níveis de estrogênio em seu or-
ganismo, a redução androgênica a medida em 
que se envelhece somada ao abrupto declínio 
hormonal acarretam em um quadro de distúrbio 
do desejo sexual hipoativo. O surgimento da re-
dução do desejo/excitação sexual feminino ao 
longo do climatério sugere estar associado com 
quadros de hipoestrogenismo / hipogonadismo 
(FEBRASGO, 2019). Em quadros onde a mu-
lher relata uma redução da libido que venha cor-
relacionada ao surgimento de sintomas da me-
nopausa sendo eles vasomotores e atrofia uroge-
nital, a terapia hormonal mostra-se bastante efi-
caz e de fácil aceitação pela paciente. (PAR-
DINI, 2007). Sendo assim, segundo Febrasgo 
(2019), o médico pode lançar mão dos seguintes 
medicamentos para o manejo do quadro: 
• Tibolona (esteroide sintético advindo da 
noretisterona) utilizando-se a dosagem de 2,5 
mg ao dia. Essa droga é indicada para mulheres 
que apresentam o quadro de distúrbio do desejo 
sexual hipoativo, e encontram-se pós menopau-
sadas dentro da janela de oportunidade. Mulhe-
res que fazem uso desta medicação, relatam o 
aumento do desejo sexual, excitação, e também 
satisfação durante o ato propriamente dito e re-
dução dos sintomas urogenitais. O seu uso não 
é recomendado para mulheres com câncer de 
mama, câncer de endométrio,tromboembo-
lismo agudo, hepatopatia aguda e/ou grave, car-
diopatia grave e sangramento uterino sem causa 
diagnosticada. 
 
14 | P á g i n a 
• Undecanoato de testosterona: 40 mg por 
dia, durante 15 dias, realizando-se a sua suspen-
ção durante os próximos 15 dias após a última 
dose. Essa droga é indicada para pacientes que 
apresentem déficit androgenal relacionado com 
queixas de disfunção sexual do desejo, ou pre-
viamente diagnosticada com distúrbio do desejo 
sexual hipoativo, e não necessite da aferição re-
gularmente dos níveis de testosterona total e li-
vre. A reposição de testosterona em mulheres 
pré e pós menopausa tem seu uso contraindi-
cado relativamente em mulheres que apresen-
tem alopecia androgênica, acne, hirsutismo, dis-
lipidemia e disfunção hepática, já as contraindi-
cações absolutas são para quadros de hirsutismo 
grave, acne grave e risco grande de câncer de 
mama, câncer de endométrio, episódios trom-
boembólicos e doença cardiovascular. 
Terapia não hormonal 
O uso de drogas de ação no sistema nervoso 
central para o manejo da disfunção sexual femi-
nina tem apresentado grande efetividade. Estu-
dos relatam que alguns neurotransmissores 
atuam na sensibilização e não sensibilização de 
regiões do cérebro que influenciam na resposta 
sexual feminina. (PARDINI, 2007). Segundo a 
Febrasgo (2019), as medicações que podem ser 
utilizadas estão descritas a seguir: 
• Flibanserina 100 mg ao dia. Trata-se de 
uma droga que atua como agonista do receptor 
2A (5HT-2A), exerce de forma parcial agonista 
também sobre os receptores de dopamina (D4). 
Esse medicamento atua liberando grandes quan-
tidades de noradrenalina e dopamina e redu-
zindo os níveis de serotonina no cortéx cerebral 
tendo como consequência o restabelecimento do 
controle pelo cortéx pré-frontal sobre as áreas 
de recompensa e motivação do cérebro, possibi-
litando o início do desejo sexual. Esse medica-
mento está indicado para mulheres na pré-me-
nopausa que apresentem o quadro de distúrbio 
do desejo sexual hipoativo, admitindo-se que o 
balanceamento dos neurotransmissores cere-
brais aprimore o desempenho da resposta se-
xual. A flibanserina pode apresentar como efei-
tos colaterais quadros de hipotensão, síncope, 
sonolência, náuseas, fadiga, insônia e xerosto-
mia. Seu uso também não está indicado como 
terapia para outros tipos de disfunção sexual que 
não seja a de desejo. Além disso, recomenda-se 
abolir o seu uso quando a paciente não apresen-
tar melhora após 2 meses de terapia. 
• Bupropiona 150 mg por dia. Esse medi-
camento inativa a recaptação de dopamina e no-
repinefrina, além de bloquear os receptores de 
serotonina 5HT-2, além de promover um certo 
efeito prossexual. Seu uso está indicado para o 
tratamento da disfunção sexual feminina resul-
tante do uso de antidepressivos. Pode ser usada 
também no manejo de mulheres com o quadro 
de distúrbio do desejo sexual hipoativo. Está 
contra indicada para pacientes com epilepsia, 
bulimia e anorexia. 
Na maioria das vezes, o tratamento que tem 
se mostrado mais eficaz para mulheres com de-
sejo sexual hipoativo é aquele desenvolvido a 
partir de componentes da terapia sexual, terapia 
cognitivo-comportamental, e abordagens que 
englobem a mulher como um todo (LARA et al., 
2008). 
Terapia sexual 
A terapia sexual foi desenvolvida com o in-
tuito de se abordar e auxiliar tanto a mulher 
quanto a sua parceria sexual com o intuito de 
compreender, antever e resolver situações rela-
cionadas com a monotonia da vida conjugal, de-
sajuste na comunicação do casal, bem como a 
ausência de intimidade entre os parceiros 
(LARA et al., 2008). 
 
15 | P á g i n a 
Sua abordagem se dá através de técnicas que 
promovam a inclusão sensorial bem como o 
aconselhamento global da vida do casal. 
(STUDD, 2007). 
A peça chave que a terapia sexual se baseia 
se dá através da terapia de foco sensorial ou sen-
sitivo, que se desenvolve através de exercícios 
de toque sensual realizados de forma progres-
siva. Essa forma de terapia tem como objetivo 
reduzir a aversão aos toques sensuais ou da prá-
tica sexual ligada a quadros de muita ansiedade, 
permitindo-se assim a possibilidade de se rees-
tabelecer o diálogo e a intimidade entre os par-
ceiros. Recomenda-se que os primeiros toques 
não se comecem por áreas genitais, mas sim to-
cando-se regiões “comuns” como face, mãos e 
dorso, e à medida que os parceiros vão ga-
nhando novamente intimidade entre eles, a indi-
cação de toques em áreas genitais pode ser ini-
ciada e só após essa etapa espera-se que tenha o 
reestabelecimento das relações sexuais (FE-
BRASGO, 2019). 
Terapia cognitivo-comportamental: 
A terapia cognitivo-comportamental tem 
como objetivos principais elucidar e modificar 
questões relacionadas tanto ao cognitivo quanto 
questões que envolvam a distorção de crenças, 
responsáveis por fomentar o declínio do desejo 
e da função sexual feminina. Uma peça signifi-
cativa que compõe a terapia cognitivo-compor-
tamental é a questão do conhecimento, pois cos-
tuma ser de grande auxílio tanto para a mulher 
quanto o casal estabelecendo formas de se com-
preender pontos relacionados ao estímulo eró-
tico físico e mental (FEBRASGO, 2019). 
Sua aplicabilidade se dá através de técnicas 
voltadas para a questão de aprendizagem como 
a prática de atenção plena, reconhecimento cor-
poral, além da autoestimulação genital não mas-
turbatória (STUDD, 2007; FEBRASGO, 2019). 
Tratamento do distúrbio da excitação se-
xual: 
As excitações mental/subjetiva ou geni-
tal/objetiva ou fisiológica podem estar ou não 
relacionadas. A excitação sexual subjetiva cons-
titui a compreensão feminina perante a sua rea-
tividade genital ou não. Já, quando nos referi-
mos a excitação genital, estamos diante de um 
quadro fomentado por uma questão fisiológica, 
que envolve vasocongestão e lubrificação da va-
gina. Podem estar ou não associados entre si, ou 
se manifestarem de forma singular (SILVA et 
al., 2013; RIBEIRO et al., 2013). Compreender 
qual o mecanismo excitatório encontra-se blo-
queado e também quais os fatores desencadea-
ram esse bloqueio disfuncional da excitabili-
dade sexual, é de suma importância para se es-
tabelecer a terapia mais eficaz. Basicamente o 
manejo do quadro é realizado através da excita-
ção psicomental da atenção plena na terapia 
cognitivo-comportamental, tornando-se peça 
chave para se alcançar resultados efetivos. Em 
situações onde o único componente é a excita-
ção genital, opta pelo manejo do quadro fa-
zendo-se o uso de medicamentos e/ou dispositi-
vos vaginais (FEBRASGO, 2019). 
Tratamento da desordem do orgasmo: 
O passo inicial para se obter êxito no trata-
mento da desordem do orgasmo consiste em 
elucidar e orientar a paciente (se possível, o ca-
sal) referentes ao orgasmo, dedicando-se as 
perspectivas do que seria, bem como o desen-
volvimento do quadro e a sua periodicidade, 
deve-se também se situar o quão compromete a 
vivência da mulher quanto do parceiro devido 
ao quadro. É necessário também distinguir or-
gasmo clitorinano de orgasmo vaginal. 
(STUDD, 2007; SILVA et al., 2013). A con-
versa deve ser direcionada para episódios de or-
gasmo promovido durante o coito que não ne-
cessitou de estímulo do clitóris, e episódios de 
 
16 | P á g i n a 
orgasmo surgido durante estimulação do clitó-
ris. É necessário ao longo da consulta orientar a 
paciente que o orgasmo pode não estar presente 
em todas as relações sexuais consideradas satis-
fatórias (FEBRASGO, 2019). 
Outro ponto importante diz respeito a avali-
ação minuciosa se a anorgasmia está relacio-
nada ao uso de determinadas substâncias que di-
ficultem o seu acontecimento como por exem-
plo anorgasmia induzida pelo uso de antidepres-
sivos ou pelo abuso de drogas, também deve ser 
perguntado se a mulher possui alguma comorbi-
dade de causavascular, neuropática e reumato-
lógica (LARA et al., 2008). A partir do mo-
mento que se tiver excluído as causas orgânicas 
e a paciente encontra-se esclarecida quanto a 
sua situação, a terapia mais indicada é a técnica 
da masturbação dirigida, tal técnica tem como 
finalidade orientar a mulher a explorar o seu 
corpo tornando-a mais familiarizada e confortá-
vel com o seu órgão genital e outras partes ana-
tômicas do seu corpo (FEBRASGO, 2019). 
Tratamento da dor sexual: 
O manejo da dispareunia leve a moderada 
quando associada ao quadro de atrofia vulvova-
ginal, pode-se lançar mão do uso de constituin-
tes não hormonais como lubrificantes a base de 
água, cremes hidratantes (LARA, et al., 2008). 
A estrogenização local é proposta para quadros 
mais graves em mulheres que se encontram na 
pós menopausa e possuem atrofia vulvovaginal, 
outra alternativa de tratamento é a laserterapia 
(PARDINI, 2007). 
Tratamento do vaginismo: 
A terapia consiste na aplicação de técnicas 
de dessensibilização sistemática, combinando-
se com a fisioterapia do assoalho pélvico, tendo 
como meta não permitir que a musculatura pél-
vica apresente espasmos (SOUZA et al., 2020). 
O tratamento da disfunção sexual deve ser 
direcionado a queixa principal da paciente, 
sendo o foco primordial a instrução sexual, re-
lacionando-se ou não a drogas, e a psicoterapia 
sexual. Por fim, é extremamente importante en-
fatizar que a cada caso deve ser individualizado 
e abordado a parte social, mental e física da mu-
lher com disfunção sexual (FEBRASGO, 2019). 
 
17 | P á g i n a 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BARRETO, A.P.P. et al. O impacto da disfunção sexual 
na qualidade de vida feminina: um estudo observacional. 
Revista Pesquisa em Fisioterapia, v. 8, n. 4, p. 511–517, 
2018. 
FEBRASGO - Tratado de ginecologia. Editores Cesar 
Eduardo Fernandes, Marcos Felipe Silva de Sá; coorde-
nação Agnaldo Lopes da Silva Filho. [et al.]. - 1. ed. - Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2019 
LARA, L.A.S. et al. Abordagem das disfunções sexuais 
femininas. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrí-
cia, v. 30, p. 312- 321, 2008. 
PARDINI, D. Terapia hormonal da menopausa. Arquivos 
Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 51, n. 6, 
p. 938–942, ago. 2007. 
RIBEIRO, B. et al. Disfunção sexual feminina em idade 
reprodutiva: prevalência e factores associados. Revista 
Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, v. 29, n. 1, p. 
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SILVA, B.M. e; et al. Incidência de disfunção sexual em 
pacientes com obesidade e sobrepeso. Revista do Colégio 
Brasileiro de Cirurgiões, v. 40, n. 3, p. 196–202, 2013. 
SOUZA, L.C. de; et al. Fisioterapia na disfunção sexual 
da mulher: revisão sistemática. Revista Ciência e Saúde 
On-line, v. 5, n. 2, 2020. 
STUDD J.A comparison of 19th century and current at-
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the official journal of the International Society of Gyne-
cological Endocrinology, v. 23, n. 12, p. 673-681, 2007.
 
 
 
18 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras Chave: Contracepção; Adolescência; Gravidez na adolescência. 
Capítulo 3 
JÚLIA RESENDE FERREIRA MAGRI¹ 
LUCAS DANIEL DOS ANJOS GUIMARÃES¹ 
VICTORIA CARDOSO ALVES¹ 
1. Discente - Medicina na Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais. 
GINECOLOGIA INFANTO-
PUBERAL 
 
19 | P á g i n a 
INTRODUÇÃO 
Segundo Rosaneli et al., 2020, a adolescên-
cia é marcada por diversas modificações, sejam 
elas de natureza emocional, psicológica, física e 
social. Entretanto, é também nessa fase, carac-
terística pela descoberta do próprio corpo e pra-
zer, que a gravidez indesejada pode se fazer pre-
sente. Ainda segundo os mesmos autores, com-
preende-se que a gestação na adolescência, de 
forma indesejada, perpetua ciclos intergeracio-
nais de pobreza, isso porque, as meninas, em sua 
maioria, fazem parte de níveis socioeconômicos 
mais baixos e são afetadas de forma despropor-
cional pela gravidez precoce. 
Ademais, corroborando com tais estudos, é 
possível entender que a educação funciona 
como fator de prevenção da gravidez, de forma 
efetiva, quando as meninas começam a estudar 
desde os primeiros anos de vida, de forma que o 
espaço de estudo e aprendizado e amigável e 
acessível, e o Estado age como fomentador de 
oportunidades, as jovens são protegidas contra 
exclusão, violência, expulsão do ambiente esco-
lar, e o ensino é voltado ao conhecimento do 
próprio corpo, ao manejo da saúde reprodutiva, 
ao empoderamento nas relações pessoais e aos 
direitos como cidadã (UNESCO, 2017). 
Ainda dentro do espectro de prejuízos na sa-
úde pública, o parto prematuro, as anemias, a 
pré-eclâmpsia e a desproporção feto pélvica po-
dem se configurar como complicações possíveis 
no cenário de gestação precoce, na adolescência 
(PAIVA et al., 2020). Em relação a gravidez 
precoce, entende-se que a condição de pobreza 
potencializa a exposição aos riscos, provavel-
mente porque pertencer a um nível socioeconô-
mico menos favorável pode levar a um menor 
nível de informações sobre sexualidade, cuida-
dos de saúde e importância de contracepção 
(SANTOS et al., 2021). 
Além disso, o contexto social e político 
atual, a precariedade da vida, as inequidades de 
gênero e a negação dos Direitos Sexuais Repro-
dutivos, culminam na exclusão dos saberes dos 
adolescentes, sendo estes reduzidos ao saber bi-
omédico, o que lhes exclui da completude dos 
direitos sexuais e reprodutivos, bem como o di-
reito de decidir sobre seus próprios corpos 
(SILVA et al., 2020). 
Em relação ao uso de métodos contracepti-
vos, o panorama de uso pelos jovens é bastante 
abrangente e os cenários são diversificados. 
Nesse sentido, segundo Costa et al., 2016 e 
Spindola et al., 2012, adolescentes que viven-
ciam relacionamentos mais estáveis priorizam a 
prevenção de gestação em detrimento da pre-
venção de infecções sexualmente transmissíveis 
(IST), assim as IST são temáticas apontadas 
com frequência, e corroboram com fatores que 
podem aumentar a probabilidade de gravidez 
(NEIVA-SILVA et al., 2018). 
Além disso, pelo fato de a sexualidade ainda 
ser um tabu, os assuntos não são discutidos com 
facilidade assim, essa condição prejudica uma 
orientação sexual adequada com os jovens e in-
viabiliza um discurso objetivo e assertivo 
quanto ao uso de métodos contraceptivos 
(COSTA et al., 2016). 
Ainda de acordo com o autor, a carência de 
orientação contraceptiva fornecida aos estudan-
tes e algo concreto e é importante que o papel 
dos profissionais de saúde como fomentadores 
da comunicação seja incentivado e destacado, 
de forma que haja a promoção do conhecimento 
entre os estudantes e a motivação para o uso 
correto dos métodos pelos adolescentes que 
decidiram iniciar suas práticas sexuais. 
Seguindo ainda a linha de raciocínio do es-
tudo acima, os adolescentes considerados mais 
vulneráveis a gravidez na adolescência são pro-
venientes de famílias com baixa renda, pouca 
 
20 | P á g i n a 
escolaridade e estão na fase inicial da adoles-
cência. Costa et al., 2016 reafirma que os ado-
lescentes têm iniciado suas atividades sexuais 
sem orientação contraceptiva e com pouco co-
nhecimento relacionado ao uso dos métodos. 
Assim, encontram-se expostos a gravidez não 
planejada, em concordância com o fato de que a 
maioria tem iniciado as práticas sem nunca ter 
usado quaisquer métodos. Outro ponto impor-
tante levantado por Piantavinha & Machado, 
2022, é que é preciso considerar a dificuldade 
dos jovens em conhecer os métodos como uma 
questão multifatorial, a qual depende de motiva-
ções de cunho religioso, valores pessoais e ques-
tões familiares dos adolescentes. 
Dados epidemiológicos 
É indispensável para o assunto em questão, 
estarmos cientes da importância e da relevância 
que a gravidez na adolescênciapossui dentro de 
uma sociedade na qual os gastos em saúde per-
passam por esse âmbito, além de tantos outros 
motivos que serão descritos no decorrer do 
texto. 
Em setembro de 2015, líderes mundiais e re-
presentantes da sociedade civil reuniram-se na 
sede da ONU, em Nova York e definiram os de-
safios do Brasil para atingir as metas pactuadas 
na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sus-
tentável, com ações voltadas a adolescentes e jo-
vens, espera-se dessa forma a garantia do acesso 
universal aos serviços de saúde sexual e repro-
dutiva, incluindo planejamento familiar, infor-
mação e educação (VIEIRA et al., 2021), dessa 
forma em alguns estudos as estatísticas demons-
traram uma queda no número de gestantes com 
menos de 20 anos de idade, no entanto, os nú-
meros ainda são muito preocupantes (DA 
SILVA, 2018), pois dentro do que foi encon-
trado nos estudos de acordo com o que é defi-
nido pela Organização Mundial de Saúde 
(OMS) a adolescência corresponde ao período 
de vida entre 10 e 19 anos (VERLI, 2020, 
PAIVA et al., 2020). Por ano em todo mundo de 
16 a 18 milhões de adolescentes ficam grávidas 
e a grande maioria em países subdesenvolvidos 
e em desenvolvimento (CHEROBINI et al., 
2022; PAIVA et al., 2020; DA SILVA, 2018). 
Um outro retrato que conseguimos levantar é 
que na América Latina o índice é de 65,5 nasci-
mentos para cada mil já no Brasil a taxa chega a 
68,4 nascimentos para cada mil adolescentes 
mulheres, assim é importante salientar que por 
ano 434 mil crianças nascem no Brasil mulheres 
adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos va-
lendo destacar que o referido país possui a maior 
taxa de mães adolescentes da América Latina 
(MOURA et al., 2021) e por fim nesse cenário, 
há destaque para a região Norte do país, que 
possui a maior média entre todas as regiões do 
país, com a média de 21,3 % dos partos, um va-
lor que está mais de 7 % acima da já revelada 
média nacional (BEZERRA & MATOS, 2022). 
Ainda assim podemos ressaltar que adoles-
centes com menos de 14 anos tem a probabili-
dade de 5 a 7 vezes maior de morrer durante a 
gravidez do que mulheres com mais idade que 
são mães (ALMEIDA et al., 2021), e além disso 
a gravidez na adolescência é a segunda maior 
causa de mortalidade materna nas faixas etárias 
de 15 aos 19 anos (CHEROBINI et al., 2022). 
Com isso, a maternidade na adolescência é con-
siderada um grande risco devido às complica-
ções biológicas e sociais, ainda assim dentro das 
complicações biológicas temos a grande inci-
dência de Doenças Sexualmente Transmissíveis 
(IST´s) associado diretamente ao início precoce 
da atividade sexual que segundo estudo brasilei-
ros de todos adolescentes, 27,5% deles já possu-
íam experiência sexual precoce (VIEIRA et al., 
2021). 
Portanto, a realização do presente estudo re-
lacionado à temática, é essencial para a constru-
ção coletiva do conhecimento, pois o estudo 
 
21 | P á g i n a 
possibilita à sociedade acadêmica e científica 
ampliar os horizontes e dessa forma estratégias 
e mudanças concretas, contínuas e palpáveis 
para possíveis resoluções a longo prazo do ce-
nário em questão (LEITE et al., 2021). 
Determinantes sociais 
Precisamos entender também que a gravidez 
na adolescência não é um fenômeno homogê-
neo, e que dessa forma depende do contexto so-
cial em que o adolescente está inserido, por-
tanto, surgiu após consenso da comissão homô-
nima da Organização Mundial de Saúde (OMS) 
os determinantes sociais da saúde sendo eles as 
condições sociais em que as pessoas vivem e 
trabalham e que são relevantes para que os ór-
gãos públicos consigam prever os fatores exter-
nos que influenciam de maneira negativa na 
qualidade de vida das pessoas ajudando assim 
na criação de medidas globais para redução da 
desigualdade (MOURA et al., 2021). 
Diante do exposto, a pergunta norteadora é: 
quais os determinantes sociais da saúde relacio-
nados à gravidez na adolescência? De acordo 
com um dos estudos analisados, os resultados 
encontrados mostraram alguns determinantes 
sociais da saúde e sua associação com a gravi-
dez na adolescência, destacando-se a renda, 
condições de moradia, escolaridade e acesso aos 
serviços de saúde. Inicialmente foi observado 
em um dos estudos que as condições de margi-
nalização e pobreza têm uma associação consi-
derável com a gravidez e taxa de fertilidade en-
tre adolescentes, em outros estudos conclusões 
semelhantes foram levantadas, em João Pessoa-
PB por exemplo foi constatado que a maioria 
das adolescentes entrevistadas que possuíam fi-
lhos tinham renda familiar menor que um salá-
rio mínimo, e além disso os resultados eviden-
ciaram que, para 54% das participantes da pes-
quisa, a principal fonte de renda provinha do 
cônjuge/companheiro, sendo que 31,7% viviam 
da renda familiar em estudos parecidos também 
65% das entrevistadas eram totalmente depen-
dentes financeiramente de terceiros, sendo que 
em 50,4% dos casos, o companheiro era o res-
ponsável pelo sustento, e uma a cada quatro jo-
vens tinha dependência financeira dos pais, 
além disso no Brasil estudos levantaram que 
72% das jovens não trabalhavam (MOURA et 
al., 2021). 
No que diz respeito às condições de mora-
dia, a prevalência da maternidade adolescente 
foi maior em áreas rurais do que em áreas urba-
nas, além disso outro estudo apontou que eram 
mais predispostos a começar ter filhos adoles-
centes de residência rural, casados, com pai ou 
mãe sem escolaridade e a falta de pais para co-
municação em relação a questões de saúde se-
xual e reprodutiva, ainda quanto à condição de 
moradia, o referido estudo demonstra que 68% 
das entrevistadas referiram morar em residência 
própria da família de origem e 32% falaram que 
moravam em residência alugada. 
Dentro do contexto de acesso aos serviços 
de saúde, os resultados evidenciaram que, 
quanto às consultas de pré-natais, as mães ado-
lescentes tiveram menos consultas que as mães 
com idade entre 20 e 35 anos (MOURA et al., 
2021), além disso em outro foco da análise as 
pacientes que tiveram desde a infância um 
acompanhamento longitudinal e integral pre-
visto pela atenção primária, tiveram melhores 
contextos a longo prazo na adolescência e na 
vida adulta, apontando assim a relevância e ne-
cessidade de um acesso universal e com equi-
dade para todas elas, portanto, a atenção básica 
(AB) tem um papel fundamental no processo de 
educação em saúde e na preconização de novas 
formas de ações coletivas e a renovação de prá-
ticas promovendo o bem-estar (ALMEIDA et 
al., 2021). 
E por fim em relação à escolaridade, de 
acordo com estudo inglês, a evasão escolar não 
 
22 | P á g i n a 
está associada com a gravidez na adolescência 
entre meninas adolescentes inglesas, entretanto 
outros estudos destacaram que as adolescentes 
que não estudam têm chances 2,76 vezes maio-
res de maternidade adolescente do que suas con-
trapartes que têm nível de ensino maior que se-
cundário os mesmos autores afirmam ainda que 
a prevalência de maternidade adolescente foi 
cerca de quatro vezes maior entre as adolescen-
tes com nenhuma educação em comparação 
com aqueles com maior do que o ensino secun-
dário durante o período de 2004-2014, outros 
estudos ainda documentaram 48% das adoles-
centes grávidas pesquisadas tinham menos de 8 
anos de estudo, ou seja, não haviam concluído o 
ensino fundamental, e 64% não estudavam. Em 
outro sentido da análise, o estudo brasileiro ava-
liou os fatores preditores da evasão escolar entre 
adolescentes com experiência de gravidez e os 
resultados demonstram que 94,4% das jovens 
afirmaram ter interrompido os estudos em al-
gum momento da vida durante ou após uma gra-
videz, sendo que 54,4% abandonaram os estu-
dos definitivamente. Além disso, os autores res-
saltam que, destas jovens, as que trabalhavam e 
tiveram gravidez recorrente foram maisfavorá-
veis a abandonar os estudos dessa forma o baixo 
nível de escolaridade foi associado com maiores 
chances de maternidade adolescente entre as jo-
vens que aquelas que têm ensino superior, por-
tanto o estudo da associação da gravidez na ado-
lescência com a educação como determinante 
social da saúde é importante, pois a maioria dos 
trabalhados estudados mostraram que o nível de 
escolaridade baixo foi associado com maiores 
chances de maternidade adolescente entre as jo-
vens. 
Impactos da gravidez na adolescência 
A gravidez na adolescência vem associada 
com diversos problemas atuais e futuros para 
essa adolescente, para sua família e pessoas de 
contato próximo. A gestação nesse período da 
vida tem maiores chances de risco, e é uma das 
maiores causas de morte materna, podendo tam-
bém haver implicações na saúde do bebê, como 
a ocorrência de baixo peso do recém-nascido. 
Dessa forma é importante ressaltar que a adoles-
cência é um período extremamente perigoso 
para uma gravidez, uma vez que tais perigos 
apresentam-se presentes tanto para o bebê 
quanto para a parturiente, tanto em questões psi-
cológicas, emocionais e fisiológicas. Segundo o 
Fundo de População das Nações Unidas (UN-
FPA) a saúde da jovem pode passar por compli-
cações durante a gestação e dificuldades no 
parto. O UNFPA relata também os desdobra-
mentos após o parto, com o destaque de que a 
parte fisiológica da jovem também pode ser afe-
tada (BEZERRA & MATOS, 2022). 
Além desses impactos para a saúde da mãe 
e do bebê, é relevante citarmos também os pro-
blemas mais imediatos para o contexto de vida 
dessa jovem. Na questão social, fica evidente 
que uma gestação precoce poderá dificultar a 
continuidade dos estudos, acometendo direta-
mente a parte educacional de escolarização, for-
mação profissional e o acesso futuro ao mercado 
de trabalho, o que aumentará ainda mais a de-
pendência financeira dos pais ou parceiros. Essa 
situação costuma levar a desdobramentos em 
que a pubescente eleva seu risco de desemprego, 
visto que sua pequena escolaridade dificulta a 
entrada no competitivo mercado de trabalho. 
Uma vez que, pode-se observar que uma gesta-
ção precoce não costuma ser planejada, o que 
pode levar a mudanças bruscas na rotina dos jo-
vens e das famílias. 
Como já dito anteriormente a o contexto da 
gravidez na adolescência acaba influenciando 
no âmbito familiar, pois a possível situação de 
desemprego ou emprego de baixa remuneração 
pela jovem, acarretará gastos para sua família. 
Além disso, outro fator de importante destaque 
 
23 | P á g i n a 
é que a maioria das gestações precoces ocorre 
fora do contexto de uma relação formal, ou seja, 
a pubescente e o pai da criança não são nem na-
morados. Frente a essa situação, é comum que 
ao invés de encontrar apoio, a jovem se depare 
com repressão familiar, o que pode somar no 
seu comprometimento psicológico e contribuir 
para uma possível fuga de casa, o que piora 
ainda mais o contexto da gravidez na adolescên-
cia e o aumento dos riscos para o feto e a mãe 
(BEZERRA & MATOS, 2022). 
Retomando um pouco mais a fundo aos pro-
blemas de saúde materna e do bebê, é impres-
cindível expor que o bebê pode apresentar alte-
ração no crescimento e no desenvolvimento, 
caso sejam fruto de um parto prematuro em de-
corrência do corpo da pubescente ainda não es-
tar completamente formado, de modo que é co-
mum que tais recém-nascidos apresentem baixo 
peso (Organização Mundial da Saúde, 2020). Já 
para as adolescentes grávidas tem riscos aumen-
tados para infecções puerperais, anemia e pré-
eclâmpsia. 
Por fim, em relação aos impactos da gravi-
dez na adolescência é significativo ressaltar o 
fato da gravidez precoce encontra-se associada 
à recorrentes casos de disseminação de IST’s. 
Além disso, também relacionado gestação inde-
sejada, encontra-se a questão do aborto. Sobre o 
assunto, afirmam que “[...] o aborto inseguro é 
um dos maiores problemas de negligência à sa-
úde da mulher, gerando inúmeras consequências 
sexuais e reprodutivas” (BEZERRA & MA-
TOS, 2022). 
Importância do conhecimento dos 
adolescentes ao iniciar a vida sexual 
O baixo conhecimento das práticas contra-
ceptivas está associado ao planejamento de gra-
videz, aumentando em 4,5% as chances de uma 
gravidez não planejada (DE ARAÚJO & 
NERY, 2018). A maioria dos adolescentes pos-
suem conhecimento insuficiente ou até mesmo 
ausente sobre métodos contraceptivos, o que 
contribui para o uso incorreto dos mesmos. 
Dessa forma, de acordo com o artigo (PIANTA-
VINHA & MACHADO, 2022) a maior preva-
lência é do uso do preservativo masculino e do 
anticoncepcional oral, mas estes em maioria são 
utilizados sem orientação de profissionais da sa-
úde como fonte de informação para o uso cor-
reto dos métodos. 
Sendo assim, mediante a esse contexto re-
tratado para Villela & Doreto (2006), é impor-
tante ainda ressaltar que os maiores índices de 
gravidez na adolescência se encontram nas po-
pulações mais pobres e com baixa escolaridade, 
ficando evidente, uma maior dificuldade de 
acesso a informações e contraceptivos (DA 
SILVA, 2018). Como já dito anteriormente, as 
meninas adolescentes são as mais atingidas com 
a falta de informações e orientações seguras so-
bre educação sexual, uma vez que a gravidez na 
adolescência é um problema de saúde pública 
tanto para a saúde materna como para a saúde 
infantil (CHEROBINI et al., 2022). 
O artigo de Cherobini et al. (2022), por meio 
de pesquisas evidenciou que a educação em sa-
úde na escola é uma das mais importantes estra-
tégias educativas para prevenção de gravidez na 
adolescência, uma vez que é nas escolas que os 
adolescentes iniciam a vivência da sexualidade, 
expressão suas dúvidas e questionamentos, além 
de estarem dispostos a receberem orientações 
sobre a questão da sexualidade, pois é nessa fase 
que está presente a descoberta do próprio corpo 
e do prazer sexual. Essa prática é orientada pe-
los órgãos mundiais de saúde (Nações Unidas, 
UNESCO e OMS). Considerando os problemas 
já ditos, um fator que contribui negativamente é 
o fato do relacionamento sexual e os modos de 
viver a sexualidade estarem sendo explorados 
cada vez mais cedo. Sendo que tal fato vem 
 
24 | P á g i n a 
sendo desacompanhado de uma orientação efe-
tiva que possa nortear os adolescentes sobre a 
prevenção de gravidez indesejada e de ISTs 
(CHEROBINI et al., 2022). 
Dessa forma, podemos concluir que o co-
nhecimento não é o único fator responsável, mas 
contribui significativamente para o desfecho da 
gravidez não planejada. Porém, outros fatores, 
como idade, sexarca, renda, estado civil e esco-
laridade estão também associados à gravidez na 
adolescência e ao não planejamento da gestação 
(DE ARAÚJO & NERY, 2018). 
Contraceptivos e infecções 
sexualmente transmissíveis 
O conhecimento dos adolescentes acerca 
dos métodos contraceptivos e das infecções se-
xualmente transmissíveis é um tópico muito im-
portante de ser abordado. Começando então fa-
lando dos métodos contraceptivos temos que em 
resumo o conhecimento sobre eles na faixa etá-
ria estudada é muito precário (DOS SANTOS, 
2021) na maioria o conhecimento era insufici-
ente ou até mesmo ausente (PIANTAVINHA, 
2022). Uma vez que, as principais fontes de in-
formações desses adolescentes são a família, a 
escola e os amigos, levantando assim um ques-
tionamento sobre a atuação dos profissionais de 
saúde, que parece ser restrita, no que tange à as-
suntos de contracepção e saúde sexual de forma 
geral (DOS SANTOS, 2021). 
Dessa forma, fica evidente também que a 
maioria dos adolescentes ainda não tiveram 
acesso a informações e serviços adequados ao 
atendimento de suas necessidades de saúde se-
xual e reprodutiva que os orientassem a tomar 
decisões de maneira livre e responsável (PIAN-
TAVINHA & MACHADO, 2022).

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